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À guisa de Introdução: um Panorama Teórico - Claudio Naranjo

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do tipo IV do eneagrama, que envolve olhar para o que está faltando ao invés <strong>de</strong> perceber oque existe, e do <strong>de</strong>sapego do tipo V do eneagrama, inseparável <strong>de</strong> <strong>um</strong>a visão <strong>de</strong> que émelhor “ficar sozinho”.Por mais verda<strong>de</strong>iro o fato <strong>de</strong> que novas características propostas acima são centraispara os tipos <strong>de</strong> caráter e po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas à partir <strong>de</strong> <strong>um</strong> ângulo cognitivo, sinto quemais precisa ser dito a respeito dos valores, suposições e crenças implícitos <strong>de</strong> cada <strong>um</strong> dostipos <strong>de</strong> caráter.Po<strong>de</strong>mos dizer que qualquer <strong>um</strong> dos estilos interpessoais nos quais as paixõespo<strong>de</strong>m se cristalizar envolve <strong>um</strong>a proporção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alização; <strong>um</strong>a perspectiva oculta <strong>de</strong> queessa é a maneira <strong>de</strong> viver. No processo psicoterapêutico, alg<strong>um</strong>as vezes é possívelrecuperar a memória <strong>de</strong> <strong>um</strong>a época em que a pessoa tomou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se vingar, <strong>de</strong>jamais amar <strong>de</strong> novo, <strong>de</strong> viver sozinho e nunca mais confiar em ninguém, e assim pordiante. Quando isso é possível, po<strong>de</strong>mos ainda tornar explícitas muitas idéias que a pessoavenha tomando como verda<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong> então e que po<strong>de</strong>m ser questionadas;computações <strong>de</strong> <strong>um</strong>a criança com dor e em pânico que precisam ser revistas, como propõeEllis em Rational-Emotive Therapy.Talvez possamos dizer que em cada estilo cognitivo é moldado pela característica já<strong>de</strong>scrita no eneagrama das principais características ou fixações, mas, no entanto, existemvarias suposições <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse estilo cognitivo, e cada <strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas suposições, por sua vez,é algo que tomamos como certo, e cada <strong>um</strong>a gera distorções perceptivas e falsosjulgamentos no <strong>de</strong>correr da vida do dia-a-dia, como propôs Beck com seu conceito <strong>de</strong>pensamentos automáticos. Apresento a seguir, por exemplo, <strong>um</strong>a lista incompleta <strong>de</strong>suposições tipicamente relacionadas com os tipos <strong>de</strong> eneagrama.No tipo I, o indivíduo sente que não po<strong>de</strong> confiar nos impulsos naturais, e simcontrola-los, e que o <strong>de</strong>ver é mais importante que o prazer. Este último, com efeito, ten<strong>de</strong> aser encarado como <strong>um</strong> valor negativo no sentido <strong>de</strong> que ele interfere com o que precisa serfeito. Além disso, as noções <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> e correção são implicitamente autoritárias, nosentido <strong>de</strong> que são extrínsecas à sua experiência.No tipo II, encontra-se implícita a idéia <strong>de</strong> que tudo é permissível em nome do amor(Como foi dramatizado por Ibsen em sua famosa peça The Doll House, a qual a heroína nãoconseguia enten<strong>de</strong>r que o fato <strong>de</strong> ela assinar o nome <strong>de</strong> seu falecido pai n<strong>um</strong> chequepo<strong>de</strong>ria incomodar o banco, visto que tudo fora feito com boas intenções). Para sustentaressa perspectiva, por sua vez, a pessoa veio a acreditar que a emoção é mais importante queo pensamento, e quando os dois entram em conflito, é o pensamento que <strong>de</strong>ve sermenosprezado. É coerente também com o comportamento do indivíduo que ele tambémsinta que é necessário ter na vida <strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong> sedutora, que é válido manipular os outrosconsi<strong>de</strong>rando a maneira como as pessoas são. Além <strong>de</strong> se sentir especial, a pessoa senteque, em vista disso, ela merece privilégios e atenções especiais. Uma suposição poucoprovável <strong>de</strong> ser consciente na mente do indivíduo, mas que po<strong>de</strong> ser muito importante,po<strong>de</strong>ria ser expressa como: “Eles não po<strong>de</strong>riam viver sem mim”. Minha atenção foirecentemente atraída para isso através dos comentários <strong>de</strong> <strong>um</strong> conhecido que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>voltar à vida cotidiana após <strong>um</strong> retiro espiritual, comentou que tinha ficado extremamentechocado ao ter o insight <strong>de</strong> que o mundo tinha continuado sem ele. Em outras palavras, elenão era indispensável, e o fato <strong>de</strong> ele ter removido sua extraordinária presença do mundo enão ter estado presente para oferecer suas il<strong>um</strong>inadas opiniões não foi catastrófico.No caso do tipo III, é com<strong>um</strong> o indivíduo sentir que o mundo é <strong>um</strong> teatro on<strong>de</strong> todomundo está fingindo. É claro que o fingimento é o único caminho para o sucesso. Um

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