à guisa de Introdução: um Panorama Teórico - Claudio Naranjo
à guisa de Introdução: um Panorama Teórico - Claudio Naranjo
à guisa de Introdução: um Panorama Teórico - Claudio Naranjo
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2. Os tipos <strong>de</strong> caráterAqueles familiarizados com o trabalho <strong>de</strong> Gurdjieff saberão como era importantenesta abordagem do “<strong>de</strong>spertar” o aspecto do autoconhecimento, que consiste nodiscernimento da “principal característica” da pessoa, i.e., <strong>um</strong>a característica penetrante dapersonalida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria ser compreendida como seu centro (<strong>de</strong> <strong>um</strong> modo bastantesemelhante ao que Cattell e outros enten<strong>de</strong>m como “traços fundamentais”, cada <strong>um</strong> dosquais é concebido como a raiz <strong>de</strong> <strong>um</strong>a árvore <strong>de</strong> traços). A perspectiva aqui apresentada vaimais além ao afirmar que o número <strong>de</strong> possíveis “características principais” não é ilimitado– e sim idêntico ao número <strong>de</strong> síndromes básicas da personalida<strong>de</strong>. Além disso, estaremosfalando <strong>de</strong> duas características centrais em cada estrutura <strong>de</strong> caráter, como sugerido acima:<strong>um</strong>a, a característica principal propriamente dita, que consiste em <strong>um</strong>a maneira peculiar <strong>de</strong>distorcer a realida<strong>de</strong>, i.e., <strong>um</strong> “<strong>de</strong>feito cognitivo”; a outra, na natureza <strong>de</strong> <strong>um</strong>a tendênciamotivacional, <strong>um</strong>a “paixão governante”.Po<strong>de</strong>mos pensar que o caráter po<strong>de</strong> ser estruturado ao longo <strong>de</strong> <strong>um</strong> número distinto<strong>de</strong> maneiras básicas que resultam na ênfase relativa <strong>de</strong> <strong>um</strong> ou outro aspecto da nossaestrutura mental com<strong>um</strong>. Po<strong>de</strong>mos dizer que o “esqueleto mental” que todoscompartilhamos é como <strong>um</strong>a estrutura que po<strong>de</strong>, como <strong>um</strong> cristal, se dividir n<strong>um</strong> certonúmero <strong>de</strong> maneiras pre<strong>de</strong>terminadas, <strong>de</strong> modo que, entre o conjunto das principaiscaracterísticas estruturais, qualquer indivíduo consi<strong>de</strong>rado (como resultado da interaçãoentre fatores constitucionais e situacionais) termina com <strong>um</strong>a ou outra em primeiro planoda personalida<strong>de</strong> – enquanto as características remanescentes situam-se n<strong>um</strong> segundo planomais próximo ou mais remoto. Po<strong>de</strong>mos também utilizar a analogia <strong>de</strong> <strong>um</strong> corpogeométrico que repousa sobre <strong>um</strong>a outra faceta; todos compartilhamos <strong>um</strong>a personalida<strong>de</strong>,com as mesmas “faces”, lados e vértices, porém (na linguagem da analogia) diferentementeorientadas no espaço.De acordo com essa perspectiva, existem nove tipos básicos <strong>de</strong> caráter (ao contráriodos três <strong>de</strong> Sheldon, dos quatro temperamentos <strong>de</strong> Hipócrates, dos cinco tiposbioenergéticos <strong>de</strong> Lowen e das cinco dimensões <strong>de</strong> alguns factorialistas mo<strong>de</strong>rnos, porexemplo). Cada <strong>um</strong> <strong>de</strong>sses tipos existe, por sua vez, em tr~es varieda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> acordo com aintensida<strong>de</strong> dominante dos impulsos <strong>de</strong> autopreservação, sexuais ou sociais (e a presença<strong>de</strong> traços específicos que são conseqüência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a distorção “passional” do instintocorrespon<strong>de</strong>nte, que é “canalizado” e “acorrentado” sob a influência da paixão dominantedo indivíduo). 3 Existem, é claro, nove paixões dominantes possíveis, e cada <strong>um</strong>a estáassociada a <strong>um</strong>a distorção cognitiva característica, bem como a <strong>um</strong>a, duas ou trêscaracterísticas mentais <strong>de</strong>rivadas da esfera instintiva, como acabo <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver.3 Não abordarei os 27 subtipos no presente vol<strong>um</strong>e, a não ser <strong>de</strong> maneira limitada, no caso das varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>caráter <strong>de</strong>sconfiado – vista que as formas do tipo VI do eneagrama são tão diferenciadas que falar <strong>de</strong>las <strong>de</strong> <strong>um</strong>modo geral obscureceria suas características diferenciais não menos surpreen<strong>de</strong>ntes.