<strong>de</strong> encontro <strong>de</strong>ssas duas elipses, uma vez projetadasobre o eixo Y dá-<strong>no</strong>s um ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação(ponto <strong>de</strong> corte) que será utiliza<strong>do</strong> para classificar<strong>no</strong>vos indivíduos. E, ainda sobre o eixo Yprojetam-se as probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um sujeitopertencer a algum <strong>do</strong>s grupos.Figura 2. Função discriminante para <strong>do</strong>is grupoFonte: Reis, E. 1997, p.207Mas como se classifica um sujeito <strong>no</strong> grupo <strong>de</strong>Atletas ou Escolares?No Projeto <strong>Esporte</strong> Brasil a<strong>do</strong>tamos o critério <strong>de</strong>classificação <strong>de</strong> Fischer para <strong>do</strong>is grupos. Nesteprocedimento estatístico o jovem sujeito <strong>de</strong>verá serclassifica<strong>do</strong> <strong>no</strong> grupo <strong>de</strong> Atletas se estiver maispróximo da média (centrói<strong>de</strong>) <strong>de</strong>ste grupo <strong>do</strong> queda média (centrói<strong>de</strong>) <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Escolares, isto ése a distância entre seu score discriminante e ocentrói<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Atletas for me<strong>no</strong>r ou igualque a mesma distância relativamente ao grupo <strong>de</strong>Escolares.Vamos <strong>de</strong>screver <strong>de</strong> outra forma utilizan<strong>do</strong> afigura da Função Discriminante. As duas elipsesrepresentam o conjunto <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> cada grupo.O centrói<strong>de</strong> é o ponto médio que representa ogrupo. Portanto temos um centrói<strong>de</strong> em cadaelipse. A distância <strong>de</strong> cada ponto <strong>de</strong> uma elipse aocentrói<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ou outro grupo é o que vai <strong>de</strong>finirsua posição. Ou seja estan<strong>do</strong> mais próximo <strong>do</strong>centrói<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Atletas <strong>de</strong> han<strong>de</strong>bol (1,156), e sen<strong>do</strong>o sujeito um Escolar (cujo o centrói<strong>de</strong> é -0,534),nós o interpretamos como um potencial atleta <strong>de</strong>han<strong>de</strong>bol. E ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da distância <strong>do</strong> seuvalor na elipse ao centrói<strong>de</strong> <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Atletas épossível <strong>de</strong>finir uma probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acerto comoveremos <strong>no</strong> exemplo que retiramos <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssobanco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s referentes a escolares <strong>do</strong> RioGran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e atletas <strong>de</strong> han<strong>de</strong>bol <strong>do</strong>s Jogos daJuventu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste a<strong>no</strong>.Tabela 2. Comparação entre os resulta<strong>do</strong>s médios <strong>do</strong>s atletas e alguns escolares classifica<strong>do</strong>s como potencias talentospara a prática <strong>do</strong> han<strong>de</strong>bol.VÁRIAVEIS ATLETAS ESCOLAR 1 ESCOLAR 2 ESCOLAR 3 ESCOLAR 4Peso 71,45 Kg 66 Kg 68 Kg 74Kg 83,5KgEstatura 178,39 cm 171,00 Kg 180,00 cm 180,00 cm 176,00 cmSalto Horiz. 191,39 cm 203,00 cm 156,00 cm 191,00 cm 192,00 cm20 metros 3,16 seg. 2,92 seg. 3,16 seg. 2,95 seg. 3,18 seg.Probabilida<strong>de</strong> - 50% 51% 71% 74%Fonte: Projeto <strong>Esporte</strong> Brasil/Re<strong>de</strong> CENESPCabe ressaltar que o mo<strong>de</strong>lo utiliza<strong>do</strong> nestaanálise ainda <strong>no</strong>s permite fazer um estu<strong>do</strong>prognóstico interessante através da Matriz <strong>de</strong>classificações. Esta matriz i<strong>de</strong>ntifica aocorrência em valores absolutos e percentuais<strong>de</strong> Escolares com características <strong>de</strong> Atletas(falsos negativos ou <strong>no</strong>ssos potencias talentos),da mesma forma que i<strong>de</strong>ntifica Atletas comperfil <strong>de</strong> escolares (falsos positivos). A tabela 3apresenta a matriz <strong>de</strong> classificação para oexemplo utiliza<strong>do</strong> neste ensaio.Tabela 3. Matriz <strong>de</strong> ClassificaçãoGrupo <strong>de</strong> AtletasGrupo <strong>de</strong> EscolaresGrupo <strong>de</strong> Atletas 43 295,6% 4,4%Grupo <strong>de</strong> Escolares 7 3815,6% 84,4%Total da amostra bem classificada = 90%Fonte Projeto Brasil <strong>Esporte</strong>/Re<strong>de</strong> CENESP
Por fim <strong>no</strong>s resta anunciar que o Projeto Brasil<strong>Esporte</strong> <strong>de</strong>senvolveu mo<strong>de</strong>los ao aqui apresenta<strong>do</strong>para esportes como: futsal, basquete, volei, futebol<strong>de</strong> campo e atletismo. Nossa expectativa é quenum futuro próximo o acompanhamento <strong>de</strong> atletasjovens e <strong>de</strong> potenciais talentos esportivos <strong>no</strong>spermita aperfeiçoar <strong>no</strong>ssos mo<strong>de</strong>los heurísticos e,<strong>de</strong>ssa forma, <strong>no</strong>s aproximar, passa a passo, <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>los isomórficos passíveis <strong>de</strong> se constituíremem instrumentos valiosos na ótica <strong>do</strong>s programas<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> talento esportivo. Mas sempre coma clara percepção das limitações <strong>de</strong> um programacientífico cujos os procedimentos meto<strong>do</strong>lógicossão fundamentalmente probabilístico e , cujos osda<strong>do</strong>s apenas <strong>no</strong>s apontam hipótese ou conjecturassempre predispostas a refutações.Pressupostos éticos para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>talentos esportivosÉ muito comum <strong>no</strong> âmbitos da literaturapedagógica em especial e nas tendênciasi<strong>de</strong>ntificadas como pedagogia/sociologia críticasem <strong>no</strong>sso país, apreciações extremamentenegativas aos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> talentos.Tais apreciações, embora possam <strong>de</strong>stacar umconjunto <strong>de</strong> argumentos pontuais, <strong>no</strong>rmalmentepo<strong>de</strong>m ser resumi<strong>do</strong>s <strong>no</strong> princípio <strong>de</strong> que qualquerprojeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> talentos estãonecessariamente associa<strong>do</strong>s com a manipulação,opressão ou a coerção cruel <strong>de</strong> muitos jovensatletas. Esta visão, se por um la<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> serjustificada através <strong>de</strong> algumas evidências empíricas,principalmente a partir <strong>de</strong> alguns eventosconheci<strong>do</strong>s da história <strong>do</strong> esporte, todavia, poroutro la<strong>do</strong>, não po<strong>de</strong> ser generalizada e tão poucaatribuída a qualquer projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>talentos como se a manipulação, opressão ecoerção <strong>de</strong> crianças e jovens fossem princípiosinerentes da estas práticas pedagógicas. Semdúvida, esta é uma visão reducionista, muitorecheada <strong>de</strong> preconceitos i<strong>de</strong>ológicos e,principalmente, ela própria discriminante, namedida em que ao criticar programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong> talentos esportivos, impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> procedimentos pedagógicos passíveis <strong>de</strong>aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s especiais <strong>de</strong> crianças ejovens potencialmente vocaciona<strong>do</strong>s às práticasesportivas <strong>de</strong> excelência.O Proesp-Br na sua vertente <strong>de</strong> esporte <strong>de</strong>rendimento esforça-se para a i<strong>de</strong>ntificação e<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> jovens atletas <strong>de</strong> sucesso.Preocupa-se em i<strong>de</strong>ntificar a<strong>do</strong>lescentes e jovenscom potencial talento para as práticas esportivasmais exigentes. Todavia, como se po<strong>de</strong> verificarpelas estratégias a<strong>do</strong>tadas está muito distante daspreocupações expressas pelos seus críticos. Oprograma <strong>de</strong> talentos esportivos <strong>do</strong> Proesp-Br<strong>de</strong>senvolve-se a partir <strong>de</strong> um quadro axiológicoque <strong>no</strong>rmatiza suas ações pedagógicas. Aosa<strong>do</strong>lescentes e jovens com potencial perfil parapráticas esportivas <strong>de</strong> excelência que somoscapazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>dicamos alguns cuida<strong>do</strong>s,tais como:• Reconhecemos as evidências baseadas naspesquisas sobre a<strong>do</strong>lescentes e jovens nas diversasáreas disciplinares e <strong>de</strong>lineamos práticas <strong>de</strong>intervenção referenciadas às exigências ecaracterísticas das múltiplas paisagens culturais <strong>de</strong><strong>no</strong>ssa população;• Proporcionamos oportunida<strong>de</strong>s e jamaisprometemos ou garantimos êxitos;• Evitamos gerar expectativas <strong>de</strong>masiadas <strong>de</strong>sucesso esportivo;• Proporcionamos suporte <strong>de</strong> informações eassessoria aos pais ou responsáveis;• Encorajamos uma abordagem pedagógicamultidisciplinar <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e formação<strong>do</strong> jovem atleta;• Encorajamos a participação efetiva <strong>do</strong>professor <strong>de</strong> educação física <strong>do</strong> jovem atleta <strong>no</strong>programa <strong>de</strong> talento esportivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase inicial<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> talento motor na escola, até afase <strong>de</strong> encaminhamento aos locais <strong>de</strong> avaliação daREDE CENESP e aos locais <strong>de</strong> treinamento;• Encorajamos a participação <strong>do</strong>s jovensatletas em práticas esportivas diversas;• Respeitamos plenamente o jovem atleta <strong>no</strong>que tange a suas expectativas, seus <strong>de</strong>sejos eopções quanto a ingressar e participar <strong>do</strong>programa, <strong>de</strong>finir sua(s) modalida<strong>de</strong>s(s)esportiva(s), etc.Em forma <strong>de</strong> conclusãoPreocupamo-<strong>no</strong>s neste ensaio em externaralgumas <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssas idéias e estratégias que,enten<strong>de</strong>mos, possam colaborar efetivamente com aprática esportiva <strong>de</strong> rendimento em <strong>no</strong>sso país.Salientamos, da mesma forma que muitas <strong>de</strong>ssasidéias estão em curso <strong>no</strong> Projeto <strong>Esporte</strong> Brasilque <strong>de</strong>senvolvemos junto ao Centro <strong>de</strong> Excelência<strong>Esportivo</strong> da UFRGS e a Re<strong>de</strong> CENESP. Todavia,temos clareza que o esporte <strong>de</strong> rendimentoembora sua relevância social, representa umaprática restrita a um conjunto muito peque<strong>no</strong> <strong>de</strong>crianças e jovens. Investigações em países <strong>de</strong> ponta<strong>no</strong> esporte <strong>de</strong> alto rendimento sugerem que aproporção <strong>de</strong> jovens que se consagram comotalentos esportivos, ou seja, atletas que atingemequipes nacionais em competições <strong>de</strong> alta exigênciaesportiva correspon<strong>de</strong>m a 1/10000 das criançasque iniciam suas práticas esportivas na infância.