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EDIÇÃO 11 - Dezembro/08 - RBCIAMB

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

A Revista Brasileira de Ciências Ambientais – RBCIAMB - publica artigos completos de trabalhos científicos originais ou trabalhos de revisão com relevância para a área de Ciências Ambientais. A RBCIAMB prioriza artigos com perspectiva interdisciplinar. O foco central da revista é a discussão de problemáticas que se inscrevam na relação sociedade e natureza em sentido amplo, envolvendo aspectos ambientais em processos de desenvolvimento, tecnologias e conservação. A submissão dos trabalhos é de fluxo contínuo.

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INTRODUÇÃOA investigação em saúde tem vindo areconhecer que a saúde é influenciadapelas características dos lugares deresidência e de trabalho (MACINTYRE eELLAWAY, 2000; MACINTYRE et al.,2002). Áreas de privação, carentes derecursos, sub-infraestruturadas, estãoassociadas tanto a riscoscomportamentais (sedentarismo e máalimentação, por exemplo), como ariscos ambientais, relacionados cominexistência de locais adequados àprática desportiva, níveis elevados deinsegurança, transportes públicosinsuficientes e de má qualidade, factoresque, por si só e em interacção, têmconsequências na degradação da saúde(Santana, 2005; KIM et al., 2006).Uma das características mais marcadasdas grandes áreas urbanizadas dospaíses desenvolvidos é a dependênciado transporte individual (automóvel).Esta dependência, que está na base dageneralização e grande intensidade doprocesso de crescimento urbano, étambém uma das características"de umambiente potencialmente “obesogénico”.De facto, a OMS recomenda 30 minutosdiários de actividade física moderada, talcomo a proporcionada por andar a pé ede bicicleta, como parte de uma rotinadiária saudável (WHO, 2002). SegundoWILKINSON e MARMOT (2002), autilização de meios de transporte nãomotorizado tem um impacte positivo nasaúde, que se verifica quer pela reduçãode acidentes/poluição sonora eatmosférica, quer pelo aumento daprática de exercício físico, quer, ainda,pelo aumento da interacção e contactossociais que estes modelos de mobilidadeproporcionam. BOUCHARD et al. (1990)e JACKSON (2002) sublinham os efeitosbenéficos de andar a pé e de bicicleta naprevenção do excesso de peso/obesidade e na redução do risco dedesenvolver doenças cardíacas, diabetese hipertensão.A associação verificada entre o usocrescente do transporte individual e osníveis decrescentes de actividade física,nomeadamente caminhar e andar debicicleta, tem sido explicada pordiferentes factores e mecanismos: 1.ambiente construído/forma urbana:densidade, extensão urbana (“urbansprawl”), localização de serviços eequipamentos, políticas de planeamentourbano, com destaque para as detransporte e uso do solo e aindafactores económicos, políticos e culturais;2. ambiente social: coesão social, capitalsocial, sentimentos de (in)segurança,receio do crime, desigualdades sociais epercepção de desigualdades.Vários investigadores (BARTON eTSOUROU, 2000; FRANK e ENGELKE,2001; JACKSON, 2002; CALTHORPE eFULTON, 2001; THOMAS R. 2002; HALL,2004), referem que longas distânciasentre locais de residência, estudo,trabalho, compras e lazer conduzem ànecessidade de proceder a longasdeslocações diárias, associando-se aouso crescente do transporte público eprivado; em oposição, morfologias maiscompactas e usos do solo diversificados,parecem estar associados à promoçãoda actividade física. O desenho urbanocondiciona também a prática deactividade física: a disponibilidade deciclovias e passeios, a conectividade dasruas, a estética dos lugares, a sua limpezae iluminação, a percepção de umambiente seguro, livre de ameaças comoo risco de ser vítima de crimes ou deatropelamentos, incrementam os níveisde sustentabilidade urbana, com reflexosna actividade física da população. Poroutro lado, níveis elevados de capital ecoesão social, fortalecendo identidades esentimentos de pertença a lugares e acomunidades, oferecem protecção contraníveis elevados de stress e proporcionamoportunidades de desenvolvercomportamentos mais saudáveis, comocaminhar e andar de bicicleta. SegundoPITTS (2004), os factores atrás referidospromovem a formação de “comunidadescaminháveis” (walkable communities),com impactes positivos na saúde.Segundo GIKES et al. (2005),investigações desenvolvidas nos EUA eno Reino Unido têm concluído quealgumas destas características ambientaispodem influenciar comportamentos queconduzem ao aumento de peso dapopulação. Neste sentido, pretende-seneste artigo avaliar o efeito dos factoresambientais no Índice de Massa Corporal(IMC) da população residente na ÁreaMetropolitana de Lisboa (AML),sobretudo dos mais estreitamenterelacionados com o planeamentourbano, logo, potencialmentemodificáveis. Será analisada acontribuição do ambiente sociomateriallocal, formado por múltiplas dimensões– por exemplo, qualidade dosalojamentos, acessibilidade ao transportepúblico, segurança rodoviária, ocorrênciade crime, capital e coesão social,disponibilidade de diversosequipamentos e infra-estruturas(desportivos, comercialização deprodutos alimentares frescos) – efactores individuais – género, idade,prática de exercício físico e dieta – norisco de possuir excesso de peso/obesidade.DADOS E MÉTODOSFONTESEstudou-se a população residente naAML, a maior área metropolitana do país,constituída por 19 municípios e 216freguesias, ocupando uma área de 3133km 2 e concentrando 2 571 63024Revista Brasileira de Ciências Ambientais – número <strong>11</strong>

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