<strong>Brasil</strong> S/A 104 RODRIGO ALMEIDA Doutorando em Comunicação na UFPE; curador do Janela Internacional de Cinema do Recife, membro do coletivo de produção audiovisual Surto & Deslumbramento.
105 Sinfonia visual contra um modelo de progresso Gestos de um cortador de cana erguendo seu facão. Rosto imponente, movimentos e sons que lembram um guerreiro se preparando para a batalha. Um estranho e simétrico balé de escavadeiras. Máquinas autônomas e excitadas diante de um corpo feminino. Calmas remadas de um navegante no rio. Vida tranquila ameaçada pelo futuro distópico que se anuncia. Essas são apenas algumas das sequências alegóricas que nos forçam a pensar <strong>Brasil</strong> S/A como uma sinfonia visual, um filme em que a estrutura precisa ser apreendida pela chave do movimento: movimento interno dentro do plano, movimento ritmado pela montagem, movimento na ordem e duração de cada uma das imagens. Podemos nos perguntar: por que esses planos colocados assim e não de outra maneira? Se colocados de outra maneira, com outra música, provocariam outros sentidos? Seja qual for a resposta, notamos rapidamente que o filme é marcado por blocos temáticos e arcos dramáticos independentes, mas cuja costura narrativa une cada um dos fragmentos na construção de um painel multifacetado de nossa nação, de nosso desejo de nação e de uma imagem de nação. A coreografia dos personagens humanos e não humanos é assumida como ferramenta central para representar esse movimento de um país inclinado para o futuro, direcionando o que, em cinema chamamos, de mise en scène - isto é, todas as escolhas do(a) diretor(a) em relação à criação da imagem, em particular pensando na encenação dramática, nas informações elegidas para ocuparem cada quadro, passando pela iluminação, pela posição da câmera, por tudo. São as inúmeras decisões que tornam o filme o que ele efetivamente é. Nesse sentido, o tom de <strong>Brasil</strong> S/A estabelece, de antemão, um flerte com algumas comédias importantes, tais como Tempos Modernos (EUA, 1936), de Charles Chaplin e Playtime (França, 1967), de Jacques Tati. Quando o cortador repete os gestos do corte, mas sem a cana, além de se despedir de um modo de produção e se preparar para a tecnologia vindoura, revela também as lembranças do trabalho armazenado dentro do seu corpo, tal qual na cena em que Carlitos desenvolve um tique nervoso, após horas de uma longa jornada de trabalhos repetitivos. FIQUE POR DENTRO! — futuro distópico Se chamamos de “utopia” uma espécie de futuro ideal, sonhado, um futuro feliz, podemos dizer que a “distopia” é o seu exato contrário, isto é, o futuro sombrio, o futuro que deu errado, uma sociedade controlada por meios extremos de opressão. A ideia de futuro distópico se difundiu a partir dos livros Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e 1984, de George Orwell. arcos dramáticos Toda uma trajetória narrativa, partindo de um detonante até a resolução ou desenlace da história. Os arcos são marcados por um conflito interno que acompanha os personagens através de tensões cada vez mais intensas. Na maioria dos casos, depois de uma série de obstáculos, os personagens chegam transformados no final da jornada.
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