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Brasil S/A - Livro Pedagógico

O livro pedagógico é formado por seis artigos que contemplam diferentes âmbitos de discussão trazidos pelo filme: o colapso das cidades; o lugar das mulheres na sociedade patriarcal e capitalista; o neodesenvolvimentismo; as questões étnico-raciais; os con itos ambientais; e a sinfonia visual contra um modelo de progresso. Cada artigo re ete as escolhas de seus(suas) autores(as) na forma de abordagem, mas mantém uma estrutura similar, composta pelo texto Brasil s/a 014 (acompanhado por fotos e charges), por uma espécie de glossário (“Fi- que por dentro!”), por sugestões de atividades, e por indicações de leitura (“Para saber mais”).

O livro pedagógico é formado por seis artigos que contemplam diferentes âmbitos de discussão trazidos pelo filme: o colapso das cidades; o lugar das mulheres na sociedade patriarcal e capitalista; o neodesenvolvimentismo; as questões étnico-raciais; os con itos ambientais; e a sinfonia visual contra um modelo de progresso. Cada artigo re ete as escolhas de seus(suas) autores(as) na forma de abordagem, mas mantém uma estrutura similar, composta pelo texto

Brasil s/a 014
(acompanhado por fotos e charges), por uma espécie de glossário (“Fi- que por dentro!”), por sugestões de atividades, e por indicações de leitura (“Para saber mais”).

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081<br />

Daí elabora-se uma teia complexa na produção de cultura.<br />

O <strong>Brasil</strong> discrimina pela cor da pele e pela cultura. Consideremos os<br />

casos, que cada vez mais vêm à tona, de intolerância religiosa contra<br />

terreiros de Candomblé e Umbanda e as violências também vividas<br />

pelas agremiações culturais comos afoxés e cocos em suas variadas<br />

formas de expressão.<br />

O movimento negro tem, nessa complexidade, forte base<br />

para os preceitos de sua luta. Outro fenômeno que surge daí é o da<br />

apropriação cultural, na qual podemos compreender as investidas do<br />

mercado étnico em vender uma cultura sem dar nenhum tipo de retorno<br />

e reconhecimento aos sujeitos dessa cultura. O uso de turbantes<br />

pela indústria da moda instigou vários debates em torno do tema, e a<br />

pergunta básica que pode ser feita, mais uma vez, é sobre a capacidade<br />

de esvaziar os sentidos dos objetos e valorizar os artigos étnicos<br />

quando usados por pessoas brancas em detrimento da manifestação<br />

da cultura negra. O conflito reflete, acima de tudo, que o uso de certas<br />

indumentárias, como vestes brancas e turbantes, tem um sentido, para a<br />

comunidade negra, muito mais amplo e profundo do que o estético. Há<br />

um sentido espiritual e de relação de respeito e devoção nas práticas<br />

religiosas de matriz africana.<br />

Quando os africanos foram traficados pelos portugueses para<br />

servirem de força de trabalho ao desenvolvimento da colônia lusitana,<br />

trouxeram consigo todo o trajeto histórico de suas culturas que foram<br />

deixadas no continente africano. Povos do Benim, de Angola, da bacia<br />

do Congo vieram; pessoas do comércio, da arte de dobrar ferro, de<br />

cultivar a terra, reis e rainhas, princesas e príncipes dos sistemas vigentes<br />

nas nações africanas. Lá, na África, o processo de colonização<br />

é anterior ao do <strong>Brasil</strong>. Essas sociedades e culturas, já com avançados<br />

sistemas simbólicos e de organização, foram expropriadas de suas terras<br />

e modos de levar a vida.<br />

Chegando, foram distribuídos por todo o território que hoje<br />

conhecemos por <strong>Brasil</strong>, perpetuaram a prática de suas culturas e formas<br />

de organização conforme a adaptação foi sendo estabelecida,<br />

<strong>Brasil</strong> foragido: rotas sobre<br />

as relações de trabalho e a produção<br />

da cultura afro-brasileira

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