Brasil S/A - Livro Pedagógico
O livro pedagógico é formado por seis artigos que contemplam diferentes âmbitos de discussão trazidos pelo filme: o colapso das cidades; o lugar das mulheres na sociedade patriarcal e capitalista; o neodesenvolvimentismo; as questões étnico-raciais; os con itos ambientais; e a sinfonia visual contra um modelo de progresso. Cada artigo re ete as escolhas de seus(suas) autores(as) na forma de abordagem, mas mantém uma estrutura similar, composta pelo texto Brasil s/a 014 (acompanhado por fotos e charges), por uma espécie de glossário (“Fi- que por dentro!”), por sugestões de atividades, e por indicações de leitura (“Para saber mais”).
O livro pedagógico é formado por seis artigos que contemplam diferentes âmbitos de discussão trazidos pelo filme: o colapso das cidades; o lugar das mulheres na sociedade patriarcal e capitalista; o neodesenvolvimentismo; as questões étnico-raciais; os con itos ambientais; e a sinfonia visual contra um modelo de progresso. Cada artigo re ete as escolhas de seus(suas) autores(as) na forma de abordagem, mas mantém uma estrutura similar, composta pelo texto
Brasil s/a 014
(acompanhado por fotos e charges), por uma espécie de glossário (“Fi- que por dentro!”), por sugestões de atividades, e por indicações de leitura (“Para saber mais”).
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<strong>Brasil</strong> S/A<br />
026<br />
energia, investimentos e planejamento. Em todas, no entanto, não há<br />
planejamento eficiente, e os problemas urbanos se repetem como se<br />
fossem produto de um grande projeto de empreendimento brasileiro,<br />
de norte a sul, que obedece à ideia de expansão desenfreada do tecido<br />
urbano e agressão à natureza, tanto por essa expansão quanto, no seu<br />
entorno, pelo extrativismo da terra na produção da monocultura em<br />
grandes latifúndios, visando exclusivamente o lucro.<br />
<strong>Brasil</strong> S/A nos mostra essa correlação cidade-campo, que culmina<br />
na substituição da produção do açúcar pela extração de petróleo.<br />
Mais do que ressaltar a apoteose do acontecimento em si – substituir o<br />
ouro branco pelo ouro negro –, insinua a relação desse acontecimento<br />
do campo com a vida da cidade, porque vincula o fato à construção<br />
de novos complexos viários, ao aumento do número de automóveis, à<br />
poluição do ar e à insatisfação da população de classe média diante de<br />
uma cidade travada. Por trás desse panorama, as populações pobres<br />
são negligenciadas e quase invisíveis, estão no filme pela imposição de<br />
sua ausência e pelo incômodo que causam ao tentar atrapalhar o livre<br />
deslizar de um motorista que se desloca em seu carro blindado. Dos<br />
inúmeros signos, significados e metáforas colocados por <strong>Brasil</strong> S/A,<br />
a ideia de colapso metropolitano será explorada nos dois principais<br />
problemas expostos: (1) as cidades emperradas pelo automóvel e (2)<br />
as cidades fortificadas, desconectadas do espaço público e da vida<br />
urbana. Por fim, (3) reflete-se sobre a busca do equilíbrio para o futuro.<br />
1. As cidades emperradas<br />
Há um livro clássico e de referência para muitos(as) arquitetos(as)<br />
e planejadores(as) urbanos(as), escrito em 1961 pela jornalista<br />
Jane Jacobs, que causou grande impacto pelos ataques que a autora<br />
fez à cidade do início do século XX, quando o automóvel passou a ser<br />
o protagonista da vida urbana. O livro Vida e morte de grandes cidades<br />
critica, principalmente, o urbanismo moderno norte-americano,<br />
que propunha a renovação de áreas urbanas centrais sem considerar