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Setembro/2016 - Referência Industrial 178

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ENTREVISTA - Presidente do Sima, Irineu Munhoz, fala sobre os próximos desafios de Arapongas<br />

I N D U S T R I A L<br />

Voltando<br />

a crescer<br />

Polo moveleiro de Bento Gonçalves<br />

busca soluções para retomar o mercado<br />

Principal – Curso para marceneiros visa cada vez mais a atualização tecnológica dos profissionais


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

SUMÁRIO<br />

SUMÁRIO<br />

ANUNCIANTES DA EDIÇÃO<br />

Arch Química/Lonza 67<br />

34<br />

Bruno <strong>Industrial</strong> 57<br />

DRV Ferramentas 19<br />

Engecass 21<br />

Feicon 31<br />

40<br />

44<br />

Fhaizer 25<br />

Giacomelli 23<br />

Gaidzinski 49<br />

H. Bremer 15<br />

Homag 07<br />

Indumec 17<br />

Manoel Marchetti 29<br />

Mill Indústrias 68<br />

Montana Química 02<br />

MSM Química 13<br />

Planeta <strong>Industrial</strong> 63<br />

Rossin 53<br />

Salvador 47<br />

Siempelkamp 05<br />

SKH 63<br />

Vantec 11<br />

Weinig 09<br />

04 Editorial<br />

06 Cartas<br />

08 Bastidores<br />

10 Coluna Flavio C. Geraldo<br />

12 Notas<br />

20 Aplicação<br />

22 Alta e Baixa<br />

24 Frases<br />

26 Entrevista<br />

32 Coluna Abimci Paulo Pupo<br />

34 Principal O marceneiro se modernizou<br />

40 Construção Civil<br />

44 Especial De volta aos trilhos<br />

50 Madeira Tratada<br />

54 Química na Madeira<br />

58 Artigo<br />

64 Agenda<br />

66 Espaço Aberto<br />

SETEMBRO | 03


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

EDITORIAL<br />

Ano XVIII - Edição n.º <strong>178</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2016</strong><br />

Year XVIII - Edition n.º <strong>178</strong> - September <strong>2016</strong><br />

Nesta edição nosso destaque<br />

é a passadeira de cola da Indumec<br />

QUALIFICAR PARA<br />

INOVAR<br />

Abraham Lincoln foi um dos mais memoráveis estadistas<br />

dos Estados Unidos da América, e também uma personalidade<br />

histórica do século XIX. Ficou lembrado não por acaso:<br />

liderou seu país durante a maior crise interna - a guerra civil<br />

norte-americana – aboliu a escravidão e, não obstante, foi<br />

responsável pela modernização da economia que permanece<br />

até hoje como a maior do mundo.<br />

São homens como Lincoln que moldam o futuro de<br />

países, cidades e empresas. Esta edição de REFERÊNCIA<br />

INDUSTRIAL faz paralelo à uma de suas frases mais lembradas:<br />

“me dê seis horas para derrubar uma árvore, e passarei<br />

quatro afiando o machado.” Aqui, falamos sobre as inovações<br />

na marcenaria brasileira e como os principais cursos do país<br />

se adaptaram às necessidades e exigências de um mercado<br />

em constante evolução; em busca de reestabelecimento, o<br />

polo moveleiro de Bento Gonçalves busca alternativas à crise;<br />

mostrando que há mais caminho para a madeira do que mourões<br />

e postes, estudantes de Santa Catarina criam um painel<br />

de madeira laminada tão resistente quanto o concreto. Uma<br />

excelente leitura para você!<br />

QUALIFY TO INNOVATE<br />

Abraham Lincoln is one of the most memorable statesmen<br />

in the United States, and also an historical 19th century<br />

personality. He was remembered not by chance: he led his<br />

country during the biggest internal crisis – the American civil<br />

war – abolished slavery, and through all this, was responsible<br />

for the modernization of an economy, which remains today as<br />

the largest in the world.<br />

There are men like Lincoln that shape the future of countries,<br />

cities and companies. This issue of REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

parallels one of his most remembered phrases: “give me six hours<br />

to chop down a tree, and I will spend the first four sharpening<br />

the axe”. In this issue, we talk about innovations in the Brazilian<br />

woodworking trade and how the main qualification courses in<br />

the Country have adapted to the needs and requirements of a<br />

market in constant evolution; about how, in the search of re-<br />

-establishment, the Bento Gonçalves furniture manufacturing<br />

center seeks alternatives to the crisis; and show that wood fence<br />

posts and poles is not the only road for wood, as students from<br />

the State of Santa Catarina have created a laminated wood<br />

panel, as strong as concrete. A great read for you!<br />

EXPEDIENTE<br />

JOTA COMUNICAÇÃO<br />

Diretor Comercial / Commercial Director<br />

Fábio Alexandre Machado<br />

fabiomachado@revistareferencia.com.br<br />

Diretor Executivo / Executive Director<br />

Pedro Bartoski Jr<br />

bartoski@revistareferencia.com.br<br />

Diretora de Negócios / Business Director<br />

Joseane Knop<br />

joseane@jotacomunicacao.com.br<br />

ASSINATURAS<br />

0800 600 2038<br />

Veículo filiado a:<br />

JOTA EDITORA<br />

Diretor Comercial / Commercial Director<br />

Fábio Alexandre Machado<br />

fabiomachado@revistareferencia.com.br<br />

Diretor Executivo / Executive Director<br />

Pedro Bartoski Jr<br />

bartoski@revistareferencia.com.br<br />

Redação / Writing<br />

Rafael Macedo - Editor<br />

editor@revistareferencia.com.br<br />

Bruno Raphael Müller<br />

Larissa Angeli<br />

jornalismo@referenciaindustrial.com.br<br />

Colunista / Columnist<br />

Flavio C. Geraldo<br />

Paulo Pupo<br />

Depto. de Criação / Graphic Design<br />

Fabiana Tokarski - Supervisão<br />

Fabiano Mendes<br />

Fernanda Domingues<br />

Fernanda Maier<br />

criacao@revistareferencia.com.br<br />

Colaboradores / Colaborators<br />

Fotógrafos: Mauricio de Paula<br />

Depto. Comercial / Sales Departament<br />

Gerson Penkal<br />

comercial@revistareferencia.com.br<br />

fone: +55 (41) 3333-1023<br />

Tradução / Translation<br />

John Wood Moore<br />

Depto. de Assinaturas / Subscription<br />

Monica Kirchner - Coordenação<br />

Alessandra Reich<br />

assinatura@revistareferencia.com.br<br />

A Revista REFERÊNCIA - é uma publicação mensal e independente, dirigida<br />

aos produtores e consumidores de bens e serviços em madeira, instituições de<br />

pesquisa, estudantes universitários, orgãos governamentais, ONG’s, entidades de<br />

classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente ligados ao segmento madeireiro.<br />

A Revista REFERÊNCIA do Setor <strong>Industrial</strong> Madeireiro não se responsabiliza por conceitos<br />

emitidos em matérias, artigos ou colunas assinadas, por entender serem estes<br />

materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação,<br />

armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e<br />

outras criações intelectuais da Revista REFERÊNCIA são terminantemente proibidos<br />

sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.<br />

Revista REFERÊNCIA is a monthly and independent publication directed at the<br />

producers and consumers of the good and services of the lumberz industry, research<br />

institutions, university students, governmental agencies, NGO’s, class and other entities<br />

directly and/or indirectly linked to the forest based segment. Revista REFERÊNCIA does<br />

not hold itself responsible for the concepts contained in the material, articles or columns<br />

signed by others. These are the exclusive responsibility of the authors, themselves. The<br />

use, reproduction, appropriation and databank storage under any form or means of<br />

the texts, photographs and other intellectual property in each publication of Revista<br />

REFERÊNCIA is expressly prohibited without the written authorization of the holders<br />

of the authorial rights.<br />

04 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

CARTAS<br />

Capa da Edição 177 da<br />

Revista REFERÊNCIA INDUSTRIAL,<br />

mês de agosto de <strong>2016</strong><br />

Tecnologia<br />

Benefícios<br />

Por Marcos Tuleski - Araucária (PR)<br />

Impressionante pensar que há 10 anos era impossível<br />

imaginar uma autoclave controlada a quilômetros de<br />

distância. A tecnologia da Fhaizer surpreende e serve de<br />

referência, literalmente, para nós do meio.<br />

Por Antônio Tomazzi -<br />

Linhares (ES)<br />

Construção civil com madeira<br />

é o tipo de lobby<br />

que só traz benefícios.<br />

Vale a pena levantar essa<br />

bandeira, assim como a<br />

publicação vem fazendo<br />

nas suas últimas edições.<br />

Foto: divulgação<br />

Expectativa<br />

Por Túlio Bragança - Uruguaiana (RS)<br />

Não pude comparecer à última edição da Formóbile, mas<br />

pelo que li na REFERÊNCIA deu para ver que o setor está<br />

novamente entrando nos trilhos. Espero um 2017 bem<br />

melhor que este ano!<br />

Foto: REFERÊNCIA Foto: REFERÊNCIA<br />

Marcenaria<br />

Por Túlio Bragança - Uruguaiana (RS)<br />

Leio a REFERÊNCIA INDUSTRIAL e sempre acompanho<br />

os assuntos relacionados à marcenaria. Parabéns pela<br />

seleção de temas.<br />

Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os<br />

e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.<br />

As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião<br />

é fundamental para a Revista REFERÊNCIA INDUSTRIAL.<br />

revistareferencia@revistareferencia.com.br<br />

Foto: divulgação<br />

06 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br<br />

E-mails, críticas e sugestões podem ser<br />

enviados para redação ou siga:


Abrindo a porta da sua imaginação.<br />

Torne seus sonhos realidade com o Grupo HOMAG.<br />

Pense diferente e dê asas à sua imaginação<br />

quando pensar em produção de portas.<br />

O Grupo HOMAG tem a solução certa para cada<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

BASTIDORES<br />

Rafaela Laurentino, gerente<br />

local da Wood-Mizer, e<br />

Gerson Penkal,<br />

departamento comercial<br />

da JOTA EDITORA<br />

Foto: REFERÊNCIA<br />

SERRARIAS DE PRIMEIRA CLASSE<br />

A REFERÊNCIA INDUSTRIAL esteve presente na sede da filial<br />

brasileira da Wood-Mizer, em Ivoti (RS), para registrar as serrarias<br />

de qualidade internacional da empresa.<br />

Gerson Penkal,<br />

departamento<br />

comercial da JOTA<br />

EDITORA, e Denerlei<br />

Antonioli, marketing da<br />

Guerra<br />

Foto: REFERÊNCIA<br />

PAZ NA ESTRADA<br />

Visitamos a empresa Guerra,<br />

em Caxias do Sul (RS).<br />

08 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

COLUNA<br />

Flavio C. Geraldo<br />

Arch Proteção de Madeiras - Grupo Lonza<br />

Contato: flavio.geraldo@lonza.com<br />

Foto: divulgação<br />

UÉ, CADÊ TODO MUNDO?<br />

De 400 usinas convidadas para o aniversário de 47 anos da Abpm, estiveram representadas somente 13<br />

A<br />

Abpm (Associação Brasileira de Preservadores<br />

de Madeira) completou 47 anos de existência<br />

no último dia 25 de agosto. Não são muitas<br />

as instituições representativas de setores da economia<br />

que perduram por tanto tempo. Recentemente, na sua<br />

Assembleia Geral Ordinária para a eleição e posse da<br />

sua nova diretoria, realizada em 11 de agosto, a associação<br />

inovou. Além de ter aberto o convite a todas as<br />

usinas de tratamento de madeiras do país, temperou<br />

a sua pauta com algumas apresentações voltadas ao<br />

interesse direto dessas empresas. Uma apresentação<br />

realizada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas),<br />

convidando a uma reflexão: afinal, qualidade é somente<br />

custo adicional ou representa ganhos efetivos?<br />

Além da apresentação do IPT, a Abpm atendeu a um<br />

velho sonho de consumo dos seus associados e demais<br />

empresas: por mais simples e desafiador que possa<br />

parecer, o tema abordando análises de custos para formação<br />

de preços da madeira tratada é pouco observado<br />

por muitas empresas do nosso setor. Finalmente, foram<br />

apresentados os resultados de uma pesquisa de opinião<br />

conduzida junto a todas as usinas de tratamento de<br />

madeiras do Brasil, objetivando uma análise crítica<br />

a respeito da atuação da Abpm e quais as sugestões<br />

de novos caminhos para que o setor possa entrar em<br />

uma nova dimensão de negócios. O momento é mais<br />

do que oportuno. Há claras indicações de que haverá<br />

uma gradativa recuperação da economia, inclusive com<br />

a retomada de investimentos em infraestrutura e programas<br />

sociais, incluindo os setores elétrico, ferroviário<br />

e habitacional. Para não falar do segmento da pecuária,<br />

extremamente promissor se considerarmos os novos<br />

acordos comerciais de exportação de carne bovina in<br />

natura para os EUA (Estados Unidos da América), com<br />

perspectivas de ampliações para o Canadá, México,<br />

Coreia do Sul e Japão. Tal atividade econômica reflete<br />

de forma direta e positiva no mercado de mourões de<br />

eucalipto tratado.<br />

De tudo o que foi colocado, os presentes foram<br />

provocados com a seguinte reflexão: se considerarmos<br />

os segmentos consumidores de madeira tratada – aqui<br />

representados pelos mercados de postes, dormentes,<br />

componentes da construção e madeiras para o uso<br />

rural – como seria o setor de preservação de madeiras<br />

no Brasil se a Abpm não existisse? A resposta fica com<br />

cada um, valendo apenas o registro que, sem as normas<br />

da Abnt (Associação Brasileira de Normas Técnicas),<br />

muito provavelmente não haveria espaço para esses<br />

mercados. Afinal, normas são direcionadores de qualquer<br />

mercado consumidor e vale registrar que, sem<br />

exceção, todas as normas técnicas relacionadas a produtos<br />

de madeira tratada nasceram sob o teto da Abpm.<br />

Muitas outras páginas seriam necessárias para algumas<br />

outras considerações a respeito, valendo a menção ao<br />

importante programa de autorregulamentação setorial<br />

criado com base no binômio qualidade/legalidade, o<br />

Qualitrat, através do qual uma empresa tratadora de<br />

madeiras pode diferenciar-se com a obtenção de um<br />

selo de qualidade. Aliás, o alcance dos objetivos de<br />

exportações de carnes in natura para vários países de<br />

maior grau de desenvolvimento só foi possível com as<br />

comprovações de cumprimento de exigências constantes<br />

para obtenção de selos de qualidade.<br />

Das 400 usinas de tratamento convidadas insistentemente<br />

para o evento, com convite de participação<br />

gratuita às palestras do mais alto nível, estiveram representadas<br />

somente 13 empresas. Uma participação<br />

pequena, que a despeito das importantes contribuições<br />

das empresas que estiveram presentes, o setor perde<br />

mais uma oportunidade de poder ampliar ainda mais<br />

as discussões setoriais, tão necessárias à saúde dos<br />

negócios. Ué, que pena!<br />

O setor perde mais uma oportunidade de poder ampliar<br />

ainda mais as discussões setoriais, tão necessárias à saúde<br />

dos negócios<br />

10 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

NOTAS<br />

Foto:divulgação<br />

Mais alto edifício<br />

híbrido de madeira<br />

O arquiteto japonês Shigeru Ban, vencedor do Prêmio<br />

Pritzker 2014, está projetando o edifício Terrace House em<br />

Vancouver, Canadá. O empreendimento tem sido tratado pelos<br />

desenvolvedores como a mais alta estrutura de madeira<br />

híbrida do mundo, apesar do tamanho ainda não ter sido divulgado.<br />

A primeira imagem conceitual deu a entender que<br />

será uma torre revestida de vidro com telhado inclinado e, na<br />

parte superior, uma estrutura plena de madeira, apoiada por<br />

um núcleo de concreto e aço.<br />

Shigeru Ban é conhecido por seus trabalhos anteriores<br />

com produtos alternativos como papelão, plástico e entulho.<br />

Ele utiliza esses materiais para fornecer abrigos de emergência<br />

em lugares que passaram por grandes catástrofes naturais,<br />

e o Terrace House deve ser sua primeira empreitada em<br />

grande escala.<br />

Parceria entre<br />

Senai-PR e<br />

Alemanha<br />

Estudantes da Escola Técnica de Stuttgart, na Alemanha,<br />

estiveram no Paraná em agosto para executar<br />

e apresentar um protótipo mobiliário, desenvolvido em<br />

conjunto com alunos e professores do Senai (Serviço<br />

Nacional de Aprendizagem <strong>Industrial</strong>) no Paraná. Desde<br />

1999, as duas instituições têm uma parceria para o Projeto<br />

de Imóveis, no qual os estudantes precisam desenvolver<br />

o protótipo conforme uma temática pré-selecionada.<br />

Neste ano, o tema do projeto é Marcenaria Fina. Quatro<br />

alunos do Senai participam, além de dois docentes e<br />

um interlocutor. Da equipe alemã estiveram envolvidos<br />

dois professores, três designers e dois técnicos. Esta edição<br />

do evento acontece na unidade do Senai em São José<br />

dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR).<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

Famossul inaugura<br />

unidade em Sergipe<br />

Com origem na cidade de Piên (PR), a Famossul chegou ao município<br />

de Estância (SE) em agosto. Essa é a primeira unidade industrial<br />

da empresa fora do Paraná, com investimento de cerca de R$<br />

12 milhões para a fabricação de portas e componentes de madeira,<br />

gerando logo de início 60 novos postos de trabalho.<br />

A previsão é de que mais 40 vagas sejam abertas até o final do<br />

ano. Na nova planta, que soma 8 mil m² (metros quadrados) de área<br />

construída, foram instalados equipamentos nacionais e importados<br />

de alta tecnologia, todos visando o trabalho de qualidade e seguindo<br />

os padrões de segurança do mercado.<br />

12 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


Foto: divulgação<br />

REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

NOTAS<br />

Encontro do<br />

Congresso Moveleiro<br />

Novo tipo de<br />

chapa para<br />

móveis<br />

A Eucatex apresentou no segundo semestre<br />

a sua nova chapa para fundos de móveis, a HPP<br />

Eucatex BP. O lançamento é uma inovação voltada<br />

para gavetas, tamburatos e revestimentos de<br />

paredes. Pode ser também utilizado na fabricação<br />

de móveis residenciais, comerciais e corporativos.<br />

O substrato HPP é produzido com madeira<br />

proveniente de florestas com certificado FSC (Forest<br />

Stewardship Council), apresentando menor<br />

absorção de umidade, mais estabilidade e maior<br />

resistência na montagem e desmontagem, o que<br />

permite performance de qualidade e fabricação<br />

eficaz.<br />

Uma das novidades da VII edição do Congresso Nacional<br />

Moveleiro será o Encontro de Negócios promovido pela Fiep<br />

(Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O evento<br />

acontece nos dias 14 e 15 de setembro, em Curitiba (PR). O<br />

Congresso deste ano propõe repensar as formas das empresas<br />

de atuar no mercado. O objetivo da atividade, inserida na<br />

programação do evento principal, é agilizar o fechamento de<br />

negócios com baixo custo para vendedores, que evitam gastos<br />

elevados com viagens ao exterior. Participam empresas<br />

de perfis variados, com grande participação de empresas iniciantes<br />

no mercado, que pretendem dar os primeiros passos<br />

no mercado global.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

Incentivo à exportação<br />

moveleira no Norte<br />

O Ministério da Indústria e Comércio Exterior lançou em agosto<br />

dois novos programas no Acre e Rondônia: o Pnce (Plano Nacional<br />

da Cultura Exportadora) e o Brasil Mais Produtivo. “A indústria é um<br />

dos principais motores do desenvolvimento e deve manter o seu<br />

papel de protagonismo na recuperação do Brasil”, disse o ministro<br />

Marcos Pereira, durante o lançamento dos programas.<br />

O Pnce tem o objetivo de aumentar o número de empresas que<br />

operam no comércio exterior e, consequentemente, aumentar as<br />

exportações de produtos e serviços. Em Rondônia, a partir do critério<br />

de priorização de impacto local, foram feitos estudos técnicos<br />

que definiram duas aglomerações do setor moveleiro como focos<br />

para as consultorias: o Arranjo Produtivo Local de Madeira e Móveis<br />

de Ariquemes e o APL de Madeira e Móveis de Ji-Paraná.<br />

14 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


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LANÇAMENTO<br />

• Caldeira Mista;<br />

• Grelha móvel tipo rotativa refrigerada;<br />

• Capacidade: 10 a 40 ton vapor/h;<br />

• Pressão: 10 a 23 kgf/cm 2 ;<br />

• Baixa emissão de CO;<br />

• Cinzas com baixo teor de carbono;<br />

• Baixa emissão de Nox;<br />

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de combustível.<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

NOTAS<br />

Prospecção<br />

africana<br />

Em parceria com a Apex (Agências Brasileira de<br />

Promoção de Exportações e Investimentos), o Sindmóveis<br />

realizou uma missão prospectiva à África do<br />

Sul, visando ampliar oportunidades no mercado de<br />

exportações moveleiras. Vale ressaltar a importância<br />

da visita: o país é o segundo maior valor em produção<br />

do setor no continente, atrás apenas do Egito, com<br />

geração de US$ 1,5 bilhão em 2015. A missão passou<br />

por Johannesburgo, Cidade do Cabo e municípios da<br />

região.<br />

Foto: divulgação<br />

Estudo inédito<br />

de planejamento<br />

madeireiro<br />

As equipes do CAV (Centro de Ciências Agroveterinárias)<br />

e o Sindimadeira (Sindicato das Indústrias de<br />

Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Lages) realizarão<br />

no segundo semestre um inventário inédito de todas as<br />

florestas plantadas na Serra Catarinense. A Fiepe (Fundação<br />

Instituto de Apoio ao Ensino Pesquisa e Extensão) e o<br />

sindicato firmaram convênio de cooperação técnica com<br />

o objetivo de apresentar um relatório sobre a área total de<br />

florestas comerciais na região serrana, denominado como<br />

Distribuição Espacial das Florestas Plantadas na Região<br />

Serrana de Santa Catarina.<br />

A ideia da Fiepe é acelerar o processo desse tipo de<br />

pesquisa na região. Os professores Marcos Bendito Schimalski<br />

e Veraldo Lisenberg foram designados para coordenar<br />

o estudo.<br />

Foto: divulgacão<br />

Inmes lança<br />

esquadrejadeira<br />

Com design inovador e custo acessível, a esquadrejadeira FF-300<br />

da Inmes chegou ao mercado no segundo semestre, permitindo mais<br />

qualidade e produtividade aos usuários. A máquina tem um moderno<br />

sistema de regulagem do riscador, com uma mesa móvel de 2800 mm<br />

(milímetros) de comprimento e 360 mm de largura, toda em alumínio de<br />

alta qualidade. É garantida a maior flexibilidade de corte, reto ou em ângulo, com alta produtividade e qualidade. A seccionadora<br />

IM-2900 V45 também tem o corte mais rápido da categoria, com velocidade de 45 m/min (metros por minuto).<br />

Foto: divulgacão<br />

16 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


50 ANOS DE EXPERIÊNCIA<br />

NA INDÚSTRIA MADEIREIRA<br />

www.indumec.com.br<br />

Sistemas Especiais<br />

de Manuseio<br />

• Mesas elevadoras<br />

• Manipulação<br />

• Soluções customizadas<br />

Linhas de Acabamento<br />

para Painéis de Madeira<br />

• Resfriamento de chapas<br />

• Manipulação<br />

• Lixamento<br />

• Armazenamento<br />

Preparação de<br />

Partículas & Reciclagem<br />

• Pátios de toras<br />

• Sistemas de alimentação<br />

• Linhas de picagem<br />

Tecnologia de Secagem<br />

• Secadores de lâminas de madeira<br />

• Secadores Industriais<br />

Tecnologia de Prensagem<br />

• Prensas para linha de revestimento<br />

• Prensas para linha de portas<br />

• Prensas para indústria de madeira<br />

• Prensas de ciclo curto<br />

• Prensas industriais<br />

Madeira Sólida<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

NOTAS<br />

Foto:divulgação<br />

Construção<br />

sustentável<br />

A WWF (World Wide Fund for Nature) Brasil lançou durante<br />

o evento GBC (Greenbuilding Brasil Conferência) o primeiro<br />

vídeo, de uma série de cinco produções, que irá abordar o<br />

uso da madeira na construção civil. Com pouco mais de dois<br />

minutos, a animação voltada ao público não especializado<br />

enumera as razões pelas quais construir com madeira é mais<br />

vantajoso para construtoras, incorporadoras e empreiteiras.<br />

Vale lembrar que o setor é responsável por cerca de 47%<br />

da emissão de gases de efeitos estufa do mundo, por isso<br />

medidas para diminuir esse índice são urgentes. Os próximos<br />

vídeos irão abordar questões como manutenção da madeira,<br />

o que é manejo de florestas, viabilidade econômica e a possibilidade<br />

do uso da madeira em grandes obras.<br />

Especialização<br />

gratuita em móveis<br />

O Sebrae (SP) está com 240 vagas abertas para quem<br />

quer se capacitar para trabalhar por conta própria no setor<br />

de madeira e mobiliário. Os cursos de formação inicial<br />

em estofador de móveis e pintor de móveis são gratuitos<br />

e estão disponíveis em todo o Estado de São Paulo,<br />

dentro do Super MEI (Microempreendedor Individual),<br />

programa recém-lançado pelo Sebrae (SP) voltado à<br />

qualificação do MEI.<br />

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de capacitação em 18 áreas de atuação como beleza,<br />

alimentos e bebidas, automotivo e comércio varejista,<br />

entre outros. As inscrições para o Super MEI podem ser<br />

realizadas pelo site www.supermei.sebraesp.com.br.<br />

Foto: divulgação<br />

Foto: divulgação<br />

Tutorial madeireiro<br />

A indústria de móveis e materiais ganhou um novo<br />

banco de dados importante: acesso a conhecimentos detalhados<br />

sobre aplicações, serviços técnicos e inovações da<br />

Henkel para colagem de madeira. As informações estão disponíveis<br />

em dez idiomas, incluindo português, no site oficial<br />

da empresa, que pode ser acessado tanto de computadores,<br />

como tablets e smartphones.<br />

O novo site de suporte técnico também inclui um recurso<br />

chamado: Casa Interativa da Henkel; que é uma ilustração<br />

demonstrando aplicações mais comuns. Além disso, o website<br />

permite contatar diretamente o time de especialistas<br />

em adesivos para discutir as aplicações mais específicas.<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

APLICAÇÃO<br />

APARADORES<br />

LUXUOSOS<br />

Foto:divulgação<br />

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Doka Bath Works, empresa especializada<br />

na comercialização de banheiras e acessórios<br />

para banheiros, apresenta ao mercado<br />

sua nova linha de aparadores Belle. Para proporcionar<br />

uma decoração diferenciada para as salas<br />

de banho, a marca aliou qualidade a um design requintado,<br />

criado por designers especializados que<br />

buscaram unir a beleza nas formas, curvas e cores<br />

do estilo vitoriano em um único móvel. Como matéria-prima,<br />

a madeira de reflorestamento e MDF<br />

foram escolhidas, disponíveis em duas cores: o fosco<br />

preto e branco.<br />

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Camarim, que atende à<br />

demanda dos clientes da marca<br />

ao se inspirar nos espaços de<br />

maquiagem das celebridades.<br />

Assinada pelo estúdio de criação<br />

MMM Design, a penteadeira<br />

é fixada na parede, o que economiza<br />

espaço e auxilia na organização<br />

das maquiagens, sem<br />

comprometer a funcionalidade e ergonomia dos ambientes.<br />

A peça é produzida em MDF e madeira de pinus com acabamento branco giz.<br />

Foto: divulgação<br />

20 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ALTA E BAIXA<br />

ALTA<br />

PRIMEIRO SUPERÁVIT DO SETOR<br />

MOVELEIRO EM <strong>2016</strong><br />

As vendas no comércio varejista de móveis aumentaram 7,7% em volume de peças e 7,6% nas<br />

receitas no mês de maio, feito inédito este ano e que reafirma os sinais de reaquecimento da<br />

indústria. Em relação à balança comercial da indústria de móveis, as exportações brasileiras<br />

foram de US$ 284 milhões no primeiro semestre de <strong>2016</strong>. Já as importações somaram US$ 278,6<br />

milhões no semestre. Com estes resultados a balança comercial do setor moveleiro registrou<br />

superávit de US$ 5,4 millhões no ano de <strong>2016</strong>, até este período.<br />

VENDAS DA INDÚSTRIA CRESCEM 2%<br />

O faturamento industrial voltou a crescer em junho, depois de três meses de queda. Na comparação com maio deste<br />

ano, as fábricas brasileiras aumentaram sua produção em 2%, em dados divulgados pela CNI (Confederação Nacional da<br />

Indústria). "Mesmo sem indicar reversão do ciclo recessivo, os dados mais diretamente ligados à produção registraram<br />

crescimento na comparação com o mês anterior nas séries dessazonalizadas", avaliou a CNI.<br />

POLO MOVELEIRO DE BH LIQUIDA ESTOQUES<br />

Mais de 200 lojas do polo moveleiro da Avenida Silviano Brandão, no Bairro da Floresta, em Belo Horizonte, estão realizando<br />

um megaliquidação com descontos de até 50% dos preços em toda a linha de móveis e complementos, com a<br />

finalidade de manter a saúde financeira dos negócios. A ideia é aumentar o faturamento em mais de 70%, uma vez que<br />

a queda nas vendas do comércio ao longo da avenida está estimada em 40% para este ano.<br />

BAIXA<br />

GRUPO ROMERA DEMITE 500<br />

FUNCIONÁRIOS<br />

A presidente do grupo Romera de Arapongas (PR), Anunciata Luiza Menegon Romera lamentou<br />

o corte de mais de 500 colaboradores, ocorrido no mês passado. Segundo ela, esse é o primeiro<br />

corte significativo da história da empresa, especialista na produção de móveis, e foi necessário<br />

para salvar outros 3 mil empregos, em jogo devido à recessão econômica.<br />

22 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

FRASES<br />

Nos últimos dois anos, a indústria perdeu<br />

quase um milhão de vagas no mercado de<br />

trabalho. Nesse cenário que a economia<br />

começa a dar sinais de recuperação, o<br />

comércio exterior é o refúgio<br />

Foto: Agência Brasil<br />

Marcos Pereira, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,<br />

falando sobre a inauguração de dois programas de incentivo à<br />

exportação moveleira no Acre e Rondônia<br />

Infelizmente, a crise está aí e todos nós sabemos. Como<br />

consequência, tivemos que dispensar 500 colaboradores para<br />

salvar o emprego de 3 mil<br />

Tatá Romera, presidente do Grupo Romera, do polo moveleiro de Arapongas (PR), sobre o corte de<br />

funcionários ocorrido em agosto<br />

O setor ficou muito viciado e acostumado aos grandes<br />

empreendimentos. Ainda que tenha dado sinais de esgotamento, a<br />

administração pública não foi ativa para apoiar a micro e pequena<br />

empresa, apostando apenas nas grandes. Isso é fruto da falta de<br />

políticas de desenvolvimento<br />

Arlindo Villaschi Filho, economista e professor da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), sobre o<br />

Espírito Santo ter a maior queda na produção industrial entre os 15 maiores Estados do Brasil<br />

Não podemos perder de vista que o<br />

nosso setor é considerado como segmento<br />

estratégico, pelo seu papel no processo<br />

de expansão e modernização de todos os<br />

segmentos produtivos da economia<br />

Foto: divulgação<br />

João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq (Associação<br />

Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em<br />

comunicado oficial<br />

24 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ENTREVISTA<br />

IRINEU<br />

MUNHOZ<br />

FORMAÇÃO PROFISSIONAL<br />

EDUCATION:<br />

Bacharel em Agronomia pela Escola Superior de Agronomia<br />

de Paraguaçu Paulista<br />

Agronomy, Superior School of Agronomy Paraguaçu Paulista<br />

Foto: divulgação<br />

CARGO<br />

PROFESSION:<br />

Presidente do Sima (Sindicato das Indústrias de Móveis de<br />

Arapongas) e diretor da Caemmun Movelaria<br />

President of Arapongas Class Association of Furniture<br />

Manufacturers (Sima) and Director of Caemmun Movelaria<br />

Prova de fogo<br />

Fire proof<br />

S<br />

er diretor de um sindicato moveleiro em tempos<br />

de crise é tarefa difícil, maior ainda se se tratar do<br />

segundo maior polo do Brasil. Para o presidente<br />

do Sima (Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas),<br />

Irineu Munhoz, apesar dos números negativos – foram mais<br />

de 2 mil demissões desde 2015 – a expectativa é que <strong>2016</strong><br />

seja um ano em que a estabilidade seja retomada, para no<br />

ano seguinte haver crescimento nas vendas. Leia a seguir<br />

a entrevista e saiba os projetos do Sima para o segundo<br />

semestre.<br />

B<br />

eing a Director of a furniture class association in<br />

times of crisis is difficult, even if it is the second largest<br />

furniture manufacturing center in Brazil. For<br />

Irineu Munhoz, President of the Arapongas Class Association<br />

of Furniture Manufacturers (Sima), despite the negative<br />

numbers – more than 2000 layoffs since 2015 – the expectations<br />

for <strong>2016</strong> is for a year when stability will be resumed,<br />

leading next year to be one of growth in sales. Read the interview<br />

below and find out a little about the Sima projects for<br />

the second half.<br />

26 |<br />

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O ano de 2015 foi o primeiro, desde 2000, em que o<br />

faturamento do Sima diminuiu em relação ao período<br />

anterior. O que esperar deste ano?<br />

Temos expectativas de finalizar o ano com certa estabilidade<br />

em relação a 2015, pois já sentimos alguns sinais<br />

de melhora na confiança dos clientes para os próximos<br />

meses. Acreditamos que o pior momento da crise já passou.<br />

O polo moveleiro de Arapongas é o segundo maior<br />

do país. Qual o significado de um local tão influente para<br />

a economia moveleira ter perdido quatro indústrias no<br />

último semestre, e três terem entrado em recuperação<br />

judicial?<br />

A crise econômica é geral e está influenciando os negócios<br />

em todas as regiões e segmentos, em alguns segmentos<br />

com maior ou menor intensidade. É absolutamente<br />

normal que algumas empresas enfrentem dificuldades,<br />

esteja onde estiver. Esse evento não é privilégio do polo<br />

de Arapongas: ele é nacional. O mais importante é saber<br />

que todas as empresas do nosso polo moveleiro não têm<br />

medido esforços para atravessar essa turbulência e, acredito,<br />

vamos retomar em breve o caminho do crescimento.<br />

Arapongas é responsável pela geração de mais de<br />

10 mil empregos diretos dentro do setor. O que pode<br />

ser feito para impedir o fechamento de mais postos de<br />

trabalho, em curto prazo?<br />

O que se pode fazer é o que tem sido feito pelas empresas<br />

do polo, ou seja: a adequação do volume de produção<br />

em relação aos novos patamares de venda, a redução de<br />

custos de toda natureza e a busca por novos mercados.<br />

Polos como os de Belo Horizonte (MG) e Bento<br />

Gonçalves (RS) têm tentado reanimar o mercado com<br />

liquidações de imóveis, muitas vezes com até 50% de<br />

desconto. Arapongas pretende seguir esse caminho?<br />

É natural que em momentos de crise surjam muitas<br />

promoções, para incentivar a compra pelos lojistas. Estamos<br />

mais focados na redução de custos, na adequação<br />

do volume de produção e na abertura de novos mercados.<br />

Nossas empresas são enxutas e estão trabalhando com<br />

margens achatadas devido às atuais circunstâncias. Além<br />

disso, vivemos um momento em que os custos estão aumentando,<br />

achatando ainda mais as margens. O que não<br />

condiz com descontos, pois na realidade as empresas estão<br />

com necessidade de aumentar os preços para recompor<br />

suas margens a níveis saudáveis.<br />

Só em 2015, Arapongas perdeu 20% da sua mão<br />

de obra moveleira, cerca de 1.900 trabalhadores. Em<br />

uma cidade deste tamanho, isto acaba afetando outros<br />

setores da economia, como mercados, shoppings e<br />

farmácias. Acredita que deveria haver uma cooperação<br />

da prefeitura do município e, quem sabe, até mesmo do<br />

Estado na recuperação do polo?<br />

Toda ajuda é importante neste momento de desafios<br />

que estamos enfrentando. Mas temos que lembrar que<br />

2015 was the first year since 2000, when Sima sales<br />

revenue declined when compared to the previous period.<br />

What is expected for this year?<br />

We have expectations to end the year with a certain stability<br />

in relation to 2015, because we feel that there some<br />

signs of improvement in consumer confidence over the next<br />

few months. We believe that the worst moment of the crisis<br />

has passed.<br />

The Arapongas furniture manufacturing center is the<br />

second largest in the Country. What is the significance of<br />

such an influential center to the furniture economy having<br />

lost four producers in the last six months, with three<br />

having declared bankruptcy?<br />

The economic crisis is overall and is influencing business<br />

in all regions and segments, in some segments with greater<br />

or lesser intensity. It is absolutely normal that some companies<br />

face difficulties, wherever they are. This has not happened<br />

just in Arapongas: it is national. The most important<br />

thing is that all the companies of our furniture producing center<br />

have not economized their efforts on getting through this<br />

turbulence, an, I believe, we will soon resume on the path of<br />

growth.<br />

Nossas empresas<br />

são enxutas e estão<br />

trabalhando com<br />

margens achatadas<br />

devido às atuais<br />

circunstâncias.<br />

Além disso, vivemos<br />

um momento em<br />

que os custos<br />

estão aumentando,<br />

achatando ainda mais<br />

as margens<br />

SETEMBRO | 27


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ENTREVISTA<br />

os resultados de algumas ações de apoio público só são<br />

sentidos em médio prazo. As empresas estão juntando<br />

seus esforços fazendo o dever de casa, para não depender<br />

somente dessa ajuda e alcançar resultados mais rápidos.<br />

Quais as expectativas em relação ao Congresso<br />

Moveleiro? Acredita que o segundo semestre é uma<br />

oportunidade de gerar mais negócios que o primeiro?<br />

O Congresso Moveleiro, em sua 7ª edição, já é certamente<br />

um dos principais eventos do ano para o segmento,<br />

sempre abordando assuntos e discussões atuais para a<br />

realidade dos negócios. Nesta edição trará eventos importantes<br />

para a cadeia moveleira, como um todo. O segundo<br />

semestre do ano costuma ser melhor que o primeiro,<br />

principalmente devido ao calendário de campanhas do<br />

varejo como black friday, Natal, pagamento do 13º salário.<br />

Acreditamos, sim, em uma melhora substancial.<br />

Como o Sima tem visto as feiras que ocorreram<br />

este ano, como a Formóbile, que reduziu seu tamanho,<br />

porém o consenso geral foi de um certo otimismo para<br />

os próximos meses?<br />

O segmento de feiras, como todos os outros, sentiu<br />

o impacto da crise. Mesmo com formato um pouco mais<br />

reduzido, as feiras de móveis e as de fornecedores têm trazido<br />

bons resultados e expectativas positivas ao mercado.<br />

Dentro de um contexto de recessão acentuada,<br />

muito se fala em corte de gastos. Em vez de demitir<br />

funcionários, o que pode ser feito dentro das empresas<br />

para evitar um quadro maior de desemprego na cidade?<br />

Desde o ano passado, as empresas do polo fizeram<br />

um grande esforço na redução de seus custos e despesas,<br />

Já sentimos alguns<br />

sinais de melhora na<br />

confiança dos clientes<br />

para os próximos<br />

meses, acreditamos que<br />

o pior momento da crise<br />

já passou<br />

Arapongas is responsible for generating more than 10<br />

thousand direct jobs within the Sector. What can be done<br />

to prevent the laying off of more jobs in the short term?<br />

All that can be done is to continue what is being done by<br />

the companies in the manufacturing center, i.e.: set production<br />

volume levels in relation to the new sales volume levels,<br />

reduce all costs wherever possible, and search out new markets.<br />

Manufacturing centers such as those in Belo Horizonte<br />

(MG) and Bento Gonçalves (RS) have been trying to<br />

survive the market downturn with the sale of furniture<br />

items, often at a discount of up to 50%. Do Arapongas<br />

producers intend to follow this path?<br />

It is natural that in times of crisis many promotions arise<br />

to encourage buying by retailers. We're more focused on<br />

cost reduction, setting appropriate production levels and the<br />

opening up of new markets. Our companies are lean and are<br />

working with lower margins due to current circumstances. In<br />

addition, we live at a time when costs are rising, decreasing<br />

margins even more. Discounts are not in the wind; in fact,<br />

businesses need to raise prices to recover their margins and<br />

return them to healthier levels.<br />

Just in 2015, Arapongas laid off 20% of its furniture<br />

making workforce, about 1,900 workers. In a Municipality<br />

of this size, this ends up affecting other sectors of<br />

the economy, such as super markets, shopping malls and<br />

pharmacies. Do you believe that the Municipality or, who<br />

knows, even the State should cooperate in the recovery of<br />

the manufacturing center?<br />

All help is important in this time of the challenges that<br />

we are facing. But we have to remember that the results of<br />

any public support action are felt only over the medium term.<br />

Companies are coming together in their efforts doing their<br />

homework, and do not depend on only the above type of help<br />

to achieve faster results.<br />

What are the expectations in relation to the National<br />

Furniture Manufacturers Congress (Congresso Nacional<br />

Moveleiro)? Do you believe that the second half of the<br />

year is an opportunity to generate more business than in<br />

the first?<br />

The National Furniture Manufacturers Congress is in its<br />

7th year, and is certainly one of the main events of the year<br />

for the segment, always focusing on current issues and discussion<br />

of the reality of the business. This year the Congress<br />

will have important events for the furniture chain as a whole.<br />

The second half of the year tends to be better than the first,<br />

mainly due to the timing of retail campaigns (Black Friday,<br />

Christmas, and 13th month salary). Yes, we believe that there<br />

will be a substantial improvement.<br />

28 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ENTREVISTA<br />

incluindo a redução do quadro de pessoal. A adequação do<br />

volume de produção à demanda é um dos principais pontos<br />

trabalhados em <strong>2016</strong>, otimizando os custos dos estoques.<br />

E todas as empresas estão buscando novos mercados, seja<br />

interno ou com foco na exportação.<br />

A falta de incentivos fiscais e a alta carga tributária<br />

são a reclamação da maioria das empresas que passam<br />

por dificuldades no atual momento. Com o governo<br />

atual cortando gastos onde pode, acredita que o setor<br />

industrial será olhado com bons olhos em 2017?<br />

Não há como retomar o crescimento do país sem estimular<br />

a produção industrial e o consumo, nos próximos<br />

anos. Mesmo assim, somos um dos países com a maior<br />

carga tributária do mundo e sofremos constantes ameaças<br />

de novos tributos ou a majoração dos existentes. O<br />

setor industrial, na maior parte das vezes, é quem paga<br />

a conta da ineficiência pública. Precisamos de um plano<br />

de crescimento para os próximos anos, que seja levado a<br />

sério e respeitado.<br />

Quais as ações do polo de Arapongas para ficar por<br />

dentro das tendências mundiais? Existe algum tipo de<br />

excursão de profissionais para feiras internacionais?<br />

Hoje em dia, as tendências e novas tecnologias chegam<br />

muito rápido ao mercado brasileiro. Por isso, as feiras nacionais<br />

têm sido uma fonte importante de conhecimento<br />

e atualização para as empresas. Mesmo assim, o Sima<br />

também estimula a participação das empresas em feiras<br />

internacionais, orientando os seus associados que desejam<br />

participar desses eventos, e também promovendo<br />

caravanas.<br />

Não há como<br />

retomar o<br />

crescimento do país<br />

sem estimular a<br />

produção industrial<br />

e o consumo nos<br />

próximos anos<br />

How does Sima see the trade fairs that occurred this<br />

year, such as Formóbile, which was reduced in size, but<br />

the general consensus was of a certain optimism for the<br />

coming months?<br />

The trade fair segment, like all others, has felt the impact<br />

of the crisis. Even in a bit smaller format, furniture and supplier<br />

trade fairs have seen good results with positive expectations<br />

for the market.<br />

Within the context of a sharp recession, much is said<br />

about cutting costs. Rather than lay off employees, what<br />

can be done within companies to avoid a larger unemployment<br />

picture in the Municipality?<br />

Starting last year, companies in the manufacturing center<br />

have made a great effort to reduce their costs and expenses,<br />

including payroll reductions. Setting appropriate production<br />

volume levels as to demand is one of the main points in<br />

<strong>2016</strong>, leading to optimized inventory costs. And every company<br />

is seeking out new markets, whether domestic or with<br />

a focus on exporting.<br />

The lack of tax incentives and the high tax burden are<br />

the complaint of most companies that are going through<br />

difficulties at the current time. With the current Government<br />

cutting spending where they can, do you believe<br />

that the <strong>Industrial</strong> Sector will be looked at favorably in<br />

2017?<br />

No, there's no way for the Country to return to economic<br />

growth without stimulating industrial production and consumption<br />

in the coming years. Still, we are one of the countries<br />

with the highest tax burden in the world and suffer the<br />

constant threat of new taxes or increases in existing ones.<br />

The <strong>Industrial</strong> Sector, for the most part, is who is paying for<br />

public inefficiency. We need a growth plan for the next few<br />

years that is taken seriously and respected.<br />

What actions are being taken by the Arapongas manufacturing<br />

center to stay on top of world trends? Are you<br />

organizing some sort of trade missions to attend international<br />

fairs?<br />

Nowadays, the trends and new technologies arrive very<br />

quickly in Brazil. Therefore, national fairs have been an important<br />

source of knowledge and updating for businesses.<br />

Even so, Sima also stimulates the participation of companies<br />

in international fairs, helping its members wishing to attend<br />

these events, and also promoting trade missions.<br />

30 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

COLUNA ABIMCI<br />

Paulo Pupo<br />

Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de<br />

Madeira Processada Mecanicamente<br />

Contato: abimci@abimci.com.br<br />

Foto: divulgação<br />

MADEIRA: A NOVA PROTAGONISTA DA CONSTRUÇÃO<br />

O setor precisa fazer parte das soluções práticas que o país busca para o déficit habitacional<br />

A<br />

indústria da madeira processada tem pela frente<br />

uma das oportunidades mais contundentes<br />

para transformar a maneira como se consome<br />

essa matéria-prima no mercado interno e o consequente<br />

e necessário aumento do consumo per capita no país.<br />

Estamos diante de uma nova oportunidade real, que<br />

caminha a passos largos na indústria da construção civil:<br />

o uso da madeira como fonte primordial no sistema<br />

wood frame.<br />

São muitas as frentes de trabalho, entidades, empresas<br />

e instituições engajadas nesse importante movimento<br />

de transformar a forma como se constrói no Brasil.<br />

Inovar os modelos tradicionais utilizados na construção<br />

civil no Brasil para um método industrializado, consolidado<br />

nos principais países de primeiro mundo, promete ser<br />

um divisor de águas no que diz respeito à qualidade das<br />

habitações, ao conforto térmico e acústico, à sustentabilidade<br />

com menor geração de resíduos e utilização de<br />

um material proveniente de uma fonte renovável. Mas<br />

o que deve estar no radar dos industriais madeireiros é o<br />

potencial de mercado que essa oportunidade pode gerar.<br />

Com um déficit habitacional que ultrapassa os 5,7<br />

milhões de residências, segundo dados do Ibge (Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística), o país precisa, além<br />

de vontade política, de soluções práticas. Soluções, essas,<br />

que certamente partirão da iniciativa privada e das quais<br />

o setor de madeira precisa fazer parte.<br />

A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira<br />

Processada Mecanicamente), por exemplo, está<br />

atenta a tudo isso e fazendo a sua parte. A entidade tem<br />

atuado fortemente com ações institucionais, de promoção<br />

comercial e técnicas. São muitos os momentos nos<br />

quais podemos participar de eventos levando os dados<br />

do setor, apresentando as vantagens competitivas dos<br />

produtos brasileiros, as conquistas alcançadas pelas empresas<br />

por meio da melhoria da qualidade e do trabalho<br />

do Pnqm (Programa Nacional de Qualidade da Madeira),<br />

além de todo o debate e da atuação da entidade para<br />

o desenvolvimento e atualização das normas técnicas.<br />

Um dos destaques recentes está no trabalho que vem<br />

sendo realizado na coordenação do Grupo de Trabalho<br />

da Comissão de Estudos da Abnt (Associação Brasileira<br />

de Normas Técnicas) para a construção da norma do<br />

wood frame.<br />

Todo esse envolvimento árduo, que exige articulação<br />

política e institucional, presença em encontros e reuniões,<br />

atualização técnica, desenvolvimento de conteúdos<br />

e monitoramento das principais discussões nacionais,<br />

tem alguns objetivos: defender os interesses dos associados<br />

e, acima de tudo, garantir a sustentabilidade<br />

dos negócios das empresas. Um setor que tem a chance<br />

de se reinventar e oferecer soluções mais inovadoras e<br />

adequadas aos novos tempos precisa estar unido e se<br />

preparar para todo esse movimento de transformação.<br />

Em recente evento no Paraná, presenciamos in loco<br />

a construção do primeiro edifício em madeira no Brasil,<br />

no sistema wood frame, com três pavimentos, em apenas<br />

poucos dias de trabalho no canteiro de obras. E isso não<br />

é simples de ser conseguido!<br />

São ações focadas dentro do conceito de construção<br />

industrializada, com boa escala, com tecnologia avançada<br />

e produtos certificados, dando as garantias que o<br />

mercado exige, que o déficit habitacional do Brasil será<br />

minimizado. E os produtos de madeira certamente serão<br />

os protagonistas deste futuro, que já está bem mais perto<br />

do que muitos imaginam.<br />

Os produtos de madeira certamente serão os<br />

protagonistas deste futuro, que já está bem mais perto do<br />

que muitos imaginam<br />

32 |<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

PRINCIPAL<br />

O MARCENEIRO SE<br />

MODERNIZOU<br />

CURSOS DE MARCENARIA<br />

SE REINVENTAM PARA<br />

ATENDER ÀS DEMANDAS<br />

DE UM MERCADO<br />

CONSUMIDOR CADA VEZ<br />

MAIS ECLÉTICO; SAIBA<br />

O QUE AS PRINCIPAIS<br />

ESCOLAS DO SETOR<br />

OFERECEM NOS DIAS<br />

ATUAIS<br />

Fotos: REFERÊNCIA<br />

Foto: Valterci Santos<br />

34 |<br />

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WOODWORKING MODERNIZES<br />

TWOODWORKING COURSES ARE BEING<br />

REMODELED TO MEET THE DEMANDS OF AN<br />

INCREASINGLY ECLECTIC CONSUMER MARKET;<br />

LEARN WHAT THE MAJOR SECTOR SCHOOLS<br />

OFFER IN THE PRESENT DAY<br />

SETEMBRO | 35


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

PRINCIPAL<br />

Riverson Tobias, do Senai-PR,<br />

trabalha de acordo com as<br />

demandas industriais. “As<br />

necessidades da indústria<br />

são um reflexo daquilo que o<br />

consumidor quer”<br />

seguro dizer que há pelo menos três mil anos existe<br />

uma cultura de respeito às técnicas da marcenaria,<br />

É<br />

uma das profissões mais antigas da história e que,<br />

impressionantemente, atravessou todo esse período sem<br />

nenhum momento em que não fosse crucial para o desenvolvimento<br />

da sociedade. Mais do que isso, jamais permaneceu<br />

estagnada e continua a evoluir no Brasil, de acordo com as<br />

necessidades de um mercado cada vez mais eclético. Por isso<br />

os meios para a especialização desses profissionais estão<br />

aumentando, são cursos, escolas e até aulas particulares,<br />

todos embasadas em tendências de mercado e na marcenaria<br />

contemporânea.<br />

Um dos primeiros filósofos da antiguidade, o chinês<br />

Mozi acreditava que o trabalho feito à mão criava disciplina<br />

tamanha que os homens que dispusessem dessa habilidade<br />

seriam os mais aptos a assumir cargos de chefes de Estado,<br />

justamente por seu esmero no ofício. Tal ideia ainda permanece<br />

em ações realizadas por indústrias e polos moveleiros<br />

do Brasil, que em muitos casos fazem parcerias com escolas<br />

para produzir marceneiros aptos a atender suas demandas.<br />

Anteriormente vistos como de segunda mão, os cursos<br />

técnicos ganharam mais espaço nos últimos anos e hoje<br />

são vistos de tanta importância para o mercado de trabalho<br />

quanto uma graduação. Em nossa reportagem, trazemos<br />

a visão dos coordenadores de alguns dos principais cursos<br />

da região sul e sudeste do país, com suas previsões para o<br />

mercado marceneiro.<br />

t is safe to say that for at least three thousand years<br />

there has been a culture of respecting woodworking<br />

I<br />

techniques, one of the oldest professions in history and<br />

that, amazingly, went through all this period when at no time<br />

it was not crucial to the development of society. More than<br />

that, in Brazil, it has never remained static and continues<br />

to evolve according to the needs of an increasingly eclectic<br />

market. Thus ways for specialization of these professionals<br />

are increasing; there are courses, schools and even private<br />

lessons, all based on market trends and contemporary<br />

woodworking.<br />

One of the first philosophers from antiquity, the Chinese<br />

philosopher Mozi believed that work done by hand creates<br />

discipline, such that men who have that ability would be the<br />

most apt to assume positions of Head of State due to their attention<br />

to their craft. This idea still remains behind the actions<br />

being carried out in Brazil's furniture industry and manufacturing<br />

centers, which in many cases have created partnerships<br />

with schools to produce woodworkers and furniture makers<br />

qualified to meet their demands. Previously seen as “second<br />

hand”, these technical courses have gained more space in<br />

recent years, and today, are even being seen as important for<br />

the labor market as well as producing graduates In our story,<br />

we show the vision of the coordinators of several of the major<br />

courses in the South and Southeast of the Country, with their<br />

predictions for the furniture making market.<br />

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TENDÊNCIAS NAS ESCOLAS DE MARCENARIA<br />

Influente entre os designers e marceneiros paulistanos, a<br />

escola OficinaLab surgiu na Barra Funda como resultado da<br />

antiga escola LabMob.<br />

O espaço se estruturou no sentido de ensinar arquitetos<br />

e designers da cidade a projetar e produzir o próprio móvel,<br />

além de entender o processo de produção do mobiliário.<br />

“Hoje o mercado de produção de mobiliário se especializou<br />

na produção seriada e móveis de MDF. O preço deste tipo<br />

de produção acabou por utilizar uma mão de obra menos<br />

qualificada, preços baixos e baixa qualidade de mobiliário<br />

ou produção autoral de qualidade e preço proibitivo”, conta<br />

Alex Uzueli, proprietário da escola, que acredita que as novas<br />

tendências surgiram justamente deste contexto. “Acredito<br />

que nossa demanda nasce exatamente deste processo estar<br />

sendo questionado. Percebemos que há espaço para inovação,<br />

mas um primeiro passo seria ter no Brasil o que já existe fora,<br />

já que tanto materiais quanto ferramentas de alta qualidade<br />

são escassos por aqui.”<br />

A OficinaLab foca seus processos de formação de marceneiros<br />

que tenham domínios no uso de máquinas CNC (comando<br />

numérico computadorizado), impressão 3D e corte a<br />

laser. Também busca criar uma cultura de maior conhecimento<br />

de materiais e processos da marcenaria, de forma que haja<br />

uso mais racional e ao mesmo tempo amplo de madeiras de<br />

reflorestamento ou manejo de áreas nativas. “Temos diversos<br />

cursos, mas o que mais atrai público é o curso de projeto<br />

e construção”, conta Alex. “Este curso tem foco em design<br />

associado ao aprendizado de boa técnica de marcenaria.<br />

Há diversos outros cursos, como workshop de técnicas para<br />

construção de pequenos barcos, poltrona, bancos, mesas,<br />

horta residencial, entalhe e móveis de designers clássicos,<br />

entre outros. Porém, um bom marceneiro não se faz apenas<br />

TRENDS IN FURNITURE MAKING SCHOOLS<br />

Influential amongst furniture designers and makers<br />

from the State of São Paulo, OficinaLab, a school established<br />

in Barra Funda, emerged as a result of the old LabMob<br />

School. The space is structured in order to teach architects<br />

and designers from the area to design and manufacture the<br />

furniture itself, as well as to understand the furniture production<br />

process. “Today, the furniture manufacturing market<br />

specializes in prebuilt and MDF furniture, where the price of<br />

this type of production is more accessible by using less-skilled<br />

manpower and due to low furniture quality, or in authorial<br />

quality production with its exorbitantly high prices,” says Alex<br />

Uzueli, Owner of the School, who believes that our demand<br />

has emerged due to this trend. “I believe that our demand<br />

was born exactly because this process is being questioned.<br />

We realize that there is room for innovation, but a first step<br />

would be to have in Brazil what already exists abroad, in<br />

both high quality materials and tools, which are scarce here.”<br />

OficinaLab focuses on the furniture maker training process<br />

for using Computer Numerical Control (CNC), 3D printing<br />

and laser cutting. It also seeks to create a culture of better<br />

knowledge of woodworking materials and processes, so that<br />

there is a more rational and, at the same time, a broader use<br />

of wood from replanted forests or from the management<br />

of native forest areas. “We have several courses, but that<br />

which attracts the largest public is the course of design and<br />

construction,” says School Owner Alex. “This course has a<br />

focus on design associated with the learning of good woodworking<br />

techniques. There are several other courses, such<br />

as a technical workshop for the construction of small boats,<br />

chairs, benches, tables, residential gardens, wood sculpting,<br />

and classic designer furniture, amongst others. However, a<br />

good furniture maker is not made only with the proper use of<br />

A OficinaLab foca seus<br />

processos de formação de<br />

marceneiros que tenham<br />

domínios no uso de<br />

máquinas CNC (comando<br />

numérico computadorizado),<br />

impressão 3D e corte à laser<br />

SETEMBRO | 37


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

PRINCIPAL<br />

com bom uso das máquinas e entendimento dos processos,<br />

mas sim com muita prática.”<br />

Coordenador da Marcenaria do Senai-PR (Serviço Nacional<br />

de Aprendizagem <strong>Industrial</strong>), Riverson Tobias trabalha<br />

de acordo com as demandas industriais, ao contrário da<br />

OficinaLab. “Nós desenvolvemos os nossos cursos de acordo<br />

com as necessidades, e as da indústria são um reflexo daquilo<br />

que o consumidor quer. Algum tempo atrás, nós estávamos<br />

dizendo o seguinte: há uma grande necessidade por móveis<br />

multifuncionais. São móveis como o sofá que vira cama, o<br />

armário tem partes embutidas por fora que aumentam ou a<br />

mesa que aumenta. Atualmente, uma das grandes necessidades<br />

que estamos vendo é a questão da marcenaria fina, que<br />

está tendo demanda maior. É um móvel pequeno, feito à mão,<br />

artesanalmente, com alguns conceitos da marcenaria clássica”,<br />

relata Riverson, que aposta em um aumento da procura<br />

por móveis rústicos, devido à beleza decorativa.<br />

O Senai (PR) busca se manter atualizado nas disciplinas<br />

do curso, adaptando anualmente as tarefas. “Hoje, nós temos<br />

os cursos de gestão na área moveleira, qualificação em<br />

marcenaria, marcenaria fina e acabamento em superfície de<br />

madeira”, explica ele, que ressalta o diferencial do curso ser<br />

the machines and a good understanding of the processes, but<br />

also with a lot of practice.”<br />

Riverson Tobias, Coordinator of Woodworking for the<br />

National Service of <strong>Industrial</strong> Learning for the State of Paraná<br />

(Senai-PR), works according to industrial demands, unlike<br />

OficinaLab. “We have developed our courses according to<br />

needs, and those of the industry that are a reflection of what<br />

the consumer wants. Some time ago, we used to say the<br />

following: there is a large need for multifunctional furniture.<br />

There is furniture such as the sofa that turns into a bed, or a<br />

closet with embedded parts on the outside that for example<br />

can fold down, or tables that can be extended. Currently, one<br />

of the biggest needs that we see is the issue of good quality<br />

furniture making, which is becoming more in demand. It could<br />

be in a small piece of furniture, handcrafted, handmade, with<br />

several concepts of classical furniture making,” says Senai-PR<br />

Coordinator Riverson, who bets on an increase in demand for<br />

rustic furniture, due to its decorative beauty.<br />

Senai-PR seeks to keep up-to-date as to course disciplines,<br />

adapting tasks annually. “Today, we have management<br />

courses in the furniture area, woodworking qualification, fine<br />

furniture making and wood surface finish,” explains Senai-PR<br />

Coordinator Riverson, who emphasizes that the difference of<br />

the course is that it is directly related to the industry, genera-<br />

Alunos do Senai (PR), durante aulas do curso de marcenaria<br />

de São José dos Pinhais (PR)<br />

“A GRANDE TENDÊNCIA QUE<br />

OBSERVAMOS AQUI, NOS ÚLTIMOS<br />

ANOS, É A AUTOMATIZAÇÃO. OS<br />

CURSOS TÉCNICOS DAQUI TÊM TRAZIDO<br />

UM OLHAR DIFERENCIADO, FAZENDO<br />

COM QUE A ÁREA TENHA RESULTADOS<br />

MAIS ASSERTIVOS E DE ACORDO COM A<br />

TENDÊNCIA DO MERCADO”<br />

RAFAEL MANTOVANI CARDOSO, DO SENAI (MG)<br />

A indústria de Ubá (MG) tem utilizado em seu parque industrial seccionadoras<br />

convencionais e CNC, esquadra bordas, filetadeiras, lixadeiras banda larga e<br />

de perfil e furadores convencionais, entre outros<br />

38 |<br />

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diretamente associado às indústrias, gerando empregos na<br />

maioria dos casos para os formados. “Vemos que a marcenaria<br />

está ganhando alguns rumos. Se for considerar a redução de<br />

preço, o investimento futuro será em coladeiras de borda e<br />

furadeiras múltiplas. Agora, se for pensar em móvel com alto<br />

valor agregado, em que você vai ter peças exclusivas, aí nós<br />

voltamos para esquadrejadeiras e ferramentas manuais.”<br />

Um dos polos moveleiros mais importantes do país, o<br />

município de Ubá tem, na maioria, marceneiros formados<br />

pelo Senai (MG). Responsável pelo curso na cidade, Rafael<br />

Mantovani Cardoso conta que o curso marceneiro é adaptado<br />

à realidade industrial da cidade, que é o trabalho com chapas.<br />

“Há um relacionamento estreito com o Intersind (Sindicato<br />

Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá) e também<br />

diretamente com as indústrias, onde buscamos sempre direcionar<br />

nossas práticas à realidade das industrias do nosso polo<br />

moveleiro”, conta ele, que afirma que o mercado busca cada<br />

vez mais profissionais capacitados, devido à alta na busca por<br />

móveis rústicos. “Os produtos deste tipo são mais originais,<br />

pois utilizam madeira maciça em sua maioria, dependendo<br />

de profissionais especializados na marcenaria tradicional.”<br />

Em Ubá, são oferecidos cinco tipos de cursos para profissionalizar<br />

o setor: aprendizagem em marceneiro, qualificação<br />

em marceneiro e montador de móveis, técnico em móveis e<br />

design de móveis. “A grande tendência que observamos aqui,<br />

nos últimos anos, é a automatização. A indústria tem utilizado<br />

em seu parque industrial seccionadoras convencionais e<br />

CNC, esquadra bordas, filetadeiras, lixadeiras banda larga<br />

e de perfil e furadores convencionais, entre outros”, conta<br />

Rafael. “Além do polo ter um histórico de trabalho empírico,<br />

os cursos técnicos daqui têm trazido um olhar diferenciado,<br />

fazendo com que a área tenha resultados mais assertivos e<br />

de acordo com a tendência do mercado.”<br />

ting jobs in most cases for the graduates. “We see that woodworking<br />

is expanding as a work area. If you are considering<br />

price reduction, future investments will be in edge gluers and<br />

multiple drills. Now, if you're thinking about high added value<br />

furniture, where there are one-off pieces, then we go back to<br />

the sliding table saw and hand tools.”<br />

In one of the Country's most important furniture manufacturing<br />

centers, the Municipality of Ubá, most furniture<br />

makers are trained by Senai-MG. Rafael Mantovani Cardoso,<br />

responsible for the course in the Municipality, says that the<br />

woodworking course is adapted to the Municipality’s industrial<br />

reality, which is working with panels. “There is a close<br />

relationship with the Ubá Intermunicipal Class Association<br />

of Furniture Manufacturers (Intersind) and also directly with<br />

companies, where we always seek to direct our practices to<br />

the reality of our furniture manuacturers,” says Rafael Mantovani,<br />

who claims that the market is increasingly looking for<br />

qualified professionals, due to the higher demand for rustic<br />

furniture. “This type of product is more original, because it is<br />

manufactured from solid wood for the most part, and depends<br />

on traditional specialized furniture making professionals.”<br />

In Ubá, five types of courses are offered to professionalize<br />

in the sector: learning woodworking, furniture making and furniture<br />

assembly qualification, technician in furniture making,<br />

and furniture design. “In recent years, the major trend that<br />

we observe here is to automation. The industry used to use<br />

conventional tools such as overhead panel saws and CNC’s,<br />

edgers, hand files, broadband and profile sanders, and drilling<br />

machines, amongst others, in their industrial parks,” says<br />

Rafael. “In addition the manufacturing center has a history<br />

of empirical work, the technical courses here have created a<br />

distinctive look, so that the area has more assertive results<br />

and in accord with market trends.”<br />

MARCENARIA COMO HOBBY<br />

Não só a indústria tem buscado mudanças nos cursos<br />

ofertados aos marceneiros, mas os próprios consumidores se<br />

tornaram uma parcela significativa dos aprendizes no ofício. A<br />

Confraria da Madeira, surgida em Porto Alegre (RS) em 2012, é<br />

a primeira escola da cidade a oferecer o curso como um hobby.<br />

“Apesar do foco no DIY (do it yourself), nossos participantes<br />

não perdem conhecimento quando comparado a cursos tradicionais”,<br />

conta André Campos, diretor da Confraria. “Além<br />

de focar em um mercado que tende a crescer muito nos próximos<br />

anos, inovamos no formato. Vemos as marcenarias e<br />

indústrias como complemento e não competição às nossas<br />

ofertas. Aqui as pessoas desenvolvem projetos básicos e de<br />

baixa complexidade, enquanto que trabalhos mais elaborados<br />

serão executados pelas grandes fábricas dos polos nacionais.”<br />

WOODWORKING AS A HOBBY<br />

Not only has the industry sought changes in the courses<br />

offered to woodworkers, but consumers themselves have<br />

become a significant portion of apprentices of the craft. The<br />

Confraria da Madeira (Brotherhood of Wood), which arose in<br />

Porto Alegre (RS) in 2012, is the first school in the district to<br />

offer courses as a hobby. “Despite the focus on ‘do it yourself’<br />

(DIY), our participants do not lose out on knowledge gained<br />

when compared to traditional courses,” says André Campos,<br />

Director of the Confraria. “In addition to focusing on a market<br />

that tends to grow in the years ahead, we have innovated in<br />

format. We see the furniture makers and manufacturers as<br />

a complement and not competition to what we offer. Here<br />

people learn how to carry out basic and low complexity designs,<br />

while more elaborate designs are carried out by large<br />

manufacturers in the domestic producer centers.”<br />

SETEMBRO | 39


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

DURO COMO<br />

CONCRETO,<br />

SUSTENTÁVEL<br />

COMO MADEIRA<br />

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA<br />

FLORESTAL DA UDESC DESENVOLVE PAINEL CLT<br />

RESISTENTE E COM BAIXO INVESTIMENTO<br />

Foto: divulgação<br />

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O<br />

município de Lages (SC) tem pouco mais de 150<br />

mil habitantes, mas pode ser responsável por<br />

uma grande mudança de mentalidade em toda<br />

a construção civil brasileira. Ainda escassos no país, os investimentos<br />

em CLT (Cross Laminated Timber) começaram<br />

a tomar forma na Udesc (Universidade do Estado de Santa<br />

Catarina) a partir de uma disciplina do Curso de pós-graduação<br />

em Engenharia florestal. Ministrada pelo professor<br />

doutor Rodrigo Figueiredo Terezo, a matéria: a madeira na<br />

construção; levou os alunos Talitha Rosa, Débora Ciarnoschy,<br />

Leonardo Kuhn e Rodolfo Jacinto à empreitada inédita de<br />

desenvolver um painel CLT no Brasil. Para isso, no entanto,<br />

foi necessária dedicação e foco nos estudos do painel.<br />

A madeira sempre foi o material mais utilizado para a<br />

construção de habitações desde a antiguidade, devido principalmente<br />

à acessibilidade e fácil trabalhabilidade. Com a<br />

exploração excessiva das florestas nativas diminuindo assim,<br />

a quantidade de árvores com grandes alturas e diâmetros,<br />

vários países passaram a buscar nas florestas plantadas<br />

a alternativas para manter o material no mercado. Essas<br />

florestas possibilitaram o desenvolvimento de diversos<br />

produtos estruturais para utilização na construção civil, tal<br />

como o CLT, também conhecido como Madeira Laminada<br />

Colada Cruzada.<br />

“Conseguimos ajuda de uma madeireira local, que<br />

doou gentilmente todas as peças de Pinus taeda após conversamos<br />

sobre o que seria executado”, conta Talitha. “Em<br />

junho, conseguimos colar o primeiro painel. Ainda há muito<br />

o que estudar, mas em relação aos custos de produção, já<br />

conseguimos obter resultados positivos. Acreditamos que<br />

a madeira terá um grande potencial para o mercado da<br />

construção. Já existem diversas obras requisitadas por um<br />

“O USO DA MADEIRA NA<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL AUXILIA<br />

NA CAPTURA DO CO 2<br />

E, COMO<br />

ELA É MANTIDA NA SUA FORMA<br />

NATURAL, ESSE CARBONO É<br />

APRISIONADO, AJUDANDO A<br />

DIMINUIR OS PROBLEMAS DO<br />

EFEITO ESTUFA”<br />

TALITHA ROSA, COORDENADORA DO PROJETO<br />

DA UDESC<br />

Foto: Mirella Guedes<br />

SETEMBRO | 41


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

poliuretano com 200g/m² (gramas por metro quadrado). As<br />

peças foram colocadas na prensa manual onde ficaram por<br />

24h (horas) a frio. Após esse período, a pressão foi retirada<br />

e o painel ficou em descanso por mais dois dias, para cura<br />

final do adesivo.<br />

As pranchas de madeira com menor classificação foram posicionadas<br />

na camada interna, sendo as peças de melhor classificação<br />

posicionadas nas camadas externas<br />

público mais seletivo, e isso não impede que ela seja utilizada<br />

para construção de moradias para a população em geral.”<br />

O painel CLT é feito de madeira reflorestada e pode ser<br />

um bom concorrente do concreto, uma vez que a madeira<br />

tem grande capacidade de suportar grandes cargas também<br />

e é possível construir edifícios habitacionais apenas com<br />

este tipo de painel. O maior obstáculo que o setor enfrenta<br />

é o cultural: boa parte das empresas ainda acredita, erroneamente,<br />

que madeira não serve para construção. “Esta<br />

tecnologia já está disponível há tempos”, ressalta Talitha,<br />

explicando que no Brasil é que ainda há certo pioneirismo<br />

quanto aos estudos com CLT. “Um dos mais importantes<br />

benefícios a se ressaltar nele é o fato de ser, além de tudo,<br />

um material renovável. Não precisamos desmatar a Amazônia<br />

para conseguir madeiras para esses produtos: é possível<br />

ter excelente qualidade usando madeiras provenientes de<br />

florestas plantadas. O uso da madeira auxilia na captura<br />

do CO², e como a madeira é mantida na sua forma natural,<br />

esse carbono é aprisionado por um longo tempo, ajudando<br />

a diminuir os problemas do efeito estufa.”<br />

Os parâmetros de fabricação seguiram os passos das<br />

grandes empresas produtoras, mas de maneira artesanal.<br />

Primeiramente, foi feita a classificação das peças em relação<br />

aos seus defeitos e uso estrutural. As pranchas de madeira<br />

com menor classificação foram posicionadas na camada<br />

interna, sendo as peças de melhor classificação posicionadas<br />

nas camadas externas. Todas as peças foram aplainadas,<br />

deixando as espessuras uniformes em todo o sentido longitudinal.<br />

Para melhor adesão da cola na madeira, um jato<br />

de ar comprimido foi passado logo após o aplainamento,<br />

desobstruindo os poros com possível resíduos do processo.<br />

Posteriormente aplicou-se o adesivo estrutural à base de<br />

Foto: Talitha Rosa<br />

OS PRÓS DO CLT NA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

Do ponto de vista construtivo, a madeira é um excelente<br />

isolante térmico e acústico, sem empecilho de ser utilizada<br />

em edifícios comerciais, também. É um material que resiste<br />

a grandes cargas quando comparado à sua massa, diminuindo<br />

custos com fundações. Há também a vantagem estética:<br />

uma construção em madeira chama muito mais atenção que<br />

uma em concreto e aço.<br />

Nos dias atuais, o país que mais se destaca na produção<br />

do material é a Áustria, localizada na Europa Central. Nos<br />

últimos 10 anos, as construções em madeira passaram de<br />

25% para 39%, composto em grande parte por edifícios<br />

habitacionais. Esses edifícios foram em sua grande maioria<br />

construídos com os painéis de CLT, aumentando o consumo<br />

do material dentro do próprio país, que juntamente com<br />

a exportação alavancou a produção em 860% em apenas<br />

12 anos.<br />

O CLT é um painel estrutural fabricado com madeira<br />

e adesivo. Os painéis são construídos sempre em número<br />

ímpar de camadas (3, 5, 7, ou até 9, dependendo da necessidade).<br />

As camadas são posicionadas perpendicularmente<br />

uma em relação à outra. Essa orientação resulta em excelentes<br />

características de resistência e rigidez. É um material<br />

que pode ser utilizado como paredes e placas de entrepisos,<br />

substituindo assim vigas e pilares.<br />

No Brasil, o conhecimento do potencial do material<br />

fabricado ainda é incipiente. Primeiro, por não haver empresas<br />

que fabriquem o painel CLT e pelas pesquisas estarem<br />

iniciando.<br />

BOM CUSTO BENEFÍCIO E ALTA RESISTÊNCIA<br />

Com os tempos de cada etapa cronometrados, juntamente<br />

com a quantidade utilizada de material, transporte<br />

e processamento de todas as etapas, os alunos da Udesc<br />

puderam calcular o custo por m² de painel CLT.<br />

Comparando o m² de alvenaria de vedação com o tijolo<br />

É UM MATERIAL QUE PODE<br />

SER UTILIZADO COMO<br />

PAREDES E PLACAS DE<br />

ENTREPISOS, SUBSTITUINDO<br />

ASSIM VIGAS E PILARES<br />

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de 6 furos - 5,7 x 9 x 19 cm (centímetros) - sem o acabamento,<br />

o CLT custaria 42% menos, e quando comparado com a<br />

alvenaria estrutural com blocos de concreto o CLT ficou 57%<br />

menor. Salienta-se que os custos do painel foram calculados<br />

sob uma produção artesanal, e o valor utilizado para<br />

a madeira foi baseado sob a madeira serrada proveniente<br />

das primeiras toras do reflorestamento. Uma empresa que<br />

pudesse beneficiar toda a matéria-prima desde o momento<br />

de chegada da tora, poderia tornar o material mais competitivo,<br />

reduzindo o custo final de produção por ter o processo<br />

mais industrializado.<br />

O painel também foi comparado ao concreto quanto à<br />

sua resistência a cargas em relação ao seu peso próprio. Para<br />

um painel CLT com 6 x 100 x 300 cm, a força máxima que<br />

ele resiste é de aproximadamente 6,5tf (toneladas/força), já<br />

um painel com as mesmas dimensões, porém de concreto<br />

resistiria 14,8 tf. Mas o grande ponto é essa força em relação<br />

ao peso próprio do material. Relacionando a densidade da<br />

madeira com o volume do painel de pinus taeda, o mesmo<br />

pesaria 72 kg (quilos), já o painel em concreto pesaria cerca<br />

de 414 kg, quase 6 vezes mais pesado que o de CLT.<br />

Dividindo-se a capacidade de resistência de cada painel<br />

com seu respectivo peso, têm-se os seguintes resultados:<br />

para o painel de concreto, o mesmo resistiria a 35,76kgf/<br />

m³ (quilogramas/força por metro cúbico), já o painel CLT<br />

resistiria a 91,18 kgf/m³, isso é 2,5x mais que o painel de<br />

concreto. Parece pouco ao pensar em um painel de 3 m³<br />

(metros cúbicos). Porém, se esses valores forem estimados<br />

para uma grande obra, o conjunto todo não pesaria muito<br />

e resistiria a mais forças que os métodos convencionais de<br />

construção, gerando economia nos alicerces das obras. Isso<br />

é um grande resultado, indicando um alto potencial para o<br />

uso desse produto também aqui no Brasil.<br />

O FUTURO DO CLT NO BRASIL<br />

A pesquisa com os painéis em CLT está progredindo.<br />

O próximo passo do trabalho contemplará a avaliação do<br />

painel em testes laboratoriais para determinar a resistência<br />

mecânica, o seu comportamento em relação às cargas de<br />

impacto e sua capacidade de resistir ao fogo.<br />

COMPARADO AO M² DE<br />

ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM<br />

TIJOLO, SEM O ACABAMENTO, O<br />

CLT CUSTARIA 42% MENOS<br />

Foto: Talitha Rosa<br />

O CLT é fabricado com madeira e adesivo, com painéis construídos<br />

sempre em número ímpar de camadas<br />

SETEMBRO | 43


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ESPECIAL<br />

DE VOLTA<br />

AOS<br />

TRILHOS<br />

Fotos: divulgação<br />

44 |<br />

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UM DOS MAIORES<br />

FABRICANTES DE MÓVEIS DO<br />

PAÍS, O MUNICÍPIO DE BENTO<br />

GONÇALVES ENCONTRA<br />

SOLUÇÕES PARA AGUENTAR A<br />

Fotos: divulgação<br />

CRISE QUE LEVOU À QUEDA DE<br />

FATURAMENTO<br />

SETEMBRO | 45


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ESPECIAL<br />

N<br />

ão é novidade que <strong>2016</strong> tem sido uma das<br />

épocas mais duras para os que dependem da<br />

indústria moveleira como um todo: do enxugamento<br />

nos postos de trabalho ao fechamento de empresas<br />

de pequeno e médio porte, o consenso é que é<br />

hora de rever processos. Reflexo da crise econômica que<br />

castiga o país há pelo menos três anos, o município de<br />

Bento Gonçalves, localizado no coração do Rio Grande<br />

do Sul, teve um primeiro semestre complicado. Porém,<br />

ações criativas tomadas por empresas e entidades vêm<br />

amenizando a fase difícil e preparando o segmento para<br />

a retomada que deve começar no próximo ano.<br />

O fraco desempenho das finanças criou um efeito dominó<br />

no setor dentro do município, um dos maiores do<br />

Brasil: após fechar mais de 1.100 empregos em 2015, o<br />

primeiro semestre de <strong>2016</strong> registrou uma queda de 318<br />

empregos diretos na indústria de móveis de Bento Gonçalves,<br />

acentuando ainda mais a crise. Nem tudo está<br />

perdido, no entanto, como demonstrou a última edição<br />

da Affemaq Serra Gaúcha: as possibilidades de negócios<br />

gerados na feira apontam para a injeção de R$ 11,9 milhões<br />

em um futuro breve no município gaúcho.<br />

“AS EMPRESAS QUE TÊM<br />

CONSEGUIDO EVITAR DEMISSÕES<br />

FAZEM REDUÇÃO DE JORNADA E<br />

UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE HORAS.<br />

O TRABALHO TEM SIDO VOLTADO<br />

A AMENIZAR OS EFEITOS DA CRISE<br />

EVITANDO AO MÁXIMO NOVAS<br />

DEMISSÕES” – HENRIQUE TECCHIO,<br />

PRESIDENTE DO SINDMÓVEIS<br />

A PALAVRA DOS DIRETORES<br />

Em entrevista exclusiva, o presidente do Sindmóveis<br />

(Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves),<br />

Henrique Tecchio, conta que apesar dos reveses a<br />

cadeia moveleira continua com enorme representatividade<br />

dentro do município: é responsável por cerca de 7<br />

mil empregos diretos. “No Rio Grande do Sul, foram perdidos<br />

1.018 empregos, sendo que a indústria de móveis<br />

encerrou o semestre com 37.760 postos de trabalho diretos”,<br />

dimensiona ele, que acumula junto ao Sindmóveis<br />

um cargo administrativo na Bentec Móveis. “Em relação<br />

ao Brasil, a indústria de móveis fechou 8.881 empregos<br />

no primeiro semestre de <strong>2016</strong>, encerrando o semestre<br />

com 250.697 postos de trabalho diretos.”<br />

Para o Sindmóveis, uma das saídas da crise é investir<br />

na diversificação de mercados e estratégias de promoção<br />

comercial. “A própria Movelsul Brasil – feira realizada a<br />

cada dois anos pelo Sindmóveis – é uma dessas ações”,<br />

conta Tecchio. “Adicionalmente, a entidade promove o<br />

design, tecnologia e sustentabilidade do setor moveleiro.<br />

Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo Sindmóveis<br />

como o Salão Design, premiação nacional de design realizada<br />

desde 1988, e o Projeto Orchestra Brasil, de promoção<br />

às exportações dos fornecedores da cadeia moveleira,<br />

têm como objetivo aumentar a competitividade das<br />

indústrias moveleiras valorizando tais atributos.”<br />

Já para Fabrício Zanetti, presidente da Affemaq (Associação<br />

dos Fornecedores para as Indústrias de Madeiras<br />

e Móveis), o atual cenário serve consolidar as empresas<br />

preparadas para um cenário recessivo, uma vez<br />

que souberam prever a movimentação do mercado. “As<br />

empresas sólidas e estruturadas já estão há algum tempo<br />

buscando alternativas e novas estratégias para superar<br />

os obstáculos impostos pela crise no mercado”, acredita<br />

o executivo. “Algumas com novas linhas de produtos, outras<br />

com condições diferenciadas, enfim, criando alternativas<br />

para minimizar os impactos.”<br />

O pessimismo não resolve crises, e esta é uma tecla<br />

que o diretor do Sindmóveis também bate, uma vez que<br />

não acredita em uma retomada dos empregos perdidos<br />

em curto prazo, apesar de ver com olhos otimistas o ano<br />

que vem. “O desempenho negativo generalizado está<br />

afetando de forma aguda os empregos no setor”, acredita<br />

Tecchio, remetendo às crises políticas e socioeconômicas<br />

que decorreram da recessão econômica. “Não existe<br />

uma previsão de que os níveis de contratação e produção<br />

sejam retomados neste ano. As empresas que têm conseguido<br />

evitar demissões fazem redução de jornada e<br />

utilização dos bancos de horas. O trabalho das empresas<br />

tem sido voltado a amenizar os efeitos da crise evitando<br />

ao máximo novas demissões.”<br />

A alta da inflação e a diminuição do crédito também<br />

são, na visão de Tecchio, um dos principais entraves para<br />

46 |<br />

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o bom desempenho de Bento Gonçalves. “Além desses<br />

fatores, também enfrentamos uma série de dificuldades<br />

como o precário ambiente de negócios, burocracia,<br />

impostos e falta de infraestrutura, que comprometem a<br />

competitividade de toda a indústria brasileira”, lamenta.<br />

“No nosso entender, é preciso uma rede fortalecida de<br />

fornecedores para subsidiar a indústria de móveis. Nesse<br />

sentido, a realização da Affemaq em Bento Gonçalves<br />

beneficia o polo moveleiro de forma integral. Defendemos<br />

o associativismo como estratégia de fortalecimento<br />

integral da cadeia moveleira. Quanto mais organizada e<br />

desenvolvida for a cadeia produtiva, melhor para a eficiência<br />

econômica e crescimento do setor.”<br />

O PIOR JÁ FICOU PARA TRÁS<br />

Segundo boletim divulgado pelo Banco Central, a expectativa<br />

geral para o país é que haja queda de 14,5% na<br />

produção de móveis, sendo que em 2015 esse indicador<br />

já havia caído 14,6%. A boa notícia, segundo os analistas,<br />

é que o pior ficou para trás. O segundo semestre deve ser<br />

de leve alta no comércio, devido principalmente às datas<br />

festivas e ao 13º salário, que devem alavancar as vendas<br />

de mesas, cadeiras e estofados.


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ESPECIAL<br />

SOLUÇÕES PARA OS FABRICANTES<br />

Entre diversas fabricantes de móveis da cidade, poucas<br />

quiseram revelar a queda na sua produção anual. A<br />

Volttoni, cujo carro-chefe é a venda de sofás e cadeiras,<br />

foi franca quanto ao período que o polo atravessa. “A nossa<br />

queda de produção e de entrada de pedidos caiu de<br />

20% a 25%, desde 2015”, revela Andrei Ferro, diretor da<br />

empresa, que revela que diversas atitudes foram tomadas<br />

desde então, porém com pouco sucesso. “Já tentamos<br />

várias: promoções, cartelas com lojistas e também<br />

expusemos nosso trabalho na última feira Movelsul, que<br />

ocorreu aqui em Bento, em março. De uma forma geral,<br />

podemos dizer que essa tem sido a atuação de boa parte<br />

dos fabricantes daqui.”<br />

A expectativa para o segundo semestre é de melhora,<br />

no entanto: a alta no comércio, com as datas festivas<br />

e recebimento do 13º salário, é de crescimento de 8% a<br />

10% nas vendas. Números que poderiam ser até maiores,<br />

na visão de Andrei Ferro, caso houvesse uma distribuição<br />

logística melhor para o polo. “Estamos na ponta do país,<br />

e com isso os fretes acabam se tornando caros”, conta<br />

ele, que comercializa mensalmente 3 mil peças. “As estradas<br />

que nos ligam são uma calamidade. O que todo<br />

mundo comenta, e que vejo também, é que muitas pessoas<br />

estão endividadas com financiamento de inúmeras<br />

coisas. Com as pendências pra pagar, isso faz todo mundo<br />

ficar sem gastar e congela o comércio. As empresas<br />

só fecham negócios que haviam sido feitos antes dessa<br />

situação econômica. Em se tratando de maquinários, não<br />

temos comprado nada há tempos.”<br />

O que se tem visto para contornar tais problemas<br />

e evitar demissões é otimizar custos, como redução de<br />

energia elétrica e reaproveitamento de madeira. “A energia<br />

elétrica infelizmente ainda não conseguimos baixar,<br />

mas mas geramos um aproveitamento de madeira até<br />

23% maior do que tínhamos anteriormente, com a colagem<br />

dos painéis. Hoje temos 38 funcionários, mas em<br />

2015 tínhamos 50. Não demitimos ninguém neste período,<br />

mas também não repusemos quem acabou saindo<br />

da empresa.”<br />

EMPRESAS COMO A VOLTTONI<br />

ESPERAM UM CRESCIMENTO NAS<br />

VENDAS, ATÉ O FIM DO ANO, DE<br />

8% A 10%<br />

48 |<br />

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“AS EMPRESAS SÓLIDAS E<br />

ESTRUTURADAS JÁ ESTÃO HÁ<br />

ALGUM TEMPO BUSCANDO<br />

ALTERNATIVAS E NOVAS<br />

ESTRATÉGIAS PARA SUPERAR OS<br />

OBSTÁCULOS IMPOSTOS PELA<br />

CRISE NO MERCADO”<br />

FABRÍCIO ZANETTI,<br />

PRESIDENTE DA AFFEMAQ


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

MADEIRA TRATADA<br />

MUITA<br />

MADEIRA<br />

PARA<br />

CONSTRUIR<br />

Fotos: Cesar Cinato<br />

Nova diretoria - Elcio Lana, Silvio Lima, Gonzalo Lopez<br />

e Gisleine da Silva<br />

50 |<br />

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NOVA DIRETORIA DA<br />

ABPM ASSUME PARA O<br />

BIÊNIO<br />

<strong>2016</strong>-2018 E SE<br />

COMPROMETE A<br />

AUMENTAR O PAPEL<br />

DA MADEIRA NA<br />

CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

BRASILEIRA<br />

E<br />

m um evento ocorrido em agosto na cidade de<br />

São Paulo (SP), a Abpm (Associação Brasileira de<br />

Preservadores de Madeira) realizou eleição que<br />

definiu a diretoria para o biênio <strong>2016</strong>-2018. Os eleitos foram<br />

Gonzalo Lopez, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)<br />

como presidente; Elcio Lana (Arch Química), como<br />

vice-presidente; Sergio Boff (Canteiro Construções) como<br />

diretor secretário; e Silvio Lima (Montana Química) como<br />

diretor tesoureiro.<br />

Criada em 25 de agosto de 1969, a Abpm atua como<br />

fórum nacional do setor de proteção de madeiras no Brasil,<br />

representando o segmento industrial madeireiro junto<br />

aos órgãos reguladores e poderes legislativo e executivo.<br />

O evento serviu para a nova diretoria mostrar seu plano de<br />

ação e também discutir medidas de melhorias para a área.<br />

O ex-presidente da Abpm, Flávio Geraldo, frisou a<br />

importância da aplicação das normas técnicas do setor<br />

A nova diretoria relacionou quatro desafios como os principais<br />

para o biênio <strong>2016</strong>-2018: aprimorar o relacionamento<br />

com os associados; ampliar o número de empresas certificadas<br />

pelo Qualitrat; aumentar o quadro associativo e realizar<br />

o IX Encontro Brasileiro de Preservação de Madeiras<br />

até o primeiro semestre de 2018.<br />

Com o objetivo de buscar novas alternativas e soluções<br />

para o segmento, outro destaque foi a apresentação dos<br />

resultados da pesquisa de opinião realizada, no final de<br />

2015, com todas as usinas de preservação de madeira do<br />

país associadas ou não à entidade.<br />

Para o ex-presidente Flávio C. Geraldo, a enquete é um<br />

bom indicador que sinalizou, entre outras coisas, como<br />

um dos desafios da nova gestão, a conscientização dessas<br />

empresas tanto a respeito da aplicação das normas técnicas<br />

quanto do cumprimento da legislação vigente. “Não<br />

se trata de coincidência que mercados fortes na utilização<br />

de madeira tratada no Brasil - em especial os de postes,<br />

mourões, dormentes e carretel para bobinas - têm Normas<br />

Técnicas há anos”, afirmou.<br />

A REFERÊNCIA INDUSTRIAL entrevistou, com exclusividade,<br />

o novo presidente, Gonzalo Lopez, que você lê a<br />

seguir.<br />

Quais são as suas expectativas para o mandato?<br />

A visão da diretoria e da coordenação técnica que a<br />

cerimônia atendeu à nossa expectativa. Poucos associados<br />

puderam estar presente, mas acredito que isso demonstra<br />

parte dos nossos problemas como associação, no sentido<br />

de mobilizar o associado e sensibilizar quem ainda não é.<br />

Na gestão que se encerrou essa semana, nós tivemos avanços<br />

significativos no sentido de tentar entender as usinas<br />

de preservação e como elas viam a Abpm: o que entendiam,<br />

o que já conheciam sobre essa parte de normatização<br />

e afins. Acho que isso é um ponto de partida essencial,<br />

devemos nos debruçar sobre essas informações para buscar<br />

a sensibilização das empresas que ainda não são associadas.<br />

Acho que cada um tem que fazer um pouquinho em<br />

relação a isso, porque nem sempre as ações que a Abpm<br />

pode se debruçar vão refletir adequadamente em cada um<br />

dos nichos de atuação dos associados.<br />

Como vê a indicação da diretoria? Acredita que ela esteja<br />

focada no mesmo objetivo?<br />

Não tenho dúvida quanto a isso. Pessoalmente, só<br />

conhecia o Elcio Lana. Nós tivemos contato no passado,<br />

quando fui coordenador técnico da Abpm nos anos 80.<br />

Uma das diretorias adjuntas formadas era a de normatização,<br />

a qual o Élcio Lana era o responsável. Nós tivemos<br />

uma grande interação sobre elaboração e levantamento<br />

de informações, que resultaram no texto da Norma de Preservação<br />

16.143, emitida em 2003.<br />

SETEMBRO | 51


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

MADEIRA TRATADA<br />

Já há uma data-base para o IX Encontro Brasileiro de<br />

Preservação de Madeira, que vocês mencionaram querer<br />

realizar em breve?<br />

Estipulamos que esse IX Encontro tem que sair até o final<br />

do primeiro semestre de 2018. Esse é um desafio. Acho<br />

que uma de nossas primeiras tarefas será definir datas e<br />

estimativas de locais, porque isso é mais que previsto para<br />

levantar a forma como vai ser feito o evento, de que maneira<br />

ele vai ser tocado e qual a sua duração. Eu acho que<br />

do ponto de vista desse grande encontro, nós temos ainda<br />

algumas coisas para ajustar.<br />

Uma das primeiras expectativas anunciadas por você<br />

como presidente é poder expandir o mercado madeireiro<br />

para o setor da construção civil. Tem ideia de quais medidas<br />

ajudariam isso a se realizar em curto prazo?<br />

Isso envolve uma situação bastante complexa. De<br />

pronto, nós temos que buscar quem é usuário de madeira<br />

tratada para a construção civil e ressaltar, junto a esses<br />

personagens que já utilizam, o teor de qualidade em relação<br />

ao material. Nós temos empresas que, por um motivo<br />

ou outro, muitas vezes não atingem critérios de qualidade<br />

por uma série de razões: desconhecimento, questão técnica,<br />

equipamentos ou até velocidade de comercialização.<br />

Do ponto de vista do material, de madeira preservada, há<br />

que se tomar alguns cuidados. Tem que se instaurar uma<br />

cultura de prevenção para que a madeira dure mais, para<br />

que as intervenções no futuro não sejam drásticas e nem<br />

haja algum tipo de ocorrência. Nós precisamos buscar informações<br />

de onde está essa demanda de madeira preservada<br />

e quais seriam os futuros personagens dela. Precisamos<br />

entrar nesse circuito para mostrar os benefícios do<br />

controle de qualidade adequado, identificar fornecedores<br />

e ressaltar junto.<br />

Quando a Abpm foi fundada, lá no final dos anos 60,<br />

existia esse problema em relação à posse de madeira: era<br />

um material muito utilizado, mas não se tinha muito controle<br />

em relação às primícias e forma de tratamento. Isso<br />

trouxe muito prejuízo no ponto de vista da observação do<br />

que era o material. Muita gente não queria usar. Mas no<br />

caso de postes de madeira para eletrificação rural naquela<br />

época, era um material que tinha pouca possibilidade<br />

de substituição. Nossas ações precisam ser convergentes<br />

e incisivas no sentido de mostrar que existe essa madeira<br />

tratada legalmente obtida e trazer benefícios para toda a<br />

O EVENTO SERVIU PARA A<br />

NOVA DIRETORIA MOSTRAR<br />

SEU PLANO DE AÇÃO E<br />

TAMBÉM DISCUTIR MEDIDAS<br />

DE MELHORIAS PARA A ÁREA,<br />

ESTABELECENDO QUATRO<br />

DESAFIOS COMO PRINCIPAIS<br />

PARA O BIÊNIO <strong>2016</strong>-2018<br />

Humberto Tufolo, ex-diretor tesoureiro, passou o<br />

bastão para Silvio Lima, da Montana Química<br />

52 |<br />

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cadeia. E só vamos conseguir isso juntos ao associado e em<br />

parceria com o não-associado.<br />

Um dos principais objetivos da Abpm junto à construção<br />

civil é aumentar o número de empresas adeptas do<br />

Qualitrat. Poderia dizer aproximadamente quantas empresas<br />

participam hoje disso e quantas você espera que<br />

tenham aderido até o final do seu mandato, em 2018?<br />

Nós temos poucas empresas estabelecidas. São duas<br />

empresas com Qualitrat, uma em cada tipo do certificado.<br />

Eu gostaria de trazer todas, não só para a Abpm como para<br />

a Qualitrat. Mas uma das ações que nós entendemos que<br />

deva ser importante para conseguir agregar o nosso associado<br />

ao Qualitrat é a adaptação: fazer o mercado entender<br />

e exigir o certificado de qualidade. Esse vai ser o ponto<br />

essencial: que a questão de madeira tratada esteja ligada a<br />

todos os parâmetros de qualidade e usar essa necessidade<br />

de mudança de paradigma, de como o mercado vê a madeira<br />

tratada e tratá-la como um material específico e fazer<br />

com que o associado entenda esse potencial mercado<br />

e se junte a nós. Hoje em dia é necessário técnico especialista<br />

em cada um dos materiais utilizados.<br />

Gonzalo Lopez - novo presidente da Abpm<br />

236<br />

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em Operação no Brasil e na América do Sul.<br />

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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

QUÍMICA NA MADEIRA<br />

54 |<br />

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TRATAMENTO<br />

E USO DO<br />

BAMBU<br />

Fotos: divulgação<br />

CONHEÇA MAIS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS<br />

E PROPRIEDADES DE TRATAMENTO DA<br />

GRAMÍNEA, QUE POSSUI MAIS DE 1.200<br />

ESPÉCIES NOS TRÓPICOS<br />

A<br />

lgumas das características do bambu são semelhantes<br />

às da madeira. Por isso, necessita<br />

de técnicas especiais que permitam aperfeiçoar<br />

as vantagens das suas múltiplas aplicações. O<br />

bambu é uma gramínea de rápido crescimento e que<br />

chega à idade de reprodução aos três anos, a partir dos<br />

quais permite cortes anuais. Com exceção da Europa,<br />

quase todos os continentes possuem espécies nativas<br />

de bambus sendo, entretanto, mais disseminadas nos<br />

trópicos, região em que podem ser encontrados 75<br />

gêneros e cerca de 1.250 espécies, que vão desde pequenas<br />

gramíneas até unidades gigantescas com 40 m<br />

(metros) de altura por 30 cm (centímetros) de diâmetro.<br />

ANATOMIA, QUÍMICA E PROPRIEDADES<br />

DO BAMBU<br />

O bambu possui um caule oco, denominado colmo.<br />

O colmo de um bambu possui cerca de 60% de tecido<br />

parenquimatoso, 40% de fibras e 10% de vasos. As fibras<br />

agrupam-se em feixes distribuídos ao longo dos<br />

vasos.<br />

Embora os vasos sejam facilmente permeáveis, não<br />

há fluxo lateral devido à ausência de raios, como se observa<br />

na madeira. Além de ser responsável pela baixa<br />

permeabilidade do bambu, esse arranjo anatômico res-<br />

SETEMBRO | 55


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

QUÍMICA NA MADEIRA<br />

ponde também pelas variações de densidade observadas<br />

na faixa de 500-800 kg/m³ (quilogramas por metro<br />

cúbico).<br />

DURABILIDADE NATURAL DO BAMBU<br />

Os extrativos contidos no bambu, como resinas,<br />

graxas e taninos não têm toxicidade suficiente para<br />

conferir durabilidade natural contra agentes xilófagos<br />

(fungos e insetos). O elevado teor de amido do bambu<br />

torna-o suscetível ao ataque de fungos manchadores e<br />

brocas (famílias Bostrichidae e Lyctydae).<br />

A durabilidade natural do bambu é muito baixa, dependendo<br />

da espécie envolvida e da classe de uso. Sob<br />

cobertura e fora de contato com o solo, o bambu sem<br />

tratamento pode durar até quatro anos. O bambu deve<br />

ser colhido nas épocas do ano em que há menor teor<br />

de amido.<br />

SECAGEM DO BAMBU<br />

Como regra geral, recomenda-se a utilização de<br />

colmos maduros para diminuir os problemas de fendilhamento<br />

e a ocorrência de colapso. Sua secagem ao ar<br />

processa-se durante dois a três meses e pode ser efetuada<br />

com os colmos na posição vertical (secagem mais<br />

rápida), ou na posição horizontal, usando-se neste caso<br />

espaçadores apropriados entre as camadas.<br />

Devido à suscetibilidade a fungos e a insetos, haverá<br />

a necessidade de um tratamento provisório, com<br />

uma mistura de produtos de ação profilática, até que<br />

seja feito o tratamento definitivo.<br />

TRATAMENTO DO BAMBU<br />

Tomando como base as premissas anteriores sobre<br />

a baixa durabilidade natural do bambu frente aos agentes<br />

xilófagos, juntamente com a baixa permeabilidade<br />

aos agentes xilófagos, seu tratamento só é possível por<br />

difusão, no caso de colmos verdes, ou por pressão em<br />

se tratando de colmos abaixo do ponto de saturação<br />

das fibras (H= 20-22%).<br />

Pelo fato de o Brasil possuir um parque industrial<br />

com mais de 400 unidades, com capacidade ociosa, é<br />

que se pode afirmar que os processos sob pressão, além<br />

de serem confiáveis do ponto de vista ambiental, estão<br />

aptos à produção de um produto final mais uniforme<br />

e passível de ter a sua qualidade controlada. Há, por<br />

exemplo, no município paulista de Cunha, uma usina<br />

que tem tratado quantidades apreciáveis de bambu,<br />

para várias aplicações, sobretudo para fins artesanais.<br />

Entretanto, deve ser lembrado sempre que o bambu<br />

tem diferenças em relação à madeira, de forma que<br />

seus colmos (roliços) são sujeitos ao colapso. Na forma<br />

de taliscas, o bambu não apresenta esse tipo de problema.<br />

Alguns autores recomendam que antes do tratamento<br />

de bambus roliços sejam feitos furos de 10mm<br />

entre os septos dos colmos e em lados opostos. Essa<br />

técnica equilibra a pressão dos dois lados do bambu,<br />

evitando a possível ocorrência de colapso das peças,<br />

além de melhorar a uniformidade da penetração.<br />

Outra forma de minimizar a ocorrência de colapso<br />

é baixar a pressão de trabalho dos usuais 12,0 kgf/<br />

cm² para algo em torno de 7,0kgf/cm², por um período<br />

de uma a duas horas. Para compensar a diminuição da<br />

pressão, trabalha-se com concentrações mais elevadas<br />

de preservativo (5-6% m/m).<br />

Quanto aos preservativos recomendados, há unani-<br />

56 |<br />

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midade na literatura consultada e específica sobre o tratamento<br />

de bambu. Se por um lado o CCA proporciona<br />

fixação mais rápida e maior resistência à lixiviação, por<br />

seu turno, o CCB, por força da grande mobilidade iônica<br />

do boro, é mais recomendável para espécies de bambu,<br />

mais refratárias ao tratamento preservativo, sendo opção<br />

única para aqueles que desejem competir no mercado<br />

externo, principalmente o europeu.<br />

Por Ennio Lepage, pesquisador e<br />

consultor técnico da<br />

Montana Química<br />

e-mail: elepage@montana.com.br<br />

BAMBU NO MUNDO<br />

No Vietnã há muito tempo o bambu é empregado<br />

na construção de casas, principalmente na zona rural<br />

e, hoje, já é empregado na construção de resorts e restaurantes<br />

temáticos de regiões turísticas;<br />

São produzidos, anualmente, de 15 a 130 toneladas<br />

de produtos confeccionados com bambu;<br />

Este pequeno país é o terceiro maior exportador<br />

de bambu, suplantado apenas pela China e pela Indonésia;<br />

Em 2010 as exportações desses países, em mobiliário<br />

e artesanato, atingiram a cifra de 350 milhões de<br />

dólares, prevendo-se um crescimento anual de 10%-20%<br />

ao ano;<br />

Na Costa Rica há programas de construção de<br />

habitações em regime de mutirão. Na América do Sul<br />

também se observa um quadro de uso crescente do bambu<br />

em alguns países, especialmente Equador e Colômbia;<br />

No Brasil, embora ainda haja uma forte restrição<br />

quanto ao uso de materiais renováveis na construção<br />

(madeira e bambu em maior escala), o movimento ecológico<br />

que varre o planeta pode propiciar condições para a<br />

reversão desse preconceito.<br />

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PRODUÇÃO<br />

DE PAINÉIS<br />

AGLOMERADOS<br />

CRISTIANE WEBER<br />

Engenheira Florestal, doutoranda do programa de pós-graduação em Engenharia<br />

Florestal, na Ufpr (Universidade Federal do Paraná)<br />

SETSUO IWAKIRI<br />

Engenheiro Florestal, Dr., Professor Titular do Departamento de Engenharia e<br />

Tecnologia Florestal, na Ufpr<br />

58 |<br />

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RESUMO<br />

E<br />

ste trabalho teve como objetivo avaliar o potencial<br />

de uso de resíduos originados da produção de painéis<br />

compensados, MDF e MDP para fabricação de<br />

painéis aglomerados. A resina UF (ureia-formaldeído) foi<br />

utilizada na produção dos painéis, em proporções de 6%<br />

e 10% com base no peso seco das partículas de madeira,<br />

juntamente com 2% de catalisador (base sólido de resina)<br />

e 1% de parafina (base peso seco das partículas). O delineamento<br />

experimental foi composto por 10 tratamentos com<br />

três repetições cada, totalizando 30 painéis. Os painéis<br />

foram produzidos com resíduos nas proporções de 100%,<br />

50-50% e 33-33-33%.<br />

Para avaliação qualitativa, os painéis foram submetidos<br />

aos seguintes ensaios das propriedades físico-mecânicas:<br />

densidade, absorção de água e inchamento em espessura,<br />

flexão estática, arrancamento de parafusos (superfície<br />

e topo) e tração perpendicular à superfície. Os resultados<br />

foram avaliados conforme os requisitos da Abnt (Associação<br />

Brasileira de Normas Técnicas). As avaliações gerais<br />

dos resultados das propriedades físicas e mecânicas dos<br />

painéis indicaram a viabilidade técnica de uso de resíduos<br />

de MDF, MDP e compensados de forma pura e misturadas,<br />

para produção de painéis aglomerados. A possibilidade de<br />

uso de resíduos contribui de forma significativa em termos<br />

econômicos e ambientais.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os problemas relacionados às questões ambientais<br />

como a poluição e a geração de resíduos e suas consequências,<br />

estão, em muitos casos, associados aos processos<br />

produtivos. O melhor aproveitamento da matéria-prima,<br />

por meio de processos que incorporem os princípios de<br />

gestão ambiental, vem ganhando importância nas indústrias<br />

e instituições de pesquisas, pois, além dos benefícios<br />

ambientais e sociais, trazem vantagens econômicas às empresas.<br />

Um indicador desta demanda ambiental é a adesão<br />

das empresas aos processos de certificações ambientais e<br />

florestais, solicitados pelos mercados, especialmente os<br />

SETEMBRO | 59


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ARTIGO<br />

internacionais, exigindo do setor produtivo a responsabilidade<br />

ambiental e social na exploração dos recursos florestais,<br />

com a máxima preservação possível destes recursos.<br />

O consumo de madeira em grande escala pelos diversos<br />

setores da sociedade faz com que surjam discussões<br />

e questionamentos sobre os impactos dos resíduos madeireiros<br />

ao ecossistema, instigando a ciência florestal no<br />

desenvolvimento de pesquisas sobre soluções mitigadoras<br />

dos impactos ambientais gerados nos processos produtivos,<br />

onde a matéria-prima madeira é o principal componente.<br />

Neste contexto, existe a demanda por estudos para<br />

viabilizar a utilização de resíduos de painéis de madeira,<br />

oriundos do setor moveleiro, da construção civil e outros<br />

setores, onde ocorre elevado descarte desses produtos,<br />

para produção de “novos” painéis reconstituídos de madeira.<br />

Essas pesquisas podem favorecer o melhor aproveitamento<br />

da matéria-prima, proporcionando maior valor<br />

agregado ao produto. Os resíduos de painéis de madeira<br />

possuem potencial econômico ainda pouco explorado pelas<br />

indústrias. A alternativa de seu aproveitamento na produção<br />

de novos painéis é uma ideia que vem ao encontro<br />

do apelo social atual, favorável à adoção de materiais que<br />

provoquem o mínimo impacto ambiental ao ecossistema.<br />

O Brasil possui tecnologia avançada na produção de<br />

painéis de madeira reconstituída. É também o país com o<br />

maior número de fábricas de última geração. Com investimentos<br />

contínuos em tecnologia e automação, as empresas<br />

construíram versáteis e modernos parques industriais<br />

destinados à instalação de novas unidades, à atualização<br />

tecnológica das plantas já existentes, à implantação de<br />

linhas contínuas de produção e aos novos processos de<br />

impressão, de impregnação, de revestimento e de pintura<br />

(Abipa, 2010). As utilizações dos painéis de madeira estão<br />

diretamente associadas às propriedades físicas e mecânicas<br />

dos mesmos.<br />

As restrições técnicas para o uso e a aplicação de diferentes<br />

tipos de painéis de madeira envolvem características<br />

como resistência mecânica, estabilidade dimensional,<br />

uniformidade da superfície, usinabilidade, resistência<br />

à fixação de parafusos, entre outros. Os principais usos e<br />

aplicações dos painéis de madeira estão associados principalmente<br />

aos segmentos da construção civil e de móveis,<br />

em função das suas características tecnológicas (Abimci,<br />

2009). Os principais parâmetros do processo produtivo<br />

de painéis aglomerados estão relacionados à matéria-<br />

-prima e às variáveis de processamento e são amplamente<br />

descritos por Maloney (1993) e Moslemi (1974). Quanto à<br />

matéria-prima, as características da madeira como densidade,<br />

extrativos e geometria das partículas interferem no<br />

processo de colagem e qualidade dos painéis produzidos.<br />

No caso de partículas obtidas a partir da transformação<br />

de painéis como compensados, MDF e MDP, algumas<br />

características são diferenciadas, tendo em vista que estes<br />

painéis possuem na sua estrutura a resina polimerizada,<br />

parafina, e já passaram por processo de prensagem à alta<br />

temperatura na prensa. Trata-se de um tema ainda pouco<br />

explorado e carente de publicações no Brasil. Já, o uso de<br />

resíduos de madeira sólida tem sido foco de algumas pesquisas<br />

publicadas em periódicos científicos. Iwakiri (2000)<br />

utilizou resíduos de madeira de espécies de Eucalyptus<br />

provenientes de serrarias; Iwakiri (2012) avaliou o potencial<br />

de uso de resíduos de serrarias de nove espécies de<br />

madeiras tropicais para produção de painéis aglomerados.<br />

Tendo em vista estas peculiaridades em termos de matéria-prima<br />

e carência de estudosw sobre a utilização destes<br />

materiais na produção de aglomerados, este trabalho<br />

foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a viabilidade de<br />

A pesquisa consistiu de<br />

um experimento com 10<br />

tratamentos e três repetições,<br />

totalizando 30 painéis<br />

60 |<br />

www.referenciaindustrial.com.br


Os resíduos de painéis foram<br />

transformados em cavacos e,<br />

posteriormente, processados<br />

em moinho de martelos<br />

uso de resíduos de painéis compensados, MDF e MDP para<br />

produção de painéis aglomerados.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Os resíduos de painéis compensados, MDF e MDP,<br />

todos compostos por madeira de Pinus spp, foram obtidos<br />

em empresas fabricantes de painéis de madeira, na<br />

região metropolitana de Curitiba (PR). Estes resíduos são<br />

gerados nas operações de esquadrejamento e de painéis<br />

desclassificados no controle de qualidade do produto final.<br />

O destino atual deste material nas indústrias é a geração<br />

energética através da queima. Os resíduos de painéis foram<br />

transformados em cavacos e, posteriormente, processados<br />

em moinho de martelos, onde passaram por peneiras<br />

com três diferentes tamanhos de malhas, 18, 12 e 6 mm<br />

(milímetros), sendo utilizadas para produção dos painéis as<br />

partículas que passaram pela malha de 12 mm e ficaram<br />

retidas na malha de 6 mm.<br />

A pesquisa consistiu de um experimento com 10 tratamentos<br />

e três repetições, totalizando 30 painéis, nos quais<br />

foram analisados os três diferentes tipos de resíduos de<br />

painéis e misturas destes, além de dois teores de resina UF.<br />

Os resíduos foram utilizados na produção de painéis de forma<br />

pura (100%) ou misturados. As proporções de misturas<br />

das partículas, provenientes de resíduos de compensados,<br />

MDP e MDF, foram de 50% nos painéis com dois tipos de<br />

resíduos e 33% nos painéis com os três tipos de resíduos.<br />

A resina UF foi utilizada nas proporções de 6 e 10% de sólidos,<br />

a emulsão de parafina foi aplicada na proporção de<br />

1%, ambas em relação à quantidade de massa seca de partículas.<br />

O catalisador - sulfato de amônia - foi aplicado na<br />

proporção de 2%, base sólido de resina. Estes componentes<br />

foram adicionados por meio de aspersão, com auxílio<br />

de uma pistola, no aplicador do tipo tambor rotatório. A<br />

densidade nominal calculada para os painéis foi de 0,80 g/<br />

cm³ (gramas por centímetro cúbico).<br />

O colchão de partículas foi formado manualmente,<br />

utilizando-se uma caixa de madeira, com dimensões de 50<br />

cm (centímetros) de largura por 50 cm de comprimento,<br />

colocada sobre uma placa de alumínio, na qual as partículas<br />

correspondentes a um painel, foram distribuídas uniformemente.<br />

Em seguida, o colchão de partículas foi pré-<br />

-prensado e separadores de 15 mm foram colocados em<br />

duas laterais opostas para delimitar a espessura do painel.<br />

Os painéis foram prensados em uma prensa de pratos com<br />

aquecimento elétrico, à temperatura de 160°C (graus celsius),<br />

pressão específica de 4,0 Mpa (megapascal) e tempo<br />

de prensagem de 8 minutos. Após a prensagem, os painéis<br />

foram esquadrejados e acondicionados em câmara climatizada,<br />

com temperatura 20 ± 3°C e umidade relativa de 65<br />

± 5%, para estabilização final para ensaios.<br />

A avaliação da qualidade dos painéis produzidos com<br />

resíduos compreendeu a determinação das seguintes propriedades<br />

físicas e mecânicas: massa específica aparente,<br />

absorção de água e inchamento em espessura, após 24 horas<br />

de imersão em água; flexão estática; arrancamento de<br />

parafusos (superfície e topo) e tração perpendicular à superfície,<br />

de acordo com os procedimentos descritos na EM<br />

(European Norm). Os valores obtidos nos ensaios foram<br />

comparados com os requisitos das Normas EN 312:2003 e<br />

NBR 14810-2:2006. Os resultados de densidade dos painéis<br />

dos 10 tratamentos foram avaliados inicialmente através<br />

da análise de variância. Constatadas as diferenças significativas<br />

entre as densidades, foi realizada a análise de covariância.<br />

Todos os testes foram aplicados ao nível de 95% de significância,<br />

e o programa estatístico utilizado para a análise<br />

foi o Statgraphics Plus. Havendo a rejeição da hipótese de<br />

igualdade, foi aplicado o Teste de Tukey para comparação<br />

das médias entre os tratamentos.<br />

SETEMBRO | 61


REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />

ARTIGO<br />

Observa-se que os painéis com<br />

resíduos de MDF e proporção de<br />

10 e 6% de resina apresentaram<br />

os menores valores de teor de<br />

umidade<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Densidade e teor de umidade dos painéis<br />

Os resultados indicam que os painéis compostos com<br />

100% de partículas de resíduos de MDF, MDP e compensados<br />

e 10% de resina não apresentaram valores médios<br />

de densidade diferentes estatisticamente. Os valores médios<br />

de densidade dos painéis compostos por misturas de<br />

resíduos também não foram estatisticamente diferentes,<br />

demonstrando que as misturas de partículas de diferentes<br />

tipos de resíduos não interferiram significativamente nesta<br />

propriedade. Entre estes tratamentos, os painéis produzidos<br />

com os três resíduos apresentaram a maior média<br />

(0,763 g/ cm³), enquanto os painéis produzidos com resíduos<br />

de compensados e MDF apresentaram a menor média<br />

(0,730 g/cm³).<br />

Os painéis compostos com 100% de partículas de resíduos<br />

de MDF, MDP e compensados e 6% de resina também<br />

não apresentaram diferenças estatísticas entre os<br />

valores médios de densidade. Na comparação entre os<br />

painéis produzidos com 10% e 6% de resina, verificou-se<br />

diferença significativa apenas entre os painéis produzidos<br />

com resíduos de MDP, nos quais ficou evidente a influência<br />

do maior teor de resina na densidade dos painéis. Com<br />

relação aos resultados de teores de umidade dos painéis,<br />

verifica-se que existem diferenças estatísticas significativas<br />

entre as médias dos painéis. Os valores médios variaram<br />

entre 7,34% e 8,96%. Pode-se constatar que os painéis<br />

compensados, cujo resíduo foi utilizado nos tratamentos 2<br />

e 9 de forma pura, originalmente não receberam adição de<br />

parafina no processo produtivo, justificando, desta forma,<br />

a maior higroscopicidade em relação aos demais tratamentos<br />

deste experimento. Os resíduos de MDF e MDP, por terem<br />

recebido a aplicação de parafina durante o processo<br />

produtivo, a aplicação adicional de mais 1% de parafina na<br />

manufatura destes painéis experimentais, resultaram na<br />

redução da higroscopicidade destes painéis. Observa-se<br />

que os painéis com resíduos de MDF e proporção de 10 e<br />

6% de resina apresentaram os menores valores de teor de<br />

umidade, o que pode ser justificado pela maior proporção<br />

de parafina que, provavelmente, foi determinante para o<br />

teor de umidade inferior.<br />

Em referência a trabalhos publicados sobre painéis de<br />

madeira, que comprovam a baixa umidade de equilíbrio<br />

em produtos de madeira reconstituída, podemos citar:<br />

Hillig, Haselein e Santini (2004) que encontraram valores<br />

entre 3,74% e 8,78% para painéis do tipo flakeboards de<br />

Pinus elliottii, Eucalyptus grandis e Acacia mearnsii; Cabral<br />

et al. (2007) encontraram valores de 9,62% a 9,94% para<br />

painéis de madeira aglomerada produzidos com Eucalyptus<br />

spp. e Pinus elliottii; e Carneiro et al. (2009) com valores<br />

de 9,10% a 10,23% para painéis de madeira aglomerada de<br />

Pinus elliottii, colados com ureia-formaldeído e adesivos<br />

tânicos.<br />

De maneira geral, os teores de umidade dos tratamentos<br />

ficaram um pouco abaixo dos valores observados em<br />

outros trabalhos. Isto pode ser explicado pelo fato desse<br />

material ter passado por aquecimento na fabricação inicial<br />

dos painéis e ter sido novamente submetido ao aquecimento<br />

a altas temperaturas neste processo produtivo, o<br />

que pode ter contribuído para redução de sítios higroscópicos.<br />

A redução na higroscopicidade também pode ser<br />

causada pela incorporação de resina e parafina, ambas<br />

redundantes neste experimento, deixando o painel menos<br />

reativo à água.<br />

ABSORÇÃO DE ÁGUA E INCHAMENTO<br />

EM ESPESSURA<br />

Os valores médios de absorção de água após 24 horas<br />

de imersão variaram de 16,17% a 57,41%. Os resultados<br />

indicam maior absorção de água dos painéis produzidos<br />

integralmente com compensados e também os efeitos negativos<br />

da incorporação deste material em misturas com<br />

resíduos de MDF e MDP. Estas variações podem ser atribuídas<br />

ao fato de que na produção de compensados não foi<br />

utilizada a emulsão de parafina. Os menores índices de absorção<br />

de água foram obtidos para os painéis produzidos<br />

62 |<br />

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com resíduos de MDF e MDP em função da dupla adição de<br />

parafina, no processo industrial e no laboratório.<br />

Com exceção de painéis produzidos com resíduos de<br />

compensados, não foram constatadas diferenças estatísticas<br />

entre os painéis produzidos com 6% e 10% de resina.<br />

Para os painéis produzidos com misturas dos três tipos de<br />

resíduos, observa-se que a inclusão de resíduos de compensados<br />

aumenta significativamente a absorção de água.<br />

Os valores médios de inchamento em espessura após 24<br />

horas de imersão em água variaram entre 6,42% e 32,26%.<br />

Os maiores valores médios de inchamento em espessura<br />

foram obtidos para painéis produzidos com 100% de resíduos<br />

de compensados, seguidos de painéis com 50% de<br />

compensados. A redução no teor de resina de 10% para<br />

6% resultou em aumento significativo de inchamento em<br />

espessura para painéis de resíduos de MDP e compensados.<br />

A mistura de resíduos de MDP, MDF e compensados<br />

não contribuíram para o aumento no inchamento em espessura<br />

dos painéis. Os painéis produzidos com 100% de<br />

resíduos de MDF apresentaram médias de inchamento<br />

em espessura estatisticamente inferiores em relação aos<br />

demais tipos de painéis. A mistura de resíduos de MDF na<br />

composição dos painéis contribuiu para redução do inchamento<br />

em espessura. Portanto, pode-se afirmar que a incorporação<br />

de parafina no material original e no processo<br />

de manufatura em laboratório reduziu significativamente<br />

os valores médios de inchamento em espessura, quando<br />

comparados com os painéis de resíduos de compensados.<br />

Com relação aos resultados apresentados na literatura,<br />

Iwakiri (2000) obteve para painéis produzidos puros ou em<br />

misturas a partir de resíduos de serrarias de três espécies<br />

de eucaliptos (Eucalyptus maculata, Eucalyptus grandis e<br />

Eucalyptus tereticornis), com densidade nominal de 0,75<br />

g/cm³, e duas proporções de resina UF (8 e 12%), valores<br />

médios de absorção de água entre 37,37% a 50,80%, e de<br />

23,51% a 38,81% para inchamento em espessura, ambos<br />

após 24 horas de imersão em água. Numa outra pesquisa<br />

realizada por Iwakiri (2005), com painéis aglomerados de<br />

Pinus spp, com densidade de 0,650 g/cm³ e 8% de resina<br />

UF, os valores obtidos para absorção de água e inchamento<br />

em espessura foram de 126,58% e 29,99%, respectivamente,<br />

após 24 horas de imersão em água. Pode-se afirmar<br />

que os resultados obtidos nesta pesquisa para painéis<br />

aglomerados produzidos com resíduos de MDF, MDP e<br />

compensados foram satisfatórios em relação aos resultados<br />

de outras pesquisas.<br />

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OUTUBRO <strong>2016</strong><br />

Expovale<br />

11 a 19<br />

Lajeado (RS)<br />

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FEVEREIRO 2017<br />

Zow<br />

7 a 9<br />

Bad Salzuflen (Alemanha)<br />

www.zow.de<br />

Delhi-Wood<br />

1 a 4<br />

Nova Déli (Índia)<br />

www.delhi-wood.com<br />

Fimma<br />

28 a 31<br />

Bento Gonçalves (RS)<br />

www.fimma.com.br<br />

ABRIL 2017<br />

Prowood<br />

21 a 25<br />

Gante (Bélgica)<br />

www.prowood-fair.be<br />

Expo Arquitetura<br />

Sustentável<br />

4 a 7<br />

São Paulo (SP)<br />

www.expoarquiteturasustentavel.com.br<br />

DESTAQUE<br />

CONGRESSO NACIONAL MOVELEIRO<br />

14 e 15 de setembro<br />

Curitiba (PR)<br />

www.congressomoveleiro.org.br<br />

Com o tema Repense a forma e reinvente o mercado, a edição de<br />

<strong>2016</strong> discutirá as oportunidades e as ferramentas para indústria<br />

moveleira no atual cenário econômico. O Congresso Nacional Moveleiro<br />

começou há 10 anos, como um seminário, e hoje é um dos mais<br />

importantes eventos do setor no país. A última edição superou as<br />

expectativas, levando uma média de 2.000 pessoas em dois dias de evento.<br />

Imagem: reprodução<br />

64 |<br />

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ESPAÇO ABERTO<br />

A IMPORTÂNCIA DO ACABAMENTO EM<br />

MÓVEIS DE MARCENARIA<br />

"D<br />

etalhes fazem a diferença”. Você já ouviu essa<br />

expressão. Desde um acessório que compõe<br />

um look a uma peça de decoração em uma casa,<br />

pequenos e sutis cuidados têm o poder de trazer personalização,<br />

identidade e autenticidade. Além da qualidade da<br />

matéria-prima empregada, existem outras características<br />

fundamentais que determinam o valor do produto. Em um<br />

móvel, por exemplo, um acabamento diferenciado pode<br />

deixar o ambiente completamente renovado, moderno<br />

e aconchegante, valorizando ainda mais a decoração e o<br />

próprio mobiliário.<br />

O consumidor está cada vez mais exigente, prezando<br />

não só pelo bom custo benefício, como também se atentando<br />

mais aos detalhes e pensando na maior durabilidade<br />

dos móveis, uma vez que o investimento em marcenaria<br />

e planejados tende a ser um pouco mais alto. Por outro<br />

lado, as empresas de marcenaria também têm dado maior<br />

atenção à finalização de peças, que vão diferenciar o projeto<br />

e o trabalho frente aos concorrentes. E aí que surge<br />

a demanda por produtos com tecnologia inovadora que<br />

apresentam diferencial estético e versatilidade, agregando<br />

valor ao produto final, como acontece com as fitas de borda<br />

de PVC (Policloreto de Vinil), por exemplo, que se tornaram<br />

elemento essencial para o acabamento do móvel.<br />

As fitas de borda oferecem maior sofisticação para o<br />

mercado moveleiro, por terem design arrojado e diferentes<br />

tipos de cores, desenhos, brilhos e texturas, o que permite<br />

combinações ousadas e personalizadas. Os modelos de 1<br />

mm (milímetro) e 2 mm são ótimas opções para diversas<br />

aplicações em móveis de sala, quarto e até mesmo em<br />

banheiro e cozinha, trazendo criatividade e estilo, além de<br />

também estarem em alta no design de interiores. Isso tudo<br />

com bom custo benefício, já que a fita de borda representa<br />

uma parcela pequena do investimento, se considerar o<br />

projeto por completo e os diversos benefícios que traz. O<br />

produto pode ser aplicado em painéis de MDF e MDP, entre<br />

outros e, graças ao seu fácil manuseio e aplicação, tende a<br />

ter um acabamento mais duradouro e elegante. Para compor<br />

um pacote completo e tornar a mobília item de decoração,<br />

é importante também investir em profissionais especializados,<br />

que dominem as ferramentas e materiais a serem<br />

utilizados na composição dos móveis, além da utilização de<br />

ferramentas apropriadas para esse tipo de aplicação, aliando<br />

qualidade, beleza e exclusividade.<br />

Nos próximos anos, teremos cada vez mais automação,<br />

tecnologia e matérias-primas mais resistentes, uma vez que<br />

a durabilidade se torna mais importante que a aparência na<br />

hora da escolha do mobiliário. Os cuidados com o acabamento<br />

são parte fundamental desse quebra-cabeça para elevar<br />

o padrão do produto. Tudo isso resulta na valorização do<br />

móvel, trazendo vantagens para ambas as partes: os fabricantes,<br />

os profissionais de marcenaria e o consumidor final.<br />

Foto: divulgação<br />

Por Camila Bartalena<br />

Executiva da Rehau<br />

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