Setembro/2016 - Referência Industrial 178
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ENTREVISTA - Presidente do Sima, Irineu Munhoz, fala sobre os próximos desafios de Arapongas<br />
I N D U S T R I A L<br />
Voltando<br />
a crescer<br />
Polo moveleiro de Bento Gonçalves<br />
busca soluções para retomar o mercado<br />
Principal – Curso para marceneiros visa cada vez mais a atualização tecnológica dos profissionais
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
SUMÁRIO<br />
SUMÁRIO<br />
ANUNCIANTES DA EDIÇÃO<br />
Arch Química/Lonza 67<br />
34<br />
Bruno <strong>Industrial</strong> 57<br />
DRV Ferramentas 19<br />
Engecass 21<br />
Feicon 31<br />
40<br />
44<br />
Fhaizer 25<br />
Giacomelli 23<br />
Gaidzinski 49<br />
H. Bremer 15<br />
Homag 07<br />
Indumec 17<br />
Manoel Marchetti 29<br />
Mill Indústrias 68<br />
Montana Química 02<br />
MSM Química 13<br />
Planeta <strong>Industrial</strong> 63<br />
Rossin 53<br />
Salvador 47<br />
Siempelkamp 05<br />
SKH 63<br />
Vantec 11<br />
Weinig 09<br />
04 Editorial<br />
06 Cartas<br />
08 Bastidores<br />
10 Coluna Flavio C. Geraldo<br />
12 Notas<br />
20 Aplicação<br />
22 Alta e Baixa<br />
24 Frases<br />
26 Entrevista<br />
32 Coluna Abimci Paulo Pupo<br />
34 Principal O marceneiro se modernizou<br />
40 Construção Civil<br />
44 Especial De volta aos trilhos<br />
50 Madeira Tratada<br />
54 Química na Madeira<br />
58 Artigo<br />
64 Agenda<br />
66 Espaço Aberto<br />
SETEMBRO | 03
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
EDITORIAL<br />
Ano XVIII - Edição n.º <strong>178</strong> - <strong>Setembro</strong> <strong>2016</strong><br />
Year XVIII - Edition n.º <strong>178</strong> - September <strong>2016</strong><br />
Nesta edição nosso destaque<br />
é a passadeira de cola da Indumec<br />
QUALIFICAR PARA<br />
INOVAR<br />
Abraham Lincoln foi um dos mais memoráveis estadistas<br />
dos Estados Unidos da América, e também uma personalidade<br />
histórica do século XIX. Ficou lembrado não por acaso:<br />
liderou seu país durante a maior crise interna - a guerra civil<br />
norte-americana – aboliu a escravidão e, não obstante, foi<br />
responsável pela modernização da economia que permanece<br />
até hoje como a maior do mundo.<br />
São homens como Lincoln que moldam o futuro de<br />
países, cidades e empresas. Esta edição de REFERÊNCIA<br />
INDUSTRIAL faz paralelo à uma de suas frases mais lembradas:<br />
“me dê seis horas para derrubar uma árvore, e passarei<br />
quatro afiando o machado.” Aqui, falamos sobre as inovações<br />
na marcenaria brasileira e como os principais cursos do país<br />
se adaptaram às necessidades e exigências de um mercado<br />
em constante evolução; em busca de reestabelecimento, o<br />
polo moveleiro de Bento Gonçalves busca alternativas à crise;<br />
mostrando que há mais caminho para a madeira do que mourões<br />
e postes, estudantes de Santa Catarina criam um painel<br />
de madeira laminada tão resistente quanto o concreto. Uma<br />
excelente leitura para você!<br />
QUALIFY TO INNOVATE<br />
Abraham Lincoln is one of the most memorable statesmen<br />
in the United States, and also an historical 19th century<br />
personality. He was remembered not by chance: he led his<br />
country during the biggest internal crisis – the American civil<br />
war – abolished slavery, and through all this, was responsible<br />
for the modernization of an economy, which remains today as<br />
the largest in the world.<br />
There are men like Lincoln that shape the future of countries,<br />
cities and companies. This issue of REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
parallels one of his most remembered phrases: “give me six hours<br />
to chop down a tree, and I will spend the first four sharpening<br />
the axe”. In this issue, we talk about innovations in the Brazilian<br />
woodworking trade and how the main qualification courses in<br />
the Country have adapted to the needs and requirements of a<br />
market in constant evolution; about how, in the search of re-<br />
-establishment, the Bento Gonçalves furniture manufacturing<br />
center seeks alternatives to the crisis; and show that wood fence<br />
posts and poles is not the only road for wood, as students from<br />
the State of Santa Catarina have created a laminated wood<br />
panel, as strong as concrete. A great read for you!<br />
EXPEDIENTE<br />
JOTA COMUNICAÇÃO<br />
Diretor Comercial / Commercial Director<br />
Fábio Alexandre Machado<br />
fabiomachado@revistareferencia.com.br<br />
Diretor Executivo / Executive Director<br />
Pedro Bartoski Jr<br />
bartoski@revistareferencia.com.br<br />
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joseane@jotacomunicacao.com.br<br />
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Monica Kirchner - Coordenação<br />
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A Revista REFERÊNCIA - é uma publicação mensal e independente, dirigida<br />
aos produtores e consumidores de bens e serviços em madeira, instituições de<br />
pesquisa, estudantes universitários, orgãos governamentais, ONG’s, entidades de<br />
classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente ligados ao segmento madeireiro.<br />
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04 |<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
CARTAS<br />
Capa da Edição 177 da<br />
Revista REFERÊNCIA INDUSTRIAL,<br />
mês de agosto de <strong>2016</strong><br />
Tecnologia<br />
Benefícios<br />
Por Marcos Tuleski - Araucária (PR)<br />
Impressionante pensar que há 10 anos era impossível<br />
imaginar uma autoclave controlada a quilômetros de<br />
distância. A tecnologia da Fhaizer surpreende e serve de<br />
referência, literalmente, para nós do meio.<br />
Por Antônio Tomazzi -<br />
Linhares (ES)<br />
Construção civil com madeira<br />
é o tipo de lobby<br />
que só traz benefícios.<br />
Vale a pena levantar essa<br />
bandeira, assim como a<br />
publicação vem fazendo<br />
nas suas últimas edições.<br />
Foto: divulgação<br />
Expectativa<br />
Por Túlio Bragança - Uruguaiana (RS)<br />
Não pude comparecer à última edição da Formóbile, mas<br />
pelo que li na REFERÊNCIA deu para ver que o setor está<br />
novamente entrando nos trilhos. Espero um 2017 bem<br />
melhor que este ano!<br />
Foto: REFERÊNCIA Foto: REFERÊNCIA<br />
Marcenaria<br />
Por Túlio Bragança - Uruguaiana (RS)<br />
Leio a REFERÊNCIA INDUSTRIAL e sempre acompanho<br />
os assuntos relacionados à marcenaria. Parabéns pela<br />
seleção de temas.<br />
Leitor, participe de nossas pesquisas online respondendo os<br />
e-mails enviados por nossa equipe de jornalismo.<br />
As melhores respostas serão publicadas em CARTAS. Sua opinião<br />
é fundamental para a Revista REFERÊNCIA INDUSTRIAL.<br />
revistareferencia@revistareferencia.com.br<br />
Foto: divulgação<br />
06 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br<br />
E-mails, críticas e sugestões podem ser<br />
enviados para redação ou siga:
Abrindo a porta da sua imaginação.<br />
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Pense diferente e dê asas à sua imaginação<br />
quando pensar em produção de portas.<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
BASTIDORES<br />
Rafaela Laurentino, gerente<br />
local da Wood-Mizer, e<br />
Gerson Penkal,<br />
departamento comercial<br />
da JOTA EDITORA<br />
Foto: REFERÊNCIA<br />
SERRARIAS DE PRIMEIRA CLASSE<br />
A REFERÊNCIA INDUSTRIAL esteve presente na sede da filial<br />
brasileira da Wood-Mizer, em Ivoti (RS), para registrar as serrarias<br />
de qualidade internacional da empresa.<br />
Gerson Penkal,<br />
departamento<br />
comercial da JOTA<br />
EDITORA, e Denerlei<br />
Antonioli, marketing da<br />
Guerra<br />
Foto: REFERÊNCIA<br />
PAZ NA ESTRADA<br />
Visitamos a empresa Guerra,<br />
em Caxias do Sul (RS).<br />
08 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
COLUNA<br />
Flavio C. Geraldo<br />
Arch Proteção de Madeiras - Grupo Lonza<br />
Contato: flavio.geraldo@lonza.com<br />
Foto: divulgação<br />
UÉ, CADÊ TODO MUNDO?<br />
De 400 usinas convidadas para o aniversário de 47 anos da Abpm, estiveram representadas somente 13<br />
A<br />
Abpm (Associação Brasileira de Preservadores<br />
de Madeira) completou 47 anos de existência<br />
no último dia 25 de agosto. Não são muitas<br />
as instituições representativas de setores da economia<br />
que perduram por tanto tempo. Recentemente, na sua<br />
Assembleia Geral Ordinária para a eleição e posse da<br />
sua nova diretoria, realizada em 11 de agosto, a associação<br />
inovou. Além de ter aberto o convite a todas as<br />
usinas de tratamento de madeiras do país, temperou<br />
a sua pauta com algumas apresentações voltadas ao<br />
interesse direto dessas empresas. Uma apresentação<br />
realizada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas),<br />
convidando a uma reflexão: afinal, qualidade é somente<br />
custo adicional ou representa ganhos efetivos?<br />
Além da apresentação do IPT, a Abpm atendeu a um<br />
velho sonho de consumo dos seus associados e demais<br />
empresas: por mais simples e desafiador que possa<br />
parecer, o tema abordando análises de custos para formação<br />
de preços da madeira tratada é pouco observado<br />
por muitas empresas do nosso setor. Finalmente, foram<br />
apresentados os resultados de uma pesquisa de opinião<br />
conduzida junto a todas as usinas de tratamento de<br />
madeiras do Brasil, objetivando uma análise crítica<br />
a respeito da atuação da Abpm e quais as sugestões<br />
de novos caminhos para que o setor possa entrar em<br />
uma nova dimensão de negócios. O momento é mais<br />
do que oportuno. Há claras indicações de que haverá<br />
uma gradativa recuperação da economia, inclusive com<br />
a retomada de investimentos em infraestrutura e programas<br />
sociais, incluindo os setores elétrico, ferroviário<br />
e habitacional. Para não falar do segmento da pecuária,<br />
extremamente promissor se considerarmos os novos<br />
acordos comerciais de exportação de carne bovina in<br />
natura para os EUA (Estados Unidos da América), com<br />
perspectivas de ampliações para o Canadá, México,<br />
Coreia do Sul e Japão. Tal atividade econômica reflete<br />
de forma direta e positiva no mercado de mourões de<br />
eucalipto tratado.<br />
De tudo o que foi colocado, os presentes foram<br />
provocados com a seguinte reflexão: se considerarmos<br />
os segmentos consumidores de madeira tratada – aqui<br />
representados pelos mercados de postes, dormentes,<br />
componentes da construção e madeiras para o uso<br />
rural – como seria o setor de preservação de madeiras<br />
no Brasil se a Abpm não existisse? A resposta fica com<br />
cada um, valendo apenas o registro que, sem as normas<br />
da Abnt (Associação Brasileira de Normas Técnicas),<br />
muito provavelmente não haveria espaço para esses<br />
mercados. Afinal, normas são direcionadores de qualquer<br />
mercado consumidor e vale registrar que, sem<br />
exceção, todas as normas técnicas relacionadas a produtos<br />
de madeira tratada nasceram sob o teto da Abpm.<br />
Muitas outras páginas seriam necessárias para algumas<br />
outras considerações a respeito, valendo a menção ao<br />
importante programa de autorregulamentação setorial<br />
criado com base no binômio qualidade/legalidade, o<br />
Qualitrat, através do qual uma empresa tratadora de<br />
madeiras pode diferenciar-se com a obtenção de um<br />
selo de qualidade. Aliás, o alcance dos objetivos de<br />
exportações de carnes in natura para vários países de<br />
maior grau de desenvolvimento só foi possível com as<br />
comprovações de cumprimento de exigências constantes<br />
para obtenção de selos de qualidade.<br />
Das 400 usinas de tratamento convidadas insistentemente<br />
para o evento, com convite de participação<br />
gratuita às palestras do mais alto nível, estiveram representadas<br />
somente 13 empresas. Uma participação<br />
pequena, que a despeito das importantes contribuições<br />
das empresas que estiveram presentes, o setor perde<br />
mais uma oportunidade de poder ampliar ainda mais<br />
as discussões setoriais, tão necessárias à saúde dos<br />
negócios. Ué, que pena!<br />
O setor perde mais uma oportunidade de poder ampliar<br />
ainda mais as discussões setoriais, tão necessárias à saúde<br />
dos negócios<br />
10 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
NOTAS<br />
Foto:divulgação<br />
Mais alto edifício<br />
híbrido de madeira<br />
O arquiteto japonês Shigeru Ban, vencedor do Prêmio<br />
Pritzker 2014, está projetando o edifício Terrace House em<br />
Vancouver, Canadá. O empreendimento tem sido tratado pelos<br />
desenvolvedores como a mais alta estrutura de madeira<br />
híbrida do mundo, apesar do tamanho ainda não ter sido divulgado.<br />
A primeira imagem conceitual deu a entender que<br />
será uma torre revestida de vidro com telhado inclinado e, na<br />
parte superior, uma estrutura plena de madeira, apoiada por<br />
um núcleo de concreto e aço.<br />
Shigeru Ban é conhecido por seus trabalhos anteriores<br />
com produtos alternativos como papelão, plástico e entulho.<br />
Ele utiliza esses materiais para fornecer abrigos de emergência<br />
em lugares que passaram por grandes catástrofes naturais,<br />
e o Terrace House deve ser sua primeira empreitada em<br />
grande escala.<br />
Parceria entre<br />
Senai-PR e<br />
Alemanha<br />
Estudantes da Escola Técnica de Stuttgart, na Alemanha,<br />
estiveram no Paraná em agosto para executar<br />
e apresentar um protótipo mobiliário, desenvolvido em<br />
conjunto com alunos e professores do Senai (Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem <strong>Industrial</strong>) no Paraná. Desde<br />
1999, as duas instituições têm uma parceria para o Projeto<br />
de Imóveis, no qual os estudantes precisam desenvolver<br />
o protótipo conforme uma temática pré-selecionada.<br />
Neste ano, o tema do projeto é Marcenaria Fina. Quatro<br />
alunos do Senai participam, além de dois docentes e<br />
um interlocutor. Da equipe alemã estiveram envolvidos<br />
dois professores, três designers e dois técnicos. Esta edição<br />
do evento acontece na unidade do Senai em São José<br />
dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR).<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
Famossul inaugura<br />
unidade em Sergipe<br />
Com origem na cidade de Piên (PR), a Famossul chegou ao município<br />
de Estância (SE) em agosto. Essa é a primeira unidade industrial<br />
da empresa fora do Paraná, com investimento de cerca de R$<br />
12 milhões para a fabricação de portas e componentes de madeira,<br />
gerando logo de início 60 novos postos de trabalho.<br />
A previsão é de que mais 40 vagas sejam abertas até o final do<br />
ano. Na nova planta, que soma 8 mil m² (metros quadrados) de área<br />
construída, foram instalados equipamentos nacionais e importados<br />
de alta tecnologia, todos visando o trabalho de qualidade e seguindo<br />
os padrões de segurança do mercado.<br />
12 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
Foto: divulgação<br />
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
NOTAS<br />
Encontro do<br />
Congresso Moveleiro<br />
Novo tipo de<br />
chapa para<br />
móveis<br />
A Eucatex apresentou no segundo semestre<br />
a sua nova chapa para fundos de móveis, a HPP<br />
Eucatex BP. O lançamento é uma inovação voltada<br />
para gavetas, tamburatos e revestimentos de<br />
paredes. Pode ser também utilizado na fabricação<br />
de móveis residenciais, comerciais e corporativos.<br />
O substrato HPP é produzido com madeira<br />
proveniente de florestas com certificado FSC (Forest<br />
Stewardship Council), apresentando menor<br />
absorção de umidade, mais estabilidade e maior<br />
resistência na montagem e desmontagem, o que<br />
permite performance de qualidade e fabricação<br />
eficaz.<br />
Uma das novidades da VII edição do Congresso Nacional<br />
Moveleiro será o Encontro de Negócios promovido pela Fiep<br />
(Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O evento<br />
acontece nos dias 14 e 15 de setembro, em Curitiba (PR). O<br />
Congresso deste ano propõe repensar as formas das empresas<br />
de atuar no mercado. O objetivo da atividade, inserida na<br />
programação do evento principal, é agilizar o fechamento de<br />
negócios com baixo custo para vendedores, que evitam gastos<br />
elevados com viagens ao exterior. Participam empresas<br />
de perfis variados, com grande participação de empresas iniciantes<br />
no mercado, que pretendem dar os primeiros passos<br />
no mercado global.<br />
Foto: divulgação<br />
Foto: divulgação<br />
Incentivo à exportação<br />
moveleira no Norte<br />
O Ministério da Indústria e Comércio Exterior lançou em agosto<br />
dois novos programas no Acre e Rondônia: o Pnce (Plano Nacional<br />
da Cultura Exportadora) e o Brasil Mais Produtivo. “A indústria é um<br />
dos principais motores do desenvolvimento e deve manter o seu<br />
papel de protagonismo na recuperação do Brasil”, disse o ministro<br />
Marcos Pereira, durante o lançamento dos programas.<br />
O Pnce tem o objetivo de aumentar o número de empresas que<br />
operam no comércio exterior e, consequentemente, aumentar as<br />
exportações de produtos e serviços. Em Rondônia, a partir do critério<br />
de priorização de impacto local, foram feitos estudos técnicos<br />
que definiram duas aglomerações do setor moveleiro como focos<br />
para as consultorias: o Arranjo Produtivo Local de Madeira e Móveis<br />
de Ariquemes e o APL de Madeira e Móveis de Ji-Paraná.<br />
14 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
CALDEIRAS<br />
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Gerando energia para o mundo.<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
NOTAS<br />
Prospecção<br />
africana<br />
Em parceria com a Apex (Agências Brasileira de<br />
Promoção de Exportações e Investimentos), o Sindmóveis<br />
realizou uma missão prospectiva à África do<br />
Sul, visando ampliar oportunidades no mercado de<br />
exportações moveleiras. Vale ressaltar a importância<br />
da visita: o país é o segundo maior valor em produção<br />
do setor no continente, atrás apenas do Egito, com<br />
geração de US$ 1,5 bilhão em 2015. A missão passou<br />
por Johannesburgo, Cidade do Cabo e municípios da<br />
região.<br />
Foto: divulgação<br />
Estudo inédito<br />
de planejamento<br />
madeireiro<br />
As equipes do CAV (Centro de Ciências Agroveterinárias)<br />
e o Sindimadeira (Sindicato das Indústrias de<br />
Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Lages) realizarão<br />
no segundo semestre um inventário inédito de todas as<br />
florestas plantadas na Serra Catarinense. A Fiepe (Fundação<br />
Instituto de Apoio ao Ensino Pesquisa e Extensão) e o<br />
sindicato firmaram convênio de cooperação técnica com<br />
o objetivo de apresentar um relatório sobre a área total de<br />
florestas comerciais na região serrana, denominado como<br />
Distribuição Espacial das Florestas Plantadas na Região<br />
Serrana de Santa Catarina.<br />
A ideia da Fiepe é acelerar o processo desse tipo de<br />
pesquisa na região. Os professores Marcos Bendito Schimalski<br />
e Veraldo Lisenberg foram designados para coordenar<br />
o estudo.<br />
Foto: divulgacão<br />
Inmes lança<br />
esquadrejadeira<br />
Com design inovador e custo acessível, a esquadrejadeira FF-300<br />
da Inmes chegou ao mercado no segundo semestre, permitindo mais<br />
qualidade e produtividade aos usuários. A máquina tem um moderno<br />
sistema de regulagem do riscador, com uma mesa móvel de 2800 mm<br />
(milímetros) de comprimento e 360 mm de largura, toda em alumínio de<br />
alta qualidade. É garantida a maior flexibilidade de corte, reto ou em ângulo, com alta produtividade e qualidade. A seccionadora<br />
IM-2900 V45 também tem o corte mais rápido da categoria, com velocidade de 45 m/min (metros por minuto).<br />
Foto: divulgacão<br />
16 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
50 ANOS DE EXPERIÊNCIA<br />
NA INDÚSTRIA MADEIREIRA<br />
www.indumec.com.br<br />
Sistemas Especiais<br />
de Manuseio<br />
• Mesas elevadoras<br />
• Manipulação<br />
• Soluções customizadas<br />
Linhas de Acabamento<br />
para Painéis de Madeira<br />
• Resfriamento de chapas<br />
• Manipulação<br />
• Lixamento<br />
• Armazenamento<br />
Preparação de<br />
Partículas & Reciclagem<br />
• Pátios de toras<br />
• Sistemas de alimentação<br />
• Linhas de picagem<br />
Tecnologia de Secagem<br />
• Secadores de lâminas de madeira<br />
• Secadores Industriais<br />
Tecnologia de Prensagem<br />
• Prensas para linha de revestimento<br />
• Prensas para linha de portas<br />
• Prensas para indústria de madeira<br />
• Prensas de ciclo curto<br />
• Prensas industriais<br />
Madeira Sólida<br />
• Indústria de Serrarias<br />
• Linhas de Remanufatura<br />
Rua General Potiguara, 1115 | CIC | Curitiba | PR | Brasil | CEP 81050-500<br />
Fone +55 41 3347 2412 | +55 41 3347 4545 | indumec@indumec.com.br
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
NOTAS<br />
Foto:divulgação<br />
Construção<br />
sustentável<br />
A WWF (World Wide Fund for Nature) Brasil lançou durante<br />
o evento GBC (Greenbuilding Brasil Conferência) o primeiro<br />
vídeo, de uma série de cinco produções, que irá abordar o<br />
uso da madeira na construção civil. Com pouco mais de dois<br />
minutos, a animação voltada ao público não especializado<br />
enumera as razões pelas quais construir com madeira é mais<br />
vantajoso para construtoras, incorporadoras e empreiteiras.<br />
Vale lembrar que o setor é responsável por cerca de 47%<br />
da emissão de gases de efeitos estufa do mundo, por isso<br />
medidas para diminuir esse índice são urgentes. Os próximos<br />
vídeos irão abordar questões como manutenção da madeira,<br />
o que é manejo de florestas, viabilidade econômica e a possibilidade<br />
do uso da madeira em grandes obras.<br />
Especialização<br />
gratuita em móveis<br />
O Sebrae (SP) está com 240 vagas abertas para quem<br />
quer se capacitar para trabalhar por conta própria no setor<br />
de madeira e mobiliário. Os cursos de formação inicial<br />
em estofador de móveis e pintor de móveis são gratuitos<br />
e estão disponíveis em todo o Estado de São Paulo,<br />
dentro do Super MEI (Microempreendedor Individual),<br />
programa recém-lançado pelo Sebrae (SP) voltado à<br />
qualificação do MEI.<br />
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de capacitação em 18 áreas de atuação como beleza,<br />
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entre outros. As inscrições para o Super MEI podem ser<br />
realizadas pelo site www.supermei.sebraesp.com.br.<br />
Foto: divulgação<br />
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A indústria de móveis e materiais ganhou um novo<br />
banco de dados importante: acesso a conhecimentos detalhados<br />
sobre aplicações, serviços técnicos e inovações da<br />
Henkel para colagem de madeira. As informações estão disponíveis<br />
em dez idiomas, incluindo português, no site oficial<br />
da empresa, que pode ser acessado tanto de computadores,<br />
como tablets e smartphones.<br />
O novo site de suporte técnico também inclui um recurso<br />
chamado: Casa Interativa da Henkel; que é uma ilustração<br />
demonstrando aplicações mais comuns. Além disso, o website<br />
permite contatar diretamente o time de especialistas<br />
em adesivos para discutir as aplicações mais específicas.<br />
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uma decoração diferenciada para as salas<br />
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criado por designers especializados que<br />
buscaram unir a beleza nas formas, curvas e cores<br />
do estilo vitoriano em um único móvel. Como matéria-prima,<br />
a madeira de reflorestamento e MDF<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ALTA E BAIXA<br />
ALTA<br />
PRIMEIRO SUPERÁVIT DO SETOR<br />
MOVELEIRO EM <strong>2016</strong><br />
As vendas no comércio varejista de móveis aumentaram 7,7% em volume de peças e 7,6% nas<br />
receitas no mês de maio, feito inédito este ano e que reafirma os sinais de reaquecimento da<br />
indústria. Em relação à balança comercial da indústria de móveis, as exportações brasileiras<br />
foram de US$ 284 milhões no primeiro semestre de <strong>2016</strong>. Já as importações somaram US$ 278,6<br />
milhões no semestre. Com estes resultados a balança comercial do setor moveleiro registrou<br />
superávit de US$ 5,4 millhões no ano de <strong>2016</strong>, até este período.<br />
VENDAS DA INDÚSTRIA CRESCEM 2%<br />
O faturamento industrial voltou a crescer em junho, depois de três meses de queda. Na comparação com maio deste<br />
ano, as fábricas brasileiras aumentaram sua produção em 2%, em dados divulgados pela CNI (Confederação Nacional da<br />
Indústria). "Mesmo sem indicar reversão do ciclo recessivo, os dados mais diretamente ligados à produção registraram<br />
crescimento na comparação com o mês anterior nas séries dessazonalizadas", avaliou a CNI.<br />
POLO MOVELEIRO DE BH LIQUIDA ESTOQUES<br />
Mais de 200 lojas do polo moveleiro da Avenida Silviano Brandão, no Bairro da Floresta, em Belo Horizonte, estão realizando<br />
um megaliquidação com descontos de até 50% dos preços em toda a linha de móveis e complementos, com a<br />
finalidade de manter a saúde financeira dos negócios. A ideia é aumentar o faturamento em mais de 70%, uma vez que<br />
a queda nas vendas do comércio ao longo da avenida está estimada em 40% para este ano.<br />
BAIXA<br />
GRUPO ROMERA DEMITE 500<br />
FUNCIONÁRIOS<br />
A presidente do grupo Romera de Arapongas (PR), Anunciata Luiza Menegon Romera lamentou<br />
o corte de mais de 500 colaboradores, ocorrido no mês passado. Segundo ela, esse é o primeiro<br />
corte significativo da história da empresa, especialista na produção de móveis, e foi necessário<br />
para salvar outros 3 mil empregos, em jogo devido à recessão econômica.<br />
22 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
FRASES<br />
Nos últimos dois anos, a indústria perdeu<br />
quase um milhão de vagas no mercado de<br />
trabalho. Nesse cenário que a economia<br />
começa a dar sinais de recuperação, o<br />
comércio exterior é o refúgio<br />
Foto: Agência Brasil<br />
Marcos Pereira, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,<br />
falando sobre a inauguração de dois programas de incentivo à<br />
exportação moveleira no Acre e Rondônia<br />
Infelizmente, a crise está aí e todos nós sabemos. Como<br />
consequência, tivemos que dispensar 500 colaboradores para<br />
salvar o emprego de 3 mil<br />
Tatá Romera, presidente do Grupo Romera, do polo moveleiro de Arapongas (PR), sobre o corte de<br />
funcionários ocorrido em agosto<br />
O setor ficou muito viciado e acostumado aos grandes<br />
empreendimentos. Ainda que tenha dado sinais de esgotamento, a<br />
administração pública não foi ativa para apoiar a micro e pequena<br />
empresa, apostando apenas nas grandes. Isso é fruto da falta de<br />
políticas de desenvolvimento<br />
Arlindo Villaschi Filho, economista e professor da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), sobre o<br />
Espírito Santo ter a maior queda na produção industrial entre os 15 maiores Estados do Brasil<br />
Não podemos perder de vista que o<br />
nosso setor é considerado como segmento<br />
estratégico, pelo seu papel no processo<br />
de expansão e modernização de todos os<br />
segmentos produtivos da economia<br />
Foto: divulgação<br />
João Carlos Marchesan, presidente da Abimaq (Associação<br />
Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), em<br />
comunicado oficial<br />
24 |<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ENTREVISTA<br />
IRINEU<br />
MUNHOZ<br />
FORMAÇÃO PROFISSIONAL<br />
EDUCATION:<br />
Bacharel em Agronomia pela Escola Superior de Agronomia<br />
de Paraguaçu Paulista<br />
Agronomy, Superior School of Agronomy Paraguaçu Paulista<br />
Foto: divulgação<br />
CARGO<br />
PROFESSION:<br />
Presidente do Sima (Sindicato das Indústrias de Móveis de<br />
Arapongas) e diretor da Caemmun Movelaria<br />
President of Arapongas Class Association of Furniture<br />
Manufacturers (Sima) and Director of Caemmun Movelaria<br />
Prova de fogo<br />
Fire proof<br />
S<br />
er diretor de um sindicato moveleiro em tempos<br />
de crise é tarefa difícil, maior ainda se se tratar do<br />
segundo maior polo do Brasil. Para o presidente<br />
do Sima (Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas),<br />
Irineu Munhoz, apesar dos números negativos – foram mais<br />
de 2 mil demissões desde 2015 – a expectativa é que <strong>2016</strong><br />
seja um ano em que a estabilidade seja retomada, para no<br />
ano seguinte haver crescimento nas vendas. Leia a seguir<br />
a entrevista e saiba os projetos do Sima para o segundo<br />
semestre.<br />
B<br />
eing a Director of a furniture class association in<br />
times of crisis is difficult, even if it is the second largest<br />
furniture manufacturing center in Brazil. For<br />
Irineu Munhoz, President of the Arapongas Class Association<br />
of Furniture Manufacturers (Sima), despite the negative<br />
numbers – more than 2000 layoffs since 2015 – the expectations<br />
for <strong>2016</strong> is for a year when stability will be resumed,<br />
leading next year to be one of growth in sales. Read the interview<br />
below and find out a little about the Sima projects for<br />
the second half.<br />
26 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
O ano de 2015 foi o primeiro, desde 2000, em que o<br />
faturamento do Sima diminuiu em relação ao período<br />
anterior. O que esperar deste ano?<br />
Temos expectativas de finalizar o ano com certa estabilidade<br />
em relação a 2015, pois já sentimos alguns sinais<br />
de melhora na confiança dos clientes para os próximos<br />
meses. Acreditamos que o pior momento da crise já passou.<br />
O polo moveleiro de Arapongas é o segundo maior<br />
do país. Qual o significado de um local tão influente para<br />
a economia moveleira ter perdido quatro indústrias no<br />
último semestre, e três terem entrado em recuperação<br />
judicial?<br />
A crise econômica é geral e está influenciando os negócios<br />
em todas as regiões e segmentos, em alguns segmentos<br />
com maior ou menor intensidade. É absolutamente<br />
normal que algumas empresas enfrentem dificuldades,<br />
esteja onde estiver. Esse evento não é privilégio do polo<br />
de Arapongas: ele é nacional. O mais importante é saber<br />
que todas as empresas do nosso polo moveleiro não têm<br />
medido esforços para atravessar essa turbulência e, acredito,<br />
vamos retomar em breve o caminho do crescimento.<br />
Arapongas é responsável pela geração de mais de<br />
10 mil empregos diretos dentro do setor. O que pode<br />
ser feito para impedir o fechamento de mais postos de<br />
trabalho, em curto prazo?<br />
O que se pode fazer é o que tem sido feito pelas empresas<br />
do polo, ou seja: a adequação do volume de produção<br />
em relação aos novos patamares de venda, a redução de<br />
custos de toda natureza e a busca por novos mercados.<br />
Polos como os de Belo Horizonte (MG) e Bento<br />
Gonçalves (RS) têm tentado reanimar o mercado com<br />
liquidações de imóveis, muitas vezes com até 50% de<br />
desconto. Arapongas pretende seguir esse caminho?<br />
É natural que em momentos de crise surjam muitas<br />
promoções, para incentivar a compra pelos lojistas. Estamos<br />
mais focados na redução de custos, na adequação<br />
do volume de produção e na abertura de novos mercados.<br />
Nossas empresas são enxutas e estão trabalhando com<br />
margens achatadas devido às atuais circunstâncias. Além<br />
disso, vivemos um momento em que os custos estão aumentando,<br />
achatando ainda mais as margens. O que não<br />
condiz com descontos, pois na realidade as empresas estão<br />
com necessidade de aumentar os preços para recompor<br />
suas margens a níveis saudáveis.<br />
Só em 2015, Arapongas perdeu 20% da sua mão<br />
de obra moveleira, cerca de 1.900 trabalhadores. Em<br />
uma cidade deste tamanho, isto acaba afetando outros<br />
setores da economia, como mercados, shoppings e<br />
farmácias. Acredita que deveria haver uma cooperação<br />
da prefeitura do município e, quem sabe, até mesmo do<br />
Estado na recuperação do polo?<br />
Toda ajuda é importante neste momento de desafios<br />
que estamos enfrentando. Mas temos que lembrar que<br />
2015 was the first year since 2000, when Sima sales<br />
revenue declined when compared to the previous period.<br />
What is expected for this year?<br />
We have expectations to end the year with a certain stability<br />
in relation to 2015, because we feel that there some<br />
signs of improvement in consumer confidence over the next<br />
few months. We believe that the worst moment of the crisis<br />
has passed.<br />
The Arapongas furniture manufacturing center is the<br />
second largest in the Country. What is the significance of<br />
such an influential center to the furniture economy having<br />
lost four producers in the last six months, with three<br />
having declared bankruptcy?<br />
The economic crisis is overall and is influencing business<br />
in all regions and segments, in some segments with greater<br />
or lesser intensity. It is absolutely normal that some companies<br />
face difficulties, wherever they are. This has not happened<br />
just in Arapongas: it is national. The most important<br />
thing is that all the companies of our furniture producing center<br />
have not economized their efforts on getting through this<br />
turbulence, an, I believe, we will soon resume on the path of<br />
growth.<br />
Nossas empresas<br />
são enxutas e estão<br />
trabalhando com<br />
margens achatadas<br />
devido às atuais<br />
circunstâncias.<br />
Além disso, vivemos<br />
um momento em<br />
que os custos<br />
estão aumentando,<br />
achatando ainda mais<br />
as margens<br />
SETEMBRO | 27
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ENTREVISTA<br />
os resultados de algumas ações de apoio público só são<br />
sentidos em médio prazo. As empresas estão juntando<br />
seus esforços fazendo o dever de casa, para não depender<br />
somente dessa ajuda e alcançar resultados mais rápidos.<br />
Quais as expectativas em relação ao Congresso<br />
Moveleiro? Acredita que o segundo semestre é uma<br />
oportunidade de gerar mais negócios que o primeiro?<br />
O Congresso Moveleiro, em sua 7ª edição, já é certamente<br />
um dos principais eventos do ano para o segmento,<br />
sempre abordando assuntos e discussões atuais para a<br />
realidade dos negócios. Nesta edição trará eventos importantes<br />
para a cadeia moveleira, como um todo. O segundo<br />
semestre do ano costuma ser melhor que o primeiro,<br />
principalmente devido ao calendário de campanhas do<br />
varejo como black friday, Natal, pagamento do 13º salário.<br />
Acreditamos, sim, em uma melhora substancial.<br />
Como o Sima tem visto as feiras que ocorreram<br />
este ano, como a Formóbile, que reduziu seu tamanho,<br />
porém o consenso geral foi de um certo otimismo para<br />
os próximos meses?<br />
O segmento de feiras, como todos os outros, sentiu<br />
o impacto da crise. Mesmo com formato um pouco mais<br />
reduzido, as feiras de móveis e as de fornecedores têm trazido<br />
bons resultados e expectativas positivas ao mercado.<br />
Dentro de um contexto de recessão acentuada,<br />
muito se fala em corte de gastos. Em vez de demitir<br />
funcionários, o que pode ser feito dentro das empresas<br />
para evitar um quadro maior de desemprego na cidade?<br />
Desde o ano passado, as empresas do polo fizeram<br />
um grande esforço na redução de seus custos e despesas,<br />
Já sentimos alguns<br />
sinais de melhora na<br />
confiança dos clientes<br />
para os próximos<br />
meses, acreditamos que<br />
o pior momento da crise<br />
já passou<br />
Arapongas is responsible for generating more than 10<br />
thousand direct jobs within the Sector. What can be done<br />
to prevent the laying off of more jobs in the short term?<br />
All that can be done is to continue what is being done by<br />
the companies in the manufacturing center, i.e.: set production<br />
volume levels in relation to the new sales volume levels,<br />
reduce all costs wherever possible, and search out new markets.<br />
Manufacturing centers such as those in Belo Horizonte<br />
(MG) and Bento Gonçalves (RS) have been trying to<br />
survive the market downturn with the sale of furniture<br />
items, often at a discount of up to 50%. Do Arapongas<br />
producers intend to follow this path?<br />
It is natural that in times of crisis many promotions arise<br />
to encourage buying by retailers. We're more focused on<br />
cost reduction, setting appropriate production levels and the<br />
opening up of new markets. Our companies are lean and are<br />
working with lower margins due to current circumstances. In<br />
addition, we live at a time when costs are rising, decreasing<br />
margins even more. Discounts are not in the wind; in fact,<br />
businesses need to raise prices to recover their margins and<br />
return them to healthier levels.<br />
Just in 2015, Arapongas laid off 20% of its furniture<br />
making workforce, about 1,900 workers. In a Municipality<br />
of this size, this ends up affecting other sectors of<br />
the economy, such as super markets, shopping malls and<br />
pharmacies. Do you believe that the Municipality or, who<br />
knows, even the State should cooperate in the recovery of<br />
the manufacturing center?<br />
All help is important in this time of the challenges that<br />
we are facing. But we have to remember that the results of<br />
any public support action are felt only over the medium term.<br />
Companies are coming together in their efforts doing their<br />
homework, and do not depend on only the above type of help<br />
to achieve faster results.<br />
What are the expectations in relation to the National<br />
Furniture Manufacturers Congress (Congresso Nacional<br />
Moveleiro)? Do you believe that the second half of the<br />
year is an opportunity to generate more business than in<br />
the first?<br />
The National Furniture Manufacturers Congress is in its<br />
7th year, and is certainly one of the main events of the year<br />
for the segment, always focusing on current issues and discussion<br />
of the reality of the business. This year the Congress<br />
will have important events for the furniture chain as a whole.<br />
The second half of the year tends to be better than the first,<br />
mainly due to the timing of retail campaigns (Black Friday,<br />
Christmas, and 13th month salary). Yes, we believe that there<br />
will be a substantial improvement.<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ENTREVISTA<br />
incluindo a redução do quadro de pessoal. A adequação do<br />
volume de produção à demanda é um dos principais pontos<br />
trabalhados em <strong>2016</strong>, otimizando os custos dos estoques.<br />
E todas as empresas estão buscando novos mercados, seja<br />
interno ou com foco na exportação.<br />
A falta de incentivos fiscais e a alta carga tributária<br />
são a reclamação da maioria das empresas que passam<br />
por dificuldades no atual momento. Com o governo<br />
atual cortando gastos onde pode, acredita que o setor<br />
industrial será olhado com bons olhos em 2017?<br />
Não há como retomar o crescimento do país sem estimular<br />
a produção industrial e o consumo, nos próximos<br />
anos. Mesmo assim, somos um dos países com a maior<br />
carga tributária do mundo e sofremos constantes ameaças<br />
de novos tributos ou a majoração dos existentes. O<br />
setor industrial, na maior parte das vezes, é quem paga<br />
a conta da ineficiência pública. Precisamos de um plano<br />
de crescimento para os próximos anos, que seja levado a<br />
sério e respeitado.<br />
Quais as ações do polo de Arapongas para ficar por<br />
dentro das tendências mundiais? Existe algum tipo de<br />
excursão de profissionais para feiras internacionais?<br />
Hoje em dia, as tendências e novas tecnologias chegam<br />
muito rápido ao mercado brasileiro. Por isso, as feiras nacionais<br />
têm sido uma fonte importante de conhecimento<br />
e atualização para as empresas. Mesmo assim, o Sima<br />
também estimula a participação das empresas em feiras<br />
internacionais, orientando os seus associados que desejam<br />
participar desses eventos, e também promovendo<br />
caravanas.<br />
Não há como<br />
retomar o<br />
crescimento do país<br />
sem estimular a<br />
produção industrial<br />
e o consumo nos<br />
próximos anos<br />
How does Sima see the trade fairs that occurred this<br />
year, such as Formóbile, which was reduced in size, but<br />
the general consensus was of a certain optimism for the<br />
coming months?<br />
The trade fair segment, like all others, has felt the impact<br />
of the crisis. Even in a bit smaller format, furniture and supplier<br />
trade fairs have seen good results with positive expectations<br />
for the market.<br />
Within the context of a sharp recession, much is said<br />
about cutting costs. Rather than lay off employees, what<br />
can be done within companies to avoid a larger unemployment<br />
picture in the Municipality?<br />
Starting last year, companies in the manufacturing center<br />
have made a great effort to reduce their costs and expenses,<br />
including payroll reductions. Setting appropriate production<br />
volume levels as to demand is one of the main points in<br />
<strong>2016</strong>, leading to optimized inventory costs. And every company<br />
is seeking out new markets, whether domestic or with<br />
a focus on exporting.<br />
The lack of tax incentives and the high tax burden are<br />
the complaint of most companies that are going through<br />
difficulties at the current time. With the current Government<br />
cutting spending where they can, do you believe<br />
that the <strong>Industrial</strong> Sector will be looked at favorably in<br />
2017?<br />
No, there's no way for the Country to return to economic<br />
growth without stimulating industrial production and consumption<br />
in the coming years. Still, we are one of the countries<br />
with the highest tax burden in the world and suffer the<br />
constant threat of new taxes or increases in existing ones.<br />
The <strong>Industrial</strong> Sector, for the most part, is who is paying for<br />
public inefficiency. We need a growth plan for the next few<br />
years that is taken seriously and respected.<br />
What actions are being taken by the Arapongas manufacturing<br />
center to stay on top of world trends? Are you<br />
organizing some sort of trade missions to attend international<br />
fairs?<br />
Nowadays, the trends and new technologies arrive very<br />
quickly in Brazil. Therefore, national fairs have been an important<br />
source of knowledge and updating for businesses.<br />
Even so, Sima also stimulates the participation of companies<br />
in international fairs, helping its members wishing to attend<br />
these events, and also promoting trade missions.<br />
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COLUNA ABIMCI<br />
Paulo Pupo<br />
Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de<br />
Madeira Processada Mecanicamente<br />
Contato: abimci@abimci.com.br<br />
Foto: divulgação<br />
MADEIRA: A NOVA PROTAGONISTA DA CONSTRUÇÃO<br />
O setor precisa fazer parte das soluções práticas que o país busca para o déficit habitacional<br />
A<br />
indústria da madeira processada tem pela frente<br />
uma das oportunidades mais contundentes<br />
para transformar a maneira como se consome<br />
essa matéria-prima no mercado interno e o consequente<br />
e necessário aumento do consumo per capita no país.<br />
Estamos diante de uma nova oportunidade real, que<br />
caminha a passos largos na indústria da construção civil:<br />
o uso da madeira como fonte primordial no sistema<br />
wood frame.<br />
São muitas as frentes de trabalho, entidades, empresas<br />
e instituições engajadas nesse importante movimento<br />
de transformar a forma como se constrói no Brasil.<br />
Inovar os modelos tradicionais utilizados na construção<br />
civil no Brasil para um método industrializado, consolidado<br />
nos principais países de primeiro mundo, promete ser<br />
um divisor de águas no que diz respeito à qualidade das<br />
habitações, ao conforto térmico e acústico, à sustentabilidade<br />
com menor geração de resíduos e utilização de<br />
um material proveniente de uma fonte renovável. Mas<br />
o que deve estar no radar dos industriais madeireiros é o<br />
potencial de mercado que essa oportunidade pode gerar.<br />
Com um déficit habitacional que ultrapassa os 5,7<br />
milhões de residências, segundo dados do Ibge (Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística), o país precisa, além<br />
de vontade política, de soluções práticas. Soluções, essas,<br />
que certamente partirão da iniciativa privada e das quais<br />
o setor de madeira precisa fazer parte.<br />
A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira<br />
Processada Mecanicamente), por exemplo, está<br />
atenta a tudo isso e fazendo a sua parte. A entidade tem<br />
atuado fortemente com ações institucionais, de promoção<br />
comercial e técnicas. São muitos os momentos nos<br />
quais podemos participar de eventos levando os dados<br />
do setor, apresentando as vantagens competitivas dos<br />
produtos brasileiros, as conquistas alcançadas pelas empresas<br />
por meio da melhoria da qualidade e do trabalho<br />
do Pnqm (Programa Nacional de Qualidade da Madeira),<br />
além de todo o debate e da atuação da entidade para<br />
o desenvolvimento e atualização das normas técnicas.<br />
Um dos destaques recentes está no trabalho que vem<br />
sendo realizado na coordenação do Grupo de Trabalho<br />
da Comissão de Estudos da Abnt (Associação Brasileira<br />
de Normas Técnicas) para a construção da norma do<br />
wood frame.<br />
Todo esse envolvimento árduo, que exige articulação<br />
política e institucional, presença em encontros e reuniões,<br />
atualização técnica, desenvolvimento de conteúdos<br />
e monitoramento das principais discussões nacionais,<br />
tem alguns objetivos: defender os interesses dos associados<br />
e, acima de tudo, garantir a sustentabilidade<br />
dos negócios das empresas. Um setor que tem a chance<br />
de se reinventar e oferecer soluções mais inovadoras e<br />
adequadas aos novos tempos precisa estar unido e se<br />
preparar para todo esse movimento de transformação.<br />
Em recente evento no Paraná, presenciamos in loco<br />
a construção do primeiro edifício em madeira no Brasil,<br />
no sistema wood frame, com três pavimentos, em apenas<br />
poucos dias de trabalho no canteiro de obras. E isso não<br />
é simples de ser conseguido!<br />
São ações focadas dentro do conceito de construção<br />
industrializada, com boa escala, com tecnologia avançada<br />
e produtos certificados, dando as garantias que o<br />
mercado exige, que o déficit habitacional do Brasil será<br />
minimizado. E os produtos de madeira certamente serão<br />
os protagonistas deste futuro, que já está bem mais perto<br />
do que muitos imaginam.<br />
Os produtos de madeira certamente serão os<br />
protagonistas deste futuro, que já está bem mais perto do<br />
que muitos imaginam<br />
32 |<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
PRINCIPAL<br />
O MARCENEIRO SE<br />
MODERNIZOU<br />
CURSOS DE MARCENARIA<br />
SE REINVENTAM PARA<br />
ATENDER ÀS DEMANDAS<br />
DE UM MERCADO<br />
CONSUMIDOR CADA VEZ<br />
MAIS ECLÉTICO; SAIBA<br />
O QUE AS PRINCIPAIS<br />
ESCOLAS DO SETOR<br />
OFERECEM NOS DIAS<br />
ATUAIS<br />
Fotos: REFERÊNCIA<br />
Foto: Valterci Santos<br />
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WOODWORKING MODERNIZES<br />
TWOODWORKING COURSES ARE BEING<br />
REMODELED TO MEET THE DEMANDS OF AN<br />
INCREASINGLY ECLECTIC CONSUMER MARKET;<br />
LEARN WHAT THE MAJOR SECTOR SCHOOLS<br />
OFFER IN THE PRESENT DAY<br />
SETEMBRO | 35
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
PRINCIPAL<br />
Riverson Tobias, do Senai-PR,<br />
trabalha de acordo com as<br />
demandas industriais. “As<br />
necessidades da indústria<br />
são um reflexo daquilo que o<br />
consumidor quer”<br />
seguro dizer que há pelo menos três mil anos existe<br />
uma cultura de respeito às técnicas da marcenaria,<br />
É<br />
uma das profissões mais antigas da história e que,<br />
impressionantemente, atravessou todo esse período sem<br />
nenhum momento em que não fosse crucial para o desenvolvimento<br />
da sociedade. Mais do que isso, jamais permaneceu<br />
estagnada e continua a evoluir no Brasil, de acordo com as<br />
necessidades de um mercado cada vez mais eclético. Por isso<br />
os meios para a especialização desses profissionais estão<br />
aumentando, são cursos, escolas e até aulas particulares,<br />
todos embasadas em tendências de mercado e na marcenaria<br />
contemporânea.<br />
Um dos primeiros filósofos da antiguidade, o chinês<br />
Mozi acreditava que o trabalho feito à mão criava disciplina<br />
tamanha que os homens que dispusessem dessa habilidade<br />
seriam os mais aptos a assumir cargos de chefes de Estado,<br />
justamente por seu esmero no ofício. Tal ideia ainda permanece<br />
em ações realizadas por indústrias e polos moveleiros<br />
do Brasil, que em muitos casos fazem parcerias com escolas<br />
para produzir marceneiros aptos a atender suas demandas.<br />
Anteriormente vistos como de segunda mão, os cursos<br />
técnicos ganharam mais espaço nos últimos anos e hoje<br />
são vistos de tanta importância para o mercado de trabalho<br />
quanto uma graduação. Em nossa reportagem, trazemos<br />
a visão dos coordenadores de alguns dos principais cursos<br />
da região sul e sudeste do país, com suas previsões para o<br />
mercado marceneiro.<br />
t is safe to say that for at least three thousand years<br />
there has been a culture of respecting woodworking<br />
I<br />
techniques, one of the oldest professions in history and<br />
that, amazingly, went through all this period when at no time<br />
it was not crucial to the development of society. More than<br />
that, in Brazil, it has never remained static and continues<br />
to evolve according to the needs of an increasingly eclectic<br />
market. Thus ways for specialization of these professionals<br />
are increasing; there are courses, schools and even private<br />
lessons, all based on market trends and contemporary<br />
woodworking.<br />
One of the first philosophers from antiquity, the Chinese<br />
philosopher Mozi believed that work done by hand creates<br />
discipline, such that men who have that ability would be the<br />
most apt to assume positions of Head of State due to their attention<br />
to their craft. This idea still remains behind the actions<br />
being carried out in Brazil's furniture industry and manufacturing<br />
centers, which in many cases have created partnerships<br />
with schools to produce woodworkers and furniture makers<br />
qualified to meet their demands. Previously seen as “second<br />
hand”, these technical courses have gained more space in<br />
recent years, and today, are even being seen as important for<br />
the labor market as well as producing graduates In our story,<br />
we show the vision of the coordinators of several of the major<br />
courses in the South and Southeast of the Country, with their<br />
predictions for the furniture making market.<br />
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TENDÊNCIAS NAS ESCOLAS DE MARCENARIA<br />
Influente entre os designers e marceneiros paulistanos, a<br />
escola OficinaLab surgiu na Barra Funda como resultado da<br />
antiga escola LabMob.<br />
O espaço se estruturou no sentido de ensinar arquitetos<br />
e designers da cidade a projetar e produzir o próprio móvel,<br />
além de entender o processo de produção do mobiliário.<br />
“Hoje o mercado de produção de mobiliário se especializou<br />
na produção seriada e móveis de MDF. O preço deste tipo<br />
de produção acabou por utilizar uma mão de obra menos<br />
qualificada, preços baixos e baixa qualidade de mobiliário<br />
ou produção autoral de qualidade e preço proibitivo”, conta<br />
Alex Uzueli, proprietário da escola, que acredita que as novas<br />
tendências surgiram justamente deste contexto. “Acredito<br />
que nossa demanda nasce exatamente deste processo estar<br />
sendo questionado. Percebemos que há espaço para inovação,<br />
mas um primeiro passo seria ter no Brasil o que já existe fora,<br />
já que tanto materiais quanto ferramentas de alta qualidade<br />
são escassos por aqui.”<br />
A OficinaLab foca seus processos de formação de marceneiros<br />
que tenham domínios no uso de máquinas CNC (comando<br />
numérico computadorizado), impressão 3D e corte a<br />
laser. Também busca criar uma cultura de maior conhecimento<br />
de materiais e processos da marcenaria, de forma que haja<br />
uso mais racional e ao mesmo tempo amplo de madeiras de<br />
reflorestamento ou manejo de áreas nativas. “Temos diversos<br />
cursos, mas o que mais atrai público é o curso de projeto<br />
e construção”, conta Alex. “Este curso tem foco em design<br />
associado ao aprendizado de boa técnica de marcenaria.<br />
Há diversos outros cursos, como workshop de técnicas para<br />
construção de pequenos barcos, poltrona, bancos, mesas,<br />
horta residencial, entalhe e móveis de designers clássicos,<br />
entre outros. Porém, um bom marceneiro não se faz apenas<br />
TRENDS IN FURNITURE MAKING SCHOOLS<br />
Influential amongst furniture designers and makers<br />
from the State of São Paulo, OficinaLab, a school established<br />
in Barra Funda, emerged as a result of the old LabMob<br />
School. The space is structured in order to teach architects<br />
and designers from the area to design and manufacture the<br />
furniture itself, as well as to understand the furniture production<br />
process. “Today, the furniture manufacturing market<br />
specializes in prebuilt and MDF furniture, where the price of<br />
this type of production is more accessible by using less-skilled<br />
manpower and due to low furniture quality, or in authorial<br />
quality production with its exorbitantly high prices,” says Alex<br />
Uzueli, Owner of the School, who believes that our demand<br />
has emerged due to this trend. “I believe that our demand<br />
was born exactly because this process is being questioned.<br />
We realize that there is room for innovation, but a first step<br />
would be to have in Brazil what already exists abroad, in<br />
both high quality materials and tools, which are scarce here.”<br />
OficinaLab focuses on the furniture maker training process<br />
for using Computer Numerical Control (CNC), 3D printing<br />
and laser cutting. It also seeks to create a culture of better<br />
knowledge of woodworking materials and processes, so that<br />
there is a more rational and, at the same time, a broader use<br />
of wood from replanted forests or from the management<br />
of native forest areas. “We have several courses, but that<br />
which attracts the largest public is the course of design and<br />
construction,” says School Owner Alex. “This course has a<br />
focus on design associated with the learning of good woodworking<br />
techniques. There are several other courses, such<br />
as a technical workshop for the construction of small boats,<br />
chairs, benches, tables, residential gardens, wood sculpting,<br />
and classic designer furniture, amongst others. However, a<br />
good furniture maker is not made only with the proper use of<br />
A OficinaLab foca seus<br />
processos de formação de<br />
marceneiros que tenham<br />
domínios no uso de<br />
máquinas CNC (comando<br />
numérico computadorizado),<br />
impressão 3D e corte à laser<br />
SETEMBRO | 37
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
PRINCIPAL<br />
com bom uso das máquinas e entendimento dos processos,<br />
mas sim com muita prática.”<br />
Coordenador da Marcenaria do Senai-PR (Serviço Nacional<br />
de Aprendizagem <strong>Industrial</strong>), Riverson Tobias trabalha<br />
de acordo com as demandas industriais, ao contrário da<br />
OficinaLab. “Nós desenvolvemos os nossos cursos de acordo<br />
com as necessidades, e as da indústria são um reflexo daquilo<br />
que o consumidor quer. Algum tempo atrás, nós estávamos<br />
dizendo o seguinte: há uma grande necessidade por móveis<br />
multifuncionais. São móveis como o sofá que vira cama, o<br />
armário tem partes embutidas por fora que aumentam ou a<br />
mesa que aumenta. Atualmente, uma das grandes necessidades<br />
que estamos vendo é a questão da marcenaria fina, que<br />
está tendo demanda maior. É um móvel pequeno, feito à mão,<br />
artesanalmente, com alguns conceitos da marcenaria clássica”,<br />
relata Riverson, que aposta em um aumento da procura<br />
por móveis rústicos, devido à beleza decorativa.<br />
O Senai (PR) busca se manter atualizado nas disciplinas<br />
do curso, adaptando anualmente as tarefas. “Hoje, nós temos<br />
os cursos de gestão na área moveleira, qualificação em<br />
marcenaria, marcenaria fina e acabamento em superfície de<br />
madeira”, explica ele, que ressalta o diferencial do curso ser<br />
the machines and a good understanding of the processes, but<br />
also with a lot of practice.”<br />
Riverson Tobias, Coordinator of Woodworking for the<br />
National Service of <strong>Industrial</strong> Learning for the State of Paraná<br />
(Senai-PR), works according to industrial demands, unlike<br />
OficinaLab. “We have developed our courses according to<br />
needs, and those of the industry that are a reflection of what<br />
the consumer wants. Some time ago, we used to say the<br />
following: there is a large need for multifunctional furniture.<br />
There is furniture such as the sofa that turns into a bed, or a<br />
closet with embedded parts on the outside that for example<br />
can fold down, or tables that can be extended. Currently, one<br />
of the biggest needs that we see is the issue of good quality<br />
furniture making, which is becoming more in demand. It could<br />
be in a small piece of furniture, handcrafted, handmade, with<br />
several concepts of classical furniture making,” says Senai-PR<br />
Coordinator Riverson, who bets on an increase in demand for<br />
rustic furniture, due to its decorative beauty.<br />
Senai-PR seeks to keep up-to-date as to course disciplines,<br />
adapting tasks annually. “Today, we have management<br />
courses in the furniture area, woodworking qualification, fine<br />
furniture making and wood surface finish,” explains Senai-PR<br />
Coordinator Riverson, who emphasizes that the difference of<br />
the course is that it is directly related to the industry, genera-<br />
Alunos do Senai (PR), durante aulas do curso de marcenaria<br />
de São José dos Pinhais (PR)<br />
“A GRANDE TENDÊNCIA QUE<br />
OBSERVAMOS AQUI, NOS ÚLTIMOS<br />
ANOS, É A AUTOMATIZAÇÃO. OS<br />
CURSOS TÉCNICOS DAQUI TÊM TRAZIDO<br />
UM OLHAR DIFERENCIADO, FAZENDO<br />
COM QUE A ÁREA TENHA RESULTADOS<br />
MAIS ASSERTIVOS E DE ACORDO COM A<br />
TENDÊNCIA DO MERCADO”<br />
RAFAEL MANTOVANI CARDOSO, DO SENAI (MG)<br />
A indústria de Ubá (MG) tem utilizado em seu parque industrial seccionadoras<br />
convencionais e CNC, esquadra bordas, filetadeiras, lixadeiras banda larga e<br />
de perfil e furadores convencionais, entre outros<br />
38 |<br />
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diretamente associado às indústrias, gerando empregos na<br />
maioria dos casos para os formados. “Vemos que a marcenaria<br />
está ganhando alguns rumos. Se for considerar a redução de<br />
preço, o investimento futuro será em coladeiras de borda e<br />
furadeiras múltiplas. Agora, se for pensar em móvel com alto<br />
valor agregado, em que você vai ter peças exclusivas, aí nós<br />
voltamos para esquadrejadeiras e ferramentas manuais.”<br />
Um dos polos moveleiros mais importantes do país, o<br />
município de Ubá tem, na maioria, marceneiros formados<br />
pelo Senai (MG). Responsável pelo curso na cidade, Rafael<br />
Mantovani Cardoso conta que o curso marceneiro é adaptado<br />
à realidade industrial da cidade, que é o trabalho com chapas.<br />
“Há um relacionamento estreito com o Intersind (Sindicato<br />
Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá) e também<br />
diretamente com as indústrias, onde buscamos sempre direcionar<br />
nossas práticas à realidade das industrias do nosso polo<br />
moveleiro”, conta ele, que afirma que o mercado busca cada<br />
vez mais profissionais capacitados, devido à alta na busca por<br />
móveis rústicos. “Os produtos deste tipo são mais originais,<br />
pois utilizam madeira maciça em sua maioria, dependendo<br />
de profissionais especializados na marcenaria tradicional.”<br />
Em Ubá, são oferecidos cinco tipos de cursos para profissionalizar<br />
o setor: aprendizagem em marceneiro, qualificação<br />
em marceneiro e montador de móveis, técnico em móveis e<br />
design de móveis. “A grande tendência que observamos aqui,<br />
nos últimos anos, é a automatização. A indústria tem utilizado<br />
em seu parque industrial seccionadoras convencionais e<br />
CNC, esquadra bordas, filetadeiras, lixadeiras banda larga<br />
e de perfil e furadores convencionais, entre outros”, conta<br />
Rafael. “Além do polo ter um histórico de trabalho empírico,<br />
os cursos técnicos daqui têm trazido um olhar diferenciado,<br />
fazendo com que a área tenha resultados mais assertivos e<br />
de acordo com a tendência do mercado.”<br />
ting jobs in most cases for the graduates. “We see that woodworking<br />
is expanding as a work area. If you are considering<br />
price reduction, future investments will be in edge gluers and<br />
multiple drills. Now, if you're thinking about high added value<br />
furniture, where there are one-off pieces, then we go back to<br />
the sliding table saw and hand tools.”<br />
In one of the Country's most important furniture manufacturing<br />
centers, the Municipality of Ubá, most furniture<br />
makers are trained by Senai-MG. Rafael Mantovani Cardoso,<br />
responsible for the course in the Municipality, says that the<br />
woodworking course is adapted to the Municipality’s industrial<br />
reality, which is working with panels. “There is a close<br />
relationship with the Ubá Intermunicipal Class Association<br />
of Furniture Manufacturers (Intersind) and also directly with<br />
companies, where we always seek to direct our practices to<br />
the reality of our furniture manuacturers,” says Rafael Mantovani,<br />
who claims that the market is increasingly looking for<br />
qualified professionals, due to the higher demand for rustic<br />
furniture. “This type of product is more original, because it is<br />
manufactured from solid wood for the most part, and depends<br />
on traditional specialized furniture making professionals.”<br />
In Ubá, five types of courses are offered to professionalize<br />
in the sector: learning woodworking, furniture making and furniture<br />
assembly qualification, technician in furniture making,<br />
and furniture design. “In recent years, the major trend that<br />
we observe here is to automation. The industry used to use<br />
conventional tools such as overhead panel saws and CNC’s,<br />
edgers, hand files, broadband and profile sanders, and drilling<br />
machines, amongst others, in their industrial parks,” says<br />
Rafael. “In addition the manufacturing center has a history<br />
of empirical work, the technical courses here have created a<br />
distinctive look, so that the area has more assertive results<br />
and in accord with market trends.”<br />
MARCENARIA COMO HOBBY<br />
Não só a indústria tem buscado mudanças nos cursos<br />
ofertados aos marceneiros, mas os próprios consumidores se<br />
tornaram uma parcela significativa dos aprendizes no ofício. A<br />
Confraria da Madeira, surgida em Porto Alegre (RS) em 2012, é<br />
a primeira escola da cidade a oferecer o curso como um hobby.<br />
“Apesar do foco no DIY (do it yourself), nossos participantes<br />
não perdem conhecimento quando comparado a cursos tradicionais”,<br />
conta André Campos, diretor da Confraria. “Além<br />
de focar em um mercado que tende a crescer muito nos próximos<br />
anos, inovamos no formato. Vemos as marcenarias e<br />
indústrias como complemento e não competição às nossas<br />
ofertas. Aqui as pessoas desenvolvem projetos básicos e de<br />
baixa complexidade, enquanto que trabalhos mais elaborados<br />
serão executados pelas grandes fábricas dos polos nacionais.”<br />
WOODWORKING AS A HOBBY<br />
Not only has the industry sought changes in the courses<br />
offered to woodworkers, but consumers themselves have<br />
become a significant portion of apprentices of the craft. The<br />
Confraria da Madeira (Brotherhood of Wood), which arose in<br />
Porto Alegre (RS) in 2012, is the first school in the district to<br />
offer courses as a hobby. “Despite the focus on ‘do it yourself’<br />
(DIY), our participants do not lose out on knowledge gained<br />
when compared to traditional courses,” says André Campos,<br />
Director of the Confraria. “In addition to focusing on a market<br />
that tends to grow in the years ahead, we have innovated in<br />
format. We see the furniture makers and manufacturers as<br />
a complement and not competition to what we offer. Here<br />
people learn how to carry out basic and low complexity designs,<br />
while more elaborate designs are carried out by large<br />
manufacturers in the domestic producer centers.”<br />
SETEMBRO | 39
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
DURO COMO<br />
CONCRETO,<br />
SUSTENTÁVEL<br />
COMO MADEIRA<br />
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA<br />
FLORESTAL DA UDESC DESENVOLVE PAINEL CLT<br />
RESISTENTE E COM BAIXO INVESTIMENTO<br />
Foto: divulgação<br />
40 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
O<br />
município de Lages (SC) tem pouco mais de 150<br />
mil habitantes, mas pode ser responsável por<br />
uma grande mudança de mentalidade em toda<br />
a construção civil brasileira. Ainda escassos no país, os investimentos<br />
em CLT (Cross Laminated Timber) começaram<br />
a tomar forma na Udesc (Universidade do Estado de Santa<br />
Catarina) a partir de uma disciplina do Curso de pós-graduação<br />
em Engenharia florestal. Ministrada pelo professor<br />
doutor Rodrigo Figueiredo Terezo, a matéria: a madeira na<br />
construção; levou os alunos Talitha Rosa, Débora Ciarnoschy,<br />
Leonardo Kuhn e Rodolfo Jacinto à empreitada inédita de<br />
desenvolver um painel CLT no Brasil. Para isso, no entanto,<br />
foi necessária dedicação e foco nos estudos do painel.<br />
A madeira sempre foi o material mais utilizado para a<br />
construção de habitações desde a antiguidade, devido principalmente<br />
à acessibilidade e fácil trabalhabilidade. Com a<br />
exploração excessiva das florestas nativas diminuindo assim,<br />
a quantidade de árvores com grandes alturas e diâmetros,<br />
vários países passaram a buscar nas florestas plantadas<br />
a alternativas para manter o material no mercado. Essas<br />
florestas possibilitaram o desenvolvimento de diversos<br />
produtos estruturais para utilização na construção civil, tal<br />
como o CLT, também conhecido como Madeira Laminada<br />
Colada Cruzada.<br />
“Conseguimos ajuda de uma madeireira local, que<br />
doou gentilmente todas as peças de Pinus taeda após conversamos<br />
sobre o que seria executado”, conta Talitha. “Em<br />
junho, conseguimos colar o primeiro painel. Ainda há muito<br />
o que estudar, mas em relação aos custos de produção, já<br />
conseguimos obter resultados positivos. Acreditamos que<br />
a madeira terá um grande potencial para o mercado da<br />
construção. Já existem diversas obras requisitadas por um<br />
“O USO DA MADEIRA NA<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL AUXILIA<br />
NA CAPTURA DO CO 2<br />
E, COMO<br />
ELA É MANTIDA NA SUA FORMA<br />
NATURAL, ESSE CARBONO É<br />
APRISIONADO, AJUDANDO A<br />
DIMINUIR OS PROBLEMAS DO<br />
EFEITO ESTUFA”<br />
TALITHA ROSA, COORDENADORA DO PROJETO<br />
DA UDESC<br />
Foto: Mirella Guedes<br />
SETEMBRO | 41
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
poliuretano com 200g/m² (gramas por metro quadrado). As<br />
peças foram colocadas na prensa manual onde ficaram por<br />
24h (horas) a frio. Após esse período, a pressão foi retirada<br />
e o painel ficou em descanso por mais dois dias, para cura<br />
final do adesivo.<br />
As pranchas de madeira com menor classificação foram posicionadas<br />
na camada interna, sendo as peças de melhor classificação<br />
posicionadas nas camadas externas<br />
público mais seletivo, e isso não impede que ela seja utilizada<br />
para construção de moradias para a população em geral.”<br />
O painel CLT é feito de madeira reflorestada e pode ser<br />
um bom concorrente do concreto, uma vez que a madeira<br />
tem grande capacidade de suportar grandes cargas também<br />
e é possível construir edifícios habitacionais apenas com<br />
este tipo de painel. O maior obstáculo que o setor enfrenta<br />
é o cultural: boa parte das empresas ainda acredita, erroneamente,<br />
que madeira não serve para construção. “Esta<br />
tecnologia já está disponível há tempos”, ressalta Talitha,<br />
explicando que no Brasil é que ainda há certo pioneirismo<br />
quanto aos estudos com CLT. “Um dos mais importantes<br />
benefícios a se ressaltar nele é o fato de ser, além de tudo,<br />
um material renovável. Não precisamos desmatar a Amazônia<br />
para conseguir madeiras para esses produtos: é possível<br />
ter excelente qualidade usando madeiras provenientes de<br />
florestas plantadas. O uso da madeira auxilia na captura<br />
do CO², e como a madeira é mantida na sua forma natural,<br />
esse carbono é aprisionado por um longo tempo, ajudando<br />
a diminuir os problemas do efeito estufa.”<br />
Os parâmetros de fabricação seguiram os passos das<br />
grandes empresas produtoras, mas de maneira artesanal.<br />
Primeiramente, foi feita a classificação das peças em relação<br />
aos seus defeitos e uso estrutural. As pranchas de madeira<br />
com menor classificação foram posicionadas na camada<br />
interna, sendo as peças de melhor classificação posicionadas<br />
nas camadas externas. Todas as peças foram aplainadas,<br />
deixando as espessuras uniformes em todo o sentido longitudinal.<br />
Para melhor adesão da cola na madeira, um jato<br />
de ar comprimido foi passado logo após o aplainamento,<br />
desobstruindo os poros com possível resíduos do processo.<br />
Posteriormente aplicou-se o adesivo estrutural à base de<br />
Foto: Talitha Rosa<br />
OS PRÓS DO CLT NA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
Do ponto de vista construtivo, a madeira é um excelente<br />
isolante térmico e acústico, sem empecilho de ser utilizada<br />
em edifícios comerciais, também. É um material que resiste<br />
a grandes cargas quando comparado à sua massa, diminuindo<br />
custos com fundações. Há também a vantagem estética:<br />
uma construção em madeira chama muito mais atenção que<br />
uma em concreto e aço.<br />
Nos dias atuais, o país que mais se destaca na produção<br />
do material é a Áustria, localizada na Europa Central. Nos<br />
últimos 10 anos, as construções em madeira passaram de<br />
25% para 39%, composto em grande parte por edifícios<br />
habitacionais. Esses edifícios foram em sua grande maioria<br />
construídos com os painéis de CLT, aumentando o consumo<br />
do material dentro do próprio país, que juntamente com<br />
a exportação alavancou a produção em 860% em apenas<br />
12 anos.<br />
O CLT é um painel estrutural fabricado com madeira<br />
e adesivo. Os painéis são construídos sempre em número<br />
ímpar de camadas (3, 5, 7, ou até 9, dependendo da necessidade).<br />
As camadas são posicionadas perpendicularmente<br />
uma em relação à outra. Essa orientação resulta em excelentes<br />
características de resistência e rigidez. É um material<br />
que pode ser utilizado como paredes e placas de entrepisos,<br />
substituindo assim vigas e pilares.<br />
No Brasil, o conhecimento do potencial do material<br />
fabricado ainda é incipiente. Primeiro, por não haver empresas<br />
que fabriquem o painel CLT e pelas pesquisas estarem<br />
iniciando.<br />
BOM CUSTO BENEFÍCIO E ALTA RESISTÊNCIA<br />
Com os tempos de cada etapa cronometrados, juntamente<br />
com a quantidade utilizada de material, transporte<br />
e processamento de todas as etapas, os alunos da Udesc<br />
puderam calcular o custo por m² de painel CLT.<br />
Comparando o m² de alvenaria de vedação com o tijolo<br />
É UM MATERIAL QUE PODE<br />
SER UTILIZADO COMO<br />
PAREDES E PLACAS DE<br />
ENTREPISOS, SUBSTITUINDO<br />
ASSIM VIGAS E PILARES<br />
42 |<br />
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de 6 furos - 5,7 x 9 x 19 cm (centímetros) - sem o acabamento,<br />
o CLT custaria 42% menos, e quando comparado com a<br />
alvenaria estrutural com blocos de concreto o CLT ficou 57%<br />
menor. Salienta-se que os custos do painel foram calculados<br />
sob uma produção artesanal, e o valor utilizado para<br />
a madeira foi baseado sob a madeira serrada proveniente<br />
das primeiras toras do reflorestamento. Uma empresa que<br />
pudesse beneficiar toda a matéria-prima desde o momento<br />
de chegada da tora, poderia tornar o material mais competitivo,<br />
reduzindo o custo final de produção por ter o processo<br />
mais industrializado.<br />
O painel também foi comparado ao concreto quanto à<br />
sua resistência a cargas em relação ao seu peso próprio. Para<br />
um painel CLT com 6 x 100 x 300 cm, a força máxima que<br />
ele resiste é de aproximadamente 6,5tf (toneladas/força), já<br />
um painel com as mesmas dimensões, porém de concreto<br />
resistiria 14,8 tf. Mas o grande ponto é essa força em relação<br />
ao peso próprio do material. Relacionando a densidade da<br />
madeira com o volume do painel de pinus taeda, o mesmo<br />
pesaria 72 kg (quilos), já o painel em concreto pesaria cerca<br />
de 414 kg, quase 6 vezes mais pesado que o de CLT.<br />
Dividindo-se a capacidade de resistência de cada painel<br />
com seu respectivo peso, têm-se os seguintes resultados:<br />
para o painel de concreto, o mesmo resistiria a 35,76kgf/<br />
m³ (quilogramas/força por metro cúbico), já o painel CLT<br />
resistiria a 91,18 kgf/m³, isso é 2,5x mais que o painel de<br />
concreto. Parece pouco ao pensar em um painel de 3 m³<br />
(metros cúbicos). Porém, se esses valores forem estimados<br />
para uma grande obra, o conjunto todo não pesaria muito<br />
e resistiria a mais forças que os métodos convencionais de<br />
construção, gerando economia nos alicerces das obras. Isso<br />
é um grande resultado, indicando um alto potencial para o<br />
uso desse produto também aqui no Brasil.<br />
O FUTURO DO CLT NO BRASIL<br />
A pesquisa com os painéis em CLT está progredindo.<br />
O próximo passo do trabalho contemplará a avaliação do<br />
painel em testes laboratoriais para determinar a resistência<br />
mecânica, o seu comportamento em relação às cargas de<br />
impacto e sua capacidade de resistir ao fogo.<br />
COMPARADO AO M² DE<br />
ALVENARIA DE VEDAÇÃO COM<br />
TIJOLO, SEM O ACABAMENTO, O<br />
CLT CUSTARIA 42% MENOS<br />
Foto: Talitha Rosa<br />
O CLT é fabricado com madeira e adesivo, com painéis construídos<br />
sempre em número ímpar de camadas<br />
SETEMBRO | 43
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ESPECIAL<br />
DE VOLTA<br />
AOS<br />
TRILHOS<br />
Fotos: divulgação<br />
44 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
UM DOS MAIORES<br />
FABRICANTES DE MÓVEIS DO<br />
PAÍS, O MUNICÍPIO DE BENTO<br />
GONÇALVES ENCONTRA<br />
SOLUÇÕES PARA AGUENTAR A<br />
Fotos: divulgação<br />
CRISE QUE LEVOU À QUEDA DE<br />
FATURAMENTO<br />
SETEMBRO | 45
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ESPECIAL<br />
N<br />
ão é novidade que <strong>2016</strong> tem sido uma das<br />
épocas mais duras para os que dependem da<br />
indústria moveleira como um todo: do enxugamento<br />
nos postos de trabalho ao fechamento de empresas<br />
de pequeno e médio porte, o consenso é que é<br />
hora de rever processos. Reflexo da crise econômica que<br />
castiga o país há pelo menos três anos, o município de<br />
Bento Gonçalves, localizado no coração do Rio Grande<br />
do Sul, teve um primeiro semestre complicado. Porém,<br />
ações criativas tomadas por empresas e entidades vêm<br />
amenizando a fase difícil e preparando o segmento para<br />
a retomada que deve começar no próximo ano.<br />
O fraco desempenho das finanças criou um efeito dominó<br />
no setor dentro do município, um dos maiores do<br />
Brasil: após fechar mais de 1.100 empregos em 2015, o<br />
primeiro semestre de <strong>2016</strong> registrou uma queda de 318<br />
empregos diretos na indústria de móveis de Bento Gonçalves,<br />
acentuando ainda mais a crise. Nem tudo está<br />
perdido, no entanto, como demonstrou a última edição<br />
da Affemaq Serra Gaúcha: as possibilidades de negócios<br />
gerados na feira apontam para a injeção de R$ 11,9 milhões<br />
em um futuro breve no município gaúcho.<br />
“AS EMPRESAS QUE TÊM<br />
CONSEGUIDO EVITAR DEMISSÕES<br />
FAZEM REDUÇÃO DE JORNADA E<br />
UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE HORAS.<br />
O TRABALHO TEM SIDO VOLTADO<br />
A AMENIZAR OS EFEITOS DA CRISE<br />
EVITANDO AO MÁXIMO NOVAS<br />
DEMISSÕES” – HENRIQUE TECCHIO,<br />
PRESIDENTE DO SINDMÓVEIS<br />
A PALAVRA DOS DIRETORES<br />
Em entrevista exclusiva, o presidente do Sindmóveis<br />
(Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves),<br />
Henrique Tecchio, conta que apesar dos reveses a<br />
cadeia moveleira continua com enorme representatividade<br />
dentro do município: é responsável por cerca de 7<br />
mil empregos diretos. “No Rio Grande do Sul, foram perdidos<br />
1.018 empregos, sendo que a indústria de móveis<br />
encerrou o semestre com 37.760 postos de trabalho diretos”,<br />
dimensiona ele, que acumula junto ao Sindmóveis<br />
um cargo administrativo na Bentec Móveis. “Em relação<br />
ao Brasil, a indústria de móveis fechou 8.881 empregos<br />
no primeiro semestre de <strong>2016</strong>, encerrando o semestre<br />
com 250.697 postos de trabalho diretos.”<br />
Para o Sindmóveis, uma das saídas da crise é investir<br />
na diversificação de mercados e estratégias de promoção<br />
comercial. “A própria Movelsul Brasil – feira realizada a<br />
cada dois anos pelo Sindmóveis – é uma dessas ações”,<br />
conta Tecchio. “Adicionalmente, a entidade promove o<br />
design, tecnologia e sustentabilidade do setor moveleiro.<br />
Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo Sindmóveis<br />
como o Salão Design, premiação nacional de design realizada<br />
desde 1988, e o Projeto Orchestra Brasil, de promoção<br />
às exportações dos fornecedores da cadeia moveleira,<br />
têm como objetivo aumentar a competitividade das<br />
indústrias moveleiras valorizando tais atributos.”<br />
Já para Fabrício Zanetti, presidente da Affemaq (Associação<br />
dos Fornecedores para as Indústrias de Madeiras<br />
e Móveis), o atual cenário serve consolidar as empresas<br />
preparadas para um cenário recessivo, uma vez<br />
que souberam prever a movimentação do mercado. “As<br />
empresas sólidas e estruturadas já estão há algum tempo<br />
buscando alternativas e novas estratégias para superar<br />
os obstáculos impostos pela crise no mercado”, acredita<br />
o executivo. “Algumas com novas linhas de produtos, outras<br />
com condições diferenciadas, enfim, criando alternativas<br />
para minimizar os impactos.”<br />
O pessimismo não resolve crises, e esta é uma tecla<br />
que o diretor do Sindmóveis também bate, uma vez que<br />
não acredita em uma retomada dos empregos perdidos<br />
em curto prazo, apesar de ver com olhos otimistas o ano<br />
que vem. “O desempenho negativo generalizado está<br />
afetando de forma aguda os empregos no setor”, acredita<br />
Tecchio, remetendo às crises políticas e socioeconômicas<br />
que decorreram da recessão econômica. “Não existe<br />
uma previsão de que os níveis de contratação e produção<br />
sejam retomados neste ano. As empresas que têm conseguido<br />
evitar demissões fazem redução de jornada e<br />
utilização dos bancos de horas. O trabalho das empresas<br />
tem sido voltado a amenizar os efeitos da crise evitando<br />
ao máximo novas demissões.”<br />
A alta da inflação e a diminuição do crédito também<br />
são, na visão de Tecchio, um dos principais entraves para<br />
46 |<br />
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o bom desempenho de Bento Gonçalves. “Além desses<br />
fatores, também enfrentamos uma série de dificuldades<br />
como o precário ambiente de negócios, burocracia,<br />
impostos e falta de infraestrutura, que comprometem a<br />
competitividade de toda a indústria brasileira”, lamenta.<br />
“No nosso entender, é preciso uma rede fortalecida de<br />
fornecedores para subsidiar a indústria de móveis. Nesse<br />
sentido, a realização da Affemaq em Bento Gonçalves<br />
beneficia o polo moveleiro de forma integral. Defendemos<br />
o associativismo como estratégia de fortalecimento<br />
integral da cadeia moveleira. Quanto mais organizada e<br />
desenvolvida for a cadeia produtiva, melhor para a eficiência<br />
econômica e crescimento do setor.”<br />
O PIOR JÁ FICOU PARA TRÁS<br />
Segundo boletim divulgado pelo Banco Central, a expectativa<br />
geral para o país é que haja queda de 14,5% na<br />
produção de móveis, sendo que em 2015 esse indicador<br />
já havia caído 14,6%. A boa notícia, segundo os analistas,<br />
é que o pior ficou para trás. O segundo semestre deve ser<br />
de leve alta no comércio, devido principalmente às datas<br />
festivas e ao 13º salário, que devem alavancar as vendas<br />
de mesas, cadeiras e estofados.
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ESPECIAL<br />
SOLUÇÕES PARA OS FABRICANTES<br />
Entre diversas fabricantes de móveis da cidade, poucas<br />
quiseram revelar a queda na sua produção anual. A<br />
Volttoni, cujo carro-chefe é a venda de sofás e cadeiras,<br />
foi franca quanto ao período que o polo atravessa. “A nossa<br />
queda de produção e de entrada de pedidos caiu de<br />
20% a 25%, desde 2015”, revela Andrei Ferro, diretor da<br />
empresa, que revela que diversas atitudes foram tomadas<br />
desde então, porém com pouco sucesso. “Já tentamos<br />
várias: promoções, cartelas com lojistas e também<br />
expusemos nosso trabalho na última feira Movelsul, que<br />
ocorreu aqui em Bento, em março. De uma forma geral,<br />
podemos dizer que essa tem sido a atuação de boa parte<br />
dos fabricantes daqui.”<br />
A expectativa para o segundo semestre é de melhora,<br />
no entanto: a alta no comércio, com as datas festivas<br />
e recebimento do 13º salário, é de crescimento de 8% a<br />
10% nas vendas. Números que poderiam ser até maiores,<br />
na visão de Andrei Ferro, caso houvesse uma distribuição<br />
logística melhor para o polo. “Estamos na ponta do país,<br />
e com isso os fretes acabam se tornando caros”, conta<br />
ele, que comercializa mensalmente 3 mil peças. “As estradas<br />
que nos ligam são uma calamidade. O que todo<br />
mundo comenta, e que vejo também, é que muitas pessoas<br />
estão endividadas com financiamento de inúmeras<br />
coisas. Com as pendências pra pagar, isso faz todo mundo<br />
ficar sem gastar e congela o comércio. As empresas<br />
só fecham negócios que haviam sido feitos antes dessa<br />
situação econômica. Em se tratando de maquinários, não<br />
temos comprado nada há tempos.”<br />
O que se tem visto para contornar tais problemas<br />
e evitar demissões é otimizar custos, como redução de<br />
energia elétrica e reaproveitamento de madeira. “A energia<br />
elétrica infelizmente ainda não conseguimos baixar,<br />
mas mas geramos um aproveitamento de madeira até<br />
23% maior do que tínhamos anteriormente, com a colagem<br />
dos painéis. Hoje temos 38 funcionários, mas em<br />
2015 tínhamos 50. Não demitimos ninguém neste período,<br />
mas também não repusemos quem acabou saindo<br />
da empresa.”<br />
EMPRESAS COMO A VOLTTONI<br />
ESPERAM UM CRESCIMENTO NAS<br />
VENDAS, ATÉ O FIM DO ANO, DE<br />
8% A 10%<br />
48 |<br />
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“AS EMPRESAS SÓLIDAS E<br />
ESTRUTURADAS JÁ ESTÃO HÁ<br />
ALGUM TEMPO BUSCANDO<br />
ALTERNATIVAS E NOVAS<br />
ESTRATÉGIAS PARA SUPERAR OS<br />
OBSTÁCULOS IMPOSTOS PELA<br />
CRISE NO MERCADO”<br />
FABRÍCIO ZANETTI,<br />
PRESIDENTE DA AFFEMAQ
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
MADEIRA TRATADA<br />
MUITA<br />
MADEIRA<br />
PARA<br />
CONSTRUIR<br />
Fotos: Cesar Cinato<br />
Nova diretoria - Elcio Lana, Silvio Lima, Gonzalo Lopez<br />
e Gisleine da Silva<br />
50 |<br />
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NOVA DIRETORIA DA<br />
ABPM ASSUME PARA O<br />
BIÊNIO<br />
<strong>2016</strong>-2018 E SE<br />
COMPROMETE A<br />
AUMENTAR O PAPEL<br />
DA MADEIRA NA<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
BRASILEIRA<br />
E<br />
m um evento ocorrido em agosto na cidade de<br />
São Paulo (SP), a Abpm (Associação Brasileira de<br />
Preservadores de Madeira) realizou eleição que<br />
definiu a diretoria para o biênio <strong>2016</strong>-2018. Os eleitos foram<br />
Gonzalo Lopez, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)<br />
como presidente; Elcio Lana (Arch Química), como<br />
vice-presidente; Sergio Boff (Canteiro Construções) como<br />
diretor secretário; e Silvio Lima (Montana Química) como<br />
diretor tesoureiro.<br />
Criada em 25 de agosto de 1969, a Abpm atua como<br />
fórum nacional do setor de proteção de madeiras no Brasil,<br />
representando o segmento industrial madeireiro junto<br />
aos órgãos reguladores e poderes legislativo e executivo.<br />
O evento serviu para a nova diretoria mostrar seu plano de<br />
ação e também discutir medidas de melhorias para a área.<br />
O ex-presidente da Abpm, Flávio Geraldo, frisou a<br />
importância da aplicação das normas técnicas do setor<br />
A nova diretoria relacionou quatro desafios como os principais<br />
para o biênio <strong>2016</strong>-2018: aprimorar o relacionamento<br />
com os associados; ampliar o número de empresas certificadas<br />
pelo Qualitrat; aumentar o quadro associativo e realizar<br />
o IX Encontro Brasileiro de Preservação de Madeiras<br />
até o primeiro semestre de 2018.<br />
Com o objetivo de buscar novas alternativas e soluções<br />
para o segmento, outro destaque foi a apresentação dos<br />
resultados da pesquisa de opinião realizada, no final de<br />
2015, com todas as usinas de preservação de madeira do<br />
país associadas ou não à entidade.<br />
Para o ex-presidente Flávio C. Geraldo, a enquete é um<br />
bom indicador que sinalizou, entre outras coisas, como<br />
um dos desafios da nova gestão, a conscientização dessas<br />
empresas tanto a respeito da aplicação das normas técnicas<br />
quanto do cumprimento da legislação vigente. “Não<br />
se trata de coincidência que mercados fortes na utilização<br />
de madeira tratada no Brasil - em especial os de postes,<br />
mourões, dormentes e carretel para bobinas - têm Normas<br />
Técnicas há anos”, afirmou.<br />
A REFERÊNCIA INDUSTRIAL entrevistou, com exclusividade,<br />
o novo presidente, Gonzalo Lopez, que você lê a<br />
seguir.<br />
Quais são as suas expectativas para o mandato?<br />
A visão da diretoria e da coordenação técnica que a<br />
cerimônia atendeu à nossa expectativa. Poucos associados<br />
puderam estar presente, mas acredito que isso demonstra<br />
parte dos nossos problemas como associação, no sentido<br />
de mobilizar o associado e sensibilizar quem ainda não é.<br />
Na gestão que se encerrou essa semana, nós tivemos avanços<br />
significativos no sentido de tentar entender as usinas<br />
de preservação e como elas viam a Abpm: o que entendiam,<br />
o que já conheciam sobre essa parte de normatização<br />
e afins. Acho que isso é um ponto de partida essencial,<br />
devemos nos debruçar sobre essas informações para buscar<br />
a sensibilização das empresas que ainda não são associadas.<br />
Acho que cada um tem que fazer um pouquinho em<br />
relação a isso, porque nem sempre as ações que a Abpm<br />
pode se debruçar vão refletir adequadamente em cada um<br />
dos nichos de atuação dos associados.<br />
Como vê a indicação da diretoria? Acredita que ela esteja<br />
focada no mesmo objetivo?<br />
Não tenho dúvida quanto a isso. Pessoalmente, só<br />
conhecia o Elcio Lana. Nós tivemos contato no passado,<br />
quando fui coordenador técnico da Abpm nos anos 80.<br />
Uma das diretorias adjuntas formadas era a de normatização,<br />
a qual o Élcio Lana era o responsável. Nós tivemos<br />
uma grande interação sobre elaboração e levantamento<br />
de informações, que resultaram no texto da Norma de Preservação<br />
16.143, emitida em 2003.<br />
SETEMBRO | 51
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
MADEIRA TRATADA<br />
Já há uma data-base para o IX Encontro Brasileiro de<br />
Preservação de Madeira, que vocês mencionaram querer<br />
realizar em breve?<br />
Estipulamos que esse IX Encontro tem que sair até o final<br />
do primeiro semestre de 2018. Esse é um desafio. Acho<br />
que uma de nossas primeiras tarefas será definir datas e<br />
estimativas de locais, porque isso é mais que previsto para<br />
levantar a forma como vai ser feito o evento, de que maneira<br />
ele vai ser tocado e qual a sua duração. Eu acho que<br />
do ponto de vista desse grande encontro, nós temos ainda<br />
algumas coisas para ajustar.<br />
Uma das primeiras expectativas anunciadas por você<br />
como presidente é poder expandir o mercado madeireiro<br />
para o setor da construção civil. Tem ideia de quais medidas<br />
ajudariam isso a se realizar em curto prazo?<br />
Isso envolve uma situação bastante complexa. De<br />
pronto, nós temos que buscar quem é usuário de madeira<br />
tratada para a construção civil e ressaltar, junto a esses<br />
personagens que já utilizam, o teor de qualidade em relação<br />
ao material. Nós temos empresas que, por um motivo<br />
ou outro, muitas vezes não atingem critérios de qualidade<br />
por uma série de razões: desconhecimento, questão técnica,<br />
equipamentos ou até velocidade de comercialização.<br />
Do ponto de vista do material, de madeira preservada, há<br />
que se tomar alguns cuidados. Tem que se instaurar uma<br />
cultura de prevenção para que a madeira dure mais, para<br />
que as intervenções no futuro não sejam drásticas e nem<br />
haja algum tipo de ocorrência. Nós precisamos buscar informações<br />
de onde está essa demanda de madeira preservada<br />
e quais seriam os futuros personagens dela. Precisamos<br />
entrar nesse circuito para mostrar os benefícios do<br />
controle de qualidade adequado, identificar fornecedores<br />
e ressaltar junto.<br />
Quando a Abpm foi fundada, lá no final dos anos 60,<br />
existia esse problema em relação à posse de madeira: era<br />
um material muito utilizado, mas não se tinha muito controle<br />
em relação às primícias e forma de tratamento. Isso<br />
trouxe muito prejuízo no ponto de vista da observação do<br />
que era o material. Muita gente não queria usar. Mas no<br />
caso de postes de madeira para eletrificação rural naquela<br />
época, era um material que tinha pouca possibilidade<br />
de substituição. Nossas ações precisam ser convergentes<br />
e incisivas no sentido de mostrar que existe essa madeira<br />
tratada legalmente obtida e trazer benefícios para toda a<br />
O EVENTO SERVIU PARA A<br />
NOVA DIRETORIA MOSTRAR<br />
SEU PLANO DE AÇÃO E<br />
TAMBÉM DISCUTIR MEDIDAS<br />
DE MELHORIAS PARA A ÁREA,<br />
ESTABELECENDO QUATRO<br />
DESAFIOS COMO PRINCIPAIS<br />
PARA O BIÊNIO <strong>2016</strong>-2018<br />
Humberto Tufolo, ex-diretor tesoureiro, passou o<br />
bastão para Silvio Lima, da Montana Química<br />
52 |<br />
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cadeia. E só vamos conseguir isso juntos ao associado e em<br />
parceria com o não-associado.<br />
Um dos principais objetivos da Abpm junto à construção<br />
civil é aumentar o número de empresas adeptas do<br />
Qualitrat. Poderia dizer aproximadamente quantas empresas<br />
participam hoje disso e quantas você espera que<br />
tenham aderido até o final do seu mandato, em 2018?<br />
Nós temos poucas empresas estabelecidas. São duas<br />
empresas com Qualitrat, uma em cada tipo do certificado.<br />
Eu gostaria de trazer todas, não só para a Abpm como para<br />
a Qualitrat. Mas uma das ações que nós entendemos que<br />
deva ser importante para conseguir agregar o nosso associado<br />
ao Qualitrat é a adaptação: fazer o mercado entender<br />
e exigir o certificado de qualidade. Esse vai ser o ponto<br />
essencial: que a questão de madeira tratada esteja ligada a<br />
todos os parâmetros de qualidade e usar essa necessidade<br />
de mudança de paradigma, de como o mercado vê a madeira<br />
tratada e tratá-la como um material específico e fazer<br />
com que o associado entenda esse potencial mercado<br />
e se junte a nós. Hoje em dia é necessário técnico especialista<br />
em cada um dos materiais utilizados.<br />
Gonzalo Lopez - novo presidente da Abpm<br />
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REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
QUÍMICA NA MADEIRA<br />
54 |<br />
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TRATAMENTO<br />
E USO DO<br />
BAMBU<br />
Fotos: divulgação<br />
CONHEÇA MAIS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS<br />
E PROPRIEDADES DE TRATAMENTO DA<br />
GRAMÍNEA, QUE POSSUI MAIS DE 1.200<br />
ESPÉCIES NOS TRÓPICOS<br />
A<br />
lgumas das características do bambu são semelhantes<br />
às da madeira. Por isso, necessita<br />
de técnicas especiais que permitam aperfeiçoar<br />
as vantagens das suas múltiplas aplicações. O<br />
bambu é uma gramínea de rápido crescimento e que<br />
chega à idade de reprodução aos três anos, a partir dos<br />
quais permite cortes anuais. Com exceção da Europa,<br />
quase todos os continentes possuem espécies nativas<br />
de bambus sendo, entretanto, mais disseminadas nos<br />
trópicos, região em que podem ser encontrados 75<br />
gêneros e cerca de 1.250 espécies, que vão desde pequenas<br />
gramíneas até unidades gigantescas com 40 m<br />
(metros) de altura por 30 cm (centímetros) de diâmetro.<br />
ANATOMIA, QUÍMICA E PROPRIEDADES<br />
DO BAMBU<br />
O bambu possui um caule oco, denominado colmo.<br />
O colmo de um bambu possui cerca de 60% de tecido<br />
parenquimatoso, 40% de fibras e 10% de vasos. As fibras<br />
agrupam-se em feixes distribuídos ao longo dos<br />
vasos.<br />
Embora os vasos sejam facilmente permeáveis, não<br />
há fluxo lateral devido à ausência de raios, como se observa<br />
na madeira. Além de ser responsável pela baixa<br />
permeabilidade do bambu, esse arranjo anatômico res-<br />
SETEMBRO | 55
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
QUÍMICA NA MADEIRA<br />
ponde também pelas variações de densidade observadas<br />
na faixa de 500-800 kg/m³ (quilogramas por metro<br />
cúbico).<br />
DURABILIDADE NATURAL DO BAMBU<br />
Os extrativos contidos no bambu, como resinas,<br />
graxas e taninos não têm toxicidade suficiente para<br />
conferir durabilidade natural contra agentes xilófagos<br />
(fungos e insetos). O elevado teor de amido do bambu<br />
torna-o suscetível ao ataque de fungos manchadores e<br />
brocas (famílias Bostrichidae e Lyctydae).<br />
A durabilidade natural do bambu é muito baixa, dependendo<br />
da espécie envolvida e da classe de uso. Sob<br />
cobertura e fora de contato com o solo, o bambu sem<br />
tratamento pode durar até quatro anos. O bambu deve<br />
ser colhido nas épocas do ano em que há menor teor<br />
de amido.<br />
SECAGEM DO BAMBU<br />
Como regra geral, recomenda-se a utilização de<br />
colmos maduros para diminuir os problemas de fendilhamento<br />
e a ocorrência de colapso. Sua secagem ao ar<br />
processa-se durante dois a três meses e pode ser efetuada<br />
com os colmos na posição vertical (secagem mais<br />
rápida), ou na posição horizontal, usando-se neste caso<br />
espaçadores apropriados entre as camadas.<br />
Devido à suscetibilidade a fungos e a insetos, haverá<br />
a necessidade de um tratamento provisório, com<br />
uma mistura de produtos de ação profilática, até que<br />
seja feito o tratamento definitivo.<br />
TRATAMENTO DO BAMBU<br />
Tomando como base as premissas anteriores sobre<br />
a baixa durabilidade natural do bambu frente aos agentes<br />
xilófagos, juntamente com a baixa permeabilidade<br />
aos agentes xilófagos, seu tratamento só é possível por<br />
difusão, no caso de colmos verdes, ou por pressão em<br />
se tratando de colmos abaixo do ponto de saturação<br />
das fibras (H= 20-22%).<br />
Pelo fato de o Brasil possuir um parque industrial<br />
com mais de 400 unidades, com capacidade ociosa, é<br />
que se pode afirmar que os processos sob pressão, além<br />
de serem confiáveis do ponto de vista ambiental, estão<br />
aptos à produção de um produto final mais uniforme<br />
e passível de ter a sua qualidade controlada. Há, por<br />
exemplo, no município paulista de Cunha, uma usina<br />
que tem tratado quantidades apreciáveis de bambu,<br />
para várias aplicações, sobretudo para fins artesanais.<br />
Entretanto, deve ser lembrado sempre que o bambu<br />
tem diferenças em relação à madeira, de forma que<br />
seus colmos (roliços) são sujeitos ao colapso. Na forma<br />
de taliscas, o bambu não apresenta esse tipo de problema.<br />
Alguns autores recomendam que antes do tratamento<br />
de bambus roliços sejam feitos furos de 10mm<br />
entre os septos dos colmos e em lados opostos. Essa<br />
técnica equilibra a pressão dos dois lados do bambu,<br />
evitando a possível ocorrência de colapso das peças,<br />
além de melhorar a uniformidade da penetração.<br />
Outra forma de minimizar a ocorrência de colapso<br />
é baixar a pressão de trabalho dos usuais 12,0 kgf/<br />
cm² para algo em torno de 7,0kgf/cm², por um período<br />
de uma a duas horas. Para compensar a diminuição da<br />
pressão, trabalha-se com concentrações mais elevadas<br />
de preservativo (5-6% m/m).<br />
Quanto aos preservativos recomendados, há unani-<br />
56 |<br />
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midade na literatura consultada e específica sobre o tratamento<br />
de bambu. Se por um lado o CCA proporciona<br />
fixação mais rápida e maior resistência à lixiviação, por<br />
seu turno, o CCB, por força da grande mobilidade iônica<br />
do boro, é mais recomendável para espécies de bambu,<br />
mais refratárias ao tratamento preservativo, sendo opção<br />
única para aqueles que desejem competir no mercado<br />
externo, principalmente o europeu.<br />
Por Ennio Lepage, pesquisador e<br />
consultor técnico da<br />
Montana Química<br />
e-mail: elepage@montana.com.br<br />
BAMBU NO MUNDO<br />
No Vietnã há muito tempo o bambu é empregado<br />
na construção de casas, principalmente na zona rural<br />
e, hoje, já é empregado na construção de resorts e restaurantes<br />
temáticos de regiões turísticas;<br />
São produzidos, anualmente, de 15 a 130 toneladas<br />
de produtos confeccionados com bambu;<br />
Este pequeno país é o terceiro maior exportador<br />
de bambu, suplantado apenas pela China e pela Indonésia;<br />
Em 2010 as exportações desses países, em mobiliário<br />
e artesanato, atingiram a cifra de 350 milhões de<br />
dólares, prevendo-se um crescimento anual de 10%-20%<br />
ao ano;<br />
Na Costa Rica há programas de construção de<br />
habitações em regime de mutirão. Na América do Sul<br />
também se observa um quadro de uso crescente do bambu<br />
em alguns países, especialmente Equador e Colômbia;<br />
No Brasil, embora ainda haja uma forte restrição<br />
quanto ao uso de materiais renováveis na construção<br />
(madeira e bambu em maior escala), o movimento ecológico<br />
que varre o planeta pode propiciar condições para a<br />
reversão desse preconceito.<br />
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Engenheira Florestal, doutoranda do programa de pós-graduação em Engenharia<br />
Florestal, na Ufpr (Universidade Federal do Paraná)<br />
SETSUO IWAKIRI<br />
Engenheiro Florestal, Dr., Professor Titular do Departamento de Engenharia e<br />
Tecnologia Florestal, na Ufpr<br />
58 |<br />
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RESUMO<br />
E<br />
ste trabalho teve como objetivo avaliar o potencial<br />
de uso de resíduos originados da produção de painéis<br />
compensados, MDF e MDP para fabricação de<br />
painéis aglomerados. A resina UF (ureia-formaldeído) foi<br />
utilizada na produção dos painéis, em proporções de 6%<br />
e 10% com base no peso seco das partículas de madeira,<br />
juntamente com 2% de catalisador (base sólido de resina)<br />
e 1% de parafina (base peso seco das partículas). O delineamento<br />
experimental foi composto por 10 tratamentos com<br />
três repetições cada, totalizando 30 painéis. Os painéis<br />
foram produzidos com resíduos nas proporções de 100%,<br />
50-50% e 33-33-33%.<br />
Para avaliação qualitativa, os painéis foram submetidos<br />
aos seguintes ensaios das propriedades físico-mecânicas:<br />
densidade, absorção de água e inchamento em espessura,<br />
flexão estática, arrancamento de parafusos (superfície<br />
e topo) e tração perpendicular à superfície. Os resultados<br />
foram avaliados conforme os requisitos da Abnt (Associação<br />
Brasileira de Normas Técnicas). As avaliações gerais<br />
dos resultados das propriedades físicas e mecânicas dos<br />
painéis indicaram a viabilidade técnica de uso de resíduos<br />
de MDF, MDP e compensados de forma pura e misturadas,<br />
para produção de painéis aglomerados. A possibilidade de<br />
uso de resíduos contribui de forma significativa em termos<br />
econômicos e ambientais.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os problemas relacionados às questões ambientais<br />
como a poluição e a geração de resíduos e suas consequências,<br />
estão, em muitos casos, associados aos processos<br />
produtivos. O melhor aproveitamento da matéria-prima,<br />
por meio de processos que incorporem os princípios de<br />
gestão ambiental, vem ganhando importância nas indústrias<br />
e instituições de pesquisas, pois, além dos benefícios<br />
ambientais e sociais, trazem vantagens econômicas às empresas.<br />
Um indicador desta demanda ambiental é a adesão<br />
das empresas aos processos de certificações ambientais e<br />
florestais, solicitados pelos mercados, especialmente os<br />
SETEMBRO | 59
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ARTIGO<br />
internacionais, exigindo do setor produtivo a responsabilidade<br />
ambiental e social na exploração dos recursos florestais,<br />
com a máxima preservação possível destes recursos.<br />
O consumo de madeira em grande escala pelos diversos<br />
setores da sociedade faz com que surjam discussões<br />
e questionamentos sobre os impactos dos resíduos madeireiros<br />
ao ecossistema, instigando a ciência florestal no<br />
desenvolvimento de pesquisas sobre soluções mitigadoras<br />
dos impactos ambientais gerados nos processos produtivos,<br />
onde a matéria-prima madeira é o principal componente.<br />
Neste contexto, existe a demanda por estudos para<br />
viabilizar a utilização de resíduos de painéis de madeira,<br />
oriundos do setor moveleiro, da construção civil e outros<br />
setores, onde ocorre elevado descarte desses produtos,<br />
para produção de “novos” painéis reconstituídos de madeira.<br />
Essas pesquisas podem favorecer o melhor aproveitamento<br />
da matéria-prima, proporcionando maior valor<br />
agregado ao produto. Os resíduos de painéis de madeira<br />
possuem potencial econômico ainda pouco explorado pelas<br />
indústrias. A alternativa de seu aproveitamento na produção<br />
de novos painéis é uma ideia que vem ao encontro<br />
do apelo social atual, favorável à adoção de materiais que<br />
provoquem o mínimo impacto ambiental ao ecossistema.<br />
O Brasil possui tecnologia avançada na produção de<br />
painéis de madeira reconstituída. É também o país com o<br />
maior número de fábricas de última geração. Com investimentos<br />
contínuos em tecnologia e automação, as empresas<br />
construíram versáteis e modernos parques industriais<br />
destinados à instalação de novas unidades, à atualização<br />
tecnológica das plantas já existentes, à implantação de<br />
linhas contínuas de produção e aos novos processos de<br />
impressão, de impregnação, de revestimento e de pintura<br />
(Abipa, 2010). As utilizações dos painéis de madeira estão<br />
diretamente associadas às propriedades físicas e mecânicas<br />
dos mesmos.<br />
As restrições técnicas para o uso e a aplicação de diferentes<br />
tipos de painéis de madeira envolvem características<br />
como resistência mecânica, estabilidade dimensional,<br />
uniformidade da superfície, usinabilidade, resistência<br />
à fixação de parafusos, entre outros. Os principais usos e<br />
aplicações dos painéis de madeira estão associados principalmente<br />
aos segmentos da construção civil e de móveis,<br />
em função das suas características tecnológicas (Abimci,<br />
2009). Os principais parâmetros do processo produtivo<br />
de painéis aglomerados estão relacionados à matéria-<br />
-prima e às variáveis de processamento e são amplamente<br />
descritos por Maloney (1993) e Moslemi (1974). Quanto à<br />
matéria-prima, as características da madeira como densidade,<br />
extrativos e geometria das partículas interferem no<br />
processo de colagem e qualidade dos painéis produzidos.<br />
No caso de partículas obtidas a partir da transformação<br />
de painéis como compensados, MDF e MDP, algumas<br />
características são diferenciadas, tendo em vista que estes<br />
painéis possuem na sua estrutura a resina polimerizada,<br />
parafina, e já passaram por processo de prensagem à alta<br />
temperatura na prensa. Trata-se de um tema ainda pouco<br />
explorado e carente de publicações no Brasil. Já, o uso de<br />
resíduos de madeira sólida tem sido foco de algumas pesquisas<br />
publicadas em periódicos científicos. Iwakiri (2000)<br />
utilizou resíduos de madeira de espécies de Eucalyptus<br />
provenientes de serrarias; Iwakiri (2012) avaliou o potencial<br />
de uso de resíduos de serrarias de nove espécies de<br />
madeiras tropicais para produção de painéis aglomerados.<br />
Tendo em vista estas peculiaridades em termos de matéria-prima<br />
e carência de estudosw sobre a utilização destes<br />
materiais na produção de aglomerados, este trabalho<br />
foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a viabilidade de<br />
A pesquisa consistiu de<br />
um experimento com 10<br />
tratamentos e três repetições,<br />
totalizando 30 painéis<br />
60 |<br />
www.referenciaindustrial.com.br
Os resíduos de painéis foram<br />
transformados em cavacos e,<br />
posteriormente, processados<br />
em moinho de martelos<br />
uso de resíduos de painéis compensados, MDF e MDP para<br />
produção de painéis aglomerados.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Os resíduos de painéis compensados, MDF e MDP,<br />
todos compostos por madeira de Pinus spp, foram obtidos<br />
em empresas fabricantes de painéis de madeira, na<br />
região metropolitana de Curitiba (PR). Estes resíduos são<br />
gerados nas operações de esquadrejamento e de painéis<br />
desclassificados no controle de qualidade do produto final.<br />
O destino atual deste material nas indústrias é a geração<br />
energética através da queima. Os resíduos de painéis foram<br />
transformados em cavacos e, posteriormente, processados<br />
em moinho de martelos, onde passaram por peneiras<br />
com três diferentes tamanhos de malhas, 18, 12 e 6 mm<br />
(milímetros), sendo utilizadas para produção dos painéis as<br />
partículas que passaram pela malha de 12 mm e ficaram<br />
retidas na malha de 6 mm.<br />
A pesquisa consistiu de um experimento com 10 tratamentos<br />
e três repetições, totalizando 30 painéis, nos quais<br />
foram analisados os três diferentes tipos de resíduos de<br />
painéis e misturas destes, além de dois teores de resina UF.<br />
Os resíduos foram utilizados na produção de painéis de forma<br />
pura (100%) ou misturados. As proporções de misturas<br />
das partículas, provenientes de resíduos de compensados,<br />
MDP e MDF, foram de 50% nos painéis com dois tipos de<br />
resíduos e 33% nos painéis com os três tipos de resíduos.<br />
A resina UF foi utilizada nas proporções de 6 e 10% de sólidos,<br />
a emulsão de parafina foi aplicada na proporção de<br />
1%, ambas em relação à quantidade de massa seca de partículas.<br />
O catalisador - sulfato de amônia - foi aplicado na<br />
proporção de 2%, base sólido de resina. Estes componentes<br />
foram adicionados por meio de aspersão, com auxílio<br />
de uma pistola, no aplicador do tipo tambor rotatório. A<br />
densidade nominal calculada para os painéis foi de 0,80 g/<br />
cm³ (gramas por centímetro cúbico).<br />
O colchão de partículas foi formado manualmente,<br />
utilizando-se uma caixa de madeira, com dimensões de 50<br />
cm (centímetros) de largura por 50 cm de comprimento,<br />
colocada sobre uma placa de alumínio, na qual as partículas<br />
correspondentes a um painel, foram distribuídas uniformemente.<br />
Em seguida, o colchão de partículas foi pré-<br />
-prensado e separadores de 15 mm foram colocados em<br />
duas laterais opostas para delimitar a espessura do painel.<br />
Os painéis foram prensados em uma prensa de pratos com<br />
aquecimento elétrico, à temperatura de 160°C (graus celsius),<br />
pressão específica de 4,0 Mpa (megapascal) e tempo<br />
de prensagem de 8 minutos. Após a prensagem, os painéis<br />
foram esquadrejados e acondicionados em câmara climatizada,<br />
com temperatura 20 ± 3°C e umidade relativa de 65<br />
± 5%, para estabilização final para ensaios.<br />
A avaliação da qualidade dos painéis produzidos com<br />
resíduos compreendeu a determinação das seguintes propriedades<br />
físicas e mecânicas: massa específica aparente,<br />
absorção de água e inchamento em espessura, após 24 horas<br />
de imersão em água; flexão estática; arrancamento de<br />
parafusos (superfície e topo) e tração perpendicular à superfície,<br />
de acordo com os procedimentos descritos na EM<br />
(European Norm). Os valores obtidos nos ensaios foram<br />
comparados com os requisitos das Normas EN 312:2003 e<br />
NBR 14810-2:2006. Os resultados de densidade dos painéis<br />
dos 10 tratamentos foram avaliados inicialmente através<br />
da análise de variância. Constatadas as diferenças significativas<br />
entre as densidades, foi realizada a análise de covariância.<br />
Todos os testes foram aplicados ao nível de 95% de significância,<br />
e o programa estatístico utilizado para a análise<br />
foi o Statgraphics Plus. Havendo a rejeição da hipótese de<br />
igualdade, foi aplicado o Teste de Tukey para comparação<br />
das médias entre os tratamentos.<br />
SETEMBRO | 61
REFERÊNCIA INDUSTRIAL<br />
ARTIGO<br />
Observa-se que os painéis com<br />
resíduos de MDF e proporção de<br />
10 e 6% de resina apresentaram<br />
os menores valores de teor de<br />
umidade<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Densidade e teor de umidade dos painéis<br />
Os resultados indicam que os painéis compostos com<br />
100% de partículas de resíduos de MDF, MDP e compensados<br />
e 10% de resina não apresentaram valores médios<br />
de densidade diferentes estatisticamente. Os valores médios<br />
de densidade dos painéis compostos por misturas de<br />
resíduos também não foram estatisticamente diferentes,<br />
demonstrando que as misturas de partículas de diferentes<br />
tipos de resíduos não interferiram significativamente nesta<br />
propriedade. Entre estes tratamentos, os painéis produzidos<br />
com os três resíduos apresentaram a maior média<br />
(0,763 g/ cm³), enquanto os painéis produzidos com resíduos<br />
de compensados e MDF apresentaram a menor média<br />
(0,730 g/cm³).<br />
Os painéis compostos com 100% de partículas de resíduos<br />
de MDF, MDP e compensados e 6% de resina também<br />
não apresentaram diferenças estatísticas entre os<br />
valores médios de densidade. Na comparação entre os<br />
painéis produzidos com 10% e 6% de resina, verificou-se<br />
diferença significativa apenas entre os painéis produzidos<br />
com resíduos de MDP, nos quais ficou evidente a influência<br />
do maior teor de resina na densidade dos painéis. Com<br />
relação aos resultados de teores de umidade dos painéis,<br />
verifica-se que existem diferenças estatísticas significativas<br />
entre as médias dos painéis. Os valores médios variaram<br />
entre 7,34% e 8,96%. Pode-se constatar que os painéis<br />
compensados, cujo resíduo foi utilizado nos tratamentos 2<br />
e 9 de forma pura, originalmente não receberam adição de<br />
parafina no processo produtivo, justificando, desta forma,<br />
a maior higroscopicidade em relação aos demais tratamentos<br />
deste experimento. Os resíduos de MDF e MDP, por terem<br />
recebido a aplicação de parafina durante o processo<br />
produtivo, a aplicação adicional de mais 1% de parafina na<br />
manufatura destes painéis experimentais, resultaram na<br />
redução da higroscopicidade destes painéis. Observa-se<br />
que os painéis com resíduos de MDF e proporção de 10 e<br />
6% de resina apresentaram os menores valores de teor de<br />
umidade, o que pode ser justificado pela maior proporção<br />
de parafina que, provavelmente, foi determinante para o<br />
teor de umidade inferior.<br />
Em referência a trabalhos publicados sobre painéis de<br />
madeira, que comprovam a baixa umidade de equilíbrio<br />
em produtos de madeira reconstituída, podemos citar:<br />
Hillig, Haselein e Santini (2004) que encontraram valores<br />
entre 3,74% e 8,78% para painéis do tipo flakeboards de<br />
Pinus elliottii, Eucalyptus grandis e Acacia mearnsii; Cabral<br />
et al. (2007) encontraram valores de 9,62% a 9,94% para<br />
painéis de madeira aglomerada produzidos com Eucalyptus<br />
spp. e Pinus elliottii; e Carneiro et al. (2009) com valores<br />
de 9,10% a 10,23% para painéis de madeira aglomerada de<br />
Pinus elliottii, colados com ureia-formaldeído e adesivos<br />
tânicos.<br />
De maneira geral, os teores de umidade dos tratamentos<br />
ficaram um pouco abaixo dos valores observados em<br />
outros trabalhos. Isto pode ser explicado pelo fato desse<br />
material ter passado por aquecimento na fabricação inicial<br />
dos painéis e ter sido novamente submetido ao aquecimento<br />
a altas temperaturas neste processo produtivo, o<br />
que pode ter contribuído para redução de sítios higroscópicos.<br />
A redução na higroscopicidade também pode ser<br />
causada pela incorporação de resina e parafina, ambas<br />
redundantes neste experimento, deixando o painel menos<br />
reativo à água.<br />
ABSORÇÃO DE ÁGUA E INCHAMENTO<br />
EM ESPESSURA<br />
Os valores médios de absorção de água após 24 horas<br />
de imersão variaram de 16,17% a 57,41%. Os resultados<br />
indicam maior absorção de água dos painéis produzidos<br />
integralmente com compensados e também os efeitos negativos<br />
da incorporação deste material em misturas com<br />
resíduos de MDF e MDP. Estas variações podem ser atribuídas<br />
ao fato de que na produção de compensados não foi<br />
utilizada a emulsão de parafina. Os menores índices de absorção<br />
de água foram obtidos para os painéis produzidos<br />
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com resíduos de MDF e MDP em função da dupla adição de<br />
parafina, no processo industrial e no laboratório.<br />
Com exceção de painéis produzidos com resíduos de<br />
compensados, não foram constatadas diferenças estatísticas<br />
entre os painéis produzidos com 6% e 10% de resina.<br />
Para os painéis produzidos com misturas dos três tipos de<br />
resíduos, observa-se que a inclusão de resíduos de compensados<br />
aumenta significativamente a absorção de água.<br />
Os valores médios de inchamento em espessura após 24<br />
horas de imersão em água variaram entre 6,42% e 32,26%.<br />
Os maiores valores médios de inchamento em espessura<br />
foram obtidos para painéis produzidos com 100% de resíduos<br />
de compensados, seguidos de painéis com 50% de<br />
compensados. A redução no teor de resina de 10% para<br />
6% resultou em aumento significativo de inchamento em<br />
espessura para painéis de resíduos de MDP e compensados.<br />
A mistura de resíduos de MDP, MDF e compensados<br />
não contribuíram para o aumento no inchamento em espessura<br />
dos painéis. Os painéis produzidos com 100% de<br />
resíduos de MDF apresentaram médias de inchamento<br />
em espessura estatisticamente inferiores em relação aos<br />
demais tipos de painéis. A mistura de resíduos de MDF na<br />
composição dos painéis contribuiu para redução do inchamento<br />
em espessura. Portanto, pode-se afirmar que a incorporação<br />
de parafina no material original e no processo<br />
de manufatura em laboratório reduziu significativamente<br />
os valores médios de inchamento em espessura, quando<br />
comparados com os painéis de resíduos de compensados.<br />
Com relação aos resultados apresentados na literatura,<br />
Iwakiri (2000) obteve para painéis produzidos puros ou em<br />
misturas a partir de resíduos de serrarias de três espécies<br />
de eucaliptos (Eucalyptus maculata, Eucalyptus grandis e<br />
Eucalyptus tereticornis), com densidade nominal de 0,75<br />
g/cm³, e duas proporções de resina UF (8 e 12%), valores<br />
médios de absorção de água entre 37,37% a 50,80%, e de<br />
23,51% a 38,81% para inchamento em espessura, ambos<br />
após 24 horas de imersão em água. Numa outra pesquisa<br />
realizada por Iwakiri (2005), com painéis aglomerados de<br />
Pinus spp, com densidade de 0,650 g/cm³ e 8% de resina<br />
UF, os valores obtidos para absorção de água e inchamento<br />
em espessura foram de 126,58% e 29,99%, respectivamente,<br />
após 24 horas de imersão em água. Pode-se afirmar<br />
que os resultados obtidos nesta pesquisa para painéis<br />
aglomerados produzidos com resíduos de MDF, MDP e<br />
compensados foram satisfatórios em relação aos resultados<br />
de outras pesquisas.<br />
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um look a uma peça de decoração em uma casa,<br />
pequenos e sutis cuidados têm o poder de trazer personalização,<br />
identidade e autenticidade. Além da qualidade da<br />
matéria-prima empregada, existem outras características<br />
fundamentais que determinam o valor do produto. Em um<br />
móvel, por exemplo, um acabamento diferenciado pode<br />
deixar o ambiente completamente renovado, moderno<br />
e aconchegante, valorizando ainda mais a decoração e o<br />
próprio mobiliário.<br />
O consumidor está cada vez mais exigente, prezando<br />
não só pelo bom custo benefício, como também se atentando<br />
mais aos detalhes e pensando na maior durabilidade<br />
dos móveis, uma vez que o investimento em marcenaria<br />
e planejados tende a ser um pouco mais alto. Por outro<br />
lado, as empresas de marcenaria também têm dado maior<br />
atenção à finalização de peças, que vão diferenciar o projeto<br />
e o trabalho frente aos concorrentes. E aí que surge<br />
a demanda por produtos com tecnologia inovadora que<br />
apresentam diferencial estético e versatilidade, agregando<br />
valor ao produto final, como acontece com as fitas de borda<br />
de PVC (Policloreto de Vinil), por exemplo, que se tornaram<br />
elemento essencial para o acabamento do móvel.<br />
As fitas de borda oferecem maior sofisticação para o<br />
mercado moveleiro, por terem design arrojado e diferentes<br />
tipos de cores, desenhos, brilhos e texturas, o que permite<br />
combinações ousadas e personalizadas. Os modelos de 1<br />
mm (milímetro) e 2 mm são ótimas opções para diversas<br />
aplicações em móveis de sala, quarto e até mesmo em<br />
banheiro e cozinha, trazendo criatividade e estilo, além de<br />
também estarem em alta no design de interiores. Isso tudo<br />
com bom custo benefício, já que a fita de borda representa<br />
uma parcela pequena do investimento, se considerar o<br />
projeto por completo e os diversos benefícios que traz. O<br />
produto pode ser aplicado em painéis de MDF e MDP, entre<br />
outros e, graças ao seu fácil manuseio e aplicação, tende a<br />
ter um acabamento mais duradouro e elegante. Para compor<br />
um pacote completo e tornar a mobília item de decoração,<br />
é importante também investir em profissionais especializados,<br />
que dominem as ferramentas e materiais a serem<br />
utilizados na composição dos móveis, além da utilização de<br />
ferramentas apropriadas para esse tipo de aplicação, aliando<br />
qualidade, beleza e exclusividade.<br />
Nos próximos anos, teremos cada vez mais automação,<br />
tecnologia e matérias-primas mais resistentes, uma vez que<br />
a durabilidade se torna mais importante que a aparência na<br />
hora da escolha do mobiliário. Os cuidados com o acabamento<br />
são parte fundamental desse quebra-cabeça para elevar<br />
o padrão do produto. Tudo isso resulta na valorização do<br />
móvel, trazendo vantagens para ambas as partes: os fabricantes,<br />
os profissionais de marcenaria e o consumidor final.<br />
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