III Edição Revista Corixo de Extensão Universitária Semestral Dez/2015
Revista de Extensão Universitária da UFMT
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<strong>Corixo</strong> - <strong>Revista</strong> <strong>de</strong> <strong>Extensão</strong> <strong>Universitária</strong><br />
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O reflexo <strong>de</strong>ssa política é evi<strong>de</strong>nciado na atual conjuntura mato-grossense. O capital<br />
chegou antes da população que imigrou para a região em busca <strong>de</strong> uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vida, e arrasou terras, expropriou camponeses, exterminou grupos étnicos, gerando um êxodo<br />
para a zona urbana, gerando novos conflitos.<br />
Assim como a história <strong>de</strong> Mato Grosso, os conflitos sociais são singulares. A partir das<br />
duas últimas décadas do século XX, garimpeiros retornaram à região e entraram em conflito com<br />
fazen<strong>de</strong>iros e indígenas. Entre os dois últimos, já se havia instalado conflitos que acabaram por<br />
<strong>de</strong>sarticular populações tradicionais.<br />
Camponeses sem terra passaram a servir como fantoches políticos quando recebem uma<br />
pequena porção <strong>de</strong> terra repassada <strong>de</strong> um latifúndio improdutivo pelo INCRA (Instituto Nacional<br />
<strong>de</strong> Colonização e Reforma Agrária). . e começam a combater indígenas, garimpeiros e até mesmo<br />
outros camponeses − aos quais se <strong>de</strong>fininem como marginais porque não possuem uma porção<br />
<strong>de</strong> terra − situação que os camponeses, agora proprietários, outrora se encontravam.<br />
Mato Grosso passou a ser um estado <strong>de</strong> conflitos generalizados entre diversas classes e<br />
grupos sociais como indígenas, garimpeiros, agricultores, pecuaristas, camponeses, sem-terra,<br />
on<strong>de</strong> ninguém é aliado <strong>de</strong> ninguém e todos lutam contra todos. Formou-se no estado um quadro<br />
<strong>de</strong> exclusão social, em que os serviços públicos não conseguem aten<strong>de</strong>r a população, nem em<br />
quantida<strong>de</strong>, nem em qualida<strong>de</strong>. Esse quadro agrava a situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, já que as ofertas<br />
<strong>de</strong> emprego são poucas, abrindo margem para o trabalho escravo. Como vemos, as relações<br />
sociais em Mato Grosso não favorecem a igualda<strong>de</strong>, não gerando estímulo algum à <strong>de</strong>mocracia.<br />
A Elite Regional e o Desenvolvimento Mato-grossense<br />
As políticas <strong>de</strong> incentivo fiscal direcionadas principalmente aos paulistas não obtiveram<br />
resultados produtivos. Esse mecanismo, mesmo se fosse exclusivamente utilizado pela elite<br />
regional, não faria muita diferença quanto aos resultados. Talvez até fossem piores e estaríamos<br />
atualmente em situação ainda mais <strong>de</strong>sfavorável. A elite regional está atrelada aos interesses do<br />
capital nacional e internacional e serviria somente como um intermediário das ações políticas<br />
fe<strong>de</strong>rais, que repassam os incentivos fiscais diretamente à fonte do capital, pois se este apoio fosse<br />
colocado em po<strong>de</strong>r dos capitais presentes na região antes <strong>de</strong> chegar aos gran<strong>de</strong>s capitalistas, o<br />
“pedágio” certamente seria maior.<br />
Os membros da elite regional mato-grossense, que se afirmam ocupando cargos políticos<br />
no legislativo, judiciário e também nas universida<strong>de</strong>s locais, reproduzem os interesses dominantes<br />
da elite nacional com um padrão <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> exploratório, anti<strong>de</strong>mocrático, promovendo a<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, não aten<strong>de</strong>ndo aos interesses coletivos da população <strong>de</strong> Mato Grosso.<br />
Vê-se que a miséria (tão maquiada nos meios <strong>de</strong> comunicação), a <strong>de</strong>gradação ambiental,<br />
a exclusão social, seguida <strong>de</strong> baixa prosperida<strong>de</strong> econômica para a maioria da população matogrossense,<br />
são <strong>de</strong>rivadas das atitu<strong>de</strong>s perversas e predatórias dos gran<strong>de</strong>s empresários nacionais<br />
e do governo fe<strong>de</strong>ral em conjunto com as elites regionais e com o governo local, atrasando o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento do estado e promovendo o bem-estar para poucos.<br />
Um símbolo que marca essa característica no estado <strong>de</strong> Mato Grosso são as gran<strong>de</strong>s<br />
proprieda<strong>de</strong>s agropecuárias, que se beneficiam com a baixa fiscalização do governo. (tal<br />
procedimento po<strong>de</strong> ser entendido <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que os ocupantes dos cargos públicos são<br />
os maiores proprietários <strong>de</strong> latifúndio no estado). Desse modo, a baixa fiscalização favorece a<br />
gestão aos mol<strong>de</strong>s coronelistas e paternalistas, <strong>de</strong>sarticulando qualquer forma <strong>de</strong> relação social