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Revista Dr. Plinio 217

Abril de 2016

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lado para outro, musicalizando: “O<br />

Estado, a Folha…” Às vezes víamos<br />

um homem maduro, que passara a<br />

vida inteira como jornaleiro, mas<br />

percebia-se nele a intenção de ter sido<br />

um determinado tipo de jornaleiro,<br />

e tinha ou não conseguido aquele<br />

intuito.<br />

É uma história anônima. Mas se<br />

uma pessoa se debruçasse sobre ela,<br />

conhecesse os pormenores, soubesse<br />

quais foram as metas, as tentativas,<br />

o fracasso e o êxito, se fosse um bom<br />

escritor, faria daquela vida um grande<br />

livro. Porque onde houve uma<br />

meta e um método, esta história mereceria<br />

ser escrita.<br />

Não merece ser escrita a história<br />

daqueles que não tiveram meta nem<br />

método, que passaram a vida vagueando<br />

de um lado para outro, sem<br />

querer e sem desejar nada, sem ter<br />

método para alcançar alguma coisa,<br />

ao sabor das circunstâncias, como<br />

uma cortiça jogada ao mar. Jogada<br />

no Atlântico, tanto pode ir parar no<br />

Mar Amarelo, como em Istambul,<br />

como pode passar cem anos flutuando<br />

nos espaços internos da baía de<br />

Guanabara e, depois, desintegrar-se.<br />

Não tem interesse, não houve meta,<br />

não houve método, houve apenas<br />

o jogo fortuito das circunstâncias…<br />

São os homens sem história.<br />

Manuelvbotelho (CC3.0)<br />

“Estátua do guerreiro”<br />

Palácio da Pena, Sintra, Portugal<br />

Necessidade<br />

da confiança<br />

para cumprir<br />

os desígnios<br />

de Deus<br />

Para os homens<br />

que possuem história,<br />

muitas vezes esta meta<br />

é verdadeira. Mas<br />

muitas vezes também<br />

a pessoa se engana.<br />

E chegar a conhecer<br />

a verdadeira meta da<br />

vida é uma graça. Alguns<br />

a têm nos primeiros<br />

albores da vida,<br />

outros quando a<br />

vida já vai madura, a<br />

mar alto! A Providência<br />

não quis lhes fazer<br />

conhecer antes a<br />

meta designada para<br />

eles. E eles foram vivendo<br />

na incerteza, à<br />

procura de uma meta,<br />

até o momento em que ela floresce<br />

dentro do mar onde eles estavam<br />

vagando sem sentido.<br />

Às vezes a Providência tem metas<br />

desencontradas para uma mesma<br />

pessoa, para prová-la. Então, chama<br />

um homem, primeiro para guerreiro.<br />

Ele luta e, de repente, a Providência<br />

dá um jeito, o homem descobre<br />

em si mesmo um talento diplomático<br />

enorme. Ele deixa de lado a espada<br />

e começa a usar a lábia, a gentileza;<br />

entra pela diplomacia.<br />

Em determinado momento, lhe<br />

vem a ideia, e é a vocação: “Eu devo<br />

ser padre, devo ser religioso… Vou<br />

— como São Pedro Armengol —<br />

ser um homem para resgatar os cativos…<br />

eu não quero outra coisa…”<br />

São vidas que parecem quebradas,<br />

mas se somam formando um todo,<br />

uma bonita unidade, que se percebe<br />

melhor depois, quando a pessoa<br />

morreu e vemos o caminho seguido<br />

por ela.<br />

São Pedro Armengol, na forca, sustentado por<br />

Nossa Senhora - Museu do Prado, Madri, Espanha<br />

Outro exemplo: Santo Inácio. Há<br />

uma beleza especial no fato de ele<br />

ter sido guerreiro antes de ser padre.<br />

E como embeleza ainda mais a vida<br />

deste Santo o fato de, entre o tempo<br />

de guerreiro e o de Fundador, ter<br />

passado um período de convalescença,<br />

com uma perna quebrada, lendo<br />

livro de cavalaria, depois livro de<br />

Santos, da biblioteca do velho castelo,<br />

e mandando quebrar três vezes a<br />

perna para consertar…<br />

Como é bonito que depois esse fidalgo<br />

deixasse a corte e se vestisse<br />

como um mendigo, e fosse para um<br />

grupo escolar onde os meninos davam<br />

risada dele. Aquele homem já<br />

feito quase não tinha cultura. Ele tinha<br />

passado a vida guerreando e não<br />

tinha tido tempo de estudar. Ele recebe<br />

com humildade os apodos, até<br />

que sua alma começa a luzir como<br />

uma tocha! É a Contrarreforma que<br />

brilha nele, talvez como em nenhum<br />

outro Santo.<br />

13<br />

Vicente Carducho (CC3.0)

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