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Revista Dr. Plinio 217

Abril de 2016

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Francisco Lecaros<br />

Baile no Palácio - Museu Carmen Thyssen, Málaga, Espanha<br />

tem de bom e característico fica ultracaracterístico.<br />

Tudo o que ela possui<br />

de mau é posto de lado.<br />

Deus é eminentemente<br />

personificante<br />

Em qualquer santo isso é ultracaracterístico.<br />

Todos são muito parecidos<br />

entre si, mas ao mesmo tempo<br />

enormemente diversos uns dos outros.<br />

O que São Paulo prefigurou de<br />

modo magnífico, dizendo: “Stella differt<br />

stella” 1 .<br />

Olhem para o céu onde há uma<br />

porção de estrelas. Uma criança diria<br />

que são iguais. Mas na realidade<br />

nestas miríades de estrelas não há<br />

nenhuma igual à outra. Assim são os<br />

homens.<br />

Mais ainda, todos os homens que<br />

houve, há e haverá no plano de Deus<br />

formam uma coleção. E essa coleção<br />

deve de algum modo, no seu conjunto,<br />

espelhar o que o Criador é no<br />

seu conjunto. Quer dizer, assim como<br />

Deus é imenso, infinito, e tem<br />

todas as qualidades possíveis, isto se<br />

reproduz no conjunto dos homens.<br />

Cada um com sua tônica, tomando<br />

essas tônicas no conjunto se obtém<br />

uma espécie de mapa de Deus, de<br />

conjunto constituído por Deus. De<br />

maneira que nós não temos consciência,<br />

mas somos peças de uma coleção;<br />

peças superindividuais, peças<br />

pessoais de uma coleção, e cada um<br />

de nós, se corresponder à sua luz primordial,<br />

é de um jeito que faz parte<br />

da coleção de Deus. E para que esta<br />

tenha toda beleza, todo colorido, todo<br />

vigor, é necessário que cada uma<br />

dessas peças possua toda a sua personalidade.<br />

Deus é eminentemente<br />

personificante. Quer dizer, Ele<br />

dá à pessoa a sua personalidade. Por<br />

quê? Porque Ele é Pessoa.<br />

Um extremo oposto disso é o panteísmo.<br />

O panteísmo sustenta que há<br />

um deus, mas esse deus não é pessoa,<br />

é um ente sem pensamento, sem<br />

conhecimento de si próprio; que vive,<br />

portanto, no eterno sono do bicho,<br />

da planta e da pedra. Quer dizer,<br />

não conhece nem entende nada,<br />

e que todos os seres que existem saíram<br />

desse deus, como moléculas saem<br />

de um determinado corpo.<br />

A Doutrina Católica ensina o contrário:<br />

nós não saímos de Deus; fomos<br />

criados por Deus.<br />

Mas, para o panteísmo, ser uma<br />

pessoa é uma desgraça; porque para<br />

ser uma pessoa é preciso sofrer, e<br />

sofrer é uma desgraça. Então, a finalidade<br />

da religião é que a pessoa vá<br />

se preparando para, morrendo, desaparecer,<br />

fundir-se de novo nesse<br />

ser sem raciocínio, sem consistência<br />

pessoal, que é deus.<br />

Assim, dizem os panteístas, deus é a<br />

natureza. O que querem dizer com isto?<br />

Que deus é uma força a qual está<br />

presente em tudo, e que não tem consciência<br />

de si. Se quiserem, deus é a vida.<br />

A vida está nos presentes neste auditório,<br />

está em mim, nos bichos, nas<br />

plantas. A vida não tem consciência<br />

de si, nem é uma só vida. O panteísmo<br />

apresenta isso como um só fluido presente<br />

em todo mundo. Este fluido, esta<br />

vida, tem como objetivo despersonificar,<br />

liquidar as pessoas, para elas se<br />

prepararem a sumir quando elas morrerem.<br />

Desaparecerem dentro deste<br />

grande conjunto sem pensamento que<br />

é chamado “deus”.<br />

Civilização cristã e cortesia<br />

Daí decorre uma ideia da civilização<br />

católica, e outra ideia da civilização<br />

pagã, panteísta. Para a civilização<br />

católica trata-se de, nessa vida, a pessoa<br />

se personificar cada vez mais e depois<br />

adorar, no Céu, as três Pessoas da<br />

Santíssima Trindade. Para o panteísta<br />

trata-se de diluir a personalidade.<br />

A civilização católica faz da vida,<br />

sobretudo, uma relação de pessoa<br />

para pessoa, e concebe a formação<br />

de maneira que cada pessoa é ela<br />

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