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Revista Dr. Plinio 217

Abril de 2016

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Arquivo <strong>Revista</strong><br />

ela, imensissimamente, mas na minha<br />

alma é como se ela estivesse viva. Não<br />

é que eu converse com ela, mas aquela<br />

sensação da presença, da convivência,<br />

eu tenho com ela; e não sensação<br />

de ausência que eu teria — quando<br />

mamãe vivia —, por exemplo, estando<br />

eu na Europa. E considerem que<br />

ela está no Céu e eu aqui na Terra!<br />

Sobretudo nos últimos anos da vida<br />

de mamãe, não era a conversa,<br />

mas a presença, uma coisa que eu<br />

não sei explicar, e isso para mim continua<br />

como se ela estivesse viva.<br />

“Éramos um”<br />

Acho que para os que<br />

não a conheceram ou<br />

que não souberam apreciá-la<br />

em vida, e vão visitar<br />

seu túmulo, acontece<br />

algo semelhante.<br />

Eu olho as caras e<br />

tenho a impressão de<br />

que é muito mais uma<br />

audiência que ela dá,<br />

do que uma oração que<br />

se faz para uma pessoa<br />

que está fora; é uma coisa<br />

curiosa, eles não se dão<br />

conta disso, mas suas atitudes<br />

são — não que ela estivesse<br />

conversando com eles — como<br />

se ela estivesse exercendo uma<br />

ação de presença junto a eles.<br />

É preciso notar que a força de<br />

presença que ela tinha era única. O<br />

Quadrinho 2 possui isso, de maneira<br />

que quando o recebi eu disse: “Este<br />

Quadrinho veio para reforçar a sensação<br />

da presença dela.”<br />

Havia uma união de alma entre<br />

ela e eu tão profunda, que vinha dos<br />

mais íntimos alicerces do meu ser,<br />

de meu espírito, que coincidiam com<br />

os dela; de tal maneira que não era<br />

só uma afinidade temperamental,<br />

psicológica, enfim, os mil tipos de<br />

afinidade que possa haver entre mãe<br />

e filho, mas era uma coisa diferente;<br />

do fundo da alma, o quanto pode<br />

ser, eu sentia essa afinidade.<br />

E fazíamos um só, de tal maneira<br />

éramos unidos. Eu me lembro<br />

de que uma arrumadeira portuguesa<br />

chamada Ana, que tivemos<br />

quando morávamos numa outra casa,<br />

fez a nosso respeito um comentário,<br />

do qual mamãe gostou muito.<br />

Com aquela simplicidade portuguesa,<br />

Ana dizia o seguinte: “Viver com<br />

a cordialidade que a senhora vive<br />

com o <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, nem marido e mulher,<br />

noivo e noiva têm, porque eles,<br />

quando são felizes, não possuem essa<br />

cordialidade.” Mas era realmente<br />

João Dias<br />

um encanto contínuo meu por ela, e<br />

um modo de tratar como eu nunca vi<br />

filho tratar mãe, e dela comigo, talvez<br />

ainda mais, porque nas menores<br />

coisas havia uma delicadeza e uma<br />

solicitude em procurar interpretar-<br />

-me, mil coisas que os fatinhos concretos<br />

não podem exprimir, porque<br />

era o espírito com que o fatinho era<br />

realizado.<br />

Isso tem uma projeção espiritual,<br />

quer dizer, de tal maneira éramos<br />

um, que não é possível aderir a<br />

um e não aderir ao outro. É evidente<br />

que eu devo muito de minha formação<br />

primeira a ela. De maneira que<br />

eu acho isso muito natural, muito razoável,<br />

verdadeiro. v<br />

(Extraído de conferência de<br />

8/3/1986)<br />

1) Igreja Santa Teresinha, situada no<br />

bairro de Higienópolis, em São Paulo.<br />

2) Quadro a óleo, que muito agradou<br />

a <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>, pintado por um de seus<br />

discípulos, com base nas últimas fotografias<br />

de Dona Lucília. Ver <strong>Revista</strong><br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> n. 119, p. 6-9.<br />

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