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cia não consegue mantê-la como<br />
fornecedora porque ela está per<strong>de</strong>ndo<br />
dinheiro.<br />
Esse comportamento tem relação<br />
com o mo<strong>de</strong>lo brasileiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>?<br />
Tem a ver com a economia,<br />
com as novas gerações <strong>de</strong> executivos<br />
<strong>de</strong> marketing, com o nosso<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios e com formatos<br />
internacionais. Mas é um erro<br />
questionar o mo<strong>de</strong>lo brasileiro,<br />
porque ele oferece estabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vido à relação bem sustentada<br />
entre mídia, agências e anunciantes<br />
e não se po<strong>de</strong> quebrar isso.<br />
Se o edifício cair, vem o caos. As<br />
marcas precisam enten<strong>de</strong>r isso.<br />
Estamos negociando até on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos.<br />
O mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al é o preço<br />
justo para uma boa i<strong>de</strong>ia.<br />
E as BVs?<br />
Muita gente se incomoda com<br />
as bonificações <strong>de</strong> volume, mas<br />
é uma operação legítima das<br />
agências. É a somatória dos faturamentos<br />
que uma agência<br />
transfere para os veículos. É<br />
um plano <strong>de</strong> milhagem: se uma<br />
agência voa muito, ganha mais<br />
milhas. É um incentivo para buscarmos<br />
mais trabalho e clientes.<br />
O cliente <strong>de</strong>ve ter bom senso e<br />
racionalida<strong>de</strong>. Muitos aceitam<br />
esse programa dos veículos às<br />
agências. Outros não. Há necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> revisão do mo<strong>de</strong>lo,<br />
mas o torniquete está apertado<br />
<strong>de</strong>mais. E, sem preço justo, prevalece<br />
a mediocrida<strong>de</strong>.<br />
Como equilibrar o cenário?<br />
A nova geração aponta o futuro<br />
da publicida<strong>de</strong>. Todo mundo<br />
sabe o que foi construído no passado,<br />
mas há mudanças que precisam<br />
e <strong>de</strong>vem ser feitas, <strong>de</strong> forma<br />
radical. Por exemplo, players<br />
digitais como o Google já estão<br />
se a<strong>de</strong>quando ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> remuneração<br />
brasileiro, que é estipulado<br />
por lei. O dr. Roberto Marinho<br />
costumava dizer que tinha<br />
20 mil formiguinhas trabalhando<br />
para ele em todo o país. Essas<br />
formiguinhas são as agências <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong>. O WPP é o maior<br />
comprador do Google no mundo.<br />
O futuro também significa que os<br />
“Para se ter<br />
uma i<strong>de</strong>ia<br />
que vai<br />
imPulsionar<br />
vendas é<br />
Preciso<br />
remunerar<br />
bem”<br />
Divulgação<br />
novos players têm <strong>de</strong> remunerar<br />
as agências. Senão o cliente precisa<br />
pagar essa conta. Ainda bem<br />
que os gran<strong>de</strong>s clientes sabem<br />
que, para ter uma gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia capaz<br />
<strong>de</strong> impulsionar vendas, é preciso<br />
remunerar bem. Mas o i<strong>de</strong>al é<br />
que os canais digitais estejam <strong>de</strong><br />
acordo com o mo<strong>de</strong>lo brasileiro.<br />
Com margens tão apertadas, o que<br />
fazer?<br />
É difícil porque os próprios publicitários<br />
<strong>de</strong>struíram o mercado.<br />
Nos últimos 15 anos, a competivida<strong>de</strong><br />
ficou muito acentuada. Muitos<br />
ofereceram o que não podiam<br />
entregar e sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
voltar atrás. Quando se começou<br />
a entrar em concorrências abrindo<br />
mão <strong>de</strong> taxas e oferecendo<br />
serviços <strong>de</strong> graça, foi um erro.<br />
Muitos acham que os publicitários<br />
ganham <strong>de</strong>mais porque um<br />
ou outro é referência <strong>de</strong> extravagância,<br />
mas a maioria trabalha<br />
para fazer jus ao seu salário.<br />
Há planos para o Grupo Ogilvy ter<br />
uma operação <strong>de</strong> promo ou <strong>de</strong> live<br />
marketing?<br />
Temos a operação da Geometry,<br />
no Rio, que cuida do momento da<br />
compra ou do shopper. Agora, em<br />
eventos e promoções, trabalhamos<br />
em parceria com os clientes<br />
porque é um mo<strong>de</strong>lo complicado<br />
que tem base no job a job. Não<br />
precisamos ser donos em alguns<br />
casos. Os clientes reúnem nas mesas<br />
fornecedores <strong>de</strong> várias disciplinas<br />
para montar um plano. Temos<br />
inteligência e pensamento <strong>de</strong><br />
shopper marketing e, nesse caso,<br />
a Geometry Rio tem expertises e<br />
profissionais.<br />
Há planos <strong>de</strong> compras?<br />
Absorvemos, recentemente,<br />
a I<strong>de</strong>al, <strong>de</strong> relações públicas, e<br />
essa disciplina abre muitas portas.<br />
Continuamos olhando para<br />
esse tipo <strong>de</strong> empresa, assim como<br />
agências digitais, que é a gran<strong>de</strong><br />
janela para as agências ampliarem<br />
“muita gente<br />
se incomoda<br />
com as bvs,<br />
mas é uma<br />
oPeração<br />
legítima”<br />
suas operações. A área <strong>de</strong> healthcare<br />
tem impactado <strong>de</strong> forma<br />
positiva na composição <strong>de</strong> receitas<br />
do grupo. Três coisas, porém,<br />
vão integrar tudo: data intelligence,<br />
belíssimas i<strong>de</strong>ias e processos<br />
para lidar com tudo isso<br />
em tempo real. Cada disciplina<br />
tem uma característica, mas todas<br />
estão muito próximas. E essa<br />
transformação envolve agências<br />
e anunciantes.<br />
jornal propmark - 6 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 19