eyond the line Filipe Birch Cida<strong>de</strong> limpa ou cida<strong>de</strong> cinza? Bem-vindas sejam as flexibilizações Alexis Thuller PAgliArini Lá vou eu <strong>de</strong> novo tratar <strong>de</strong> um tema do qual tenho um ponto <strong>de</strong> vista contrário à massacrante maioria. Sim, fui contra a chamada Lei Cida<strong>de</strong> Limpa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento. Numa canetada do então prefeito Kassab, no primeiro dia <strong>de</strong> 2007, os outdoors foram proibidos. Numa canetada, São Paulo ficou mais triste, menos colorida. Peço então licença a você, leitor, para reproduzir boa parte <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> artigos anteriores, mas que, para mim, continuam superválidos, ainda hoje. É claro que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo estava superpoluída visualmente. Era outdoor se sobrepondo a outdoor, letreiros escon<strong>de</strong>ndo prédios, uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong> fachada <strong>de</strong> estabelecimentos, laterais <strong>de</strong> edifícios ocupadas por megapainéis publicitários, sem falar na profusão <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong> tecido esticadas <strong>de</strong> calçada a calçada e banners pendurados em postes. Sem dúvida, a confusão era total. E o que fez a Prefeitura? Zerou tudo. Ou seja: proibição total para outdoors, painéis, luminosos e outras peças <strong>de</strong> mídia outdoor, além <strong>de</strong> limitação <strong>de</strong> tamanho para painéis <strong>de</strong> fachada <strong>de</strong> estabelecimentos. O projeto foi aplaudido, ganhou prêmios e reconhecimento internacional. Mas continuo achando que a atitu<strong>de</strong> simplista foi exagerada: não separaram o joio do trigo, jogaram a água suja da bacia junto com o bebê. Da noite para o dia, centenas <strong>de</strong> empresas especializadas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> funcionar, eliminando milhares <strong>de</strong> empregos e fontes <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> empresários. Dramatizando uma comparação, seria como proibir a total circulação <strong>de</strong> carros para evitar poluição ambiental. Cinco longos anos <strong>de</strong>pois da sua promulgação, a lei começou a ser flexibilizada. Começou com a licitação <strong>de</strong> mobiliário urbano e novos abrigos <strong>de</strong> ônibus, além <strong>de</strong> relógios digitais. A <strong>de</strong>cisão foi tomada mais como uma nova fonte <strong>de</strong> receita da Prefeitura do que para organizar a reinstalação <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> mídia exterior. Mas, ok, aplaudi a <strong>de</strong>cisão tardia. Hoje, já temos peças criativas vestindo o mobiliário urbano, alegrando nossos olhos. Volto ao tema porque li que o prefeito atual está disposto a liberar mais equipamentos urbanos para a exposição <strong>de</strong> mensagens publicitárias. Tratam-se, agora, das bancas <strong>de</strong> jornais, que <strong>de</strong>verão receber a permissão para anunciar produtos nas faces da sua estrutura. Passado todo esse tempo, fico ainda com a sensação <strong>de</strong> que a atitu<strong>de</strong> foi preguiçosa. Defendi na época, e continuo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo agora, que melhor seria um meticuloso mapeamento da cida<strong>de</strong>, estabelecendo claramente as regras da mídia exterior. Como fazem em diversos países. Há lugares em que tudo é permitido e, em outros, uma gran<strong>de</strong> limitação. Você consegue imaginar a região da Times Square, em Nova York, sem a profusão <strong>de</strong> luminosos? Alguém se incomoda com aquela “poluição” visual? Ao contrário: o que vemos são turistas fazendo selfies, tendo o ambiente <strong>de</strong> iluminação feérica <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> fundo. A “poluição” visual é a atração! Mas, ok, já que estão flexibilizando, arrisco uma sugestão: liberem o entorno <strong>de</strong> parques, museus e casas <strong>de</strong> espetáculo para a instalação <strong>de</strong> banners alusivos à sua programação e entreguem aos gestores <strong>de</strong>sses locais a comercialização <strong>de</strong> patrocínio. Seria mais uma fonte <strong>de</strong> recursos importante para a manutenção <strong>de</strong>sses espaços. Não estou inventando nada. É assim em Chicago e Nova York, por exemplo. Classudos postes são instalados no canteiro central das avenidas que circundam esse tipo <strong>de</strong> locais. De um lado, um banner (igualmente classudo, <strong>de</strong> bom gosto) alusivo à programação do parque ou do museu e, do outro lado, uma peça publicitária discreta do patrocinador. Isso não polui, enfeita a cida<strong>de</strong>. E informa o público <strong>de</strong> forma apropriada. Prefiro então terminar este texto <strong>de</strong> forma positiva. Bem-vindas sejam as flexibilizações. Que venham outras! Para tornar nossa São Paulo menos cinza. Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências <strong>de</strong> Propaganda) alexis@fenapro.org.br 28 6 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark
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