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Revista Curinga Edição 17

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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O SR. JAIR BOLSONARO (PSC-RJ.) - Neste dia de glória para o povo<br />

brasileiro, um nome entrará para a história nesta data pela forma como conduziu<br />

os trabalhos desta Casa: Parabéns, presidente Eduardo Cunha! (Manifestação no<br />

plenário.)<br />

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Como vota, deputado?<br />

O SR. JAIR BOLSONARO (PSC-RJ.) - Perderam em 1964. Perderam<br />

agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o<br />

PT nunca teve... Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São<br />

Paulo, pela memória do Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma<br />

Rousseff! (Aplausos no plenário.)<br />

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Como vota, deputado?<br />

O SR. JAIR BOLSONARO (PSC-RJ.) - Pelo Exército de Caxias, pelas<br />

nossas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo, e por Deus acima de todos,<br />

o meu voto é “sim”! (Manifestação no plenário.)<br />

“(...) vivemos em uma ‘democracia capenga’. Temos<br />

ainda os entulhos da ditadura introduzidos<br />

no governo pela Constituição Federal.”<br />

Amelinha Teles<br />

O discurso proferido pelo deputado<br />

Jair Bolsonaro em <strong>17</strong> de abril de 2016<br />

incitou mais um embate entre direita e<br />

esquerda. Frases lidas pelo deputado carioca<br />

foram pensadas com o objetivo de<br />

desestabilizar parlamentares contrários<br />

ao processo de impedimento da presidente,<br />

e alcançaram sucesso. Suas falas<br />

pesaram sobre a bancada progressista<br />

e foram respondidas mais diretamente<br />

pelos deputados que vieram após sua<br />

fala: Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Jean<br />

Wyllys (PSOL-RJ), este que chegou a<br />

lançar uma cusparada na direção de Bolsonaro<br />

em ato de protesto.<br />

Os elogios e menções foram entendidos<br />

como agressões pessoais aos inimigos<br />

políticos da bancada progressista e à<br />

presidente afastada Dilma Rousseff. Em<br />

sua fala, Bolsonaro foi contra as políticas<br />

educacionais que promovem a igualdade<br />

de gênero. Foi contra o comunismo<br />

e a conferência de partidos políticos de<br />

esquerda da América Latina, o Foro de<br />

São Paulo. O voto do parlamentar questionou<br />

os preceitos democráticos.<br />

A jornalista Míriam Leitão foi presa<br />

no período militar. Em sua coluna<br />

no jornal O Globo do dia 18 de abril de<br />

2016, questionou a postura do deputado:<br />

“A democracia tem mesmo que conviver<br />

com quem a ameaça, como o deputado<br />

Jair Bolsonaro? Há quem considere que<br />

a democracia é um regime tão tolerante<br />

que convive até com quem queira acabar<br />

com ela. Será?”. Essa instabilidade<br />

política que hoje vivemos fez com que<br />

muitas pessoas relembrassem os anos de<br />

exceção do país, e, com isso, um medo<br />

de que voltemos a esse período.<br />

A viúva do jornalista Vladmir Herzog,<br />

Clarice Herzog, tem dúvidas quanto<br />

ao futuro do país. “Algumas vezes me dá<br />

uma certa insegurança porque não sei se<br />

o país está estruturado, forte, fazendo as<br />

coisas acontecerem”, afirma.<br />

O torturador<br />

Ustra é considerado ícone da tortura<br />

no Brasil no período militar. O vereador<br />

da cidade de São Paulo, Gilberto Natalini<br />

(PV-SP), foi torturado pelo chefe do Destacamento<br />

de Operações de Informação<br />

- Centro de Operações de Defesa Interna<br />

(DOI-Codi) e explica essa alcunha. “Ele<br />

era chefe de um centro de tortura e morte.<br />

O DOI-Codi era uma coisa horrível,<br />

só quem entrou lá e viveu aquilo é que<br />

pode dizer”, relembra.<br />

O pai do coronel Ustra, Célio Martins<br />

Ustra, e seu tio, Lupes Ustra, participaram<br />

da Coluna Prestes. Seu tio morreu<br />

durante a marcha e seu pai revoltou-se<br />

contra Carlos Prestes por ter abraçado o<br />

comunismo como causa política. De seu<br />

progenitor, herdou essa ojeriza pela luta<br />

de esquerda e pelo comunismo.<br />

Nos anos de chumbo, Ustra tinha<br />

como missão “combater terroristas que<br />

queriam implantar o comunismo no<br />

Brasil”, e assim comandou o DOI-Codi<br />

a pedido do general José Canavarro Pereira,<br />

ex-comandante do 2º Exército.<br />

Recebeu essa incumbência como uma<br />

missão, conforme disse em entrevista ao<br />

jornal Zero Hora em março de 2014.<br />

Ainda nessa oportunidade, afirmou<br />

que as acusações feitas contra ele por<br />

crimes cometidos têm a ver com a “ideologia<br />

comunista” e “revanchismo, raiva<br />

de terem perdido a guerra”. Contudo,<br />

manteve uma rotina doméstica ao lado<br />

da mulher, Maria Joseíta Silva Brilhante<br />

Ustra. Seu segundo livro, “A Verdade<br />

Sufocada” (2006), que está na sexta po-

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