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Revista Apólice #225

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Ano 22<br />

Número 225<br />

Setembro 2017<br />

Fabio Cabral,<br />

diretor comercial AIG


editorial<br />

Ano 22 - nº 225<br />

Setembro 2017<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

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15.000 exemplares<br />

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Tel. (11) 5082-1472 / 5082-2158<br />

Os artigos assinados são de responsabilidade<br />

exclusiva de seus autores, não<br />

representando, necessariamente, a<br />

opinião desta revista.<br />

Momento de<br />

enxergar além<br />

Alguns analistas econômicos acreditam que estamos iniciando,<br />

bem devagar, o período de recuperação. No mercado<br />

de seguros este impacto só deverá ser sentido a partir do próximo<br />

ano. O crescimento do mercado de seguros, esperado para<br />

2017, está entre 6% e 7,5%, conforme divulgou a Federação das<br />

Seguradoras.<br />

Entretanto, alguns setores tiveram crescimento bem acima<br />

da média, por conta da mudança de alguns padrões de consumo<br />

de seguros. Se, por um lado, a carteira de automóveis<br />

cresceu apenas 1,4% (dados de janeiro a julho de 2017), outras<br />

carteiras avançaram, como o seguro residencial, o seguro de<br />

responsabilidade civil e o seguro de pessoas.<br />

Os corretores que entenderam a nova realidade investiram<br />

em conhecimento, através da capacitação profissional, para<br />

atender novas carteiras. Deixaram de lado apenas os seguros<br />

de automóveis e passaram a oferecer mais possibilidades de<br />

proteção para os seus clientes.<br />

É válido ressaltar que a preocupação com a proteção da<br />

vida e do patrimônio dos segurados gera clientes mais satisfeitos.<br />

A experiência positiva de um consumidor bem atendido<br />

gera a propaganda espontânea, que acaba refletindo nos negócios<br />

dos corretores.<br />

Por isso, os profissionais devem procurar meios de conhecer<br />

melhor seu cliente. Que seja através de uma conversa ou de<br />

uma “investigação” nas mídias sociais. O corretor que consegue<br />

decifrar a personalidade do seu cliente tem muito mais chances<br />

de entender o que precisa e oferecer as melhores soluções.<br />

Boa leitura!<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

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sumário<br />

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painel<br />

gente<br />

capa<br />

AIG investe cada vez mais em sua plataforma online<br />

Portal do Corretor, para fortalecer a parceria<br />

com seus corretores<br />

saúde<br />

É possível continuar com a assistência médica<br />

mesmo quando se pede corte nos gastos. Peças<br />

fundamentais neste processo, os corretores<br />

devem aproveitar as oportunidades da carteira<br />

odonto<br />

Conhecido pelo grande número de dentistas em<br />

exercício, o Brasil ainda tem um longo caminho a<br />

percorrer quando o assunto é proteger a população<br />

contra os perigos da falta de higiene bucal<br />

vida<br />

Apenas 19% dos brasileiros contam com seguro<br />

de vida, mas não falta espaço para que este cenário<br />

seja modificado. O consumidor só aguarda<br />

alguém que desperte nele os benefícios de<br />

produtos ainda desconhecidos<br />

rc profissional<br />

Antes encarado com sinal de dúvida sobre a<br />

competência dos profissionais, hoje o RC Profissional<br />

é a garantia de ver a manutenção de<br />

seu patrimônio diante de acusações de erros,<br />

imperícia ou negligência<br />

ramos elementares<br />

A saúde econômica brasileira sofreu forte<br />

impacto nos últimos anos, mas o mercado de<br />

seguros se mantém forte na crise e pronto para<br />

agir quando o cenário mudar<br />

abramge<br />

Se por um lado os usuários estão cada vez mais<br />

oprimidos pelo aumento das mensalidades, de<br />

outro as operadoras querem diminuir os custos<br />

e atuar em um segmento com regulação mais<br />

flexível<br />

abgr<br />

Seminário Internacional colocou em discussão<br />

uma nova realidade do mercado, extremamente<br />

soft e com novos riscos sendo descobertos a<br />

cada dia<br />

comunicação<br />

4


5


painel<br />

• ncustos<br />

Despesas da Saúde Suplementar<br />

A FenaSaúde divulgou o estudo “Estimativas de Custo e<br />

Impacto de Tecnologias na Despesa Assistencial”, que analisa<br />

16 das 26 novas tecnologias (medicamentos, terapias e exames)<br />

propostas para a incorporação, que podem se somar aos 3.287<br />

procedimentos já cobertos no Rol da Agência Nacional de<br />

Saúde Suplementar (ANS), para oferecimento obrigatório pelos<br />

planos de saúde a partir de 2018. O resultado mostrou que,<br />

caso incluídas, o custo adicional poderá ser de R$ 5,4 bilhões,<br />

o equivalente a aproximadamente 4% do total das despesas<br />

assistenciais em 2016.<br />

Por conta de um longo período de recessão econômica,<br />

que resulta atualmente em 13,5 milhões de desempregados, a<br />

presidente da FenaSaúde, Solange Beatriz Mendes, alerta que o<br />

processo de incorporação de novas tecnologias precisa incluir o<br />

impacto financeiro e considerar as condições dos compradores<br />

de plano de saúde de arcar com mais despesas. O custo dos planos<br />

de saúde na folha de pagamento das empresas já representa<br />

aproximadamente 12%, perdendo apenas para o pagamento de<br />

salários. Ao mesmo tempo, crescem as despesas assistenciais<br />

por beneficiário geridas pelas operadoras a cada ano – em 2016,<br />

esse aumento foi de 19,2%, segundo a entidade.<br />

“Hoje, o Rol para cobertura mínima obrigatória já contempla<br />

91% da lista de procedimentos da Associação Médica<br />

Brasileira. Em paralelo, levando-se em consideração a atual<br />

conjuntura econômica do País e o orçamento das famílias e<br />

empresas contratantes de planos de saúde, é preciso questionar<br />

sobre se há capacidade de pagamento por parte da sociedade.<br />

É equivocado achar que essas despesas são das operadoras. Na<br />

verdade, a conta é de todos os compradores – pessoas físicas<br />

e empresas. Somos nós que pagamos essa conta. A sociedade<br />

precisa fazer escolhas entre mais cobertura e maior preço ou a<br />

assistência à saúde que caiba no seu bolso”, pondera a executiva.<br />

• nambiental<br />

Mudança no código de<br />

mineração<br />

O Programa de Revitalização da Indústria Mineral<br />

Brasileira, conjunto que modifica o código de mineração,<br />

preocupa o setor de seguros. Motivo: o governo deixou de<br />

fora a exigência de contratação de seguro contra desastres<br />

ambientais. O texto também não faz menção explícita à<br />

obrigatoriedade de planos de contingência das mineradoras<br />

para lidar com eventuais rompimentos de barragens,<br />

como aconteceu há quase dois anos em Mariana (MG), que<br />

causou a morte de 19 pessoas e poluiu o rio Doce.<br />

“A não contratação do seguro pode comprometer a<br />

liquidez da empresa em um momento de sinistro, como<br />

um acidente ou um desastre ambiental. Excluir a obrigação<br />

do novo código de mineração representa um passo<br />

atrás da nossa legislação para um produto benéfico para a<br />

sociedade como um todo e pronto para atender a grande<br />

maioria das operações industriais do país”,<br />

explica Caio Timbó, diretor da LTSeg.<br />

Ele acrescenta que o seguro ambiental,<br />

da forma como concebido, está inserido<br />

na carteira de seguro de responsabilidade<br />

civil. Além dos danos ambientais, o seguro<br />

pode cobrir custos de investigação,<br />

remediação e tratamento de áreas contaminadas,<br />

danos de imagem ao segurado<br />

em decorrência de danos ambientais, além<br />

de custos de defesa do segurado frente a<br />

reclamações de cunho judicial. O seguro<br />

pode ainda cobrir a responsabilidade da<br />

empresa ao transportar, produzir ou operar<br />

materiais perigosos, incluindo prejuízos aos<br />

habitantes locais.<br />

6


• naquisição<br />

Expansão dos negócios<br />

A Mitsui Sumitomo segue expandindo negócios.<br />

Depois de comprar a britânica Amlin PLC por 3,47<br />

bilhões de libras esterlinas, em 2015, a seguradora japonesa<br />

adquiriu a First Capital, unidade da canadense<br />

Fairfax Financial em Cingapura. Com isso, a Fairfax<br />

terá maior acesso ao mercado segurador do Japão e a<br />

Mitsui ao mercado de seguros americano.<br />

O valor da transação foi de US$ 1,6 bilhão, sendo<br />

que Fairfax assumirá 25% no portfólio de seguro da<br />

First Capital.<br />

No entanto, o negócio não deve modificar a estrutura<br />

da First Capital. Ramaswamy Athappan, executivo-<br />

-chefe da companhia, permanece no cargo e segue<br />

como presidente das operações da Fairfax na Ásia.<br />

• nproduto<br />

Opção na área de garantia<br />

A Euler Hermes lançou serviços de garantia nas Américas, incluindo<br />

Estados Unidos, Canadá e Brasil. A companhia irá focar em<br />

contratos e área comercial, com produtos que incluem desempenho<br />

e títulos de pagamentos.<br />

Baseada em Paris, a matriz da companhia se associará com agentes<br />

– no caso dos EUA e Canadá, por exemplo – e corretores de seguros<br />

especializados para ofertar os produtos para empreiteiras de médio e<br />

grande porte, e títulos de garantia comercial de<br />

acordo com as legislações locais.<br />

“O acréscimo de serviços de garantia é<br />

uma evolução natural para a Euler Hermes,<br />

nós buscamos fornecer uma gama completa<br />

de gerenciamento de riscos e crescimento de<br />

negócios para apoiar nossos clientes”, afirmou<br />

James Daly, presidente e CEO da Euler Hermes<br />

das Américas no anúncio.<br />

“Sobre negócios competitivos, as companhias<br />

precisam de um parceiro global de<br />

garantias confiável, que entenda seus planos e a indústria”, finalizou<br />

Peter Queen, head de Garantia na Euler Hermes das Américas.<br />

7


painel<br />

• nresultados<br />

Números da<br />

Previdência Privada<br />

As contribuições aos planos de previdência<br />

privada somaram R$ 54,46 bilhões<br />

nos seis primeiros meses de 2017. O<br />

resultado é 4,81% superior ao montante<br />

acumulado nos primeiros seis meses de<br />

2016, quando os aportes totalizaram R$<br />

51,96 bilhões. Os dados são da FenaPrevi,<br />

entidade que representa 67 seguradoras e<br />

entidades abertas de previdência complementar<br />

no país.<br />

A captação líquida no período apresentou<br />

um saldo positivo de R$ 24,33<br />

bilhões, volume 4,94% inferior aos R$ 25,59<br />

bilhões verificados de janeiro a junho do<br />

ano passado. Os resgates totalizaram R$<br />

30,13 bilhões, valor 14,28% maior que o<br />

contabilizado no primeiro trimestre de 2016<br />

(R$ 26,37 bilhões).<br />

“O baixo crescimento de novos depósitos<br />

pode ser explicado por vários<br />

fatores. Em primeiro lugar, o volume de<br />

arrecadação é influenciado pela renda<br />

disponível das famílias e sua propensão a<br />

investir, variáveis que foram afetadas negativamente<br />

no primeiro semestre. O movimento<br />

da taxa de juros também promove<br />

uma redistribuição do fluxo de poupança<br />

doméstica entre os diferentes produtos de<br />

captação”, analisa Edson Franco, presidente<br />

da FenaPrevi. “Apesar do baixo crescimento,<br />

a sustentação da captação líquida positiva<br />

em níveis similares ao do ano passado não<br />

deixa de representar uma performance<br />

positiva, especialmente se considerarmos<br />

a demora da recuperação do nível de<br />

emprego no mercado formal de trabalho”,<br />

complementa Franco.<br />

De acordo com a entidade, o setor<br />

fechou o mês de junho com 13.204.283 milhões<br />

de pessoas com planos de previdência<br />

privada contratados, sendo 10.048.140<br />

de planos individuais (incluindo planos para<br />

menores) e 3.156.143 de planos coletivos. O<br />

total de indivíduos com planos, ao final do<br />

período, é 5,6% superior ao identificado<br />

no ano passado, quando foram computadas<br />

12.506.055 de pessoas – 9.437.802 em<br />

planos individuais, incluindo menores, e<br />

3.068.253 em planos coletivos.<br />

• nsaúde<br />

Vantagens para quem se exercita<br />

Empresas de seguros de saúde nos Estados Unidos estão bonificando quem<br />

adota uma vida ativa. O segurado recebe um “contador de passos” e baixa<br />

um aplicativo no celular. Além disso, ele tem o seu perfil de hábitos de vida<br />

diagnosticado pelo aplicativo e a partir daí é estabelecida uma meta diária de<br />

passos a ser atingida andando ou correndo, dependendo de cada indivíduo.<br />

O aplicativo conecta o segurado com a empresa, de forma que a mesma<br />

pode controlar diariamente o número de passos que cada segurado completa<br />

por dia e compara com a meta individualizada previamente estabelecida.<br />

Quando a meta diária é ultrapassada,<br />

o indivíduo ganha um<br />

bônus representado por um valor<br />

em dinheiro.<br />

Este bônus vai sendo acumulado<br />

e quando um determinado<br />

valor é atingido ele pode<br />

ser trocado por um artigo em<br />

uma empresa de e-commerce<br />

ou mesmo por um desconto no<br />

valor do seguro.<br />

Fonte: globoesporte.com<br />

• nrural<br />

Programa para seguro rural completa 10 anos<br />

De 2006 a 2015, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural<br />

(PSR) atendeu cerca de 420 mil produtores rurais e possibilitou a proteção de<br />

mais de 52 milhões de hectares, sobretudo em culturas como soja, trigo, milho,<br />

maçã e uva. Ao longo desses 10 anos, os primeiros do programa, as indenizações<br />

pagas em função de ocorrência de eventos climáticos adversos totalizaram<br />

R$ 2,92 bilhões, o equivalente a mais de 75 mil apólices de seguro rural.<br />

Para o diretor do Deger, Vitor Ozaki, o estudo corrobora a necessidade da<br />

presença do governo, via concessão de subvenção ao prêmio, no mercado de<br />

seguro rural com a finalidade de conferir maior equilíbrio ao sistema: “Antes<br />

o produtor não contratava o seguro porque era muito caro e o mercado não se<br />

desenvolvia em função da baixa demanda”.<br />

De acordo com Ozaki, a partir do momento em que o governo federal<br />

passou a incentivar a contratação do seguro, a demanda cresceu, atraindo<br />

mais seguradoras para o mercado, contribuindo para maior competitividade<br />

e aprimoramento dos produtos.<br />

Segundo o diretor, ao longo de 10 anos, os produtores entenderam a<br />

importância do seguro rural como uma proteção ante os riscos climáticos,<br />

mas também para a manutenção da<br />

sua renda.<br />

O PSR é um programa estratégico<br />

da política agrícola brasileira.<br />

Instituído em 2005, o programa tem<br />

auxiliado milhares de produtores<br />

a contratar o seguro rural, como<br />

forma de prevenir eventuais perdas<br />

financeiras.<br />

8


n • campanha<br />

Ameplan investe em educação para garantir boas vendas<br />

Da prospecção até a consumação de<br />

uma venda, o caminho é longo e depende<br />

muito de regras e conceitos muito bem<br />

concebidos para o sucesso de todos os<br />

agentes envolvidos no processo: o vendedor/corretor<br />

até a operadora.<br />

Partindo da premissa de que a todos<br />

os agentes da cadeia cabe um pouco de<br />

responsabilidade pela realização de uma<br />

venda justa e honesta, que a falta dela<br />

em qualquer um deles pode trazer sérios<br />

danos para qualquer um desses agentes,<br />

a Ameplan Saúde tem feito a sua parte,<br />

ainda dentro do campo educativo.<br />

Mesmo assim, ainda acontecem<br />

algumas situações que geram desgaste<br />

na prestação do serviço, seja de forma<br />

intencional ou não, que podem manchar<br />

a imagem do segmento de saúde suplementar.<br />

Diante de tantas inverdades divulgadas<br />

pela mídia, algumas mostram a<br />

necessidade de correção de condutas por<br />

parte dos agentes dessa indústria.<br />

Por isso, os executivos da Ameplan<br />

acreditam que podem mudar este quadro,<br />

pelo menos no que se refere aos agentes<br />

que comercializam seus produtos. Para<br />

tanto, é preciso mostrar ao vendedor<br />

a necessidade de diminuir os custos<br />

assistenciais, começando pelo combate<br />

ao desperdício e à venda mal conduzida.<br />

A operadora investe em treinamentos;<br />

associou-se à Acoplan (Associação<br />

dos Corretores de Planos de Saúde)<br />

para publicar materiais de orientação<br />

e possíveis penalidades por uma venda<br />

mal feita. E vai pedir publicamente aos<br />

empresários parceiros comerciais que<br />

se unam a essa campanha de educação<br />

e combate aos desalinhamentos desses<br />

propósitos.<br />

A Ameplan Saúde fez voto de alinhamento<br />

total com as regulamentações<br />

da ANS (Agencia Nacional de Saúde<br />

Suplementar) ainda quando era uma pequena<br />

operadora. Hoje, ela está entre as<br />

maiores operadoras de saúde do Brasil e<br />

entende que as premissas assumidas por<br />

uma Gestão Profissional, como modelo<br />

de Governança, trazem ótimos resultados<br />

operacionais.<br />

A sua área técnica olha para cada<br />

uma das propostas de adesão e contratação<br />

que entra na operadora, visando um<br />

ótimo tratamento para cada uma delas na<br />

busca de uma venda mais responsável e<br />

justa para todos.<br />

Isto permite à Ameplan Saúde identificar<br />

representantes desalinhados com<br />

essa filosofia de trabalho, tomando ações<br />

imediatas, corretivas e preventivas. Mas,<br />

ela acredita que pode contribuir ainda<br />

mais com a imagem do segmento e com<br />

a manutenção de seus papeis no mercado,<br />

convocando os agentes envolvidos no<br />

desvio para uma conversa bem franca,<br />

primeiro através da Equipe Comercial e,<br />

se for o caso, com o seu Departamento<br />

Jurídico.<br />

9


painel<br />

• ninformação<br />

Setor de seguros precisa utilizar dados<br />

Um relatório publicado pelo International<br />

Institute for Analytics (IIA)<br />

apresenta a indústria de seguros com a<br />

menor taxa de maturidade em análise de<br />

dados. O setor ocupa o 12º lugar, o último<br />

do ranking. A análise sugere ainda que os<br />

seguradores têm dificuldades em reunir e<br />

explorar os dados que possuem.<br />

“Temos esses dados, mas não sabemos<br />

como organizá-los, porque temos<br />

problemas de integrações e gerenciamento<br />

dos dados”, afirma Samantha<br />

Chow, analista sênior do Aite Group.<br />

“Transportadoras que têm seguros estão<br />

contratando analistas e cientistas de dados,<br />

mas isso ainda é muito fragmentado.<br />

Eles não têm o suporte que precisam para<br />

melhorar seus objetivos, produtos, precificações<br />

– ou seja, tudo que eles estão<br />

tentando fazer”, completou.<br />

A atual geração de líderes foi citada<br />

pelo relatório como o maior problema<br />

para a indústria de seguros nos Estados<br />

Unidos. Com os corretores mais velhos<br />

se aposentando e mais transações de<br />

seguros sendo feitas online, ela precisa<br />

se adaptar às novas tendências ou<br />

acabará perdendo a relevância.<br />

Atualmente, essa mesma geração<br />

mistura uma série de dados, parceiros<br />

externos e sistemas internos, com<br />

todos precisando trabalhar em conjunto<br />

para criar ofertas competitivas<br />

o bastante para seus clientes.<br />

O Grupo Aite recentemente<br />

divulgou seu próprio relatório que<br />

demonstrou que os seguradores têm<br />

dificuldade em utilizar as informações<br />

que eles obtêm de suas equipes de<br />

vendas. Isso também demonstra que<br />

os custos da aquisição de dados estão<br />

crescendo porque os seguradores<br />

não sabem como fazer prospecções<br />

adequadas.<br />

Para reduzir esses custos, o relatório<br />

sugere que seguradores precisam aumentar<br />

suas capacidades para efetivamente<br />

usar esses dados e analytics.<br />

“Nós temos visto os custos de aquisições<br />

cair nos seguros de automóvel, mas,<br />

para o restante, é preciso aprender quem é<br />

seu público alvo, ter um suporte de dados<br />

e ser capaz de aprimorar o produto para<br />

um cliente em particular. Não sera fácil”,<br />

disse Samantha.<br />

Com informações: Insurance Business<br />

• ¢ ferramenta<br />

Realidade virtual no<br />

mercado de seguros<br />

A resseguradora Munich Re dos Estados Unidos lançou<br />

uma ferramenta de realidade virtual que simula um tornado.<br />

O objetivo é reforçar os riscos desse fenômeno e a importância<br />

de aumentar a resiliência das construções e ajudar a<br />

mitigar futuras perdas.<br />

Os danos causados por tempestades às propriedades<br />

nos Estados Unidos cresceu continuamente nos últimos<br />

40 anos, ultrapassando mais de US$ 22 bilhões em perdas.<br />

Isso inclui US$ 15,3 bilhões de perdas seguradas, em 2016,<br />

de acordo com a Princeton, resseguradora com matriz em<br />

New Jersey. Mesmo assim, o perigo é muitas vezes ignorado,<br />

particularmente se comparado com o potencial destrutivo<br />

desses furacões.<br />

A ferramenta pode ser encontrada online via YouTube,<br />

mas exige um Google VR – óculos de realidade aumentada<br />

– para que se tenha a experiência completa.<br />

10


11


GENTE<br />

Executivo se despede da<br />

presidência<br />

Roberto Barroso deixa a<br />

presidência do Grupo BB e Mapfre<br />

nas áreas de Vida, Rural e<br />

Habitacional, cargo que ocupava<br />

desde 2011. O sucessor será o<br />

economista Fernando Barbosa,<br />

que será nomeado após autorização<br />

prévia da Superintendência<br />

de Seguros Privados (Susep).<br />

“Poucas vezes saímos felizes<br />

de uma posição de que<br />

gostamos. Eu tenho essa sorte”, afirmou o executivo com<br />

exclusividade à <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>.<br />

Barroso analisou o período em que ficou à frente do grupo<br />

segurador. “Foi bastante desafiador. A criação de uma grande<br />

joint venture, em qualquer segmento ou mercado, traz enormes<br />

desafios técnicos, colaboradores e suas equipes; culturas e<br />

suas expectativas; medos e reações”, analisou.<br />

Benefícios na América Latina<br />

A SOM.US Holding International,<br />

empresa do setor de seguros<br />

e resseguros para a América<br />

Latina, informa que o equatoriano<br />

Mauricio Rodríguez assumiu o<br />

cargo de CEO da área de Resseguros<br />

em Benefícios para a América<br />

Latina.<br />

A nova estrutura da holding<br />

está organizada em quatro unidades<br />

de negócios transversais, sendo<br />

três relacionadas a Resseguros –<br />

Non-marine, Marine e Benefícios – e uma a Assessoria em<br />

Seguros (Wholesale).<br />

Novo diretor vice-presidente<br />

Ricardo Bottas Dourado<br />

dos Santos é o novo diretor<br />

vice-presidente de Controle e<br />

Relações com Investidores da<br />

SulAmérica. Há dois anos como<br />

diretor financeiro na empresa, o<br />

executivo substitui Arthur Farme<br />

d’Amoed Neto, que tomou<br />

a iniciativa de se desligar da<br />

seguradora após 30 anos na casa<br />

e colocar em prática projetos<br />

pessoais.<br />

Apresentação de novo CEO<br />

Amit Louzon é o novo CEO<br />

da Ituran Brasil. Ele se reportará<br />

diretamente a Yaron Littan, CEO<br />

do grupo na América Latina e<br />

à matriz em Israel. Yaron Littan<br />

comandará as empresas do<br />

grupo que englobam a Brasil e<br />

Argentina, a IRT (Ituran Road<br />

Track) Brasil e Argentina e a 55<br />

Guinchos.<br />

Juntas, estas empresas já<br />

ultrapassaram a marca de 800<br />

mil clientes ativos.<br />

Louzon trabalhou por 17 anos na companhia em Israel,<br />

empresa que deixou após um mandato de sete anos como<br />

vice-presidente da Divisão de Gestão de Frotas e Clientes Cooperativos.<br />

Ele assumirá o novo cargo no Brasil para ampliar<br />

o time de gestores.<br />

Mudança na superintendência<br />

comercial<br />

Marcelo Zampronha passa a<br />

ocupar o cargo de superintendente<br />

Comercial de São Paulo da MDS<br />

Brasil, atuando como líder de novos<br />

negócios na corretora. O executivo<br />

se reportará a Denis Teixeira, diretor<br />

regional de São Paulo e Minas<br />

Gerais.<br />

Comando para estratégias e<br />

novos negócios<br />

A Generali Brasil Seguros<br />

contratou o executivo italiano<br />

Michele Cherubini para assumir<br />

a diretoria de Estratégia e<br />

Novos Negócios, com foco na<br />

implementação de estratégias e<br />

do marketing da empresa, além<br />

de fomentar novas oportunidades<br />

de acordos comerciais e parcerias.<br />

Cherubini estará à frente do<br />

posicionamento estratégico das<br />

linhas e dos modelos de negócios, garantindo que estejam<br />

alinhados ao contexto competitivo do mercado brasileiro e aos<br />

objetivos do Grupo. Também será responsável pelo Marketing,<br />

inserindo o cliente no centro das ações, preservando a imagem<br />

institucional e garantindo os interesses da companhia através do<br />

relacionamento junto às comunidades nas quais a Generali atua.<br />

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capa | AIG Brasil<br />

A era digital<br />

já começou<br />

AIG investe cada vez mais<br />

em sua plataforma online<br />

Portal do Corretor, para<br />

fortalecer a parceria com<br />

seus corretores<br />

Edificio sede da AIG, em Nova Iorque<br />

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A<br />

velha máxima “tempo é<br />

dinheiro” nunca se fez tão<br />

verdadeira no mercado de<br />

seguros como nos dias atuais.<br />

Em tempos de transformação digital, as<br />

empresas voltam seus investimentos a<br />

tecnologias avançadas com o objetivo<br />

de acelerar processos e, assim, aumentar<br />

suas carteiras de clientes. Mas todo esse<br />

aparato digital não tornaria essa revolução<br />

possível, não fosse a inteligência<br />

humana na dianteira dos negócios.<br />

Seguindo a postura de inovação que<br />

sempre marcou a história da AIG no<br />

Brasil e no mundo, a seguradora trabalha<br />

para fomentar a cultura digital no mercado<br />

de seguros, aportando recursos em<br />

tecnologia e ferramentas que apoiem os<br />

corretores na sua relação com o cliente.<br />

“É preciso que o setor de seguros esteja<br />

cada vez mais atento para as soluções<br />

digitais, acompanhando o dinamismo do<br />

mercado e oferecendo soluções que possam<br />

simplificar processos e ir além das<br />

expectativas do cliente”, comenta Fabio<br />

Cabral, Diretor Comercial da AIG Brasil.<br />

A seguradora já oferece aos seus<br />

parceiros, há cerca de dois anos, o Portal<br />

do Corretor, uma plataforma exclusiva<br />

que permite a eles fazerem cotações de<br />

maneira rápida e simplificada. O Portal<br />

permite emissões de apólices e traz o<br />

acompanhando do status das transações<br />

em tempo real, além de oferecer informações<br />

sobre os produtos e treinamentos.<br />

“Essa foi, sem dúvida, uma das estratégias<br />

mais bem sucedidas da AIG Brasil<br />

nos últimos tempos”, ressalta Cabral.<br />

O número de corretores que utilizam<br />

a plataforma vem aumentando consideravelmente<br />

mês a mês. Apenas no primeiro<br />

semestre de 2017, o Portal atingiu toda a<br />

produção do ano passado. A expectativa<br />

da companhia é dobrar esse volume de<br />

negócios até dezembro.<br />

De alguns meses para cá, quem convive<br />

no meio percebe que os corretores,<br />

cada vez mais, têm dado atenção ao fator<br />

tecnológico (confira box na pg.18). “A<br />

partir do momento em que se digitaliza os<br />

processos, você reduz o tempo destinado<br />

à burocracia e investe mais energia na<br />

força de vendas”, comenta Marco Antonio<br />

Lavalvia, da MHC Corretora de Seguros.<br />

Onde as pequenas e médias<br />

têm vez<br />

Na ponta da esteira, a pergunta é: o<br />

que a digitalização muda para o cliente<br />

final? Num primeiro momento, o impacto<br />

positivo é notado principalmente na camada<br />

das pequenas e médias empresas,<br />

que necessitam mais agilidade no fechamento<br />

de uma apólice para colocar o<br />

negócio em funcionamento. “O segmento<br />

PME é extremamente promissor para a<br />

atuação dos corretores, tendo a modernização<br />

e a agilidade como principais<br />

características”, ressalta Cabral.<br />

Neste aspecto, o Portal do Corretor<br />

complementa a estratégia da AIG, que<br />

já busca atender as pequenas e médias<br />

empresas de maneira personalizada de diversas<br />

formas, como é o caso da oferta de<br />

soluções específicas para diversos ramos<br />

de atividade. O Seguro Empresarial da<br />

AIG, por exemplo, no mercado brasileiro<br />

desde 2012, é um pacote com mais de 40<br />

❙❙Fabio Cabral, Diretor Comercial da AIG Brasil<br />

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AIG Brasil<br />

O que pensam<br />

os corretores<br />

A aceitação do mercado quanto<br />

ao Portal do Corretor da AIG parece<br />

refletir, de fato, os investimentos feitos<br />

na plataforma. <strong>Apólice</strong> ouviu a opinião<br />

de alguns profissionais que utilizam a<br />

ferramenta para entender os verdadeiros<br />

ganhos de produtividade.<br />

A MHC Corretora de Seguros é uma<br />

das parceiras da AIG adeptas do Portal<br />

desde o seu lançamento, no segundo<br />

semestre de 2015. Para o corretor Marco<br />

Antonio Lasalvia, a celeridade na prestação<br />

de serviços aos clientes mudou<br />

desde então. “Foi-nos permitido simular<br />

situações específicas para nossos<br />

clientes, por meio de uma oferta maior<br />

de produtos”. A MHC atua massivamente<br />

no ramo de Linhas Financeiras, mas<br />

já enxerga oportunidades na área de<br />

Property e crê que o Portal do Corretor<br />

será um facilitador nesse processo.<br />

Outra corretora que pode expandir<br />

sua oferta de produtos tendo o canal<br />

?<br />

digital como aliado foi a Vertex Seguros.<br />

O Seguro Ambiental da AIG, por exemplo,<br />

foi um dos produtos que entraram<br />

para o rol ofertado aos clientes nos<br />

últimos meses. “Nosso foco, há alguns<br />

anos, era 90% em Property. Hoje, nossa<br />

carteira foi incrementada<br />

com Ambiental e D&O”,<br />

revela Daniel Barreto, da<br />

Vertex.<br />

Um ponto em comum<br />

no retorno que os<br />

corretores oferecem é a<br />

redução do tempo para<br />

emissão das apólices. “O<br />

que antes poderia levar<br />

até 30 dias, hoje é feito<br />

quase que instantaneamente”,<br />

diz Barreto.<br />

Para Lasalvia, da<br />

MHC, a informatização é<br />

a principal virtude do ambiente<br />

de negócios nos<br />

PORTAL DO CORRETOR AIG<br />

Diferenciais<br />

üüCotações e emissões 100% online<br />

üüPortfólio de produtos online mais completo<br />

do mercado<br />

üüMaior autonomia e agilidade para seus<br />

negócios<br />

üüPossibilidade de criar produtos customizados<br />

para os nichos do mercado que<br />

você atende<br />

üüO jeito mais simples para você fechar os<br />

seus negócios<br />

Produtos disponíveis<br />

üüEmpresarial<br />

üüResponsabilidade Civil Geral<br />

üüTransporte<br />

üüAmbiental<br />

üüResponsabilidade Civil Profissional<br />

üüGestão e D&O<br />

dias atuais. “A partir do momento que<br />

você digitaliza os processos, acabando<br />

com o papel, você reduz o tempo<br />

destinado à burocracia e investe mais<br />

energia no relacionamento e na força<br />

de vendas”.<br />

A troca de ideias com os corretores<br />

é parte fundamental para o aprimoramento<br />

do Portal do Corretor. “Afinal, são<br />

eles os usuários do canal”, reflete Luis<br />

Ricardo, COO da AIG.<br />

16


coberturas voltadas a atender cerca de<br />

200 atividades diferentes, cotando riscos<br />

de até R$ 30 milhões.<br />

Outro produto específico, lançado<br />

no Brasil pela AIG em 2014 de maneira<br />

pioneira, é o Gestão Protegida 360°,<br />

voltado a companhias com faturamento<br />

de até R$ 200 milhões. O seguro contém<br />

basicamente as coberturas que um D&O<br />

oferece, mas vai além e cobre também a<br />

empresa para reclamações relacionadas<br />

a atos de gestão e decisões empresariais.<br />

“Este tipo de cliente, o pequeno ou médio<br />

empresário, não pode se dar ao luxo de<br />

aguardar a formatação de uma apólice<br />

durante semanas para colocar seu negócio<br />

para funcionar, pois seu faturamento<br />

depende de cada minuto. No Portal do<br />

Corretor é possível fazer todo esse trabalho<br />

com grande agilidade”, explica o<br />

Diretor Comercial.<br />

Por fim, vale ressaltar o destaque<br />

que o seguro de RC Profissional vem<br />

ganhando no mercado segurador brasileiro.<br />

Com o aumento da judicialização, o<br />

número de profissionais liberais à procura<br />

por este tipo de seguro vem crescendo<br />

bastante nos últimos anos. “Sem dúvida<br />

esse seguro é uma excelente opção para<br />

o corretor que busca inovar e diversificar<br />

sua carteira”, afirma Cabral.<br />

Tecnologia em prol do<br />

relacionamento<br />

❙❙Luis Ricardo Souza de Almeida, COO (Diretor de Operações) da AIG Brasil<br />

O plano da AIG é ampliar de maneira<br />

mais acelerada a base de corretores ativos<br />

no Portal do Corretor. Para que isso aconteça<br />

ainda neste ano, a companhia não<br />

mede esforços para aumentar os recursos<br />

e as funcionalidades da plataforma.<br />

Em junho passado, a AIG anunciou<br />

a contratação de Luis Ricardo Souza<br />

de Almeida como novo COO (Diretor<br />

de Operações, na sigla em inglês). O<br />

executivo, ao assumir a gestão dos times<br />

de Operações, TI, Administração, Resseguros,<br />

Cobranças, Gestão de Riscos<br />

e Compliance, abraçou o desafio de<br />

acelerar a transformação digital da AIG<br />

e melhorar o que já vem dando certo. No<br />

caso, o relacionamento com o corretor.<br />

O Portal do Corretor oferece hoje<br />

um mix diversificado de seguros, entre<br />

eles, Responsabilidade Civil Geral e<br />

Profissional, Empresarial, Gestão Protegida<br />

360°/D&O, Transporte, Ambiental,<br />

Patrimonial e CyberEdge®. “Estamos<br />

trabalhando para tornar o Portal uma<br />

ferramenta mais completa de soluções<br />

ao corretor. Queremos oferecer mais<br />

qualidade, leque amplo de serviços e cada<br />

vez mais agilidade aos nossos parceiros”,<br />

comenta Almeida.<br />

A extensão das funcionalidades no<br />

Portal passa por mais interação entre<br />

corretor e seguradora, inclusão de vídeos<br />

de treinamentos, padronização da navegação,<br />

e ferramentas de cálculo de comissão.<br />

“O objetivo é que as melhorias do<br />

Portal sejam feitas de maneira contínua,<br />

como manda a era tecnológica. Os corretores<br />

notarão as mudanças de maneira<br />

suave e intuitiva”, explica o executivo. A<br />

AIG já prevê o desenvolvimento de um<br />

aplicativo para smartphones para agilizar<br />

ainda mais o trabalho dos profissionais.<br />

“As equipes de TI e Projetos estão<br />

próximas aos times de Vendas e Produtos<br />

para desenvolver soluções digitais, como<br />

treinamentos à distância, abertura de<br />

sinistros, extratos e acompanhamento de<br />

comissões”, revela o COO.<br />

Ao passo que o lançamento do Portal<br />

do Corretor foi um movimento significativo<br />

no modus operandi da AIG, a companhia<br />

tem em mente que a plataforma<br />

não “trabalha sozinha”, mas sim como<br />

facilitadora no dia a dia dos corretores<br />

e impulsionadora de vendas. “A força de<br />

trabalho humana e o relacionamento continuam<br />

no comando da operação. Inovação<br />

sempre esteve em nosso DNA, e esse trabalho<br />

evidencia a busca contínua por uma<br />

melhor eficiência operacional”, finaliza o<br />

Diretor Comercial Fabio Cabral.<br />

17


especial oportunidades | saúde<br />

Manter ou não?<br />

Eis a questão<br />

É possível continuar com a assistência médica mesmo<br />

quando o momento pede corte nos gastos. Peças<br />

fundamentais neste processo, os corretores devem<br />

aproveitar as oportunidades da carteira<br />

Lívia Sousa<br />

18<br />

Ajustar o orçamento continua<br />

sendo a prioridade dos brasileiros,<br />

que se veem pressionados<br />

pela economia estagnada<br />

e pela inflação. Abandonar alguns hábitos<br />

de compra e mudar o padrão de vida não<br />

é o problema: a questão é quando o corte<br />

chega aos serviços essenciais. O que<br />

manter e o que descartar? Entre um ajuste<br />

e outro, nem mesmo o plano de saúde se<br />

salva, especialmente porque a maior parte<br />

dos vínculos – 80%, precisamente – vem<br />

dos planos coletivo-empresariais.<br />

Nos últimos dois anos, a saúde suplementar<br />

perdeu cerca de 2,8 milhões<br />

de beneficiários, segundo a Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar (ANS).<br />

O declínio acontece ao mesmo tempo<br />

em que o Brasil amarga 2,7 milhões de<br />

desempregados. “Alertamos para a inédita<br />

queda de beneficiários de planos de<br />

saúde já no início de 2015 e reforçamos,<br />

mais uma vez, que a crise econômica é<br />

o principal motivo para a movimentação<br />

negativa do setor, pois é impactada diretamente<br />

pelo número de empregos formais<br />

e pela renda da população”, alega Reinaldo<br />

Scheibe, presidente da Associação<br />

Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).<br />

Para este ano, as expectativas também<br />

não animam. As previsões mais<br />

otimistas dos analistas econômicos<br />

dão conta de que a economia brasileira<br />

retomará fôlego no segundo semestre,<br />

podendo encerrar 2017 com índices de<br />

crescimento de aproximadamente 0,4%.<br />

Estima-se que a retomada do crescimento<br />

do setor de saúde suplementar deva ter um<br />

início um pouco mais acentuado somente<br />

no próximo ano. No entanto, a presidente<br />

da Federação Nacional de Saúde Suplementar<br />

(FenaSaúde), Solange Beatriz<br />

Palheiro Mendes, vai além da crise.<br />

“O setor enfrenta questões estruturais<br />

como inflação médica elevada,<br />

desperdícios, fraudes, incorporações tecnológicas<br />

sem a relação custo-benefício<br />

comprovada clinicamente, além de uma<br />

regulação engessada que não estimula o<br />

desenvolvimento do mercado”, declara.<br />

De acordo com um levantamento elaborado<br />

pela entidade, a despesa assistencial<br />

per capita cresceu 19,17% em 2016 e<br />

entre 2008 e 2016 avançou 138,3%. Neste<br />

mesmo período, a inflação medida pelo<br />

Índice Nacional de Preços ao Consumidor<br />

Amplo (IPCA) foi de 65,8%.<br />

Ainda que nos próximos anos a<br />

recuperação gradual da economia, o<br />

poder de renda das famílias e a geração


❙❙Reinaldo Scheibe, da Abramge<br />

de emprego formal tragam de volta os<br />

consumidores que perderam o benefício,<br />

o setor precisa resolver junto à sociedade<br />

os entraves que comprometem a sustentabilidade<br />

dos planos nos próximos anos.<br />

“Caso nada seja feito, o atendimento<br />

privado à saúde irá se tornar cada vez<br />

menos acessível”, alerta Solange Beatriz.<br />

Os beneficiários têm importante papel<br />

neste processo e muitas vezes respondem,<br />

junto com a inflação, pelo aumento<br />

das mensalidades dos planos. Reinaldo<br />

Scheibe, da Abramge, lembra que desde<br />

2008 as operadoras foram capazes de<br />

reduzir em 33% suas despesas administrativas.<br />

O próximo passo, segundo ele, é<br />

a redução dos desperdícios, e para isso é<br />

fundamental que as operadoras aperfeiçoem<br />

seus canais de comunicação com<br />

os beneficiários de modo a informá-los<br />

a respeito dos planos, boas práticas, a<br />

importância da segunda opinião médica,<br />

a adesão a programas de promoção<br />

de saúde e prevenção de doenças – os<br />

quais são fundamentais para garantir a<br />

qualidade de vida dos usuários e evitar<br />

o desenvolvimento de doenças crônicas.<br />

“É preciso ainda alertar a população para<br />

os malefícios da judicialização indevida,<br />

a qual desvia recursos de investimentos<br />

na saúde coletiva para beneficiar a poucos<br />

usuários que têm condições de arcar com<br />

os altos honorários dos advogados.”<br />

Revisando os benefícios<br />

Enquanto a economia engatinha para<br />

a recuperação e as questões estruturais<br />

seguem sem resolução definitiva, as empresas<br />

redobram esforços para manter os<br />

convênios médicos na cesta de benefícios<br />

ofertados aos colaboradores. Para a população,<br />

o plano de saúde é o terceiro produto<br />

mais desejado e o que pode contribuir com<br />

fator do crescente acesso das classes C e D<br />

ao consumo. Para as corporações, depois<br />

do salário, o benefício saúde representa<br />

o maior gasto com os funcionários e, por<br />

conta da inflação médica, esse gasto<br />

aumenta ano a ano. Assim, apesar dos<br />

progressos na contenção de custos em saúde,<br />

muitas companhias ainda enfrentam<br />

dificuldades na área. E não é por falta de<br />

esforço ou inovação.<br />

“Na verdade, há cada vez mais<br />

empresas implementando abordagens<br />

tradicionais ou inovadoras para o gerenciamento<br />

dos custos crescentes com<br />

esse benefício”, diz o Head de Health &<br />

Benefits da Willis Towers Watson, Marcello<br />

Avena. Troca de operadora, investimento<br />

em coparticipação e soluções de<br />

re-desenho mais sofisticadas que levam<br />

em conta o comportamento da população<br />

atendida estão entre essas abordagens.<br />

As empresas também estão tomando<br />

cuidados paliativos, ou seja, compartilhando<br />

com os empregados a responsabilidade<br />

por sua própria saúde. De acordo<br />

com o estudo Global Medical Trends,<br />

realizado pela própria Willis Towers<br />

Watson com 231 seguradoras em todo o<br />

mundo, quatro em cada dez respondentes<br />

(39%) oferecem algum tipo de programas<br />

de bem-estar. Nos Estados Unidos, 75%<br />

das organizações fornecem esses tipos de<br />

programas, versus 50% na Europa e 38%<br />

❙❙Marcello Avena, da Willis Towers Watson<br />

❙❙Solange Beatriz P. Mendes, da FenaSaúde<br />

na América Latina.<br />

Os programas de promoção da saúde<br />

também ganham força. “Quase dois em<br />

cada três participantes do levantamento<br />

(65%) oferecem avaliações pessoais de<br />

riscos relacionados à saúde e outros 16%<br />

planejam fazê-lo em 2018. Quase metade<br />

(48%) das operadoras oferece programas<br />

de educação para a saúde e estilo de vida<br />

e há uma expectativa de crescimento<br />

destes programas em 65% no próximo<br />

ano”, acrescenta o executivo.<br />

As alternativas para conter gastos<br />

não param aí. A Mercer Marsh Benefícios,<br />

por exemplo, realiza um trabalho de<br />

gestão de crônicos, buscando resultados<br />

efetivos no curto, médio e longo prazo. A<br />

consultoria criou um grupo de médicos e<br />

enfermeiros dedicado ao gerenciamento<br />

dos casos de cirurgias ortopédicas, bariátricas<br />

e crônicos, que representam de 60%<br />

a 70% do gasto assistencial do sinistro.<br />

Além disso, implantou prontuários eletrônicos<br />

para acompanhar as cirurgias em<br />

tempo real, monitorando se elas são de<br />

baixo ou alto custo e atuando na gestão<br />

desses casos.<br />

“As empresas de hoje precisam ter<br />

parceiros e consultorias que investem<br />

em sistemas próprios, não terceirizados<br />

e com total isenção. Quanto mais informações<br />

e inteligência de negócios, melhor<br />

as companhias conseguem aportar<br />

valor na gestão e controle de custo dos<br />

planos, com mais resultado de saúde,<br />

com previsibilidade e qualidade de vida<br />

para os colaboradores”, pontua o diretor<br />

técnico, Marcelo Borges, adiantando<br />

19


saúde<br />

que a consultoria prepara para o último<br />

trimestre deste ano três ferramentas para<br />

gerenciamento em momentos de crise<br />

econômica. São ferramentas tecnológicas<br />

que conseguem elaborar cenários, simulando<br />

mudanças de desenhos, ferramentas<br />

de gestão de saúde, gerenciamento<br />

de crônicos, modelos de coparticipação,<br />

entre outras iniciativas, demonstrando<br />

o resultado dos possíveis cenários de<br />

mitigação e também o resultado de cada<br />

investimento nestas ações.<br />

Aberto às oportunidades<br />

Os corretores ainda são muito focados<br />

no seguro de automóvel e acabam<br />

deixando outras carteiras importantes de<br />

lado. No caso dos profissionais que não<br />

operam com planos e seguros saúde, a<br />

justificativa é que estes são ramos difíceis<br />

de trabalhar. De fato, o setor possui<br />

linguagem complexa, com características<br />

únicas e particularidades desconhecidas<br />

pela maioria das pessoas, mas é justamente<br />

nas dificuldades que a importância<br />

de um corretor especializado fica ainda<br />

mais evidente.<br />

“Pelo fato de estar familiarizado com<br />

a legislação da área, o corretor possui<br />

domínio sobre os processos internos<br />

das operadoras e está apto a oferecer a<br />

melhor solução para as demandas do<br />

cliente, seja ele pessoa física ou jurídica”,<br />

declara Marcelo Alves, CEO da Célebre<br />

Corretora. Fatores como flexibilidade de<br />

horário e possibilidade de remuneração<br />

proporcional à produtividade tornam a<br />

❙❙Marcelo Alves, da Célebre Corretora<br />

20<br />

❙❙Marcelo Borges, da Marsh<br />

carreira atrativa, especialmente aos jovens<br />

em início da vida profissional.<br />

Com mais de 25 anos de experiência<br />

no segmento, o executivo afirma que a<br />

qualidade do trabalho realizado pelo<br />

profissional depende diretamente da corretora<br />

na qual atua. “Se for uma empresa<br />

que olha apenas para números, pouco ou<br />

nada investe em treinamento e que não<br />

valoriza o funcionário, evidentemente<br />

esse corretor não vai desempenhar seu<br />

trabalho da melhor maneira”, diz. A corretagem<br />

é competitiva, exigente e possui<br />

alto grau de complexidade. Por isso, para<br />

o corretor alcançar bons resultados, é<br />

imprescindível o aprimoramento constante.<br />

Além dos treinamentos, o próprio<br />

profissional deve buscar conhecimento<br />

por meio de congressos, workshops e<br />

feiras, e acompanhar as notícias do setor<br />

e entender o papel desempenhado por<br />

cada entidade de classe.<br />

Atento às oportunidades do ramo, o<br />

Grupo Assurê, no mercado desde 1967,<br />

já contava com alguns contratos de saúde<br />

para atender a demanda dos clientes,<br />

mas há cinco anos virou a chave de vez.<br />

Após estudos e treinamento da equipe,<br />

iniciou a prospecção e passou a agir<br />

ativamente na área. “Enxergamos as<br />

oportunidades em um momento em que<br />

a legislação acerca do seguro saúde já<br />

estava madura”, lembra o vice-presidente,<br />

Pedro Timotheo. Hoje, a porcentagem de<br />

clientes que adquiriram planos e seguros<br />

saúde chega a 20% e a expectativa é que<br />

o faturamento da corretora cresça 20%<br />

ao ano nos próximos cinco anos.<br />

“Como no seguro de automóvel,<br />

o mercado de seguro saúde é um setor<br />

em que as pessoas ainda te procuram.<br />

A diferença está no preço”, pontua. Por<br />

esta oportunidade e por ser um segmento<br />

altamente especializado, Timotheo,<br />

assim como Alves, insiste que o corretor<br />

se aprofunde na matéria e na legislação<br />

e leve alternativas seguras aos clientes. É<br />

importante que o produto seja comercializado<br />

por um profissional habilitado como<br />

o corretor, e que ele demonstre à população<br />

sua diferença em relação aos agentes.<br />

“Comercializar plano de saúde implica<br />

em um alto grau de responsabilidade por<br />

parte do consultor. As companhias que<br />

comercializam planos e seguro saúde<br />

deveriam dar exclusividade aos corretores<br />

de seguro para comercializar o produto.<br />

Apesar de ser um ramo fiscalizado pela<br />

ANS e não pela Susep [Superintendência<br />

de Seguros Privados], a alta judicialização<br />

que as empresas sofrem hoje poderia<br />

ser minimizada se as vendas fossem sempre<br />

feitas por um profissional habilitado<br />

e que também responde civilmente pelas<br />

informações prestadas.”<br />

Relação com os corretores<br />

Para as empresas, o trabalho feito<br />

pelo corretor é fundamental e permite<br />

uma visão ampla e isenta do mercado,<br />

demonstrando as variáveis apresentadas<br />

por cada operadora. Para as operadoras,<br />

eles representam a principal força de<br />

vendas e são considerados parceiros estratégicos<br />

para gerar negócios pelo país.<br />

Irlau Machado Filho, do Grupo<br />

❙❙NotreDame Intermédica


21


saúde<br />

Mas como as operadoras e seguradoras<br />

auxiliam esses profissionais?<br />

“No caso de plano de saúde, a administração<br />

diária é um pouco mais complexa<br />

para os corretores. O que acontece<br />

é uma especialização para acompanhamento<br />

dessa carteira, demandando que<br />

a corretora acompanhe múltiplos fatores<br />

como frequência de utilização, quais são<br />

os usuários que mais utilizam o plano e<br />

também a análise de sinistros da carteira<br />

como um todo”, explica Irlau Machado<br />

Filho, presidente do Grupo NotreDame<br />

Intermédica, que neste ano registrou alta<br />

de mais de 50% de pedidos de cotações e<br />

propostas de consultorias para redesenho<br />

e harmonização do benefício saúde.<br />

Nos últimos dois anos, o Grupo<br />

investiu na aproximação com os corretores,<br />

canal que trouxe insights de<br />

mercado e que resultou na atualização do<br />

portfólio levando em consideração todo<br />

o movimento do setor. Acreditando na<br />

importância do mercado de varejo, em especial<br />

o direcionado a pequenas e médias<br />

empresas, o Grupo oferece capacitação<br />

para os corretores que atendem esse<br />

segmento de negócios e, no ano passado,<br />

disponibilizou tablets como ferramenta<br />

de vendas e minimizou erros de cadastro<br />

e cruzamento de informações de outros<br />

sistemas para garantir que a venda ocorra<br />

corretamente.<br />

Capacitá-los para uma venda assertiva<br />

e consultiva também é foco da<br />

Seguros Unimed, que tem parceria com<br />

as principais corretoras especializadas<br />

em planos e seguros saúde do país. “São<br />

❙❙Jorge Oliveira, da Seguros Unimed<br />

22<br />

os corretores que nos fornecem insumos<br />

do mercado para que possamos seguir<br />

no caminho da melhoria contínua e da<br />

inovação, visando atender às expectativas<br />

dos clientes”, diz Jorge Oliveira, superintende<br />

de Estratégia Comercial para Saúde<br />

e Odontologia. “É essencial uma venda<br />

consultiva não só no segmento de saúde.<br />

É preciso moldar as soluções para atender<br />

os anseios dos clientes, e aí está um<br />

caminho para a atuação dos corretores<br />

atualmente”, completa.<br />

Ainda que opere também nos segmentos<br />

de vida, odontológico, previdência<br />

e ramos elementares, 75,5% do<br />

faturamento da seguradora ainda vem do<br />

ramo saúde. “Temos flexibilidade e uma<br />

equipe comercial preparada para treinar<br />

❙❙Manoel Peres, da Bradesco Saúde<br />

os corretores são os mais indicados para<br />

uma abordagem consultiva junto ao mercado.<br />

É justamente isso que as empresas,<br />

no caso de clientes corporativos, precisam<br />

em momentos como esse, de crise.<br />

O corretor deve entender a necessidade<br />

do cliente e temos a oportunidade de<br />

estruturar o produto para que atenda as<br />

expectativas.”<br />

Outra companhia que ampliou as<br />

oportunidades de parceria com os corretores<br />

no circuito empresas-seguradora,<br />

e investiu em tecnologia para agilizar a<br />

troca de informações com esses profissionais,<br />

foi a Bradesco Saúde. A área de<br />

Gestão de Pessoas – Capacitação, por<br />

exemplo, realiza um trabalho estratégico<br />

para o aprendizado dos profissionais por<br />

meio de analistas que atuam nas diversas<br />

❙❙Laureci Zeviani, da Ameplan<br />

sucursais para realizar os treinamentos,<br />

segmentados para os diferentes públicos,<br />

com ferramentas, formatos e metodologias<br />

específicos para cada um deles.<br />

“Por ser uma interface tanto da<br />

seguradora quanto do cliente, o corretor<br />

é peça fundamental. Para o Grupo<br />

Bradesco Seguros, e consequentemente<br />

a Bradesco Saúde como uma das empresas<br />

integrantes, o trabalho do corretor é<br />

muito importante para difundir o seguro<br />

e todos os segmentos da economia, compreendendo<br />

o que cada cliente necessita”,<br />

frisa o diretor geral da Bradesco Saúde,<br />

Manoel Peres.<br />

Já na Ameplan Saúde, a parceria com<br />

os corretores aumenta paulatinamente à<br />

medida que os profissionais já parceiros<br />

vão multiplicando para o mercado<br />

os valores e vantagens desta operação<br />

adequada para os clientes que buscam<br />

reduzir despesas sem perder a qualidade<br />

do serviço.“Só precisamos de uma oportunidade<br />

com os corretores de saúde para<br />

entrar definitivamente em suas pastas e<br />

só sair de lá com carimbo e assinatura de<br />

um novo contratante”, garante o diretor<br />

comercial, Laureci Zeviani. “A máxima<br />

que usamos para o seguro do carro, que<br />

se paga torcendo para nunca usar, é mais<br />

apropriada ainda para o plano de saúde.<br />

Sem diminuir a importância dos demais<br />

seguros, mas não deveria haver preocupação<br />

maior que a manutenção de um plano<br />

de saúde. Na maioria das vezes, danos ou<br />

perdas materiais ficam irrelevantes quando<br />

o que está em risco é a manutenção da<br />

vida ou da saúde”, finaliza.


23


especial oportunidades | odonto<br />

Questão de saúde geral<br />

Conhecido pelo grande<br />

número de dentistas<br />

em exercício, o Brasil<br />

ainda tem um longo<br />

caminho a percorrer<br />

quando o assunto é<br />

proteger sua população<br />

contra os perigos da<br />

falta de higiene bucal<br />

Amanda Cruz<br />

O<br />

Brasil abriga 11% dos dentistas<br />

do mundo, de acordo<br />

com o Atlas Mundial de<br />

Odontologia de 2015. Isso<br />

representa mais de 280 mil profissionais<br />

em atividade, tornando-o o maior mercado<br />

do globo. Para melhor exemplificar,<br />

existe no País um dentista para cada 715<br />

habitantes. Profissionais que estão, de<br />

acordo com relatório da ONU, entre os<br />

melhores do mundo. 70% deles estão<br />

concentrados no Sul e Sudeste do País, o<br />

que leva ao outro lado dos dados.<br />

Segundo a Pesquisa Nacional de<br />

Amostra de Domicílios de 2015, 11,7%<br />

❙❙Marco Antonio Manfredini, do CROSP<br />

24<br />

dos brasileiros nunca estiveram em um<br />

dentista. Isso equivale a 24 milhões de<br />

pessoas que nunca obtiveram cuidado<br />

com a saúde bucal; sendo as regiões Norte<br />

e Nordeste as mais prejudicadas. “Os<br />

levantamentos epidemiológicos conduzidos<br />

pelo Ministério da Saúde em 2003<br />

e 2010 apresentam melhorias no quadro<br />

de saúde bucal de crianças, adolescentes e<br />

adultos. Entretanto, persistem as grandes<br />

desigualdades de natureza regional vinculadas<br />

a critérios sociais”, resume o Dr.<br />

Marco Antonio Manfredini, secretário<br />

do Conselho Regional de Odontologia<br />

de São Paulo (Crosp).<br />

Por conta dessa discrepância, acentuada<br />

pela falta de capacidade do sistema<br />

público em atender as demandas odontológicas<br />

e os altos valores do atendimento<br />

particular, o sistema de planos privados<br />

vem avançando e dando autonomia especial<br />

aos odontológicos. Se antes eles<br />

eram um complemento do plano médico,<br />

hoje são encarados – especialmente por<br />

aqueles que já possuem cultura de prevenção<br />

– como uma alternativa de manter o<br />

acesso a esse cuidado.<br />

“A relevância que os planos odontológicos<br />

ganharam pode ser constatada<br />

pelo comportamento da carteira, que<br />

cresceu no mercado na contramão da<br />

assistência médica”, afirma o diretor-<br />

-executivo da Amil Dental, Alfieri<br />

Casalecchi. O executivo percebe ainda<br />

que o perfil daqueles que mais procuram<br />

pelo benefício são as mulheres com<br />

idade entre 25 e 40 anos. Já a faixa mais<br />

consolidada de beneficiários hoje é a que<br />

vai dos 30 aos 39 anos: dos 22 milhões<br />

de brasileiros que possuem algum tipo<br />

de plano dental, essa é a faixa com maior<br />

número de vidas, de acordo com dados<br />

de março de 2017 da ANS.<br />

Na Odontoprev, o superintendente de<br />

Operações, Marcos José da Silva Costa,<br />

também trata a faixa etária como o principal<br />

destaque da carteira. Entre 12 e 19<br />

❙❙Alfieri Casalecchi, da Amil Dental


25


odonto<br />

anos, os jovens são mais suscetíveis às<br />

cáries, precisando mais do atendimento;<br />

as questões regionais também aparecem<br />

como fator, já que delas dependem a<br />

possibilidade de acesso aos tratamentos<br />

necessários e há também o fator sócio-<br />

-cultural: quanto maior a educação, mais<br />

presente se torna a preocupação com a<br />

saúde bucal. Para além desses recortes,<br />

de maneira geral, pais e responsáveis<br />

preocupados com a saúde de seus dependentes<br />

estão entre aqueles que têm<br />

mais preocupação com a contratação<br />

de um plano que atenda a toda família.<br />

Além disso, as PME’s são outro grupo<br />

de destaque, oferecendo o plano odontológico<br />

como diferencial de mercado a<br />

seus funcionários.<br />

Os planos odontológicos se consolidaram<br />

como instrumento de acesso a<br />

tratamentos e estímulo à promoção da<br />

saúde bucal e prevenção de doenças. O<br />

fato de muitas pessoas terem acesso aos<br />

planos médicos, mas não terem o odontológico,<br />

favorece a expansão do segmento,<br />

conforme lembra Geraldo Almeida<br />

Lima, presidente do Sindicato Nacional<br />

das Empresas de Odontologia de Grupo<br />

(Sinog): “Considerando que apenas 11,4%<br />

da população brasileira possuem algum<br />

tipo de plano odontológico e a existência<br />

de um gap a conquistar de mais de 25<br />

milhões de beneficiários que possuem<br />

apenas planos médico-hospitalares, este<br />

segmento pode crescer muito mais”,<br />

comemora.<br />

Uma das dificuldades enfrentadas<br />

no Brasil é o descuido com a prevenção.<br />

As pessoas de fato utilizam o serviço de<br />

dentistas quando precisam, mas ainda é<br />

pequeno o interesse por medidas preventivas.<br />

“No Brasil, culturalmente, grande<br />

parte da população ainda mantém a<br />

prevalência de ir ao dentista apenas para<br />

fazer os tratamentos curativos, ou seja,<br />

quando o problema bucal surge, se agrava<br />

e é preciso o tratamento”, lamenta Lima.<br />

A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada<br />

pelo IBGE em 2013, mostrou que 55,6%<br />

dos brasileiros não se consultam com<br />

dentistas anualmente. “Essa reversão de<br />

valores é extremamente necessária para<br />

que todos tenham em vista que é preciso<br />

fazer, primeiramente, a prevenção de<br />

doenças para que haja a adequada saúde<br />

bucal”, completa.<br />

Costa, da Odontoprev, reafirma a<br />

falta de visão de futuro das pessoas quando<br />

o assunto é saúde bucal e, às vezes, o<br />

desconhecimento da importância desse<br />

cuidado na saúde geral do organismo. Por<br />

outro lado, comemora os avanços, que<br />

são inegáveis, na descoberta dos planos<br />

odontológicos como benefício, agora ocupando<br />

o terceiro lugar na lista de desejos<br />

dos funcionários. “Essa não é e não necessita<br />

ser uma carteira atrelada ao plano<br />

médico, mas deve, obrigatoriamente, ser<br />

entendido dentro de um conceito completo<br />

de plano de saúde. Assim, o indivíduo<br />

❙❙Marcos José Costa, da Odontoprev<br />

pode dizer que tem um plano de saúde<br />

quando tem o plano médico-hospitalar e<br />

também o odontológico”, explica.<br />

Quem entra na carteira de maneira<br />

geral, segundo as operadoras entrevistadas,<br />

se sente satisfeito, mas não deixa<br />

de procurar por novidades e diferenciais<br />

para manter o plano. “Cada vez mais,<br />

nossos clientes buscam procedimentos<br />

ligados à prevenção, mas, além disso,<br />

em pesquisas de opinião realizadas com<br />

nossos beneficiários, notamos uma demanda<br />

por coberturas estéticas”, sinaliza<br />

Casalecchi, da Amil.<br />

Tanto é que o Conselho Federal de<br />

Odontologia autorizou, em novembro<br />

de 2016, a aplicação de botox para fins<br />

estéticos por cirurgiões dentistas. Antes<br />

dessa data, esses profissionais já utilizavam<br />

a substância, mas apenas para tratar<br />

de algumas desordens funcionais, como<br />

o bruxismo. Embora nem todas as operadoras<br />

tenham aderido à modalidade,<br />

esse é um indicativo do que os clientes<br />

mais maduros poderão exigir de suas<br />

operadoras no futuro.<br />

Mas, antes do futuro, a realidade:<br />

levar saúde bucal a quem não tem e diminuir<br />

a incidência de doenças associadas<br />

à precariedade de higiene bucal. “Os<br />

planos odontológicos são um forte aliado<br />

para que a população tenha acesso aos<br />

tratamentos preventivos e de profilaxia,<br />

além de todos os outros relacionados<br />

na cobertura mínima e que garantem a<br />

manutenção da saúde bucal. Os planos<br />

odontológicos, inclusive, suprem uma<br />

grande demanda dos brasileiros que não<br />

têm acesso aos consultórios particulares”,<br />

exemplifica Lima.<br />

Principais doenças associadas<br />

As cáries dentais representam a<br />

maior doença causada por falta de higiene<br />

bucal, considerada pelo Atlas Mundial<br />

a maior doença crônica generalizada<br />

ao redor do mundo e o maior desafio<br />

de saúde global. Ainda que sejam mais<br />

comuns em crianças, os adultos também<br />

sofrem com as cáries: um em cada três<br />

adultos no Brasil têm cáries que não são<br />

tratadas e lavam à queda dos dentes.<br />

Aos 12 anos, 53% apresentam cáries e<br />

esse índice pode atingir perto de 75%<br />

da população com idade entre 15 e 19<br />

anos. Já a doença periodontal (infecção<br />

de gengiva) é crescente quanto maior a<br />

faixa etária. No Brasil, 37% da população<br />

na faixa dos 12 anos já apresentam a<br />

doença; esse percentual cresce para 49%<br />

da população com idade entre 5 e 19 anos<br />

e já atingiu 82% da população com idade<br />

entre 35 e 44 anos. Ente 65 e 74 anos, 98%<br />

da população já apresentou periodontite.<br />

Açúcar, cigarro, álcool, dieta inadequada<br />

entre outros fatores podem ser<br />

considerados os principais responsáveis<br />

por esse problema. Além da perda dos<br />

dentes, a falta de cuidado com a saúde<br />

bucal pode levar ao desenvolvimento de<br />

doenças de diferentes gravidades – desde<br />

uma gengivite até a endocardite bacteriana<br />

– infecção que afeta o coração e pode<br />

ser fatal, geralmente causada por acúmulo<br />

de bactérias em feridas e sangramentos<br />

presentes na boca que abrem espaço para<br />

a contaminação. “Lamentavelmente, a<br />

26


27


odonto<br />

população ainda não tem conhecimento<br />

sobre a real necessidade da prevenção da<br />

saúde bucal e sua importância na saúde<br />

geral de seu organismo. Não imaginam,<br />

por exemplo, que dores posturais, com<br />

sintomatologia na região da coluna cervical<br />

ou cefaleias (dores de cabeça) podem<br />

ser consequências da perda precoce de<br />

parte de seus dentes. Desconhecem as<br />

implicações de doenças bucais da mãe<br />

na gestação de seu bebê, que podem<br />

levar ao parto prematuro, por exemplo,<br />

ou a possibilidade de infecções bucais<br />

atingirem com gravidade estruturas do<br />

coração”, relaciona Costa, da Odontoprev.<br />

Assim, não tem a motivação suficiente<br />

para priorizar atitudes de prevenção. Há<br />

pesquisas que indicam que perto de 90%<br />

Principais doenças<br />

causadas<br />

Gengivite - Inflamação da gengiva<br />

- é o estágio inicial da doença da<br />

gengiva e a mais fácil de ser tratada. A<br />

causa direta da doença é a placa - uma<br />

película viscosa e incolor de bactérias<br />

que se forma, de maneira constante,<br />

nos dentes e na gengiva<br />

Periodontite – A fase da doença<br />

periodontal que teve início no processo<br />

inflamatório na gengiva (gengivite), e<br />

que se estendeu para os tecidos de<br />

suporte do dente. O principal sinal é<br />

o rompimento das fibras que unem a<br />

gengiva, o dente e o osso de suporte.<br />

Forma-se então um espaço entre o<br />

dente e a gengiva, o que indica a perda<br />

das estruturas ao redor do dente,<br />

como o osso de suporte e as fibras do<br />

ligamento<br />

Endocardite bacteriana – A endocardite<br />

bacteriana é uma inflamação<br />

que afeta as válvulas e o tecido que<br />

reveste o coração, devido à presença<br />

de bactérias ou fungos que chegam<br />

ao coração através da circulação sanguínea.<br />

Algumas causas da endocardite<br />

bacteriana podem ser o uso de drogas<br />

injetáveis, piercings na boca ou na<br />

língua ou a realização de tratamentos<br />

dentários sem uso de antibióticos<br />

antes.<br />

28<br />

dos brasileiros acreditam ser importante<br />

ir ao dentista, mas os que utilizam regularmente<br />

fio dental, escova e pasta de<br />

dente na higienização são, apenas, 53%<br />

dos brasileiros.<br />

Para ganhar espaço<br />

Há três profissionais intimamente envolvidos<br />

na cadeia dos planos. Segurador,<br />

corretores e profissionais de odontologia.<br />

Na outra ponta estão os consumidores,<br />

muitos deles empresas que usam as<br />

vantagens do mercado para oferecer o<br />

benefício do plano. Assim, os que podem<br />

e conhecem, procuram as carteiras<br />

odontológicas por consciência e aqueles<br />

que não têm como arcar com os valores<br />

de uma consulta e tratamento particular,<br />

podem ser apresentados a esse benefício.<br />

Para atrair esses dois públicos a<br />

diversificação é uma saída. A Amil,<br />

por exemplo, tem investido em nichos<br />

como os voltado para crianças, regiões<br />

específicas do País disponíveis para<br />

clientes individuais e PME’s, conforme<br />

as necessidades. Há ainda um nicho<br />

voltado apenas para o público de alta<br />

renda. “Pretendemos dar continuidade à<br />

estratégia de investir na comercialização<br />

de planos individuais e para pequenas e<br />

médias empresas (PMEs), que nos possibilitaram<br />

manter a estabilidade da nossa<br />

carteira de clientes nos últimos quatro<br />

anos, quando as grandes companhias<br />

foram afetadas pela crise econômica”,<br />

destaca Casalecchi.<br />

A aceitação nas empresas é grande<br />

e, com seu valor muito abaixo do plano<br />

médico-hospitalar, a percepção da sua<br />

importância aumenta muito.<br />

Para cuidar da prevenção, a Odontoprev<br />

exemplifica que o seu posicionamento<br />

começa com a realização de ações de<br />

promoção da saúde dentro de empresas<br />

e instituições, com materiais para difundir<br />

a prevenção e manutenção quando o<br />

assunto é saúde bucal.<br />

Para que tudo funcione, o esforço<br />

financeiro também é preciso e o porta-voz<br />

do Crosp, Dr. Marco Antonio Manfredini,<br />

diz que o conselho acompanha de<br />

perto o desenvolvimentos dos planos e os<br />

vê com bons olhos, mas faz uma ressalva:<br />

“entendemos que essa expansão deve estar<br />

associada a uma remuneração adequa-<br />

❙❙Geraldo Almeida Lima, do Sinog<br />

da dos cirurgiões-dentistas e prestadores<br />

de serviços”, pontua. Manfredini também<br />

alerta os beneficiários – que tenham ou<br />

não planos odontológicos: “é importante<br />

ressaltar que as pessoas devem, sempre,<br />

se certificar que o profissional está habilitado<br />

no Conselho Regional de Odontologia<br />

e, no caso de especialistas, que<br />

tenha esse título comprovado”, aconselha.<br />

Esse é outro ponto no qual os planos têm<br />

vantagem sobre a busca particular: a<br />

curadoria realizada com os profissionais<br />

das redes de atendimento.<br />

O plano de saúde odontológico<br />

se apresenta, portanto, como uma das<br />

carteiras com grande potencial de expansão<br />

para o corretor de seguros. Uma<br />

das vantagens que ela oferece é que é<br />

possível uma especialização não tão<br />

complexa quanto em outras carteiras, mas<br />

efetiva e que possa ajudar o profissional<br />

a conquistar.<br />

Então, o que falta para a carteira<br />

ser muito maior? Para Geraldo Lima,<br />

presidente do Sinog, alguns pontos tanto<br />

da regulação da carteira – que dependem<br />

da decisão da ANS - quanto de iniciativas<br />

de dentro do setor precisam de ajustes,<br />

reduzindo custos desnecessários<br />

Debater, discutir, falar, indicar e,<br />

principalmente, mostrar os riscos do descuido<br />

com a higiene bucal. Para além das<br />

questões estéticas que podem, sim, fazer<br />

parte dos cuidados dos planos odontológicos,<br />

a saúde fala mais alto e clama por<br />

prevenção e cuidados, desempenhando o<br />

papel último dos seguros e planos médicos:<br />

cuidar da população.


29


especial oportunidades | vida<br />

Reforço no<br />

planejamento financeiro<br />

Apenas 19% dos brasileiros contam com seguro de vida, mas não falta<br />

espaço para que este cenário seja modificado. O consumidor só aguarda<br />

alguém que desperte nele os benefícios de produtos ainda desconhecidos<br />

Ter uma reserva financeira é<br />

importante e há dois caminhos<br />

para criar uma poupança: reduzir<br />

despesas ou aumentar receitas. O<br />

primeiro passo é ter a consciência de que<br />

além de montar uma boa reserva financeira<br />

é preciso investir na proteção da família.<br />

Essa consciência gera motivação para<br />

poupar e, com isso, as pessoas acabam<br />

encontrando um jeito de guardar dinheiro.<br />

Mas será que os brasileiros estão fazendo<br />

a lição de casa? Infelizmente, a resposta é<br />

não. De acordo com o Serviço de Proteção<br />

ao Crédito (SPC), 65% da população não<br />

possui qualquer tipo de reserva financeira.<br />

“Na parte da redução de gastos, é<br />

muito importante reunir-se com a fa-<br />

30<br />

Lívia Sousa<br />

mília e realizar um orçamento pessoal.<br />

O orçamento serve para o planejamento<br />

de onde o dinheiro será usado. Pode ter<br />

certeza: se você não tiver esse controle,<br />

é o dinheiro que acabará tomando o controle<br />

da sua vida”, alerta o especialista em<br />

investimentos, Ramiro Gomes Ferreira.<br />

A parte de aumento de receitas é um<br />

pouco mais sutil. Ela pode vir de duas<br />

fontes: da maior qualificação profissional<br />

ou da criação de uma nova fonte de<br />

receita. No primeiro caso, é importante<br />

desenvolver novas qualidades e se destacar<br />

dentro do mercado. No segundo, as<br />

pessoas podem fazer “bicos” de acordo<br />

com suas habilidades.<br />

Considerando que mais da metade<br />

dos brasileiros não contam com dinheiro<br />

guardado para imprevistos, uma questão<br />

ainda mais delicada preocupa. Qual será<br />

o impacto financeiro para um filho, que<br />

ainda não é financeiramente independente,<br />

caso o pai ou a mãe venha a falecer nos<br />

próximos anos? Aqui, um seguro de vida<br />

deverá ser contratado. O produto se encaixa<br />

dentro de um planejamento financeiro<br />

familiar, especialmente quando existem<br />

pessoas que dependam financeiramente<br />

do segurado.<br />

“A ferramenta auxilia o beneficiário<br />

em um momento importante e delicado<br />

da vida, que é a perda de alguém próximo.<br />

Além de toda a questão familiar e<br />

emocional, essa perda pode gerar uma<br />

grande instabilidade econômica para a<br />

família. Estamos falando desde custos de<br />

inventário e impostos sobre herança até<br />

a perda de uma fonte de renda familiar”,


O seguro de vida é<br />

o segundo benefício<br />

mais oferecido pelas<br />

companhias, atrás<br />

apenas da assistência<br />

médica e à frente do<br />

vale refeição e vale<br />

alimentação<br />

Fonte: Pesquisa de Benefícios da Aon<br />

Ramiro Gomes Ferreira,<br />

❙❙especialista em investimentos<br />

lembra Ferreira.<br />

Curiosamente, entre os 11 países<br />

pesquisados em um levantamento realizado<br />

pela Universidade Oxford, o Brasil<br />

aparece com o menor número de pessoas<br />

com o seguro de vida. Apenas 19% da<br />

população conta com o produto – o Reino<br />

Unido fica logo atrás, com 21% –, enquanto<br />

que a média global é de 32% de segurados.<br />

“O seguro de vida individual ainda é visto<br />

como um custo sem retorno”, explica a<br />

diretora de Consultoria de Saúde e Benefícios<br />

da Aon Brasil, Rafaella Matioli.<br />

Eles reagem<br />

Embora os produtos relacionados ao<br />

seguro de vida ainda tenham uma penetração<br />

pequena, eles estão em expansão e ganham<br />

espaço. Números da Federação Nacional<br />

de Previdência e Vida (FenaPrevi)<br />

indicam que de janeiro a junho deste ano<br />

foram pagos R$ 16,68 bilhões em prêmios<br />

no mercado de seguros de pessoas - R$<br />

1,18 bilhão nos seguros de vida. Segundo<br />

a própria Federação, o seguro de vida é o<br />

produto com maior representatividade no<br />

setor de seguros de pessoas. Isso acontece<br />

porque as companhias tendem a perceber<br />

que o produto deve ser encarado como<br />

um amparo para a família e uma possibilidade<br />

de recomeço e os colaboradores<br />

começam a entendem o valor do benefício.<br />

Das 536 empresas ouvidas pela Pesquisa<br />

de Benefícios da Aon, por exemplo, 62%<br />

oferecem o seguro por liberalidade. Outras<br />

38% oferecem por convenção coletiva,<br />

64% pagam integralmente o benefício e<br />

32% dividem o custo com o funcionário.<br />

No entanto, as corporações não devem<br />

encarar esses valores como custos. “Os<br />

benefícios são investimentos importantes<br />

para garantir a atração e a retenção de<br />

talentos. O seguro de vida é percebido e<br />

valorizado pelos colaboradores e a liderança<br />

deve comunicar de forma estratégica as<br />

suas vantagens”, frisa Rafaella.<br />

Superintendente comercial Varejo da<br />

Icatu Seguros e presidente do Clube Vida<br />

em Grupo São Paulo (CVG-SP), Silas<br />

Kasahaya também atenta para o fato de<br />

que o produto evoluiu no Brasil através<br />

dos planos empresariais, principalmente<br />

nos últimos 30 anos, quando a formação<br />

dos colaboradores das empresas se tornou<br />

cada vez mais necessária. “O vida em<br />

grupo passou a ser visto até como diferencial<br />

na hora de contratar um funcionário.<br />

Além disso, a pressão dos sindicatos fez<br />

com que a obrigatoriedade ajudasse nesse<br />

crescimento”, diz.<br />

Quanto aos seguros individuais, há<br />

grandes oportunidades. A dica de Kasahaya<br />

é que os profissionais olhem com atenção<br />

❙❙Silas Kasahaya, do CVG SP<br />

❙❙Rafaella Matioli, da Aon Brasil<br />

para os benefícios futuros que esta carteira<br />

pode trazer. “Pensem na fidelização do<br />

cliente, uma vez que os contratos são de<br />

longo prazo e oferecem a oportunidade<br />

de continuar a atender os familiares no<br />

futuro. A carteira também pode ser muito<br />

rentável para a corretora, pois o trabalho<br />

de pós-venda é pequeno comparado aos<br />

outros produtos.”<br />

Corretor, o que te impede?<br />

Ainda que a possibilidade de ganho<br />

para o corretor seja promissora, são poucos<br />

os profissionais que atuam no ramo.<br />

Alexandre Camillo, presidente do Sindicato<br />

dos Corretores de Seguros de São<br />

Paulo (Sincor-SP), justifica essa postura<br />

como um processo de transformação. Até<br />

pouco tempo, o seguro de vida era um<br />

produto limitado, em que os familiares do<br />

segurado recebiam o benefício apenas se<br />

ele viesse a óbito. Os produtos atuais são<br />

mais bem desenhados e agregam coberturas<br />

mais amplas, como antecipação por<br />

doença e diagnóstico de doenças graves.<br />

“A venda individual era mais difícil<br />

mesmo. Até por não ter essa atratividade<br />

maior, era um assunto delicado de se<br />

tratar, apesar de ser um fato inegável”,<br />

afirma. Ele aposta que com a chegada<br />

dos novos produtos, principalmente<br />

com o Universal Life, o seguro de vida<br />

se tornará um grande componente da<br />

carteira do corretor assim como o seguro<br />

de automóvel é hoje.<br />

De fato, a era do crescimento da frota<br />

de automóvel fez com que os corretores<br />

fossem naturalmente levados a desenvolverem<br />

esta carteira, mas é preciso<br />

31


vida<br />

superar a sedução de atender apenas os<br />

clientes que procuram proteção para o<br />

carro, cuja venda é passiva (o cliente entra<br />

em contato com o corretor) e o retorno<br />

financeiro é imediato devido à antecipação<br />

de comissões pelas seguradoras. A<br />

Prevent Corretora de Seguros concentra<br />

sua operação no seguro de vida coletivo<br />

e sabe bem como é enfrentar esse desafio.<br />

Os resultados, porém, são satisfatórios.<br />

“Depois da apólice implantada na<br />

empresa, é muito raro que se troque de<br />

seguradora ou de corretor. Devido ao<br />

baixo valor individual dos prêmios, o peso<br />

maior é em relação ao atendimento do<br />

profissional. O índice de sinistro é baixo<br />

e o custo de gestão destas apólices não requer<br />

grande estrutura do corretor”, explica<br />

o diretor comercial, Claudemir Rossetto.<br />

Agora, o que se discute é como fazer o<br />

profissional diversificar, levando em consideração<br />

o modelo de negócio já instituído<br />

dentro de cada corretora. Para diversificar<br />

Os seguros de vida<br />

atuais agregam<br />

coberturas mais amplas,<br />

como antecipação por<br />

doença e diagnóstico de<br />

doenças graves<br />

a carteira, o corretor precisa, em primeiro<br />

lugar, estar atento a tudo o que mercado<br />

segurador oferece que possa atender à<br />

necessidade dos seus segurados e dos<br />

potenciais segurados. “Este é um mercado<br />

muito dinâmico, que a todo instante está<br />

fazendo a leitura de riscos novos, de coberturas<br />

novas e está produzindo garantias<br />

e coberturas para isso”, lembra Camillo.<br />

Diante desse conhecimento, o profissional<br />

deve olhar, num primeiro momento,<br />

para dentro de casa, e só assim praticar<br />

efetivamente o cross-selling e atender o<br />

cliente de forma holística. Olhar para<br />

fora de sua carteira consciente de todos<br />

os produtos que o mercado oferece também<br />

é importante e faz com que sejam<br />

identificadas oportunidades que ainda<br />

não contam com soluções.<br />

Treinamento<br />

O consumidor não é resistente e<br />

apenas aguarda que alguém desperte<br />

32<br />

❙❙Alexandre Camillo, do Sincor SP<br />

nele o que ainda não conhece. Por isso,<br />

precisa de orientação e entendimento das<br />

necessidades importantes de proteção e<br />

sobrevivência, suas preferências e qual<br />

produto cabe no seu bolso. Na visão do<br />

diretor geral da UniVida Seguro de Pessoas,<br />

David do Nascimento, o corretor<br />

deve ter postura semelhante ao do antigo<br />

médico de família e entender de tudo que<br />

o cliente precisa.<br />

“Neste formato ele terá mais produtos<br />

por cliente e vai conseguir mais<br />

fidelização e receitas diversificadas que<br />

garantirão resultados de curto, médio e<br />

longo prazo e darão mais sustentação à<br />

corretora”, pontua, ressaltando a importância<br />

de se investir em treinamentos<br />

e formação para que os profissionais<br />

ofereçam soluções completas de proteção<br />

para cada segurado.<br />

Companhias e entidades do mercado<br />

❙❙David do Nascimento, da UniVida<br />

auxiliam na formação de profissionais<br />

aptos a comercializarem estes produtos.<br />

Com o objetivo de ajudar o cliente a<br />

entender a importância de um seguro de<br />

vida, a Icatu disponibiliza uma plataforma<br />

que contempla simuladores, cursos<br />

gratuitos e vídeos, além de contar com<br />

uma equipe de especialistas espalhadas<br />

pelo Brasil que promove eventos de conscientização,<br />

seminários, treinamentos e<br />

atendimento personalizado ao corretor.<br />

A SulAmérica, por sua vez, foca em<br />

programas de capacitação e incentivo. Por<br />

meio deles, os profissionais do mercado<br />

conhecem as linhas de negócios da companhia.<br />

Ao dominar as características do<br />

portfólio e as opções de coberturas obrigatórias<br />

e opcionais, conseguem atuar<br />

de forma mais assertiva, o que impacta<br />

direta e positivamente na produção.<br />

“Para se destacar, o corretor deve<br />

atuar como um consultor junto ao cliente,<br />

sempre atento às suas necessidades. Para<br />

A carteira pode ser<br />

rentável para a corretora,<br />

pois o trabalho de<br />

pós-venda é pequeno<br />

comparado aos outros<br />

produtos<br />

que isso seja possível, o conhecimento do<br />

portfolio é fundamental. Além disso, ter<br />

uma visão global dos negócios, atuando<br />

em diversos segmentos, é o caminho<br />

para ter uma postura mais assertiva no<br />

mercado, se valendo de todo potencial<br />

do cross-selling. A participação nos programas<br />

de capacitação é fundamental”,<br />

declara o vice-presidente comercial, Matias<br />

Ávila. Segundo ele, a receptividade<br />

dos corretores nos programas realizados<br />

pela companhia tem sido positiva. Só em<br />

2016 foram mais de 44 mil profissionais<br />

impactados. “Nesses encontros, os profissionais<br />

que atuam em apenas uma linha<br />

de negócio podem adquirir conhecimento<br />

para produzir em outros segmentos, usando<br />

a sua base de clientes já cadastrada.<br />

Outra frente trabalhada pela seguradora<br />

é a tecnologia, por meio da transformação<br />

digital, que tem a finalidade de<br />

proporcionar mais agilidade no dia a dia<br />

das operações do profissional.


33


especial oportunidades | rc profissional<br />

Um risco para o bolso<br />

de qualquer um<br />

Se antes a contratação de um seguro de<br />

Responsabilidade Civil Profissional era visto<br />

como um sinal de dúvida sobre a competência<br />

dos profissionais, hoje ele é a garantia de<br />

ver a manutenção do patrimônio diante de<br />

acusações de erros, imperícia ou negligência<br />

Vamos enumerar: contadores,<br />

profissionais de saúde, advogados,<br />

engenheiros, arquitetos,<br />

notários, jornalistas,<br />

corretores de seguros. Se algum destes<br />

profissionais cometer um erro que possa<br />

causar prejuízo, seja físico ou moral, certamente<br />

ele verá o seu patrimônio sofrer<br />

um baque. Mesmo que ele seja o melhor<br />

dos profissionais, ou que o demandante<br />

esteja apenas utilizando-se de má-fé, para<br />

que isso seja comprovado será necessária<br />

uma defesa feita por um bom advogado.<br />

Aqui, os bolsos começam a esvaziar.<br />

Em tempos de Dr. Google, o grande<br />

oráculo que tudo sabe e tudo responde,<br />

qualquer profissional está passível de<br />

sofrer uma ação judicial. Ou, como bem<br />

34<br />

Kelly Lubiato<br />

explica o corretor de seguros Tadeu<br />

Cintra, diretor da Pro-Doctor Corretora,<br />

todas as pessoas podem cometer erros<br />

no exercício da sua profissão: “o erro é<br />

inerente a quem trabalha”.<br />

Também contribuiu muito para o<br />

desenvolvimento do seguro de RC Profissional<br />

o fato da sociedade estar mais<br />

atenta aos seus direitos. Um advogado<br />

pode não ganhar uma causa por interpretações<br />

jurídicas, entretanto ele não<br />

pode perder o prazo para qualquer ação<br />

referente à causa do cliente.<br />

O coordenador da Comissão de<br />

Responsabilidade Civil do Sincor-SP,<br />

Felippe Moreira Paes Barreto, explica<br />

que, atualmente, uma das carreiras mais<br />

demandadas nas seguradoras são os<br />

contadores. “Ainda estamos em uma<br />

fase em que os ajustes são necessários”,<br />

avalia. Isso acontece porque contadores<br />

e advogados, por exemplo, necessitam de<br />

uma cobertura maior do seguro, pois a<br />

severidade dos sinistros destas profissões<br />

é maior.<br />

Barretto salienta que os profissionais,<br />

de forma geral, estão mais conscientes da<br />

❙❙Tadeu Cintra, da Pro-Doctor


necessidade de garantir o seu patrimônio<br />

através do seguro. “A propaganda ‘boca-<br />

-a-boca’ entre os profissionais é grande.<br />

O seguro já passa a ser procurado e sua<br />

emissão, na maioria das seguradoras, é<br />

bastante ágil”, argumenta.<br />

Mas ainda há quem vá contra este<br />

movimento de proteção. Desde o início<br />

da operação deste seguro no Brasil, o<br />

Conselho Regional de Medicina de São<br />

Paulo se opõe à contratação do produto.<br />

De acordo com o Dr. Antonio Pereira<br />

Filho, conselheiro diretor da entidade,<br />

contratar uma apólice de seguro deste<br />

tipo é como assinar um atestado de incompetência,<br />

o que gera a desconfiança<br />

dos pacientes. Ele explica que o mais<br />

comum é a contratação deste seguro por<br />

parte de cirurgiões plásticos, porque as<br />

expectativas dos pacientes acabam não<br />

correspondendo aos resultados finais.<br />

Para o médico, a contratação de um<br />

seguro de Responsabilidade Civil Profissional<br />

deixa a relação com o paciente<br />

mais fria e distante. “Aconselhamos<br />

nossos associados a não fazerem o segu-<br />

❙ Dr. Antonio Pereira Filho, do<br />

❙<br />

❙ Conselho Regional de Medicina SP<br />

ro. Recomendamos que os profissionais<br />

sejam honestos com seus pacientes, no<br />

caso dos cirrugiões plásticos, mostrando<br />

o antes e o depois de todos os possíveis<br />

resultados (bons e ruins).<br />

O corretor de seguros Cintra, que atua<br />

nesta carteira há mais de 20 anos, acredita<br />

que o posicionamento do CRM é contrário<br />

porque a entidade acredita que o seguro de<br />

RC Profissional pode ser uma forma de<br />

“aliviar” a punição aos médicos que cometem<br />

erros, justamente por providenciar<br />

defesa e proteção de patrimônio.<br />

Mercado em expansão<br />

O que leva os profissionais liberais<br />

a procurar um produto como o RC Profissional?<br />

Justamente a sua preocupação<br />

em relação à responsabilidade em caso<br />

de possíveis erros, que podem envolver<br />

danos materiais, corporais e morais a<br />

❙❙Felippe Moreira Barreto, do Sincor SP<br />

Tulio Carvalho, do Grupo Segurador<br />

❙❙BB e Mapfre<br />

terceiros. Sem contar que as pessoas<br />

estão mais conscientes de seus direitos e<br />

mais propensas a buscar o ressarcimento<br />

financeiro de maneira administrativa<br />

ou através das vias judiciais. “Neste<br />

cenário, nos últimos anos, o seguro de<br />

Responsabilidade Civil Profissional vem<br />

se popularizando e funcionando como<br />

importante ferramenta de proteção a<br />

profissionais como médicos e dentistas<br />

que diante de uma situação de falha<br />

podem ter a sua carreia comprometida”,<br />

analisa Tulio Carvalho, superintendente<br />

executivo de Produtos Massificados do<br />

Grupo Segurador BB e Mapfre.<br />

Novas categorias juntam-se agora<br />

aos clássicos profissionais liberais. A<br />

Berkley passou a comercializar um<br />

produto para profissionais da área de<br />

tecnologia da informação. “Em tempos<br />

de novos sistemas sendo implantados<br />

em alta velocidade, quem atua em TI<br />

sabe que pode cometer erros e falhas<br />

capazes de paralisar a operação de uma<br />

empresa, com programas corrompidos,<br />

invasão de sistema, infecção por vírus<br />

ou mesmo processamento equivocado de<br />

informações”, enumera o superintendente<br />

de Liability da Berkley, Klaus Barretta.<br />

A proteção da produção audiovisual<br />

também está entrando na lista de profissionais<br />

com proteção do seguro. Barretta<br />

explica que além das clássicas garantias<br />

para os equipamentos e acidentes pessoais<br />

para atores e outros envolvidos<br />

na produção, agora também é possível<br />

proteger o patrimônio de produtores e<br />

diretores, principalmente em questões<br />

35


c profissional<br />

Os riscos dos<br />

profissionais liberais<br />

Sabemos que todos estão expostos<br />

a riscos em sua área de atuação. Alguns<br />

mais, outros menos. De acordo com a<br />

especialista em seguros de linhas financeiras,<br />

Thabata Najdek, pelo Código<br />

de Defesa do Consumidor, quando<br />

comprovada a culpa, os profissionais<br />

liberais são responsáveis por danos causados<br />

durante a prestação de serviços.<br />

“Essa responsabilidade pode ser<br />

ainda maior se for<br />

uma empresa fornecedora<br />

de serviços,<br />

como por exemplo,<br />

uma agência de turismo,<br />

que responde<br />

pelos prejuízos sofridos<br />

pelos consumidores,<br />

independente<br />

de sua culpa”, ressalta.<br />

Além das falhas<br />

que podem acontecer, os problemas<br />

vêm, em maior escala, por falta de<br />

conhecimento do consumidor ou por<br />

falhas na comunicação no momento<br />

da contratação dos serviços.<br />

Em alguns casos, o seguro é exigido<br />

pelo contratante de um serviço,<br />

como uma garantia de que o trabalho<br />

será concluído.<br />

Para conseguir mensurar a apólice,<br />

o profissional deve analisar os danos<br />

que ele poderia causar ou aqueles que<br />

um cliente poderia reclamar. “Ele está<br />

disposto a utilizar o patrimônio do escritório,<br />

ou até mesmo pessoal, para ter<br />

de indenizar eventuais condenações?”,<br />

questiona Thabata.<br />

Os produtos disponíveis no Brasil<br />

atendem satisfatoriamente as necessidades<br />

do mercado nacional. “Todos<br />

cobrem as condenações de prejuízos<br />

financeiros decorrentes de erros e<br />

omissões na prestação profissional e<br />

os custos de defesa para que o profissional<br />

possa se defender em eventual<br />

ação judicial, essas são as coberturas<br />

básicas do produto. Há as extensões de<br />

cobertura que podem variar de uma<br />

seguradora para outra, no entanto, o<br />

essencial, todas oferecem”, conclui a<br />

especialista.<br />

36<br />

relacionadas ao direito autoral e utilização<br />

do material. “Agora, com produções<br />

nacionais para o Netflix, por exemplo, o<br />

produtor deve ter cobertura para tudo que<br />

remete ao dano ao terceiro por uso indevido<br />

do material, porque ele fica disponível<br />

durante muito tempo”. O valor da apólice<br />

vai depender do orçamento da produção<br />

e do seu período de disponibilidade. Este<br />

mesmo raciocínio de produto serve para<br />

os “influencers” digitais.<br />

“Os sinistros mais comuns para os<br />

ramos de arquitetura e engenharias são<br />

os erros de projeto que, muitas vezes,<br />

ficam evidentes apenas no momento da<br />

construção. Para advogados, o sinistro<br />

mais comum é a perda de prazo”, avalia<br />

Humberto Pita, diretor de Linhas Financeiras<br />

da Chubb no Brasil.<br />

É essencial que o corretor consiga<br />

transmitir ao segurado as informações<br />

corretas sobre todas as assistências e proteções<br />

envolvidas. Barretta, da Berkley,<br />

mostra, como exemplo, como produtos<br />

podem ser combinados para garantir a<br />

proteção em diferentes fases. “Os riscos<br />

de engenharia protegem o profissional<br />

durante a execução da obra. No decorrer<br />

da obra, se tiver problema, os dois seguros<br />

podem ser acionados, havendo solidariedade.<br />

Numa obra encerrada, o seguro de<br />

risco de engenharia encerra. No RCP, no<br />

prazo complementar e suplementar pode<br />

ter cobertura para danos por fatos gerados<br />

até o final da obra”.<br />

Os profissionais demonstram interesse<br />

pela proteção, pois buscam respaldo<br />

para exercerem a sua atividade com<br />

❙❙Humberto Pita, da Chubb<br />

❙❙Klaus Barretta, da Berkley<br />

tranquilidade. “Contudo, como a cultura<br />

da proteção ainda é algo novo e que está<br />

em processo de consolidação no Brasil,<br />

existem muitas dúvidas em relação as<br />

proteções. Por isso, a atuação dos corretores<br />

é fundamental para desmistificar<br />

as coberturas e mostrar que este é um<br />

produto acessível”, acrescenta Carvalho.<br />

“Apesar de uma grande demanda<br />

por este tipo de proteção, ainda existe<br />

uma gama imensa de profissionais e<br />

pessoas jurídicas que não conhecem os<br />

benefícios deste tipo de seguro, o que<br />

torna o papel do corretor fundamental<br />

no desenvolvimento desse mercado”,<br />

completa Pita.<br />

Um fator importante é que o corretor<br />

de seguros reconheça o seu próprio risco<br />

e contrate uma apólice para se proteger.<br />

Para atuar nesta carteira não é preciso<br />

uma grande especialização. É claro que<br />

estudar o tema é sempre positivo. Várias<br />

seguradoras já oferecem condições para<br />

que uma gama diversificada de corretores<br />

atue na carteira. Algumas disponibilizam<br />

processos informatizados que permitem<br />

que o corretor tenha todas as informações<br />

diretamente no seu terminal. A emissão<br />

pode ser feita completamente online,<br />

inclusive com a emissão para o boleto<br />

de pagamento.<br />

O seguro de RC Profissional pode<br />

ser utilizado como uma porta de entrada<br />

para um novo cliente. Mas é importante<br />

lembrar que ele precisa ser bem feito,<br />

levando em consideração a realidade do<br />

segurado, principalmente no que se refere<br />

às importâncias seguradas.


37


especial oportunidades | ramos elementares<br />

Alternativas<br />

de crescimento<br />

A saúde econômica<br />

brasileira sofreu forte<br />

impacto nos últimos<br />

anos, mas o mercado<br />

de seguros se mantém<br />

forte na crise e pronto<br />

para agir quando o<br />

cenário mudar<br />

Amanda Cruz<br />

Os últimos dois anos da história<br />

política e econômica brasileira foram<br />

baldes de água fria no desenvolvimento<br />

do País. Comumente<br />

chamada de “pior recessão da história” por<br />

diversos economistas e algumas publicações<br />

especializadas, o momento difícil do País, em<br />

números, é uma retração de 7,2% de acordo<br />

com a série histórica do Instituto de Pesquisa<br />

Econômica Aplicada (IPEA). O Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)<br />

também acredita que essa seja a crise mais<br />

grave desde o início de sua série histórica, em<br />

1948. No ano de 2016, todos os setores econômicos<br />

sentiram o impacto: queda de 6,6% no<br />

ramo agropecuário; 3,8% na indústria e 2,7%<br />

de declínio no setor de serviços.<br />

Inserido nesse último, o mercado de seguros<br />

desponta como uma exceção, fortalecida<br />

pelo otimismo de seus executivos e por dados,<br />

já que, de fato, continua apresentando bons<br />

números.<br />

O maior guarda-chuva desse mercado,<br />

chamado de Ramos Elementares, engloba<br />

os mais diversos tipos de produtos e é uma<br />

prova da capacidade de expansão. A baixa<br />

penetração dos seguros abre a possibilidade<br />

de desenvolvimento ao setor em momentos<br />

críticos.<br />

Segundo dados da CNseg, os prêmios<br />

registrados no primeiro bimestre permaneceram<br />

estáveis, em R$ 35 bilhões, não havendo<br />

variação no percentual. Porém, quando comparado<br />

ao ano de 2015, os Ramos Elementares<br />

tiveram alta de 2,57% - ou R$ 34,3 bilhões em<br />

arrecadação. Entre janeiro e julho, de acordo<br />

com dados cedidos pela Federação Nacional<br />

de Seguros Gerais (Fenseg) o produto de Automóvel,<br />

protagonista do grupo, teve expansão de<br />

6,4% com um total de prêmios diretos de aproximadamente<br />

R$ 19 bilhões neste ano contra<br />

R$ 18 bilhões no mesmo período de 2016. As<br />

indenizações desse segmento também foram<br />

significativas com R$ 12,4 bilhões nos sete<br />

primeiros meses do ano. “Esse fato reflete a<br />

recuperação das vendas no varejo de veículos,<br />

motos, partes e peças no mesmo período”,<br />

explica o economista do Centro de Pesquisa<br />

Econômica do Seguro (CPES), Lauro Faria.<br />

Mesmo assim, há bastante tempo a regra<br />

de ouro em seguros é: ir além do automóvel.<br />

Dentro desse ramo algumas carteiras aparecem<br />

como boas alternativas para que isso seja<br />

colocado em prática. “O que observamos é que,<br />

claro, a crise causou algum impacto nas cartei-<br />

38


❙❙Lauro Faria, economista<br />

ras, e não só nos Ramos Elementares, que<br />

reduziu o ritmo de crescimento. Ainda<br />

assim, a evolução continua a acontecer”,<br />

aponta Jarbas Medeiros, superintendente<br />

de Ramos Elementares da Porto Seguro.<br />

O que foi destaque<br />

Com mais espaço para uns e tempos<br />

mais difíceis para outros, alguns produtos<br />

se destacam. É o caso dos seguros<br />

habitacionais, que cresceram 11,7%; o<br />

produto de crédito e garantias teve aumento<br />

de 29,3% e seguros rurais, com<br />

desempenho 17,7% maior – os dados são<br />

da Susep e levam em conta o período de<br />

julho de 2016 a junho 2017, comparado ao<br />

ano anterior. “A evolução dos primeiros<br />

indica melhora das condições de crédito<br />

da economia, confirmando o processo de<br />

recuperação da renda nacional em curso”,<br />

opina Faria. Já o seguro rural contou com<br />

uma excelente média de safra em 2017.<br />

Isso, além de aumentar a relevância nos<br />

seguros, o tornou responsável pelo acréscimo<br />

do PIB da agropecuária: 15% no<br />

1° semestre de 2017 em relação a 2016.<br />

Já quando o assunto é o seguro Garantia<br />

Estendida, houve decréscimo “pelo<br />

próprio arrefecimento do comércio de<br />

bens duráveis”, explica João Carlos F. de<br />

Mendonça, diretor de Commercial Lines<br />

da Sompo Seguros.<br />

Outro importante expoente do mercado<br />

é a Responsabilidade Civil, como<br />

em seguros para profissionais como dentistas,<br />

médicos e advogados (confira mais<br />

sobre o produto na página 34), o D&O,<br />

voltado para administradores e diretores<br />

e o RC Ambiental. Depois há ainda o de<br />

equipamentos portáteis, como celulares<br />

e notebooks até equipamentos de construção,<br />

médicos, agrícolas etc, mantendo<br />

o crescimento.<br />

São muitas carteiras englobando<br />

diferentes necessidades, tratando desde<br />

Pessoa Física – como o seguro residencial,<br />

o mais expressivo depois do Auto, de<br />

equipamentos, bens pessoais, responsabilidades<br />

etc – e para Pessoa Jurídica com<br />

seguro empresarial, condomínio, seguro<br />

para obras e uma infinidade de coberturas<br />

dentro de cada um. Entre todos eles, o<br />

residencial é hoje o com maior potencial<br />

para ampliação de penetração no mercado<br />

e tem grande procura tanto por parte<br />

dos corretores quanto de clientes.<br />

“Percebemos que é algo que tem<br />

acontecido muito no dia a dia (a oferta<br />

do produto residencial) e talvez a crise<br />

tenha acelerado o processo de diversificação<br />

por parte do corretor, fazendo-o<br />

olhar para outras oportunidades”, observa<br />

Medeiros.<br />

Por outro lado, os riscos de engenharia<br />

sofreram queda, não por conta do<br />

mercado de seguros, mas pelo momento<br />

estagnado nas construções de infraestrutura<br />

do País.<br />

São inúmeras possibilidades e alternativas,<br />

mas para ingressar nesse<br />

mercado não basta apenas querer. A<br />

especialização é mandatória para que<br />

o corretor possa ser um consultor qualificado<br />

nessas carteiras. “Há produtos<br />

que exigem um nível aprofundado de<br />

conhecimento e atualização. Outros<br />

que precisam de estudo mas não são tão<br />

complexos, como o seguro residencial,<br />

por exemplo, que já está mais enraizado<br />

no cotidiano dos corretores e são mais<br />

oferecidos. Há um pouco de tudo, mas<br />

de modo geral os corretores procuram<br />

se especializar, incluindo aprender novas<br />

formas de abordagem, marketing online<br />

e divulgação”, comemora o executivo da<br />

Porto Seguro.<br />

Especialização e<br />

oportunidade<br />

A especialização de corretores deve<br />

andar de mãos dadas com a cultura do<br />

seguro. Em época de crise, o mercado<br />

fica atento aos que ainda não têm conhe-<br />

❙❙Jarbas Medeiros, da Porto Seguro<br />

cimento sobre a importância do setor e<br />

aqueles que têm, mas passam por um<br />

difícil período financeiro e não podem<br />

encarar o seguro como um custo que pode<br />

ser cortado. Esses temores têm base na<br />

realidade, pois o impacto da recessão foi<br />

grande, mas os executivos garantem que<br />

quem aprende, não esquece.<br />

“As pessoas com cultura de seguro<br />

compreendem a necessidade de estar<br />

com as coberturas em dia. É certo que o<br />

seguro automóvel, por exemplo, está entre<br />

as prioridades, mas aqueles que contam<br />

com seguro residencial ou empresarial<br />

já conhecem a importância”, garante<br />

Mendonça, da Sompo. Danilo Silveira,<br />

presidente da Comissão de Riscos Patrimoniais<br />

Massificados da Fenseg, também<br />

acredita nessa manutenção e afirma que<br />

ela ocorre pelo “reconhecimento da<br />

proteção e dos serviços prestados, em<br />

especial as assistências”.<br />

O que as seguradoras têm percebido,<br />

em alguns casos, é a diminuição de<br />

coberturas ou limites menores para que<br />

as apólices possam ser mantidas com<br />

prêmio mais baixo. “Nessa hora, é importantíssima<br />

a atuação dos corretores de<br />

seguros”, ressalta Mendonça. O cuidado<br />

com essa decisão é especialmente importante<br />

para empresas, que não podem<br />

se arriscar baixando demais seus limites<br />

pois, em caso de sinistro, podem ter o<br />

seguro e esse não ser suficiente para que<br />

o negócio continue existindo. “A gente<br />

nunca recomenda a redução por conta<br />

própria de uma cobertura. É preciso<br />

sempre procurar o corretor para que ele<br />

39


amos elementares<br />

olhe as reais necessidades do cliente. Às<br />

vezes, economizar 5% no valor do prêmio<br />

não traz vantagem alguma”, alerta Jarbas.<br />

Mesmo não sendo vantagem, Silveira ressalta<br />

“é certo que o preço passa a ser um<br />

fator de decisão na escolha e renovação<br />

do seguro”.<br />

A dificuldade em pagar o prêmio<br />

é recorrente, a decisão de abandonar o<br />

seguro, não.<br />

Já para quem ainda não despertou<br />

para o seguro, tudo complica. “A crise<br />

passa a ser um argumento a mais para<br />

justificar a não contratação. Isso porque<br />

essas pessoas não sabem como o segmento<br />

de seguros funciona, muito menos a<br />

função social que nossa área desempenha”,<br />

lamenta Mendonça. O exemplo,<br />

portanto, passa a ser o maior aliado da<br />

divulgação do setor. É importante que as<br />

pessoas saibam o que existe disponível<br />

no mercado, mas elas precisam ver isso<br />

sendo aplicado para terem vontade de<br />

adquirir o produto. “O agravamento da<br />

violência e a ocorrência de fenômenos da<br />

natureza, no Brasil e no exterior, acentua<br />

a percepção do risco das pessoas e pode<br />

ser um fator para impulsionar o interesse<br />

para a contratação de seguros, ainda mais<br />

se consideradas as dificuldades para se<br />

repor um bem perdido ou avariado devido<br />

a um acidente. Estamos envolvendo tanto<br />

pessoas físicas como jurídicas, pois a<br />

incerteza e/ou o medo levam as pessoas<br />

a se protegerem”, acredita Silveira.<br />

Mas o economista Lauro Faria<br />

acredita no bom desempenho atual de<br />

mercado como um catalisador de novas<br />

contratações. “O bom desempenho do<br />

mercado de seguros, recuperando-se na<br />

frente da economia e em ambiente de<br />

elevado desemprego, indica que, de fato,<br />

as pessoas estão mais cientes dos riscos<br />

que afetam seus patrimônios e suas vidas<br />

e, portanto, mais propensas a comprar<br />

seguros”, acredita.<br />

A dica para o corretor é que ele<br />

procure ir às carteiras mais carentes de<br />

profissionais especializados e se dedicar.<br />

Quanto mais complexo o risco, mais<br />

necessidade de conhecimento e maior a<br />

garantia de que o bom serviço será reconhecido.<br />

“As áreas mais carentes de corretores<br />

especializados são as de produtos<br />

complexos, que exigem inspeção prévia e,<br />

40<br />

❙❙João Carlos Mendonça, da Sompo<br />

muitas vezes, o resseguro e cuja regulação<br />

de sinistro e liquidação podem levar<br />

meses e até anos, nos chamados seguros<br />

de cauda longa”, indica Faria. Nesses<br />

casos, estão os seguros multirriscos empresariais,<br />

os de garantia de obrigações<br />

e os de responsabilidade civil, que tem<br />

grande potencial de crescimento, pois a<br />

maioria das pequenas e médias empresas<br />

não os fazem. “Hoje, podemos dizer que<br />

quem investe em um único segmento de<br />

seguro está deixando passar oportunidades<br />

bastante interessantes. Em suma,<br />

essa pessoa deixa de faturar”, resume o<br />

diretor da Sompo<br />

Apostas futuras<br />

A concentração de operações de seguros<br />

no Brasil está em três ramos: saúde,<br />

❙❙Danilo Silveira, da FenSeg<br />

previdência complementar e automóvel,<br />

com cerca de 40%, 29% e 8% dos prêmios,<br />

respectivamente. Esses seguros as<br />

pessoas não querem perder e a razão por<br />

traz disso é clara: “desistindo do seguro<br />

ou plano de saúde, a opção é o SUS;<br />

desistindo da previdência privada, o individuo<br />

terá de se contentar com o INSS<br />

que, como o SUS, vai mal; e desistindo<br />

do seguro de automóvel, o risco de perda<br />

patrimonial é elevado, especialmente<br />

lembrando as estatísticas crescentes de<br />

acidentes de trânsito e de roubos e furtos<br />

de veículos”, demonstra Farias.<br />

Para o futuro, além do seguro residencial<br />

que tem aumentado, mas ainda<br />

sói atinge 14% da população, novas carteiras<br />

devirão receber atenção especial.<br />

O seguro para Eventos, por exemplo,<br />

tem crescido bastante, já que o Brasil é<br />

um dos países que mais faz eventos no<br />

mundo; nessa carteira, cabe todo o tipo<br />

de realização: esportivas, shows, religiosas,<br />

corporativas e até mesmo de menor<br />

porte, como festas de casamento. “Esse<br />

é um bom exemplo de produto para ser<br />

oferecido e que não precisa de uma especialização<br />

complexa. É preciso conhecer<br />

bem, mas uma vez familiarizado com ele<br />

e com as pessoas que o contratam essa<br />

venda acontece tranquilamente”, aponta<br />

Jarbas Medeiros.<br />

Comparando com outros mercados,<br />

como o dos EUA, a Responsabilidade<br />

Civil é outra área que deverá encontrar<br />

mais espaço à medida que o mercado<br />

amadurecer – embora essa seja uma<br />

esperança para o médio e longo prazo.<br />

O seguro rural também aparece na<br />

lista de expectativa, embora nem todas<br />

as companhias o coloquem dentro dos<br />

Ramos Elementares; ele entra principalmente<br />

pela força que o agronegócio ainda<br />

tem no PIB brasileiro.<br />

“Devemos lembrar também das coberturas<br />

de lucros cessantes, ainda pouco<br />

utilizada pelas empresas e a necessidade<br />

de proteção para equipamentos de tecnologia<br />

de ponta, para uso pessoal e profissional”,<br />

aponta o executivo da Fenseg..<br />

O otimismo é grande. Tanto que há<br />

planos também para o seguro de obras, já<br />

que os especialistas acreditam que o setor<br />

de construções voltará a se desenvolver e<br />

garantir novas oportunidades.


41


O<br />

22º Congresso da Associação<br />

Brasileira de Planos de<br />

Saúde, realizado em agosto,<br />

em São Paulo, mostrou o paradoxo<br />

que o setor enfrenta. Por um lado,<br />

os usuários estão abandonando os planos<br />

por falta de condições de pagar. De outro,<br />

as operadoras buscam alternativas para<br />

cobrir os custos de todas as exigências<br />

do órgão regulador e da inflação médica.<br />

O presidente da Abramge, Reinaldo<br />

Scheibe, disse que o uso displicente ou<br />

ineficiente de recursos gera grandes perdas<br />

que poderiam ser utilizadas em atendimento<br />

aos pacientes. “As operadoras de planos<br />

de saúde buscam novos modelos de gestão,<br />

remuneração mais eficiente por meio de<br />

padrões como o DRG (do inglês Grupo<br />

de Diagnósticos Relacionados), combate<br />

a fraudes – vide a máfia das próteses – e<br />

investimento em programas de prevenção<br />

e promoção de saúde, os quais contribuem<br />

para evitar a incidência de doenças crônicas<br />

– as que, via de regra, mais oneram as<br />

operadoras”, declarou.<br />

Entretanto, “quem será mais importante<br />

no mercado de saúde suplementar?”,<br />

questionou Jorge Pinheiro, CEO da<br />

Hapvida, operadora com sede em Fortaleza,<br />

já emendando a resposta. “Varia de<br />

acordo com o momento (juízes, associaevento<br />

| abramge<br />

Combate ao desperdício é<br />

bandeira da saúde suplementar<br />

Se por um lado os<br />

usuários estão cada<br />

vez mais oprimidos<br />

pelo aumento das<br />

mensalidades, de<br />

outro as operadoras<br />

querem diminuir os<br />

custos e atuar em<br />

um segmento com<br />

regulação mais flexível<br />

42<br />

Kelly Lubiato<br />

ções, prestadores de serviços), mas não<br />

podemos esquecer nem um minuto que<br />

se vive e se existe pelo cliente. Todos os<br />

exageros que acontecem só existem quando<br />

se desvia do foco de atender o usuário.<br />

Isso não significa dar tudo o que ele pede,<br />

mas o que lhe é direito”, enfatizou.<br />

De acordo com informações da<br />

Abramge, nos últimos anos as operadoras<br />

investiram na eficiência de gestão. Scheibe<br />

contou que desde 2008 elas reduziram<br />

33% de suas despesas administrativas. “É<br />

fundamental que as operadoras aperfeiçoem<br />

incessantemente seus canais de comunicação<br />

com seus beneficiários de modo<br />

a informá-los a respeito de seus planos,<br />

boas práticas, a importância da segunda<br />

opinião médica, a adesão a programas<br />

de promoção de saúde e prevenção de<br />

doenças – os quais são fundamentais para<br />

garantir a qualidade de vida dos usuários<br />

e evitar o desenvolvimento de doenças<br />

crônicas”, acrescentou.<br />

O tema do evento foi “Desafios e<br />

Perspectivas para 2022”. O maior deles<br />

certamente será equalizar os custos. Para<br />

tanto, é de fundamental importância a<br />

participação da Agência Nacional de<br />

Saúde Suplementar (ANS). Desde o início<br />

deste ano, a Agência estuda a regulamentação<br />

de um plano de saúde popular. Para<br />

Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge<br />

desenvolvê-lo, foi criado um Grupo de<br />

Trabalho com a participação das operadoras.<br />

Para que este projeto seja viável,<br />

destaca a Abramge, é importante que o<br />

produto seja regionalizado, com cobertura<br />

conforme a infraestrutura disponível na<br />

região ou município. “As demais características<br />

apontadas são a implantação de um<br />

médico generalista (atenção primária) para<br />

atender e acompanhar a evolução da saúde<br />

de determinado grupo de beneficiários,<br />

dentre outras”, declarou Scheibe.<br />

Para a Abramge, a queda dos beneficiários<br />

de planos de saúde é resultado<br />

direto da redução nos índices de emprego,<br />

fruto da crise econômica que assola<br />

o país, uma vez que cerca de 80% dos<br />

planos de saúde disponíveis são da modalidade<br />

coletivo-empresarial. Nos últimos<br />

dois anos, a saúde suplementar perdeu<br />

cerca de 2,8 milhões de beneficiários,<br />

enquanto que o Brasil amarga 2,7 milhões<br />

de desempregados. As previsões mais<br />

otimistas dos analistas econômicos dão<br />

conta de que a economia brasileira retomará<br />

fôlego no segundo semestre de 2017,<br />

podendo encerrar o ano com índices de<br />

crescimento de aproximadamente 0,4%.<br />

Estima-se que a retomada do crescimento<br />

do setor de saúde suplementar, portanto,<br />

deva acontecer somente em 2018.


43


evento | abgr<br />

Aprendendo<br />

a trilhar novos<br />

caminhos<br />

Seminário Internacional colocou em<br />

discussão uma nova realidade do mercado,<br />

extremamente soft e com novos riscos<br />

sendo descobertos a cada dia.<br />

Kelly Lubiato<br />

O<br />

XII Seminário Internacional<br />

de Gerência de Riscos, organizado<br />

pela ABGR, em São<br />

Paulo, reuniu especialistas<br />

para mostrar a realidade atual do gerenciamento<br />

de riscos nas mais diversas carteiras,<br />

passando por saúde, agronegócios,<br />

D&O, grandes riscos e inovação.<br />

O seguro de D&O deve sofrer alterações<br />

no mês de novembro, por conta<br />

da circular 553. Entre as mudanças está<br />

a volta da possibilidade de venda para<br />

pessoas físicas. “Até dois anos atrás, as<br />

companhias comercializavam este tipo<br />

de produto. Elas saíram porque o produto<br />

se tornou inviável”, explicou Mauricio<br />

Bandeira, da AON.<br />

Após algumas mudanças sugeridas<br />

pelo mercado de seguros, a nova regulamentação<br />

deve entrar em vigor a partir de<br />

19 de novembro. “Estamos trabalhando<br />

para nos adaptarmos às novas regras.<br />

A grande mudança é a possibilidade de<br />

cobertura para multas, que existia no<br />

passado e que volta agora”, contou Flávio<br />

Sá, diretor da AIG. Em relação aos produtos<br />

capazes de serem contratados por<br />

pessoas físicas, ele acredita que a partir<br />

do segundo semestre de 2018 eles possam<br />

estar disponíveis.<br />

A cobertura de multas pode servir<br />

como catapulta para seguradoras pequenas,<br />

que buscam ampliar seu market<br />

share. “O mercado de D&O é dominado<br />

por três seguradoras. Caso outras comecem<br />

a oferecer esta cobertura, outras<br />

terão que acompanhar. As multas<br />

agora podem chegar a um valor<br />

maior”, explicou Miguel Vilela,<br />

vice-presidente de Linhas Financeiras,<br />

da JLT.<br />

As empresas reguladas pelo BACEN<br />

(Banco Central) podem ter multas até R$<br />

2 bilhões, e a CVM (Comissão de Valores<br />

Mobiliários) pode aplicar sanções até R$<br />

500 milhões. O Governo precisa de arrecadação<br />

e há uma preocupação do setor<br />

de que o seguro de D&O vire um produto<br />

apenas para cobrir multas.<br />

Estas “pessoas físicas” podem ser executivos<br />

que não têm proteção da empresa<br />

ou conselheiros independentes de mais de<br />

uma empresa, pois eles não contam com a<br />

proteção da apólice corporativa.<br />

Apesar do momento econômico<br />

delicado, Sá acredita que haja espaço<br />

para o seguro D&O, justamente por sua<br />

característica de proteção ao patrimônio<br />

pessoal dos executivos.<br />

O seguro D&O não é barato, mesmo<br />

assim, o número de apólices segue crescendo<br />

como commodity. “Vai ter o foco<br />

para os conselheiros independentes, com<br />

garantia e limite exclusivo para ele”, conta<br />

Miguel. O mercado é extremamente soft<br />

para pequenas e médias empresas e um<br />

nicho pode se abrir até para diretores de<br />

empresas que queiram um pouco mais<br />

de cobertura.<br />

Na palestra sobre inovação, Richard<br />

Jinks, da XL Catlin, mostrou como serão<br />

os riscos do futuro, a partir da utilização<br />

❙❙Cristiane França Alves, presidente da ABGR<br />

de novas tecnologias. Entretanto, o que<br />

interessava mais aos participantes era<br />

saber a aplicabilidade da tecnologia para<br />

o gerenciamento de risco.<br />

Jinks disse que com o uso da Internet<br />

das Coisas já é possível, por exemplo,<br />

transmitir informações em tempo real<br />

de galpões, através de imagens captadas<br />

por sensores acoplados a empilhadeiras<br />

sem motorista, que circulam o tempo<br />

todo pela área. “Com estas informações<br />

é possível montar um mapa 3D do local<br />

a partir de qualquer lugar e observar as<br />

vulnerabilidades. A conectividade é o<br />

grande desafio”, prevê o executivo.<br />

Enfrentando a crise<br />

Apesar de o mercado já estar em seu<br />

terceiro ano de baixa, os executivos de<br />

seguradoras e corretoras continuam otimistas.<br />

Octávio Brumatti, vice-presidente<br />

da Axa, disse que a seguradora optou por<br />

investir no gerenciamento de riscos e na<br />

prevenção de perdas. Isso para oferecer<br />

mais do que apenas a capacidade, que é o<br />

comum do mercado. “Temos que atender<br />

a necessidade do cliente final, para que ele<br />

se sinta protegido e amparado e que ele<br />

participe do núcleo de decisão.”<br />

A área de subscrição e comercial<br />

atua junto aos parceiros para entender e<br />

propor o que for mais factível. “Para não<br />

44


deixar o cliente exposto, nós o orientamos<br />

para trazer outros parceiros”. Já vai longe<br />

o tempo em que as seguradoras ficavam<br />

com o risco completo, pois todas buscam<br />

resultados.<br />

Inovação<br />

O mercado de seguros luta para<br />

formar tanto novos profissionais quanto<br />

novos consumidores. Ninguém acorda,<br />

pela manhã, com vontade de trabalhar<br />

como gerente de riscos ou atuário. Muito<br />

menos com vontade de comprar uma<br />

apólice de seguro.<br />

Para despertar o interesse dos jovens,<br />

a ABGR convidou alunos de uma universidade<br />

paulista para participarem de<br />

algumas palestras sobre o mercado. Os temas<br />

foram especialmente pensados para<br />

este público. “O lado social do seguro”,<br />

ministrada pelo presidente do Grupo BB<br />

e Mapfre, Luiz Gutierrez, e o “Seguro de<br />

Responsabilidade Civil”, proferida pelo<br />

advogado Antonio Penteado Mendonça,<br />

foram exemplos de temas para atrair os<br />

estudantes. A tática deu certo. As palestras<br />

permaneceram cheias.<br />

A feira<br />

Na Expo Riscos, algumas seguradoras<br />

aproveitaram o espaço para divulgar<br />

novos produtos. Foi o caso da Travelers,<br />

que agora oferece uma solução integrada<br />

para energias renováveis. Dentro<br />

da mesma solução fica coberta a obra<br />

e a operação. “Oferecemos a cobertura<br />

ALOP e a Itself, com o gerenciamento<br />

de risco baseado em conhecimento vindo<br />

dos Estados Unidos”, antecipou Leonardo<br />

Semenovitch, presidente da seguradora.<br />

A área de Controle de Riscos da<br />

Travelers Seguros desenvolve recomendações<br />

que podem ou não pressupor o<br />

uso de seguros. Apresenta aos corretores<br />

e clientes propostas para redução de potenciais<br />

perdas, diminuição de acidentes<br />

de trabalho, medidas de prevenção e<br />

contingência para possíveis interrupções<br />

de negócios, , aumento de desempenho,<br />

conformidade com Normas de Segurança,<br />

recuperação mais rápida da operação<br />

em caso de sinistros e imagem positiva<br />

junto a investidores.<br />

Luciano Calheiros, CEO da seguradora<br />

Swiss Re Corporate Solutions,<br />

participou de um dos painéis do evento e<br />

propôs uma reflexão sobre os benefícios<br />

da integridade para as organizações,<br />

destacando a importância de processos<br />

e de atitudes na cultura organizacional.<br />

Em pouco mais de uma hora de<br />

conversa, o executivo conduziu um percurso<br />

sobre as conexões entre gestão de<br />

riscos e compliance, seus benefícios para<br />

empresas, prejuízos causados por fraudes<br />

e a expertise do mercado segurador em<br />

atender essas demandas. “Se puder deixar<br />

um conselho para vocês, diria três coisas:<br />

programas de compliance parecem caros,<br />

mas seus benefícios trazem ganhos, inclusive<br />

financeiros; a integridade de uma<br />

empresa não deve estar em uma área, mas<br />

no compromisso de cada funcionário; e<br />

empresas íntegras são mais resilientes”,<br />

finalizou Luciano.<br />

A Expo Riscos contou com estandes de seguradoras e corretoras,<br />

além de um grande acesso de congressistas e visitantes<br />

45


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Jerry Lewis, Ruy Castro e amar e gostar...<br />

Na crônica que intitulou “Jerry e<br />

Lewis”, publicada na Folha de São Paulo<br />

do dia 24 de agosto último, o apreciado<br />

e culto Ruy Castro discorre sobre o humorista<br />

americano falecido no domingo,<br />

dia 20, aos 91 anos. Tece comentários<br />

sobre o ator que fez tanta gente – entre<br />

elas, eu – gargalhar com suas comédias,<br />

marcadas por um humor singelo, caricato,<br />

cheio de trejeitos e de caras e bocas.<br />

Em seguida, fala do homem Jerry Lewis<br />

fora da tela e que, segundo ele e outros<br />

comentaristas, era totalmente diferente,<br />

ácido, de difícil trato.<br />

Na Veja desta semana, edição 2545,<br />

na seção “Memória”, Jerônimo Teixeira<br />

o apresenta como “O palhaço amargo”,<br />

e diz que Jerry Lewis era “não o palhaço<br />

triste do clichê, mas o palhaço amargo”...<br />

Não por mera coincidência, dentre<br />

suas muitas produções, o filme de que<br />

Lewis mais gostava era “O professor<br />

aloprado” (The nutty professor), de 1963,<br />

dirigido, protagonizado e coproduzido<br />

por ele. Ocorre que ali está nada mais<br />

nada menos do que uma paródia do livro<br />

“O médico e o monstro”, de Robert Louis<br />

Stevenson, em que o médico, Dr. Jekyll,<br />

procurando descobrir uma forma de<br />

separar o bem e o mal existentes no ser<br />

humano, cria o monstro, Mister Hyde...<br />

Essas considerações iniciais são<br />

apenas para chegar ao âmago da coluna<br />

de hoje: Gostar e Amar...<br />

É que Ruy Castro fecha sua coluna<br />

com estas palavras textuais:<br />

“O artista Jerry era sublime, mas<br />

o homem Lewis, seccionado pelos<br />

biógrafos, era egoísta, vingativo, preconceituoso.<br />

Ele não era estimado como<br />

pessoa – nem seu pai gostava dele. E,<br />

segundo esses biógrafos, era só o que ele<br />

queria: ser gostado. Sua morte tornará<br />

isso possível”.<br />

SER GOSTADO? Isso não agride a<br />

gramática e a própria eufonia?<br />

Por que o nobre Ruy Castro não se<br />

valeu do verbo amar? SER AMADO,<br />

além de estar na seara abençoada da<br />

correção gramatical, é muito mais sonoro<br />

(ou eufônico)!<br />

Ocorre que o verbo GOSTAR é transitivo<br />

indireto, ou seja: exige a presença<br />

de uma preposição para ligar o verbo<br />

ao seu objeto – no caso, objeto indireto.<br />

Raciocina-se assim: “quem gosta, gosta<br />

DE alguém ou DE alguma coisa. A Gramática<br />

Normativa da Língua Portuguesa<br />

é taxativa: não se forma voz passiva com<br />

verbo transitivo indireto. Por essa razão,<br />

é incorreto dizer “o jogo foi assistido por<br />

um milhão de expectadores”.<br />

É bem verdade que esse verbinho danado<br />

– o assistir – é transitivo indireto no<br />

sentido de ver, presenciar. E é transitivo<br />

direto quando significa auxiliar, ajudar!<br />

É o que se pode observar nesta frase: “A<br />

enfermeira assistiu o médico na cirurgia<br />

e depois foi assistir à novela das nove”...<br />

Já o verbo AMAR é transitivo direto.<br />

O objeto – direto – une-se diretamente<br />

ao verbo a que se refere, sem o auxílio<br />

da preposição. Assim, “quem ama ama<br />

alguém ou alguma coisa”. E é por isso<br />

que Dona Gramática permite e abençoa<br />

a formação da voz passiva!<br />

Oportuno lembrar aqui o caso do<br />

verbo VISAR que, como assistir, pode<br />

ser transitivo direto ou indireto, de acordo<br />

com seu significado. É transitivo direto<br />

– sem preposição e podendo formar voz<br />

passiva – quanto tem o sentido de pôr<br />

visto, assinalar: “O gerente do banco<br />

visou o cheque”. Entretanto, é transitivo<br />

indireto, regido de preposição, quando a<br />

ideia que transmite é a de objetivar, ter<br />

o propósito de, como nestes exemplos:<br />

“Maria só visava A uma vida melhor<br />

para seus filhos”. “Os mártires visavam<br />

À pátria celeste”.<br />

Há alguns anos, ouvia uma artista<br />

sendo entrevistada em um programa de<br />

rádio.<br />

Bem, de algumas delas não se pode<br />

esperar grande coisa. Afinal, lá atrás,<br />

uma se saiu com esta: “A vida de artista<br />

é difícil porque tem muitas dificuldades”.<br />

Outra, querendo mostrar seu pendor por<br />

literatura, afirmou: “Eu gostava muito<br />

de ler dramas, mas agora resolvi mudar<br />

de gênero. Vou ler ‘A Divina Comédia’.<br />

Uma terceira – essa da área televisiva,<br />

e ainda atuando – disse com emoção e<br />

convicção: “Minha vida deu uma volta<br />

de 360 graus”!<br />

Mas não era a nenhuma dessas que<br />

me referia no início deste parágrafo.<br />

A estrela em questão terminou sua<br />

“brilhante” entrevista com esta enfática<br />

afirmação: “Eu sou feliz porque gosto de<br />

meus fãs e sou gostada por eles”.<br />

Pois é, dela eu até poderia esperar<br />

esse deslize.<br />

Do culto e letrado Ruy Castro, cronista<br />

de um órgão de comunicação de<br />

massa do nível da Folha de São Paulo e,<br />

como tal, formador de opinião e disseminador<br />

da cultura, NÃO!<br />

Li, há muitos anos, esta frase de um<br />

educador europeu – alemão, se não me<br />

engano – “Toda aula deve ser uma aula<br />

de língua pátria”.<br />

Vou além. Para mim, toda comunicação<br />

de alguém culto tem de ser uma aula<br />

de língua pátria”!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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