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Primeira Infancia e Maternidade nas ruas de SP - CDH LG

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1 Na redação <strong>de</strong>ste texto,<br />

optamos pelo uso do<br />

feminino universal. Trata-se<br />

<strong>de</strong> uma escolha política<br />

para a visibilização das<br />

mulheres que, em sua<br />

maioria, compõem esta<br />

pesquisa, quer seja como<br />

pesquisadoras da Clínica<br />

Luiz Gama, profissionais<br />

das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

assistência e do judiciário,<br />

e as pessoas mais<br />

afetadas pela temática<br />

aqui tratada. É preciso que<br />

se <strong>de</strong>staque, em nosso<br />

enten<strong>de</strong>r, as mulheres que<br />

têm por ofício o cuidado,<br />

e as mulheres cujas<br />

vidas são marcadas pela<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar<br />

<strong>de</strong> suas filhas.<br />

A<strong>de</strong>mais, por consi<strong>de</strong>rar<br />

que a linguagem é,<br />

também, uma forma <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r e em diálogo com<br />

nossa bibliografia, que<br />

incentiva e inspira essa<br />

transformação – como os<br />

trabalhos da antropóloga<br />

Débora Diniz e a pesquisa<br />

Dar à Luz Na Sombra,<br />

coor<strong>de</strong>nada por Bruna<br />

Angotti e Ana Gabriela<br />

Men<strong>de</strong>s Braga – redigimos<br />

este texto utilizando,<br />

sempre que possível, o<br />

feminino universal.<br />

2 Informações disponíveis<br />

em: .<br />

3 Sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

ouvidoria ver também<br />

GOMES, 2017.<br />

4 É importante salientar<br />

que existe gran<strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> população<br />

<strong>LG</strong>BT e Trans nesse<br />

grupo, que nem sempre é<br />

visibilizada nos números<br />

apontados nos censos.<br />

A Clínica <strong>de</strong> Direitos Humanos Luiz Gama (<strong>CDH</strong><strong>LG</strong>) é um projeto <strong>de</strong><br />

extensão da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Por iniciativa dos estudantes <strong>de</strong> graduação e apoio financeiro do<br />

Centro Acadêmico XI <strong>de</strong> Agosto, o grupo formou-se em 2009,<br />

institucionalizou-se <strong>de</strong>ntro da faculda<strong>de</strong> e passou a atuar com a<br />

temática da população em situação <strong>de</strong> rua no centro <strong>de</strong> São Paulo,<br />

sendo uma clínica <strong>de</strong> direitos humanos concebida a partir <strong>de</strong><br />

um forte protagonismo estudantil, em formato pioneiro, segundo<br />

estudo <strong>de</strong> Fernanda Brandão Lapa sobre o tema (LAPA, 2014).<br />

A seleção semestral <strong>de</strong> novas alu<strong>nas</strong> 1 permite, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a<br />

continuida<strong>de</strong> do projeto, por meio da realização <strong>de</strong> trabalhos<br />

acadêmicos, análise <strong>de</strong> políticas públicas e advocacy em âmbito<br />

municipal 2 . O reconhecimento e apoio ao trabalho <strong>de</strong>senvolvido<br />

pela <strong>CDH</strong><strong>LG</strong> tem significado o aumento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> parcerias, um<br />

maior número <strong>de</strong> trabalhos e papers apresentados em seminários<br />

e, em 2015, o recebimento do prêmio anual <strong>de</strong> Direitos Humanos 3<br />

da Secretaria <strong>de</strong> Direitos Humanos do Governo Fe<strong>de</strong>ral na categoria<br />

<strong>de</strong> Atendimento à população em situação <strong>de</strong> rua, pelo projeto<br />

<strong>de</strong> Ouvidoria para a População em Situação <strong>de</strong> Rua. No mesmo<br />

ano, ainda, a <strong>CDH</strong><strong>LG</strong> recebeu menção honrosa pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito da U<strong>SP</strong> pelos trabalhos realizados em pesquisa e extensão.<br />

O método <strong>de</strong> trabalho da Clínica prioriza o dinamismo e a horizontalida<strong>de</strong><br />

na formação <strong>de</strong> suas integrantes e na escolha <strong>de</strong> seus<br />

temas <strong>de</strong> estudo, <strong>de</strong> modo que, a partir da temática central da<br />

população em situação <strong>de</strong> rua, o grupo é incentivado a pensar<br />

constantemente novas perspectivas sobre as quais preten<strong>de</strong>m<br />

se engajar ao longo do ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s (GOMES, 2017). Assim,<br />

no ano <strong>de</strong> 2015, a partir dos encontros <strong>de</strong> formação teórica sobre<br />

a população em situação <strong>de</strong> rua, métodos <strong>de</strong> pesquisa qualitativa<br />

em antropologia, em direito e políticas públicas, o grupo passou<br />

a refletir acerca das mulheres em situação <strong>de</strong> rua. On<strong>de</strong> estariam?<br />

Quem seriam essas mulheres? Quais seriam suas maiores<br />

dificulda<strong>de</strong>s?<br />

Os censos da população em situação <strong>de</strong> rua em São Paulo e no<br />

Brasil indicam que há o predomínio <strong>de</strong> indivíduos do sexo masculino<br />

em situação <strong>de</strong> rua 4 . Até então, a experiência em campo da<br />

<strong>CDH</strong><strong>LG</strong> ao longo dos semestres estabelecia-se em espaços com<br />

maior <strong>de</strong>manda masculina e com difícil aproximação das poucas<br />

mulheres presentes nos locais. A constatação que se impunha,<br />

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