Primeira Infancia e Maternidade nas ruas de SP - CDH LG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Sobre o perfil <strong>de</strong>ssas mulheres, ainda, vale ressaltar que:<br />
Há violências pregressas na vida <strong>de</strong>ssas mulheres que<br />
po<strong>de</strong>m ter culminado na vivência da rua e no próprio<br />
abuso <strong>de</strong> drogas, além das violências estruturais a que<br />
estão submetidas, tais como: ausência <strong>de</strong> políticas<br />
públicas a<strong>de</strong>quadas e eficazes; garantia do direito à<br />
habitação e moradia; segurança e proteção; saú<strong>de</strong> em<br />
seu sentido mais amplo. Portanto, são mulheres que<br />
já sofreram, sofrem e sofrerão múltiplas violências.<br />
Portanto, são mulheres que já sofreram, sofrem e<br />
sofrerão múltiplas violências.<br />
(RIOS, 2017, pág. 129).<br />
Compreen<strong>de</strong>r, ainda que brevemente, o universo das mulheres em<br />
situação <strong>de</strong> rua permite i<strong>de</strong>ntificar os fatores que as levam a esta<br />
condição, e como estas particularida<strong>de</strong>s fragilizam, vulnerabilizam,<br />
excluem e as <strong>de</strong>sumanizam enquanto mulheres e mães.<br />
Por pertencerem, geralmente, a comunida<strong>de</strong>s com baixo nível<br />
econômico, mulheres usuárias <strong>de</strong> cocaína ou crack são mais<br />
vulneráveis e apresentam um déficit <strong>de</strong> cuidados pré-natais. A falta<br />
<strong>de</strong> acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o racismo, o preconceito e a<br />
discriminação são os principais motivos para que estas mulheres<br />
não procurem cuidados médicos e cheguem ao hospital ape<strong>nas</strong><br />
no momento do parto, o que prejudica a i<strong>de</strong>ntificação e o tratamento<br />
das mães usuárias e das crianças <strong>nas</strong>cidas nessa situação<br />
(BUNGAY, 2010; ADDIS, 2001; KUCZKOWSKI, 2003).<br />
Paola <strong>de</strong> Oliveira Camargo, em sua dissertação “A visão da mulher<br />
usuária <strong>de</strong> cocaína/crack sobre a experiência da maternida<strong>de</strong>:<br />
vivência entre mãe e filho” (2014), <strong>de</strong>ixa clara a importância <strong>de</strong> se<br />
pensar em políticas públicas e políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> intersetoriais que<br />
visem aten<strong>de</strong>r a usuária <strong>de</strong> forma integral e que contemplem um<br />
olhar diferenciado para cada uma, diminuindo <strong>de</strong> alguma forma a<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social.<br />
Embora alguns autores afirmem que crianças filhas <strong>de</strong> usuárias<br />
<strong>de</strong> crack po<strong>de</strong>m ser mais vulneráveis à negligência, pois o uso<br />
da substância po<strong>de</strong> interferir na capacida<strong>de</strong> da mãe mulher <strong>de</strong><br />
aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s dos filhos, em <strong>de</strong>corrência do uso <strong>de</strong><br />
drogas, bloqueando as competências necessárias esperadas <strong>de</strong><br />
uma mãe (CUNHA, 2007; NARVAEZ, 2010), outros acreditam que<br />
a maternida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser positiva na vida da mãe, po<strong>de</strong>ndo gerar<br />
alguns efeitos como a interrupção ou até mesmo em mudanças<br />
52