Revista Mais Sebrae - Maio 2018
A revista Mais Sebrae é uma publicação trimestral do Sebrae RS e destaca as principais novidades e informações sobre empreendedorismo e negócios no Rio Grande do Sul e no Brasil.
A revista Mais Sebrae é uma publicação trimestral do Sebrae RS e destaca as principais novidades e informações sobre empreendedorismo e negócios no Rio Grande do Sul e no Brasil.
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<strong>Maio</strong> <strong>2018</strong><br />
Ano 4 | Nº 10<br />
A REVISTA DO EMPREENDEDOR GAÚCHO<br />
HORA DE APOSTAR NA<br />
CADEIA DA SAÚDE<br />
Como funciona a cadeia produtiva que movimenta cerca de<br />
10% do PIB anual do Brasil e tem atuação do <strong>Sebrae</strong> RS em<br />
todos os seus elos. Pág. 24<br />
Coletividade: Troca de experiências entre<br />
empresários estimula crescimento dos<br />
negócios. Pág. 18<br />
Vitivinicultura ganha força na Fronteira Sul: Segmento<br />
está em plena expansão a partir de seu potencial de<br />
produtividade e de enoturismo Pág. 26<br />
1
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a sua performance no mercado, comparando o<br />
desempenho do seu negócio com demais<br />
empreendimentos do seu segmento.<br />
Oportunidades<br />
para expansão<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong> chega a sua décima edição. Um<br />
marco importante para esta publicação, que surgiu em<br />
2015 e segue com a proposta de levar informação relevante<br />
sobre o cenário empresarial e o mundo dos negócios,<br />
mostrando cases e oportunidades para quem<br />
deseja empreender.<br />
Entre os destaques desta edição está uma reportagem sobre<br />
a cadeia produtiva da saúde, que movimenta cerca de<br />
10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil e que<br />
representa grande potencial de expansão no Rio Grande do<br />
Sul, já que o Estado é o segundo polo hospitalar do País.<br />
A atuação do <strong>Sebrae</strong> RS nessa área é relativamente nova:<br />
há dois anos estamos aprimorando conhecimentos e especializando<br />
nosso corpo técnico para atuarmos em todos<br />
os seus elos, com programas de desenvolvimento e<br />
iniciativas nos setores da indústria, comércio e serviços.<br />
Nessa matéria, buscamos aprofundar como funciona<br />
essa cadeia produtiva, mostrando também de que forma<br />
ela se relaciona com startups e empresas de tecnologia.<br />
laboração pode ser uma saída para empresas, uma<br />
oportunidade para otimizar recursos e fundir conhecimentos,<br />
desenvolver parcerias e até criar novos<br />
produtos e serviços, principalmente neste momento<br />
de retomada gradual da economia.<br />
A revista traz ainda um apanhado com as principais<br />
tendências apresentadas na Retail’s Feira Big Show, a<br />
maior feira de varejo do mundo, que acontece anualmente<br />
em Nova York, promovida pela National Retail<br />
Federation (NRF). Também trata de assuntos como as<br />
mudanças no Simples Nacional; a Mercopar – feira de<br />
subcontratação e inovação industrial que ocorre em outubro;<br />
além de apresentar uma série de cursos online e<br />
gratuitos para empreendedores, nas áreas de gastronomia,<br />
varejo e moda.<br />
Boa leitura!<br />
Agende agora e comece<br />
já as mudanças necessárias<br />
na sua empresa.<br />
sebraers.com.br<br />
0800 570 0800<br />
Os leitores também poderão conferir uma reportagem<br />
sobre o crescimento da vitivinicultura na Fronteira Sul<br />
do Estado e o trabalho para que o “Terroir da Campanha<br />
Gaúcha” se consolide e seja reconhecido pela qualidade<br />
em vinhos finos e espumantes. Recentemente, o <strong>Sebrae</strong><br />
RS ampliou sua atuação na região e vem incentivando a<br />
atividade, auxiliando os produtores rurais e empresários<br />
para que a cultura se torne ainda mais rentável.<br />
Outro destaque fica por conta da matéria sobre<br />
projetos coletivos, mostrando que a cultura da co-<br />
GEDEÃO SILVEIRA PEREIRA<br />
Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Estadual (CDE) do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
2 3
CONSELHO DELIBERATIVO<br />
Presidente Conselho Deliberativo: Gedeão Silveira Pereira<br />
• Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A – BANRISUL<br />
Titular: Luiz Gonzaga Veras Mota<br />
Suplente: Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior<br />
• Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS<br />
Titular: Gilberto Porcello Petry<br />
Suplente: Marco Aurélio Paradeda<br />
• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL<br />
Titular: Edilson Zanatta<br />
Suplente: Fábio Müller<br />
• Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – CIERGS<br />
Titular: André Vanoni de Godoy<br />
Suplente: Marlos Davi Schmidt<br />
• Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia-SDECT<br />
Titular: Márcio Biolchi<br />
Suplente: Evandro Fontana<br />
• BANCO DO BRASIL S/A<br />
Titular: Edson Bündchen<br />
Suplente: Vanderlei Barbiero<br />
• Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul –<br />
FEDERASUL<br />
Titular: Simone Diefenthaeler Leite<br />
Suplente: Olmiro Cavazzola<br />
• Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL<br />
Titular: Gedeão Silveira Pereira<br />
Suplente: Fábio Avancini Rodrigues<br />
• Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande<br />
do Sul – FECOMÉRCIO<br />
Titular: Luiz Carlos Bohn<br />
Suplente: Zildo De Marchi<br />
• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE<br />
Titular: José Paulo Dornelles Cairoli<br />
Suplente: Pio Cortizo Vidal Filho<br />
• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/RS<br />
Titular: Alexandre De Carli<br />
Suplente: Ricardo Coelho Michelon<br />
• Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul – FAPERGS<br />
Titular: Odir Antônio Dellagostin<br />
Suplente: Marco Antonio Baldo<br />
• SENAR - RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />
Titular: Gilmar Tietböhl Rodrigues<br />
Suplente: Valmir Antônio Susin<br />
• FCDL- Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul<br />
Titular: Vitor Augusto Koch<br />
Suplente: Fernando Luis Palaoro<br />
• BADESUL Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS<br />
Titular: Susana Maria Kakuta<br />
Suplente: Paulo Odone Chaves de Araújo Ribeiro<br />
CONSELHO FISCAL<br />
Presidente Conselho Fiscal: José Benedicto Ledur<br />
Titulares<br />
• FEDERASUL: José Benedicto Ledur (Presidente);<br />
• FIERGS: Gilberto Brocco;<br />
• FCDL/RS: Jorge Claudimir Prestes Lopes.<br />
Suplentes<br />
• FECOMÉRCIO: Ivanir Antonio Gasparin;<br />
• Caixa Econômica Federal: Pedro Amar Ribeiro de Lacerda.<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Diretor-Superintendente: Derly Cunha Fialho<br />
Diretor Técnico: Ayrton Pinto Ramos<br />
Diretor de Administração e Finanças: Carlos Alberto Schütz<br />
EXPEDIENTE<br />
A revista <strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong> é uma publicação do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS desenvolvida pela Gerência de<br />
Comunicação e Marketing.<br />
Coordenação Geral:<br />
Ana Finkler<br />
Produção Executiva:<br />
Renata Cerini e Ivana Gehlen<br />
Produção, conteúdo e execução:<br />
Caetano Teles e Raphaela Donaduce<br />
Flores – Dona Flor Comunicação<br />
Edição:<br />
Raphaela Donaduce Flores<br />
Reportagem:<br />
Carolina Hickmann e Josine Haubert<br />
Revisão:<br />
Flávio Dotti Cesa<br />
Design Gráfico e Editoração:<br />
Leandro Bulsing – Fale Marketing<br />
Foto de Capa:<br />
iStock Fotos<br />
Tiragem:<br />
5 mil exemplares. Aplicativo da revista <strong>Mais</strong><br />
<strong>Sebrae</strong> disponível para Android e iOS.<br />
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publicações e no link “Agência <strong>Sebrae</strong> de<br />
Notícias” ficar sabendo das novidades da<br />
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<strong>Sebrae</strong> Nacional<br />
• Espaço Pesquisa <strong>Sebrae</strong> RS<br />
O acervo de livros, revistas, vídeos e<br />
dicas de oportunidades de negócios<br />
enfocando gestão empresarial podem<br />
ser consultados em todas as unidades<br />
regionais do <strong>Sebrae</strong> RS. Encontre<br />
a unidade mais próxima de você na<br />
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<strong>Sebrae</strong> RS (sebraers.com.br).<br />
SUMÁRIO<br />
6<br />
10<br />
12<br />
14<br />
18<br />
AGRONEGÓCIO<br />
A expansão da vitivinicultura nas regiões da<br />
Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Estado<br />
INDÚSTRIA<br />
Gilberto Petry e Ayrton Ramos falam sobre a<br />
retomada da indústria em <strong>2018</strong><br />
INDÚSTRIA<br />
27ª edição da Mercopar ocorre em outubro,<br />
em Caxias do Sul<br />
COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
Mobilidade e conectividade: tendências apresentadas<br />
no maior evento mundial de varejo<br />
INDÚSTRIA, COMÉRCIO E<br />
SERVIÇO<br />
Coletividade: Troca de experiências estimula<br />
crescimento dos negócios<br />
Como funciona a cadeia produtiva que movimenta cerca de<br />
10% do PIB anual do Brasil e tem atuação do <strong>Sebrae</strong> RS em<br />
todos os seus elos. Pág. 24<br />
Fev/<strong>2018</strong><br />
a Abr/<strong>2018</strong><br />
Ano 4 | Nº 10<br />
A REVISTA DO EMPREENDEDOR GAÚCHO<br />
HORA DE APOSTAR NA<br />
CADEIA DA SAÚDE<br />
Coletividade: Troca de experiências entre<br />
empresários estimula crescimento dos<br />
negócios. Pág. 18<br />
Vitivinicultura ganha força na Fronteira Sul: Segmento<br />
está em plena expansão a partir de seu potencial de<br />
produtividade e de enoturismo Pág. 26<br />
32<br />
36<br />
44<br />
48<br />
52<br />
56<br />
58<br />
24<br />
ENTREVISTA<br />
Fábio Antoldi, professor da Alta Escola<br />
de Empresa e Sociedade da Universidade<br />
Católica de Milão (ALTIS)<br />
EMPREENDEDORISMO<br />
<strong>Sebrae</strong> RS oferece cursos online e gratuitos<br />
para empreendedores<br />
POLÍTICAS PÚBLICAS<br />
As alterações do Simples Nacional e seus<br />
impactos nas organizações<br />
CASES DE SUCESSO<br />
Como a Colmeia Containers expandiu seu<br />
negócio e conquistou a internacionalização<br />
SIGA O EXEMPLO<br />
Relatos de empresários que obtiveram<br />
grandes resultados com o apoio do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
FATOS E FOTOS<br />
Principais fatos envolvendo o <strong>Sebrae</strong> RS<br />
FRASES EM DESTAQUE<br />
Frases dos líderes e empresários que merecem<br />
destaque<br />
CAPA<br />
Entenda como funciona a cadeia<br />
produtiva da saúde, seu potencial de<br />
expansão e a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
em cada um de seus elos<br />
4 5
AGRONEGÓCIO<br />
Vitivinicultura<br />
ganha força na Fronteira Sul<br />
Segmento está em plena expansão a partir de<br />
seu potencial de produtividade e de enoturismo,<br />
características que levam o <strong>Sebrae</strong> RS a ampliar<br />
a atuação local<br />
Localizada no principal paralelo do plantio de<br />
uva do Hemisfério Sul, na mesma linha de países<br />
consolidados na indústria do vinho, como<br />
Uruguai, Argentina, África do Sul e Austrália, a<br />
vitivinicultura na Fronteira Sul, região que engloba<br />
Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Estado,<br />
possui condições edafoclimáticas favoráveis (características<br />
de clima, relevo, temperatura, umidade<br />
do ar, radiação e tipo do solo, por exemplo).<br />
Invernos rigorosos e verões quentes e secos,<br />
alta luminosidade e baixa precipitação no verão,<br />
grande variação no gradiente de temperatura entre<br />
os dias e as noites são características propícias<br />
para produção de uvas para vinhos finos e<br />
espumantes de qualidade. Isso permite exibir sua<br />
marca no mundo dos vinhos: o “Terroir Campanha<br />
Gaúcha”.<br />
Outra vantagem da região é ter grandes extensões de<br />
terra ainda com potencial de abrigar a cultura, e é esse<br />
um dos fatores que estão norteando a atuação do <strong>Sebrae</strong><br />
RS, promovendo o estímulo à entrada de novos<br />
produtores na vinicultura e a ampliação de negócios de<br />
quem já entrou na atividade. Como há áreas disponíveis<br />
para plantio, o produtor consegue agregar a atividade à<br />
propriedade sem interromper as culturas já tradicionais,<br />
como grãos e pecuária. “Na Fronteira Sul a expansão<br />
da cultura não é limitante por território, pois ainda tem<br />
áreas disponíveis com aptidão para a produção de uva.<br />
E as características peculiares da região, como relevo<br />
plano ou levemente ondulado, facilitam a mecanização<br />
do processo”, ressalta André Luis Bordignon, que atua<br />
na gerência setorial de agronegócio do <strong>Sebrae</strong> RS.<br />
A produção de uvas viníferas na região já responde por<br />
cerca de 15% da produção nacional, de acordo com o<br />
Cadastro Vitícola da Embrapa Uva e Vinho, e envolve<br />
mais de 100 famílias em pelo menos 12 municípios,<br />
como Candiota, onde uma das referências é a vinícola<br />
Batalha Vinhas & Vinhos. O empresário e engenheiro<br />
agrônomo Giovâni Peres explica que a indústria tem<br />
capacidade de produção de<br />
mais de 40 mil litros por ano e<br />
está em fase de ampliação. “A<br />
meta é chegar a cerca de 120<br />
mil garrafas por ano. Iniciamos<br />
a produção em 2010 com três<br />
hectares e dois funcionários,<br />
hoje estamos com seis hectares<br />
de vinhedos, seis funcionários<br />
e compramos uvas de produtores<br />
da região para incrementar<br />
a produção do vinho”, conta<br />
Peres, que está conquistando a<br />
Os vinhos e<br />
espumantes<br />
brasileiros<br />
possuem<br />
mais de<br />
2.000 medalhas<br />
internacionais.<br />
expansão de seu negócio em curto espaço de tempo.<br />
O gestor está envolvido com programas do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
ligados ao agronegócio, como o Programa LIDER e o<br />
projeto de incentivo ao enoturismo na região, além do<br />
Programa Juntos para Competir, que é uma ação integrada<br />
entre Farsul, Senar/RS e <strong>Sebrae</strong> RS.<br />
Apesar de a cultura ter ganhado força como alternativa<br />
de renda, especialmente a partir do final dos anos 1990,<br />
cultivar uvas localmente nas estâncias era um hábito já<br />
no século XIX. Tanto que há registros de atividade de<br />
produção de vinho em 1888, em Bagé, da Cantina Marimon,<br />
uma das primeiras produtoras de vinhos do Estado,<br />
de acordo com Antônio Conte,<br />
agrônomo da Emater. Hoje, os<br />
principais municípios produtores<br />
da Fronteira Sul são Santana<br />
do Livramento, Encruzilhada<br />
do Sul, Bagé, Candiota, Dom<br />
Pedrito e Pinheiro Machado.<br />
Ainda segundo a Emater, a<br />
área total cultivada com uva na<br />
Metade Sul é de aproximadamente<br />
1,7 mil hectares, com produção<br />
de 11 mil toneladas anuais e<br />
potencial de aumento.<br />
6 7
AGRONEGÓCIO<br />
20 mil famílias estão<br />
envolvidas no plantio de<br />
videiras, só no RS.<br />
Segundo o presidente da Associação de Vinhos Finos<br />
da Campanha Gaúcha, René Ormazabal Moura, o desenvolvimento<br />
do segmento nos últimos anos está<br />
ligado não somente ao volume de produção como<br />
também ao reconhecimento da qualidade da matéria-prima.<br />
“Em <strong>2018</strong>, por exemplo, teremos uma das<br />
melhores safras dos últimos cinco anos. O que também<br />
é reflexo de nossa busca constante por aperfeiçoamento<br />
e de estarmos localizados em uma região com<br />
condições climáticas ideais para o cultivo de videiras”,<br />
destaca.<br />
Um dos objetivos do <strong>Sebrae</strong> RS e do Programa Juntos<br />
Para Competir é o aumento de produtividade de produtores<br />
rurais e empresariais com foco na qualidade,<br />
para que a cultura se torne ainda mais rentável. Apesar<br />
de exigir um pouco mais de mão de obra e algum investimento<br />
inicial, o faturamento bruto por hectare da<br />
produção de uva é superior ao de outras culturas praticadas<br />
na região, como a produção de grãos. Por este<br />
motivo o <strong>Sebrae</strong> RS vem incentivando a vitivinicultura<br />
local, que se consolida como boa opção de diversificação<br />
da matriz produtiva, além de contribuir para o<br />
desenvolvimento regional.<br />
Turismo como expansão<br />
do modelo de negócios<br />
Com as vinícolas se tornando conhecidas pela<br />
qualidade de seus produtos, é hora de expandir os<br />
modelos de negócios para aproveitar o potencial de<br />
O Brasil é o sexto maior<br />
produtor do Hemisfério Sul, com o<br />
cultivo de mais de 240 diferentes<br />
variedades de uva no Brasil.<br />
turismo da região. Com apoio do <strong>Sebrae</strong> RS, diferentes<br />
empresas estão se estruturando para receber<br />
público de outras localidades do Estado e do País.<br />
Explorar as paisagens do pampa gaúcho aliando o<br />
vinho com as carnes bovinas e ovinas típicas da região<br />
é uma tendência local com boas possibilidades<br />
de agregar valor ao negócio.<br />
A aposta no enoturismo envolve empresas como a<br />
Vinícola Peruzzo, negócio familiar de Bagé. Com 15<br />
hectares da fruta, a família Peruzzo iniciou plantio<br />
de seus parreirais ainda em 2003 e hoje produz em<br />
torno de 60 mil litros de vinho por ano, mas pretende<br />
expandir estes números no curto prazo, uma<br />
vez que há a possibilidade de estocagem de cerca<br />
de 210 mil litros em sua indústria. Além disso, a<br />
empresa também vinifica uvas para outros produtores<br />
que não contam com estrutura própria. “Somos<br />
uma vinícola pequena, artesanal, e queremos<br />
aumentar qualidade sempre”, relata a empresária<br />
Clori Peruzzo, que está atenta às possibilidades do<br />
enoturismo como nova fonte de desenvolvimento<br />
para seu negócio e também para a região.<br />
Clori participou do Programa LIDER do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
entre 2015 e 2017 e participa do projeto de incentivo<br />
ao enoturismo. Atualmente sua empresa recebe<br />
visitantes que podem conhecer a cave da vinícola<br />
para degustação de produtos, e também realiza<br />
passeios em meio ao parreiral de sua propriedade<br />
mediante reserva de data pelas redes sociais da<br />
empresa. A empresária lembra que o <strong>Sebrae</strong> RS ajudou<br />
a valorizar o entorno de sua propriedade para o<br />
turismo. A vinícola está localizada em privilegiada<br />
região histórica, o que expande as possibilidades<br />
de passeios daqueles que por ali passam. “Nossa<br />
região faz parte da história do Brasil, estamos localizados<br />
muito próximos do Forte de Santa Tecla, onde<br />
deixamos de ser colônia espanhola e passamos a<br />
ser portuguesa”, explica.<br />
Entraves são compensados<br />
pelo potencial do mercado<br />
Apesar dos muitos diferenciais positivos, a Fronteira<br />
Sul do Estado, como qualquer outra localidade, tem<br />
seus gargalos para avanço da vitivinicultura – muitos<br />
deles vêm sendo diminuídos pela ação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
na região. Dentre esses entraves destacam-se a falta<br />
de mão de obra qualificada, uma logística deficitária<br />
e a concorrência com os importados que se agrava<br />
na região pela proximidade com a fronteira.<br />
A Campanha Gaúcha<br />
conta com 1.550 hectares<br />
de vinhedos em<br />
municípios como Alegrete,<br />
Bagé, Candiota, Dom<br />
Pedrito, Hulha Negra,<br />
Itaqui, Lavras do Sul,<br />
Maçambará, Quaraí,<br />
Rosário do Sul, Santana<br />
do Livramento e<br />
Uruguaiana.<br />
** dados da Embrapa, 2015<br />
Direcionando seus esforços na localidade desde 2015,<br />
o principal objetivo da organização é o desenvolvimento<br />
territorial, focando na região como um todo, para<br />
expandir seus potenciais, consolidar os negócios das<br />
empresas, fortalecer a economia local e atrair cada vez<br />
mais consumidores e investidores para lá. Confiantes<br />
neste potencial, os produtores trabalham para se desenvolver<br />
e tornar o “Terroir da Campanha Gaúcha” conhecido<br />
por vinhos finos e espumantes de qualidade.<br />
O foco dado por esses empresários contribui para a<br />
consolidação das marcas em torno da produção de<br />
vinhos e espumantes. Para isso, participam cada vez<br />
mais de concursos e buscam certificações. O potencial<br />
da região é maior para o plantio de uvas de clima<br />
temperado da espécie vitis vinifera, com castas específicas<br />
para produção de vinhos e espumantes e de<br />
maior valor agregado.<br />
Porém, uma mudança cultural nos hábitos de consumo<br />
da população ainda é necessária. Diferentemente<br />
de outros países da América Latina produtores<br />
de vinho, o consumo de vinho no Brasil é inferior<br />
a 2 litros por habitante ao ano. O volume é muito<br />
baixo se comparado a outras bebidas como cerveja,<br />
superior a 60 litros per capita. “Existe um grande<br />
potencial de expansão da atividade, o mercado do<br />
vinho e espumante é bastante promissor e a vitivinicultura<br />
desenvolve-se na região como uma excelente<br />
opção de diversificação da matriz produtiva”,<br />
avalia o técnico do <strong>Sebrae</strong> RS André Bordignon.<br />
8<br />
9
INDÚSTRIA<br />
O ano da retomada da<br />
O diretor Técnico do <strong>Sebrae</strong> RS, Ayrton Pinto Ramos,<br />
lembra que a queda na taxa de juros e a retoindústria<br />
Indicadores de produção<br />
e índices de confiança<br />
projetam que em <strong>2018</strong> o<br />
setor, que corresponde a<br />
25% do PIB nacional,<br />
voltará a crescer<br />
Após anos de expansão não natural pela suplementação<br />
de crédito, o setor industrial passou por<br />
período de crise atrelada à conjuntura econômica e<br />
aos grandes escândalos políticos. O ano de <strong>2018</strong>,<br />
porém, promete sinalizar a retomada deste segmento,<br />
que é responsável por cerca de 25% do Produto<br />
Interno Bruto (PIB) nacional.<br />
O presidente da Federação das Indústrias do Estado<br />
do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry,<br />
lembra que entre 2014 e 2016 a atividade industrial<br />
gaúcha teve queda de 25,6% do faturamento no período.<br />
Assim, a ligeira alta de 0,1% observada na<br />
comparação dos dados de 2017 ante 2016 passa a<br />
ser significativa. Da mesma maneira, as projeções<br />
de fechamento de <strong>2018</strong> são mais positivas. “No<br />
momento a indústria está equilibrada, mas projetamos<br />
um crescimento mais expressivo para este<br />
ano”, aponta.<br />
Os primeiros sinais de que <strong>2018</strong> pode ser de retomada<br />
foram observados ainda em janeiro. O índice<br />
que mede a evolução da produção na indústria gaúcha,<br />
medido pela Fiergs, alcançou 52,8 pontos no<br />
mês. O índice não era visto acima dos 50 pontos<br />
no primeiro mês do ano desde 2013. No mesmo levantamento,<br />
o indicador de número de empregados<br />
atingiu 53 pontos e teve seu primeiro crescimento<br />
para o mês em oito anos.<br />
mada dos principais índices de confiança são decisivos<br />
para este momento no setor. “É a confiança<br />
empresarial que faz a engrenagem do mercado andar,<br />
mas a confiança só é possível em circunstâncias<br />
favoráveis, que foram atingidas com a queda<br />
da taxa de juros e outras medidas recentes”, lembra<br />
Ramos. A partir disso, diz, sinais menos tradicionais<br />
de um crescimento consolidado começam<br />
a ser observados. “Passamos recentemente a exportar<br />
automóveis; e as fundições, que são a base,<br />
estão crescendo, o que faz com que toda a cadeia<br />
cresça”, relata.<br />
Os anos de dificuldade econômica, porém, podem<br />
trazer oportunidades de melhoria. Com as adversidades,<br />
o ritmo de tiradas de encomendas não era<br />
o mesmo dos tempos de altos investimentos no<br />
segmento. Assim, foi preciso rever estratégias. “Entre<br />
2015 e 2017 o <strong>Sebrae</strong> RS atuou fortemente na<br />
questão comportamental de vendas, para que os<br />
empresários passassem do modelo de apenas receber<br />
pedidos, que vigorou durante os anos de boas<br />
condições econômicas pelo aquecimento do setor,<br />
para um modelo de busca de mercado a partir de<br />
estratégias de venda.”<br />
Superado esse período, a abordagem do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
para o segmento também mudou. “Agora identificamos<br />
nichos de mercado específicos e empresas<br />
complementares”, comenta Ramos. Já que um elo<br />
da cadeia pode ter suas dificuldades sanadas pela<br />
expertise de outro. O diretor cita o exemplo hipotético<br />
de uma microcervejaria com problemas de<br />
envase que podem ser superados com o auxílio de<br />
desenvolvimento de produtos pela indústria. Desta<br />
maneira a produção industrial também se aquece e<br />
ambas as empresas saem ganhando.<br />
Nessa conjuntura, as projeções da Confederação<br />
Nacional da Indústria (CNI) também dão conta de<br />
que a economia, para este ano, crescerá em torno<br />
de 2,6%, consolidando a trajetória iniciada no ano<br />
passado. Os investimentos, que estão há quatro<br />
anos em queda, devem consolidar alta de 4% e taxa<br />
média equivalente a 15,8% do PIB. Na avaliação de<br />
Petry, este é um momento propício para buscar parcerias<br />
e promover seus produtos.<br />
10 11
INDÚSTRIA<br />
Crédito da foto: Eduardo Rocha.<br />
Mercopar<br />
MERCOPAR <strong>2018</strong><br />
Data e Horário: 2 a 4 de outubro de <strong>2018</strong>, das 13h às 20h<br />
Onde: Centro de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul<br />
CONTATO<br />
Telefone: 51 3216-5215<br />
E-mail: sheila@sebrae-rs.com.br<br />
Desta vez, o evento será no Centro de Eventos, para<br />
oportunizar a utilização de um espaço mais moderrevitalizada<br />
27ª edição da feira ocorre entre os dias<br />
2 e 4 de outubro no Centro de Eventos<br />
da Festa da Uva, em Caxias do Sul<br />
“Historicamente, a Mercopar vem tendo bons resultados<br />
em volume de negócios gerados. Em 2017,<br />
mesmo com as condições da economia não tão<br />
favoráveis como as deste ano, mais de R$ 70 milhões<br />
foram movimentados”, afirma Sheila Wainer,<br />
responsável pela organização da feira no <strong>Sebrae</strong> RS.<br />
Boa parte desse valor sai de uma das principais<br />
atrações da feira, o Projeto Comprador, que envolve<br />
grandes players do segmento com o público participante<br />
em dois dias de rodadas de negócios. No<br />
ano passado, as negociações entre 48 compradores<br />
e 218 vendedores culminaram em mais de 1,6 mil<br />
reuniões, as quais movimentaram cerca de R$ 15<br />
milhões. Nesse espaço, empresas como Stihl e Tramontina<br />
procuram novidades.<br />
Além das rodadas de negócio, outra importante<br />
atração da mostra é o Salão de Inovação, que, para<br />
este ano, promete trazer temas relevantes ao setor,<br />
como os avanços da indústria 4.0, abordados a partir<br />
de palestras e desafios.<br />
As principais novidades da indústria serão apresentadas<br />
na 27ª edição da Mercopar, feira de subcontratação<br />
e inovação promovida pelo <strong>Sebrae</strong> RS, que<br />
ocorre entre os dias 2 e 4 de outubro, no Parque de<br />
Exposições Mario Bernardino Ramos, em Caxias do<br />
Sul – 2º principal polo metalmecânico do País.<br />
no e atender à expansão da área de atividades, que<br />
passa a ser de 6,7 mil metros quadrados. A feira<br />
também terá novo horário de funcionamento, que<br />
antes era das 14h às 21h e agora passa a ser das<br />
13h às 20h, por demanda dos expositores.<br />
O intuito do evento é promover a integração de<br />
empresas de alcance nacional e internacional com<br />
micro, pequenas, médias e grandes empresas.<br />
APOIO<br />
As micro e pequenas empresas participantes dos projetos coletivos do <strong>Sebrae</strong> RS recebem apoio no<br />
valor do espaço contratado para a feira, que este ano será comercializado por R$ 380,00 para micro<br />
e pequenas e R$ 405,00 para médias e grandes por m² sem montagem. Os primeiros compradores<br />
podem escolher os locais de maior destaque, além de terem melhores condições de pagamento.<br />
12 13
COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
Integração entre os canais de venda é uma<br />
das tendências apresentadas no maior<br />
evento de varejo do mundo, que acontece<br />
anualmente em Nova York, promovido pela<br />
National Retail Federation (NRF)<br />
Mobilidade e<br />
conectividade<br />
Com as constantes transformações tecnológicas, o<br />
empresário precisa ficar atento às novidades, sob<br />
pena de ser deixado para trás pelos seus concorrentes.<br />
Neste aspecto, uma das principais mudanças<br />
fica por conta da fusão entre o mundo físico<br />
e o digital. Recente pesquisa global da consultoria<br />
Deloitte, que mediu a integração de canais do varejo,<br />
mostra que 56% das compras nas lojas físicas<br />
são influenciadas por interações digitais; e que<br />
42% das compras virtuais haviam sofrido influência<br />
da loja física.<br />
“A tendência para esta pesquisa é de que cada vez mais<br />
esses valores se igualem. Os dois mundos não podem<br />
ser dissociados, as diferentes jornadas do consumidor<br />
já exigem esta integração”, explica o técnico do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS Fabiano Zortea, que participou da Retail’s<br />
Feira Big Show – evento que acontece anualmente em<br />
Nova York, promovido pela National Retail Federation<br />
(NRF) e reconhecido como a maior feira de varejo do<br />
mundo. Para Zortea, o movimento é consequência da<br />
tendência crescente de mobilidade e conectividade.<br />
A fusão de canais é facilmente observada a partir<br />
da busca do gigante do varejo físico Walmart pelo<br />
meio digital. A bandeira reconhecida mundialmente<br />
adquiriu a Bonobos, grande e-commerce de vestuário,<br />
e o Jet.com, ligado ao comércio online de eletrônicos,<br />
para expandir a sua arrecadação online, que<br />
hoje responde por 12% do faturamento da marca.<br />
Em um caminho oposto, a potência do varejo online<br />
Amazon.com faz esforços para se consolidar<br />
no mundo físico. Diferentemente do Walmart, que,<br />
56% das<br />
compras nas<br />
lojas físicas são<br />
influenciadas<br />
por interações<br />
digitais<br />
14 15
COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
por conta de seu tamanho,<br />
encontra barreiras na consolidação<br />
da integração de<br />
canais, a Amazon parece ter<br />
alcançado o balanço entre os<br />
dois mundos.<br />
Nas livrarias físicas da marca,<br />
medidas simples foram<br />
tomadas para a fluidez entre<br />
o físico e o digital. Ao notar<br />
que a exibição de livros no<br />
mundo virtual se dava com<br />
a capa e não com a lombada<br />
do livro à mostra, a Amazon<br />
mudou a disposição de seus<br />
produtos, colocando-os com<br />
suas capas visíveis nas prateleiras.<br />
“Faz sentido essa<br />
exposição para os dois tipos de varejo, afinal, é a<br />
parte mais atrativa do livro”, comenta.<br />
Além disso, a Amazon optou por posicionar<br />
QR-Codes impressos em papel junto aos livros, o<br />
que permite que o comprador em potencial acesse<br />
as avaliações do produto em seu smartphone<br />
pela leitura do código. “Estas são medidas simples,<br />
que não exigem grande aporte financeiro,<br />
tomadas por um varejista global, mas que podem<br />
ser implantadas por qualquer empreendedor”,<br />
avalia Zortea.<br />
Redes sociais aplicadas ao varejo<br />
EDUARDO SASSO,<br />
empresário do comércio popular<br />
Lojas Sasso, participou da NRF<br />
e decidiu intensificar a presença<br />
das lojas em redes sociais<br />
Não é só a integração entre o mundo físico e virtual<br />
que a tendência de mobilidade imprimiu ao varejo.<br />
Com acesso fácil à rede por meio de dispositivos móveis,<br />
é imprescindível que o lojista esteja apto a suprir<br />
as demandas do consumidor de maneira online.<br />
“É um caminho sem volta. A experiência de compras<br />
está muito ligada ao celular; e o cliente procura informações<br />
sobre um produto de dentro da loja com<br />
o acesso de dados”, comenta o Gerente de Indústria,<br />
Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS, Fábio Krieger.<br />
Fabian Gloeden/Divulgação Lojas Sasso<br />
O empresário Eduardo Sasso,<br />
do comércio popular Lojas<br />
Sasso, esteve em Nova York<br />
junto ao <strong>Sebrae</strong> RS para<br />
acompanhar as atividades da<br />
feira da NRF e voltou de lá<br />
inspirado. “Já tínhamos uma<br />
presença online importante,<br />
mas voltei decidido a ampliá-<br />
-la”, relata. A partir da mostra,<br />
Sasso intensificou a sua presença<br />
nas redes sociais, em<br />
especial no Instagram. “Fazemos<br />
vídeos ao vivo agora, e<br />
nos preocupamos em manter<br />
um bate-papo em tempo real<br />
com os clientes pela plataforma”,<br />
explica o empresário,<br />
que passa informações sobre<br />
disponibilidade de modelos, preços e cores de seus<br />
produtos pela ferramenta.<br />
“A intenção, com as redes sociais, é criar identificação<br />
e fidelizar os clientes. Quem não gosta de<br />
ser bem atendido em qualquer canal?”, questiona<br />
Sasso. Além disso, o empresário observou, durante<br />
o período em que esteve nos Estados Unidos, que o<br />
varejista brasileiro ainda tende a ter uma preocupação<br />
excessiva com o lucro. “Temos que satisfazer o<br />
cliente, só assim o lucro vem. E isso passa por um<br />
bom atendimento online também”, considera.<br />
Krieger relata que a experiência de compra está<br />
diretamente ligada à presença da marca online.<br />
“O mobile passou a fazer parte da empresa, tanto para<br />
se comunicar com o consumidor quanto para facilitar<br />
processos internamente”, diz. O gerente lembra<br />
que hoje é possível atrelar a máquina de pagamento<br />
a um smartphone para que o vendedor possa fazer a<br />
cobrança, reduzindo, assim, a necessidade de enfrentar<br />
filas nos caixas. “Isso já foi praticado por grandes<br />
marcas e também está incluído na tendência de reduzir<br />
atritos que possam frustrar a compra. E nada impede<br />
que um pequeno empresário, com organização,<br />
inclua o processo”, pondera.<br />
Confira outras tendências<br />
observadas na NRF<br />
Gestão de pessoas<br />
Com acesso online facilitando as informações dos produtos, é comum<br />
que consumidores tenham mais conhecimento sobre determinada<br />
peça do que os vendedores. Então, a tendência passa a ser<br />
organizar a equipe por área de conhecimento.<br />
Funcionários em primeiro lugar<br />
A valorização do funcionário é tendência para que ele auxilie na<br />
fidelização do cliente. Grandes marcas do varejo, como Walmart,<br />
já implementam ações para que o primeiro a ser fidelizado seja o<br />
seu atendente. O pequeno varejista pode incluir em suas tarefas<br />
uma imersão na indústria fornecedora. Assim, os funcionários<br />
podem observar os cuidados tomados com aquilo que vendem<br />
e criar vínculos.<br />
Experiência no centro de compra<br />
Agregar valor à marca pela experiência que o produto traz ao<br />
consumidor. A marca de mochilas para trilha Cotopaxi promove<br />
eventos e desafios ligados à cultura da marca. As pessoas<br />
compram ingressos e cumprem as tarefas pela publicação de<br />
fotos nas redes sociais com as hashtags das marcas.<br />
Parceria como plataforma de negócios<br />
A empresa de aviação Lufthansa e o grupo Rewe de alimentação<br />
entenderam que os passageiros, em especial de voos<br />
longos, chegavam em casa sem ter o que comer. Ao observar<br />
essa necessidade, uniram-se. O passageiro da companhia<br />
aérea que desejar pode encomendar comida ainda em<br />
voo, para receber no hotel do destino ou em sua casa.<br />
Visão periférica<br />
Estar atento à necessidade do cliente também pode significar<br />
atrelar um serviço, de maneira gratuita, a um produto.<br />
O The Magic Wallpaper é um papel de parede com<br />
personagens escaneáveis, tecnologia semelhante àquela<br />
utilizada por QR Codes. Cada um deles mostra uma<br />
história diferente a ser contada às crianças na hora de<br />
dormir. Com esta diferenciação, a marca agregou valor<br />
ao seu produto.<br />
FIQUE ATENTO<br />
PARA PARTICIPAR DA<br />
FEIRA EM NOVA YORK<br />
O <strong>Sebrae</strong> RS faz trabalho de curadoria<br />
de conteúdo para empresários<br />
que queiram participar da<br />
Retail’s Feira Big Show, a maior feira<br />
de varejo do mundo, que acontece<br />
anualmente em Nova York,<br />
promovida pela National Retail<br />
Federation (NRF) e conhecida por<br />
apresentar as principais tendências<br />
para o segmento.<br />
Na edição de <strong>2018</strong> foram 20 empresários<br />
apoiados em uma delegação<br />
composta por 32 pessoas,<br />
nas quais estavam representadas<br />
as entidades parceiras CDL-Porto<br />
Alegre, Sindilojas-Porto Alegre,<br />
Fecomércio, Senac e FCDL. Os<br />
participantes visitaram 16 dos<br />
principais pontos comerciais de<br />
Nova York em dois dias, além de<br />
assistirem a palestras e estarem<br />
próximos de líderes mundiais do<br />
varejo. Aqueles com interesse<br />
em participar da próxima missão<br />
precisam estar atentos à chamada<br />
pública que acontece nos próximos<br />
meses, em Editais e Licitações no<br />
site www.sebrae-rs.com.br. Para<br />
mais informações, é possível entrar<br />
em contato com o técnico<br />
responsável, Fabiano Zortea,<br />
fabianoz@sebrae-rs.com.br.<br />
16 17
INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
Troca de experiências entre<br />
empresários estimula<br />
crescimento dos negócios<br />
Desenvolver novos produtos, firmar parcerias e até mesmo<br />
atingir metas mais simples podem virar desafios em momentos<br />
de retomada gradual da economia. Nestas situações<br />
a tendência mais óbvia para o empresariado é de apego ao<br />
tradicional, porém especialistas garantem que essas circunstâncias<br />
são as mais favoráveis para a inovação. Com<br />
as alternativas de crédito ainda encolhidas devido à crise,<br />
a saída pode estar na cultura da colaboração, que, apesar<br />
de recente, apresenta benefícios que sugerem a sua permanência.<br />
No ambiente empresarial a noção de como atingir competitividade<br />
no mercado começa a ser reinventada pela integração<br />
de grupos de empresas que querem otimizar recursos<br />
e fundir know-hows. Ciente desse caminho sem volta, o<br />
<strong>Sebrae</strong> RS desenvolve anualmente projetos coletivos setoriais,<br />
que vêm crescendo em números e em resultados<br />
com agilidade, tanto na indústria quanto no comércio e na<br />
área de serviços.<br />
Coletividade<br />
ganha espaço nas empresas<br />
No momento, cerca de 350 grupos, com diferentes propósitos,<br />
estão em andamento pelo Rio Grande do Sul. Cada<br />
um deles recebe atendimento customizado pelas suas necessidades<br />
e pelo objetivo principal diagnosticado em sua<br />
formação. “Antes do início dos projetos, realizamos uma<br />
análise dos setores e das empresas da região, a fim de<br />
identificarmos as principais necessidades das empresas<br />
para atuarmos sobre elas”, comenta o gerente de Indústria,<br />
Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS, Fábio Krieger.<br />
Como exemplo, ele lembra que, tratando-se de pequenos<br />
negócios, nem sempre as parcerias precisam ser de alto<br />
grau de comprometimento. “Às vezes um restaurante que<br />
precisa melhorar o seu ambiente interno pode se juntar<br />
com um fotógrafo que sente necessidade de divulgar seu<br />
trabalho”, sugere.<br />
O especialista ressalta que alguns grupos optam pelo desenvolvimento<br />
de produtos e outros, inclusive, por parcerias<br />
na construção de serviços em áreas que não fazem<br />
parte do know-how principal de seus negócios. “O contato<br />
18 19
INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
entre empresários é um<br />
dos grandes ganhos para<br />
aqueles que participam<br />
de projetos coletivos.<br />
A interação entre empresas<br />
cria uma relação positiva<br />
capaz de desenvolver<br />
parcerias e gerar novos<br />
produtos e serviços”, explica<br />
Krieger, ao ressaltar<br />
que qualquer ação se dá<br />
por livre adesão e não há<br />
impeditivos na desvinculação<br />
de projetos.<br />
Por outro lado, Krieger<br />
lembra que esses benefícios<br />
acabam impactando,<br />
inclusive, o aspecto pessoal<br />
dos gestores envolvidos<br />
nesses projetos, o que define a permanência<br />
dos empresários no grupo. “Nossa última pesquisa<br />
apontou que aproximadamente 70% dos envolvidos<br />
relataram um aumento de sua qualidade de vida, já<br />
que seu negócio estava mais organizado e não tão<br />
dependente do seu olhar”, enfatiza. Em sua trajetória<br />
no <strong>Sebrae</strong> RS, o gerente lembra que inúmeras vezes<br />
se deparou com empreendedores exaustos, sem tirar<br />
férias desde que abriram suas empresas. Após<br />
adequações na área de gestão, puderam se afastar<br />
momentaneamente de suas tarefas para aproveitar<br />
momentos de lazer.<br />
Além desse dado, pesquisa realizada pelo <strong>Sebrae</strong> RS<br />
aponta que empresas que participam de projetos coletivos<br />
têm duas vezes menos predisposição a fechar<br />
as portas do que a média do restante do mercado,<br />
além de contratarem também acima da média. Isso,<br />
na avaliação de Krieger, pode ser reflexo de outra<br />
constatação: mais de 90% dos gestores envolvidos<br />
se sentem mais preparados para gerir um negócio.<br />
“É interessante destacar ainda que aproximadamente<br />
85% acreditam que, de fato, com o aumento da<br />
troca de experiências entre os gestores houve acrés-<br />
FIQUE ATENTO<br />
Interessados em fazer parte<br />
dos projetos coletivos devem<br />
procurar o <strong>Sebrae</strong> RS<br />
na região mais próxima de<br />
sua empresa. No setor de<br />
agronegócios, também é<br />
possível procurar o responsável<br />
no SENAR, através do<br />
Sindicato Rural de seu município,<br />
já que a instituição,<br />
juntamente com a Farsul, é<br />
parceira do projeto.<br />
cimo de capacidade de<br />
competitividade de seus<br />
produtos e serviços a partir<br />
dessas relações humanas”,<br />
enfatiza. Esse é um<br />
dos objetivos principais<br />
desses projetos, que são<br />
focados no fomento de<br />
cadeias produtivas importantes<br />
para a economia do<br />
Estado, ou no auxílio à estruturação<br />
daquelas que<br />
contam com potencial de<br />
transformação de nossa<br />
economia no longo prazo.<br />
O investimento necessário<br />
para participar dos<br />
grupos está relacionado<br />
ao objetivo de cada projeto,<br />
bem como às ações a serem desenvolvidas para<br />
atingir a meta traçada. No entanto, pelo intuito de<br />
fomento à economia local, parte significativa do valor<br />
dessas ações é subsidiada.<br />
DESTAQUES<br />
64% dos envolvidos relataram um<br />
aumento de sua qualidade de vida<br />
91% se sentem mais<br />
preparados para gerir um negócio<br />
82% aumentaram a troca de<br />
experiências com empresários<br />
96% indicariam para um amigo<br />
82% acreditam que com o aumento da<br />
troca de experiências entre os gestores<br />
houve acréscimo de capacidade de competitividade<br />
de seus produtos e serviços a<br />
partir dessas relações humanas<br />
Setor Energético<br />
Aspectos regulatórios recentes aos pequenos negócios<br />
da matriz energética, como os sistemas de<br />
compensação e os incentivos fiscais do governo<br />
estadual, têm contribuído para as possibilidades de<br />
negócios e, consequentemente, expansão da cadeia<br />
no Estado. Com essas mudanças, o projeto colaborativo<br />
Energia <strong>Mais</strong>, que tem como objetivo ampliar<br />
oportunidades da cadeia de energias renováveis e<br />
soluções de eficiência energética, ocupa local de<br />
destaque.<br />
A cadeia energética do Rio Grande do Sul é decisiva<br />
para a economia do Estado e tem se voltado<br />
gradualmente para energias renováveis. Este fator<br />
e a configuração do segmento contribuem para a<br />
expansão das empresas de pequeno porte, segundo<br />
o gerente de Indústria, Comércio e Serviços do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS. “Temos poucas grandes empresas<br />
atuando no setor, e elas dependem do restante da<br />
cadeia. As maiores movimentam o mercado, mas<br />
cada vez mais elas dependem do pequeno para<br />
encontrar novas soluções e difundir seus negócios”,<br />
comenta. Essas pequenas empresas dispõem<br />
de potencial inovador relevante, na avaliação de<br />
Krieger, e podem aproveitá-lo por meio de parcerias.<br />
Dentro de um grupo do Energia <strong>Mais</strong>, que teve início<br />
sem a pretensão do desenvolvimento de produtos,<br />
quatro empresários se juntaram para formular<br />
uma luminária LED resistente às mais variadas intempéries<br />
que promete competir fortemente com<br />
as já consolidadas no mercado. Conforme o gestor<br />
da indústria Kaballa, Jones Pellini, o produto está<br />
sendo desenvolvido para suprir as necessidades<br />
da iluminação industrial, resistindo a grandes alterações<br />
climáticas, como chuva, neve, vento e sol,<br />
além de poder ser utilizado em ambientes internos<br />
ou externos e até mesmo em residências.<br />
A diferença desse produto para os já disponíveis é,<br />
justamente, a qualidade dos materiais utilizados,<br />
afirma Pellini. “Vamos competir com os produtos<br />
chineses, uma vez que eles dominam o mercado.<br />
20 21
INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />
O material que eles utilizam em alguns componentes<br />
é mais frágil do que aquele que estamos nos<br />
propondo a oferecer no mercado”, explica. Na divisão<br />
de tarefas, a Kaballa ficou responsável pela injeção<br />
de lentes em acrílico, enquanto a Conlink irá<br />
prover a placa de LED e a CMD a placa de alumínio.<br />
Já a comercialização será responsabilidade da Geral<br />
Eletro, de Caxias do Sul. Ainda não há previsão<br />
de data para lançamento do produto.<br />
Pelo diagnóstico de Jones, o grande mérito do programa<br />
Energia <strong>Mais</strong> passa pela mudança da percepção<br />
de rivalidade entre empresas do segmento que,<br />
inclusive, podem ter expertises complementares,<br />
como no caso de suas parceiras. Krieger lembra que<br />
no Estado existe uma cultura acirrada de competição<br />
entre empresas, que está, aos poucos, dando<br />
espaço à cultura da colaboração. “Quando se fala<br />
de uma mudança cultural não é por uma visão romantizada<br />
de colaboração, é uma necessidade, à<br />
medida que o empresário observa que há ganhos<br />
nela”, enfatiza.<br />
Rede Colaborativa<br />
Ponto importante dos projetos coletivos é que<br />
cada empresa inserida tem liberdade de dosar a<br />
sua participação e o seu grau de comprometimento<br />
com o objetivo do projeto, segundo Krieger.<br />
Por vezes, a interação entre os participantes é tão<br />
positiva que, a partir do projeto, desenvolvem-<br />
-se parcerias capazes de gerar novos produtos e<br />
serviços complementares ao portfólio inicial das<br />
empresas.<br />
A Rede Cooperada Brasil Solar nasceu a partir do<br />
projeto Energia <strong>Mais</strong> e, hoje, está em mais de 50 cidades<br />
do Estado, representada por sete empresas<br />
interligadas para a expansão de seus negócios. O<br />
empresário Igor Cunha, da empresa integrante da<br />
rede Bonsai Energia Solar, relata que desde 2016<br />
tem contato com os projetos do <strong>Sebrae</strong> RS. No<br />
ambiente do projeto, a rede nasceu por iniciativa<br />
dos próprios empreendedores. “Percebemos que<br />
o mercado estava ficando cada vez mais competitivo<br />
e decidimos nos juntar para aumentarmos o<br />
nosso potencial”, relata Cunha.<br />
sável pela elaboração do projeto, Vinicius Ayrão,<br />
ministrou uma série de palestras sobre a norma,<br />
que deve ir a consulta pública em breve.<br />
Outro encontro focado em aperfeiçoamento de<br />
técnicas foi realizado em Santa Maria, no final do<br />
mês de março. Nele, os engenheiros discutiram as<br />
possibilidades de proteção contra raios em instalações<br />
fotovoltaicas. A rede conta com escritórios em<br />
nove cidades do Estado, o que amplia suas possibilidades<br />
de qualificação de profissionais, além de<br />
aumentar o alcance de suas ações de marketing e<br />
seu relacionamento com fornecedores de equipamentos.<br />
“Se isso não aumenta a competitividade,<br />
não sei o que poderia ajudar”, conclui.<br />
“Não é somente<br />
uma questão de<br />
volume e valor de<br />
compra; como<br />
estamos juntos,<br />
conseguimos<br />
negociar melhores<br />
condições.”<br />
IGOR CUNHA<br />
Empresário da rede<br />
Bonsai Energia Solar<br />
“Quando se fala de<br />
uma mudança cultural<br />
não é por uma visão<br />
romântica de<br />
colaboração, é uma<br />
necessidade, à medida<br />
que o empresário<br />
observa que há<br />
ganhos nela.”<br />
FÁBIO KRIEGER<br />
Gerente de Indústria, Comércio<br />
e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
Com essa união, os empresários fortaleceram as<br />
suas marcas e mudaram seu relacionamento com<br />
fornecedores. “Não é somente uma questão de<br />
volume e valor de compra, como estamos juntos<br />
conseguimos negociar melhores condições”, explica<br />
Cunha. Ele enfatiza que os membros da rede<br />
conseguem garantir reposição imediata de alguns<br />
equipamentos para seus clientes graças a acordo<br />
firmado com fornecedores para que haja aparelhos<br />
disponíveis até que questões de garantias<br />
sejam resolvidas.<br />
Preocupada em qualificar seus profissionais, a<br />
Rede Cooperada Brasil Solar investe em treinamentos.<br />
Em parceria com o <strong>Sebrae</strong> RS, nos dias<br />
16 e 17 de março, engenheiros ligados ao grupo<br />
e demais participantes do programa Energia <strong>Mais</strong><br />
estiveram reunidos em Porto Alegre para debater<br />
as novas resoluções de instalações fotovoltaicas.<br />
Na oportunidade, o membro da ABNT e respon-<br />
22 23
CAPA<br />
Micro e pequenas<br />
empresas compõem mais<br />
de 99,4% do segmento,<br />
que tem atuação do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS em todos<br />
os seus elos<br />
Hora de apostar na<br />
cadeia<br />
da saúde<br />
A cadeia produtiva da saúde movimenta cerca de<br />
10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil.<br />
A maior fatia deste número é fruto de desembolsos<br />
do segmento privado, que correspondem a 56% dos<br />
investimentos, contra 44% provenientes das três<br />
esferas do poder público. Os grandes players desse<br />
mercado, em geral, são os hospitais, com participação<br />
significativa nesses valores.<br />
Como em outras cadeias, as maiores empresas do<br />
setor são bastante dependentes das menores – ainda<br />
mais em um contexto no qual 99,4% do segmento<br />
é composto por micro e pequenas empresas (MPE),<br />
como no caso da saúde, de acordo com a Relação de<br />
Informações Sociais (Rais), pesquisa realizada pelo<br />
Ministério do Trabalho. Ainda assim, esses negócios<br />
não estão próximos aos grandes players somente<br />
para servi-los, uma vez que também revolucionam<br />
processos e aprimoram metodologias utilizadas pelos<br />
grandes.<br />
O Rio Grande do Sul, nesse contexto, apresenta o terceiro<br />
maior índice de leitos hospitalares por mil habitantes<br />
no País. Além disso, é o quarto estado com<br />
maior número de médicos, sendo 2,37 profissionais<br />
para cada mil habitantes, segundo o Conselho Federal<br />
de Medicina (CFM). Quase 61 mil empresas ligadas<br />
ao segmento são responsáveis por mais de 300 mil<br />
empregos diretos.<br />
O <strong>Sebrae</strong> RS tem como objetivo integrar esses agentes.<br />
“Estamos há dois anos com atuação na área da<br />
saúde, com programas de desenvolvimento em todos<br />
os seus elos”, relata a técnica da Gerência de Indústria,<br />
Comércio e Serviços, Ana Paula Rezende. Nesse<br />
24 25
CAPA<br />
período, o <strong>Sebrae</strong> RS vem aprimorando conhecimentos<br />
e especializando seu corpo técnico para atuação<br />
focada em iniciativas nos setores de indústria, serviços<br />
e comércio.<br />
A carteira, relativamente nova para a entidade, apresenta<br />
grande potencial de expansão no Rio Grande<br />
do Sul, uma vez que o Estado é o segundo polo hospitalar<br />
do País. A Capital, com seus 33 hospitais, por<br />
outro lado, não é o único município com importante<br />
núcleo hospitalar – com igual potencial de desenvolvimento,<br />
cidades como Passo Fundo, Santa Maria,<br />
Caxias do Sul e Pelotas têm destaque. O Estado conta,<br />
atualmente, com cerca de 380 estabelecimentos<br />
hospitalares, entre públicos e privados, distribuídos<br />
por 274 dos 496 municípios.<br />
Com o Projeto Conexão Saúde, programa voltado ao<br />
desenvolvimento de micro e pequenas indústrias da<br />
Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Sinos<br />
e Serra Gaúcha, o <strong>Sebrae</strong> RS busca promover a aproximação<br />
comercial e a geração de negócios junto ao<br />
mercado de atuação dessas empresas do setor produtivo.<br />
No setor do Comércio, a organização atua a<br />
partir de redes de cooperação, nas quais empresas<br />
com afinidades juntam-se para atingirem objetivos<br />
em comum – como redes de farmácias tradicionais e<br />
de manipulação, além de redes de laboratórios clínicos<br />
e de imagem –, que se aproximam para conquistar<br />
poder de negociação em condições de pagamento<br />
e melhora de preço de compra de sua mercadoria.<br />
Esse programa tem uma abordagem personalizada a<br />
partir dos anseios de cada grupo de empresários.<br />
“Já no setor de serviços está o maior número de micro<br />
e pequenas empresas fomentadas pelos grandes<br />
players, como hospitais e operadoras de planos de<br />
saúde”, ressalta Ana Paula. Nesse elo também se destaca<br />
a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS especialmente junto a<br />
instituições de longa permanência para idosos e atividades<br />
de apoio especializado à saúde, além dos segmentos<br />
mais tradicionais, como laboratórios, clínicas<br />
médicas e demais serviços de apoio ligados à saúde.<br />
Cluster de Tecnologia para Saúde RS<br />
O Projeto para o desenvolvimento do Setor da Saúde é uma iniciativa do governo<br />
do Estado que reúne os principais agentes públicos e privados, entre<br />
empresas, universidades, parques tecnológicos e outras instituições – as quais<br />
dedicam esforços, sem recursos financeiros externos, para desenvolver trabalho<br />
de prospecção para a cadeia. A iniciativa, que tem como um dos seus principais<br />
parceiros o <strong>Sebrae</strong> RS, foi firmada a partir de acordo entre o governo gaúcho e<br />
o Instituto Central de Engenharia Biomédica da Alemanha (ZiMT).<br />
Conexão Saúde<br />
O programa é voltado para micro e pequenas indústrias da Região Metropolitana de Porto<br />
Alegre, Vale do Sinos e Serra Gaúcha que produzam máquinas, equipamentos, artigos,<br />
utensílios, produtos e soluções relacionadas à cadeia produtiva da saúde. A intenção desse<br />
projeto é desenvolver essas indústrias, preparando-as comercialmente e promovendo<br />
a conexão às oportunidades de mercado a que, dificilmente, empresas de pequeno porte<br />
teriam acesso – como contato direto com hospitais de referência. O Conexão Saúde é uma<br />
iniciativa do <strong>Sebrae</strong> RS que tem como parceiros o Cluster de Tecnologias para a Saúde do<br />
Estado e a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos,<br />
Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), com apoio do Sindicato dos Hospitais e<br />
Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA).<br />
StartupRS Health<br />
Programa que objetiva validar novos modelos de negócios de startups digitais na área de<br />
saúde, bem como preparação para vendas, aproximação com a cadeia da saúde e acesso<br />
a investimentos. Dentro do escopo do projeto está o acompanhamento de tendências de<br />
mercado, regulamentação do setor, marketing digital e de vendas, além da preparação<br />
para pitch – apresentação de produto para investidores e clientes. O projeto também trabalha<br />
com consultorias individuais e de acompanhamento com a Grow+ Aceleradora de<br />
Startups Premium.<br />
26 27
CAPA<br />
CADEIA DA SAÚDE<br />
Indústria<br />
Comércio<br />
Serviços<br />
Indústria<br />
farmacêutica<br />
Distribuição de<br />
medicamentos<br />
SERVIÇOS<br />
COMPLEMENTARES<br />
Serviços móveis<br />
de atendimento<br />
PROMOÇÃO<br />
DO BEM-ESTAR<br />
Residencial<br />
geriátrico<br />
Clínica de exames<br />
diagnósticos<br />
Atuação do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS<br />
Produção de<br />
próteses e<br />
órteses<br />
Drogarias e<br />
farmácias<br />
Assistência<br />
social<br />
337 hospitais<br />
no Estado<br />
Serviços de apoio<br />
ligados à saúde<br />
Academias<br />
Equipamentos<br />
médicos<br />
Lojas<br />
especializadas<br />
Operadoras de<br />
planos de saúde<br />
Atividades<br />
especializadas de<br />
apoio à saúde<br />
Transversalidade com a<br />
cadeia de TI<br />
O dia de um complexo hospitalar envolve diversos pequenos<br />
e grandes problemas que dificultam o seu bom<br />
andamento. Sanar estas adversidades, muitas vezes, só<br />
é possível com o envolvimento de outras cadeias de<br />
valor, como a da Tecnologia da Informação, que tem<br />
potencial de desenvolver soluções inovadoras para problemas<br />
cotidianos dos negócios da saúde.<br />
“Isso exige que no <strong>Sebrae</strong> RS também tenhamos uma<br />
atuação transversal, unindo startups e empresas de<br />
tecnologia da informação com foco na área de saúde<br />
com hospitais e outras empresas consolidadas no<br />
mercado”, afirma a Coordenadora dos Programas de<br />
TI e Startups do <strong>Sebrae</strong> RS, Débora Chagas. Ela lembra<br />
que, por vezes, empresas pequenas e startups não têm<br />
acesso facilitado a grandes players.<br />
Com a finalidade de conectar esses pequenos negócios<br />
a problemas reais de mercado, o <strong>Sebrae</strong> RS desenvolveu<br />
um método conhecido como Startup Lab <strong>Sebrae</strong>.<br />
A metodologia permite gerar essa aproximação com<br />
grandes players. Em um formato de 2,5 dias, equipes<br />
de empreendedores da área de TI, negócios e técnicos<br />
como profissionais da área de saúde são estimulados<br />
a criarem soluções importantes para necessidades já<br />
existentes no mercado. Em edição do evento que buscava<br />
atender às demandas do Complexo Hospitalar<br />
Santa Casa de Misericórdia, um dos desafios era o controle<br />
de higienização de mãos nas Unidades de Tratamento<br />
Intensivo (UTI).<br />
A solução foi encontrada pela BeeIT, empresa de TI que<br />
hoje participa do projeto Conexão Saúde. O empreendedor<br />
Sandro Pinheiro explica que a partir de dispositivo<br />
bluetooth implantado no crachá do corpo médico<br />
e também nos dispositivos higienizadores é possível<br />
diagnosticar falhas no processo. A ferramenta foi criada<br />
durante o Startup Lab <strong>Sebrae</strong> – Edição Saúde, e está<br />
em fase de testes. O responsável pela organização do<br />
evento no Hospital, Carlos Klein, que é ligado à área de<br />
pesquisa e desenvolvimento da Santa Casa, comemora<br />
o sucesso da parceria. “Desta maneira agora podemos<br />
“Isso exige que no<br />
<strong>Sebrae</strong> RS também<br />
tenhamos uma atuação<br />
transversal, unindo startups<br />
e empresas de tecnologia<br />
da informação com foco<br />
na área de saúde com<br />
hospitais e outras empresas<br />
consolidadas no mercado.”<br />
DÉBORA CHAGAS<br />
Coordenadora dos Programas<br />
de TI e Startups do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
diagnosticar colaboradores que não cumpram o processo<br />
e encaminhá-los para trabalhos de conscientização”,<br />
relata.<br />
A aproximação com a Santa Casa, onde esse sistema<br />
está instalado, permitiu o desenvolvimento e aperfeiçoamento<br />
da solução – o que levou à consolidação da<br />
BeeIT como empresa no mercado. “O <strong>Sebrae</strong> RS nos<br />
abriu muitas portas que nos levaram a conseguir investimentos<br />
junto ao Badesul para consolidação e divulgação<br />
de nossas soluções”, conta Pinheiro.<br />
Há duas edições a BeeIT participa da Feira Hospitalar de<br />
São Paulo, segunda maior mostra ligada ao segmento<br />
da saúde globalmente, com o apoio dessas entidades.<br />
“Em <strong>2018</strong> iremos para o terceiro ano no estande coletivo<br />
organizado pelo <strong>Sebrae</strong> RS”, comemora Pinheiro.<br />
“Uma startup pequena, dentro de Porto Alegre apenas,<br />
não tem visibilidade”, relata, ao elencar motivos para<br />
participar do evento.<br />
Além do mais, o histórico de participações da empresa<br />
em feiras tem saldo positivo. “Em uma dessas<br />
28 29
CAPA<br />
feiras tivemos contato com a multinacional Sodexo,<br />
que está presente em 80 países, e eles nos selecionaram<br />
para sermos parceiros oficiais na América<br />
Latina para inovação”, comenta o empresário, ao<br />
salientar que o contrato não seria firmado sem o respaldo<br />
da parceria com a Santa Casa na implementação<br />
de seus softwares.<br />
Esse é um dos objetivos do trabalho do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
junto a esses negócios. “Essa é a nossa intenção,<br />
uma micro ou pequena empresa passou atuar na cadeia<br />
da saúde, auxiliando no desenvolvimento de empreendimentos<br />
ligados à área”, enfatiza Ana Paula.<br />
A vez das startups<br />
O avanço tecnológico imprime a necessidade de<br />
atualizações constantes em práticas tidas como consolidadas<br />
pelos mais diversos setores. No caso da<br />
cadeia da saúde, decisiva para o bem-estar da população,<br />
é ainda mais importante – já que a conexão<br />
com startups é fundamental para o desenvolvimento<br />
de novas soluções que tragam inovações na área.<br />
Com esse norte, a Wbio, que desenvolve equipamentos<br />
e sistemas para a área de saúde, conta com<br />
software que agiliza diagnósticos em exames laboratoriais.<br />
“A análise de um determinado exame, que<br />
antes teria custo de R$ 100 e tempo médio de espera<br />
de duas horas, com o programa fica pronta em 15<br />
minutos e tem custo de R$ 20”, enfatiza o empreendedor<br />
Lucas Sperb, responsável pelo projeto.<br />
Recentemente os empreendedores da Wbio foram<br />
destaques do programa StartupRS Health do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS, que fomenta a resolução de problemas<br />
reais da cadeia da saúde. Sperb relata que os trabalhos<br />
realizados junto ao <strong>Sebrae</strong> RS, bem como a consultoria<br />
prestada pela Grow+, foram decisivos para o<br />
sucesso da empresa. “Sou biomédico, não tenho experiência<br />
na área de negócios, e com o programa fui<br />
entendendo aos poucos como tudo funcionava”, diz.<br />
As ferramentas utilizadas pelo programa, por outro<br />
lado, garantiram o destaque da startup. A blockchain,<br />
tecnologia utilizada que garante a precisão da análise<br />
do exame, é a mesma que garante o sucesso de transações<br />
monetárias. Desta maneira, o diagnóstico é<br />
assegurado com 95% de precisão, sendo necessário<br />
que o técnico apenas ateste o resultado. Além disso, a<br />
empresa é pioneira ao lançar a primeira criptomoeda<br />
ligada à saúde. Ela é empregada nas transações em<br />
decorrência do uso do software.<br />
O produto está em fase experimental em hospital<br />
do Estado, mas ainda passa por regulamentação.<br />
O próximo passo para a WBio é participar do programa<br />
StartupRS Scale, que objetiva trabalhar a escala<br />
de vendas com foco comercial. A técnica da Gerência<br />
de Indústria, Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />
Ana Paula Rezende, salienta que os desafios na área<br />
da saúde são diversos. “Questões como o envelhecimento<br />
populacional – os idosos são o grupo ocupacional<br />
que mais cresce e quase triplicou de 1980<br />
a 2000 –, além de dificuldades na área de ensino e<br />
pesquisa e até mesmo falta de integração entre os<br />
elos do setor”, elenca. Neste sentido, a atuação da<br />
entidade junto ao segmento se faz ainda mais indispensável.<br />
“Além de cuidar da saúde das pessoas é<br />
importante cuidar da saúde das empresas, garantindo<br />
a competitividade e sua manutenção no mercado”,<br />
conclui.<br />
“Além de cuidar da<br />
saúde das pessoas é<br />
importante cuidar da<br />
saúde das empresas,<br />
garantindo a<br />
competitividade e<br />
sua manutenção no<br />
mercado.”<br />
ANA PAULA REZENDE<br />
Técnica da Gerência de Indústria,<br />
Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
30 31
ENTREVISTA<br />
Desenvolvimento<br />
é resultado de um<br />
esforço coletivo<br />
Entrevista com Fábio Antoldi, professor<br />
da Alta Escola de Empresa e Sociedade<br />
da Universidade Católica de Milão (ALTIS)<br />
O italiano Fábio Antoldi, professor da<br />
Alta Escola de Empresa e Sociedade da<br />
Universidade Católica de Milão (ALTIS),<br />
é um defensor da união de empresas,<br />
sociedade e poder público pelo desenvolvimento<br />
territorial. Desde 2016,<br />
ele apoia o <strong>Sebrae</strong> RS na execução do<br />
Programa LIDER - Liderança para o Desenvolvimento<br />
Regional nas regiões da<br />
Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Rio<br />
Grande do Sul. Nesta entrevista à revista<br />
<strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong>, ele compara o trabalho<br />
de desenvolvimento territorial realizado<br />
na Itália com o que está sendo executado<br />
aqui e projeta crescimento para<br />
aquela região do Rio Grande do Sul.<br />
Comparativamente, quais as semelhanças<br />
entre o trabalho de desenvolvimento<br />
regional realizado na Itália e este aqui<br />
no Rio Grande do Sul?<br />
Fábio Antoldi: Há muitas ligações históricas entre<br />
a Itália e o Rio Grande do Sul, principalmente<br />
no que se refere à imigração, mas existem também<br />
muitas diferenças, não apenas em relação à<br />
natureza, mas à história e na conformação territorial.<br />
No Rio Grande do Sul temos 10,8 milhões de<br />
habitantes e na Itália temos mais de 60 milhões<br />
de habitantes. Esse número já nos mostra uma<br />
densidade populacional completamente diferente.<br />
A Itália é composta de um conjunto de inúmeras<br />
cidades e vilarejos de pequenas dimensões,<br />
mas todos próximos uns dos outros. Em algumas<br />
zonas do Rio Grande do Sul, entre as quais<br />
a região da Fronteira Oeste, passam 60, 70, 100<br />
quilômetros antes de encontrarmos uma cidade<br />
ou vilarejo. Isto modifica o conceito de território<br />
e povos de colaboração. Além disso, a Itália teve<br />
uma fase de desenvolvimento econômico muito<br />
intenso no século passado, nos anos 60, portanto<br />
é uma estrutura econômica consolidada, rica de<br />
empresas, de associações empreendedoras, rica<br />
de espírito empreendedor. O Brasil está vivendo,<br />
nos últimos 20 anos, um percurso de crescimento.<br />
Logo, historicamente, estamos em duas situações<br />
diferentes.<br />
Por meio do Programa LIDER estamos procurando<br />
trazer para cá a experiência de iniciativas,<br />
projetos e também de estrutura de toda a Europa;<br />
construindo, acima de tudo, consciência do protagonismo<br />
das comunidades quando assumem<br />
o desenvolvimento do próprio território. Anterior<br />
ainda às políticas, aos planos de ação, à infraestrutura<br />
para o desenvolvimento, é preciso criar<br />
um sentimento comum nas pessoas para que<br />
assumam em conjunto a trajetória de desenvolvimento.<br />
Considerando o cenário político, econômico<br />
e cultural do Rio Grande do Sul, é<br />
possível projetar um ambiente de desenvolvimento<br />
local a curto prazo?<br />
Fábio Antoldi: O Estado vive uma situação de crise,<br />
e há vantagens e desvantagens em relação a<br />
isso. Comecemos com as desvantagens: obviamente<br />
existem menos postos de trabalho e menos<br />
riqueza. Mas há vantagens, como o fato de<br />
as pessoas perceberem um clima de urgência – a<br />
necessidade de ajudarem umas às outras para encontrarem<br />
uma solução compartilhada. Portanto,<br />
a noção de desafio, a noção de emergência que<br />
se percebe coletivamente, porque se experimenta<br />
o sofrimento, é um bom incentivo para dar início a<br />
um processo coletivo de desenho do futuro.<br />
Algumas cadeias produtivas foram menos afetadas<br />
pela crise econômica. A parte Sul do Rio Grande<br />
do Sul, tendo muita agropecuária, tipicamente<br />
um produto que sofre menos com a crise, é uma<br />
boa base de partida para construir um percurso de<br />
desenvolvimento. É por isso que as lideranças do<br />
Rio Grande do Sul elegeram esse segmento como<br />
ponto de partida do Programa LIDER através de<br />
um projeto-piloto. Está se trabalhando com a carne,<br />
o leite e com o turismo, já que ali há um grande<br />
potencial ligado à natureza e à história.<br />
32 33
ENTREVISTA<br />
Dentro desse contexto, qual a perspectiva<br />
de desenvolvimento para aquela região?<br />
Fábio Antoldi: O que se percebe, para quem, como<br />
eu, vem de fora e encontra nesse momento a gente<br />
do Rio Grande do Sul mobilizada, é que as lideranças,<br />
desde 2015, ativaram um percurso virtuoso de<br />
mobilização social, por meio da primeira fase do<br />
projeto, nas três diferentes regiões. O <strong>Sebrae</strong> RS<br />
fez um ótimo trabalho de envolvimento dos atores<br />
locais, de diálogo e de discussão. Foram criadas<br />
relações entre as pessoas e são elas que carregam<br />
históricos de empreendedorismo e de responsabilidade<br />
em associações políticas, como prefeitos,<br />
responsáveis por associações rurais, de sindicatos<br />
rurais ou de comerciantes, etc.<br />
Nós, agora, estamos intervindo, efetivamente, com<br />
percursos de desenvolvimento econômico ligados<br />
às cadeias de valor; trabalhando sobre essa construção<br />
social muito forte e sobre essas expectativas<br />
de mudanças. É um caminho lento e difícil porque<br />
diz respeito à construção de relações entre as pessoas<br />
e abertura da mente. Por se tratar de uma área<br />
rural, a região é prevalentemente menos exposta em<br />
comparação às áreas metropolitanas à vivacidade<br />
cultural, à ideia de mudanças, à contaminação de<br />
gêneros de pessoas, etc. No entanto se respira um<br />
clima muito positivo. Agora estamos na fase do “fazer”,<br />
e, para fazer, o <strong>Sebrae</strong> RS e todo o sistema<br />
de governo estão se munindo de instrumentos e de<br />
organismos que possam passar para a fase de elaboração<br />
e implementação dos planos de mudança.<br />
Especificamente sobre o trabalho do <strong>Sebrae</strong>,<br />
como o senhor está percebendo<br />
esse trabalho de desenvolvimento daquela<br />
região?<br />
Fábio Antoldi: O <strong>Sebrae</strong> RS está planejando, levando<br />
adiante todo esse movimento, porque é portador<br />
de competências específicas sobre o desenvolvimento<br />
econômico e territorial e goza de uma<br />
reputação muito forte junto às lideranças locais.<br />
É normal que existam interesses divergentes entre<br />
as instituições, entre as pessoas nos territórios,<br />
nas nossas comunidades, nas nossas vidas comuns,<br />
nas nossas famílias. É importante, portanto,<br />
ter uma entidade de referência, como é o <strong>Sebrae</strong>,<br />
capaz de convocar as instituições, convocar as<br />
pessoas e fazê-las sentar-se à mesma mesa de diálogo.<br />
Então, sem o <strong>Sebrae</strong> RS esse trabalho não<br />
teria sido iniciado.<br />
E como as micro e as pequenas empresas<br />
podem se inserir nesse contexto de desenvolvimento<br />
territorial, local, que está<br />
sendo trabalhado?<br />
Fábio Antoldi: O envolvimento das empresas, em<br />
alguns casos, é direto, porque os empresários estão<br />
nos grupos de trabalho e desde o início levaram<br />
suas expectativas, suas esperanças, suas dificuldades<br />
e seus problemas ao Programa. Sendo assim,<br />
as micro e pequenas empresas não serão apenas as<br />
beneficiárias, mas as protagonistas desse desenvolvimento.<br />
Serão envolvidas por vezes em grupos, por<br />
vezes individualmente e darão a sua contribuição.<br />
Isso apoiado por experts do território, como as Universidades,<br />
os centros de pesquisa e de serviços, e<br />
também apoio externo, já que alguns projetos precisarão<br />
de consultoria externa especializada e que o<br />
<strong>Sebrae</strong> RS está colocando à disposição.<br />
Qual a percepção sobre os grupos de governança,<br />
que iniciaram as atividades no<br />
fim do ano passado?<br />
Fábio Antoldi: A percepção foi muito positiva, porque<br />
foi um passo adiante no programa, passando<br />
do processo de diálogo para a etapa operacional. Foi<br />
quando de fato os grupos começaram a trabalhar e<br />
deram início à produção dos projetos. É uma fase<br />
crítica, porque há uma promessa que não pode ser<br />
traída. Porém, todos contribuíram, as universidades<br />
estão fortemente envolvidas, expostas com seus reitores,<br />
as duas Embrapas, que têm na área de agropecuária<br />
e a outra do Bioclima Pampa, e os centros<br />
de pesquisa. Em suma, diria que tudo isso serviu para<br />
definir que deste momento em diante se trabalha concretamente<br />
e não mais simplesmente se confrontando<br />
a respeito de uma visão, uma missão.<br />
Existe uma relação entre a hélice tríplice e<br />
essa região?<br />
Fábio Antoldi: Certamente. O modelo da hélice tríplice<br />
versa sobre a possibilidade de transferir e promover<br />
inovações no território. Estas inovações, que são o motor<br />
do desenvolvimento econômico e empreendedor,<br />
derivam da interação entre três almas: o setor público,<br />
as universidades e os centros de pesquisa e as empresas,<br />
não só as micro e pequenas, mas as grandes<br />
também. Resumindo: temos o <strong>Sebrae</strong>, que, por meio<br />
do Programa LIDER, criou uma adicional possibilidade<br />
para que esses três componentes da hélice tríplice<br />
possam trabalhar pelo território.<br />
Entenda o Programa LIDER<br />
O Programa LIDER foi implementado pelo <strong>Sebrae</strong> RS com o objetivo<br />
estimular o desenvolvimento das regiões Campanha, Fronteira<br />
Oeste e Sul, cuja economia representa 10,6% do PIB do Rio Grande<br />
do Sul, por meio de suas lideranças. Teve início em abril de 2015,<br />
e em cada uma das regiões, grupos compostos por representantes<br />
dos setores público e privado e terceiro setor foram estimulados<br />
a elencar as prioridades locais para, juntos, construírem um plano<br />
de desenvolvimento regional. Toda esta caminhada foi orientada<br />
pela metodologia desenvolvida pelo <strong>Sebrae</strong> em oito encontros de<br />
desenvolvimento grupal e planejamento. Em 2016, o trabalho teve<br />
continuidade em encontros bimestrais de acompanhamento e monitoramento<br />
de resultados. No ano passado, o LIDER atingiu sua<br />
etapa de maturidade e execução.<br />
34 35
EMPREENDEDORISMO<br />
Cursos online<br />
e gratuitos<br />
para empreendedores<br />
Videoaulas com especialistas, e-books,<br />
infográficos e conteúdos práticos acessíveis<br />
por smartphones podem fazer a diferença<br />
para aqueles que buscam aperfeiçoamento,<br />
mesmo na correria diária<br />
Conhecer um pouco da realidade dos empreendedores<br />
do Vale do Silício, encontrar novas ferramentas<br />
e, até mesmo, entender o funcionamento de<br />
toda uma cadeia – essas possibilidades podem criar<br />
diferenciais nos mais diversos negócios e são viáveis<br />
a partir da plataforma de e-learning do <strong>Sebrae</strong><br />
RS. Neste ano, dez novos cursos foram lançados<br />
e outros 28 seguem disponíveis no portal (www.<br />
sebrae-rs.com.br). Com temas como organização,<br />
pessoas, mercado e vendas, inovação, cooperação,<br />
empreendedorismo e finanças, as soluções são<br />
gratuitas e contam com materiais de apoio, como<br />
e-books, infográficos e outras ferramentas.<br />
A responsável pelo projeto de Educação a Distância<br />
na organização, Marie Christine Fabre, explica que,<br />
nos últimos dois anos, o <strong>Sebrae</strong> RS tem se voltado<br />
à criação de cursos online com foco prático que<br />
possam impactar o dia a dia dos empreendedores.<br />
“São cursos baseados em videoaulas com especialistas,<br />
complementadas com depoimentos de empreendedores<br />
dentro dos seus próprios negócios,<br />
para transportar o espectador àquela realidade”, enfatiza.<br />
Assim, o formato de aprendizagem torna-se<br />
dinâmico, com média de seis horas de duração, que<br />
podem ser assistidas por qualquer meio digital, inclusive<br />
por dispositivos móveis, como smartphones<br />
e tablets, já que a plataforma é responsiva.<br />
Marie esclarece que o dinamismo aplicado às soluções<br />
é uma exigência da rotina acelerada dos empresários.<br />
“Facilitar acesso ao aprendizado é uma<br />
necessidade em expansão, visto que, muitas vezes,<br />
o empreendedor é sozinho na gestão de sua empresa”,<br />
lembra. Quem dita a velocidade com que<br />
as lições serão tomadas é o próprio aluno, uma<br />
vez que elas podem ser pausadas e recuperadas<br />
quando for mais conveniente, respeitando o prazo<br />
máximo de 15 ou 30 dias para a finalização de cada<br />
curso. “São aulas leves que podem ser assistidas<br />
no intervalo do almoço ou entre um cliente e outro”,<br />
comenta Marie.<br />
36 37
EMPREENDEDORISMO<br />
EMPREENDEDORISMO<br />
Vale do Silício:<br />
inspire-se para inovar<br />
EMPREENDEDORISMO<br />
Zoom no<br />
Cliente<br />
O curso “Vale do Silício: inspire-se para inovar”<br />
foi desenvolvido em modelo de entrevistas com<br />
empresários da região do Vale do Silício, nos Estados<br />
Unidos. A técnica da Gerência de Soluções<br />
do <strong>Sebrae</strong> RS, responsável por sua implementação,<br />
Tanara Souza, explica que, em duas horas-<br />
-aula, o empreendedor possui contato com micro<br />
e pequenas empresas da região, conhecida como<br />
a mais inovadora em seus negócios. “A ideia é<br />
de inspiração, observando a prática diária desses<br />
empresários, com suas percepções e ações<br />
nas quais é possível realizar a reflexão de como<br />
estamos atuando, buscando o diferencial e proporcionando<br />
experiência para nossos clientes”,<br />
comenta.<br />
A abordagem do curso é a partir da ótica de diferenciação<br />
de cinco negócios de abordagem inicialmente<br />
tradicional: dois cafés, uma lavanderia,<br />
um restaurante e uma casa de chás. “Por vezes a<br />
inovação nem precisa ir para o lado da tecnologia<br />
ou de um grande aporte de valores. A lavanderia<br />
estudada identificou que ter um ambiente agradável<br />
e confortável, com acesso a wi-fi, comercializando<br />
café, aumentaria a demanda do local”,<br />
relata Tanara. Ao final das lições, os empresários<br />
são convidados a preencher a ferramenta de canvas<br />
de persona, que instiga a inserção de novas<br />
possibilidades em um modelo de negócio.<br />
O curso Zoom no Cliente: como criar valor<br />
para o mercado tem como objetivo instigar a<br />
reflexão sobre a forma de se relacionar com<br />
o cliente e entregar valor a ele. “A atenção do<br />
curso é voltada para a inovação em modelos<br />
de negócio, a reflexão de qual modelo de sucesso<br />
deve ser adequado à realidade de cada<br />
empreendimento, bem como a experimentação<br />
para identificar a melhor tomada de decisão”,<br />
explica Tanara Souza, técnica da Gerência de<br />
Soluções do <strong>Sebrae</strong> RS. “A intenção é justamente<br />
agregar valor criando conexão entre as<br />
necessidades reais do cliente e o que o produto,<br />
de fato, entrega”, diz.<br />
Em quatro módulos que totalizam duas horas-aula,<br />
o aluno é convidado a refletir sobre<br />
a cultura da inovação e experimentação. “Com<br />
filmes e lições práticas, o curso mostra a importância<br />
de vivenciar ações que acreditamos<br />
que possam criar diferenciais aos negócios”,<br />
ressalta. No último módulo, o empresário<br />
preenche a ferramenta da proposta de valor –<br />
oportunidade de visualização e compreensão<br />
das necessidades e desejos dos clientes para<br />
ocorrer o encaixe, quando a empresa poderá<br />
criar, entregar e capturar valor.<br />
38 39
EMPREENDEDORISMO<br />
360º<br />
Cadeia Produtiva<br />
da Moda<br />
VAREJO DE MODA<br />
O Ponto de Venda<br />
como Experiência<br />
Para os empresários da indústria e varejo de<br />
moda que desejam uma melhor compreensão<br />
sobre essa cadeia produtiva, desde a criação até<br />
a comercialização do produto, passando pela<br />
identidade de marca, o curso 360° – Um Olhar<br />
Sobre a Cadeia de Moda é uma excelente opção.<br />
Lançado no início do ano, mostra como a cadeia<br />
está estruturada, em 12 horas-aula na modalidade<br />
a distância.<br />
O gestor do <strong>Sebrae</strong> RS responsável pela plataforma,<br />
Ivandro Moraes, esclarece que a intenção<br />
do curso é diminuir possíveis lacunas que afetam<br />
o bom andamento da cadeia produtiva, ao<br />
evidenciar os pontos de ligação entre a indústria<br />
e o varejo de moda: “É um curso inteiramente<br />
produzido e filmado no Rio Grande do Sul, com<br />
conteúdo dinâmico e com histórias de marcas<br />
que estão dando certo”.<br />
O conteúdo mescla conceitos teóricos e muita<br />
aplicação prática. “O melhor jeito de mobilizar e<br />
apresentar o que é relevante para o setor é através<br />
da troca de experiências, pelo depoimento<br />
de outros empresários e pela visão da prática”,<br />
avalia Moraes.<br />
Para aqueles empresários que pretendem tornar<br />
suas lojas mais atraentes aos olhos do seu público<br />
e oferecer produtos capazes de despertar desejo<br />
e de atender a suas necessidades, a sugestão<br />
é o curso Varejo de Moda: O Ponto de Venda<br />
como Experiência. “Neste curso apresentamos<br />
ao empresário métodos eficazes para a aplicação<br />
de ferramentas utilizadas na organização do<br />
mix de produtos e na elaboração de estratégias<br />
mercadológicas, além das formas de impulso<br />
para realização das vendas na sua loja”, explica<br />
Ivandro Moraes.<br />
Para melhor apresentação dos conteúdos – que<br />
envolvem gestão visual, pontos de contato, decisão<br />
de compra e experiência de compra –, o curso<br />
foi gravado em quatro lojas: uma de vestuário,<br />
uma de calçados, uma sob medida e uma de<br />
acessórios. Apresenta também quatro histórias<br />
de empresárias que tiveram sucesso na elaboração<br />
de estratégias para oferecer melhor experiência<br />
de compra aos seus clientes, tornando o<br />
visual de suas lojas mais atrativo e competitivo.<br />
40 41
EMPREENDEDORISMO<br />
GASTRONOMIA<br />
Engenharia de Cardápio<br />
As soluções digitais do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
também estão disponíveis para o setor<br />
da gastronomia. Por meio do curso Engenharia<br />
de Cardápio, o empresário irá<br />
aprender a elaborar um cardápio capaz<br />
de aumentar sua lucratividade. O curso<br />
apresenta estratégias que podem ser<br />
adotadas para vender os produtos que<br />
trazem maior lucro e técnicas para deixar<br />
o cardápio mais atrativo.<br />
Cristina Correia, responsável pelo<br />
produto no <strong>Sebrae</strong> RS, explica que o<br />
cardápio é o cartão de visitas do restaurante<br />
e uma ferramenta de venda<br />
muito importante, pois pode influenciar,<br />
e muito, o consumo dos clientes.<br />
No entanto, às vezes, não recebe a devida<br />
atenção. “Com um cardápio efetivo<br />
e vendedor é possível aumentar o<br />
ticket médio do restaurante”, explica.<br />
levantamento do custo de cada preparação,<br />
análise de histórico de vendas e<br />
na classificação dos pratos conforme<br />
a metodologia.<br />
Em sua avaliação, o diferencial desse<br />
curso está, justamente, no seu caráter<br />
prático. “Além disso, o empresário<br />
terá acesso a um infográfico, que<br />
sintetiza as principais informações do<br />
curso, e um e-book, com dicas para<br />
produção fotográfica, destinado àqueles<br />
que querem produzir suas próprias<br />
fotos para valorizar o cardápio”, conclui<br />
Cristina.<br />
O curso é composto por videoaulas<br />
com abordagem prática, algumas foram<br />
gravadas dentro de um restaurante,<br />
explicando todo o método utilizando<br />
um case. Com 12 horas-aula,<br />
apresenta o que é e como aplicar o<br />
método Engenharia de Cardápio, disponibilizando<br />
ferramentas para que o<br />
empresário faça download ao longo<br />
do curso. Tais ferramentas auxiliam no<br />
42 43
POLÍTICAS PÚBLICAS<br />
Modificações no teto de<br />
permanência na declaração<br />
simplificada e novas regras<br />
de interligação entre fiscos<br />
precisam de atenção<br />
De olho no novo<br />
Simples<br />
Nacional<br />
As alterações na Lei Geral do Simples Nacional causaram<br />
diversos impactos nas corporações – alguns<br />
deles ainda merecem especial atenção dos empresários.<br />
Além de criar uma faixa transitória para a saída<br />
do regime e alterar as alíquotas de tributação tornando-as<br />
mais vantajosas, a nova legislação também<br />
gerou integração entre os fiscos federal, estadual ou<br />
municipal, que agora contam com maior facilidade<br />
na permuta de informações.<br />
A técnica em gerência de políticas públicas do<br />
<strong>Sebrae</strong> RS Claudia Cittolin avalia que as mudanças<br />
são positivas em termos globais, por outro lado,<br />
conjuntamente, reiteram a necessidade de gestores<br />
e empresários estarem atentos também à área<br />
contábil de suas corporações. “Por vezes se deixa<br />
apenas na mão do contador o conhecimento da parte<br />
fiscal, mas, cada vez mais, é necessário que o empresário<br />
esteja atento a sua escrituração contábil”,<br />
relata Claudia, ao citar a relação de proximidade que<br />
passou a existir entre as três esferas das Fazendas<br />
Públicas – e, assim, poderão checar informações<br />
prestadas em divergência de forma facilitada.<br />
Ainda assim, outras questões devem ser alvo de<br />
atenção dos gestores, conforme o entendimento de<br />
Claudia. A partir deste ano, a legislação elevou o teto<br />
anual de receita bruta de pequenas empresas optantes<br />
pelo regime de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões<br />
– o equivalente à média mensal de R$ 400 mil<br />
em receita. Aquelas que têm faturamento entre estes<br />
valores encontram-se em uma zona de transição tributária<br />
e terão ICMS e ISS recolhidos pelo regime<br />
geral. Os microempreendedores individuais (MEIs)<br />
também tiveram o teto elevado para permanência no<br />
Simples, o valor passou de 60 mil para R$ 81 mil,<br />
ou seja: uma média de ganhos mensais de R$ 5 mil<br />
para R$ 6,75 mil.<br />
Claudia explica que, pela nova regra, a tributação segue<br />
progressiva, mas é preciso estar atento às alterações<br />
nas alíquotas, que passaram por diminuição<br />
no número de faixas, caindo de 20 para apenas seis.<br />
No caso do comércio, o percentual de tributação tem<br />
início em 4% para empresas que obtiveram receita<br />
bruta de R$ 180 mil em 12 meses. A maior incidência<br />
se dá, justamente, na faixa de transição criada<br />
este ano, com 19% de taxação para empresas que<br />
faturam entre R$ 3,6 milhões e R$ 4,8 milhões.<br />
Pelo histórico, esta é a sétima alteração da Lei Geral e<br />
só é menos significativa do que a ocorrida em 2014,<br />
quando houve uma espécie de universalização do<br />
Simples. “As alterações atuais foram criadas justamente<br />
para que as empresas não ficassem estagnadas<br />
nos R$ 3,6 milhões em faturamento e pudessem<br />
passar por um período de adaptação com a carga<br />
tributária”, comenta Cláudia, ao expor o potencial da<br />
legislação em eliminar as barreiras de crescimento<br />
das micro e pequenas empresas.<br />
A legislação, promulgada ainda em 2016, também<br />
contou com alguns dispositivos de vigência imediata,<br />
como o parcelamento de débitos adquiridos em 120<br />
meses que vigorou naquele ano. Além da possibilidade<br />
de fragmentação das dívidas, em 2017 foi criada<br />
a possibilidade de participação de um investidor anjo<br />
em empresas optantes pelo Simples, sem que haja a<br />
possibilidade de desenquadramento, já que o aporte<br />
de capital injetado por esse investidor não integra o<br />
capital social da empresa. A remuneração por seus<br />
aportes e sua porcentagem na distribuição dos lucros<br />
são reguladas pelo contrato de participação, mas não<br />
podem exceder o prazo máximo de cinco anos ou a<br />
porcentagem de 50% dos lucros, respectivamente.<br />
“Por vezes se deixa<br />
apenas na mão do<br />
contador o conhecimento<br />
da parte fiscal, mas, cada<br />
vez mais, é necessário<br />
que o empresário<br />
esteja atento a sua<br />
escrituração contábil.”<br />
CLAUDIA CITTOLIN<br />
Técnica em Gerência de Políticas<br />
Públicas do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
44 45
POLÍTICAS PÚBLICAS<br />
Linha do tempo - Simples Nacional<br />
Criação do Simples Federal, forma simplificada<br />
de recolhimento de tributos que antecedeu<br />
1996<br />
o Simples Nacional. Contemplava microempresas<br />
com faturamento até R$ 240 mil ao<br />
ano e EPPs com limite de faturamento até R$<br />
2,4 milhões ao ano. Criação do Simples Nacional, com extensão<br />
da regra para algumas atividades de serviços<br />
2006<br />
– entrou em vigor a partir de 2007.<br />
Alteração da Lei Complementar nº 123/2006<br />
para tratar de assuntos como a exclusão das<br />
empresas optantes que omitem da folha de<br />
pagamento da empresa ou de documentos<br />
informações previdenciárias, trabalhistas ou<br />
tributárias do trabalhador avulso ou contribuinte<br />
individual que lhe preste serviço.<br />
Aumento do limite de faturamento anual do<br />
Simples, em vigor a partir de 01/01/2012,<br />
para MEI (R$ 48 mil anuais), ME (R$ 360 mil<br />
anuais) e EPP (R$ 2,4 milhões para R$ 3,6<br />
milhões anuais).<br />
Aumento do limite de faturamento anual do<br />
Simples, em vigor a partir de janeiro deste<br />
ano, e limite de faturamento da MEI expandido<br />
de R$ 60 mil para R$ 81 mil ao ano e EPP<br />
de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões ao<br />
ano. Mudança nas tabelas do Simples, com a<br />
inserção de alíquotas progressivas, tal como<br />
no modelo do Imposto de Renda das Pessoas<br />
Físicas, que suavizam o aumento de impostos<br />
quando a empresa cresce.<br />
2007<br />
2008<br />
2011<br />
2014<br />
2016<br />
2017<br />
Criação do microempreendedor individual,<br />
nova figura jurídica optante do Simples, com<br />
registros válidos a partir de 2009 e limite de<br />
faturamento até R$ 36 mil ao ano.<br />
Redução da substituição tributária sobre<br />
parte dos optantes do Simples e universalização<br />
pela extensão a todas as atividades de<br />
serviços, exceto as vedadas em lei.<br />
Possibilidade de não enquadramento de<br />
investidores anjos sem que haja o risco de<br />
desenquadramento da empresa.<br />
<strong>2018</strong><br />
- Diminuição de 6 para 5 tabelas de tributação;<br />
- Diminuição de 20 para 6 faixas;<br />
- Teto de R$ 4,8 milhões de reais;<br />
- Adoção de alíquotas progressivas, nas quais o acréscimo de tributação somente<br />
se dá com relação ao valor que ultrapassar a faixa de tributação, nos mesmos<br />
moldes do Imposto de Renda Pessoa Física;<br />
- ICMS e ISS para empresas com receita bruta superior a R$ 3,6 milhões se dará<br />
por meio do regime geral;<br />
- Sublimite único do ICMS em R$ 1,8 milhão para estados com participação de até<br />
1% do PIB<br />
Inclusão de fabricantes<br />
de bebidas<br />
Micro e pequenas cervejarias, vinícolas<br />
e produtores de cachaça, bem como<br />
produtores de licores, poderão optar<br />
pelo regime de tributação do Simples<br />
Nacional. Deverão ser registradas no<br />
Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento, bem como obedecer às<br />
normas de Vigilância Sanitária e da Receita<br />
Federal.<br />
Microempreendedor<br />
Individual<br />
Aumento do limite para R$ 81 mil anuais,<br />
uma média de R$ 6.750 mensais.<br />
Também foi criada a possibilidade de<br />
empreendedores do meio rural optarem<br />
pela sistemática do MEI. Além disso,<br />
a regra exclui arquivistas, contadores,<br />
técnicos contábeis e personal trainers<br />
do rol de profissões enquadradas no<br />
Simples <strong>2018</strong>.<br />
Salão Parceiro<br />
Valores repassados a profissional de<br />
beleza contratado por meio de parceria<br />
não integrarão a receita bruta da empresa<br />
contratante para fins de tributação; a<br />
empresa contratante deve fazer retenção<br />
e recolhimento dos tributos devidos<br />
pelo contratado.<br />
Redução do Depósito<br />
Recursal<br />
ME e EPP terão direito a redução do valor<br />
do depósito recursal na Justiça do<br />
Trabalho, na ordem de 50%.<br />
Estímulo à Exportação<br />
por MPE<br />
Optantes do Simples podem se beneficiar<br />
de Regimes Aduaneiros Especiais.<br />
46 47
CASES DE SUCESSO<br />
Colmeia passou de<br />
5 para 500 funcionários<br />
e conquistou sua<br />
internacionalização,<br />
após contato com<br />
o <strong>Sebrae</strong> RS<br />
Sem medo da<br />
expansão<br />
Ultrapassar o limite do Simples Nacional muitas<br />
vezes pode causar algum receio, especialmente<br />
por parte das pequenas empresas que participam<br />
do modelo simplificado de recolhimento de tributos.<br />
No entanto, travar o potencial de investimento<br />
de um negócio pode acabar custando mais caro.<br />
“O empresário precisa entender que tem duas alternativas:<br />
expande ou corre risco de fechar a empresa”,<br />
comenta o diretor comercial da Colmeia<br />
Containers, Julio Delfino, empresa familiar que recentemente<br />
atingiu faturamento superior ao limite<br />
de R$ 4,8 milhões da regra de transição do sistema,<br />
que vigora desde o início do ano.<br />
Mas nem sempre foi este o pensamento de<br />
Delfino, que precisou encarar o mercado para criar<br />
esta consciência. O empresário tornou-se taxativo<br />
quanto às alternativas empresariais por um motivo:<br />
ao se deparar com possibilidades de crescimento<br />
foi relutante, mas acabou compreendendo que<br />
o futuro da Colmeia dependia da perda do que ele<br />
próprio reconhece como medo de expansão. “Meu<br />
pai é engenheiro e acabou se envolvendo em uma<br />
obra em São Paulo, pela qual começamos a vender<br />
contêineres utilizados no canteiro”, relata, ao citar<br />
os primeiros passos de crescimento da empresa,<br />
que, até então, era uma pequena loja de materiais<br />
de construção.<br />
Com matriz em Esteio (RS), atualmente a Colmeia<br />
Containers, empresa especializada em módulos<br />
habitáveis e soluções com contêineres para áreas<br />
de alojamentos em canteiros de obras, conta com<br />
filiais em Candiota (RS) e Tanguá (RJ), além de um<br />
escritório no Uruguai voltado para projetos interna-<br />
48 49
CASES DE SUCESSO<br />
cionais. O empresário relata que<br />
o faturamento mensal do ano<br />
passado se igualou ao valor total<br />
arrecadado em 2015, o que,<br />
em seu entendimento, demonstra<br />
que a empresa chegou “em<br />
outro nível”.<br />
Com fluxo de caixa mais significativo<br />
a partir do novo modelo de<br />
negócios, a necessidade de maior<br />
planejamento e profissionalização<br />
tomou forma. Ainda assim,<br />
Delfino e o restante da diretoria<br />
da empresa relutaram em aceitar<br />
o convite do <strong>Sebrae</strong> RS para participar de um projeto<br />
de capacitação e qualificação de fornecedores da<br />
cadeia de Petróleo e Gás, em parceria com a Petrobras.<br />
“A imagem que tínhamos era de que não seria<br />
proveitoso, achávamos que estávamos bem daquele<br />
jeito, só nós três. Acabamos comparecendo de última<br />
hora à primeira reunião do projeto”, explica.<br />
JULIO DELFINO,<br />
diretor comercial da Colmeia<br />
Containers, participou dos projetos<br />
do <strong>Sebrae</strong> RS e viu sua empresa<br />
crescer, com faturamento excedendo<br />
os limites do Simples Nacional<br />
A partir daí os planos da empresa começaram a tomar<br />
forma. Delfino relata que, à época, houve muita<br />
demanda da cadeia do petróleo que estava a pleno<br />
vapor no Estado. “Com o apoio do <strong>Sebrae</strong> RS começamos<br />
a aprimorar nossos controles financeiros,<br />
aprendemos noções de fluxo de caixa, como montar<br />
o nosso mark-up, e participamos<br />
de muitas rodadas de<br />
negócios e visitas em feiras”,<br />
relembra o empresário. As capacitações<br />
realizadas no projeto<br />
do <strong>Sebrae</strong> RS incluíram tópicos<br />
como formação de preço de<br />
vendas, noções de marketing,<br />
Gestão de Qualidade, implementação<br />
da ISO 9001, entre outros.<br />
“A cada projeto encarado fomos<br />
percebendo uma evolução importante<br />
da empresa. Para nós<br />
da Colmeia, participar dos projetos<br />
do <strong>Sebrae</strong> era muito mais do<br />
que só aprendizado. Esta organização acreditou no<br />
nosso potencial em todos os momentos. Estiveram<br />
conosco em cada conquista”, relata.<br />
A este ponto, a Colmeia, que já havia participado de<br />
feiras internacionais, entre elas a Feira Industrial de<br />
Hannover, na Alemanha, em 2009, aderiu em 2013<br />
ao QUALIMUNDI (2013/2015), programa de internacionalização<br />
de empresas do <strong>Sebrae</strong> RS. O gestor<br />
da organização Cleverton da Rocha, que acompanhou<br />
a Colmeia durante o programa, detalha o tipo<br />
de assistência recebida pelos empresários. “Nosso<br />
objetivo era formar empresas de classe mundial, ou<br />
“Para nós, da Colmeia, participar dos projetos do <strong>Sebrae</strong> RS era muito<br />
mais do que só aprendizado. Esta organização acreditou no nosso potencial<br />
em todos os momentos. Estiveram conosco em cada conquista.”<br />
seja, oferecer condições para que elas pudessem<br />
ser mais competitivas no ambiente internacional”,<br />
comenta.<br />
A partir das ações do projeto, a diretoria da Colmeia<br />
pôde entender que sua internacionalização não necessariamente<br />
precisaria ter início pela Europa ou<br />
Estados Unidos. “Temos mercado em potencial na<br />
América Latina e outras localidades”, relata. A primeira<br />
oportunidade internacional surgiu em um voo para<br />
o Rio de Janeiro, no qual Delfino cumpriria agenda<br />
em um dos cursos <strong>Sebrae</strong>. “O avião deu problema e<br />
acabei pegando um táxi para o outro aeroporto com<br />
um representante internacional de estruturas militares<br />
que virou meu parceiro de negócios”, conta.<br />
O encontro culminou em um negócio fechado para<br />
exportação de contêineres com finalidade de servirem<br />
de moradia para militares no Haiti. Como um contrato<br />
leva a outro, a empresa foi levada a Montevidéu. “Naquele<br />
ano fechamos um contrato de US$ 1 milhão por<br />
lá”, relata Delfino. Mesmo que a empresa ainda esteja<br />
focada no segmento da Construção Civil, a utilização<br />
do produto é bastante abrangente e chega a servir de<br />
casa para veranistas nas praias do país vizinho.<br />
ao Projeto Energia <strong>Mais</strong> do <strong>Sebrae</strong> RS. O projeto tinha<br />
como objetivo inserir as empresas na cadeia de<br />
energia renováveis e eficiência energética. “A Canteiros<br />
do Sul se inseriu neste projeto pelas características<br />
sustentáveis de seus produtos, questão cara<br />
à cadeia de energia”, relata Rocha.<br />
“As oportunidades estão aí, e nós as aproveitamos”,<br />
afirma Delfino, orgulhoso da trajetória da empresa.<br />
“No início não sabíamos exatamente do que precisávamos,<br />
com o passar do tempo fomos diagnosticando<br />
e ampliando nossa capacidade e maturidade<br />
de gestão. Costumo dizer que, se não fosse o<br />
pessoal do <strong>Sebrae</strong>, a Colmeia, se ainda existisse,<br />
continuaria como uma pequena loja de materiais de<br />
construção.” Assim, a fase de inseguranças da empresa<br />
foi superada. Hoje a Colmeia conta com 500<br />
funcionários e com um faturamento que excede os<br />
limites do Simples Nacional tem planos de expansão.<br />
“O <strong>Sebrae</strong> foi, de verdade, nos tirando o medo<br />
de crescer. Daqui para a frente a Colmeia estará em<br />
outros territórios. Deixamos de ser pequenos, mas<br />
os ensinamentos ficaram”, conclui.<br />
Mas a inquietude e o faro para boas oportunidades<br />
são características de Delfino, que em 2017 voltou a<br />
procurar o <strong>Sebrae</strong> RS, agora de olho nas oportunidades<br />
do mercado de eficiência energética e geração<br />
de energia a partir de fontes renováveis. A Canteiros<br />
do Sul, empresa do Grupo Colmeia, aderiu em 2017<br />
100<br />
Projetos<br />
2<br />
Filiais<br />
500<br />
Funcionários<br />
50 51
SIGA O EXEMPLO<br />
LUANA CASTRO E<br />
ROSANA STEFFENS<br />
A sua Mercê, Porto Alegre<br />
Inovação e tecnologia para<br />
pequenos negócios<br />
Empreendedores de A sua Mercê, Visa<br />
Flex e Prolight Alimentos conseguiram<br />
qualificar processos e produtos com o<br />
apoio do programa <strong>Sebrae</strong>Tec<br />
A empresária Luana Castro sempre se destacou pelo caráter inovador de seus negócios.<br />
Fundadora da Cuca Haus, que exibiu um cardápio diferenciado e inspirado na gastronomia<br />
dos imigrantes alemães, no bairro Santana, na Capital, ela vendeu o negócio para se<br />
lançar em outra criação. Com Rosana Steffens, abriu a padaria e mercearia de produtos<br />
orgânicos A sua Mercê, no mesmo bairro. Depois de aberta ao público, mesmo com<br />
pesado investimento no projeto, as duas empreendedoras se depararam com um concorrente<br />
invisível a corroer ganhos: a energia elétrica. Mesmo com menos equipamentos<br />
em relação ao negócio anterior, a empresa consumia energias e recursos financeiros<br />
proporcionais. “Investi em uma consultoria para revisar um projeto elétrico que era para<br />
ser perfeito mas que, na prática, não resolvia meus problemas. Havia algo errado. Conseguimos<br />
otimizar alguns equipamentos e reduzir a conta de luz, que era nosso principal objetivo”,<br />
explica Luana. O novo consultor mapeou equipamentos, identificou onde poderia<br />
ter redução de curto e longo<br />
prazos e sugeriu ajustes no<br />
processo. Já no primeiro mês<br />
a empresa registrou queda<br />
de 21,92% no consumo em<br />
relação ao anterior, com o direcionamento<br />
do <strong>Sebrae</strong>TEC.<br />
Agora, Luana e Rosana trabalham<br />
na próxima etapa rumo<br />
a uma maior otimização de<br />
recursos para a área tributária.<br />
Elas estudam uma melhor<br />
classificação fiscal da empresa,<br />
o que pode representar<br />
redução na alíquota de ICMS<br />
que incide sobre o insumo.<br />
“Investi em uma consultoria para<br />
revisar um projeto elétrico que era<br />
para ser perfeito mas que, na prática,<br />
não resolvia meus problemas. Havia<br />
algo errado. Conseguimos otimizar<br />
alguns equipamentos e reduzir a<br />
conta de luz, que era nosso<br />
principal objetivo.”<br />
52 53
CASES DE SUCESSO<br />
JOSÉ OLDEMAR LEMOS<br />
Visa Flex, Bento Gonçalves<br />
CARLA RICALDE<br />
Prolight, Porto Alegre<br />
Nelmo e Carla Ricalde são assíduos<br />
demandantes de consultorias do<br />
<strong>Sebrae</strong>TEC a partir da criação da<br />
Prolight Comércio de Alimentos<br />
LTDA. Desde 2015, com auxílio de<br />
consultores indicados eles fizeram<br />
a empresa crescer, se consolidar e<br />
ganhar mercado. O primeiro apoio<br />
veio para estruturar o mix de produtos<br />
da empresa, direcionada a<br />
necessidades alimentares específicas<br />
de dietas restritivas. Assim se<br />
consolidou a Prolight, uma startup<br />
de alimentos funcionais ultracongelados<br />
a vácuo. Após a primeira<br />
consultoria, o casal seguiu com a<br />
diferenciação no mercado de alimentação<br />
funcional e saudável para<br />
todos os tipos de público, e não somente<br />
adeptos fitness. A ideia é dar uma opção prática, saudável e com muito sabor por meio<br />
da tecnologia do ultracongelamento e vácuo, com variedade e flexibilidade na composição dos<br />
cardápios individuais, boa parte planejada com apoio técnico do <strong>Sebrae</strong> RS. Entre as ações<br />
realizadas estiveram a adequação da cozinha às Boas Práticas de Fabricação, requisitos obrigatórios<br />
de preparo e comercialização de produtos e ampliação dos horizontes do negócio.<br />
“Não há como dissociar o nosso crescimento do apoio oferecido por essas consultorias, com<br />
bom custo-benefício e os insights dos consultores envolvidos nos atendimentos”, afirmam<br />
Nelmo e Carla.<br />
Gerenciada por três sócios, a fabricante de móveis infantis Visa Flex, de Bento Gonçalves,<br />
produz berços para crianças, um mercado repleto de exigências de qualidade<br />
e segurança. E para não correr riscos nem colocar clientes em risco, a empresa se<br />
pautou pela busca de certificações a partir de 2013, quando passou de fornecedora<br />
de componentes a fabricante do produto. Ao buscar a consultoria <strong>Sebrae</strong>TEC de qualidade<br />
e normatização do <strong>Sebrae</strong> RS, logo surgiram os primeiros sinais de problema.<br />
Um deles era não ter controles de produção implantados e operar com métodos de<br />
fabricação em desacordo com a padronização exigida. “Os consultores nos pediram<br />
um check list total”, relembra José Oldemar Lemos, um dos sócios da Visa Flex.<br />
O trabalho, que abrangeu a adequação dos processos da empresa para obter a certificação<br />
de berços pelo Inmetro, teve resultado surpreendente. “Os consultores já nos<br />
deram novas sugestões, eles sempre trazem coisas novas”, comemora o empresário.<br />
A fabricante de móveis, apenas seis meses após a padronização, comemorou crescimento<br />
de 200% nas vendas. E, nesse caso, a experiência de Lemos com o processo<br />
ISO foi fundamental. Atualmente,<br />
a marca comercializa<br />
cerca de 300 unidades<br />
de produtos diversos. E o<br />
plano é ultrapassar as mil<br />
peças entregues até o fim<br />
do ano.<br />
A fabricante de móveis, apenas<br />
seis meses após a padronização,<br />
comemorou crescimento de<br />
200% nas vendas.<br />
“Não há como dissociar o nosso<br />
crescimento do apoio oferecido por essas<br />
consultorias, com bom custo-benefício<br />
e os insights dos consultores envolvidos<br />
nos atendimentos.”<br />
FIQUE ATENTO<br />
SOBRE O SEBRAETEC<br />
O Programa <strong>Sebrae</strong>TEC facilita o acesso a serviços de inovação e tecnologia, apoiando atividades<br />
voltadas à melhoria de processos e produtos dos pequenos negócios por meio de<br />
consultorias e soluções nas temáticas de produtividade, design, sustentabilidade, alimentos<br />
e eficiência energética.<br />
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FATOS E FOTOS<br />
O diretor Técnico Ayrton Pinto Ramos representou a<br />
organização na cerimônia de entrega do Prêmio Marcas<br />
de Quem Decide. O <strong>Sebrae</strong> RS foi eleito pela terceira vez<br />
consecutiva como a marca mais lembrada e preferida dos<br />
gaúchos quando o assunto é Apoio ao Empreendedor.<br />
O <strong>Sebrae</strong> RS apoiou a participação de 34 empresas na<br />
Expodireto Cotrijal, e os resultados foram surpreendentes.<br />
Em cinco dias de evento, foram gerados mais de<br />
R$ 18,5 milhões em negócios, R$ 1,9 milhão durante<br />
a feira e R$ 16,5 milhões como expectativa para os<br />
próximos 12 meses. Esta foi a 19ª edição da feira em<br />
Não-Me-Toque.<br />
O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira,<br />
68 anos, é o novo presidente do Conselho Deliberativo<br />
Estadual (CDE) do <strong>Sebrae</strong> RS. A eleição seguida de<br />
posse ocorreu em fevereiro, durante reunião extraordinária<br />
na sede da organização, em Porto Alegre.<br />
Marcio Fernandes, ex-presidente da Elektro, maior<br />
companhia de energia elétrica da América Latina, foi a<br />
grande atração do Seminário Gestão de Pessoas, promovido<br />
pelo <strong>Sebrae</strong> RS em novembro de 2017.<br />
O executivo falou sobre projetos futuros e seu novo<br />
livro “O Fim do Círculo Vicioso”.<br />
Na Couromoda, em janeiro, o estande coletivo do Rio<br />
Grande do Sul contou com 42 empreendedores, que<br />
conquistaram R$ 9,5 milhões em vendas. Foram comercializados<br />
207.836 pares de calçados e realizados<br />
2.282 contatos com compradores. O espaço é uma<br />
parceria entre as ACIs de Novo Hamburgo, Campo<br />
Bom e Estância Velha, a Secretaria do Desenvolvimento<br />
Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e o<br />
Um grupo de empreendedores, apoiados pelo <strong>Sebrae</strong><br />
RS, participou da NRF <strong>2018</strong>, maior feira do varejo<br />
mundial. Além das atividades na feira (palestras e expositores),<br />
os empresários realizaram visitas técnicas<br />
em lojas-referência do varejo americano. O objetivo é<br />
trazer boas práticas e novidade para as lojas gaúchas.<br />
O <strong>Sebrae</strong> RS reuniu a imprensa da Capital e do Interior<br />
do Estado em encontro dia 27 de março, em Porto<br />
Alegre. Na ocasião foram apresentados os principais<br />
resultados de 2017 e as novidades para <strong>2018</strong>.<br />
Em novembro, no município de Bagé, lideranças dos<br />
43 municípios das regiões da Campanha, Fronteira<br />
Oeste e Sul do Estado participaram do encontro do<br />
Programa LIDER. Na ocasião, foram apresentados os<br />
principais avanços e entregas do LIDER.<br />
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FRASES EM DESTAQUE<br />
“São 450 mil microempreendedores individuais,<br />
300 mil microempresas e 92 mil empresas de<br />
pequeno porte no Rio Grande do Sul. São estes<br />
milhares de empreendedores que promovem o<br />
crescimento do nosso Estado, e é para eles que<br />
nós trabalharemos com afinco até o fim desta<br />
gestão.”<br />
GEDEÃO PEREIRA, presidente do Conselho<br />
Deliberativo do <strong>Sebrae</strong> RS.<br />
“Muito além da estrutura e do apoio para se<br />
apresentarem bem na Expodireto, o trabalho<br />
do <strong>Sebrae</strong> RS tem foco na preparação das<br />
pequenas empresas para que efetivem vendas e<br />
estejam no alvo de quem procura por produtos<br />
de qualidade.”<br />
DERLY FIALHO, diretor-superintendente do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
na Expodireto Cotrijal.<br />
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para transformar os resultados da<br />
sua empresa, onde você estiver.<br />
Para o presidente do <strong>Sebrae</strong>,<br />
Guilherme Afif Domingos, as micro e pequenas<br />
empresas representam a força dos empregos.<br />
“O pequeno empresário representa o Brasil real,<br />
o Brasil que continua gerando emprego e renda,<br />
que precisa negociar suas dívidas para continuar<br />
apostando na retomada da economia.”<br />
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GUILHERME AFIF DOMINGOS, presidente do <strong>Sebrae</strong>, analisando o<br />
fato de que os pequenos negócios em fevereiro foram responsáveis<br />
pela geração de 56 mil empregos no País.<br />
“Esse reconhecimento é resultado da<br />
proximidade que construímos, apoiando os<br />
empreendedores e incentivando a<br />
transformação dos pequenos negócios.”<br />
AYRTON PINTO RAMOS, diretor Técnico do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />
ao representar a organização na cerimônia de entrega do<br />
Prêmio Marcas de Quem Decide.<br />
“Unidos somos mais fortes e efetivos na criação<br />
e no fortalecimento de um ambiente mais<br />
empreendedor na região, tradicionalmente<br />
conhecida por sua gente trabalhadora e<br />
inovadora.”<br />
CLAUDIO PEITER, gerente da Regional Serra do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />
comentando sobre encontros que realizou na região para<br />
fortalecer as parcerias.<br />
“Estamos começando como empresa, e as consultorias e<br />
mentorias do projeto foram fundamentais para entendermos<br />
melhor os processos de vendas e de gestão, que permitiram a<br />
criação desse novo sistema.”<br />
LUCAS SPERB, sócio da Wbio, comentando sobre como a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />
está contribuindo, inclusive, no desenvolvimento de outros produtos da empresa.<br />
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