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Revista Mais Sebrae - Maio 2018

A revista Mais Sebrae é uma publicação trimestral do Sebrae RS e destaca as principais novidades e informações sobre empreendedorismo e negócios no Rio Grande do Sul e no Brasil.

A revista Mais Sebrae é uma publicação trimestral do Sebrae RS e destaca as principais novidades e informações sobre empreendedorismo e negócios no Rio Grande do Sul e no Brasil.

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<strong>Maio</strong> <strong>2018</strong><br />

Ano 4 | Nº 10<br />

A REVISTA DO EMPREENDEDOR GAÚCHO<br />

HORA DE APOSTAR NA<br />

CADEIA DA SAÚDE<br />

Como funciona a cadeia produtiva que movimenta cerca de<br />

10% do PIB anual do Brasil e tem atuação do <strong>Sebrae</strong> RS em<br />

todos os seus elos. Pág. 24<br />

Coletividade: Troca de experiências entre<br />

empresários estimula crescimento dos<br />

negócios. Pág. 18<br />

Vitivinicultura ganha força na Fronteira Sul: Segmento<br />

está em plena expansão a partir de seu potencial de<br />

produtividade e de enoturismo Pág. 26<br />

1


*Atendimento gratuito, válido apenas para micro e pequenas empresas.<br />

Agora a gente<br />

vai até você.<br />

Atendimento Especializado* <strong>Sebrae</strong> RS:<br />

orientação para melhorar o desempenho dos seus negócios.<br />

desenvolvimento e orientam sobre os próximos passos<br />

para sua empresa elevar resultados.<br />

Além disso, você recebe dados importantes sobre<br />

a sua performance no mercado, comparando o<br />

desempenho do seu negócio com demais<br />

empreendimentos do seu segmento.<br />

Oportunidades<br />

para expansão<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong> chega a sua décima edição. Um<br />

marco importante para esta publicação, que surgiu em<br />

2015 e segue com a proposta de levar informação relevante<br />

sobre o cenário empresarial e o mundo dos negócios,<br />

mostrando cases e oportunidades para quem<br />

deseja empreender.<br />

Entre os destaques desta edição está uma reportagem sobre<br />

a cadeia produtiva da saúde, que movimenta cerca de<br />

10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil e que<br />

representa grande potencial de expansão no Rio Grande do<br />

Sul, já que o Estado é o segundo polo hospitalar do País.<br />

A atuação do <strong>Sebrae</strong> RS nessa área é relativamente nova:<br />

há dois anos estamos aprimorando conhecimentos e especializando<br />

nosso corpo técnico para atuarmos em todos<br />

os seus elos, com programas de desenvolvimento e<br />

iniciativas nos setores da indústria, comércio e serviços.<br />

Nessa matéria, buscamos aprofundar como funciona<br />

essa cadeia produtiva, mostrando também de que forma<br />

ela se relaciona com startups e empresas de tecnologia.<br />

laboração pode ser uma saída para empresas, uma<br />

oportunidade para otimizar recursos e fundir conhecimentos,<br />

desenvolver parcerias e até criar novos<br />

produtos e serviços, principalmente neste momento<br />

de retomada gradual da economia.<br />

A revista traz ainda um apanhado com as principais<br />

tendências apresentadas na Retail’s Feira Big Show, a<br />

maior feira de varejo do mundo, que acontece anualmente<br />

em Nova York, promovida pela National Retail<br />

Federation (NRF). Também trata de assuntos como as<br />

mudanças no Simples Nacional; a Mercopar – feira de<br />

subcontratação e inovação industrial que ocorre em outubro;<br />

além de apresentar uma série de cursos online e<br />

gratuitos para empreendedores, nas áreas de gastronomia,<br />

varejo e moda.<br />

Boa leitura!<br />

Agende agora e comece<br />

já as mudanças necessárias<br />

na sua empresa.<br />

sebraers.com.br<br />

0800 570 0800<br />

Os leitores também poderão conferir uma reportagem<br />

sobre o crescimento da vitivinicultura na Fronteira Sul<br />

do Estado e o trabalho para que o “Terroir da Campanha<br />

Gaúcha” se consolide e seja reconhecido pela qualidade<br />

em vinhos finos e espumantes. Recentemente, o <strong>Sebrae</strong><br />

RS ampliou sua atuação na região e vem incentivando a<br />

atividade, auxiliando os produtores rurais e empresários<br />

para que a cultura se torne ainda mais rentável.<br />

Outro destaque fica por conta da matéria sobre<br />

projetos coletivos, mostrando que a cultura da co-<br />

GEDEÃO SILVEIRA PEREIRA<br />

Presidente do Conselho Deliberativo<br />

Estadual (CDE) do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

2 3


CONSELHO DELIBERATIVO<br />

Presidente Conselho Deliberativo: Gedeão Silveira Pereira<br />

• Banco do Estado do Rio Grande do Sul S/A – BANRISUL<br />

Titular: Luiz Gonzaga Veras Mota<br />

Suplente: Irany de Oliveira Sant’Anna Júnior<br />

• Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS<br />

Titular: Gilberto Porcello Petry<br />

Suplente: Marco Aurélio Paradeda<br />

• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL<br />

Titular: Edilson Zanatta<br />

Suplente: Fábio Müller<br />

• Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – CIERGS<br />

Titular: André Vanoni de Godoy<br />

Suplente: Marlos Davi Schmidt<br />

• Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia-SDECT<br />

Titular: Márcio Biolchi<br />

Suplente: Evandro Fontana<br />

• BANCO DO BRASIL S/A<br />

Titular: Edson Bündchen<br />

Suplente: Vanderlei Barbiero<br />

• Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul –<br />

FEDERASUL<br />

Titular: Simone Diefenthaeler Leite<br />

Suplente: Olmiro Cavazzola<br />

• Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL<br />

Titular: Gedeão Silveira Pereira<br />

Suplente: Fábio Avancini Rodrigues<br />

• Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande<br />

do Sul – FECOMÉRCIO<br />

Titular: Luiz Carlos Bohn<br />

Suplente: Zildo De Marchi<br />

• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE<br />

Titular: José Paulo Dornelles Cairoli<br />

Suplente: Pio Cortizo Vidal Filho<br />

• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/RS<br />

Titular: Alexandre De Carli<br />

Suplente: Ricardo Coelho Michelon<br />

• Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul – FAPERGS<br />

Titular: Odir Antônio Dellagostin<br />

Suplente: Marco Antonio Baldo<br />

• SENAR - RS - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural<br />

Titular: Gilmar Tietböhl Rodrigues<br />

Suplente: Valmir Antônio Susin<br />

• FCDL- Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul<br />

Titular: Vitor Augusto Koch<br />

Suplente: Fernando Luis Palaoro<br />

• BADESUL Desenvolvimento S/A - Agência de Fomento/RS<br />

Titular: Susana Maria Kakuta<br />

Suplente: Paulo Odone Chaves de Araújo Ribeiro<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Presidente Conselho Fiscal: José Benedicto Ledur<br />

Titulares<br />

• FEDERASUL: José Benedicto Ledur (Presidente);<br />

• FIERGS: Gilberto Brocco;<br />

• FCDL/RS: Jorge Claudimir Prestes Lopes.<br />

Suplentes<br />

• FECOMÉRCIO: Ivanir Antonio Gasparin;<br />

• Caixa Econômica Federal: Pedro Amar Ribeiro de Lacerda.<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Diretor-Superintendente: Derly Cunha Fialho<br />

Diretor Técnico: Ayrton Pinto Ramos<br />

Diretor de Administração e Finanças: Carlos Alberto Schütz<br />

EXPEDIENTE<br />

A revista <strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong> é uma publicação do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS desenvolvida pela Gerência de<br />

Comunicação e Marketing.<br />

Coordenação Geral:<br />

Ana Finkler<br />

Produção Executiva:<br />

Renata Cerini e Ivana Gehlen<br />

Produção, conteúdo e execução:<br />

Caetano Teles e Raphaela Donaduce<br />

Flores – Dona Flor Comunicação<br />

Edição:<br />

Raphaela Donaduce Flores<br />

Reportagem:<br />

Carolina Hickmann e Josine Haubert<br />

Revisão:<br />

Flávio Dotti Cesa<br />

Design Gráfico e Editoração:<br />

Leandro Bulsing – Fale Marketing<br />

Foto de Capa:<br />

iStock Fotos<br />

Tiragem:<br />

5 mil exemplares. Aplicativo da revista <strong>Mais</strong><br />

<strong>Sebrae</strong> disponível para Android e iOS.<br />

FALE COM A REDAÇÃO:<br />

sebraeimprensa@sebrae-rs.com.br<br />

CONTATOS COM O SEBRAE:<br />

• 0800 570 0800 - atendimento<br />

gratuito de segunda a sexta-feira, das<br />

8h às 19h.<br />

• www.sebraers.com.br<br />

O visitante pode fazer download de<br />

publicações e no link “Agência <strong>Sebrae</strong> de<br />

Notícias” ficar sabendo das novidades da<br />

instituição.<br />

• www.sebrae.com.br<br />

<strong>Sebrae</strong> Nacional<br />

• Espaço Pesquisa <strong>Sebrae</strong> RS<br />

O acervo de livros, revistas, vídeos e<br />

dicas de oportunidades de negócios<br />

enfocando gestão empresarial podem<br />

ser consultados em todas as unidades<br />

regionais do <strong>Sebrae</strong> RS. Encontre<br />

a unidade mais próxima de você na<br />

página Encontre o <strong>Sebrae</strong> do portal do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS (sebraers.com.br).<br />

SUMÁRIO<br />

6<br />

10<br />

12<br />

14<br />

18<br />

AGRONEGÓCIO<br />

A expansão da vitivinicultura nas regiões da<br />

Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Estado<br />

INDÚSTRIA<br />

Gilberto Petry e Ayrton Ramos falam sobre a<br />

retomada da indústria em <strong>2018</strong><br />

INDÚSTRIA<br />

27ª edição da Mercopar ocorre em outubro,<br />

em Caxias do Sul<br />

COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

Mobilidade e conectividade: tendências apresentadas<br />

no maior evento mundial de varejo<br />

INDÚSTRIA, COMÉRCIO E<br />

SERVIÇO<br />

Coletividade: Troca de experiências estimula<br />

crescimento dos negócios<br />

Como funciona a cadeia produtiva que movimenta cerca de<br />

10% do PIB anual do Brasil e tem atuação do <strong>Sebrae</strong> RS em<br />

todos os seus elos. Pág. 24<br />

Fev/<strong>2018</strong><br />

a Abr/<strong>2018</strong><br />

Ano 4 | Nº 10<br />

A REVISTA DO EMPREENDEDOR GAÚCHO<br />

HORA DE APOSTAR NA<br />

CADEIA DA SAÚDE<br />

Coletividade: Troca de experiências entre<br />

empresários estimula crescimento dos<br />

negócios. Pág. 18<br />

Vitivinicultura ganha força na Fronteira Sul: Segmento<br />

está em plena expansão a partir de seu potencial de<br />

produtividade e de enoturismo Pág. 26<br />

32<br />

36<br />

44<br />

48<br />

52<br />

56<br />

58<br />

24<br />

ENTREVISTA<br />

Fábio Antoldi, professor da Alta Escola<br />

de Empresa e Sociedade da Universidade<br />

Católica de Milão (ALTIS)<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

<strong>Sebrae</strong> RS oferece cursos online e gratuitos<br />

para empreendedores<br />

POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

As alterações do Simples Nacional e seus<br />

impactos nas organizações<br />

CASES DE SUCESSO<br />

Como a Colmeia Containers expandiu seu<br />

negócio e conquistou a internacionalização<br />

SIGA O EXEMPLO<br />

Relatos de empresários que obtiveram<br />

grandes resultados com o apoio do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

FATOS E FOTOS<br />

Principais fatos envolvendo o <strong>Sebrae</strong> RS<br />

FRASES EM DESTAQUE<br />

Frases dos líderes e empresários que merecem<br />

destaque<br />

CAPA<br />

Entenda como funciona a cadeia<br />

produtiva da saúde, seu potencial de<br />

expansão e a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

em cada um de seus elos<br />

4 5


AGRONEGÓCIO<br />

Vitivinicultura<br />

ganha força na Fronteira Sul<br />

Segmento está em plena expansão a partir de<br />

seu potencial de produtividade e de enoturismo,<br />

características que levam o <strong>Sebrae</strong> RS a ampliar<br />

a atuação local<br />

Localizada no principal paralelo do plantio de<br />

uva do Hemisfério Sul, na mesma linha de países<br />

consolidados na indústria do vinho, como<br />

Uruguai, Argentina, África do Sul e Austrália, a<br />

vitivinicultura na Fronteira Sul, região que engloba<br />

Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Estado,<br />

possui condições edafoclimáticas favoráveis (características<br />

de clima, relevo, temperatura, umidade<br />

do ar, radiação e tipo do solo, por exemplo).<br />

Invernos rigorosos e verões quentes e secos,<br />

alta luminosidade e baixa precipitação no verão,<br />

grande variação no gradiente de temperatura entre<br />

os dias e as noites são características propícias<br />

para produção de uvas para vinhos finos e<br />

espumantes de qualidade. Isso permite exibir sua<br />

marca no mundo dos vinhos: o “Terroir Campanha<br />

Gaúcha”.<br />

Outra vantagem da região é ter grandes extensões de<br />

terra ainda com potencial de abrigar a cultura, e é esse<br />

um dos fatores que estão norteando a atuação do <strong>Sebrae</strong><br />

RS, promovendo o estímulo à entrada de novos<br />

produtores na vinicultura e a ampliação de negócios de<br />

quem já entrou na atividade. Como há áreas disponíveis<br />

para plantio, o produtor consegue agregar a atividade à<br />

propriedade sem interromper as culturas já tradicionais,<br />

como grãos e pecuária. “Na Fronteira Sul a expansão<br />

da cultura não é limitante por território, pois ainda tem<br />

áreas disponíveis com aptidão para a produção de uva.<br />

E as características peculiares da região, como relevo<br />

plano ou levemente ondulado, facilitam a mecanização<br />

do processo”, ressalta André Luis Bordignon, que atua<br />

na gerência setorial de agronegócio do <strong>Sebrae</strong> RS.<br />

A produção de uvas viníferas na região já responde por<br />

cerca de 15% da produção nacional, de acordo com o<br />

Cadastro Vitícola da Embrapa Uva e Vinho, e envolve<br />

mais de 100 famílias em pelo menos 12 municípios,<br />

como Candiota, onde uma das referências é a vinícola<br />

Batalha Vinhas & Vinhos. O empresário e engenheiro<br />

agrônomo Giovâni Peres explica que a indústria tem<br />

capacidade de produção de<br />

mais de 40 mil litros por ano e<br />

está em fase de ampliação. “A<br />

meta é chegar a cerca de 120<br />

mil garrafas por ano. Iniciamos<br />

a produção em 2010 com três<br />

hectares e dois funcionários,<br />

hoje estamos com seis hectares<br />

de vinhedos, seis funcionários<br />

e compramos uvas de produtores<br />

da região para incrementar<br />

a produção do vinho”, conta<br />

Peres, que está conquistando a<br />

Os vinhos e<br />

espumantes<br />

brasileiros<br />

possuem<br />

mais de<br />

2.000 medalhas<br />

internacionais.<br />

expansão de seu negócio em curto espaço de tempo.<br />

O gestor está envolvido com programas do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

ligados ao agronegócio, como o Programa LIDER e o<br />

projeto de incentivo ao enoturismo na região, além do<br />

Programa Juntos para Competir, que é uma ação integrada<br />

entre Farsul, Senar/RS e <strong>Sebrae</strong> RS.<br />

Apesar de a cultura ter ganhado força como alternativa<br />

de renda, especialmente a partir do final dos anos 1990,<br />

cultivar uvas localmente nas estâncias era um hábito já<br />

no século XIX. Tanto que há registros de atividade de<br />

produção de vinho em 1888, em Bagé, da Cantina Marimon,<br />

uma das primeiras produtoras de vinhos do Estado,<br />

de acordo com Antônio Conte,<br />

agrônomo da Emater. Hoje, os<br />

principais municípios produtores<br />

da Fronteira Sul são Santana<br />

do Livramento, Encruzilhada<br />

do Sul, Bagé, Candiota, Dom<br />

Pedrito e Pinheiro Machado.<br />

Ainda segundo a Emater, a<br />

área total cultivada com uva na<br />

Metade Sul é de aproximadamente<br />

1,7 mil hectares, com produção<br />

de 11 mil toneladas anuais e<br />

potencial de aumento.<br />

6 7


AGRONEGÓCIO<br />

20 mil famílias estão<br />

envolvidas no plantio de<br />

videiras, só no RS.<br />

Segundo o presidente da Associação de Vinhos Finos<br />

da Campanha Gaúcha, René Ormazabal Moura, o desenvolvimento<br />

do segmento nos últimos anos está<br />

ligado não somente ao volume de produção como<br />

também ao reconhecimento da qualidade da matéria-prima.<br />

“Em <strong>2018</strong>, por exemplo, teremos uma das<br />

melhores safras dos últimos cinco anos. O que também<br />

é reflexo de nossa busca constante por aperfeiçoamento<br />

e de estarmos localizados em uma região com<br />

condições climáticas ideais para o cultivo de videiras”,<br />

destaca.<br />

Um dos objetivos do <strong>Sebrae</strong> RS e do Programa Juntos<br />

Para Competir é o aumento de produtividade de produtores<br />

rurais e empresariais com foco na qualidade,<br />

para que a cultura se torne ainda mais rentável. Apesar<br />

de exigir um pouco mais de mão de obra e algum investimento<br />

inicial, o faturamento bruto por hectare da<br />

produção de uva é superior ao de outras culturas praticadas<br />

na região, como a produção de grãos. Por este<br />

motivo o <strong>Sebrae</strong> RS vem incentivando a vitivinicultura<br />

local, que se consolida como boa opção de diversificação<br />

da matriz produtiva, além de contribuir para o<br />

desenvolvimento regional.<br />

Turismo como expansão<br />

do modelo de negócios<br />

Com as vinícolas se tornando conhecidas pela<br />

qualidade de seus produtos, é hora de expandir os<br />

modelos de negócios para aproveitar o potencial de<br />

O Brasil é o sexto maior<br />

produtor do Hemisfério Sul, com o<br />

cultivo de mais de 240 diferentes<br />

variedades de uva no Brasil.<br />

turismo da região. Com apoio do <strong>Sebrae</strong> RS, diferentes<br />

empresas estão se estruturando para receber<br />

público de outras localidades do Estado e do País.<br />

Explorar as paisagens do pampa gaúcho aliando o<br />

vinho com as carnes bovinas e ovinas típicas da região<br />

é uma tendência local com boas possibilidades<br />

de agregar valor ao negócio.<br />

A aposta no enoturismo envolve empresas como a<br />

Vinícola Peruzzo, negócio familiar de Bagé. Com 15<br />

hectares da fruta, a família Peruzzo iniciou plantio<br />

de seus parreirais ainda em 2003 e hoje produz em<br />

torno de 60 mil litros de vinho por ano, mas pretende<br />

expandir estes números no curto prazo, uma<br />

vez que há a possibilidade de estocagem de cerca<br />

de 210 mil litros em sua indústria. Além disso, a<br />

empresa também vinifica uvas para outros produtores<br />

que não contam com estrutura própria. “Somos<br />

uma vinícola pequena, artesanal, e queremos<br />

aumentar qualidade sempre”, relata a empresária<br />

Clori Peruzzo, que está atenta às possibilidades do<br />

enoturismo como nova fonte de desenvolvimento<br />

para seu negócio e também para a região.<br />

Clori participou do Programa LIDER do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

entre 2015 e 2017 e participa do projeto de incentivo<br />

ao enoturismo. Atualmente sua empresa recebe<br />

visitantes que podem conhecer a cave da vinícola<br />

para degustação de produtos, e também realiza<br />

passeios em meio ao parreiral de sua propriedade<br />

mediante reserva de data pelas redes sociais da<br />

empresa. A empresária lembra que o <strong>Sebrae</strong> RS ajudou<br />

a valorizar o entorno de sua propriedade para o<br />

turismo. A vinícola está localizada em privilegiada<br />

região histórica, o que expande as possibilidades<br />

de passeios daqueles que por ali passam. “Nossa<br />

região faz parte da história do Brasil, estamos localizados<br />

muito próximos do Forte de Santa Tecla, onde<br />

deixamos de ser colônia espanhola e passamos a<br />

ser portuguesa”, explica.<br />

Entraves são compensados<br />

pelo potencial do mercado<br />

Apesar dos muitos diferenciais positivos, a Fronteira<br />

Sul do Estado, como qualquer outra localidade, tem<br />

seus gargalos para avanço da vitivinicultura – muitos<br />

deles vêm sendo diminuídos pela ação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

na região. Dentre esses entraves destacam-se a falta<br />

de mão de obra qualificada, uma logística deficitária<br />

e a concorrência com os importados que se agrava<br />

na região pela proximidade com a fronteira.<br />

A Campanha Gaúcha<br />

conta com 1.550 hectares<br />

de vinhedos em<br />

municípios como Alegrete,<br />

Bagé, Candiota, Dom<br />

Pedrito, Hulha Negra,<br />

Itaqui, Lavras do Sul,<br />

Maçambará, Quaraí,<br />

Rosário do Sul, Santana<br />

do Livramento e<br />

Uruguaiana.<br />

** dados da Embrapa, 2015<br />

Direcionando seus esforços na localidade desde 2015,<br />

o principal objetivo da organização é o desenvolvimento<br />

territorial, focando na região como um todo, para<br />

expandir seus potenciais, consolidar os negócios das<br />

empresas, fortalecer a economia local e atrair cada vez<br />

mais consumidores e investidores para lá. Confiantes<br />

neste potencial, os produtores trabalham para se desenvolver<br />

e tornar o “Terroir da Campanha Gaúcha” conhecido<br />

por vinhos finos e espumantes de qualidade.<br />

O foco dado por esses empresários contribui para a<br />

consolidação das marcas em torno da produção de<br />

vinhos e espumantes. Para isso, participam cada vez<br />

mais de concursos e buscam certificações. O potencial<br />

da região é maior para o plantio de uvas de clima<br />

temperado da espécie vitis vinifera, com castas específicas<br />

para produção de vinhos e espumantes e de<br />

maior valor agregado.<br />

Porém, uma mudança cultural nos hábitos de consumo<br />

da população ainda é necessária. Diferentemente<br />

de outros países da América Latina produtores<br />

de vinho, o consumo de vinho no Brasil é inferior<br />

a 2 litros por habitante ao ano. O volume é muito<br />

baixo se comparado a outras bebidas como cerveja,<br />

superior a 60 litros per capita. “Existe um grande<br />

potencial de expansão da atividade, o mercado do<br />

vinho e espumante é bastante promissor e a vitivinicultura<br />

desenvolve-se na região como uma excelente<br />

opção de diversificação da matriz produtiva”,<br />

avalia o técnico do <strong>Sebrae</strong> RS André Bordignon.<br />

8<br />

9


INDÚSTRIA<br />

O ano da retomada da<br />

O diretor Técnico do <strong>Sebrae</strong> RS, Ayrton Pinto Ramos,<br />

lembra que a queda na taxa de juros e a retoindústria<br />

Indicadores de produção<br />

e índices de confiança<br />

projetam que em <strong>2018</strong> o<br />

setor, que corresponde a<br />

25% do PIB nacional,<br />

voltará a crescer<br />

Após anos de expansão não natural pela suplementação<br />

de crédito, o setor industrial passou por<br />

período de crise atrelada à conjuntura econômica e<br />

aos grandes escândalos políticos. O ano de <strong>2018</strong>,<br />

porém, promete sinalizar a retomada deste segmento,<br />

que é responsável por cerca de 25% do Produto<br />

Interno Bruto (PIB) nacional.<br />

O presidente da Federação das Indústrias do Estado<br />

do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry,<br />

lembra que entre 2014 e 2016 a atividade industrial<br />

gaúcha teve queda de 25,6% do faturamento no período.<br />

Assim, a ligeira alta de 0,1% observada na<br />

comparação dos dados de 2017 ante 2016 passa a<br />

ser significativa. Da mesma maneira, as projeções<br />

de fechamento de <strong>2018</strong> são mais positivas. “No<br />

momento a indústria está equilibrada, mas projetamos<br />

um crescimento mais expressivo para este<br />

ano”, aponta.<br />

Os primeiros sinais de que <strong>2018</strong> pode ser de retomada<br />

foram observados ainda em janeiro. O índice<br />

que mede a evolução da produção na indústria gaúcha,<br />

medido pela Fiergs, alcançou 52,8 pontos no<br />

mês. O índice não era visto acima dos 50 pontos<br />

no primeiro mês do ano desde 2013. No mesmo levantamento,<br />

o indicador de número de empregados<br />

atingiu 53 pontos e teve seu primeiro crescimento<br />

para o mês em oito anos.<br />

mada dos principais índices de confiança são decisivos<br />

para este momento no setor. “É a confiança<br />

empresarial que faz a engrenagem do mercado andar,<br />

mas a confiança só é possível em circunstâncias<br />

favoráveis, que foram atingidas com a queda<br />

da taxa de juros e outras medidas recentes”, lembra<br />

Ramos. A partir disso, diz, sinais menos tradicionais<br />

de um crescimento consolidado começam<br />

a ser observados. “Passamos recentemente a exportar<br />

automóveis; e as fundições, que são a base,<br />

estão crescendo, o que faz com que toda a cadeia<br />

cresça”, relata.<br />

Os anos de dificuldade econômica, porém, podem<br />

trazer oportunidades de melhoria. Com as adversidades,<br />

o ritmo de tiradas de encomendas não era<br />

o mesmo dos tempos de altos investimentos no<br />

segmento. Assim, foi preciso rever estratégias. “Entre<br />

2015 e 2017 o <strong>Sebrae</strong> RS atuou fortemente na<br />

questão comportamental de vendas, para que os<br />

empresários passassem do modelo de apenas receber<br />

pedidos, que vigorou durante os anos de boas<br />

condições econômicas pelo aquecimento do setor,<br />

para um modelo de busca de mercado a partir de<br />

estratégias de venda.”<br />

Superado esse período, a abordagem do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

para o segmento também mudou. “Agora identificamos<br />

nichos de mercado específicos e empresas<br />

complementares”, comenta Ramos. Já que um elo<br />

da cadeia pode ter suas dificuldades sanadas pela<br />

expertise de outro. O diretor cita o exemplo hipotético<br />

de uma microcervejaria com problemas de<br />

envase que podem ser superados com o auxílio de<br />

desenvolvimento de produtos pela indústria. Desta<br />

maneira a produção industrial também se aquece e<br />

ambas as empresas saem ganhando.<br />

Nessa conjuntura, as projeções da Confederação<br />

Nacional da Indústria (CNI) também dão conta de<br />

que a economia, para este ano, crescerá em torno<br />

de 2,6%, consolidando a trajetória iniciada no ano<br />

passado. Os investimentos, que estão há quatro<br />

anos em queda, devem consolidar alta de 4% e taxa<br />

média equivalente a 15,8% do PIB. Na avaliação de<br />

Petry, este é um momento propício para buscar parcerias<br />

e promover seus produtos.<br />

10 11


INDÚSTRIA<br />

Crédito da foto: Eduardo Rocha.<br />

Mercopar<br />

MERCOPAR <strong>2018</strong><br />

Data e Horário: 2 a 4 de outubro de <strong>2018</strong>, das 13h às 20h<br />

Onde: Centro de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul<br />

CONTATO<br />

Telefone: 51 3216-5215<br />

E-mail: sheila@sebrae-rs.com.br<br />

Desta vez, o evento será no Centro de Eventos, para<br />

oportunizar a utilização de um espaço mais moderrevitalizada<br />

27ª edição da feira ocorre entre os dias<br />

2 e 4 de outubro no Centro de Eventos<br />

da Festa da Uva, em Caxias do Sul<br />

“Historicamente, a Mercopar vem tendo bons resultados<br />

em volume de negócios gerados. Em 2017,<br />

mesmo com as condições da economia não tão<br />

favoráveis como as deste ano, mais de R$ 70 milhões<br />

foram movimentados”, afirma Sheila Wainer,<br />

responsável pela organização da feira no <strong>Sebrae</strong> RS.<br />

Boa parte desse valor sai de uma das principais<br />

atrações da feira, o Projeto Comprador, que envolve<br />

grandes players do segmento com o público participante<br />

em dois dias de rodadas de negócios. No<br />

ano passado, as negociações entre 48 compradores<br />

e 218 vendedores culminaram em mais de 1,6 mil<br />

reuniões, as quais movimentaram cerca de R$ 15<br />

milhões. Nesse espaço, empresas como Stihl e Tramontina<br />

procuram novidades.<br />

Além das rodadas de negócio, outra importante<br />

atração da mostra é o Salão de Inovação, que, para<br />

este ano, promete trazer temas relevantes ao setor,<br />

como os avanços da indústria 4.0, abordados a partir<br />

de palestras e desafios.<br />

As principais novidades da indústria serão apresentadas<br />

na 27ª edição da Mercopar, feira de subcontratação<br />

e inovação promovida pelo <strong>Sebrae</strong> RS, que<br />

ocorre entre os dias 2 e 4 de outubro, no Parque de<br />

Exposições Mario Bernardino Ramos, em Caxias do<br />

Sul – 2º principal polo metalmecânico do País.<br />

no e atender à expansão da área de atividades, que<br />

passa a ser de 6,7 mil metros quadrados. A feira<br />

também terá novo horário de funcionamento, que<br />

antes era das 14h às 21h e agora passa a ser das<br />

13h às 20h, por demanda dos expositores.<br />

O intuito do evento é promover a integração de<br />

empresas de alcance nacional e internacional com<br />

micro, pequenas, médias e grandes empresas.<br />

APOIO<br />

As micro e pequenas empresas participantes dos projetos coletivos do <strong>Sebrae</strong> RS recebem apoio no<br />

valor do espaço contratado para a feira, que este ano será comercializado por R$ 380,00 para micro<br />

e pequenas e R$ 405,00 para médias e grandes por m² sem montagem. Os primeiros compradores<br />

podem escolher os locais de maior destaque, além de terem melhores condições de pagamento.<br />

12 13


COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

Integração entre os canais de venda é uma<br />

das tendências apresentadas no maior<br />

evento de varejo do mundo, que acontece<br />

anualmente em Nova York, promovido pela<br />

National Retail Federation (NRF)<br />

Mobilidade e<br />

conectividade<br />

Com as constantes transformações tecnológicas, o<br />

empresário precisa ficar atento às novidades, sob<br />

pena de ser deixado para trás pelos seus concorrentes.<br />

Neste aspecto, uma das principais mudanças<br />

fica por conta da fusão entre o mundo físico<br />

e o digital. Recente pesquisa global da consultoria<br />

Deloitte, que mediu a integração de canais do varejo,<br />

mostra que 56% das compras nas lojas físicas<br />

são influenciadas por interações digitais; e que<br />

42% das compras virtuais haviam sofrido influência<br />

da loja física.<br />

“A tendência para esta pesquisa é de que cada vez mais<br />

esses valores se igualem. Os dois mundos não podem<br />

ser dissociados, as diferentes jornadas do consumidor<br />

já exigem esta integração”, explica o técnico do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS Fabiano Zortea, que participou da Retail’s<br />

Feira Big Show – evento que acontece anualmente em<br />

Nova York, promovido pela National Retail Federation<br />

(NRF) e reconhecido como a maior feira de varejo do<br />

mundo. Para Zortea, o movimento é consequência da<br />

tendência crescente de mobilidade e conectividade.<br />

A fusão de canais é facilmente observada a partir<br />

da busca do gigante do varejo físico Walmart pelo<br />

meio digital. A bandeira reconhecida mundialmente<br />

adquiriu a Bonobos, grande e-commerce de vestuário,<br />

e o Jet.com, ligado ao comércio online de eletrônicos,<br />

para expandir a sua arrecadação online, que<br />

hoje responde por 12% do faturamento da marca.<br />

Em um caminho oposto, a potência do varejo online<br />

Amazon.com faz esforços para se consolidar<br />

no mundo físico. Diferentemente do Walmart, que,<br />

56% das<br />

compras nas<br />

lojas físicas são<br />

influenciadas<br />

por interações<br />

digitais<br />

14 15


COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

por conta de seu tamanho,<br />

encontra barreiras na consolidação<br />

da integração de<br />

canais, a Amazon parece ter<br />

alcançado o balanço entre os<br />

dois mundos.<br />

Nas livrarias físicas da marca,<br />

medidas simples foram<br />

tomadas para a fluidez entre<br />

o físico e o digital. Ao notar<br />

que a exibição de livros no<br />

mundo virtual se dava com<br />

a capa e não com a lombada<br />

do livro à mostra, a Amazon<br />

mudou a disposição de seus<br />

produtos, colocando-os com<br />

suas capas visíveis nas prateleiras.<br />

“Faz sentido essa<br />

exposição para os dois tipos de varejo, afinal, é a<br />

parte mais atrativa do livro”, comenta.<br />

Além disso, a Amazon optou por posicionar<br />

QR-Codes impressos em papel junto aos livros, o<br />

que permite que o comprador em potencial acesse<br />

as avaliações do produto em seu smartphone<br />

pela leitura do código. “Estas são medidas simples,<br />

que não exigem grande aporte financeiro,<br />

tomadas por um varejista global, mas que podem<br />

ser implantadas por qualquer empreendedor”,<br />

avalia Zortea.<br />

Redes sociais aplicadas ao varejo<br />

EDUARDO SASSO,<br />

empresário do comércio popular<br />

Lojas Sasso, participou da NRF<br />

e decidiu intensificar a presença<br />

das lojas em redes sociais<br />

Não é só a integração entre o mundo físico e virtual<br />

que a tendência de mobilidade imprimiu ao varejo.<br />

Com acesso fácil à rede por meio de dispositivos móveis,<br />

é imprescindível que o lojista esteja apto a suprir<br />

as demandas do consumidor de maneira online.<br />

“É um caminho sem volta. A experiência de compras<br />

está muito ligada ao celular; e o cliente procura informações<br />

sobre um produto de dentro da loja com<br />

o acesso de dados”, comenta o Gerente de Indústria,<br />

Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS, Fábio Krieger.<br />

Fabian Gloeden/Divulgação Lojas Sasso<br />

O empresário Eduardo Sasso,<br />

do comércio popular Lojas<br />

Sasso, esteve em Nova York<br />

junto ao <strong>Sebrae</strong> RS para<br />

acompanhar as atividades da<br />

feira da NRF e voltou de lá<br />

inspirado. “Já tínhamos uma<br />

presença online importante,<br />

mas voltei decidido a ampliá-<br />

-la”, relata. A partir da mostra,<br />

Sasso intensificou a sua presença<br />

nas redes sociais, em<br />

especial no Instagram. “Fazemos<br />

vídeos ao vivo agora, e<br />

nos preocupamos em manter<br />

um bate-papo em tempo real<br />

com os clientes pela plataforma”,<br />

explica o empresário,<br />

que passa informações sobre<br />

disponibilidade de modelos, preços e cores de seus<br />

produtos pela ferramenta.<br />

“A intenção, com as redes sociais, é criar identificação<br />

e fidelizar os clientes. Quem não gosta de<br />

ser bem atendido em qualquer canal?”, questiona<br />

Sasso. Além disso, o empresário observou, durante<br />

o período em que esteve nos Estados Unidos, que o<br />

varejista brasileiro ainda tende a ter uma preocupação<br />

excessiva com o lucro. “Temos que satisfazer o<br />

cliente, só assim o lucro vem. E isso passa por um<br />

bom atendimento online também”, considera.<br />

Krieger relata que a experiência de compra está<br />

diretamente ligada à presença da marca online.<br />

“O mobile passou a fazer parte da empresa, tanto para<br />

se comunicar com o consumidor quanto para facilitar<br />

processos internamente”, diz. O gerente lembra<br />

que hoje é possível atrelar a máquina de pagamento<br />

a um smartphone para que o vendedor possa fazer a<br />

cobrança, reduzindo, assim, a necessidade de enfrentar<br />

filas nos caixas. “Isso já foi praticado por grandes<br />

marcas e também está incluído na tendência de reduzir<br />

atritos que possam frustrar a compra. E nada impede<br />

que um pequeno empresário, com organização,<br />

inclua o processo”, pondera.<br />

Confira outras tendências<br />

observadas na NRF<br />

Gestão de pessoas<br />

Com acesso online facilitando as informações dos produtos, é comum<br />

que consumidores tenham mais conhecimento sobre determinada<br />

peça do que os vendedores. Então, a tendência passa a ser<br />

organizar a equipe por área de conhecimento.<br />

Funcionários em primeiro lugar<br />

A valorização do funcionário é tendência para que ele auxilie na<br />

fidelização do cliente. Grandes marcas do varejo, como Walmart,<br />

já implementam ações para que o primeiro a ser fidelizado seja o<br />

seu atendente. O pequeno varejista pode incluir em suas tarefas<br />

uma imersão na indústria fornecedora. Assim, os funcionários<br />

podem observar os cuidados tomados com aquilo que vendem<br />

e criar vínculos.<br />

Experiência no centro de compra<br />

Agregar valor à marca pela experiência que o produto traz ao<br />

consumidor. A marca de mochilas para trilha Cotopaxi promove<br />

eventos e desafios ligados à cultura da marca. As pessoas<br />

compram ingressos e cumprem as tarefas pela publicação de<br />

fotos nas redes sociais com as hashtags das marcas.<br />

Parceria como plataforma de negócios<br />

A empresa de aviação Lufthansa e o grupo Rewe de alimentação<br />

entenderam que os passageiros, em especial de voos<br />

longos, chegavam em casa sem ter o que comer. Ao observar<br />

essa necessidade, uniram-se. O passageiro da companhia<br />

aérea que desejar pode encomendar comida ainda em<br />

voo, para receber no hotel do destino ou em sua casa.<br />

Visão periférica<br />

Estar atento à necessidade do cliente também pode significar<br />

atrelar um serviço, de maneira gratuita, a um produto.<br />

O The Magic Wallpaper é um papel de parede com<br />

personagens escaneáveis, tecnologia semelhante àquela<br />

utilizada por QR Codes. Cada um deles mostra uma<br />

história diferente a ser contada às crianças na hora de<br />

dormir. Com esta diferenciação, a marca agregou valor<br />

ao seu produto.<br />

FIQUE ATENTO<br />

PARA PARTICIPAR DA<br />

FEIRA EM NOVA YORK<br />

O <strong>Sebrae</strong> RS faz trabalho de curadoria<br />

de conteúdo para empresários<br />

que queiram participar da<br />

Retail’s Feira Big Show, a maior feira<br />

de varejo do mundo, que acontece<br />

anualmente em Nova York,<br />

promovida pela National Retail<br />

Federation (NRF) e conhecida por<br />

apresentar as principais tendências<br />

para o segmento.<br />

Na edição de <strong>2018</strong> foram 20 empresários<br />

apoiados em uma delegação<br />

composta por 32 pessoas,<br />

nas quais estavam representadas<br />

as entidades parceiras CDL-Porto<br />

Alegre, Sindilojas-Porto Alegre,<br />

Fecomércio, Senac e FCDL. Os<br />

participantes visitaram 16 dos<br />

principais pontos comerciais de<br />

Nova York em dois dias, além de<br />

assistirem a palestras e estarem<br />

próximos de líderes mundiais do<br />

varejo. Aqueles com interesse<br />

em participar da próxima missão<br />

precisam estar atentos à chamada<br />

pública que acontece nos próximos<br />

meses, em Editais e Licitações no<br />

site www.sebrae-rs.com.br. Para<br />

mais informações, é possível entrar<br />

em contato com o técnico<br />

responsável, Fabiano Zortea,<br />

fabianoz@sebrae-rs.com.br.<br />

16 17


INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

Troca de experiências entre<br />

empresários estimula<br />

crescimento dos negócios<br />

Desenvolver novos produtos, firmar parcerias e até mesmo<br />

atingir metas mais simples podem virar desafios em momentos<br />

de retomada gradual da economia. Nestas situações<br />

a tendência mais óbvia para o empresariado é de apego ao<br />

tradicional, porém especialistas garantem que essas circunstâncias<br />

são as mais favoráveis para a inovação. Com<br />

as alternativas de crédito ainda encolhidas devido à crise,<br />

a saída pode estar na cultura da colaboração, que, apesar<br />

de recente, apresenta benefícios que sugerem a sua permanência.<br />

No ambiente empresarial a noção de como atingir competitividade<br />

no mercado começa a ser reinventada pela integração<br />

de grupos de empresas que querem otimizar recursos<br />

e fundir know-hows. Ciente desse caminho sem volta, o<br />

<strong>Sebrae</strong> RS desenvolve anualmente projetos coletivos setoriais,<br />

que vêm crescendo em números e em resultados<br />

com agilidade, tanto na indústria quanto no comércio e na<br />

área de serviços.<br />

Coletividade<br />

ganha espaço nas empresas<br />

No momento, cerca de 350 grupos, com diferentes propósitos,<br />

estão em andamento pelo Rio Grande do Sul. Cada<br />

um deles recebe atendimento customizado pelas suas necessidades<br />

e pelo objetivo principal diagnosticado em sua<br />

formação. “Antes do início dos projetos, realizamos uma<br />

análise dos setores e das empresas da região, a fim de<br />

identificarmos as principais necessidades das empresas<br />

para atuarmos sobre elas”, comenta o gerente de Indústria,<br />

Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS, Fábio Krieger.<br />

Como exemplo, ele lembra que, tratando-se de pequenos<br />

negócios, nem sempre as parcerias precisam ser de alto<br />

grau de comprometimento. “Às vezes um restaurante que<br />

precisa melhorar o seu ambiente interno pode se juntar<br />

com um fotógrafo que sente necessidade de divulgar seu<br />

trabalho”, sugere.<br />

O especialista ressalta que alguns grupos optam pelo desenvolvimento<br />

de produtos e outros, inclusive, por parcerias<br />

na construção de serviços em áreas que não fazem<br />

parte do know-how principal de seus negócios. “O contato<br />

18 19


INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

entre empresários é um<br />

dos grandes ganhos para<br />

aqueles que participam<br />

de projetos coletivos.<br />

A interação entre empresas<br />

cria uma relação positiva<br />

capaz de desenvolver<br />

parcerias e gerar novos<br />

produtos e serviços”, explica<br />

Krieger, ao ressaltar<br />

que qualquer ação se dá<br />

por livre adesão e não há<br />

impeditivos na desvinculação<br />

de projetos.<br />

Por outro lado, Krieger<br />

lembra que esses benefícios<br />

acabam impactando,<br />

inclusive, o aspecto pessoal<br />

dos gestores envolvidos<br />

nesses projetos, o que define a permanência<br />

dos empresários no grupo. “Nossa última pesquisa<br />

apontou que aproximadamente 70% dos envolvidos<br />

relataram um aumento de sua qualidade de vida, já<br />

que seu negócio estava mais organizado e não tão<br />

dependente do seu olhar”, enfatiza. Em sua trajetória<br />

no <strong>Sebrae</strong> RS, o gerente lembra que inúmeras vezes<br />

se deparou com empreendedores exaustos, sem tirar<br />

férias desde que abriram suas empresas. Após<br />

adequações na área de gestão, puderam se afastar<br />

momentaneamente de suas tarefas para aproveitar<br />

momentos de lazer.<br />

Além desse dado, pesquisa realizada pelo <strong>Sebrae</strong> RS<br />

aponta que empresas que participam de projetos coletivos<br />

têm duas vezes menos predisposição a fechar<br />

as portas do que a média do restante do mercado,<br />

além de contratarem também acima da média. Isso,<br />

na avaliação de Krieger, pode ser reflexo de outra<br />

constatação: mais de 90% dos gestores envolvidos<br />

se sentem mais preparados para gerir um negócio.<br />

“É interessante destacar ainda que aproximadamente<br />

85% acreditam que, de fato, com o aumento da<br />

troca de experiências entre os gestores houve acrés-<br />

FIQUE ATENTO<br />

Interessados em fazer parte<br />

dos projetos coletivos devem<br />

procurar o <strong>Sebrae</strong> RS<br />

na região mais próxima de<br />

sua empresa. No setor de<br />

agronegócios, também é<br />

possível procurar o responsável<br />

no SENAR, através do<br />

Sindicato Rural de seu município,<br />

já que a instituição,<br />

juntamente com a Farsul, é<br />

parceira do projeto.<br />

cimo de capacidade de<br />

competitividade de seus<br />

produtos e serviços a partir<br />

dessas relações humanas”,<br />

enfatiza. Esse é um<br />

dos objetivos principais<br />

desses projetos, que são<br />

focados no fomento de<br />

cadeias produtivas importantes<br />

para a economia do<br />

Estado, ou no auxílio à estruturação<br />

daquelas que<br />

contam com potencial de<br />

transformação de nossa<br />

economia no longo prazo.<br />

O investimento necessário<br />

para participar dos<br />

grupos está relacionado<br />

ao objetivo de cada projeto,<br />

bem como às ações a serem desenvolvidas para<br />

atingir a meta traçada. No entanto, pelo intuito de<br />

fomento à economia local, parte significativa do valor<br />

dessas ações é subsidiada.<br />

DESTAQUES<br />

64% dos envolvidos relataram um<br />

aumento de sua qualidade de vida<br />

91% se sentem mais<br />

preparados para gerir um negócio<br />

82% aumentaram a troca de<br />

experiências com empresários<br />

96% indicariam para um amigo<br />

82% acreditam que com o aumento da<br />

troca de experiências entre os gestores<br />

houve acréscimo de capacidade de competitividade<br />

de seus produtos e serviços a<br />

partir dessas relações humanas<br />

Setor Energético<br />

Aspectos regulatórios recentes aos pequenos negócios<br />

da matriz energética, como os sistemas de<br />

compensação e os incentivos fiscais do governo<br />

estadual, têm contribuído para as possibilidades de<br />

negócios e, consequentemente, expansão da cadeia<br />

no Estado. Com essas mudanças, o projeto colaborativo<br />

Energia <strong>Mais</strong>, que tem como objetivo ampliar<br />

oportunidades da cadeia de energias renováveis e<br />

soluções de eficiência energética, ocupa local de<br />

destaque.<br />

A cadeia energética do Rio Grande do Sul é decisiva<br />

para a economia do Estado e tem se voltado<br />

gradualmente para energias renováveis. Este fator<br />

e a configuração do segmento contribuem para a<br />

expansão das empresas de pequeno porte, segundo<br />

o gerente de Indústria, Comércio e Serviços do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS. “Temos poucas grandes empresas<br />

atuando no setor, e elas dependem do restante da<br />

cadeia. As maiores movimentam o mercado, mas<br />

cada vez mais elas dependem do pequeno para<br />

encontrar novas soluções e difundir seus negócios”,<br />

comenta. Essas pequenas empresas dispõem<br />

de potencial inovador relevante, na avaliação de<br />

Krieger, e podem aproveitá-lo por meio de parcerias.<br />

Dentro de um grupo do Energia <strong>Mais</strong>, que teve início<br />

sem a pretensão do desenvolvimento de produtos,<br />

quatro empresários se juntaram para formular<br />

uma luminária LED resistente às mais variadas intempéries<br />

que promete competir fortemente com<br />

as já consolidadas no mercado. Conforme o gestor<br />

da indústria Kaballa, Jones Pellini, o produto está<br />

sendo desenvolvido para suprir as necessidades<br />

da iluminação industrial, resistindo a grandes alterações<br />

climáticas, como chuva, neve, vento e sol,<br />

além de poder ser utilizado em ambientes internos<br />

ou externos e até mesmo em residências.<br />

A diferença desse produto para os já disponíveis é,<br />

justamente, a qualidade dos materiais utilizados,<br />

afirma Pellini. “Vamos competir com os produtos<br />

chineses, uma vez que eles dominam o mercado.<br />

20 21


INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇO<br />

O material que eles utilizam em alguns componentes<br />

é mais frágil do que aquele que estamos nos<br />

propondo a oferecer no mercado”, explica. Na divisão<br />

de tarefas, a Kaballa ficou responsável pela injeção<br />

de lentes em acrílico, enquanto a Conlink irá<br />

prover a placa de LED e a CMD a placa de alumínio.<br />

Já a comercialização será responsabilidade da Geral<br />

Eletro, de Caxias do Sul. Ainda não há previsão<br />

de data para lançamento do produto.<br />

Pelo diagnóstico de Jones, o grande mérito do programa<br />

Energia <strong>Mais</strong> passa pela mudança da percepção<br />

de rivalidade entre empresas do segmento que,<br />

inclusive, podem ter expertises complementares,<br />

como no caso de suas parceiras. Krieger lembra que<br />

no Estado existe uma cultura acirrada de competição<br />

entre empresas, que está, aos poucos, dando<br />

espaço à cultura da colaboração. “Quando se fala<br />

de uma mudança cultural não é por uma visão romantizada<br />

de colaboração, é uma necessidade, à<br />

medida que o empresário observa que há ganhos<br />

nela”, enfatiza.<br />

Rede Colaborativa<br />

Ponto importante dos projetos coletivos é que<br />

cada empresa inserida tem liberdade de dosar a<br />

sua participação e o seu grau de comprometimento<br />

com o objetivo do projeto, segundo Krieger.<br />

Por vezes, a interação entre os participantes é tão<br />

positiva que, a partir do projeto, desenvolvem-<br />

-se parcerias capazes de gerar novos produtos e<br />

serviços complementares ao portfólio inicial das<br />

empresas.<br />

A Rede Cooperada Brasil Solar nasceu a partir do<br />

projeto Energia <strong>Mais</strong> e, hoje, está em mais de 50 cidades<br />

do Estado, representada por sete empresas<br />

interligadas para a expansão de seus negócios. O<br />

empresário Igor Cunha, da empresa integrante da<br />

rede Bonsai Energia Solar, relata que desde 2016<br />

tem contato com os projetos do <strong>Sebrae</strong> RS. No<br />

ambiente do projeto, a rede nasceu por iniciativa<br />

dos próprios empreendedores. “Percebemos que<br />

o mercado estava ficando cada vez mais competitivo<br />

e decidimos nos juntar para aumentarmos o<br />

nosso potencial”, relata Cunha.<br />

sável pela elaboração do projeto, Vinicius Ayrão,<br />

ministrou uma série de palestras sobre a norma,<br />

que deve ir a consulta pública em breve.<br />

Outro encontro focado em aperfeiçoamento de<br />

técnicas foi realizado em Santa Maria, no final do<br />

mês de março. Nele, os engenheiros discutiram as<br />

possibilidades de proteção contra raios em instalações<br />

fotovoltaicas. A rede conta com escritórios em<br />

nove cidades do Estado, o que amplia suas possibilidades<br />

de qualificação de profissionais, além de<br />

aumentar o alcance de suas ações de marketing e<br />

seu relacionamento com fornecedores de equipamentos.<br />

“Se isso não aumenta a competitividade,<br />

não sei o que poderia ajudar”, conclui.<br />

“Não é somente<br />

uma questão de<br />

volume e valor de<br />

compra; como<br />

estamos juntos,<br />

conseguimos<br />

negociar melhores<br />

condições.”<br />

IGOR CUNHA<br />

Empresário da rede<br />

Bonsai Energia Solar<br />

“Quando se fala de<br />

uma mudança cultural<br />

não é por uma visão<br />

romântica de<br />

colaboração, é uma<br />

necessidade, à medida<br />

que o empresário<br />

observa que há<br />

ganhos nela.”<br />

FÁBIO KRIEGER<br />

Gerente de Indústria, Comércio<br />

e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

Com essa união, os empresários fortaleceram as<br />

suas marcas e mudaram seu relacionamento com<br />

fornecedores. “Não é somente uma questão de<br />

volume e valor de compra, como estamos juntos<br />

conseguimos negociar melhores condições”, explica<br />

Cunha. Ele enfatiza que os membros da rede<br />

conseguem garantir reposição imediata de alguns<br />

equipamentos para seus clientes graças a acordo<br />

firmado com fornecedores para que haja aparelhos<br />

disponíveis até que questões de garantias<br />

sejam resolvidas.<br />

Preocupada em qualificar seus profissionais, a<br />

Rede Cooperada Brasil Solar investe em treinamentos.<br />

Em parceria com o <strong>Sebrae</strong> RS, nos dias<br />

16 e 17 de março, engenheiros ligados ao grupo<br />

e demais participantes do programa Energia <strong>Mais</strong><br />

estiveram reunidos em Porto Alegre para debater<br />

as novas resoluções de instalações fotovoltaicas.<br />

Na oportunidade, o membro da ABNT e respon-<br />

22 23


CAPA<br />

Micro e pequenas<br />

empresas compõem mais<br />

de 99,4% do segmento,<br />

que tem atuação do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS em todos<br />

os seus elos<br />

Hora de apostar na<br />

cadeia<br />

da saúde<br />

A cadeia produtiva da saúde movimenta cerca de<br />

10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil.<br />

A maior fatia deste número é fruto de desembolsos<br />

do segmento privado, que correspondem a 56% dos<br />

investimentos, contra 44% provenientes das três<br />

esferas do poder público. Os grandes players desse<br />

mercado, em geral, são os hospitais, com participação<br />

significativa nesses valores.<br />

Como em outras cadeias, as maiores empresas do<br />

setor são bastante dependentes das menores – ainda<br />

mais em um contexto no qual 99,4% do segmento<br />

é composto por micro e pequenas empresas (MPE),<br />

como no caso da saúde, de acordo com a Relação de<br />

Informações Sociais (Rais), pesquisa realizada pelo<br />

Ministério do Trabalho. Ainda assim, esses negócios<br />

não estão próximos aos grandes players somente<br />

para servi-los, uma vez que também revolucionam<br />

processos e aprimoram metodologias utilizadas pelos<br />

grandes.<br />

O Rio Grande do Sul, nesse contexto, apresenta o terceiro<br />

maior índice de leitos hospitalares por mil habitantes<br />

no País. Além disso, é o quarto estado com<br />

maior número de médicos, sendo 2,37 profissionais<br />

para cada mil habitantes, segundo o Conselho Federal<br />

de Medicina (CFM). Quase 61 mil empresas ligadas<br />

ao segmento são responsáveis por mais de 300 mil<br />

empregos diretos.<br />

O <strong>Sebrae</strong> RS tem como objetivo integrar esses agentes.<br />

“Estamos há dois anos com atuação na área da<br />

saúde, com programas de desenvolvimento em todos<br />

os seus elos”, relata a técnica da Gerência de Indústria,<br />

Comércio e Serviços, Ana Paula Rezende. Nesse<br />

24 25


CAPA<br />

período, o <strong>Sebrae</strong> RS vem aprimorando conhecimentos<br />

e especializando seu corpo técnico para atuação<br />

focada em iniciativas nos setores de indústria, serviços<br />

e comércio.<br />

A carteira, relativamente nova para a entidade, apresenta<br />

grande potencial de expansão no Rio Grande<br />

do Sul, uma vez que o Estado é o segundo polo hospitalar<br />

do País. A Capital, com seus 33 hospitais, por<br />

outro lado, não é o único município com importante<br />

núcleo hospitalar – com igual potencial de desenvolvimento,<br />

cidades como Passo Fundo, Santa Maria,<br />

Caxias do Sul e Pelotas têm destaque. O Estado conta,<br />

atualmente, com cerca de 380 estabelecimentos<br />

hospitalares, entre públicos e privados, distribuídos<br />

por 274 dos 496 municípios.<br />

Com o Projeto Conexão Saúde, programa voltado ao<br />

desenvolvimento de micro e pequenas indústrias da<br />

Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale do Sinos<br />

e Serra Gaúcha, o <strong>Sebrae</strong> RS busca promover a aproximação<br />

comercial e a geração de negócios junto ao<br />

mercado de atuação dessas empresas do setor produtivo.<br />

No setor do Comércio, a organização atua a<br />

partir de redes de cooperação, nas quais empresas<br />

com afinidades juntam-se para atingirem objetivos<br />

em comum – como redes de farmácias tradicionais e<br />

de manipulação, além de redes de laboratórios clínicos<br />

e de imagem –, que se aproximam para conquistar<br />

poder de negociação em condições de pagamento<br />

e melhora de preço de compra de sua mercadoria.<br />

Esse programa tem uma abordagem personalizada a<br />

partir dos anseios de cada grupo de empresários.<br />

“Já no setor de serviços está o maior número de micro<br />

e pequenas empresas fomentadas pelos grandes<br />

players, como hospitais e operadoras de planos de<br />

saúde”, ressalta Ana Paula. Nesse elo também se destaca<br />

a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS especialmente junto a<br />

instituições de longa permanência para idosos e atividades<br />

de apoio especializado à saúde, além dos segmentos<br />

mais tradicionais, como laboratórios, clínicas<br />

médicas e demais serviços de apoio ligados à saúde.<br />

Cluster de Tecnologia para Saúde RS<br />

O Projeto para o desenvolvimento do Setor da Saúde é uma iniciativa do governo<br />

do Estado que reúne os principais agentes públicos e privados, entre<br />

empresas, universidades, parques tecnológicos e outras instituições – as quais<br />

dedicam esforços, sem recursos financeiros externos, para desenvolver trabalho<br />

de prospecção para a cadeia. A iniciativa, que tem como um dos seus principais<br />

parceiros o <strong>Sebrae</strong> RS, foi firmada a partir de acordo entre o governo gaúcho e<br />

o Instituto Central de Engenharia Biomédica da Alemanha (ZiMT).<br />

Conexão Saúde<br />

O programa é voltado para micro e pequenas indústrias da Região Metropolitana de Porto<br />

Alegre, Vale do Sinos e Serra Gaúcha que produzam máquinas, equipamentos, artigos,<br />

utensílios, produtos e soluções relacionadas à cadeia produtiva da saúde. A intenção desse<br />

projeto é desenvolver essas indústrias, preparando-as comercialmente e promovendo<br />

a conexão às oportunidades de mercado a que, dificilmente, empresas de pequeno porte<br />

teriam acesso – como contato direto com hospitais de referência. O Conexão Saúde é uma<br />

iniciativa do <strong>Sebrae</strong> RS que tem como parceiros o Cluster de Tecnologias para a Saúde do<br />

Estado e a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos,<br />

Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), com apoio do Sindicato dos Hospitais e<br />

Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA).<br />

StartupRS Health<br />

Programa que objetiva validar novos modelos de negócios de startups digitais na área de<br />

saúde, bem como preparação para vendas, aproximação com a cadeia da saúde e acesso<br />

a investimentos. Dentro do escopo do projeto está o acompanhamento de tendências de<br />

mercado, regulamentação do setor, marketing digital e de vendas, além da preparação<br />

para pitch – apresentação de produto para investidores e clientes. O projeto também trabalha<br />

com consultorias individuais e de acompanhamento com a Grow+ Aceleradora de<br />

Startups Premium.<br />

26 27


CAPA<br />

CADEIA DA SAÚDE<br />

Indústria<br />

Comércio<br />

Serviços<br />

Indústria<br />

farmacêutica<br />

Distribuição de<br />

medicamentos<br />

SERVIÇOS<br />

COMPLEMENTARES<br />

Serviços móveis<br />

de atendimento<br />

PROMOÇÃO<br />

DO BEM-ESTAR<br />

Residencial<br />

geriátrico<br />

Clínica de exames<br />

diagnósticos<br />

Atuação do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS<br />

Produção de<br />

próteses e<br />

órteses<br />

Drogarias e<br />

farmácias<br />

Assistência<br />

social<br />

337 hospitais<br />

no Estado<br />

Serviços de apoio<br />

ligados à saúde<br />

Academias<br />

Equipamentos<br />

médicos<br />

Lojas<br />

especializadas<br />

Operadoras de<br />

planos de saúde<br />

Atividades<br />

especializadas de<br />

apoio à saúde<br />

Transversalidade com a<br />

cadeia de TI<br />

O dia de um complexo hospitalar envolve diversos pequenos<br />

e grandes problemas que dificultam o seu bom<br />

andamento. Sanar estas adversidades, muitas vezes, só<br />

é possível com o envolvimento de outras cadeias de<br />

valor, como a da Tecnologia da Informação, que tem<br />

potencial de desenvolver soluções inovadoras para problemas<br />

cotidianos dos negócios da saúde.<br />

“Isso exige que no <strong>Sebrae</strong> RS também tenhamos uma<br />

atuação transversal, unindo startups e empresas de<br />

tecnologia da informação com foco na área de saúde<br />

com hospitais e outras empresas consolidadas no<br />

mercado”, afirma a Coordenadora dos Programas de<br />

TI e Startups do <strong>Sebrae</strong> RS, Débora Chagas. Ela lembra<br />

que, por vezes, empresas pequenas e startups não têm<br />

acesso facilitado a grandes players.<br />

Com a finalidade de conectar esses pequenos negócios<br />

a problemas reais de mercado, o <strong>Sebrae</strong> RS desenvolveu<br />

um método conhecido como Startup Lab <strong>Sebrae</strong>.<br />

A metodologia permite gerar essa aproximação com<br />

grandes players. Em um formato de 2,5 dias, equipes<br />

de empreendedores da área de TI, negócios e técnicos<br />

como profissionais da área de saúde são estimulados<br />

a criarem soluções importantes para necessidades já<br />

existentes no mercado. Em edição do evento que buscava<br />

atender às demandas do Complexo Hospitalar<br />

Santa Casa de Misericórdia, um dos desafios era o controle<br />

de higienização de mãos nas Unidades de Tratamento<br />

Intensivo (UTI).<br />

A solução foi encontrada pela BeeIT, empresa de TI que<br />

hoje participa do projeto Conexão Saúde. O empreendedor<br />

Sandro Pinheiro explica que a partir de dispositivo<br />

bluetooth implantado no crachá do corpo médico<br />

e também nos dispositivos higienizadores é possível<br />

diagnosticar falhas no processo. A ferramenta foi criada<br />

durante o Startup Lab <strong>Sebrae</strong> – Edição Saúde, e está<br />

em fase de testes. O responsável pela organização do<br />

evento no Hospital, Carlos Klein, que é ligado à área de<br />

pesquisa e desenvolvimento da Santa Casa, comemora<br />

o sucesso da parceria. “Desta maneira agora podemos<br />

“Isso exige que no<br />

<strong>Sebrae</strong> RS também<br />

tenhamos uma atuação<br />

transversal, unindo startups<br />

e empresas de tecnologia<br />

da informação com foco<br />

na área de saúde com<br />

hospitais e outras empresas<br />

consolidadas no mercado.”<br />

DÉBORA CHAGAS<br />

Coordenadora dos Programas<br />

de TI e Startups do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

diagnosticar colaboradores que não cumpram o processo<br />

e encaminhá-los para trabalhos de conscientização”,<br />

relata.<br />

A aproximação com a Santa Casa, onde esse sistema<br />

está instalado, permitiu o desenvolvimento e aperfeiçoamento<br />

da solução – o que levou à consolidação da<br />

BeeIT como empresa no mercado. “O <strong>Sebrae</strong> RS nos<br />

abriu muitas portas que nos levaram a conseguir investimentos<br />

junto ao Badesul para consolidação e divulgação<br />

de nossas soluções”, conta Pinheiro.<br />

Há duas edições a BeeIT participa da Feira Hospitalar de<br />

São Paulo, segunda maior mostra ligada ao segmento<br />

da saúde globalmente, com o apoio dessas entidades.<br />

“Em <strong>2018</strong> iremos para o terceiro ano no estande coletivo<br />

organizado pelo <strong>Sebrae</strong> RS”, comemora Pinheiro.<br />

“Uma startup pequena, dentro de Porto Alegre apenas,<br />

não tem visibilidade”, relata, ao elencar motivos para<br />

participar do evento.<br />

Além do mais, o histórico de participações da empresa<br />

em feiras tem saldo positivo. “Em uma dessas<br />

28 29


CAPA<br />

feiras tivemos contato com a multinacional Sodexo,<br />

que está presente em 80 países, e eles nos selecionaram<br />

para sermos parceiros oficiais na América<br />

Latina para inovação”, comenta o empresário, ao<br />

salientar que o contrato não seria firmado sem o respaldo<br />

da parceria com a Santa Casa na implementação<br />

de seus softwares.<br />

Esse é um dos objetivos do trabalho do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

junto a esses negócios. “Essa é a nossa intenção,<br />

uma micro ou pequena empresa passou atuar na cadeia<br />

da saúde, auxiliando no desenvolvimento de empreendimentos<br />

ligados à área”, enfatiza Ana Paula.<br />

A vez das startups<br />

O avanço tecnológico imprime a necessidade de<br />

atualizações constantes em práticas tidas como consolidadas<br />

pelos mais diversos setores. No caso da<br />

cadeia da saúde, decisiva para o bem-estar da população,<br />

é ainda mais importante – já que a conexão<br />

com startups é fundamental para o desenvolvimento<br />

de novas soluções que tragam inovações na área.<br />

Com esse norte, a Wbio, que desenvolve equipamentos<br />

e sistemas para a área de saúde, conta com<br />

software que agiliza diagnósticos em exames laboratoriais.<br />

“A análise de um determinado exame, que<br />

antes teria custo de R$ 100 e tempo médio de espera<br />

de duas horas, com o programa fica pronta em 15<br />

minutos e tem custo de R$ 20”, enfatiza o empreendedor<br />

Lucas Sperb, responsável pelo projeto.<br />

Recentemente os empreendedores da Wbio foram<br />

destaques do programa StartupRS Health do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS, que fomenta a resolução de problemas<br />

reais da cadeia da saúde. Sperb relata que os trabalhos<br />

realizados junto ao <strong>Sebrae</strong> RS, bem como a consultoria<br />

prestada pela Grow+, foram decisivos para o<br />

sucesso da empresa. “Sou biomédico, não tenho experiência<br />

na área de negócios, e com o programa fui<br />

entendendo aos poucos como tudo funcionava”, diz.<br />

As ferramentas utilizadas pelo programa, por outro<br />

lado, garantiram o destaque da startup. A blockchain,<br />

tecnologia utilizada que garante a precisão da análise<br />

do exame, é a mesma que garante o sucesso de transações<br />

monetárias. Desta maneira, o diagnóstico é<br />

assegurado com 95% de precisão, sendo necessário<br />

que o técnico apenas ateste o resultado. Além disso, a<br />

empresa é pioneira ao lançar a primeira criptomoeda<br />

ligada à saúde. Ela é empregada nas transações em<br />

decorrência do uso do software.<br />

O produto está em fase experimental em hospital<br />

do Estado, mas ainda passa por regulamentação.<br />

O próximo passo para a WBio é participar do programa<br />

StartupRS Scale, que objetiva trabalhar a escala<br />

de vendas com foco comercial. A técnica da Gerência<br />

de Indústria, Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />

Ana Paula Rezende, salienta que os desafios na área<br />

da saúde são diversos. “Questões como o envelhecimento<br />

populacional – os idosos são o grupo ocupacional<br />

que mais cresce e quase triplicou de 1980<br />

a 2000 –, além de dificuldades na área de ensino e<br />

pesquisa e até mesmo falta de integração entre os<br />

elos do setor”, elenca. Neste sentido, a atuação da<br />

entidade junto ao segmento se faz ainda mais indispensável.<br />

“Além de cuidar da saúde das pessoas é<br />

importante cuidar da saúde das empresas, garantindo<br />

a competitividade e sua manutenção no mercado”,<br />

conclui.<br />

“Além de cuidar da<br />

saúde das pessoas é<br />

importante cuidar da<br />

saúde das empresas,<br />

garantindo a<br />

competitividade e<br />

sua manutenção no<br />

mercado.”<br />

ANA PAULA REZENDE<br />

Técnica da Gerência de Indústria,<br />

Comércio e Serviços do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

30 31


ENTREVISTA<br />

Desenvolvimento<br />

é resultado de um<br />

esforço coletivo<br />

Entrevista com Fábio Antoldi, professor<br />

da Alta Escola de Empresa e Sociedade<br />

da Universidade Católica de Milão (ALTIS)<br />

O italiano Fábio Antoldi, professor da<br />

Alta Escola de Empresa e Sociedade da<br />

Universidade Católica de Milão (ALTIS),<br />

é um defensor da união de empresas,<br />

sociedade e poder público pelo desenvolvimento<br />

territorial. Desde 2016,<br />

ele apoia o <strong>Sebrae</strong> RS na execução do<br />

Programa LIDER - Liderança para o Desenvolvimento<br />

Regional nas regiões da<br />

Campanha, Fronteira Oeste e Sul do Rio<br />

Grande do Sul. Nesta entrevista à revista<br />

<strong>Mais</strong> <strong>Sebrae</strong>, ele compara o trabalho<br />

de desenvolvimento territorial realizado<br />

na Itália com o que está sendo executado<br />

aqui e projeta crescimento para<br />

aquela região do Rio Grande do Sul.<br />

Comparativamente, quais as semelhanças<br />

entre o trabalho de desenvolvimento<br />

regional realizado na Itália e este aqui<br />

no Rio Grande do Sul?<br />

Fábio Antoldi: Há muitas ligações históricas entre<br />

a Itália e o Rio Grande do Sul, principalmente<br />

no que se refere à imigração, mas existem também<br />

muitas diferenças, não apenas em relação à<br />

natureza, mas à história e na conformação territorial.<br />

No Rio Grande do Sul temos 10,8 milhões de<br />

habitantes e na Itália temos mais de 60 milhões<br />

de habitantes. Esse número já nos mostra uma<br />

densidade populacional completamente diferente.<br />

A Itália é composta de um conjunto de inúmeras<br />

cidades e vilarejos de pequenas dimensões,<br />

mas todos próximos uns dos outros. Em algumas<br />

zonas do Rio Grande do Sul, entre as quais<br />

a região da Fronteira Oeste, passam 60, 70, 100<br />

quilômetros antes de encontrarmos uma cidade<br />

ou vilarejo. Isto modifica o conceito de território<br />

e povos de colaboração. Além disso, a Itália teve<br />

uma fase de desenvolvimento econômico muito<br />

intenso no século passado, nos anos 60, portanto<br />

é uma estrutura econômica consolidada, rica de<br />

empresas, de associações empreendedoras, rica<br />

de espírito empreendedor. O Brasil está vivendo,<br />

nos últimos 20 anos, um percurso de crescimento.<br />

Logo, historicamente, estamos em duas situações<br />

diferentes.<br />

Por meio do Programa LIDER estamos procurando<br />

trazer para cá a experiência de iniciativas,<br />

projetos e também de estrutura de toda a Europa;<br />

construindo, acima de tudo, consciência do protagonismo<br />

das comunidades quando assumem<br />

o desenvolvimento do próprio território. Anterior<br />

ainda às políticas, aos planos de ação, à infraestrutura<br />

para o desenvolvimento, é preciso criar<br />

um sentimento comum nas pessoas para que<br />

assumam em conjunto a trajetória de desenvolvimento.<br />

Considerando o cenário político, econômico<br />

e cultural do Rio Grande do Sul, é<br />

possível projetar um ambiente de desenvolvimento<br />

local a curto prazo?<br />

Fábio Antoldi: O Estado vive uma situação de crise,<br />

e há vantagens e desvantagens em relação a<br />

isso. Comecemos com as desvantagens: obviamente<br />

existem menos postos de trabalho e menos<br />

riqueza. Mas há vantagens, como o fato de<br />

as pessoas perceberem um clima de urgência – a<br />

necessidade de ajudarem umas às outras para encontrarem<br />

uma solução compartilhada. Portanto,<br />

a noção de desafio, a noção de emergência que<br />

se percebe coletivamente, porque se experimenta<br />

o sofrimento, é um bom incentivo para dar início a<br />

um processo coletivo de desenho do futuro.<br />

Algumas cadeias produtivas foram menos afetadas<br />

pela crise econômica. A parte Sul do Rio Grande<br />

do Sul, tendo muita agropecuária, tipicamente<br />

um produto que sofre menos com a crise, é uma<br />

boa base de partida para construir um percurso de<br />

desenvolvimento. É por isso que as lideranças do<br />

Rio Grande do Sul elegeram esse segmento como<br />

ponto de partida do Programa LIDER através de<br />

um projeto-piloto. Está se trabalhando com a carne,<br />

o leite e com o turismo, já que ali há um grande<br />

potencial ligado à natureza e à história.<br />

32 33


ENTREVISTA<br />

Dentro desse contexto, qual a perspectiva<br />

de desenvolvimento para aquela região?<br />

Fábio Antoldi: O que se percebe, para quem, como<br />

eu, vem de fora e encontra nesse momento a gente<br />

do Rio Grande do Sul mobilizada, é que as lideranças,<br />

desde 2015, ativaram um percurso virtuoso de<br />

mobilização social, por meio da primeira fase do<br />

projeto, nas três diferentes regiões. O <strong>Sebrae</strong> RS<br />

fez um ótimo trabalho de envolvimento dos atores<br />

locais, de diálogo e de discussão. Foram criadas<br />

relações entre as pessoas e são elas que carregam<br />

históricos de empreendedorismo e de responsabilidade<br />

em associações políticas, como prefeitos,<br />

responsáveis por associações rurais, de sindicatos<br />

rurais ou de comerciantes, etc.<br />

Nós, agora, estamos intervindo, efetivamente, com<br />

percursos de desenvolvimento econômico ligados<br />

às cadeias de valor; trabalhando sobre essa construção<br />

social muito forte e sobre essas expectativas<br />

de mudanças. É um caminho lento e difícil porque<br />

diz respeito à construção de relações entre as pessoas<br />

e abertura da mente. Por se tratar de uma área<br />

rural, a região é prevalentemente menos exposta em<br />

comparação às áreas metropolitanas à vivacidade<br />

cultural, à ideia de mudanças, à contaminação de<br />

gêneros de pessoas, etc. No entanto se respira um<br />

clima muito positivo. Agora estamos na fase do “fazer”,<br />

e, para fazer, o <strong>Sebrae</strong> RS e todo o sistema<br />

de governo estão se munindo de instrumentos e de<br />

organismos que possam passar para a fase de elaboração<br />

e implementação dos planos de mudança.<br />

Especificamente sobre o trabalho do <strong>Sebrae</strong>,<br />

como o senhor está percebendo<br />

esse trabalho de desenvolvimento daquela<br />

região?<br />

Fábio Antoldi: O <strong>Sebrae</strong> RS está planejando, levando<br />

adiante todo esse movimento, porque é portador<br />

de competências específicas sobre o desenvolvimento<br />

econômico e territorial e goza de uma<br />

reputação muito forte junto às lideranças locais.<br />

É normal que existam interesses divergentes entre<br />

as instituições, entre as pessoas nos territórios,<br />

nas nossas comunidades, nas nossas vidas comuns,<br />

nas nossas famílias. É importante, portanto,<br />

ter uma entidade de referência, como é o <strong>Sebrae</strong>,<br />

capaz de convocar as instituições, convocar as<br />

pessoas e fazê-las sentar-se à mesma mesa de diálogo.<br />

Então, sem o <strong>Sebrae</strong> RS esse trabalho não<br />

teria sido iniciado.<br />

E como as micro e as pequenas empresas<br />

podem se inserir nesse contexto de desenvolvimento<br />

territorial, local, que está<br />

sendo trabalhado?<br />

Fábio Antoldi: O envolvimento das empresas, em<br />

alguns casos, é direto, porque os empresários estão<br />

nos grupos de trabalho e desde o início levaram<br />

suas expectativas, suas esperanças, suas dificuldades<br />

e seus problemas ao Programa. Sendo assim,<br />

as micro e pequenas empresas não serão apenas as<br />

beneficiárias, mas as protagonistas desse desenvolvimento.<br />

Serão envolvidas por vezes em grupos, por<br />

vezes individualmente e darão a sua contribuição.<br />

Isso apoiado por experts do território, como as Universidades,<br />

os centros de pesquisa e de serviços, e<br />

também apoio externo, já que alguns projetos precisarão<br />

de consultoria externa especializada e que o<br />

<strong>Sebrae</strong> RS está colocando à disposição.<br />

Qual a percepção sobre os grupos de governança,<br />

que iniciaram as atividades no<br />

fim do ano passado?<br />

Fábio Antoldi: A percepção foi muito positiva, porque<br />

foi um passo adiante no programa, passando<br />

do processo de diálogo para a etapa operacional. Foi<br />

quando de fato os grupos começaram a trabalhar e<br />

deram início à produção dos projetos. É uma fase<br />

crítica, porque há uma promessa que não pode ser<br />

traída. Porém, todos contribuíram, as universidades<br />

estão fortemente envolvidas, expostas com seus reitores,<br />

as duas Embrapas, que têm na área de agropecuária<br />

e a outra do Bioclima Pampa, e os centros<br />

de pesquisa. Em suma, diria que tudo isso serviu para<br />

definir que deste momento em diante se trabalha concretamente<br />

e não mais simplesmente se confrontando<br />

a respeito de uma visão, uma missão.<br />

Existe uma relação entre a hélice tríplice e<br />

essa região?<br />

Fábio Antoldi: Certamente. O modelo da hélice tríplice<br />

versa sobre a possibilidade de transferir e promover<br />

inovações no território. Estas inovações, que são o motor<br />

do desenvolvimento econômico e empreendedor,<br />

derivam da interação entre três almas: o setor público,<br />

as universidades e os centros de pesquisa e as empresas,<br />

não só as micro e pequenas, mas as grandes<br />

também. Resumindo: temos o <strong>Sebrae</strong>, que, por meio<br />

do Programa LIDER, criou uma adicional possibilidade<br />

para que esses três componentes da hélice tríplice<br />

possam trabalhar pelo território.<br />

Entenda o Programa LIDER<br />

O Programa LIDER foi implementado pelo <strong>Sebrae</strong> RS com o objetivo<br />

estimular o desenvolvimento das regiões Campanha, Fronteira<br />

Oeste e Sul, cuja economia representa 10,6% do PIB do Rio Grande<br />

do Sul, por meio de suas lideranças. Teve início em abril de 2015,<br />

e em cada uma das regiões, grupos compostos por representantes<br />

dos setores público e privado e terceiro setor foram estimulados<br />

a elencar as prioridades locais para, juntos, construírem um plano<br />

de desenvolvimento regional. Toda esta caminhada foi orientada<br />

pela metodologia desenvolvida pelo <strong>Sebrae</strong> em oito encontros de<br />

desenvolvimento grupal e planejamento. Em 2016, o trabalho teve<br />

continuidade em encontros bimestrais de acompanhamento e monitoramento<br />

de resultados. No ano passado, o LIDER atingiu sua<br />

etapa de maturidade e execução.<br />

34 35


EMPREENDEDORISMO<br />

Cursos online<br />

e gratuitos<br />

para empreendedores<br />

Videoaulas com especialistas, e-books,<br />

infográficos e conteúdos práticos acessíveis<br />

por smartphones podem fazer a diferença<br />

para aqueles que buscam aperfeiçoamento,<br />

mesmo na correria diária<br />

Conhecer um pouco da realidade dos empreendedores<br />

do Vale do Silício, encontrar novas ferramentas<br />

e, até mesmo, entender o funcionamento de<br />

toda uma cadeia – essas possibilidades podem criar<br />

diferenciais nos mais diversos negócios e são viáveis<br />

a partir da plataforma de e-learning do <strong>Sebrae</strong><br />

RS. Neste ano, dez novos cursos foram lançados<br />

e outros 28 seguem disponíveis no portal (www.<br />

sebrae-rs.com.br). Com temas como organização,<br />

pessoas, mercado e vendas, inovação, cooperação,<br />

empreendedorismo e finanças, as soluções são<br />

gratuitas e contam com materiais de apoio, como<br />

e-books, infográficos e outras ferramentas.<br />

A responsável pelo projeto de Educação a Distância<br />

na organização, Marie Christine Fabre, explica que,<br />

nos últimos dois anos, o <strong>Sebrae</strong> RS tem se voltado<br />

à criação de cursos online com foco prático que<br />

possam impactar o dia a dia dos empreendedores.<br />

“São cursos baseados em videoaulas com especialistas,<br />

complementadas com depoimentos de empreendedores<br />

dentro dos seus próprios negócios,<br />

para transportar o espectador àquela realidade”, enfatiza.<br />

Assim, o formato de aprendizagem torna-se<br />

dinâmico, com média de seis horas de duração, que<br />

podem ser assistidas por qualquer meio digital, inclusive<br />

por dispositivos móveis, como smartphones<br />

e tablets, já que a plataforma é responsiva.<br />

Marie esclarece que o dinamismo aplicado às soluções<br />

é uma exigência da rotina acelerada dos empresários.<br />

“Facilitar acesso ao aprendizado é uma<br />

necessidade em expansão, visto que, muitas vezes,<br />

o empreendedor é sozinho na gestão de sua empresa”,<br />

lembra. Quem dita a velocidade com que<br />

as lições serão tomadas é o próprio aluno, uma<br />

vez que elas podem ser pausadas e recuperadas<br />

quando for mais conveniente, respeitando o prazo<br />

máximo de 15 ou 30 dias para a finalização de cada<br />

curso. “São aulas leves que podem ser assistidas<br />

no intervalo do almoço ou entre um cliente e outro”,<br />

comenta Marie.<br />

36 37


EMPREENDEDORISMO<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

Vale do Silício:<br />

inspire-se para inovar<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

Zoom no<br />

Cliente<br />

O curso “Vale do Silício: inspire-se para inovar”<br />

foi desenvolvido em modelo de entrevistas com<br />

empresários da região do Vale do Silício, nos Estados<br />

Unidos. A técnica da Gerência de Soluções<br />

do <strong>Sebrae</strong> RS, responsável por sua implementação,<br />

Tanara Souza, explica que, em duas horas-<br />

-aula, o empreendedor possui contato com micro<br />

e pequenas empresas da região, conhecida como<br />

a mais inovadora em seus negócios. “A ideia é<br />

de inspiração, observando a prática diária desses<br />

empresários, com suas percepções e ações<br />

nas quais é possível realizar a reflexão de como<br />

estamos atuando, buscando o diferencial e proporcionando<br />

experiência para nossos clientes”,<br />

comenta.<br />

A abordagem do curso é a partir da ótica de diferenciação<br />

de cinco negócios de abordagem inicialmente<br />

tradicional: dois cafés, uma lavanderia,<br />

um restaurante e uma casa de chás. “Por vezes a<br />

inovação nem precisa ir para o lado da tecnologia<br />

ou de um grande aporte de valores. A lavanderia<br />

estudada identificou que ter um ambiente agradável<br />

e confortável, com acesso a wi-fi, comercializando<br />

café, aumentaria a demanda do local”,<br />

relata Tanara. Ao final das lições, os empresários<br />

são convidados a preencher a ferramenta de canvas<br />

de persona, que instiga a inserção de novas<br />

possibilidades em um modelo de negócio.<br />

O curso Zoom no Cliente: como criar valor<br />

para o mercado tem como objetivo instigar a<br />

reflexão sobre a forma de se relacionar com<br />

o cliente e entregar valor a ele. “A atenção do<br />

curso é voltada para a inovação em modelos<br />

de negócio, a reflexão de qual modelo de sucesso<br />

deve ser adequado à realidade de cada<br />

empreendimento, bem como a experimentação<br />

para identificar a melhor tomada de decisão”,<br />

explica Tanara Souza, técnica da Gerência de<br />

Soluções do <strong>Sebrae</strong> RS. “A intenção é justamente<br />

agregar valor criando conexão entre as<br />

necessidades reais do cliente e o que o produto,<br />

de fato, entrega”, diz.<br />

Em quatro módulos que totalizam duas horas-aula,<br />

o aluno é convidado a refletir sobre<br />

a cultura da inovação e experimentação. “Com<br />

filmes e lições práticas, o curso mostra a importância<br />

de vivenciar ações que acreditamos<br />

que possam criar diferenciais aos negócios”,<br />

ressalta. No último módulo, o empresário<br />

preenche a ferramenta da proposta de valor –<br />

oportunidade de visualização e compreensão<br />

das necessidades e desejos dos clientes para<br />

ocorrer o encaixe, quando a empresa poderá<br />

criar, entregar e capturar valor.<br />

38 39


EMPREENDEDORISMO<br />

360º<br />

Cadeia Produtiva<br />

da Moda<br />

VAREJO DE MODA<br />

O Ponto de Venda<br />

como Experiência<br />

Para os empresários da indústria e varejo de<br />

moda que desejam uma melhor compreensão<br />

sobre essa cadeia produtiva, desde a criação até<br />

a comercialização do produto, passando pela<br />

identidade de marca, o curso 360° – Um Olhar<br />

Sobre a Cadeia de Moda é uma excelente opção.<br />

Lançado no início do ano, mostra como a cadeia<br />

está estruturada, em 12 horas-aula na modalidade<br />

a distância.<br />

O gestor do <strong>Sebrae</strong> RS responsável pela plataforma,<br />

Ivandro Moraes, esclarece que a intenção<br />

do curso é diminuir possíveis lacunas que afetam<br />

o bom andamento da cadeia produtiva, ao<br />

evidenciar os pontos de ligação entre a indústria<br />

e o varejo de moda: “É um curso inteiramente<br />

produzido e filmado no Rio Grande do Sul, com<br />

conteúdo dinâmico e com histórias de marcas<br />

que estão dando certo”.<br />

O conteúdo mescla conceitos teóricos e muita<br />

aplicação prática. “O melhor jeito de mobilizar e<br />

apresentar o que é relevante para o setor é através<br />

da troca de experiências, pelo depoimento<br />

de outros empresários e pela visão da prática”,<br />

avalia Moraes.<br />

Para aqueles empresários que pretendem tornar<br />

suas lojas mais atraentes aos olhos do seu público<br />

e oferecer produtos capazes de despertar desejo<br />

e de atender a suas necessidades, a sugestão<br />

é o curso Varejo de Moda: O Ponto de Venda<br />

como Experiência. “Neste curso apresentamos<br />

ao empresário métodos eficazes para a aplicação<br />

de ferramentas utilizadas na organização do<br />

mix de produtos e na elaboração de estratégias<br />

mercadológicas, além das formas de impulso<br />

para realização das vendas na sua loja”, explica<br />

Ivandro Moraes.<br />

Para melhor apresentação dos conteúdos – que<br />

envolvem gestão visual, pontos de contato, decisão<br />

de compra e experiência de compra –, o curso<br />

foi gravado em quatro lojas: uma de vestuário,<br />

uma de calçados, uma sob medida e uma de<br />

acessórios. Apresenta também quatro histórias<br />

de empresárias que tiveram sucesso na elaboração<br />

de estratégias para oferecer melhor experiência<br />

de compra aos seus clientes, tornando o<br />

visual de suas lojas mais atrativo e competitivo.<br />

40 41


EMPREENDEDORISMO<br />

GASTRONOMIA<br />

Engenharia de Cardápio<br />

As soluções digitais do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

também estão disponíveis para o setor<br />

da gastronomia. Por meio do curso Engenharia<br />

de Cardápio, o empresário irá<br />

aprender a elaborar um cardápio capaz<br />

de aumentar sua lucratividade. O curso<br />

apresenta estratégias que podem ser<br />

adotadas para vender os produtos que<br />

trazem maior lucro e técnicas para deixar<br />

o cardápio mais atrativo.<br />

Cristina Correia, responsável pelo<br />

produto no <strong>Sebrae</strong> RS, explica que o<br />

cardápio é o cartão de visitas do restaurante<br />

e uma ferramenta de venda<br />

muito importante, pois pode influenciar,<br />

e muito, o consumo dos clientes.<br />

No entanto, às vezes, não recebe a devida<br />

atenção. “Com um cardápio efetivo<br />

e vendedor é possível aumentar o<br />

ticket médio do restaurante”, explica.<br />

levantamento do custo de cada preparação,<br />

análise de histórico de vendas e<br />

na classificação dos pratos conforme<br />

a metodologia.<br />

Em sua avaliação, o diferencial desse<br />

curso está, justamente, no seu caráter<br />

prático. “Além disso, o empresário<br />

terá acesso a um infográfico, que<br />

sintetiza as principais informações do<br />

curso, e um e-book, com dicas para<br />

produção fotográfica, destinado àqueles<br />

que querem produzir suas próprias<br />

fotos para valorizar o cardápio”, conclui<br />

Cristina.<br />

O curso é composto por videoaulas<br />

com abordagem prática, algumas foram<br />

gravadas dentro de um restaurante,<br />

explicando todo o método utilizando<br />

um case. Com 12 horas-aula,<br />

apresenta o que é e como aplicar o<br />

método Engenharia de Cardápio, disponibilizando<br />

ferramentas para que o<br />

empresário faça download ao longo<br />

do curso. Tais ferramentas auxiliam no<br />

42 43


POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

Modificações no teto de<br />

permanência na declaração<br />

simplificada e novas regras<br />

de interligação entre fiscos<br />

precisam de atenção<br />

De olho no novo<br />

Simples<br />

Nacional<br />

As alterações na Lei Geral do Simples Nacional causaram<br />

diversos impactos nas corporações – alguns<br />

deles ainda merecem especial atenção dos empresários.<br />

Além de criar uma faixa transitória para a saída<br />

do regime e alterar as alíquotas de tributação tornando-as<br />

mais vantajosas, a nova legislação também<br />

gerou integração entre os fiscos federal, estadual ou<br />

municipal, que agora contam com maior facilidade<br />

na permuta de informações.<br />

A técnica em gerência de políticas públicas do<br />

<strong>Sebrae</strong> RS Claudia Cittolin avalia que as mudanças<br />

são positivas em termos globais, por outro lado,<br />

conjuntamente, reiteram a necessidade de gestores<br />

e empresários estarem atentos também à área<br />

contábil de suas corporações. “Por vezes se deixa<br />

apenas na mão do contador o conhecimento da parte<br />

fiscal, mas, cada vez mais, é necessário que o empresário<br />

esteja atento a sua escrituração contábil”,<br />

relata Claudia, ao citar a relação de proximidade que<br />

passou a existir entre as três esferas das Fazendas<br />

Públicas – e, assim, poderão checar informações<br />

prestadas em divergência de forma facilitada.<br />

Ainda assim, outras questões devem ser alvo de<br />

atenção dos gestores, conforme o entendimento de<br />

Claudia. A partir deste ano, a legislação elevou o teto<br />

anual de receita bruta de pequenas empresas optantes<br />

pelo regime de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões<br />

– o equivalente à média mensal de R$ 400 mil<br />

em receita. Aquelas que têm faturamento entre estes<br />

valores encontram-se em uma zona de transição tributária<br />

e terão ICMS e ISS recolhidos pelo regime<br />

geral. Os microempreendedores individuais (MEIs)<br />

também tiveram o teto elevado para permanência no<br />

Simples, o valor passou de 60 mil para R$ 81 mil,<br />

ou seja: uma média de ganhos mensais de R$ 5 mil<br />

para R$ 6,75 mil.<br />

Claudia explica que, pela nova regra, a tributação segue<br />

progressiva, mas é preciso estar atento às alterações<br />

nas alíquotas, que passaram por diminuição<br />

no número de faixas, caindo de 20 para apenas seis.<br />

No caso do comércio, o percentual de tributação tem<br />

início em 4% para empresas que obtiveram receita<br />

bruta de R$ 180 mil em 12 meses. A maior incidência<br />

se dá, justamente, na faixa de transição criada<br />

este ano, com 19% de taxação para empresas que<br />

faturam entre R$ 3,6 milhões e R$ 4,8 milhões.<br />

Pelo histórico, esta é a sétima alteração da Lei Geral e<br />

só é menos significativa do que a ocorrida em 2014,<br />

quando houve uma espécie de universalização do<br />

Simples. “As alterações atuais foram criadas justamente<br />

para que as empresas não ficassem estagnadas<br />

nos R$ 3,6 milhões em faturamento e pudessem<br />

passar por um período de adaptação com a carga<br />

tributária”, comenta Cláudia, ao expor o potencial da<br />

legislação em eliminar as barreiras de crescimento<br />

das micro e pequenas empresas.<br />

A legislação, promulgada ainda em 2016, também<br />

contou com alguns dispositivos de vigência imediata,<br />

como o parcelamento de débitos adquiridos em 120<br />

meses que vigorou naquele ano. Além da possibilidade<br />

de fragmentação das dívidas, em 2017 foi criada<br />

a possibilidade de participação de um investidor anjo<br />

em empresas optantes pelo Simples, sem que haja a<br />

possibilidade de desenquadramento, já que o aporte<br />

de capital injetado por esse investidor não integra o<br />

capital social da empresa. A remuneração por seus<br />

aportes e sua porcentagem na distribuição dos lucros<br />

são reguladas pelo contrato de participação, mas não<br />

podem exceder o prazo máximo de cinco anos ou a<br />

porcentagem de 50% dos lucros, respectivamente.<br />

“Por vezes se deixa<br />

apenas na mão do<br />

contador o conhecimento<br />

da parte fiscal, mas, cada<br />

vez mais, é necessário<br />

que o empresário<br />

esteja atento a sua<br />

escrituração contábil.”<br />

CLAUDIA CITTOLIN<br />

Técnica em Gerência de Políticas<br />

Públicas do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

44 45


POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

Linha do tempo - Simples Nacional<br />

Criação do Simples Federal, forma simplificada<br />

de recolhimento de tributos que antecedeu<br />

1996<br />

o Simples Nacional. Contemplava microempresas<br />

com faturamento até R$ 240 mil ao<br />

ano e EPPs com limite de faturamento até R$<br />

2,4 milhões ao ano. Criação do Simples Nacional, com extensão<br />

da regra para algumas atividades de serviços<br />

2006<br />

– entrou em vigor a partir de 2007.<br />

Alteração da Lei Complementar nº 123/2006<br />

para tratar de assuntos como a exclusão das<br />

empresas optantes que omitem da folha de<br />

pagamento da empresa ou de documentos<br />

informações previdenciárias, trabalhistas ou<br />

tributárias do trabalhador avulso ou contribuinte<br />

individual que lhe preste serviço.<br />

Aumento do limite de faturamento anual do<br />

Simples, em vigor a partir de 01/01/2012,<br />

para MEI (R$ 48 mil anuais), ME (R$ 360 mil<br />

anuais) e EPP (R$ 2,4 milhões para R$ 3,6<br />

milhões anuais).<br />

Aumento do limite de faturamento anual do<br />

Simples, em vigor a partir de janeiro deste<br />

ano, e limite de faturamento da MEI expandido<br />

de R$ 60 mil para R$ 81 mil ao ano e EPP<br />

de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões ao<br />

ano. Mudança nas tabelas do Simples, com a<br />

inserção de alíquotas progressivas, tal como<br />

no modelo do Imposto de Renda das Pessoas<br />

Físicas, que suavizam o aumento de impostos<br />

quando a empresa cresce.<br />

2007<br />

2008<br />

2011<br />

2014<br />

2016<br />

2017<br />

Criação do microempreendedor individual,<br />

nova figura jurídica optante do Simples, com<br />

registros válidos a partir de 2009 e limite de<br />

faturamento até R$ 36 mil ao ano.<br />

Redução da substituição tributária sobre<br />

parte dos optantes do Simples e universalização<br />

pela extensão a todas as atividades de<br />

serviços, exceto as vedadas em lei.<br />

Possibilidade de não enquadramento de<br />

investidores anjos sem que haja o risco de<br />

desenquadramento da empresa.<br />

<strong>2018</strong><br />

- Diminuição de 6 para 5 tabelas de tributação;<br />

- Diminuição de 20 para 6 faixas;<br />

- Teto de R$ 4,8 milhões de reais;<br />

- Adoção de alíquotas progressivas, nas quais o acréscimo de tributação somente<br />

se dá com relação ao valor que ultrapassar a faixa de tributação, nos mesmos<br />

moldes do Imposto de Renda Pessoa Física;<br />

- ICMS e ISS para empresas com receita bruta superior a R$ 3,6 milhões se dará<br />

por meio do regime geral;<br />

- Sublimite único do ICMS em R$ 1,8 milhão para estados com participação de até<br />

1% do PIB<br />

Inclusão de fabricantes<br />

de bebidas<br />

Micro e pequenas cervejarias, vinícolas<br />

e produtores de cachaça, bem como<br />

produtores de licores, poderão optar<br />

pelo regime de tributação do Simples<br />

Nacional. Deverão ser registradas no<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento, bem como obedecer às<br />

normas de Vigilância Sanitária e da Receita<br />

Federal.<br />

Microempreendedor<br />

Individual<br />

Aumento do limite para R$ 81 mil anuais,<br />

uma média de R$ 6.750 mensais.<br />

Também foi criada a possibilidade de<br />

empreendedores do meio rural optarem<br />

pela sistemática do MEI. Além disso,<br />

a regra exclui arquivistas, contadores,<br />

técnicos contábeis e personal trainers<br />

do rol de profissões enquadradas no<br />

Simples <strong>2018</strong>.<br />

Salão Parceiro<br />

Valores repassados a profissional de<br />

beleza contratado por meio de parceria<br />

não integrarão a receita bruta da empresa<br />

contratante para fins de tributação; a<br />

empresa contratante deve fazer retenção<br />

e recolhimento dos tributos devidos<br />

pelo contratado.<br />

Redução do Depósito<br />

Recursal<br />

ME e EPP terão direito a redução do valor<br />

do depósito recursal na Justiça do<br />

Trabalho, na ordem de 50%.<br />

Estímulo à Exportação<br />

por MPE<br />

Optantes do Simples podem se beneficiar<br />

de Regimes Aduaneiros Especiais.<br />

46 47


CASES DE SUCESSO<br />

Colmeia passou de<br />

5 para 500 funcionários<br />

e conquistou sua<br />

internacionalização,<br />

após contato com<br />

o <strong>Sebrae</strong> RS<br />

Sem medo da<br />

expansão<br />

Ultrapassar o limite do Simples Nacional muitas<br />

vezes pode causar algum receio, especialmente<br />

por parte das pequenas empresas que participam<br />

do modelo simplificado de recolhimento de tributos.<br />

No entanto, travar o potencial de investimento<br />

de um negócio pode acabar custando mais caro.<br />

“O empresário precisa entender que tem duas alternativas:<br />

expande ou corre risco de fechar a empresa”,<br />

comenta o diretor comercial da Colmeia<br />

Containers, Julio Delfino, empresa familiar que recentemente<br />

atingiu faturamento superior ao limite<br />

de R$ 4,8 milhões da regra de transição do sistema,<br />

que vigora desde o início do ano.<br />

Mas nem sempre foi este o pensamento de<br />

Delfino, que precisou encarar o mercado para criar<br />

esta consciência. O empresário tornou-se taxativo<br />

quanto às alternativas empresariais por um motivo:<br />

ao se deparar com possibilidades de crescimento<br />

foi relutante, mas acabou compreendendo que<br />

o futuro da Colmeia dependia da perda do que ele<br />

próprio reconhece como medo de expansão. “Meu<br />

pai é engenheiro e acabou se envolvendo em uma<br />

obra em São Paulo, pela qual começamos a vender<br />

contêineres utilizados no canteiro”, relata, ao citar<br />

os primeiros passos de crescimento da empresa,<br />

que, até então, era uma pequena loja de materiais<br />

de construção.<br />

Com matriz em Esteio (RS), atualmente a Colmeia<br />

Containers, empresa especializada em módulos<br />

habitáveis e soluções com contêineres para áreas<br />

de alojamentos em canteiros de obras, conta com<br />

filiais em Candiota (RS) e Tanguá (RJ), além de um<br />

escritório no Uruguai voltado para projetos interna-<br />

48 49


CASES DE SUCESSO<br />

cionais. O empresário relata que<br />

o faturamento mensal do ano<br />

passado se igualou ao valor total<br />

arrecadado em 2015, o que,<br />

em seu entendimento, demonstra<br />

que a empresa chegou “em<br />

outro nível”.<br />

Com fluxo de caixa mais significativo<br />

a partir do novo modelo de<br />

negócios, a necessidade de maior<br />

planejamento e profissionalização<br />

tomou forma. Ainda assim,<br />

Delfino e o restante da diretoria<br />

da empresa relutaram em aceitar<br />

o convite do <strong>Sebrae</strong> RS para participar de um projeto<br />

de capacitação e qualificação de fornecedores da<br />

cadeia de Petróleo e Gás, em parceria com a Petrobras.<br />

“A imagem que tínhamos era de que não seria<br />

proveitoso, achávamos que estávamos bem daquele<br />

jeito, só nós três. Acabamos comparecendo de última<br />

hora à primeira reunião do projeto”, explica.<br />

JULIO DELFINO,<br />

diretor comercial da Colmeia<br />

Containers, participou dos projetos<br />

do <strong>Sebrae</strong> RS e viu sua empresa<br />

crescer, com faturamento excedendo<br />

os limites do Simples Nacional<br />

A partir daí os planos da empresa começaram a tomar<br />

forma. Delfino relata que, à época, houve muita<br />

demanda da cadeia do petróleo que estava a pleno<br />

vapor no Estado. “Com o apoio do <strong>Sebrae</strong> RS começamos<br />

a aprimorar nossos controles financeiros,<br />

aprendemos noções de fluxo de caixa, como montar<br />

o nosso mark-up, e participamos<br />

de muitas rodadas de<br />

negócios e visitas em feiras”,<br />

relembra o empresário. As capacitações<br />

realizadas no projeto<br />

do <strong>Sebrae</strong> RS incluíram tópicos<br />

como formação de preço de<br />

vendas, noções de marketing,<br />

Gestão de Qualidade, implementação<br />

da ISO 9001, entre outros.<br />

“A cada projeto encarado fomos<br />

percebendo uma evolução importante<br />

da empresa. Para nós<br />

da Colmeia, participar dos projetos<br />

do <strong>Sebrae</strong> era muito mais do<br />

que só aprendizado. Esta organização acreditou no<br />

nosso potencial em todos os momentos. Estiveram<br />

conosco em cada conquista”, relata.<br />

A este ponto, a Colmeia, que já havia participado de<br />

feiras internacionais, entre elas a Feira Industrial de<br />

Hannover, na Alemanha, em 2009, aderiu em 2013<br />

ao QUALIMUNDI (2013/2015), programa de internacionalização<br />

de empresas do <strong>Sebrae</strong> RS. O gestor<br />

da organização Cleverton da Rocha, que acompanhou<br />

a Colmeia durante o programa, detalha o tipo<br />

de assistência recebida pelos empresários. “Nosso<br />

objetivo era formar empresas de classe mundial, ou<br />

“Para nós, da Colmeia, participar dos projetos do <strong>Sebrae</strong> RS era muito<br />

mais do que só aprendizado. Esta organização acreditou no nosso potencial<br />

em todos os momentos. Estiveram conosco em cada conquista.”<br />

seja, oferecer condições para que elas pudessem<br />

ser mais competitivas no ambiente internacional”,<br />

comenta.<br />

A partir das ações do projeto, a diretoria da Colmeia<br />

pôde entender que sua internacionalização não necessariamente<br />

precisaria ter início pela Europa ou<br />

Estados Unidos. “Temos mercado em potencial na<br />

América Latina e outras localidades”, relata. A primeira<br />

oportunidade internacional surgiu em um voo para<br />

o Rio de Janeiro, no qual Delfino cumpriria agenda<br />

em um dos cursos <strong>Sebrae</strong>. “O avião deu problema e<br />

acabei pegando um táxi para o outro aeroporto com<br />

um representante internacional de estruturas militares<br />

que virou meu parceiro de negócios”, conta.<br />

O encontro culminou em um negócio fechado para<br />

exportação de contêineres com finalidade de servirem<br />

de moradia para militares no Haiti. Como um contrato<br />

leva a outro, a empresa foi levada a Montevidéu. “Naquele<br />

ano fechamos um contrato de US$ 1 milhão por<br />

lá”, relata Delfino. Mesmo que a empresa ainda esteja<br />

focada no segmento da Construção Civil, a utilização<br />

do produto é bastante abrangente e chega a servir de<br />

casa para veranistas nas praias do país vizinho.<br />

ao Projeto Energia <strong>Mais</strong> do <strong>Sebrae</strong> RS. O projeto tinha<br />

como objetivo inserir as empresas na cadeia de<br />

energia renováveis e eficiência energética. “A Canteiros<br />

do Sul se inseriu neste projeto pelas características<br />

sustentáveis de seus produtos, questão cara<br />

à cadeia de energia”, relata Rocha.<br />

“As oportunidades estão aí, e nós as aproveitamos”,<br />

afirma Delfino, orgulhoso da trajetória da empresa.<br />

“No início não sabíamos exatamente do que precisávamos,<br />

com o passar do tempo fomos diagnosticando<br />

e ampliando nossa capacidade e maturidade<br />

de gestão. Costumo dizer que, se não fosse o<br />

pessoal do <strong>Sebrae</strong>, a Colmeia, se ainda existisse,<br />

continuaria como uma pequena loja de materiais de<br />

construção.” Assim, a fase de inseguranças da empresa<br />

foi superada. Hoje a Colmeia conta com 500<br />

funcionários e com um faturamento que excede os<br />

limites do Simples Nacional tem planos de expansão.<br />

“O <strong>Sebrae</strong> foi, de verdade, nos tirando o medo<br />

de crescer. Daqui para a frente a Colmeia estará em<br />

outros territórios. Deixamos de ser pequenos, mas<br />

os ensinamentos ficaram”, conclui.<br />

Mas a inquietude e o faro para boas oportunidades<br />

são características de Delfino, que em 2017 voltou a<br />

procurar o <strong>Sebrae</strong> RS, agora de olho nas oportunidades<br />

do mercado de eficiência energética e geração<br />

de energia a partir de fontes renováveis. A Canteiros<br />

do Sul, empresa do Grupo Colmeia, aderiu em 2017<br />

100<br />

Projetos<br />

2<br />

Filiais<br />

500<br />

Funcionários<br />

50 51


SIGA O EXEMPLO<br />

LUANA CASTRO E<br />

ROSANA STEFFENS<br />

A sua Mercê, Porto Alegre<br />

Inovação e tecnologia para<br />

pequenos negócios<br />

Empreendedores de A sua Mercê, Visa<br />

Flex e Prolight Alimentos conseguiram<br />

qualificar processos e produtos com o<br />

apoio do programa <strong>Sebrae</strong>Tec<br />

A empresária Luana Castro sempre se destacou pelo caráter inovador de seus negócios.<br />

Fundadora da Cuca Haus, que exibiu um cardápio diferenciado e inspirado na gastronomia<br />

dos imigrantes alemães, no bairro Santana, na Capital, ela vendeu o negócio para se<br />

lançar em outra criação. Com Rosana Steffens, abriu a padaria e mercearia de produtos<br />

orgânicos A sua Mercê, no mesmo bairro. Depois de aberta ao público, mesmo com<br />

pesado investimento no projeto, as duas empreendedoras se depararam com um concorrente<br />

invisível a corroer ganhos: a energia elétrica. Mesmo com menos equipamentos<br />

em relação ao negócio anterior, a empresa consumia energias e recursos financeiros<br />

proporcionais. “Investi em uma consultoria para revisar um projeto elétrico que era para<br />

ser perfeito mas que, na prática, não resolvia meus problemas. Havia algo errado. Conseguimos<br />

otimizar alguns equipamentos e reduzir a conta de luz, que era nosso principal objetivo”,<br />

explica Luana. O novo consultor mapeou equipamentos, identificou onde poderia<br />

ter redução de curto e longo<br />

prazos e sugeriu ajustes no<br />

processo. Já no primeiro mês<br />

a empresa registrou queda<br />

de 21,92% no consumo em<br />

relação ao anterior, com o direcionamento<br />

do <strong>Sebrae</strong>TEC.<br />

Agora, Luana e Rosana trabalham<br />

na próxima etapa rumo<br />

a uma maior otimização de<br />

recursos para a área tributária.<br />

Elas estudam uma melhor<br />

classificação fiscal da empresa,<br />

o que pode representar<br />

redução na alíquota de ICMS<br />

que incide sobre o insumo.<br />

“Investi em uma consultoria para<br />

revisar um projeto elétrico que era<br />

para ser perfeito mas que, na prática,<br />

não resolvia meus problemas. Havia<br />

algo errado. Conseguimos otimizar<br />

alguns equipamentos e reduzir a<br />

conta de luz, que era nosso<br />

principal objetivo.”<br />

52 53


CASES DE SUCESSO<br />

JOSÉ OLDEMAR LEMOS<br />

Visa Flex, Bento Gonçalves<br />

CARLA RICALDE<br />

Prolight, Porto Alegre<br />

Nelmo e Carla Ricalde são assíduos<br />

demandantes de consultorias do<br />

<strong>Sebrae</strong>TEC a partir da criação da<br />

Prolight Comércio de Alimentos<br />

LTDA. Desde 2015, com auxílio de<br />

consultores indicados eles fizeram<br />

a empresa crescer, se consolidar e<br />

ganhar mercado. O primeiro apoio<br />

veio para estruturar o mix de produtos<br />

da empresa, direcionada a<br />

necessidades alimentares específicas<br />

de dietas restritivas. Assim se<br />

consolidou a Prolight, uma startup<br />

de alimentos funcionais ultracongelados<br />

a vácuo. Após a primeira<br />

consultoria, o casal seguiu com a<br />

diferenciação no mercado de alimentação<br />

funcional e saudável para<br />

todos os tipos de público, e não somente<br />

adeptos fitness. A ideia é dar uma opção prática, saudável e com muito sabor por meio<br />

da tecnologia do ultracongelamento e vácuo, com variedade e flexibilidade na composição dos<br />

cardápios individuais, boa parte planejada com apoio técnico do <strong>Sebrae</strong> RS. Entre as ações<br />

realizadas estiveram a adequação da cozinha às Boas Práticas de Fabricação, requisitos obrigatórios<br />

de preparo e comercialização de produtos e ampliação dos horizontes do negócio.<br />

“Não há como dissociar o nosso crescimento do apoio oferecido por essas consultorias, com<br />

bom custo-benefício e os insights dos consultores envolvidos nos atendimentos”, afirmam<br />

Nelmo e Carla.<br />

Gerenciada por três sócios, a fabricante de móveis infantis Visa Flex, de Bento Gonçalves,<br />

produz berços para crianças, um mercado repleto de exigências de qualidade<br />

e segurança. E para não correr riscos nem colocar clientes em risco, a empresa se<br />

pautou pela busca de certificações a partir de 2013, quando passou de fornecedora<br />

de componentes a fabricante do produto. Ao buscar a consultoria <strong>Sebrae</strong>TEC de qualidade<br />

e normatização do <strong>Sebrae</strong> RS, logo surgiram os primeiros sinais de problema.<br />

Um deles era não ter controles de produção implantados e operar com métodos de<br />

fabricação em desacordo com a padronização exigida. “Os consultores nos pediram<br />

um check list total”, relembra José Oldemar Lemos, um dos sócios da Visa Flex.<br />

O trabalho, que abrangeu a adequação dos processos da empresa para obter a certificação<br />

de berços pelo Inmetro, teve resultado surpreendente. “Os consultores já nos<br />

deram novas sugestões, eles sempre trazem coisas novas”, comemora o empresário.<br />

A fabricante de móveis, apenas seis meses após a padronização, comemorou crescimento<br />

de 200% nas vendas. E, nesse caso, a experiência de Lemos com o processo<br />

ISO foi fundamental. Atualmente,<br />

a marca comercializa<br />

cerca de 300 unidades<br />

de produtos diversos. E o<br />

plano é ultrapassar as mil<br />

peças entregues até o fim<br />

do ano.<br />

A fabricante de móveis, apenas<br />

seis meses após a padronização,<br />

comemorou crescimento de<br />

200% nas vendas.<br />

“Não há como dissociar o nosso<br />

crescimento do apoio oferecido por essas<br />

consultorias, com bom custo-benefício<br />

e os insights dos consultores envolvidos<br />

nos atendimentos.”<br />

FIQUE ATENTO<br />

SOBRE O SEBRAETEC<br />

O Programa <strong>Sebrae</strong>TEC facilita o acesso a serviços de inovação e tecnologia, apoiando atividades<br />

voltadas à melhoria de processos e produtos dos pequenos negócios por meio de<br />

consultorias e soluções nas temáticas de produtividade, design, sustentabilidade, alimentos<br />

e eficiência energética.<br />

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FATOS E FOTOS<br />

O diretor Técnico Ayrton Pinto Ramos representou a<br />

organização na cerimônia de entrega do Prêmio Marcas<br />

de Quem Decide. O <strong>Sebrae</strong> RS foi eleito pela terceira vez<br />

consecutiva como a marca mais lembrada e preferida dos<br />

gaúchos quando o assunto é Apoio ao Empreendedor.<br />

O <strong>Sebrae</strong> RS apoiou a participação de 34 empresas na<br />

Expodireto Cotrijal, e os resultados foram surpreendentes.<br />

Em cinco dias de evento, foram gerados mais de<br />

R$ 18,5 milhões em negócios, R$ 1,9 milhão durante<br />

a feira e R$ 16,5 milhões como expectativa para os<br />

próximos 12 meses. Esta foi a 19ª edição da feira em<br />

Não-Me-Toque.<br />

O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira,<br />

68 anos, é o novo presidente do Conselho Deliberativo<br />

Estadual (CDE) do <strong>Sebrae</strong> RS. A eleição seguida de<br />

posse ocorreu em fevereiro, durante reunião extraordinária<br />

na sede da organização, em Porto Alegre.<br />

Marcio Fernandes, ex-presidente da Elektro, maior<br />

companhia de energia elétrica da América Latina, foi a<br />

grande atração do Seminário Gestão de Pessoas, promovido<br />

pelo <strong>Sebrae</strong> RS em novembro de 2017.<br />

O executivo falou sobre projetos futuros e seu novo<br />

livro “O Fim do Círculo Vicioso”.<br />

Na Couromoda, em janeiro, o estande coletivo do Rio<br />

Grande do Sul contou com 42 empreendedores, que<br />

conquistaram R$ 9,5 milhões em vendas. Foram comercializados<br />

207.836 pares de calçados e realizados<br />

2.282 contatos com compradores. O espaço é uma<br />

parceria entre as ACIs de Novo Hamburgo, Campo<br />

Bom e Estância Velha, a Secretaria do Desenvolvimento<br />

Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e o<br />

Um grupo de empreendedores, apoiados pelo <strong>Sebrae</strong><br />

RS, participou da NRF <strong>2018</strong>, maior feira do varejo<br />

mundial. Além das atividades na feira (palestras e expositores),<br />

os empresários realizaram visitas técnicas<br />

em lojas-referência do varejo americano. O objetivo é<br />

trazer boas práticas e novidade para as lojas gaúchas.<br />

O <strong>Sebrae</strong> RS reuniu a imprensa da Capital e do Interior<br />

do Estado em encontro dia 27 de março, em Porto<br />

Alegre. Na ocasião foram apresentados os principais<br />

resultados de 2017 e as novidades para <strong>2018</strong>.<br />

Em novembro, no município de Bagé, lideranças dos<br />

43 municípios das regiões da Campanha, Fronteira<br />

Oeste e Sul do Estado participaram do encontro do<br />

Programa LIDER. Na ocasião, foram apresentados os<br />

principais avanços e entregas do LIDER.<br />

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FRASES EM DESTAQUE<br />

“São 450 mil microempreendedores individuais,<br />

300 mil microempresas e 92 mil empresas de<br />

pequeno porte no Rio Grande do Sul. São estes<br />

milhares de empreendedores que promovem o<br />

crescimento do nosso Estado, e é para eles que<br />

nós trabalharemos com afinco até o fim desta<br />

gestão.”<br />

GEDEÃO PEREIRA, presidente do Conselho<br />

Deliberativo do <strong>Sebrae</strong> RS.<br />

“Muito além da estrutura e do apoio para se<br />

apresentarem bem na Expodireto, o trabalho<br />

do <strong>Sebrae</strong> RS tem foco na preparação das<br />

pequenas empresas para que efetivem vendas e<br />

estejam no alvo de quem procura por produtos<br />

de qualidade.”<br />

DERLY FIALHO, diretor-superintendente do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

na Expodireto Cotrijal.<br />

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para transformar os resultados da<br />

sua empresa, onde você estiver.<br />

Para o presidente do <strong>Sebrae</strong>,<br />

Guilherme Afif Domingos, as micro e pequenas<br />

empresas representam a força dos empregos.<br />

“O pequeno empresário representa o Brasil real,<br />

o Brasil que continua gerando emprego e renda,<br />

que precisa negociar suas dívidas para continuar<br />

apostando na retomada da economia.”<br />

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GUILHERME AFIF DOMINGOS, presidente do <strong>Sebrae</strong>, analisando o<br />

fato de que os pequenos negócios em fevereiro foram responsáveis<br />

pela geração de 56 mil empregos no País.<br />

“Esse reconhecimento é resultado da<br />

proximidade que construímos, apoiando os<br />

empreendedores e incentivando a<br />

transformação dos pequenos negócios.”<br />

AYRTON PINTO RAMOS, diretor Técnico do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />

ao representar a organização na cerimônia de entrega do<br />

Prêmio Marcas de Quem Decide.<br />

“Unidos somos mais fortes e efetivos na criação<br />

e no fortalecimento de um ambiente mais<br />

empreendedor na região, tradicionalmente<br />

conhecida por sua gente trabalhadora e<br />

inovadora.”<br />

CLAUDIO PEITER, gerente da Regional Serra do <strong>Sebrae</strong> RS,<br />

comentando sobre encontros que realizou na região para<br />

fortalecer as parcerias.<br />

“Estamos começando como empresa, e as consultorias e<br />

mentorias do projeto foram fundamentais para entendermos<br />

melhor os processos de vendas e de gestão, que permitiram a<br />

criação desse novo sistema.”<br />

LUCAS SPERB, sócio da Wbio, comentando sobre como a atuação do <strong>Sebrae</strong> RS<br />

está contribuindo, inclusive, no desenvolvimento de outros produtos da empresa.<br />

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- Vale do Silício: inspire-se para inovar<br />

- 360º - um olhar sobre a cadeia da moda<br />

- Varejo de moda: o ponto de venda como experiência<br />

- Zoom no cliente: como criar valor para o mercado<br />

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- Lucro na balança - preço no setor de alimentos e bebidas<br />

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