Gestão Hospitalar N.º 13 2018 - Edição do 35.º Aniversário
Edição do 35.º Aniversário
Edição do 35.º Aniversário
Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!
Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.
Especial <strong>Aniversário</strong><br />
ABRIL MAIO JUNHO <strong>2018</strong><br />
<strong>Edição</strong> Trimestral<br />
N<strong>º</strong> <strong>13</strong><br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA aSSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ADMINISTRADORES HOSPITALARES<br />
GESTÃO HOSPITALAR N<strong>º</strong><strong>13</strong> ESPECIAL 35<strong>º</strong> ANIVERSÁRIO<br />
35<strong>º</strong><br />
ANIVERSÁRIO<br />
HOMENAGEM<br />
JOÃO SANTOS CARDOSO
GH SUMÁRIO<br />
ABRIL MAIO JUNHO <strong>2018</strong><br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
PROPRIEDADE<br />
APAH − Associação Portuguesa<br />
de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />
Parque de Saúde de Lisboa Edíficio, 11 - 1.<strong>º</strong> Andar<br />
Av. <strong>do</strong> Brasil 53<br />
1749-002 Lisboa<br />
secretaria<strong>do</strong>@apah.pt<br />
www.apah.pt<br />
DIRETOR<br />
Alexandre Lourenço<br />
COORDENADORES<br />
Bárbara Carvalho, Emanuel Magalhães de Barros,<br />
Miguel Lopes<br />
EDIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO<br />
Bleed - Sociedade Editorial e Organização<br />
de Eventos, Ltda.<br />
Av. das Forças Armadas 4 – 8B<br />
1600-082 Lisboa<br />
Tel.: 217 957 045<br />
info@bleed.pt<br />
www.bleed.pt<br />
PROJETO GRÁFICO<br />
Sara Henriques<br />
DISTRIBUIÇÃO<br />
Gratuita<br />
PERIODICIDADE<br />
Trimestral<br />
DEPÓSITO LEGAL N.<strong>º</strong><br />
16288/97<br />
ISSN N.<strong>º</strong><br />
0871–0767<br />
TIRAGEM<br />
2.000 exemplares<br />
IMPRESSÃO<br />
Grafisol, lda<br />
Rua das Maçarocas<br />
Abrunheira Business Center N<strong>º</strong>3<br />
2710-056 Sintra<br />
Esta revista foi escrita segun<strong>do</strong> as novas regras<br />
<strong>do</strong> Acor<strong>do</strong> Ortográfico<br />
4<br />
6<br />
8<br />
12<br />
16<br />
20<br />
23<br />
33<br />
40<br />
44<br />
54<br />
62<br />
64<br />
66<br />
76<br />
83<br />
89<br />
101<br />
112<br />
114<br />
117<br />
118<br />
119<br />
Editorial Alexandre Lourenço<br />
35 Anos a Gerir Serviços de Saúde<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 1, 1983<br />
Editorial<br />
Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so António Correia de Campos<br />
João José <strong>do</strong>s Santos Car<strong>do</strong>so<br />
Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so José António Meneses Correia<br />
Santos Car<strong>do</strong>so só sabia trabalhar em equipa<br />
Homenagem a Santos Car<strong>do</strong>so Pedro Lopes<br />
Capacidade para ouvir para entender<br />
História José Carlos Lopes Martins<br />
"<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>" qualidade técnica e científica<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 1, 1983 J. M. Caldeira da Silva<br />
Administração médica no contexto hospitalar<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 3, 1983, José António Meneses Correia<br />
O sistema de gestão <strong>do</strong> Hospital: contributo para uma visão sistémica<br />
História Artur Morais Vaz<br />
35 anos da "<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>"<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 20, 1990 Rui Janeiro da Costa<br />
Sistema básico de informação hospitalar nos H.U.C.<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong> 27, 2007 Margarida Bentes<br />
A gestão estratégica nos hospitais passo a passo<br />
História Jorge Varanda<br />
Memórias Intelectuais e sentimentais<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 22/23, 1991 Artur Morais Vaz<br />
Editorial<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 21, 1990 David H. Gustafson,<br />
William L. Cats-Baril, e Farrokh Alemi<br />
Desenvolvimento e testes <strong>do</strong>s modelos Bayesiano e Mau para prevenir<br />
e explicar o sucesso da implementação<br />
História Manuel Delga<strong>do</strong><br />
35 anos de história<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 29, 1994 Manuel Delga<strong>do</strong><br />
Financiamento da Saúde: equívocos e preconceitos<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 31, 1995 Vasco Pinto <strong>do</strong>s Reis<br />
As questões que se põem aos sistemas de saúde<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 33, 1996/1997 Margarida Bentes,<br />
Maria da Luz Gonçalves, Suzete Trancoada, João Urbano<br />
A utilização <strong>do</strong>s GDHs como instrumento <strong>do</strong> financiamento hospitalar<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, 2002 José António Meneses Correia<br />
Saber, saber fazer e a reforma da saúde<br />
História Pedro Lopes<br />
A reforma hospitalar<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 43, 2009 Paulo Salga<strong>do</strong><br />
Qualidade e racionalidade económica<br />
Reedição, <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> n<strong>º</strong> 46, 2010 Pedro Lopes<br />
Editorial<br />
Reedição <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> N<strong>º</strong>1, 1983 Coriolano Ferreira<br />
Três reflexões sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em Portugal<br />
3
GH editorial<br />
Alexandre Lourenço<br />
Presidente da APAH<br />
35 anos a promover a gestão<br />
de serviços de saúde<br />
Este ano celebram-se os 35 anos da<br />
Revista da Associação Portuguesa de<br />
Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es: <strong>Gestão</strong><br />
<strong>Hospitalar</strong> (GH). Reconhecen<strong>do</strong><br />
a sua relevância, recentemente, digitalizámos<br />
to<strong>do</strong>s os números destes anos de revista,<br />
sen<strong>do</strong> agora disponibiliza<strong>do</strong>s universal e gratuitamente<br />
no nosso site.<br />
Eduar<strong>do</strong> Sá Ferreira, João Santos Car<strong>do</strong>so, Raúl Moreno,<br />
João Urbano, Júlio Reis, José Carlos Lopes Martins<br />
e Jorge Varanda foram os elementos da primeira<br />
direção da APAH que editaram o primeiro número<br />
da GH em 1983. Figuras maiores da <strong>Gestão</strong> de Serviços<br />
de Saúde foram reconheci<strong>do</strong>s este ano como<br />
Sócios de Mérito da sua APAH.<br />
Desde a primeira hora, João Santos Car<strong>do</strong>so, primeiro<br />
Diretor da GH (1983-1986), generosamente<br />
se disponibilizou a escrever o editorial desta edição<br />
comemorativa. Malogradamente, tal não foi possível<br />
da<strong>do</strong> o seu falecimento no passa<strong>do</strong> mês de maio.<br />
Esta edição especial da GH é dedicada à sua memória.<br />
António Correia de Campos, José António<br />
Meneses Correia, José Carlos Lopes Martins e Pedro<br />
Lopes partilham as suas recordações sobre este<br />
Homem de Liberdade.<br />
Para esta edição especial, os antigos presidentes da<br />
APAH e diretores da GH, José Carlos Lopes Martins,<br />
Artur Morais Vaz, Jorge Varanda, Manuel Delga<strong>do</strong> e<br />
Pedro Lopes selecionaram artigos que marcaram o<br />
percurso da gestão de serviços de saúde nestes 35<br />
anos. Assim, contamos com artigos de, entre outros,<br />
Caldeira da Silva, Meneses Correia, Janeiro da Costa,<br />
Margarida Bentes, Cats-Baril, Vasco Reis e João Urba-<br />
no. Nesta linha, adiciono ainda o primeiro artigo da<br />
GH, da autoria de Coriolano Ferreira, “Três reflexões<br />
sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em Portugal”.<br />
Apesar de data<strong>do</strong>s no tempo, muito destes artigos<br />
mantém a pertinência <strong>do</strong> momento presente.<br />
Dificilmente encontraríamos um instrumento de<br />
acompanhamento das particularidades e evolução<br />
<strong>do</strong> Serviço Nacional de Saúde (SNS) como a <strong>Gestão</strong><br />
<strong>Hospitalar</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, é um <strong>do</strong>cumento extraordinário<br />
da perseverança e compromisso de várias gerações<br />
de profissionais <strong>do</strong> SNS.<br />
Desde o primeiro número que, a Direção da APAH<br />
estava “consciente das dificuldades que a manutenção<br />
da sua publicação regular comporta”. É com esta<br />
preocupação que damos início neste número a um<br />
novo projeto editorial que garante a manutenção da<br />
qualidade, a regularidade e a sustentabilidade financeira<br />
da GH para os próximos anos. Exista “colaboração<br />
e empenho de to<strong>do</strong>s os profissionais de saúde,<br />
sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res hospitalares”.<br />
Desde o primeiro editorial, agora republica<strong>do</strong>, a GH<br />
é o “órgão de análise, divulgação e debate de toda a<br />
problemática de gestão de serviços de saúde”. Apesar<br />
de privilegiar a abordagem técnica <strong>do</strong> tema administração,<br />
a GH situa-se na “perspetiva sistémica,<br />
de forma a abranger os aspetos de condicionamento<br />
e interação entre o hospital e os serviços de saúde<br />
envolventes”. Apesar de ser a revista <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res<br />
hospitalares portugueses é “um espaço aberto<br />
à colaboração de to<strong>do</strong>s os profissionais nos vários<br />
níveis da organização <strong>do</strong>s serviços de saúde”.<br />
Este primeiro editorial indica-nos a linha editorial da<br />
GH e o futuro da profissão. Venham mais 35. Ã<br />
Permanecer competitivo depende <strong>do</strong> valor que aporta<br />
4
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 1<br />
Editorial<br />
8.000<br />
Empregos<br />
Directos<br />
1.<strong>13</strong>1 M€<br />
Exportações<br />
1.700 M€<br />
Produção<br />
Farmacêutica<br />
75 M€<br />
Investimento<br />
em I&D<br />
142<br />
Ensaios<br />
Clínicos<br />
6 7
GH homenagem<br />
João José <strong>do</strong>s<br />
Santos Car<strong>do</strong>so<br />
EM 1970 TEVE INÍCIO O I CURSO DE ADMINISTRAÇÃO<br />
HOSPITALAR (CAH) E SANTOS CARDOSO INSCREVEU- “-SE E FOI GRADUADO COM DISTINÇÃO NO III CAH.<br />
”<br />
António Correia de Campos<br />
Sócio Honorário da APAH<br />
João Santos Car<strong>do</strong>so foi um distinto administra<strong>do</strong>r<br />
hospitalar, um <strong>do</strong>s primeiros<br />
diploma<strong>do</strong>s na Escola Nacional de Saúde<br />
Pública (ENSP), que se tornou mais conheci<strong>do</strong><br />
por ter administra<strong>do</strong> o Hospital<br />
Pediátrico de Coimbra em equipa com pediatras e<br />
professores ilustres como António Torra<strong>do</strong> da Silva<br />
e Henrique Carmona da Mota. Presidiu à Associa-<br />
ção Portuguesa de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es e<br />
depois <strong>do</strong> 25 de Abril assumiu obrigações cívicas<br />
na política autárquica, como verea<strong>do</strong>r municipal<br />
em Coimbra, eleito pelo PCP, ten<strong>do</strong> dirigi<strong>do</strong> com<br />
reconhecida proficiência e rigor os Serviços Municipaliza<strong>do</strong>s<br />
de Coimbra. Era um profissional altamente<br />
competente e era um homem bom. Granjeou<br />
o respeito e a admiração de muitos, médicos,<br />
enfermeiros, dirigentes da Saúde, políticos e <strong>do</strong>s<br />
seus eleitores, mesmo os que discordavam das suas<br />
ideias e posições.<br />
Santos Car<strong>do</strong>so estu<strong>do</strong>u direito e letras em Coimbra<br />
sem ter concluí<strong>do</strong> qualquer curso. Na Universidade<br />
conviveu com muita gente sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> da cultura, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s primeiros<br />
membros <strong>do</strong> CITAC, o Círculo de Iniciação Teatral<br />
da Academia de Coimbra, organismo de vanguarda<br />
no seu tempo. Ten<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s procurou<br />
trabalho no Hospital de Sobral Cid, uma das<br />
muitas instituições de saúde que o professor Bissaya<br />
Barreto ia crian<strong>do</strong> na sua inesgotável energia, bem<br />
oleada pela amizade que cultivava com o Doutor<br />
Salazar. De Coimbra passou para Lisboa, logo no<br />
início <strong>do</strong>s anos sessenta, ten<strong>do</strong> integra<strong>do</strong> como<br />
primeiro-oficial a recém-criada Direção-Geral <strong>do</strong>s<br />
Hospitais (DGH) onde trabalhou sob as ordens de<br />
Augusto Mantas.<br />
Quan<strong>do</strong> em 1967 decidiu criar um centro de informática<br />
para os hospitais da Região Centro, então<br />
chama<strong>do</strong> Centro Mecanográfico <strong>Hospitalar</strong><br />
de Coimbra, por sugestão de jovens técnicos que<br />
já trabalhavam na DGH, Augusto Mantas decidiu<br />
convidá-lo para dirigir o centro, onde criou uma<br />
equipa de contabilistas e analistas para auxiliar os<br />
hospitais da Região a desenvolverem os seus sistemas<br />
de informação. Em 1970 teve início o I curso<br />
de administração hospitalar (CAH) e Santos Car<strong>do</strong>so<br />
inscreveu-se e foi gradua<strong>do</strong> com distinção no<br />
III CAH. Apesar de não ser licencia<strong>do</strong> foi admiti<strong>do</strong><br />
ao abrigo de uma portaria transitória que permitiu<br />
o acesso ao curso a licencia<strong>do</strong>s em áreas não contempladas<br />
no diploma inicial e mesmo a funcionários<br />
da carreira administrativa, enfermeiros e outros<br />
profissionais, desde que tivessem o terceiro ciclo<br />
<strong>do</strong>s liceus e alguns anos de bom e efetivo serviço.<br />
Foi ao abrigo dessa janela que pessoas como Santos<br />
Car<strong>do</strong>so, Mariana Diniz de Sousa, Cândi<strong>do</strong> Pacheco<br />
de Araújo e o escritor Mário Braga se diplomaram,<br />
ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> lugares de relevo e de reconheci<strong>do</strong><br />
mérito, na década seguinte. Santos Car<strong>do</strong>so foi<br />
um excelente aluno e a sua anterior experiência na<br />
administração de hospitais e na DGH tornaram-no<br />
um profissional com a qualidade necessária para<br />
ser escolhi<strong>do</strong> para administrar o recém-construí<strong>do</strong><br />
Hospital Distrital de Portalegre. Quan<strong>do</strong> o Pediátrico<br />
de Coimbra se constituiu, pouco depois <strong>do</strong> 25<br />
de Abril, Santos Car<strong>do</strong>so concorreu a administra<strong>do</strong>r<br />
onde, com a equipa brilhante que ali havia si<strong>do</strong> reunida,<br />
criou um <strong>do</strong>s mais notáveis exemplos de qualifica<strong>do</strong><br />
funcionamento de uma moderna unidade<br />
<strong>do</strong> SNS, com a maioria <strong>do</strong>s profissionais em dedicação<br />
exclusiva. }<br />
8 9
GH homenagem<br />
“<br />
COMPETENTE, SENSATO, JUSTO, INOVADOR,<br />
OS QUE COM ELE TRABALHARAM RECORDAM-NO<br />
COM ADMIRAÇÃO. COMO CIDADÃO MERECE<br />
O NOSSO RESPEITO E APREÇO.<br />
”<br />
Santos Car<strong>do</strong>so em to<strong>do</strong>s os lugares por onde passou<br />
foi reconheci<strong>do</strong> como um exemplar servi<strong>do</strong>r<br />
público, que aliava trabalho e competência a um<br />
trato de profun<strong>do</strong> respeito pelos colabora<strong>do</strong>res,<br />
colegialidade na decisão e racionalidade persuasiva.<br />
Frontal, não escondia as suas opiniões mesmo<br />
negativas saben<strong>do</strong> sempre apresentá-las de forma<br />
cooperante e urbana. Preocupava-se com as condições<br />
de trabalho <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res, respeitava<br />
as suas opiniões, crian<strong>do</strong> um bom clima de trabalho<br />
assente na completa imparcialidade e na mais rigorosa<br />
probidade e sobretu<strong>do</strong> mantinha uma postura<br />
de permanente criatividade e inovação. A sua experiência<br />
levou-o a ser convida<strong>do</strong> para prestar serviços<br />
de consultoria nacional e internacional. Entre nós,<br />
colaborou com o INA na primeira avaliação comparada<br />
de hospitais (Garcia de Orta e Fernan<strong>do</strong> da<br />
Fonseca, em 1999). Em consultoria internacional<br />
destacou-se na equipa que, na Guiné-Bissau, prestou<br />
apoio ao projeto de modernização <strong>do</strong> sistema<br />
de saúde com financiamento <strong>do</strong> Banco Mundial. Escrevia<br />
com acerto e colaborava com assiduidade e<br />
assinalável independência ideológica em órgãos da<br />
imprensa regional. João José <strong>do</strong>s Santos Car<strong>do</strong>so<br />
foi um bom exemplo de administra<strong>do</strong>r hospitalar.<br />
Competente, sensato, justo, inova<strong>do</strong>r, os que com<br />
ele trabalharam recordam-no com admiração. Como<br />
cidadão merece o nosso respeito e apreço. Ã<br />
Homem solidário e empenha<strong>do</strong><br />
na coisa pública<br />
Presto a minha homenagem ao Santos Car<strong>do</strong>so,<br />
um homem reto, de carácter, solidário e empenha<strong>do</strong><br />
na coisa pública. Tive a sorte de o poder<br />
acompanhar em <strong>do</strong>is projetos diferentes,<br />
mas ambos desafia<strong>do</strong>res e inova<strong>do</strong>res:<br />
• O primeiro, o lançamento e a luta pela sobrevivência<br />
da Revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, em que<br />
pude testemunhar o entusiasmo e também a resiliência<br />
com que procurávamos conteú<strong>do</strong>s e<br />
fun<strong>do</strong>s para garantir cada edição.<br />
• O segun<strong>do</strong>, a informatização <strong>do</strong> processo clínico<br />
<strong>do</strong> Hospital Pediátrico; estávamos em<br />
1982/83, o Santos Car<strong>do</strong>so era o Administra<strong>do</strong>r<br />
<strong>do</strong> Hospital e eu Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Centro Regional<br />
de Informática. O projeto era pioneiro em<br />
Portugal, os conhecimentos e os recursos eram<br />
escassos mas a ambição e a persistência motiva<strong>do</strong>ra<br />
<strong>do</strong> Santos Car<strong>do</strong>so, fizeram com que<br />
se iniciasse um caminho irreversível e determinante<br />
na organização hospitalar portuguesa.<br />
Obriga<strong>do</strong> Santos Car<strong>do</strong>so, valeu a pena.<br />
José Carlos Lopes Martins<br />
10
GH homenagem<br />
“<br />
SANTOS CARDOSO ACOMPANHAVA A MECANIZAÇÃO<br />
DE TODOS OS SERVIÇOS, NÃO SENDO DIFÍCIL<br />
IMAGINAR O QUANTO ESSA EXPERIÊNCIA<br />
O ENRIQUECEU PROFISSIONALMENTE.<br />
”<br />
Santos Car<strong>do</strong>so<br />
SÓ SABIA TRABALHAR<br />
EM EQUIPA<br />
– rodea<strong>do</strong> de máquinas que perfuravam, triavam e<br />
classificavam enormes ficheiros de míticos cartões<br />
de 80 colunas, e de uma impressora que funcionava<br />
à “incrível” velocidade de 300 linhas/minuto.<br />
Os construtores não vendiam as máquinas; alugavam<br />
computa<strong>do</strong>res com os respetivos periféricos, e prestavam<br />
serviços, disponibilizan<strong>do</strong> aos seus clientes o<br />
apoio de Analistas de Sistemas altamente qualifica<strong>do</strong>s.<br />
Tive ocasião de trabalhar com alguns desses especialistas<br />
que proporcionavam a aprendizagem de<br />
meto<strong>do</strong>logias destinadas a analisar os procedimentos<br />
existentes e a conceber e implementar novos<br />
méto<strong>do</strong>s basea<strong>do</strong>s na utilização <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r. O<br />
Santos Car<strong>do</strong>so acompanhava a mecanização de to<strong>do</strong>s<br />
os serviços, não sen<strong>do</strong> difícil imaginar o quanto<br />
essa experiência o enriqueceu profissionalmente.<br />
A mecanização da Estatística foi feita em poucos<br />
meses. No início <strong>do</strong> ano seguinte, frequentei o Curso<br />
de Diretor de Hospital na Escola de Saúde Pública<br />
Francesa.<br />
No regresso, antes de partir para Beja, onde iria participar<br />
na montagem <strong>do</strong> primeiro Hospital Distrital<br />
construí<strong>do</strong> e explora<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>, ainda estive uns<br />
meses em Coimbra. Dos encontros que tivemos<br />
constatámos um novo interesse comum. A preferência<br />
de ambos, sem esquecer os contributos das }<br />
José António Meneses Correia<br />
Sócio de Mérito da APAH<br />
Neste texto recordarei o trabalho <strong>do</strong><br />
Santos Car<strong>do</strong>so enquanto profissional<br />
da Saúde e Administra<strong>do</strong>r <strong>Hospitalar</strong>.<br />
Outros colegas, melhor <strong>do</strong> que<br />
eu, se encarregarão de evocar diferentes<br />
aspetos da sua personalidade multifacetada.<br />
Conheci-o há, precisamente, cinquenta anos. Em<br />
Fevereiro de 1968 iniciei funções nos HUC, como<br />
Chefe de Serviços de Arquivo e Estatística. As estatísticas<br />
de movimento de <strong>do</strong>entes eram obtidas,<br />
manualmente, através da classificação e contagem<br />
<strong>do</strong>s resumos de alta, repetidas tantas vezes quantos<br />
os parâmetros a obter.<br />
Era uma tarefa penosa e sujeita a imprecisões de<br />
vária ordem, que tinha todas as características para<br />
ser mecanizada.<br />
Nos HUC estava instala<strong>do</strong> o Centro Mecanográfico<br />
<strong>Hospitalar</strong> de Coimbra, pertencente ao SUCH, na<br />
altura dirigi<strong>do</strong> pelo Santos Car<strong>do</strong>so.<br />
O pedi<strong>do</strong> para a mecanização da Estatística foi imediatamente<br />
aceite e até bem-vin<strong>do</strong> porque, depois<br />
da mecanização <strong>do</strong>s vencimentos, havia serviços<br />
que ofereciam resistência à mudança e se opunham<br />
à informatização.<br />
O Centro dispunha dum equipamento de 2ª geração<br />
– um IBM 1401H, com 4k de memória central<br />
Impressoras com Software DICOM<br />
Pioneiras em Tecnologia de Impressão Digital<br />
As impressoras para imagiologia e impressão médica da OKI têm software DICOM<br />
integra<strong>do</strong> e oferecem alta qualidade de impressão LED a preços acessíveis.<br />
Imprima diretamente a partir de dispositivos médicos, sem necessidade de<br />
recorrer a conversores de software DICOM ou outros equipamentos externos.<br />
12 <strong>13</strong><br />
Saiba mais em www.oki.pt/DICOM
GH homenagem<br />
“<br />
NÓS, ADMINISTRADORES HOSPITALARES, ESTAMOS-<br />
-LHE GRATOS PELA MANEIRA COMPETENTE, SÉRIA<br />
E DEVOTADA COM QUE HONROU A PROFISSÃO.<br />
OBRIGADO MEU CARO E INESQUECÍVEL AMIGO.<br />
”<br />
diversas escolas de organização, pela Teoria Geral<br />
<strong>do</strong>s Sistemas, movimento deriva<strong>do</strong> da cibernética.<br />
A escolha <strong>do</strong> tema <strong>do</strong> seu trabalho final <strong>do</strong> Curso<br />
de Administração <strong>Hospitalar</strong> – Cibernética e Administração<br />
<strong>Hospitalar</strong>- é significativa <strong>do</strong> interesse que<br />
dedicava a este assunto.<br />
A ideia de sistema é importante, desde logo ao nível<br />
<strong>do</strong> próprio conceito. Porque fornecen<strong>do</strong> ao gestor<br />
uma visão holística da organização, ajuda os dirigentes<br />
a reconhecer a estrutura <strong>do</strong>s problemas e a natureza<br />
<strong>do</strong>s processos de gestão, a colocá-los no seu<br />
envolvimento real e, eventualmente, a simplificá-los,<br />
com conhecimento de causa. O que é bem diferente<br />
das simplificações de quem desconhece a complexidade<br />
da gestão hospitalar e pensa que tu<strong>do</strong> se<br />
resolve com o controlo orçamental.<br />
Depois, a conexão deste conceito com a teoria cibernética<br />
permite identificar uma filosofia de comportamento<br />
<strong>do</strong> sistema cujas palavras-chave são a<br />
evolução, adaptação, aprendizagem, controlo e regulação,<br />
que asseguram a sua pilotagem.<br />
Se a experiência <strong>do</strong> Centro Mecanográfico lhe deu<br />
a oportunidade de apreender, exaustivamente, os<br />
fluxos <strong>do</strong>s processos administrativos, a teoria <strong>do</strong>s<br />
sistemas aju<strong>do</strong>u-o a reconhecer que não se pode<br />
combater a complexidade dum sistema pela fragmentação<br />
em elementos disjuntos, para cada um<br />
<strong>do</strong>s quais se editam regras específicas. O produto<br />
final, ao qual se chega por essa via, não é um sistema,<br />
apenas uma coleção de sub-programas, eventualmente<br />
liga<strong>do</strong>s entre si, mas sem capacidade de<br />
regulação mútua, adaptação e otimização.<br />
Acaba<strong>do</strong> o Curso de Administração <strong>Hospitalar</strong>,<br />
partiu para Portalegre para a montagem <strong>do</strong> novo<br />
Hospital, uma experiência importante na vida dum<br />
Administra<strong>do</strong>r, onde teve ocasião de aplicar os seus<br />
já vastos conhecimentos.<br />
Regressou a Coimbra para ser Administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
Hospital Pediátrico, numa época que o Professor<br />
Carmona da Mota, primeiro Diretor Clínico, considera<br />
uma época de ouro da Pediatria Portuguesa. A<br />
criação <strong>do</strong> Hospital Pediátrico de Coimbra tornou<br />
possível reunir um conjunto de grandes nomes da<br />
Pediatria Portuguesa a que se associou uma plêiade<br />
de jovens Médicos interessa<strong>do</strong>s em trabalhar com<br />
este escol de notáveis, de que destacaria o Professor<br />
Torra<strong>do</strong> da Silva, regressa<strong>do</strong> da Suíça que, em<br />
Lausanne, ocupava um lugar de grande relevo.<br />
Dificilmente o Pediátrico poderia ter melhor Administra<strong>do</strong>r<br />
e dificilmente o Santos Car<strong>do</strong>so poderia<br />
encontrar melhor ambiente de trabalho.<br />
Em 1983, sen<strong>do</strong> vogal da APAH e diretor da Revista,<br />
convi<strong>do</strong>u-me a escrever um artigo que seria publica<strong>do</strong><br />
no n<strong>º</strong> 3. Não me recor<strong>do</strong> se me sugeriu o tema<br />
ou o escolhi espontaneamente; “O sistema de gestão<br />
<strong>do</strong> hospital-contributo para uma visão sistémica.”<br />
No seguimento da sua publicação, proporcionoume<br />
o privilégio de conhecer o Professor Torra<strong>do</strong><br />
da Silva, sugerin<strong>do</strong>-me uma reunião com os <strong>do</strong>is, no<br />
Hospital Pediátrico, sobre aquele tema.<br />
Tive então a oportunidade de notar quanto era<br />
considera<strong>do</strong> no Hospital, ele que só sabia trabalhar<br />
em equipa e tinha natural aptidão para as constituir.<br />
E de constatar como Direção Clínica e Administração<br />
estavam alinhadas na prossecução <strong>do</strong>s objetivos<br />
da instituição, fator fundamental para impedir que<br />
as preocupações técnicas, por um la<strong>do</strong>, e económico-financeiras,<br />
por outro, constituíssem duas dimensões<br />
antagónicas no Hospital Pediátrico.<br />
No final desse ano, nas V Jornadas de Administração<br />
<strong>Hospitalar</strong>, Santos Car<strong>do</strong>so, Lopes Martins, Janeiro da<br />
Costa e Torra<strong>do</strong> da Silva apresentaram um trabalho<br />
– “A informação de gestão no hospital” - que continha<br />
uma “Proposta de Sistema de Informação de <strong>Gestão</strong><br />
na Área Clínica: da<strong>do</strong>s base por <strong>do</strong>ente trata<strong>do</strong>.”<br />
Cito os principais pressupostos em que essa proposta<br />
se baseava:<br />
“O hospital deve ser pensa<strong>do</strong> como um sistema<br />
integra<strong>do</strong>, composto por várias partes interdependentes,<br />
prosseguin<strong>do</strong> objetivos globais em interação<br />
com o universo exterior constituí<strong>do</strong> por outros hospitais,<br />
serviços de saúde e a comunidade que serve.”<br />
“A eficiência da atividade hospitalar dependerá fundamentalmente<br />
da qualidade da informação clínica.”<br />
“A informação clínica deve constituir a base para<br />
a elaboração <strong>do</strong> sistema integra<strong>do</strong> de informação<br />
de gestão, para a coordenação interna, coordenação<br />
externa da atividade <strong>do</strong>s vários hospitais, destes<br />
com os cuida<strong>do</strong>s de saúde primários, assim como a<br />
avaliação de resulta<strong>do</strong>s na comunidade.”<br />
Na sua comunicação os autores deixavam bem expresso<br />
que a informação clínica devia ter um carácter<br />
pluridisciplinar; médico, enfermagem, serviço<br />
social, serviços administrativos, etc.<br />
Hoje o sistema de informação hospitalar é obviamente<br />
muito mais rico <strong>do</strong> que o era há mais de três décadas.<br />
Mas é falsa a ideia de que um sistema de informação<br />
dum sistema complexo, como é um hospital, possa<br />
resultar duma elaboração puramente tecnocrática,<br />
nascen<strong>do</strong> já adulto, qual Minerva sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> cérebro<br />
de Júpiter com escu<strong>do</strong>, lança e armadura.<br />
O sistema de gestão <strong>do</strong>s nossos hospitais foi-se<br />
construin<strong>do</strong> ao longos <strong>do</strong>s anos com a participação<br />
de muitas pessoas. O Santos Car<strong>do</strong>so foi um participante<br />
ativo na sua elaboração e soube, para além<br />
disso, utilizar a informação para escolher as ações e<br />
os meios mais adequa<strong>do</strong>s à produção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
pretendi<strong>do</strong>s.<br />
Como, muito justamente, referiu a Direção da<br />
APAH, “Santos Car<strong>do</strong>so foi um insigne devoto da<br />
causa pública e, particularmente, <strong>do</strong> Serviço Nacional<br />
de Saúde.”<br />
Nós, Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es, estamos-lhe gratos<br />
pela maneira competente, séria e devotada com<br />
que honrou a profissão.<br />
Obriga<strong>do</strong> meu caro e inesquecível amigo. Ã<br />
14
GH homenagem<br />
Capacidade<br />
disponibilidade ao aconselhar-me na minha iniciática<br />
prática hospitalar.<br />
Frequentou um <strong>do</strong>s primeiros Cursos de Administração<br />
<strong>Hospitalar</strong>, na Escola Nacional de Saúde Pública<br />
e desenvolveu uma longa atividade na administração<br />
hospitalar. Procedeu à abertura <strong>do</strong> Hospital<br />
de Portalegre, foi administra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> então Hospital<br />
Pediátrico de Celas, <strong>do</strong> CHC, talvez no mais longo<br />
perío<strong>do</strong> da sua atividade, como administra<strong>do</strong>r<br />
hospitalar e foi, ainda, Diretor <strong>do</strong> Departamento de<br />
Informação para a <strong>Gestão</strong> (DIG) <strong>do</strong> CHC.<br />
Desenvolveu outras atividades de relevante mérito<br />
na área da saúde designadamente na Direção Geral<br />
da Saúde, em colaboração com o Professor Coriolano<br />
Ferreira, bem como no Centro Regional de Informática<br />
<strong>do</strong> Centro, <strong>do</strong> Serviço de Informática <strong>do</strong><br />
Ministério da Saúde.<br />
Mas também noutras áreas, designadamente na área<br />
social, teve um papel de relevo, com a criação da<br />
Associação de Saúde Infantil de Coimbra, constituída<br />
formalmente em Janeiro de 1984, fazen<strong>do</strong> parte<br />
da sua Direção.<br />
A sua nobreza de carácter e o seu espírito de bemfazer<br />
impeliam-no para outros desígnios e foi assim<br />
que integrou a Comissão Instala<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Centro de<br />
Desenvolvimento da Criança, no então Hospital Pediátrico<br />
de Celas <strong>do</strong> CHC.<br />
Mas se a sua atividade na área da saúde foi da maior<br />
relevância não o foi menos o seu envolvimento<br />
político enquanto membro <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista<br />
Português, característico de um homem de causas<br />
e de convicções.<br />
O seu espírito participativo, a sua visão de cidadania<br />
e o seu apego à cidade de Coimbra levou-o a par- }<br />
para ouvir<br />
para entender<br />
Pedro Lopes<br />
Presidente da APAH (2008-20<strong>13</strong>)<br />
No dia 28 de Maio de <strong>2018</strong> faleceu o<br />
nosso colega João Santos Car<strong>do</strong>so,<br />
mais conheci<strong>do</strong> por Santos Car<strong>do</strong>so.<br />
Era uma pessoa com uma enorme<br />
capacidade para ouvir e para entender,<br />
apesar da sua grande experiência e conhecimentos<br />
acima daqueles que o rodeavam. Com um<br />
diálogo fácil e afável, mas determina<strong>do</strong> nos seus conceitos<br />
particularmente de vida e sociedade.<br />
Tive o privilégio de o conhecer no Hospital <strong>do</strong>s Covões,<br />
<strong>do</strong> Centro <strong>Hospitalar</strong> de Coimbra (CHC), na<br />
década de oitenta, era eu um jovem administra<strong>do</strong>r<br />
hospitalar e logo me apercebi <strong>do</strong> seu trato fácil e<br />
16
GH homenagem<br />
“<br />
MAS SE O SEU PERCURSO PROFISSIONAL NA ÁREA<br />
DA SAÚDE FOI RELEVANTÍSSIMO, NÃO O FOI MENOS<br />
O SEU EMPENHAMENTO NA CRIAÇÃO<br />
E NA SUSTENTAÇÃO DA NOSSA CARREIRA<br />
18<br />
DE ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR.<br />
”<br />
tilhar os destinos <strong>do</strong> município fazen<strong>do</strong> três mandatos<br />
neste seu trajeto político. Neste contexto, não<br />
podemos deixar de referir e realçar o mandato de<br />
1989 – 1993, no qual assumiu o pelouro <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />
onde se revelou como um <strong>do</strong>s maiores impulsiona<strong>do</strong>res<br />
da instalação <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Abastece<strong>do</strong>r<br />
de Coimbra.<br />
Mas se o seu percurso profissional na área da saúde<br />
foi relevantíssimo, não o foi menos o seu empenhamento<br />
na criação e na sustentação da nossa Carreira<br />
de Administração <strong>Hospitalar</strong>. Desde logo quan<strong>do</strong><br />
integrou a primeira Direção da Associação Portuguesa<br />
de Administração <strong>Hospitalar</strong> (APAH) partilhan<strong>do</strong><br />
com notáveis colegas este primeiro grande<br />
momento da nossa Associação.<br />
A sua capacidade interventiva, a sua experiência e<br />
os seus conhecimentos obrigaram-no a ir mais longe<br />
e foi assim que em 1983 fun<strong>do</strong>u a Revista de <strong>Gestão</strong><br />
<strong>Hospitalar</strong> que dirigiu até 1986. Numa época em<br />
que a comunicação se fazia basicamente de forma<br />
escrita o nosso colega Santos Car<strong>do</strong>so teve o arrojo<br />
de avançar com este novo projeto da APAH.<br />
O privilégio que referi no início destas singelas<br />
palavras foi o mesmo que tive no passa<strong>do</strong> dia 24<br />
de Maio, quan<strong>do</strong> num quarto de um Serviço <strong>do</strong>s<br />
Hospitais da Universidade de Coimbra, <strong>do</strong> Centro<br />
<strong>Hospitalar</strong> e Universitário de Coimbra pude com<br />
ele conversar e onde manifestou o apreço pela distinção<br />
que a APAH e o seu Presidente com ele tiveram,<br />
no dia 11 de Março, aquan<strong>do</strong> da realização de<br />
4.ª Conferência VALOR APAH, homenagean<strong>do</strong>-o<br />
pelos seus feitos.<br />
A APAH distinguiu-o, ainda, com a maior elevação<br />
e por aclamação, atribuin<strong>do</strong>-lhe o título de Sócio<br />
Honorário, a 28 de Maio passa<strong>do</strong>, em reunião da<br />
Assembleia Geral, pelo seu valoroso percurso profissional<br />
e pelos serviços presta<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os colegas<br />
administra<strong>do</strong>res hospitalares. Ã<br />
HEALTHCARE INTEGRATED FACILITIES<br />
A TDGI É UMA EMPRESA QUE ATUA NA ÁREA DO FACILITY MANAGEMENT,<br />
ASSUMINDO A GESTÃO GLOBAL, OPERAÇÃO E RESPONSABILIDADES TÉCNICAS<br />
DAS INFRAESTRUTURAS E DOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS DE DIVERSAS UNIDADES<br />
HOSPITALARES EM PORTUGAL, PERMITINDO ASSIM QUE O CLIENTE SE FOQUE<br />
EXCLUSIVAMENTE NO SEU CORE BUSINESS.<br />
SETORES DE ATIVIDADE TDGI<br />
FACILITY MANAGEMENT | MANUTENÇÃO E GESTÃO TÉCNICA DE INSTALAÇÕES<br />
GESTÃO DE ESPAÇOS E OBRAS | ANÁLISE E DIAGNÓSTICO | SOLUÇÕES DE ENERGIA | IT & SOFTWARE SOLUTIONS<br />
PORTUGAL | ANGOLA | MOÇAMBIQUE | ESPANHA<br />
BRASIL | BÉLGICA | ARGÉLIA | QATAR<br />
FOLLOW US ON:
GH HISTÓRIA<br />
"<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>"<br />
Qualidade técnica<br />
e científica<br />
José Carlos Lopes Martins<br />
Presidente da APAH e Sócio de Mérito<br />
Ao reler to<strong>do</strong>s os números anteriores<br />
da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> pude<br />
constatar com muito agra<strong>do</strong> a importância<br />
da nossa Revista no tratamento<br />
<strong>do</strong>s temas relevantes em<br />
cada época para a administração hospitalar e na qualidade<br />
técnica e científica de tantos e tantos artigos merece<strong>do</strong>res<br />
de referências que estou certo serão feitas<br />
por colegas na <strong>Edição</strong> Especial que está a ser preparada.<br />
Permito-me, pela minha parte escolher <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s mais<br />
antigos que reli à luz de conceitos atuais:<br />
No número 1 da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, Janeiro a Março<br />
de 1983, o Prof. J. M. Caldeira da Silva no artigo<br />
- Administração Médica no Contexto <strong>Hospitalar</strong> -<br />
interrogava-se sobre «que tipo de participação e em<br />
que grau devem ter os médicos de um serviço na<br />
sua organização e gestão». O tema era atualíssimo<br />
há 35 anos e ainda hoje é pertinente e atual, desde<br />
logo pela sábia conclusão a que chega: - «o envolvimento<br />
<strong>do</strong> médico em administração deverá ter como<br />
objetivo obter uma melhor eficácia e eficiência<br />
<strong>do</strong>s serviços face ao <strong>do</strong>ente».<br />
Mais à frente interroga Caldeira da Silva «Será a gestão<br />
uma inimiga <strong>do</strong> médico? e responde - «De mo<strong>do</strong><br />
algum. A gestão médica pode parecer dissonante da<br />
gestão global... a verdade é que praticamente toda e<br />
qualquer decisão clínica interfere na gestão corrente<br />
<strong>do</strong> Hospital» e concluía de uma forma que ainda hoje<br />
considero ter plena validade: «Os médicos devem<br />
reconhecer a importância e as vantagens das componentes<br />
de gestão e administração global e devem preparar-se<br />
para darem um contributo qualifica<strong>do</strong> dentro<br />
desta perspetiva».<br />
No número 3 da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> de 1983, o José<br />
António Meneses Correia tem um artigo que considero<br />
essencial para o entendimento das especificidades<br />
<strong>do</strong> Hospital. To<strong>do</strong>s reconhecemos no Meneses Correia<br />
o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s conceitos, o rigor e a profundidade<br />
de pensamento e talvez por isso e pela sua visão larga,<br />
este artigo me parece hoje tão atual como na data<br />
da sua publicação. O Meneses Correia caracteriza,<br />
logo no início, a complexidade <strong>do</strong> Hospital em duas<br />
ideias força: a variedade e a interdependência; o Hospital,<br />
refere «é mais <strong>do</strong> que a simples justaposição de<br />
mecanismos técnicos e administrativos isoladamente<br />
reguláveis» e por isso chama, muito apropriadamente<br />
à atenção para a «necessidade de o Hospital ser<br />
pensa<strong>do</strong> como uma totalidade composta por múltiplas<br />
partes interconectadas em interação com o<br />
universo exterior e prosseguin<strong>do</strong> objetivos globais».<br />
Desenvolve depois com toda a pertinência os conceitos<br />
cibernéticos aplican<strong>do</strong>-os à realidade Hospital, ao<br />
sistema de governo e aos mecanismos de regulação. É<br />
particularmente clara a fundamentação conceptual da<br />
necessidade de autonomia e o enuncia<strong>do</strong> <strong>do</strong>s níveis<br />
de responsabilidade. Este artigo aju<strong>do</strong>u-me, aju<strong>do</strong>unos<br />
e ajudará a to<strong>do</strong>s os que o lerem a compreender<br />
o Hospital. Ã<br />
20
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 1<br />
Capa<br />
e artigo<br />
23
GH REEDIÇÃO<br />
24 25
GH REEDIÇÃO<br />
26 27
GH REEDIÇÃO<br />
28 29
GH REEDIÇÃO<br />
Better Health, Brighter Future<br />
Podemos sempre fazer mais para melhorar a vida das pessoas.<br />
Impulsiona<strong>do</strong>s pela paixão de realizar este objetivo, a Takeda<br />
proporciona medicamentos inova<strong>do</strong>res à sociedade desde a sua<br />
fundação em 1781.<br />
Hoje, combatemos diversos problemas de saúde em to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>,<br />
desde a sua prevenção à cura. Mas a nossa ambição mantém-se:<br />
encontrar novas soluções que façam a diferença e disponibilizar<br />
melhores fármacos que ajudem o maior número de pessoas possível,<br />
o mais rápi<strong>do</strong> que conseguirmos.<br />
Com a ampla experiência, sabe<strong>do</strong>ria e perseverança da nossa equipa,<br />
a Takeda terá sempre o compromisso de melhorar o amanhã.<br />
Gastrenterologia<br />
Oncologia<br />
Sistema Nervoso Central<br />
Vacinas<br />
PT/INI/0217/0003<br />
Takeda – Farmacêuticos Portugal, Lda.<br />
Avenida da Torre de Belém, n<strong>º</strong> 19 R/C Esq. 1400-342 Lisboa<br />
Sociedade por quotas. NIF: 502 801 204<br />
Conservatória <strong>do</strong> Registo Comercial de Cascais n.<strong>º</strong> 502 801 204<br />
Tel: +351 21 120 1457 | Fax: +351 21 120 1456<br />
www.takeda.pt<br />
30
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 3<br />
Capa<br />
e artigo<br />
33
GH REEDIÇÃO<br />
34 35
GH REEDIÇÃO<br />
36 37
GH REEDIÇÃO<br />
38 39
GH HISTÓRIA<br />
ANOS DA<br />
"GESTÃO<br />
HOSPITALAR"<br />
1. Dois artigos relevantes da GH<br />
Em declaração prévia de interesses relativamente à<br />
seleção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is artigos, devo assumir a minha muita<br />
amizade e muita saudade pelos <strong>do</strong>is autores <strong>do</strong>s<br />
textos que vou referenciar - Rui Janeiro da Costa<br />
e Margarida Bentes. Ambos desapareci<strong>do</strong>s precocemente,<br />
foram, cada um à sua maneira, personalidades<br />
ímpares e profissionais únicos que marcaram<br />
profunda e positivamente a administração hospitalar<br />
portuguesa. Por isso, a minha seleção <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is artigos<br />
é, também, uma homenagem que lhes presto.<br />
O Rui Janeiro da Costa, cujo percurso profissional<br />
(forma<strong>do</strong> em Direito, foi Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ministério<br />
Público antes de integrar a Administração <strong>Hospitalar</strong>)<br />
não antecipava a área a que veio a dedicar maior<br />
interesse e em que foi precursor em Portugal, é uma<br />
referência nacional incontornável no âmbito <strong>do</strong>s sistemas<br />
de informação hospitalar. O texto a que me<br />
refiro foi publica<strong>do</strong> na GH n<strong>º</strong> 20, de Julho/Setembro<br />
de 1990 e tinha como título “Sistema Básico de<br />
Informação <strong>Hospitalar</strong> nos HUC”. É um texto pioneiro,<br />
naturalmente data<strong>do</strong> (o que é mais evidente<br />
nestas matérias tecnológicas) mas que foi um <strong>do</strong>s<br />
primeiros textos a abordar a importância das tecnologias<br />
e sistemas de informação para a gestão hospitalar,<br />
hoje um da<strong>do</strong> absolutamente adquiri<strong>do</strong> mas, à<br />
data, uma ideia ainda em processo de disseminação<br />
e desenvolvimento. É interessante, também, porque<br />
a GH n<strong>º</strong> 22/23, de Janeiro/Junho de 1991, referencia<br />
a atribuição ao Rui Janeiro da Costa <strong>do</strong> Prémio<br />
Centro <strong>Hospitalar</strong> de Coimbra/Banco Pinto e Sotto<br />
Mayor de <strong>Gestão</strong> de Serviços de Saúde pelo seu<br />
projeto “Sistema de Informação de Doentes”.<br />
A Margarida Bentes, desde sempre ligada aos sistemas<br />
de financiamento hospitalar e, juntamente com<br />
João Urbano, entre outros(as), responsável pela introdução<br />
em Portugal <strong>do</strong>s modelos de pagamento<br />
prospetivo por GDH, um <strong>do</strong>s mais bem sucedi<strong>do</strong>s<br />
projetos de mudança estrutural no Ministério da<br />
Saúde, alargava o seu leque de interesses a outras<br />
áreas, <strong>do</strong> que é testemunho o artigo que selecionei,<br />
publica<strong>do</strong> na GH n<strong>º</strong> 27 (nova numeração), publicada<br />
em 2007 e intitula<strong>do</strong> “A <strong>Gestão</strong> Estratégica nos<br />
Hospitais Passo a Passo”. Neste artigo, Margarida<br />
Bentes aborda de forma pedagógica os modelos<br />
e instrumentos de gestão estratégica de hospitais<br />
e explicita, antecipan<strong>do</strong> em alguns anos a sua vulgarização,<br />
a questão da cadeia de valor e da criação<br />
de valor nas organizações presta<strong>do</strong>ras de cuida<strong>do</strong>s<br />
de saúde.<br />
2. O Passa<strong>do</strong> da GH<br />
A APAH foi constituída em novembro de 1981,<br />
a primeira Direção eleita em março de 1982 e o<br />
primeiro número da GH publicada em março de<br />
1983. O primeiro Diretor da GH foi o João Santos<br />
Car<strong>do</strong>so, com o José Carlos Lopes Martins como<br />
Subdiretor, ten<strong>do</strong> posteriormente, com a mudança<br />
da Direção da APAH, o José Carlos assumi<strong>do</strong> }<br />
Artur Morais Vaz<br />
Diretor e Coordena<strong>do</strong>r da <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong><br />
Q<br />
uan<strong>do</strong> o Alexandre Lourenço me telefonou<br />
para me pedir este artigo, na<br />
minha condição de antigo Diretor da<br />
Revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>, confesso<br />
que me assustei com duas coisas: A<br />
primeira, é que fui Diretor da GH já no século passa<strong>do</strong><br />
(!), entre 1987 e 1991, e a segunda é que essas<br />
funções me foram atribuídas por ser o “que tinha<br />
mais jeito para essas coisas” no âmbito da então<br />
Direção da APAH, sempre me ten<strong>do</strong> efetivamente<br />
senti<strong>do</strong> mais como membro de uma equipa <strong>do</strong> que<br />
como um Diretor da GH.<br />
O caderno de encargos que o Alexandre me apresentou<br />
integrava a seleção de <strong>do</strong>is artigos marcantes<br />
da GH, um texto sobre o passa<strong>do</strong> da GH e referências<br />
ao futuro da gestão em saúde. É a isso que vou<br />
tentar responder nas próximas linhas.<br />
40
GH HISTÓRIA<br />
“<br />
O FUTURO DA GESTÃO<br />
DA SAÚDE EM PORTUGAL<br />
PASSA MUITO,<br />
NA MINHA PERSPETIVA,<br />
PELA DEFINIÇÃO DE UM<br />
MODELO ADEQUADO<br />
DE GOVERNAÇÃO<br />
DO SETOR DA SAÚDE,<br />
DO SNS E DAS<br />
INSTITUIÇÕES INDIVIDUAIS<br />
QUE O COMPÕEM.<br />
”<br />
blicação, de edição, de revisão de provas, de recolha<br />
de patrocínios e publicidade, corresponden<strong>do</strong> cada<br />
número a um parto longo e sempre com recurso a<br />
ferros (!). Entretanto, com interregnos mais ou menos<br />
longos, com maior ou menor grau de colaboração<br />
<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s da APAH, a GH logrou atingir os<br />
35 anos de publicação o que é, certamente, motivo<br />
de celebração.<br />
Confesso que não sei qual é, hoje, nestes tempos<br />
de redes sociais e comunicações instantâneas, a real<br />
relevância que a GH pode assumir na vida <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s<br />
da APAH e <strong>do</strong>s profissionais de gestão<br />
em saúde. O seu indiscutível valor simbólico pode<br />
não ser argumento suficiente para a sua manutenção<br />
nos moldes atuais, mas isso é uma reflexão que<br />
deixo à Direção da APAH.<br />
7480_220x155_Portugal_PopHealth_v4.pdf 1 7/16/18 12:29 PM<br />
vista, o ama<strong>do</strong>rismo, qualquer que seja o seu fundamento,<br />
faz correr riscos graves, de grande montante<br />
económico e de incalculáveis afrontamentos<br />
humanos.”<br />
Passaram entretanto 35 anos sobre estas palavras,<br />
as quais se mantêm estranhamente atuais, apesar<br />
<strong>do</strong>s fantásticos desenvolvimentos tecnológicos e organizacionais<br />
que se verificaram desde então.<br />
O futuro da gestão da saúde em Portugal passa muito,<br />
na minha perspetiva, pela definição de um modelo<br />
adequa<strong>do</strong> de governação <strong>do</strong> setor da saúde, <strong>do</strong><br />
SNS e das instituições individuais que o compõem,<br />
num quadro de autonomia responsabilizante, de liderança<br />
efetiva e sujeita a avaliação, de defesa <strong>do</strong>s<br />
direitos, <strong>do</strong>s interesses e participação <strong>do</strong>s cidadãos<br />
e de modelos ajusta<strong>do</strong>s de financiamento e acesso<br />
a cuida<strong>do</strong>s de saúde de qualidade.<br />
A necessária profissionalização da gestão <strong>do</strong>s serviços<br />
de saúde exige um contexto que a isole e proteja<br />
<strong>do</strong>s apetites partidários ou corporativos, <strong>do</strong>s<br />
repentes políticos conjunturais, <strong>do</strong>s interesses paroquiais,<br />
da incompetência, <strong>do</strong>s conflitos de interesse<br />
e da falta de transparência ou de visão. Apenas um<br />
novo modelo de governação <strong>do</strong> setor poderá garantir<br />
tal objetivo.<br />
Os desafios futuros, cujos impactos to<strong>do</strong>s sentimos<br />
já, marcarão, de forma ainda mais vincada e,<br />
por vezes, brutal, a vida e a gestão <strong>do</strong>s serviços de<br />
saúde, seja qual for o setor a que pertençam. O<br />
envelhecimento da população, a inovação tecnológica,<br />
as alterações climáticas, as dinâmicas políticas,<br />
económicas e sociais terão um impacto crescente<br />
sobre os serviços de saúde a que estes só poderão<br />
responder se estiverem <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de estruturas de<br />
gestão com as competências, a autonomia e a liderança<br />
adequadas à enormidade <strong>do</strong>s desafios futuros.<br />
Enfrentar novos problemas com soluções habituais<br />
é meio caminho anda<strong>do</strong> para o insucesso. Ã<br />
a Direção da GH, comigo e com o Rui Moutinho<br />
como Coordena<strong>do</strong>res e, a partir <strong>do</strong> n<strong>º</strong> 20, Julho/<br />
Setembro de 1990 calhou-me a mim a Direção da<br />
Revista que mantive até ser substituí<strong>do</strong> pela Armanda<br />
Miranda. Como referi no início, a atribuição das<br />
responsabilidades de Direção da GH correspondia<br />
a uma distribuição de pelouros dentro da Direção<br />
da APAH haven<strong>do</strong>, todavia e como acontecia com<br />
os restantes pelouros, um intenso e contínuo trabalho<br />
de equipa. As associações deste género, e a<br />
APAH não foi exceção nesses tempos, dependem<br />
em muito da carolice <strong>do</strong>s que assumem os seus órgãos<br />
sociais.<br />
Não haven<strong>do</strong>, então, nem as tecnologias de comunicação<br />
e informação nem os serviços jornalísticos<br />
hoje existentes, a publicação da GH era um processo<br />
moroso e difícil de recolha de material para pu-<br />
3. O Futuro da <strong>Gestão</strong> em Saúde<br />
O Prof. Coriolano Ferreira, no seu estilo irónico e<br />
arguto, em artigo publica<strong>do</strong> no n<strong>º</strong> 1 da GH intitula<strong>do</strong><br />
“3 Reflexões sobre os Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />
em Portugal”, na sua terceira reflexão, sobre<br />
o futuro <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res, referia:<br />
“É para mim motivo de muita admiração a estranha<br />
apetência que a administração <strong>do</strong>s hospitais desperta<br />
nas mais variadas instituições e personalidades.<br />
Desde as misericórdias às faculdades de medicina,<br />
das fundações às câmaras municipais, das instituições<br />
de previdência às associações mutualistas, <strong>do</strong>s<br />
médicos aos políticos, to<strong>do</strong>s desejam administrar<br />
hospitais e to<strong>do</strong>s se consideram capazes de o fazer.<br />
Acontece, no entanto, que os hospitais são entidades<br />
extremamente complexas, das mais complexas<br />
<strong>do</strong>s tempos de hoje, pelo que, <strong>do</strong> meu ponto de<br />
A<strong>do</strong>te uma gestão efectiva da saúde da população<br />
Desde o aumento <strong>do</strong>s requisitos regulatórios aos avanços tecnológicos, o sector da<br />
saúde está em crescente mudança e evolução. Estratégias comprovadas podem já não<br />
ser suficientes para uma resposta eficiente aos actuais desafios.<br />
Só estabelecen<strong>do</strong> uma estratégia abrangente, sustentada numa plataforma agrega<strong>do</strong>ra,<br />
robusta e inteligente, é que as organizações serão capazes de se preparar para uma<br />
eficiente gestão da saúde da população. Pergunte-nos como.<br />
42<br />
cerner.com<br />
@Cerner
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 20<br />
Capa<br />
e artigo<br />
44 45
GH REEDIÇÃO<br />
46 47
GH REEDIÇÃO<br />
48 49
GH REEDIÇÃO<br />
50 51
GH REEDIÇÃO<br />
52 53
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 27<br />
Capa<br />
e artigo<br />
54 55
GH REEDIÇÃO<br />
56 57
GH REEDIÇÃO<br />
58 59
GH REEDIÇÃO<br />
60
GH HISTÓRIA<br />
Memórias intelectuais<br />
e sentimentais<br />
“<br />
CONFESSO QUE LEVEI<br />
A SÉRIO O QUE APRENDI<br />
COM O PROFESSOR<br />
Jorge Varanda<br />
Presidente da APAH (1988-1992)<br />
e Sócio de Mérito<br />
Uma visita inesperada a memórias<br />
escritas, sen<strong>do</strong> que as memórias<br />
não são apenas de natureza intelectual,<br />
mas também <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />
sentimental, é uma aventura assinalável.<br />
Tanto mais assinalável quan<strong>do</strong> temos de<br />
fazer uma escolha entre textos escritos, uns mais<br />
distantes de nós, outros mais próximos, quase diria,<br />
em nós incorpora<strong>do</strong>s.<br />
Foi o que me aconteceu nesta viagem a quatro números<br />
da revista <strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong> edita<strong>do</strong>s durante o<br />
tempo em que me coube presidir à Associação Portuguesa<br />
de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es em <strong>do</strong>is<br />
biénios diferentes, o primeiro no final <strong>do</strong>s anos 80 e<br />
outro no começo <strong>do</strong>s anos 90.<br />
No final <strong>do</strong>s anos 80 convergiram <strong>do</strong>is feixes de<br />
acontecimentos de natureza muito diferente:<br />
• A aplicação de uma nova lei de gestão, o Decreto-lei<br />
19/88, de 21 de Janeiro<br />
• A realização de <strong>do</strong>is cursos de Aplicação de Méto<strong>do</strong>s<br />
de Engenharia Industrial aos Hospitais (1987<br />
e 1988), pelo Professor William Cats-Baril, da Universidade<br />
de Vermont, com uma parte letiva em<br />
Lisboa, completada com um seminário de duas semanas<br />
em Madison, capital <strong>do</strong> Wisconsin, EUA, no<br />
University of Wisconsin Hospital and Clinics.<br />
O primeiro feixe de acontecimentos gerou uma<br />
enorme tensão nos administra<strong>do</strong>res hospitalares,<br />
caben<strong>do</strong> à APAH interpretar a reação justa de um<br />
grupo que fora idealiza<strong>do</strong> pelo Professor Coriolano<br />
Ferreira para gerir os Hospitais e que se vira ultrapassa<strong>do</strong><br />
pela aplicação de uma nova lei de gestão<br />
que apeara muitos profissionais capazes e os substituíra<br />
por escolhas de política local, sem garantia de<br />
competência para o cargo.<br />
Quanto ao segun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s acontecimentos, pode dizer-se<br />
que foi o coroar de um vasto conjunto de<br />
atividades, com apoio americano, que o Professor<br />
Augusto Mantas lançou ao longo <strong>do</strong>s anos 80, na<br />
qualidade de Diretor <strong>do</strong> Departamento de <strong>Gestão</strong><br />
Financeira <strong>do</strong> Ministério da Saúde, com a liderança<br />
prática <strong>do</strong> Dr. João Urbano.<br />
Confesso que levei a sério o que aprendi com o<br />
Professor Cats-Baril e o relacionei com uma realidade<br />
mais vasta da ciência da melhoria e da mudança,<br />
ao descobrir os <strong>do</strong>is mestres da Melhoria Contínua<br />
da Qualidade que ajudaram a fazer <strong>do</strong> Japão a extraordinária<br />
potência económica em que se transformaram<br />
depois da 2.ª Guerra Mundial: Deming<br />
e Juran. Tu<strong>do</strong> isso me permitiu lançar em Portugal<br />
projetos de melhoria, com o espírito de Deming e<br />
as meto<strong>do</strong>logias de Juran. Saudades!<br />
CATS-BARIL E O<br />
RELACIONEI COM UMA<br />
REALIDADE MAIS VASTA<br />
DA CIÊNCIA DA MELHORIA<br />
E DA MUDANÇA.<br />
C<br />
M<br />
”<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
Escolhi <strong>do</strong>is textos para ilustrar esse perío<strong>do</strong> de responsabilidade<br />
que tive na Direção da APAH:<br />
• O editorial da Revista n.<strong>º</strong> 22/23, Janeiro-Junho<br />
de 1991, como afirmação <strong>do</strong>s valores de <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />
da profissão de administração hospitalar, traduzin<strong>do</strong><br />
os problemas, após a tempestade da aplicação <strong>do</strong><br />
referi<strong>do</strong> Decreto-lei 19/88, de 21 de janeiro<br />
• O artigo de Gustafson, D., Cats-Baril, W. e Alemi,<br />
F., Desenvolvimento e Testes <strong>do</strong>s Modelos<br />
Bayesiano e MAU para Prevenir e Explicar o Sucesso<br />
da Mudança (Revista n.<strong>º</strong> 21, Out-Dez 1991).<br />
Apesar da tecnicidade <strong>do</strong>s modelos a sua leitura<br />
ajuda-nos a identificar um conjunto de fatores de<br />
sucesso, com relevo para o envolvimento <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s<br />
e a ação <strong>do</strong>s agentes das mesmas (leia-se,<br />
na nossa perspetiva, ‘<strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res hospitalares’…).<br />
Por aqui me fico, com um mínimo de memórias e<br />
um mínimo de carga emotiva. Ã<br />
62
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 22<br />
Capa e<br />
editorial<br />
64
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 21<br />
Capa<br />
e artigo<br />
66 67
GH REEDIÇÃO<br />
68 69
GH REEDIÇÃO<br />
70 71
GH REEDIÇÃO<br />
72 73
GH REEDIÇÃO<br />
74
GH HISTÓRIA<br />
Manuel Delga<strong>do</strong><br />
Presidente da APAH (1992-2008)<br />
e Sócio de Mérito<br />
Em 1983 foi lança<strong>do</strong> o primeiro número<br />
da revista “<strong>Gestão</strong> <strong>Hospitalar</strong>”<br />
(GH). Hoje, 35 anos passa<strong>do</strong>s e<br />
com cerca de 50 edições publicadas,<br />
a GH continua a ser o veículo privilegia<strong>do</strong><br />
de afirmação <strong>do</strong>s valores da gestão hospitalar<br />
e <strong>do</strong>s profissionais que abraçaram esta profissão.<br />
Valerá a pena fazer um balanço deste percurso, rico<br />
pela diversidade de temas aborda<strong>do</strong>s e pelas opiniões<br />
expressas, pioneiro, muitas vezes, na inovação<br />
quanto a conceitos e no apontar de novos caminhos<br />
para os nossos hospitais, livre e irreverente nos conteú<strong>do</strong>s,<br />
muitas vezes apaixona<strong>do</strong>s ou incómo<strong>do</strong>s,<br />
mas sempre na defesa desta profissão e contra os<br />
compadrios de ocasião.<br />
Pela GH passaram, em todas as épocas, as principais<br />
figuras que animaram o Setor da Saúde:<br />
Presidentes da República, Ministros, Secretários de<br />
Esta<strong>do</strong>, Deputa<strong>do</strong>s de to<strong>do</strong>s os parti<strong>do</strong>s, Reitores<br />
anos<br />
de história<br />
das Universidades, Bastonários das diferentes ordens<br />
profissionais, sindicalistas, personalidades de<br />
méritos reconheci<strong>do</strong>s, nacionais e estrangeiras, representantes<br />
da Industria e, claro, os mais distintos<br />
Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es portugueses.<br />
GH começou por ser um precioso acervo de artigos<br />
técnicos, intemporais na maioria <strong>do</strong>s casos, e<br />
de elevada qualidade. Abordavam-se temas inéditos<br />
entre os profissionais de saúde, retiran<strong>do</strong>-se ricos<br />
ensinamentos para a vida prática de administra<strong>do</strong>res,<br />
médicos, enfermeiros, engenheiros,etc.<br />
A imagem e os contornos editoriais da revista mantiveram-se<br />
inalteráveis durante cerca de uma década.<br />
Destacaremos deste perío<strong>do</strong>, a 1ª edição, de Jan/<br />
Março de 1983, com a publicação de artigos “históricos”,<br />
pela qualidade e pela autoridade, de Coriolano<br />
Ferreira (“…o ama<strong>do</strong>rismo (na gestão hospitalar) faz<br />
correr riscos graves…”), Moreno Rodrigues (“…o<br />
Governo interfere onde não deve, minan<strong>do</strong> e desacreditan<strong>do</strong><br />
a autoridade de quem deve atuar…)<br />
e Caldeira da Silva (“… em face da verdade incontestável<br />
de que os recursos são limita<strong>do</strong>s…é desejável…<br />
que o clínico seja chama<strong>do</strong> às atividades de<br />
planeamento e às de gestão… sen<strong>do</strong> indispensável<br />
uma consciencialização… de que cada decisão clínica<br />
tem repercussões sobre os recursos…).<br />
Mas ficaram também na nossa memória, desta primeira<br />
fase da GH, os contributos de Correia de<br />
Campos sobre regionalização, Vasco Reis sobre<br />
áreas intermédias de gestão, Meneses Correia sobre<br />
sistemas de gestão, Santos Car<strong>do</strong>so, sobre responsabilidade<br />
profissional, Daniel Serrão sobre ética, Torra<strong>do</strong><br />
da Silva sobre saúde infantil, Artur Vaz sobre a<br />
carreira de AH, Augusto Mantas sobre custos hospitalares,<br />
Eduar<strong>do</strong> Caetano sobre a segurança nos hospitais,<br />
Queiroz e Melo sobre transplantação cardíaca,<br />
entre outros de grande interesse e relevância.<br />
A vida associativa na década de 90 foi marcada pela<br />
iniciativa inédita da APAH que ficou conhecida por<br />
“Feira de Projetos”, realizada em Coimbra, em novembro<br />
de 1990. GH fez bastante eco deste acontecimento,<br />
galvanizan<strong>do</strong> assim o brio e o profissionalismo<br />
<strong>do</strong>s AH, numa época particularmente adversa,<br />
face às decisões <strong>do</strong> poder político de então,<br />
sobre a carreira de AH e a Lei de gestão hospitalar.<br />
Realce-se desse perío<strong>do</strong> o belíssimo e avisa<strong>do</strong> editorial<br />
da GH n<strong>º</strong> 21 de out/dez de 1990, que reproduzia<br />
o discurso <strong>do</strong> então presidente da Direção<br />
na abertura da “Feira de Projetos”, em defesa da<br />
profissão. Uma leitura ainda hoje obrigatória!<br />
Em 1993, e já com uma nova Direção, a Revista foi<br />
objeto de uma mudança editorial: aos artigos técnicos,<br />
passou a adicionar, frequentemente, uma entrevista<br />
de fun<strong>do</strong> e variadíssimas reportagens sobre acontecimentos<br />
que se iam destacan<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />
O editorial da GH 26/27 de jan/julho de 1993, ilustrava<br />
bem o clima adverso que então os AH viviam.<br />
Muito duro para o poder político, referia-se nesse<br />
texto: “…foi um erro político grave, relegar os AH para<br />
plano subalterno na gestão <strong>do</strong>s hospitais públicos.”<br />
Foi um perío<strong>do</strong> rico no debate sobre políticas de<br />
saúde, com o novo Estatuto <strong>do</strong> SNS, o aborta<strong>do</strong><br />
Seguro Alternativo de Saúde, as primeiras PPP e a<br />
criação <strong>do</strong>s centros de responsabilidade. GH acompanhou<br />
de perto esses processos e fez-se eco, quer<br />
em artigos de opinião, quer nas declarações da Direção,<br />
das diferentes posições assumidas pelos AH.<br />
Noticiamos os acontecimentos à época mais relevantes<br />
e, desde logo, o Ciclo de Encontros que a<br />
APAH então iniciou, ten<strong>do</strong> como primeiro convida<strong>do</strong><br />
o Ministro Arlin<strong>do</strong> de Carvalho.<br />
No capítulo das entrevistas abrimos, na GH n<strong>º</strong><br />
26/27 de jan/julho de 1993, com Coriolano Ferreira,<br />
seguin<strong>do</strong>-se noutras edições, Paulo Men<strong>do</strong> (“… }<br />
76
GH HISTÓRIA<br />
“<br />
OS AH PROTAGONIZARAM,<br />
NESSA ÉPOCA, UM CONJUNTO<br />
DE INICIATIVAS QUE<br />
MARCARAM A CLASSE<br />
PROFISSIONAL E MUITO<br />
CONTRIBUÍRAM PARA<br />
O SEU RECONHECIMENTO<br />
PÚBLICO.<br />
”<br />
porque é que a AH não deveria ser uma especialidade?...”),<br />
Caldeira da Silva (então Presidente <strong>do</strong><br />
CD da ENSP, que tinha evita<strong>do</strong> o seu puro e simples<br />
encerramento e negocia<strong>do</strong> a sua passagem, <strong>do</strong><br />
Ministério da Saúde para o Ministério da Educação),<br />
Lopes Martins (Sec. de Esta<strong>do</strong> da Saúde), Correia<br />
de Campos (acaba<strong>do</strong> de regressar de um cargo de<br />
Diretor no Banco Mundial em Washington), Maria<br />
de Belém Roseira (então Ministra da Saúde).<br />
Os AH protagonizaram, nessa época, um conjunto<br />
de iniciativas que marcaram a classe profissional e<br />
muito contribuíram para o seu reconhecimento público.<br />
GH relatou esses acontecimentos com textos<br />
e reportagens fotográficas, hoje deliciosas memórias<br />
vivas desses tempos:<br />
• O almoço de homenagem a Augusto Mantas, com<br />
as presenças de Coriolano Ferreira e de Maria <strong>do</strong>s<br />
Prazeres Beleza (então Secª Geral <strong>do</strong> Ministério da<br />
Saúde) (GH n<strong>º</strong> 30, Dez 94/jan 95);<br />
• As viagens de estu<strong>do</strong> realizadas aos EUA e ao<br />
Reino Uni<strong>do</strong> e Escócia (com o relato impagável da<br />
sau<strong>do</strong>sa Arminda Cepeda sobre esta última na GH<br />
n<strong>º</strong> 32 de maio de 1996);<br />
• Os estágios promovi<strong>do</strong>s pela APAH/ Fundação<br />
Calouste Gulbenkian na Clinica Mayo, nos EUA, para<br />
diploma<strong>do</strong>s em AH pela ENSP (GH n<strong>º</strong> 33, Dez<br />
96/Jan 97);<br />
• A criação <strong>do</strong>s Prémios APAH/San<strong>do</strong>z para o melhor<br />
aluno <strong>do</strong> Curso de AH , pela primeira vez atribuí<strong>do</strong><br />
em 15 de novembro de 1996, à nossa colega<br />
Helena Gonçalves (GH n<strong>º</strong> 33, já citada);<br />
• O arranque <strong>do</strong> Fórum Gulbenkian de Saúde, em<br />
coorganização com a APAH, em 1997, que passou a<br />
ser uma referência nacional na área da gestão de serviços<br />
de saúde e em que participaram, durante vários<br />
anos, personalidades de referência a nível mundial.<br />
Em 1999, lançámos uma edição especial de GH em<br />
outubro, dedicada às eleições legislativas que se avizinhavam,<br />
comparan<strong>do</strong> as propostas para a Saúde<br />
<strong>do</strong>s principais parti<strong>do</strong>s e publican<strong>do</strong> depoimentos<br />
<strong>do</strong>s principais lideres (António Guterres, Carlos<br />
Carvalhas e Durão Barroso) e comentários de personalidades<br />
de relevo na área da Saúde: Caldeira<br />
da Silva, Daniel Serrão, Maria José Nogueira Pinto,<br />
Paulo Men<strong>do</strong> e Pedro Pita Barros.<br />
Foi também nessa edição que fizemos uma ampla<br />
reportagem sobre o Congresso da Associação Europeia<br />
de Gestores <strong>Hospitalar</strong>es, então pela 2ª vez<br />
realiza<strong>do</strong> em Portugal e que contou com a presença<br />
<strong>do</strong> Presidente da República, Jorge Sampaio, e uma<br />
conferência notável de Maria de Lurdes Pintasilgo<br />
sobre valores societais.<br />
Em 2005, a GH mu<strong>do</strong>u de novo a sua imagem e<br />
passou a ter, durante algum tempo, uma periodicidade<br />
mensal. Foi um grande desafio, só possível com a<br />
disponibilidade de uma equipa redatorial profissional.<br />
Sucedeu-se um conjunto de entrevistas de fun<strong>do</strong>,<br />
com Correia de Campos, nas vésperas de ser Ministro<br />
(GH n<strong>º</strong> 2, fev 2005), Pedro Nunes (Bastonário<br />
da Ordem <strong>do</strong>s Médicos), Pereira Miguel (Alto Comissário<br />
para a Saúde), Francisco Ramos (Secretário<br />
de Esta<strong>do</strong> da Saúde), Vasco Reis (Sub –Diretor da<br />
ENSP e coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Curso de AH).<br />
Foi um perío<strong>do</strong> efervescente na política de Saúde,<br />
com uma mudança de Governo e fortes esperanças<br />
para os AH (depois frustradas…). Manuel Delga<strong>do</strong>,<br />
no n<strong>º</strong> 1 de janeiro de 2005,era cita<strong>do</strong> na capa com a<br />
frase:”…exigimos respeito <strong>do</strong> futuro Governo…” e,<br />
em março, na GH n<strong>º</strong> 3, lançava 10 desafios ao no-<br />
vo Ministro Correia de Campos, que valerá a pena<br />
recordar, pelo atrevimento, pelo desassombro e…<br />
pela atualidade.<br />
Francisco Ramos (então Sec. de Esta<strong>do</strong>), na edição n<strong>º</strong><br />
6 de junho de 2005, manifesta em entrevista, a vontade<br />
política de revitalizar a carreira de AH, dan<strong>do</strong> dignidade<br />
funcional e hierárquica aos AH. Vivia-se, de facto,<br />
uma época de esperança para estes profissionais.<br />
GH realizou ao longo dessa década um conjunto<br />
notável de entrevistas a personalidades de relevo<br />
da vida pública nacional e internacional, sen<strong>do</strong> de<br />
realçar as de Jorge Sampaio (já ex-Presidente da<br />
República e em vias de iniciar funções como Alto<br />
Comissário das NU contra a tuberculose, GH n<strong>º</strong><br />
22,2006), Francisco George (n<strong>º</strong> 26,2007), Pedro Pita<br />
Barros (n<strong>º</strong> 27,2007),<br />
Maria de Belém Roseira (n<strong>º</strong> 30,2007), Eduar<strong>do</strong> Barroso<br />
(n<strong>º</strong> 31,2007), Sobrinho Simões (n<strong>º</strong> 32,2007),<br />
Constantino Sakellarides (n<strong>º</strong> 41, 2009), António Arnaut<br />
(n<strong>º</strong> 42,2009), Eduar<strong>do</strong> Sá Ferreira, o primeiro<br />
Presidente da APAH (n<strong>º</strong> 45,2009) e Ana Jorge, Ministra<br />
da Saúde (n<strong>º</strong> 46,2010).<br />
Em novembro de 2007, a APAH organizou uma justa<br />
homenagem ao prof Vasco Reis, num jantar a que<br />
GH fez referência destacada (n<strong>º</strong> 32,3007).<br />
Vasco Reis foi, talvez, o professor que mais perto<br />
esteve <strong>do</strong>s seus alunos e ex-alunos, quer na Escola,<br />
quer nos sau<strong>do</strong>sos HCL, quer na sua participação<br />
ativa em novos projetos, grupos de trabalho e reuniões<br />
associativas. Nesse jantar, que reuniu familiares<br />
e muitos amigos, e que contou com as presenças de<br />
Constantino Sakellarides, Caldeira da Silva, Nogueira<br />
da Rocha, Maria de Belém e os Bastonários das<br />
Ordens <strong>do</strong>s médicos e <strong>do</strong>s enfermeiros, o Ministro<br />
da Saúde, Correia de Campos, agraciou Vasco Reis<br />
com a medalha de ouro <strong>do</strong> Ministério da Saúde.<br />
Distinção merecida e que a APAH e a GH registaram<br />
com satisfação e orgulho.<br />
Em 2014, e após um longo interregno, GH reaparece<br />
com um novo visual e nova linha editorial.<br />
Marta Temi<strong>do</strong>, nova presidente, escrevia no n<strong>º</strong> 1<br />
desse ano, sob o título “Mau tempo no Canal”:<br />
“…2014 (foi) um <strong>do</strong>s mais difíceis na vida de muitos<br />
de nós…”, “…pelo 5<strong>º</strong> ano consecutivo, o sistema }<br />
78
GH HISTÓRIA<br />
“<br />
35 ANOS DE UMA RIQUEZA<br />
INFORMATIVA, TÉCNICA<br />
E CIENTÍFICA QUE<br />
PRESTIGIARAM A PROFISSÃO<br />
E OS PROFISSIONAIS,<br />
ALERTARAM CONSCIÊNCIAS<br />
E DESPERTARAM VONTADES.<br />
”<br />
de saúde português irá sofrer uma redução da despesa<br />
pública…”<br />
Nada de mais lapidar e evidente! Os atuais arautos<br />
da desgraça nada diziam, então, sobre um SNS em<br />
acelerada destruição.<br />
Seguiram-se entrevistas a João Bilhim (presidente da<br />
CRESAP, no n<strong>º</strong> 2), Correia de Campos (n<strong>º</strong> 3) e Jorge<br />
Simões (presidente da ERS, n<strong>º</strong> 4).<br />
No editorial da GH n<strong>º</strong> 4 de 2014, Pedro Lopes (ex-<br />
-presidente da Direção e então Presidente da Mesa<br />
da AG) escreve um excelente e premonitório artigo<br />
sobre fusões e separações de hospitais. Uma questão<br />
de moda? Ou de eficiência? Ou, ainda de necessidade?<br />
Face ao percurso que tivemos nesta matéria,<br />
provavelmente um pouco de tu<strong>do</strong>, e a redução de<br />
90 instituições para cerca de 40 na atualidade, não<br />
teve a avaliação e o balanço necessários, em termos<br />
de custos, serviço ao cliente, proximidade, acesso,<br />
qualidade técnica e equidade.<br />
Registe-se, desse tempo, a carta da Direção da<br />
APAH, dirigida à CRESAP, e publicada na GH n<strong>º</strong><br />
4, na sequência de um parecer desta em que se<br />
aventava a sugestão de criar uma valência especializada<br />
em gestão hospitalar. A Direção da APAH, e<br />
muito bem, insurgiu-se contra a descarada negação<br />
da realidade e o caráter provocatório com que isso<br />
era senti<strong>do</strong> pelos AH.<br />
Em 2015, GH entrevista Paulo Mace<strong>do</strong>, Francisco<br />
Ramos e Alexandre Quintanilha.<br />
Em 2016, Artur Vaz, num excelente artigo de opinião<br />
publica<strong>do</strong> no n<strong>º</strong> 8,março, sob o título “Oportunidades<br />
Perdidas” dizia: “…seria suposto que a virtuosa<br />
reforma…<strong>do</strong>s CSP…tivesse ti<strong>do</strong> um impacto<br />
…nos padrões de utilização das urgências hospitalares,<br />
mas tal parece não se ter verifica<strong>do</strong>.” Infelizmente,<br />
<strong>do</strong>is anos depois, o que parecia, confirma-se…<br />
Em 2017, Alexandre Lourenço, dá uma excelente<br />
entrevista à GH (n<strong>º</strong> 9, abril/maio/junho) em que<br />
reforça os valores <strong>do</strong>s Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es<br />
e traça um caminho inova<strong>do</strong>r e dinâmico para a<br />
APAH. Caraterísticas que se têm vin<strong>do</strong> a confirmar<br />
e de que GH tem feito eco: a “Academia APAH”, o<br />
Prémio Margarida Bentes, as “Conferências de Valor”,<br />
o IX Forum <strong>do</strong> Medicamento e o regresso <strong>do</strong><br />
Prémio Coriolano Ferreira, para o melhor aluno <strong>do</strong><br />
CEAH da ENSP, são exemplos.<br />
O profissionalismo da gestão hospitalar, a autonomia<br />
<strong>do</strong>s hospitais, a carreira de administração hospitalar<br />
revisitada, as questões <strong>do</strong> financiamento, são<br />
temas presentes e destaca<strong>do</strong>s nestes últimos números<br />
de GH.<br />
A par de justas homenagens póstumas a Augusto<br />
Mantas, João Urbano, Margarida Bentes e João Santos<br />
Car<strong>do</strong>so, este último recentemente desapareci<strong>do</strong><br />
e que foi presidente da APAH na década de 80.<br />
É este o retrato <strong>do</strong>s 35 anos da nossa revista. Em<br />
que houve que fazer opções de entre o muito que se<br />
publicou, e face à variedade <strong>do</strong>s temas e à intensidade<br />
<strong>do</strong>s debates.<br />
Percebe-se bem, ao longo da vida de GH, a passagem<br />
de vários governos, com diferentes cores e,<br />
sobretu<strong>do</strong>, diferentes sensibilidades quanto à profissionalização<br />
da gestão hospitalar.<br />
35 Anos de uma riqueza informativa, técnica e científica<br />
que prestigiaram a profissão e os profissionais,<br />
alertaram consciências e despertaram vontades. Mas<br />
que, sobretu<strong>do</strong>, colocaram os AH em patamares de<br />
reconhecimento, liderança e respeitabilidade inquestionáveis.<br />
Continuemos, pois, com a GH, a respeitar<br />
esta História, construin<strong>do</strong> o futuro. Ã<br />
Permanecer competitivo depende <strong>do</strong> valor que aporta<br />
80
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 29<br />
Capa<br />
e artigo<br />
83
GH REEDIÇÃO<br />
84 85
GH REEDIÇÃO<br />
86
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 31<br />
Capa<br />
e artigo<br />
89
GH REEDIÇÃO<br />
90 91
GH REEDIÇÃO<br />
92 93
GH REEDIÇÃO<br />
94 95
GH REEDIÇÃO<br />
96 97
GH REEDIÇÃO<br />
HEALTHCARE INTEGRATED FACILITIES<br />
A TDGI É UMA EMPRESA QUE ATUA NA ÁREA DO FACILITY MANAGEMENT,<br />
ASSUMINDO A GESTÃO GLOBAL, OPERAÇÃO E RESPONSABILIDADES TÉCNICAS<br />
DAS INFRAESTRUTURAS E DOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS DE DIVERSAS UNIDADES<br />
HOSPITALARES EM PORTUGAL, PERMITINDO ASSIM QUE O CLIENTE SE FOQUE<br />
EXCLUSIVAMENTE NO SEU CORE BUSINESS.<br />
SETORES DE ATIVIDADE TDGI<br />
FACILITY MANAGEMENT | MANUTENÇÃO E GESTÃO TÉCNICA DE INSTALAÇÕES<br />
GESTÃO DE ESPAÇOS E OBRAS | ANÁLISE E DIAGNÓSTICO | SOLUÇÕES DE ENERGIA | IT & SOFTWARE SOLUTIONS<br />
98<br />
PORTUGAL | ANGOLA | MOÇAMBIQUE | ESPANHA<br />
BRASIL | BÉLGICA | ARGÉLIA | QATAR<br />
FOLLOW US ON:
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 33<br />
Capa<br />
e artigo<br />
101
GH REEDIÇÃO<br />
102 103
GH REEDIÇÃO<br />
104 105
GH REEDIÇÃO<br />
106 107
GH REEDIÇÃO<br />
108 109
GH REEDIÇÃO<br />
Better Health, Brighter Future<br />
Podemos sempre fazer mais para melhorar a vida das pessoas.<br />
Impulsiona<strong>do</strong>s pela paixão de realizar este objetivo, a Takeda<br />
proporciona medicamentos inova<strong>do</strong>res à sociedade desde a sua<br />
fundação em 1781.<br />
Hoje, combatemos diversos problemas de saúde em to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>,<br />
desde a sua prevenção à cura. Mas a nossa ambição mantém-se:<br />
encontrar novas soluções que façam a diferença e disponibilizar<br />
melhores fármacos que ajudem o maior número de pessoas possível,<br />
o mais rápi<strong>do</strong> que conseguirmos.<br />
Com a ampla experiência, sabe<strong>do</strong>ria e perseverança da nossa equipa,<br />
a Takeda terá sempre o compromisso de melhorar o amanhã.<br />
Gastrenterologia<br />
Oncologia<br />
Sistema Nervoso Central<br />
Vacinas<br />
PT/INI/0217/0003<br />
Takeda – Farmacêuticos Portugal, Lda.<br />
Avenida da Torre de Belém, n<strong>º</strong> 19 R/C Esq. 1400-342 Lisboa<br />
Sociedade por quotas. NIF: 502 801 204<br />
Conservatória <strong>do</strong> Registo Comercial de Cascais n.<strong>º</strong> 502 801 204<br />
Tel: +351 21 120 1457 | Fax: +351 21 120 1456<br />
www.takeda.pt<br />
110
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Setembro 2002<br />
Capa<br />
e artigo<br />
112 1<strong>13</strong>
GH HISTÓRIA<br />
A Reforma <strong>Hospitalar</strong><br />
Pedro Lopes<br />
Presidente da APAH (2008-20<strong>13</strong>)<br />
Corria o ano de 1988 quan<strong>do</strong> numa<br />
atitude de rutura com um enquadramento<br />
jurídico hospitalar eminentemente<br />
público foi cria<strong>do</strong> o novo regime<br />
jurídico <strong>do</strong>s hospitais, através <strong>do</strong><br />
Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 19/88, de 21 de janeiro, caracteriza<strong>do</strong><br />
por uma visão gestionária fortemente empresarial.<br />
O crescimento exponencial <strong>do</strong>s custos na saúde e<br />
a consequente cada vez maior dimensão <strong>do</strong>s hospitais<br />
portugueses justificaram a necessidade de a<strong>do</strong>tar<br />
princípios de gestão e administração empresariais<br />
sugerin<strong>do</strong>-se, ainda, a criação de centros de responsabilidade<br />
como níveis intermédios de administração.<br />
Estruturas intermédias de gestão que tiveram a sua<br />
tradução legal no Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 374/99, de 18 de<br />
Setembro, referin<strong>do</strong> que os centros de responsabilidade<br />
integra<strong>do</strong>s deviam constituir verdadeiros órgãos<br />
de gestão intermédia com poder decisório basea<strong>do</strong>s<br />
em orçamentos-programa negocia<strong>do</strong>s com<br />
os respetivos órgãos de gestão.<br />
A preocupação com o aprofundamento da empresarialização<br />
<strong>do</strong>s hospitais deu origem a um novo<br />
diploma legislativo, o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 188/2003, de<br />
20 de Agosto que pretendeu ajustar o modelo de<br />
organização hospitalar às respetivas necessidades<br />
em saúde, conferin<strong>do</strong> uma maior capacidade diretiva<br />
aos órgãos máximos e intermédios de gestão<br />
e que ficou conheci<strong>do</strong> com o nome de “hospitais<br />
com estatuto S.A.”, ou seja, sociedade anónima. Passou<br />
a exigir-se grande capacidade de liderança com<br />
a atribuição de mais autonomia por contrapartida da<br />
exigência de maior responsabilidade e consequente<br />
obtenção de melhores resulta<strong>do</strong>s.<br />
Um novo paradigma de financiamento substituiu o<br />
modelo tradicional de financiamento basea<strong>do</strong> em<br />
orçamentos históricos, por um novo regime de pagamento<br />
pelos atos pratica<strong>do</strong>s.<br />
A possibilidade de privatização <strong>do</strong>s hospitais S.A. e a<br />
necessidade de manter, de forma inequívoca, a sua<br />
natureza pública manten<strong>do</strong>, no entanto, a sua vertente<br />
empresarial, deu origem a um novo diploma<br />
legislativo, o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 233/2005, de 29 de dezembro<br />
que ficou conheci<strong>do</strong> com o nome de “hospitais<br />
E.P.E.”, ou seja, entidade pública empresarial.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a necessidade de integrar cuida<strong>do</strong>s<br />
de saúde primários com cuida<strong>do</strong>s de saúde hospitalares<br />
e a consequente uniformização da respetiva<br />
legislação levou à criação de um novo diploma legislativo,<br />
o Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 12/2015, de 26 de janeiro.<br />
Finalmente, com vista a concentrar num único diploma<br />
o regime jurídico das entidades que integram o<br />
SNS (serviço nacional de saúde) e para melhorar a<br />
articulação entre os diferentes níveis de cuida<strong>do</strong>s de<br />
saúde, primários, hospitalares, continua<strong>do</strong>s e paliativos<br />
e ainda para gerar ganhos de eficiência e eficácia<br />
no sistema, foi cria<strong>do</strong> um novo diploma legislativo, o<br />
Decreto-Lei n.<strong>º</strong> 18/2017, de 10 de fevereiro.<br />
Estas foram, no perío<strong>do</strong> mais recente e após 25 de<br />
abril, sem nunca esquecer a Lei n.<strong>º</strong> 56/79, de 15 de<br />
setembro que criou o SNS, os <strong>do</strong>cumentos legislativos<br />
verdadeiramente estruturantes das reformas da<br />
gestão hospitalar. Em resposta às críticas, aos estu-<br />
<strong>do</strong>s, aos fóruns e a outras realizações que referiam<br />
a dificuldade e mesmo impossibilidade de gerir estas<br />
instituições de saúde num contexto normativo de<br />
pen<strong>do</strong>r essencialmente burocrático-administrativo,<br />
caracteriza<strong>do</strong> pelas regras que definiam a gestão<br />
pública e navegan<strong>do</strong> a nova onda <strong>do</strong>s recentes conceitos<br />
da nova administração pública, a NPA (new<br />
public administration), surgiram to<strong>do</strong>s estes normativos<br />
fortemente influencia<strong>do</strong>s pelos princípios da<br />
gestão empresarial.<br />
A possibilidade de ter partilha<strong>do</strong> este projeto arroja<strong>do</strong><br />
de mudança e a atual reflexão sobre o mesmo,<br />
atentas as questões ligadas aos orçamentos<br />
inadequa<strong>do</strong>s, à manutenção das listas de espera, ao<br />
crescimento <strong>do</strong>s preços <strong>do</strong>s produtos, fruto <strong>do</strong> endividamento<br />
<strong>do</strong>s hospitais, à falta de avaliação <strong>do</strong>s<br />
mesmos particularmente <strong>do</strong>s seus resulta<strong>do</strong>s e à recente<br />
manifesta desproporcionalidade de capacidade<br />
decisória <strong>do</strong>s ministérios acionistas, com preponderância<br />
<strong>do</strong> Ministério as Finanças, tem origina<strong>do</strong><br />
grande preocupação e alguma desilusão.<br />
Porque se fala tanto de reformas estruturais sou de<br />
opinião que na saúde criamos excelentes normativos<br />
verdadeiramente estruturantes, só não tivemos<br />
o engenho e a arte de os colocar, na sua totalidade,<br />
no terreno.<br />
Os <strong>do</strong>is artigos que escolhi para constarem da<br />
presente publicação, da autoria <strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r<br />
hospitalar Paulo Salga<strong>do</strong>, intitula<strong>do</strong> “Modesta homenagem<br />
a Margarida Bentes – Qualidade e racionalidade<br />
económica” e da minha própria autoria,<br />
o editorial “Sustentabilidade <strong>do</strong> SNS”, elabora<strong>do</strong>s<br />
no perío<strong>do</strong> em que tive responsabilidades<br />
enquanto Presidente da Associação Portuguesa<br />
de Administra<strong>do</strong>res <strong>Hospitalar</strong>es (APAH)<br />
e constantes das revistas que na altura publicamos,<br />
são bem o exemplo <strong>do</strong> nosso contributo enquanto<br />
administra<strong>do</strong>res e gestores hospitalares para<br />
esta reforma.<br />
Somos perseverantes e otimistas e porque gostamos<br />
de gerir na saúde e acreditamos nas nossas capacidades<br />
e no compromisso para com o SNS, com<br />
estes e outros ventos asseguraremos o futuro <strong>do</strong>s<br />
nossos hospitais. Ã<br />
114
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 43<br />
Capa<br />
e artigo<br />
116 117
GH REEDIÇÃO<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 46<br />
Capa e<br />
editorial<br />
GESTÃO<br />
HOSPITALAR<br />
Número 1<br />
Capa<br />
e artigo<br />
118 119
GH REEDIÇÃO<br />
120 121
GH REEDIÇÃO<br />
122
GESTÃO HOSPITALAR N<strong>º</strong><strong>13</strong> ESPECIAL 35<strong>º</strong> ANIVERSÁRIO