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Amor & Sexo: feminismos, sexualidades e o contra-agendamento da mídia

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sente”. Esta relação é curiosa, mas ela tem uma motivação muito compreensível se pensa<strong>da</strong> a<br />

partir de um lugar específico. Conforme Bourdieu (2010), a definição social dos órgãos sexuais<br />

no ocidente está longe de ser natural, ela está justamente liga<strong>da</strong> a binarie<strong>da</strong>de construí<strong>da</strong> para<br />

os sexos. O ativo está para o macho, assim como o passivo está para a fêmea, a partir do<br />

momento que alguém busca ultrapassar esse limite definido previamente, essa pessoa corre o<br />

risco de não ser mais considera<strong>da</strong> tão pertencente ao seu clã de origem. No caso do homem que<br />

afirma sentir prazer anal, ele é automaticamente ligado à feminili<strong>da</strong>de. Sendo a olhos nus um<br />

legítimo macho, mas com algum traço de feminili<strong>da</strong>de, ele só pode, então, ser um homem gay.<br />

Esta é a lógica binária e reducionista.<br />

Essa questão é discuti<strong>da</strong> posteriormente na edição de 23 de outubro de 2014, em um<br />

episódio que tem como tema o papel do macho. O programa se inicia com uma fogueira<br />

simbólica que faz referência a queima dos sutiãs <strong>da</strong>s mulheres na déca<strong>da</strong> de 60. Diversos<br />

homens entram no palco com cartazes de manifestação reivindicando por coisas que os<br />

oprimem. Regina Navarro Lins começa o programa dizendo que o machismo também prejudica<br />

os homens, que eles são cobrados desde a infância a serem sempre fortes, terem sucesso, poder<br />

e nunca errar. Ela afirma que “em várias partes do mundo os homens estão se unindo e lutando<br />

pela desconstrução desse masculino”. Em segui<strong>da</strong>, Fernan<strong>da</strong> Lima começa uma conversa sobre<br />

homens que cui<strong>da</strong>m <strong>da</strong> aparência e Chico Sá faz uma intervenção dizendo que é preciso ter<br />

cui<strong>da</strong>do “às vezes é apenas uma faceta do metrossexualismo e isso não significa<br />

automaticamente mais delicadeza, mais sensibili<strong>da</strong>de. Mas no geral acho que a nova geração<br />

é mais sensível [...] talvez por ser já filhos de mães que reivindicaram, que conquistaram<br />

direitos”. Fernan<strong>da</strong> encerra o programa dizendo: “homem que é homem é aquele que respeita<br />

para ser respeitado. Combate o machismo porque acredita na igual<strong>da</strong>de entre homens e<br />

mulheres e tem a liber<strong>da</strong>de de ser o que quiser e não mais ter que corresponder ao que a cultura<br />

machista determinou ou ain<strong>da</strong> determina. Homem que é homem sabe chorar, rir e se quiser,<br />

fazer crochet. Esse macho é uma graça!”<br />

Essa questão do machismo e a busca pela desconstrução <strong>da</strong> masculini<strong>da</strong>de volta a ser<br />

tema do programa em 9 de fevereiro de 2017. Neste episódio, Regina define o machismo como<br />

uma tragédia coletiva que afeta to<strong>da</strong>s as fases <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

No dia 30 de outubro de 2014, o tema passa a ser a condição <strong>da</strong> mulher e a busca por<br />

autonomia. Regina bate na tecla de que muitas mulheres já ascenderam socialmente, têm bons<br />

salários e etc, mas não conseguem largar a moral que define os direitos e os deveres <strong>da</strong>s pessoas<br />

de ca<strong>da</strong> gênero e outras questões como ter uma sexuali<strong>da</strong>de realmente livre. O programa

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