Amor & Sexo: feminismos, sexualidades e o contra-agendamento da mídia

55
também recebe a delegada Monique Vidal que sinaliza situações que podem e que não podem
ser consideradas assédio durante o programa. Também são recebidas mulheres fisiculturistas e
skatistas para falar sobre o preconceito que sofrem em suas áreas. O programa acaba com
Fernanda Lima saudando Maria da Penha: “Salve Maria da Penha Maia Fernandes, sua luta
virou lei e sua voz um brado contra a violência a mulher brasileira!”
Entretanto, é na 9ª temporada que a diversidade e a discussão de gênero é tratada de
forma mais séria. Logo no primeiro episódio, transmitido em 23 de janeiro de 2016, questionada
por Fernanda Lima, Regina responde sobre o fim do “macho viril”: “assim, eu acho que esse
machão está perdendo prestígio. Isso é bom para as mulheres e muito melhor para eles, mas
não é simples não, porque existia um condicionamento desde que nasceram, para corresponder
a toda uma expectativa de um papel… Eu acho que a gente caminha, realmente, para o fim do
gênero”.
No episódio seguinte o tema é carnaval e os discursos são construídos para levar a ideia
de respeito ao corpo feminino, em especial nesta época do ano em que os assédios são tão
recorrentes.
Dados liberados pela Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da
República (SPM- PR), revelam que os casos de violência sexual registrados
no país aumentaram 88% no Carnaval de 2017 se comparado ao mesmo
período do ano anterior. O Ligue 180, recebeu 2.132 ligações de todo o país
entre os dias 25 e 28 de fevereiro. Mais da metade das denúncias (1.136 ou
53,4%) foram relativos à violência física, outros 671 casos (31,4%) se referem
à violência psicológica. (GOMES, 2017, online)
Dados como este podem estar relacionados ao aumento do número de casos de
violência, mas a explicação mais provável para o elevado número de denúncias é o
empoderamento das mulheres, que cada vez mais ouvem incentivos a esta prática e discursos
que desmistificam a ideia de que a culpa é da mulher. Fernanda Lima, no episódio em questão,
dispara: “A mulher não precisa censurar o seu corpo para administrar os machões de plantão.
Nem no metrô, nem no ônibus, nem no carnaval, nem em lugar nenhum”.
No dia 27 de fevereiro o programa começa falando sobre pelos. Mulheres e homens que
escolheram não se depilar são convidados pelo programa para falar sobre a escolha. A primeira
pergunta da apresentadora é: “este é um ato político ou estético?” Regina Navarro Lins explica
que a questão da depilação é historicamente utilizada para diferenciar homens e mulheres, por
isso a não depilação pode ser vista como um ato político. No mesmo episódio a bancada se
divide em uma competição musical onde eles têm que descobrir qual é a música através das