Amor & Sexo: feminismos, sexualidades e o contra-agendamento da mídia

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69 contribui para isso? Ela fala até com quem tem preconceitos tão enraizados que sequer permitem ouvir o que o diferente tem a dizer. Uma vez, em um encontro de direitos humanos, uma militante do movimento negro que compunha uma mesa que eu assistia chamou a atenção para o seguinte fato: um racista não vai prestar atenção em uma reivindicação de um negro, assim como um machista não levará em consideração o que uma mulher dizer, bem como um LGBTQIfóbico não vai aplaudir uma fala de um LGBTQI. E é por isso que é tão importante combater os preconceitos com seus pares. Uma pessoa racista muito provavelmente não vai repensar o seu preconceito se for chamado a atenção por um negro, mas se for por um branco, ele ao menos vai ouvir. Neste sentido, Fernanda Lima não é nada do que os militantes gostariam. Ela não é gorda, lésbica, negra ou trans, mas ela é ouvida quando fala de preconceitos. Única e exclusivamente porque fala de privilégios para privilegiados, sendo também um deles. No mundo ideal este seria só mais um programa, mas na sociedade existente hoje, o alcance dele é tão relevante que ele merece ser estudado em uma monografia e até chegar mais longe que isso: existem questões importantes a serem observadas no Amor & Sexo semioticamente, sociologicamente e comunicacionalmente, ele é um produto cheio de possibilidades de análise que muito provavelmente ainda serão abordadas em estudos futuros, meus ou de outras tantas pessoas que se interessam pela temática gêneros e sexualidades. No campo da comunicação, este trabalho traz a percepção de como uma teoria pode ser tão bem visualizada na prática. A teoria do contra-agendamento ainda é pouco explorada, mas tem um grande potencial para explicar as mudanças que ocorrem nos meios - que apesar de terem um grande poder, não fazem um barulho uníssono. Não custa lembrar que a comunicação é feita por pessoas que são fruto da sociedade e por assim serem, evoluem com ela.
70 Referências Bibliográficas ALMEIDA, Marília de Almeida e. O percurso da Aids na mídia: análise da cobertura da aids no jornal “O POPULAR” de 1983 a 2007. 2008. 107 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)–Faculdade de Informação e Comunicação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008. Disponível em: Acessado em: 03/07/2017. BARROS at al. A sexualidade em Amor & Sexo: representação, discurso e regime de verdade. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, v.3, n.2, (2011). Disponível em: Acessado em: 19/04/2017. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Trad. Sérgio Miliet. - 2. ed. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2009. 2v. 935p. BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 160 p. BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro. Ed. Civilização Brasileira, 2003. 236 p. ENGELS, Friedrich (1820-1895). A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Tradução Leandro Konder. 14 Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 224 p. ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. (Org.). Comunicação e gênero: a aventura da pesquisa. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2008. 170 p. FERREIRA, Jonatas e SILVA, Antônio Ricardo. A experiência contemporânea da nudez. Revista Crítica de Ciências Sociais [Online]. V.92, 2011 Disponível em: Acessado em: 27/11/2017 FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber. 16. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. LANZ, Letícia. O corpo da roupa: a pessoa transgênera entre transgressão e a conformidade com as normas de gênero. Uma introdução aos estudos de gênero. Curitiba - Ed. Transgente, 2015. 456 p. LINS, Regina Navarro. A cama na varanda: arejando nossas ideias a respeito de amor e sexo. Rio de Janeiro. Ed. Rocco, 1997. 337 p. LOURO, Guacira Lopes. Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação. Revista Estudos Feministas. Periódicos UFSC. v. 9, n. 2 (2001). Disponível em: Acessado em: 27/11/2017.
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