Amor & Sexo: feminismos, sexualidades e o contra-agendamento da mídia
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Em 2017 inicia a terceira etapa do <strong>Amor</strong> & <strong>Sexo</strong>. Por mais que em 2016 já tenham<br />
existido mais rupturas que nas edições anteriores, em 2017 todos os programas <strong>da</strong> tempora<strong>da</strong><br />
têm preocupação com a representativi<strong>da</strong>de e os textos são criados com o objetivo de naturalizar<br />
discursos pouco abor<strong>da</strong>dos pela <strong>mídia</strong>.<br />
Além dos quatro pontos levantados nesta análise: nudez, monogamia, masculini<strong>da</strong>des e<br />
<strong>feminismos</strong> e representativi<strong>da</strong>de LGBTQI; a última tempora<strong>da</strong> do programa busca uma forte<br />
intersecção com as questões do povo negro. Em 5 dos 10 programas <strong>da</strong> última tempora<strong>da</strong> (sem<br />
contar o último episódio que é apenas uma retrospectiva) fala-se a sério sobre racismo, sobre<br />
beleza negra e até mesmo sobre cotas raciais. É possível dizer que a tempora<strong>da</strong> exibi<strong>da</strong> em 2017<br />
foi resultado efetivo de um processo de <strong>contra</strong>-<strong>agen<strong>da</strong>mento</strong> que vem sendo feito há muito<br />
tempo. Especialmente por meio <strong>da</strong> internet, que teve grande crescimento no Brasil a partir de<br />
2009.<br />
Desde 2012 o programa mostra ter uma relação próxima ao público <strong>da</strong> web, buscando,<br />
inclusive, incluir estas pessoas efetivamente no programa. Na segun<strong>da</strong> metade de 2012 o<br />
programa era transmitido ao vivo e os telespectadores podiam usar uma hashtag para comentar<br />
o programa, alguns tweets eram espelhados na TV. Já em 2017, essa relação com a internet é<br />
mostra<strong>da</strong> pela escolha dos convi<strong>da</strong>dos. Nas tempora<strong>da</strong>s anteriores os convi<strong>da</strong>dos para o<br />
programa eram, quase sempre, estrelas globais. Neste último ano, os convi<strong>da</strong>dos parecem ter<br />
vindo de uma seleção <strong>da</strong> internet, famosos por seus blogs, canais, textões ou no entretenimento<br />
voltado à diversi<strong>da</strong>de.<br />
Foi também por meio <strong>da</strong> internet que os movimentos sociais conseguiram ganhar mais<br />
força nos últimos anos. Organizando manifestações pelo Facebook, pautando debates em<br />
diversos espaços através <strong>da</strong> rede e <strong>da</strong>ndo maior visibili<strong>da</strong>de para as suas lutas, sem falar na<br />
possibili<strong>da</strong>de de manter uma conversa facilmente entre grupos que lutam pela mesma causa,<br />
em lugares diferentes do mundo.<br />
A Marcha <strong>da</strong>s Vadias, por exemplo, é um dos principais símbolos <strong>da</strong> luta feminista no<br />
século XXI. Em janeiro de 2011, foram divulgados, na Universi<strong>da</strong>de de Toronto – Canadá,<br />
diversos casos de abuso sexual <strong>contra</strong> mulheres universitárias. Logo após os casos virem à tona,<br />
um policial foi convi<strong>da</strong>do a palestrar no local sobre o tema e durante a sua fala o policial<br />
Michael Sanguinetti fez uma observação para que as mulheres evitassem se vestir como<br />
“vadias” para que não se tornassem vítimas destes abusos. A partir desta ocasião, as<br />
universitárias se uniram e foram para as ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de com a primeira marcha em 3 de abril de<br />
2011. Em junho do mesmo ano aconteceu a primeira Marcha <strong>da</strong>s Vadias também no Brasil, em