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T<br />
rataremos de alguns temas<br />
que possam nos favorecer<br />
para uma impostação de alma<br />
contrarrevolucionária.<br />
Bernard DUPONT (CC3.0)<br />
Cada ação do homem acarreta<br />
consequências enormes,<br />
na presença de Deus<br />
Em primeiro lugar, mostraremos<br />
como tudo na vida é sério, grave e,<br />
portanto, devemos abandonar essa<br />
tendência moderna à irresponsabilidade,<br />
à irreflexão, à improvisação,<br />
e compreendermos que cada ação<br />
nossa, por pequena que seja, acarreta<br />
para nós consequências enormes<br />
na ordem verdadeira e profunda<br />
dos fatos, quer dizer, na presença de<br />
Deus. Tudo quanto realizamos se faz<br />
na presença de Deus, com referência<br />
a Ele e, por isso, toma uma gravidade,<br />
uma importância sem fim.<br />
A visão beatífica nos ajuda a isso<br />
porque, se tivermos bem em mente<br />
que o nosso fim, a nossa única verdadeira<br />
razão de ser é contemplarmos<br />
Deus face a face por toda a eternidade,<br />
consideraremos tudo com muito<br />
mais seriedade.<br />
Para ilustrar o conceito de eternidade,<br />
costuma-se dar em aulas de Cate-<br />
cismo uma comparação bem-apanhada.<br />
Tomem uma pedra bastante dura,<br />
o granito, por exemplo. Em tese,<br />
se alguém roçar o dedo sobre o granito,<br />
uma particulazinha dele pode desprender-se,<br />
e mais provavelmente se<br />
desprende, por pequena que seja. Então,<br />
imaginem uma andorinha que passasse<br />
pelo Pão de Açúcar de mil em mil<br />
anos e roçasse apenas com a ponta do<br />
bico naquela montanha. Quanto tempo<br />
levaria para demoli-la? Não há cálculo<br />
possível! Pois bem, quando a andorinha<br />
tivesse acabado de destruir o<br />
Pão de Açúcar, era como se a eternidade<br />
estivesse no seu começo.<br />
Compreendemos, assim, o quanto é<br />
sério e grave aquilo que pode nos aproximar<br />
ou nos afastar dessa visão beatífica.<br />
Ora, de um modo geral, tudo nos<br />
afasta ou nos aproxima dela. Porque todas<br />
as ações, ainda quando moralmente<br />
neutras, conforme a ordenação com<br />
que o homem as pratica, podem aproximar<br />
ou distanciar de Deus.<br />
Exemplifiquemos com a atitude<br />
mais comum do mundo: um homem<br />
está viajando de ônibus e abre uma<br />
janela. Em si, abrir a janela ou fechá-<br />
-la é uma ação moralmente indiferente.<br />
Se o ônibus estiver a toda velocidade<br />
e se o indivíduo gozar do impacto<br />
daquele vento razoavelmente,<br />
aquilo é uma ação boa. Não é intrinsecamente<br />
boa, mas pela ocasião em<br />
que a fez, pelo modo que a praticou,<br />
etc., é ordenada. Está ordenada à natureza<br />
dele. Uma vez que está passeando,<br />
vivendo, o homem faz aquilo e<br />
aproveita o deleite. Está bem, sobretudo<br />
se ele se lembrar de dar graças a<br />
Deus que, como dizia São Francisco<br />
de Assis, criou “nosso irmão ar”, tão<br />
deleitável e tão agradável. Aí a ação<br />
fica melhor, entrou um elemento positivo,<br />
uma oração a respeito da ação.<br />
Mas se ele, por exemplo, meter a cabeça<br />
no vento pela embriaguez da velocidade<br />
– nós veremos isto mais adiante<br />
–, produz um mau efeito em sua alma.<br />
E essa embriaguez da velocidade pode<br />
distanciá-lo do fim último que é Deus.<br />
Duas influências opostas:<br />
Europa e Hollywood<br />
Tenho falado muitas vezes a respeito<br />
do choque de influências que<br />
se produziu, entre os anos 1920 e<br />
1930, no Brasil, pela permanência<br />
das tradições e dos contatos com a<br />
Europa e pela entrada da influência<br />
hollywoodiana.<br />
O Brasil daquele tempo recebia<br />
as grandes águas da tradição europeia<br />
e a catarata, então recente, da<br />
influência de Hollywood, e essas coisas<br />
incidiam juntas.<br />
Uma das notas que diferenciava<br />
a influência norte-americana da europeia<br />
era que a Europa tinha o seu<br />
passado calçado pela cultura quase<br />
bimilenar, em algum sentido mais do<br />
que bimilenar se remontarmos aos<br />
romanos e gregos, cujas culturas, de<br />
um modo ou de outro, santificadas<br />
depois pela Igreja Católica, acabaram<br />
dando na Idade Média.<br />
Nisso entraram séculos de estudos,<br />
de reflexão, e as pessoas tomaram o<br />
hábito de ler, de pensar, de estudar,<br />
nos ritmos da vida de antigamente.<br />
Uma vida na qual o homem não tinha<br />
os instrumentos de ação para agir<br />
depressa como ele dispõe hoje em dia.<br />
Como consequência, a vida humana<br />
Tomas T.<br />
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