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Revista Dr Plinio 248

Novembro de 2018

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T<br />

rataremos de alguns temas<br />

que possam nos favorecer<br />

para uma impostação de alma<br />

contrarrevolucionária.<br />

Bernard DUPONT (CC3.0)<br />

Cada ação do homem acarreta<br />

consequências enormes,<br />

na presença de Deus<br />

Em primeiro lugar, mostraremos<br />

como tudo na vida é sério, grave e,<br />

portanto, devemos abandonar essa<br />

tendência moderna à irresponsabilidade,<br />

à irreflexão, à improvisação,<br />

e compreendermos que cada ação<br />

nossa, por pequena que seja, acarreta<br />

para nós consequências enormes<br />

na ordem verdadeira e profunda<br />

dos fatos, quer dizer, na presença de<br />

Deus. Tudo quanto realizamos se faz<br />

na presença de Deus, com referência<br />

a Ele e, por isso, toma uma gravidade,<br />

uma importância sem fim.<br />

A visão beatífica nos ajuda a isso<br />

porque, se tivermos bem em mente<br />

que o nosso fim, a nossa única verdadeira<br />

razão de ser é contemplarmos<br />

Deus face a face por toda a eternidade,<br />

consideraremos tudo com muito<br />

mais seriedade.<br />

Para ilustrar o conceito de eternidade,<br />

costuma-se dar em aulas de Cate-<br />

cismo uma comparação bem-apanhada.<br />

Tomem uma pedra bastante dura,<br />

o granito, por exemplo. Em tese,<br />

se alguém roçar o dedo sobre o granito,<br />

uma particulazinha dele pode desprender-se,<br />

e mais provavelmente se<br />

desprende, por pequena que seja. Então,<br />

imaginem uma andorinha que passasse<br />

pelo Pão de Açúcar de mil em mil<br />

anos e roçasse apenas com a ponta do<br />

bico naquela montanha. Quanto tempo<br />

levaria para demoli-la? Não há cálculo<br />

possível! Pois bem, quando a andorinha<br />

tivesse acabado de destruir o<br />

Pão de Açúcar, era como se a eternidade<br />

estivesse no seu começo.<br />

Compreendemos, assim, o quanto é<br />

sério e grave aquilo que pode nos aproximar<br />

ou nos afastar dessa visão beatífica.<br />

Ora, de um modo geral, tudo nos<br />

afasta ou nos aproxima dela. Porque todas<br />

as ações, ainda quando moralmente<br />

neutras, conforme a ordenação com<br />

que o homem as pratica, podem aproximar<br />

ou distanciar de Deus.<br />

Exemplifiquemos com a atitude<br />

mais comum do mundo: um homem<br />

está viajando de ônibus e abre uma<br />

janela. Em si, abrir a janela ou fechá-<br />

-la é uma ação moralmente indiferente.<br />

Se o ônibus estiver a toda velocidade<br />

e se o indivíduo gozar do impacto<br />

daquele vento razoavelmente,<br />

aquilo é uma ação boa. Não é intrinsecamente<br />

boa, mas pela ocasião em<br />

que a fez, pelo modo que a praticou,<br />

etc., é ordenada. Está ordenada à natureza<br />

dele. Uma vez que está passeando,<br />

vivendo, o homem faz aquilo e<br />

aproveita o deleite. Está bem, sobretudo<br />

se ele se lembrar de dar graças a<br />

Deus que, como dizia São Francisco<br />

de Assis, criou “nosso irmão ar”, tão<br />

deleitável e tão agradável. Aí a ação<br />

fica melhor, entrou um elemento positivo,<br />

uma oração a respeito da ação.<br />

Mas se ele, por exemplo, meter a cabeça<br />

no vento pela embriaguez da velocidade<br />

– nós veremos isto mais adiante<br />

–, produz um mau efeito em sua alma.<br />

E essa embriaguez da velocidade pode<br />

distanciá-lo do fim último que é Deus.<br />

Duas influências opostas:<br />

Europa e Hollywood<br />

Tenho falado muitas vezes a respeito<br />

do choque de influências que<br />

se produziu, entre os anos 1920 e<br />

1930, no Brasil, pela permanência<br />

das tradições e dos contatos com a<br />

Europa e pela entrada da influência<br />

hollywoodiana.<br />

O Brasil daquele tempo recebia<br />

as grandes águas da tradição europeia<br />

e a catarata, então recente, da<br />

influência de Hollywood, e essas coisas<br />

incidiam juntas.<br />

Uma das notas que diferenciava<br />

a influência norte-americana da europeia<br />

era que a Europa tinha o seu<br />

passado calçado pela cultura quase<br />

bimilenar, em algum sentido mais do<br />

que bimilenar se remontarmos aos<br />

romanos e gregos, cujas culturas, de<br />

um modo ou de outro, santificadas<br />

depois pela Igreja Católica, acabaram<br />

dando na Idade Média.<br />

Nisso entraram séculos de estudos,<br />

de reflexão, e as pessoas tomaram o<br />

hábito de ler, de pensar, de estudar,<br />

nos ritmos da vida de antigamente.<br />

Uma vida na qual o homem não tinha<br />

os instrumentos de ação para agir<br />

depressa como ele dispõe hoje em dia.<br />

Como consequência, a vida humana<br />

Tomas T.<br />

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