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Jornal Cocamar Julho 2016

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74 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Julho</strong> <strong>2016</strong><br />

ENTREVISTA<br />

Um grande brasileiro<br />

Um dos fundadores da Embrapa, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli,<br />

que acaba de fazer 80 anos, implantou os alicerces que possibilitaram ao Brasil deixar<br />

de ser importador de alimentos para se transformar na potência agrícola da atualidade<br />

Um grande brasileiro<br />

completou 80<br />

anos no dia 10 de<br />

julho: o ex-ministro<br />

da Agricultura, Alysson Paolinelli,<br />

considerado o melhor<br />

que o Brasil já teve em toda<br />

a história, um dos fundadores<br />

da Embrapa e pai da<br />

nova agricultura brasileira.<br />

Mineiro, ele teria sido para o<br />

campo o mesmo que seu conterrâneo<br />

Juscelino representou<br />

para a indústria.<br />

Para quem é do setor, Paolinelli<br />

dispensa apresentação.<br />

Sua lista de serviços prestados<br />

é imensa, começando<br />

pela década de 1970, quando<br />

o agrônomo formado na Escola<br />

Superior de Agricultura<br />

de Lavras (Esal) liderou a implantação<br />

do que hoje é a<br />

Empresa Brasileira de Pesquisa<br />

Agropecuária (Embrapa),<br />

a mais respeitada instituição<br />

pública do setor. Paolinelli<br />

foi ministro da Agricultura<br />

(1974 a 1979), deputado<br />

constituinte e diretor de diversas<br />

instituições. Recebeu,<br />

em 2006, o World Food Prize,<br />

o Nobel da Alimentação,<br />

criado pelo pai da Revolução<br />

Verde, o americano Normam<br />

Borlaug. Hoje, além de produtor<br />

rural em seu Estado,<br />

Paolinelli é o presidente de<br />

honra da Associação Brasileira<br />

dos Produtores de<br />

Milho (Abramilho), emprestando<br />

a voz ao setor que produz<br />

o grão mais cultivado do<br />

mundo. E, de uma década<br />

para cá, esse visionário se<br />

consolidou, também, como<br />

um dos principais apoiadores<br />

do sistema de Integração<br />

Lavoura-Pecuária-Floresta<br />

(ILPF) no Brasil.<br />

Por que não financiar mais<br />

adequadamente os médios e<br />

pequenos, em detrimento dos<br />

grandes, que poderiam estar<br />

crescendo em produtividade?”<br />

O agronegócio brasileiro recebeu um forte impulso quando o Sr. foi ministro,<br />

mas ao longo das décadas, as políticas públicas voltadas ao<br />

setor se perderam?<br />

ALYSSON PAOLINELLI – O Brasil não tem mais políticas públicas<br />

para o agronegócio. Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil foi o país<br />

que melhor fez política pública. E não estou puxando a brasa para<br />

minha sardinha. Recebíamos missões de todo o mundo para<br />

aprender com o exemplo brasileiro. Hoje, acabou tudo. Por que<br />

não financiar mais adequadamente os médios e pequenos, em detrimento<br />

dos grandes, que poderiam estar crescendo em produtividade,<br />

com assistência técnica e crédito orientado? Meia dúzia de<br />

produtores têm acesso ao crédito rural. Temos um seguro rural que<br />

consiste em jogar dinheiro pela janela. Não houve nenhum efeito<br />

sobre o produtor. A política de preço mínimo não funciona, porque<br />

não há dinheiro suficiente.<br />

O crédito rural não tem ajudado?<br />

PAOLINELLI – Nos últimos anos, faltou seriedade e competência<br />

na administração do dinheiro. O crédito rural tem de<br />

ser oportuno, suficiente e adequado, mas isso não acontece.<br />

RURAL – Falando agora sobre milho, setor que o<br />

Sr. representa atualmente como presidente de honra<br />

da Abramilho, o Brasil exportou muito<br />

em 2015...<br />

Paolinelli, que comandou o Ministério<br />

da Agricultura de 1974 a 1979,<br />

é considerado o melhor titular da<br />

pasta em toda a história

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