REVISTA UNICAPHOTO ED. 12
Revista do curso de fotografia da Unicap
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<strong>UNICAPHOTO</strong> No início da<br />
sua carreira, quais estratégias<br />
você utilizou para viabilizar sua<br />
produção artística?<br />
Na verdade, ainda estou buscando<br />
essas estratégias. (risos) Ainda<br />
não posso dizer que vivo da minha<br />
arte. Vivo do m trabalho enquanto<br />
fotógrafa,<br />
fotojornalista,<br />
fotógrafa documental e de venda<br />
de algumas imagens, imagens<br />
de artista, no caso , Priscillaartista.<br />
É um trabalho totalmente<br />
independente, na raça mesmo.<br />
Minha primeira exposição um<br />
edital de exposição do MAMAM,<br />
no Pátio de São Pedro, e foi a<br />
primeira exposição e m trabalho<br />
com financiamento. Era uma verba<br />
muito pequena que, na verdade,<br />
foi basicamente pra montar a<br />
exposição e pagar a curadora;<br />
e não consegui essa verba para<br />
viabilizar minha pesquisa, para<br />
fazer todo o processo de produção<br />
ser financiado, foi mais uma<br />
questão de um financiamento<br />
para fazer as obras: colocar em<br />
moldura, imprimir, pensar em<br />
expografia. Foi um primeiro<br />
trabalho financiado. Depois disso,<br />
comecei a financiar meus projetos<br />
com m trabalho formal. Tentava<br />
deixar uma coisa que sobrasse,<br />
investia em estudo mesmo,<br />
comprava livros ou viagens para<br />
ir a festivais, fazer workshops e<br />
oficinas. Em 2013 teve um prêmio<br />
que, com esse dinheiro, consegui<br />
viabilizar um livro. Enfim, é de<br />
pouquinho em pouquinho, de<br />
venda de foto… Venda de foto não<br />
tem muita estratégia, não sou uma<br />
artista com muitas estratégias<br />
de financiamento. O que tento é<br />
edital. Os editais que aparecem,<br />
me inscrevo. Mas também não<br />
me inscrevo só por inscrever, às<br />
vezes penso: “poderia inscrever<br />
qualquer coisa só pra tentar um<br />
financiamento pra quando surgir<br />
um projeto”. Mas não consigo,<br />
não funciono dessa forma:<br />
tentar um financiamento pra<br />
uma coisa que ainda não existe.<br />
Tento quando já tenho uma<br />
ideia formada, tenho algo mais<br />
estruturado.<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong> Dessas<br />
estratégias utilizadas, o que<br />
deu certo?<br />
Não é uma coisa, exatamente,<br />
que deu certo ainda. A gente<br />
tá num momento de crise<br />
financeira, então várias coisas<br />
que aconteciam de forma mais<br />
potente como, por exemplo,<br />
venda de foto em fine art são<br />
mais difíceis. Vendia bem mais<br />
fotos há uns 2/3 anos. Hoje, até<br />
consigo vender, mas o valor<br />
proporcionalmente ao tempo,<br />
a gente pode pensar que é um<br />
pouco mais barato, então não<br />
é uma estratégia que posso<br />
dizer que tá dando certo. São<br />
coisas que tem acontecido<br />
esporadicamente e funcionam.<br />
Essa estratégia de fotos em fine<br />
art é um caminho interessante<br />
principalmente quando você<br />
tá ligada a alguma galeria,<br />
quando tem alguém que possa<br />
correr atrás desses contatos.<br />
Apesar de você ficar, de certa<br />
forma, presa a uma galeria ou<br />
a uma instituição, mas poupa<br />
bastante tempo. Como agora<br />
sou mãe, tentar correr atrás, no<br />
caso específico de venda de foto,<br />
sozinha, é um trampo bastante<br />
complicado porque teria que<br />
viajar, ir pra festivais, fazer todo<br />
esse network porque não dá pra<br />
ficar só aqui (Pernambuco).<br />
Então acredito que a minha<br />
estratégia que deu certo é estar<br />
ligada a uma galeria que, no<br />
caso, é a Arte Plural. É uma<br />
estratégia que tá me colocando<br />
em um mercado de arte<br />
interessante, tá levando pra<br />
feiras, para mostras. Mas não é<br />
aquela coisa: “Maravilhoso, me<br />
banco com isso”. É uma coisa<br />
que ainda tá começando, é um<br />
processo que ainda não dá<br />
pra viabilizar tudo, mas já é<br />
alguma coisa.<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong> Quais foram os<br />
momentos mais marcantes da<br />
sua carreira?<br />
O mais marcante da minha<br />
carreira foi quando ganhei o<br />
prêmio Brasil de Fotografia, na<br />
categoria revelação, em 2013,<br />
com o ensaio “Ausländer”. Foi<br />
um momento muito importante<br />
pra mim porque estava saindo<br />
do jornal, depois de quase sete<br />
anos de fotojornalismo. Então<br />
foi um momento que resolvi sair,<br />
pedi demissão porque precisava<br />
dar conta do meu trabalho<br />
enquanto artista. Então saí do<br />
jornal e comecei a trabalhar<br />
na produção desse trabalho,<br />
do “Ausländer”, me dediquei<br />
a produzir, a editar, a pensar<br />
em caminhos e estudar, enfim,<br />
ler, pesquisar possibilidades.<br />
Consegui fechar um ciclo e veio<br />
esse prêmio então, pra mim,<br />
foi muito importante ter esse<br />
reconhecimento. Comecei a<br />
dar oficina agora em 2018, foi<br />
um dos melhores momentos<br />
também, me descobrir em<br />
sala de aula foi uma coisa<br />
fantástica. Conseguir passar<br />
conhecimento, conseguir abrir<br />
novas perspectivas pros alunos,<br />
esse processo foi bastante<br />
importante.<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong> Quais são as<br />
principais conquistas de sua<br />
trajetória?<br />
Em 2015, consegui fazer meu<br />
livro de artista desse trabalho<br />
“Ausländer” e expus num projeto<br />
bem bonito de Denise Gadelha:<br />
“Fotos contam fatos” na Galeria<br />
Vermelho, onde sempre tive<br />
sonho de expor, era a galeria<br />
sonho de consumo. Quando<br />
teve esse convite, já estava no<br />
processo de desenvolvimento<br />
desse livro mas era uma coisa<br />
muito verde, muito no início.<br />
E aí Denise me chamou pra<br />
essa exposição e tive que fazer<br />
o livro, tive que fazer uma ideia<br />
de dois anos se materializar, foi<br />
incrível. É um projeto que tenho<br />
muito carinho até hoje, é um<br />
livro de edição única, que é um<br />
objeto, mais do que livro é um<br />
objeto. Pra mim, são esses dois<br />
grandes momentos: quando<br />
ganhei o prêmio (Brasil de<br />
Fotografia) e quando consegui<br />
fazer o livro desse trabalho.<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong> O que você não<br />
repetiria se fosse recomeçar sua<br />
carreira enquanto artista?<br />
Talvez demorar esse tempo<br />
todo pra me assumir artista.<br />
Não sei se também só consegui<br />
parar e me ver artista no<br />
momento certo, num momento<br />
de maturidade profissional, de<br />
trajetória e como mulher<br />
também. Talvez tivesse tentado<br />
me organizar mais cedo em<br />
termos de edital, talvez me<br />
juntar com alguns escritórios,<br />
algumas produtoras, para<br />
tentar buscar de forma, mais<br />
veemente, esses patrocínios.<br />
Talvez fosse um caminho mais<br />
organizado pra ter seguido.<br />
Mas também não sei se me<br />
arrependo de não ter feito isso.<br />
Acredito que ainda tenho um<br />
tempo pra me organizar nesse<br />
sentido e é uma coisa que vem<br />
com a própria maturidade de<br />
olhar o próprio trabalho, de ver<br />
até onde a gente pode chegar, de<br />
perceber o potencial da gente.<br />
Acho que é isso, a questão<br />
de acreditar no que faço, me<br />
reconhecer, saber o meu valor,<br />
de dizer: “ posso fazer isso e<br />
vamos lá!”. Talvez tenha tido<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong><br />
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