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REVISTA UNICAPHOTO ED. 12

Revista do curso de fotografia da Unicap

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REPORTAGEM<br />

Cena do filme Freaks (1932)<br />

REPORTAGEM<br />

FREAKS<br />

1932<br />

TEXTO Elizabeth<br />

de Carvalho<br />

Nos anos de 1930, em um circo<br />

que, dentre suas atrações possui<br />

um elenco de “freak show”,<br />

um anão se apaixona por uma<br />

trapezista vigarista.<br />

O filme se propõe a provar<br />

que, embora a sociedade tenha<br />

repulsa pelas pessoas que<br />

nasceram com deformidade,<br />

os ditos “anormais/monstros/<br />

freaks” são, na verdade, seres<br />

humanos como qualquer outro.<br />

Ocorre que, a negativa da<br />

sociedade em aceita-los, aí<br />

incluído os demais artistas<br />

circenses, faz com que os<br />

“monstros” criem um rigoroso<br />

código de ética para protegêlos,<br />

assim resumido: uma<br />

ofensa para um, é uma ofensa<br />

para todos; a alegria para um, é<br />

a alegria para todos.<br />

À época de seu lançamento,<br />

o filme sobre a “historia dos<br />

anormais e indesejados” foi um<br />

fracasso de audiência, sendo<br />

de tal modo rejeitado que foi<br />

retirado precocemente de<br />

cartaz.<br />

Posteriormente, passou a<br />

ser cultuado, servindo de<br />

inspiração para a fotógrafa<br />

DIANE ARBUS (1923/1971), que<br />

dedicou parte de seu trabalho<br />

ao registro das pessoas ditas<br />

“bizarras”, tais como anões<br />

e travestis. Recentemente,<br />

“Freaks” serviu de inspiração<br />

para a quarta temporada do<br />

seriado “AMERICAN HORROR<br />

STORY: FREAK SHOW”, no<br />

qual há personagens e cenas<br />

quase idênticos ao filme.<br />

Ato I: Cicerone de um “freak<br />

show”, ao apresentar uma de<br />

suas “criaturas” ao público,<br />

enfatiza que uma ofensa a um<br />

“monstro” é uma ofensa a todos,<br />

porém, antes de mostrar a<br />

“atração” é feito um flash back da<br />

história de um circo, mostrando<br />

a rotina dos personagens: o<br />

elegante anão Hans e sua doce<br />

namora Frieda também anã; as<br />

gêmeas siamesas Violet e Daisy<br />

Hilton; Joseph e Josephine que é<br />

metade homem e metade<br />

mulher; as crianças com<br />

microcefalia protegidas por<br />

Madame Tetralli; a mulher<br />

sem braços (Armless Girl); o<br />

homem sem pernas (Half Boy);<br />

o “homem esqueleto”; a mulher<br />

barbada; a garota pássaro Koo<br />

Koo; o homem sem brações e<br />

pernas (The Living Torso) 2 .<br />

O circo também possui as<br />

atrações “normais”: Cleopatra,<br />

a trapezista que voa como um<br />

pássaro; Hercules, o homem<br />

mais forte do mundo; os<br />

palhaços Phroso e Rosco; a bela<br />

Venus. Ponto de virada I: Frieda<br />

alerta Hans que Cleópatra está<br />

fingindo uma paixão por ele,<br />

tão somente pelo interesse em<br />

seu dinheiro. Hans retruca<br />

dizendo que não recebe ordens<br />

de nenhuma mulher.<br />

Ato II: Cleopatra e Hercules<br />

planejam um golpe para<br />

extorquir Hans: após casarse<br />

com Hans, Cleopatra o<br />

envenenaria lentamente. Com<br />

a morte de Hans, a trapezista<br />

se tornaria herdeira da fortuna<br />

do anão. Ponto de virada II:<br />

The wedding fest. Felizes por<br />

Hans, as demais “criaturas”<br />

festejam o casamento e<br />

acolhem Cleopatra cantando<br />

“nos te aceitamos, uma de nós”.<br />

Cleo reage chamando-os “sujos,<br />

asquerosos e monstros”.<br />

Ato III: Os monstros se vingam<br />

de quem os ofendem: Hercules<br />

e morto e Cleo é transformada<br />

em uma mulher com corpo de<br />

pássaro. O filme termina como<br />

começou: é mostrada ao público<br />

a criatura que Cleópatra se<br />

tornou.<br />

1 https://archive.org/details/Freaks-1932-<br />

Subtitulos-en-espanol#<br />

2 https://cinemaclassico.com/curiosidades/oestranho-e-controverso-elenco-de-freaksmonstros/<br />

Em 2013, o Times Herald-Record, em<br />

Middletown, Nova Iorque, demitiu<br />

toda a sua equipe de fotógrafos, e<br />

forneceu a seus jornalistas celulares<br />

com bons recursos de captura de<br />

imagem, delegando a eles o ofício de<br />

capturar as fotografias de suas pautas.<br />

Esta decisão, ainda em vigor,<br />

também adotada por outros veículos<br />

de comunicação, como o Chicago<br />

Sun-Times, despertou polêmicas<br />

discussões sobre o papel da fotografia<br />

na mídia e sobre o espaço do fotógrafo<br />

na construção discursiva das notícias.<br />

Anos mais tarde, um estudo analisou<br />

as fotografias da publicação e percebeu<br />

alterações em seus resultados.<br />

O estudo1 , publicado na revista<br />

Journalism Mass Communication<br />

Quarterly em março de 2018, analisou<br />

488 imagens realizadas por fotógrafos<br />

profissionais e 409 fotografias<br />

capturadas por não profissionais,<br />

todas publicadas no jornal. A pesquisa<br />

categorizou as imagens, separandoas<br />

em quatro categorias: informativas,<br />

apelo visual, apelo emocional e<br />

intimidade.<br />

O artigo também apontou que apenas<br />

1 em cada 10 imagens não profissionais<br />

carregavam um apelo emocional,<br />

enquanto os profissionais conseguiam<br />

imprimir o efeito em mais de 25% das<br />

fotografias. Quando observadas as<br />

composições com relevante de apelo<br />

visual, os profissionais novamente<br />

se destacam, com 23,6% das<br />

imagens, contra apenas 7,6% dos não<br />

profissionais. O último, mas também<br />

marcante índice, aponta para a criação<br />

de alguma conexão de intimidade<br />

com o destinatário, algo que apenas<br />

1,8% dos profissionais conseguiu<br />

alcançar, mas que não foi observado<br />

em nenhuma das 409 imagens<br />

produzidas pelos não profissionais.<br />

Fotojornalismo<br />

importa?<br />

TEXTO Paulo Souza<br />

<strong>UNICAPHOTO</strong><br />

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