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Fragmentos poemas e ensaios

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O LIVRO<br />

Uma paisagem rude. Uma paisagem árida. Uma paisagem áspera.<br />

Uma paisagem: o Nordeste. Outra paisagem: um homem, uma mulher,<br />

dois meninos, uma cachorra, um papagaio, todos tangidos pela<br />

seca e pela humilhação dos que podem mandar. Na mesma paisagem:<br />

vidas secas. Essa é a temática recorrente no livro homônimo do<br />

escritor Graciliano Ramos (1892-1953), que buscava revelar a<br />

alma humana - em meio às desgraças protagonizadas pelas estiagens,<br />

tendo como cenário o Nordeste brasileiro.<br />

A infância e boa parte da vida de Graciliano - nascido em<br />

Quebrangulo, cidade alagoana, esteve ligada a essa região do<br />

país. Esse foi o lugar de onde ele retirou elementos substanciais<br />

para alguns de seus romances. Assim, a realidade nordestina<br />

vivida por seus personagens - agreste, cabocla, poeirenta,<br />

dura é expressão forte em seus escritos; os quais, destaque-se,<br />

são frutos de sua sensibilidade questionadora. Desta forma é<br />

que, ao questionar a violência opressora da sociedade contra o<br />

ser humano, seu texto tentava denunciar a lei do mais forte, a<br />

incansável luta pela sobrevivência, o escravismo e a tentativa<br />

de manutenção desumana do status quo por parte dos poderosos.<br />

Graciliano escreveu “Vidas Secas” tentando se opor a todo<br />

esse sistema paradoxal de convivência e de competição da socie-<br />

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