Fragmentos poemas e ensaios

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não-dito dos personagens no livro, esta análise refere-se à combinação de episódios e à reprodução textual de falas presentes na película. Assim, este estudo sustenta que os aspectos em foco estão sintonizados e, mais do que isso, sincronizados com a evolução da estrutura narrativa do romance. 56 Em outras palavras, esta pesquisa destaca que o filme sinaliza uma transposição quase que literal de elementos relativos à fala e também destacadamente silenciosos no texto original. Toda essa configuração termina por ser uma forma de conservar o estilo narrativo de Graciliano, que impregna com um silêncio perturbador seus personagens, desindentificados que estão com o mundo da linguagem oral.
Em outra perspectiva, merece ser ressaltada a tonalidade fotográfica perpassada em quase todo o filme. Ela é intencionalmente “estourada”, agressiva como o sol do sertão nordestino. Portanto, torna-se recorrente na película uma forte brancura, captada por lentes sem filtros, e que realçam a intensa luz ali presente, um dos fatores condicionantes do enredo dramático em foco, já que é ela que resseca a terra. Sobre essa questão, Dimantas, no mesmo artigo já citado na introdução deste trabalho, está em consonância (2002:350-1): (…) Entre outros traços marcantes de “Vidas Secas” (…) é a fotografia de Luís Carlos Barreto (…). Ele e José Rosa conduziram a experiência de eliminar qualquer filtragem corretiva e expor para a sombra, deixando as altas luzes “estourarem”. O resultado (…) se mostrou altamente eficaz e integrado à narrativa. É sol para tudo quanto é lado. (…) No final da película, em mais uma tentativa de leitura fiel por parte do cineasta, o personagem Fabiano e sua família seguem seu 57
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