Fragmentos poemas e ensaios
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O FILME<br />
Roman Ingarden, em seu livro A Obra de Arte Literária,<br />
afirmou que ela (1965:409) “(…) Existe e vive e atua sobre nós<br />
(…)”. E que “(…) provoca profundas modificações na nossa vida”.<br />
No mesmo texto, ele ainda sustenta que o cinema - apesar das<br />
diferenças nos estratos básicos -, possui vínculos e conexões<br />
com a literatura (1965:357): “(…) a obra cinematográfica não é<br />
uma obra literária. É-lhe, porém, afim (…)”.<br />
De acordo com essa perspectiva, este estudo assevera que<br />
- por extensão de ideias, Ingarden termina por propor um entrelaçamento<br />
entre a literatura e o cinema. E esse cruzamento entre<br />
formas de expressão distintas, mas relacionadas, é tornado<br />
explícito logo na introdução da película de Pereira dos Santos.<br />
Assim, há um texto de abertura no filme - de cunho social - que<br />
explicita as características literárias ali presentes:<br />
Este filme não é apenas a transposição fiel, para<br />
o cinema, de uma obra imortal da literatura brasileira.<br />
É antes de tudo um depoimento sobre uma<br />
dramática realidade social de nossos dias e extrema<br />
miséria que escraviza 27 milhões de nordestinos<br />
e que nenhum brasileiro digno pode mais<br />
ignorar.<br />
50