RCIA - ED. 136 - NOVEMBRO 2016
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HISTÓRIA<br />
O elo entre Bueno de<br />
Andrada e a Família Freitas<br />
Por: Paulo Roberto de Freitas<br />
Rebuscar o passado histórico<br />
desse pequeno distrito,<br />
distante 18km de Araraquara,<br />
sem mencionar a família<br />
Freitas, é quase impossível.<br />
Eu sou suspeito de falar,<br />
pois descendo desta família<br />
portuguesa, com muito<br />
orgulho. Os Freitas têm laços<br />
extremamente fortes com a<br />
origem de Bueno de Andrada<br />
e fazem parte da<br />
sua fundação de forma<br />
relevante e significativa.<br />
Esta narrativa que segue, baseiase<br />
principalmente no depoimento fiel<br />
do meu tio Zeca (José de Freitas) que<br />
junto com minha tia Zulmira, são os<br />
últimos remanescentes dos irmãos, filhos<br />
de Júlio de Freitas (meu avô), no<br />
total de dez.<br />
Estação de Bueno de Andrada<br />
Mas, retrocedendo a mais de um<br />
século atrás, e pesquisando a árvore<br />
genealógica da nossa família, vamos<br />
resgatar um pouco das nossas raízes.<br />
A história começa em 1897, com<br />
um navio singrando os mares, partindo<br />
de Funchal (Ilha da Madeira, Portugal)<br />
com destino ao Brasil. À bordo estava<br />
meu bisavô paterno Mateus de Freitas,<br />
sua esposa Libania e seus filhos: Júlio<br />
de Freitas (meu avô) com dez anos, e<br />
as irmãs Maria e Matilde, as quais ignoro<br />
suas idades na época. Aquele bravo<br />
e honesto imigrante lusitano trouxe a<br />
família para se estabelecer nesta terra<br />
acolhedora. Veio praticamente sem<br />
dinheiro, por conta da desonestidade<br />
de seu compadre e sócio que comprou<br />
a parte do meu bisavô no comércio de<br />
secos e molhados e não o pagou. O seu<br />
sócio prometeu conseguir o dinheiro<br />
combinado antes do embarque do meu<br />
bisavô, mas não cumpriu a palavra e<br />
ele ficou “a ver navios”, literalmente.<br />
Com uma deslavada falsidade, chegou<br />
a ir ao cais se despedir do meu bisavô,<br />
inventando uma desculpa canalha para<br />
não pagá-lo.<br />
Aquele valoroso imigrante português<br />
enfrentou percalços e adversidades<br />
desanimadoras, em sua vinda para<br />
o Brasil.<br />
Sua esposa Libania, que estava<br />
grávida e prestes a dar à luz, teve seu<br />
Maria, Júlio de Freitas Filho, Isabel e Abel de<br />
Freitas (pai de Paulo de Freitas)<br />
filho durante a viagem. Talvez devido às<br />
condições precárias para o parto, com<br />
poucos dias de vida, a criança veio a<br />
falecer. Como a viagem levaria dias, o<br />
recém-nascido foi sepultado nas águas<br />
do mar.<br />
Após longa e desgastante travessia<br />
marítima com o coração amargurado<br />
pela perda, Mateus de Freitas desembarcou<br />
com a mulher e os três filhos<br />
no porto de Santos no dia 28 de abril<br />
de 1897. No início, as dificuldades de<br />
adaptação à nova pátria foram inúmeras,<br />
e o intrépido aventureiro luso, enfrentou<br />
condições adversas e inóspitas<br />
para se estabelecer e se acomodar provisoriamente.<br />
Após muitos anos de sacrifício e<br />
muita luta, meu bisavô conseguiu comprar<br />
um pequeno sítio nos arredores<br />
de Bueno onde passou sua vida. A filha<br />
mais velha casou-se e foi morar em<br />
Cambé (PR). A mais nova, Maria, também<br />
constituiu família e se estabeleceu<br />
na região de Taquaritinga. Meu avô<br />
Júlio de Freitas casou-se com Carmélia<br />
Ferrara e se estabeleceu em Bueno de<br />
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