RCIA - ED. 118 - MAIO 2015

A HISTÓRIA
Atlética nasceu no
apogeu do café
Lembranças se acumulam na
formação de um tempo em
que, os chamados coronéis
investiam no plantio do café
e dele formavam riquezas
abrindo perpectivas para
construção de uma cidade
aparentemente rica.
Reportagem: Rafael Zocco
Fotos: Museu do Futebol / Arquivo Pessoal
Com informações retiradas do livro “Araraquara
Futebol e Política”
Na época de expansão das principais
fazendas em Araraquara, o foco
era o café, apesar da crise que o Brasil
passou no século XIX. Objetivando melhoria
na vida dos fazendeiros, foi construída
a Estrada de Ferro Araraquara,
tendo aval da Companhia Paulista de
Estradas de Ferro, detentora de projetos
em nossa região.
Em 1896, a estrada de ferro foi inaugurada,
ligando Araraquara até Taquaritinga,
se expandindo, tempos depois,
chegando em São José do Rio Preto.
Dois anos após a inauguração, foram
feitas a Linha Tronco, que chegava até
Santa Fé do Sul, trecho que durou até
1973, depois da construção da Usina
Hidrelétrica de Ilha Solteira, inundando
o trecho ferroviário, desativando-o. Apesar
do aval da Companhia Paulista, a Estrada
de Ferro Araraquara era privada e
não tinha administração do estado.
Com instalações prontas, novos empregados
foram contratados e a Estrada
de Ferro começou a todo vapor na
cidade. Passando-se anos, o futebol já
era uma loucura entre os brasileiros
que sempre formavam novos times. E
a febre acabou se instalando entre os
operários até chegar ao corpo administrativo
da ferrovia. Em 1927, o retorno
de Plínio de Carvalho à prefeitura possibilitou
o aparecimento da Associação
Atlética Ferroviária, primeiro clube na
cidade, tendo como presidente Teodoreto
Barbosa. O corpo diretivo era formado
por Domingos Acetozzi (também
colaborador do jornal “O Popular”), Justino
de Carvalho e o gerente da Farmácia
Raia, Félix Lopes Castro, com sede
na Rua São Bento.
Em 1928, a Atlética enfrentou um
combinado uruguaio, que continha jogadores
profissionais e amadores, intitulado
Penãrol-Universitário, sem qualquer
ligação com o tradicional Peñarol
de Montevidéu. A intenção uruguaia
era arrecadar dinheiro e dividi-lo entre
os atletas, uma espécie de renda, excursionando
por todo o Brasil. Em duas
partidas realizadas em Araraquara, empates
em 1x1.
Só em 1945, através de ata oficializada
pelo advogado e presidente
do Sindicato dos
Ferroviários de Araraquara,
João Ferreira da Silva, é
que oficialmente foi registrada
com sede na Rua Dr.
Antônio Picaroni, s/n, próximo
à Igreja Santo Antônio
na Vila Xavier, a qual está
intacta até hoje. Três anos
mais tarde, a sede ganharia
um campo renomado,
na qual a Atlética poderia
mandar seus jogos contra
Fazendeiros da cidade comemoram o transporte do café através
dos vagões da EFA em 1938
os adversários da época, como Paulista
e São Paulo F.C., denominado Dr. Campos
Pereira de Barros.
Em 1946, a Atlética passou a fazer
parte do América de Rio Preto. A equipe
araraquarense foi convidada a participar
do jogo inaugural diante do Mecão
em jogo realizado em Mirassol. O
Rio Preto, novo rival, se recusou a ceder
o campo para agremiação naquele
dia. Contudo, a equipe rio-pretense
saiu vitoriosa com o placar de 3x1.
Figurada como time de destaque
no cenário amador araraquarense, a
Atlética sofreu um grande assédio da
Associação Ferroviária de Esportes.
A diretoria grená estava disposta a
comprar o estádio atleticano para ser
a sua sede, porém as tratativas não
avançaram e o negócio melou. Mais
tarde, surgiria o Estádio Adhemar Pereira
de Barros (foi governador do Estado
de São Paulo), a Fonte Luminosa.
Atlética com sua foto mais antiga: 12 de agosto de 1950,
aparecendo no time Vail Mota, ex-técnico da Ferroviária
Num terreno em frente à chamada colônia da Paulista, é que foi feito o campo da
Atlética dotado de excelente estrutura; nos fins de semana com as poucas opções
de lazer existentes na cidade que possuía cerca de 40 mil habitantes, os moradores
se divertiam com bons jogos de futebol
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