RCIA - ED. 118 - MAIO 2015

PROFISSÃO
Araraquara está se tornando
um centro de referência em
tatuagens, pois muitos bons
profissionais descobriram
nelas uma forma de gerar e
fortalecer a economia em uma
área que poucos ousam tentar.
Quando as tatuagens chegaram, as
pessoas carregavam rancor e preconceito
daquele que tinha desenho ou frase
permanente no corpo e influenciava na
entrevista de emprego, por exemplo. Hoje
em dia isso se tornou algo comum e adaptado
pela sociedade. Até donos de estabelecimentos
e funcionários possuem
tatuagem. O conceito sobre ela mudou e
as pessoas começaram a adotá-la como
forma de arte no corpo, de carinho e homenagens
feitas a seus ídolos, ou de forma
ideológica.
Com informações quase que inacessíveis
na época, os tatuadores guardavam
os segredos de sua arte da melhor forma
possível. Mesmo com início despreparado,
Vitor Craesmeyer levou de maneira intensa
e apaixonada a carreira de tatuador.
Vitor Craesmeyer diz que a primeira tatuagem levou cinco horas
Economia tatuada
Reportagem: Rafael Zocco
O mesmo diz que as melhores aulas que
teve foi sendo tatuado e tendo referências
artísticas com os tatuadores mais experientes.
“Tudo começou em 2001. Diferente
do que é hoje, não existiam vídeos aulas
no Youtube, muito menos imagens legais
e referências artísticas como base. Passei
por um processo de aprendizagem na
base do erro e do acerto. Infelizmente era
assim mesmo que funcionava, e de certa
forma, todas as informações gratuitas
invadem a internet. O aprendizado não
mudou sua essência através das informações
gratuitas. Apesar do aprendizado
mais formal, havia autorização para uma
atuação profissional”.
A responsabilidade aumenta quando
se tem a liberdade de desenhar sobre a
pele de uma pessoa. “Quando chega
a hora em que começa a sessão,
a máquina começa a “cantar”.
É quando relaxo e me sinto bem.
A arte flui através das agulhas e a
tinta entra na pele da pessoa, que
relaxa e curte o processo. É um momento
especial de amizade, superação,
honra e respeito”.
Theibson Martins, de corpo e alma o mais
tatuado de Araraquara. Aos 21 anos fez a
primeira e depois não parou mais
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Já o tatuador Manasses Zanaro foi
pintor letrista. Fazia alguns desenhos durante
a sua folga. Certa vez estava em
um estúdio desenhando e o cliente pediu
para que ele criasse um desenho exclusivo
para ele. O resultado foi tão bom que
ele pediu para que Zanaro o tatuasse. “Fui
bem claro para ele, dizendo que não sabia
tatuar e que apenas desenhava. Porém,
o sujeito foi insistente, me assediou com
esse assunto por dois meses, até que um
dia resolvi ceder”.
Com muito medo, marcou a sessão.
No dia combinado, chegou no estúdio e falou
para o amigo montar o equipamento,
pois não sabia como montar uma máquina
de tatuagem. “A tatuagem que fiz, nos
dias de hoje, levaria em média duas horas
para ser finalizada. Naquele dia levei cinco
horas!”
Apesar da pressão em fazer um trabalho
que não tinha experiência, o resultado
foi positivo. “O cliente gostou tanto que
levou outros amigos para tatuar comigo”.
A partir dali, Zanaro começou a trabalhar
no estúdio do amigo. O negócio expandiu
tanto que conseguiu abrir o seu próprio
estúdio. “Fico feliz com a crescente do
tatuador no mercado. Virou um estilo de
vida. Isso causa um certo “status” em ser
tatuador. Onde quer que esteja não faltará
assunto quando souberem que você é um
tatuador”.
Naamã de Oliveira Rocha Camargo é
um dos mais experientes tatuadores da
cidade. Das tatuagens que foram sendo
feitas, teve a oportunidade de participar
de grande convenção em São Paulo na
época e conseguiu ganhar a premiação de
melhor desenho dentre 70 participantes.
Ganhou vaga para convenção na Argentina,
onde reunia os melhores da América