RCIA - ED. 118 - MAIO 2015
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<strong>ED</strong>ITORIAL<br />
A estrada por onde Teresa<br />
passa é de liberdade<br />
Foi nos corredores do Sicoob dia desses que encontrei<br />
Maria Teresa Smirne, vice-presidente da Associação<br />
Comercial e Industrial de Araraquara e<br />
empreendedora, que ao longo do tempo aprendeu a<br />
conviver com o trabalho, planos econômicos e malabarismo<br />
para continuar sobrevivendo em um mercado<br />
competitivo como é o de confecções. E nada melhor<br />
que um ambiente como o Sicoob para se falar<br />
de economia, justamente no dia em que se discutia<br />
a decisão do Copom, sobre a taxa básica de juros,<br />
elevada pela quinta vez consecutiva num prazo muito<br />
curto e num período de alta da inflação.<br />
Como diretora da ACIA e tendo com os varejistas<br />
permanente troca de informações sobre a conjuntura<br />
atual, Teresa Smirne raciocinou comigo: elevar novamente<br />
a Selic neste momento é loucura, porque o<br />
impacto dos aumentos anteriores da taxa ainda não<br />
se fizeram sentir integralmente sobre a economia. A<br />
propósito, estávamos apenas repetindo o que fora<br />
comentado por Alencar Burti, presidente da FACESP:<br />
todos os indicadores da atividade econômica, da produção<br />
industrial, das vendas do varejo e do desempenho<br />
dos serviços mostram sensível desaceleração.<br />
Além disso, o quadro atual é agravado pelo aumento<br />
do desemprego, pela redução da renda e pela queda<br />
da massa salarial, o que, com a retração do crédito e<br />
o alto custo dos financiamentos, pode levar o país a<br />
uma recessão prolongada.<br />
Mas, o que admiro em Teresa é o seu jeito de ser,<br />
de expor seu pensamento, de usar a franqueza e não<br />
sentir têmor quando tem que disparar<br />
sua transparência contra<br />
os desmandos que nestes últimos<br />
meses, tem enfiado o país num<br />
buraco, e cujo tamanho não dá<br />
para se dimensionar. Para nós, empreendedores nanicos,<br />
se o objetivo do governo é fechar o buraco simplesmente<br />
através do ajuste fiscal com cortes de gastos, que não venha<br />
com aumentos de impostos - para que a economia<br />
possa se recuperar mais rapidamente.<br />
Curioso, é que, as mulheres parecem mais sensíveis<br />
ao momento atual, pois achei interessante, um dia depois<br />
do encontro com Teresa, o questionamento de Maria Aurélia<br />
Minervino: quais os sentimentos que se abrigam no<br />
peito de Dilma, eleita a primeira representante feminina,<br />
a ser Presidente do país? Até eu gostaria de saber, pois a<br />
história de Dilma não é comum e teve momentos cruciais<br />
e decisivos. A violência dos momentos que ela viveu lhe<br />
forjou o caráter, tornando-a fria e distante e sem o tato<br />
necessário para o exercício de uma função onde todas as<br />
habilidades são imprescindíveis. E ela perdeu tudo isso.<br />
Da mesma forma todos aqueles que a rodeiam.<br />
Mas, me inspiro nos sentimentos de Teresa e na sua<br />
postura de ser uma empreendedora, andar de cabeça<br />
erguida e ser a rainha do mundo que ela mesmo criou e<br />
do qual se orgulha sem jamais precisar usar fuzil, dizendo<br />
que tudo era em defesa do país. A estrada por onde Teresa<br />
passa é de liberdade conquistada no berço, ao sorrir<br />
para aqueles que lhes deram ensino e educação, convencendo-a<br />
a ser dona das coisas que haveria de conquistar<br />
por meio do seu próprio esforço.<br />
Teresa é apenas um exemplo de dignidade, pois há<br />
tantas marias, joanas e clarices espalhadas com esse perfil<br />
de busca por um país mais justo, decente, menos corrompido,<br />
causando desespero em gente que se alimenta<br />
de esperança, contrastando com o passado - onde filhos<br />
substituíam os pais no mundo dos negócios. A pequena<br />
loja fecha suas portas porque pai nenhum deseja dar ao<br />
filho a experiência de um país que o desacertou.<br />
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