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Flávio Lourenço<br />
Com que enlevo Ela penetrou na<br />
casa de Deus! Qual não terá sido o<br />
cântico dos Anjos ao verem se aproximar<br />
Aquela de Quem nasceria o<br />
Salvador e que era a nova Arca da<br />
Aliança, da qual a arca guardada no<br />
Templo, com tanto respeito, era apenas<br />
uma prefiguração!<br />
Reação das almas diante<br />
de Nossa Senhora menina<br />
Podemos imaginar uma ou outra<br />
alma boa que havia por ali, quiçá<br />
a Profetisa Ana, o Profeta Simeão,<br />
e que, por premunições misteriosas,<br />
observando aquela criança diriam:<br />
“Que grande chamado tem essa menina!”<br />
Vendo-A passar no cortejo das<br />
outras meninas educadas para o serviço<br />
do Templo, talvez percebessem<br />
ser uma intercessora incomparável<br />
São Joaquim e Santa Ana - Museu<br />
de Arte Sacra, Évora, Portugal<br />
junto a Deus, e a Ela se dirigiam implorando<br />
os favores celestes. E a futura<br />
Mãe de Deus, por uma dessas correspondências<br />
internas da alma, dava<br />
a entender: “Eu tenho consonância<br />
contigo, tu és um comigo.” E aquela<br />
alma se banhava de alegria!<br />
Provavelmente alguns faziam sua<br />
vida girar em torno d’Ela. Sabendo<br />
nas várias ocasiões do dia onde Nossa<br />
Senhora estava, olhavam para um<br />
quarto, por exemplo, para ver se Ela<br />
apareceria na janela; ou verificavam<br />
de que recinto a Menina saíra para<br />
poderem entrar lá logo depois, e por<br />
esta forma viver em Maria, com Maria<br />
e por Maria, que era uma forma<br />
antecipada de viver em Cristo, com<br />
Cristo e por Cristo.<br />
Assim, deveria haver em torno<br />
da Santíssima Virgem almas fervorosas<br />
às quais Ela impulsionava ainda<br />
mais para o bem, elevando-as<br />
a um píncaro de santidade<br />
para elas inimaginável.<br />
Outras que eram boas,<br />
mas postas na mediocridade,<br />
a quem Ela convidava<br />
a um voo possante rumo<br />
à perfeição que deveriam ter<br />
atingido, mas não atingiram.<br />
A cada uma dessas a presença<br />
d’Ela dizia: “Ou tu Me<br />
amas, ou te atolas. Tua hora<br />
chegou! Vem, minha filha!”<br />
Por fim, havia também os<br />
filhos de satanás, abominando<br />
qualquer forma de verdade,<br />
de bem ou de beleza,<br />
e que, ao sentir a presença<br />
d’Ela, dentro deles o demônio<br />
grunhia, encobria-se,<br />
efervescia, tinha medo, sentia<br />
a necessidade de abandonar<br />
a presa e sair fugindo,<br />
mas armava a alma daqueles<br />
malditos contra Ela.<br />
Teve ódio e foi odiada<br />
Se um bom católico no<br />
mundo de hoje divide, como<br />
não supor que Nossa Senhora<br />
não dividisse? Não podia deixar de<br />
haver no Templo, além dos amigos da<br />
Virgem, os inimigos que desviassem<br />
d’Ela o olhar, sentissem mal-estar perto<br />
d’Ela, A odiassem, tentassem eventualmente<br />
caluniá-La ou difamá-La,<br />
procurassem de todos os modos ser-<br />
-Lhe nocivos, invocassem demônios para<br />
tentá-La, prová-La, recusassem-Lhe<br />
alimentos, enfim, A sabotassem de todos<br />
os modos. Salvo por uma disposição<br />
especial da Providência, isso deve<br />
ter sido assim. E tanto as almas que<br />
eram a favor d’Ela quanto as contrárias<br />
acabavam se articulando. Portanto,<br />
Nossa Senhora, no Templo, fez a Contra-Revolução<br />
oposta à Revolução que<br />
se preparava contra o Filho d’Ela.<br />
Estas são hipóteses que se constelam<br />
em torno da Santíssima Virgem<br />
Maria e nos fazem entender o que<br />
foi a vida d’Ela, o papel que o ódio<br />
representou em sua vida desde a primeira<br />
infância.<br />
Levo minha suposição mais longe:<br />
creio que Nossa Senhora, quando<br />
estava no claustro maternal de<br />
Santa Ana, já causava mal-estar nos<br />
que eram de satanás. O demônio, a<br />
partir do momento em que Maria<br />
Santíssima foi concebida, começou<br />
a perseguir Santa Ana de um modo<br />
especial, surgiram antipatias, ódios,<br />
como também venerações e simpatias,<br />
antes mesmo de se perceber<br />
que ela concebera uma criança. De<br />
tal maneira Nossa Senhora é o contrário<br />
do demônio, que ele tinha que<br />
sentir a irradiação da pessoa d’Ela,<br />
instigando contra Ela o ódio daqueles<br />
em quem ele habitava. Não é possível<br />
que não fosse assim.<br />
Vemos, portanto, que, desde o<br />
primeiro instante de seu ser, Ela teve<br />
ódio e foi odiada. Essa compressão<br />
e descompressão do ódio e do amor<br />
representaram a própria trama da<br />
existência d’Ela.<br />
v<br />
(Continua no próximo número)<br />
(Extraído de conferência de<br />
5/7/1980)<br />
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