Revista da Sociedade - SEARVO - DEZEMBRO19-web
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Entrevista
A associação é uma entidade de utilidade
pública desde 1983 no município. Fazemos parte
de diversos conselhos municipais, como o de
Meio Ambiente, que tem como presidente um
associado, o de Patrimônio Histórico, o de bacias
hidrográficas. Atuamos diretamente em parceria
com a administração municipal.
O que faz o CDER?
Temos hoje em São Paulo em torno de 200
entidades dentro de um colegiado, que é o CDER-
-SP. Nos juntamos no plenário para discutir ações
de sustentabilidade das entidades, aproximação
com o poder público, temas de relevância como
barragens, defesa civil, acessibilidade. Começamos
há três anos. É um colegiado recente.
Já o CDER Nacional é mais recente ainda,
começou há um ano e meio. E não somos colegiados
institucionais pelo CONFEA. Somos um
fórum autônomo. Os coordenadores do CDER
de cada estado se juntaram para fomentar discussões.
Qual a realidade dos outros estados
comparados a São Paulo?
São Paulo é bem desenvolvido e possui inúmeras
entidades, o que é muito bom no momento
de trocar experiência e buscar soluções. O CDER
do Paraná existe há 15 anos e é um exemplo a
ser seguido. Em Santa Catarina e Minas Gerais
os CDER também são bem estruturados. Já o
que a gente verifica em outros lugares do país é
diferente. Alguns estados tem o CDER, tem as
iniciativas, mas ainda são pequenos. Estão engatinhando.
Então a função do CDER Nacional é
estender a mão e auxiliar em políticas para fomentar
as entidades.
Eu estive recentemente em Salvador, no
CDER da Bahia, que conta com apenas 11 entidades.
A Bahia é um estado imenso, no entanto
encontra dificuldades em criar e manter associações.
Então o que o CDER Nacional faz é trocar
experiências e contribuir na formação da unidade
em cada estado.
A 5ª geração da Internet Móvel tem previsão
de começar a funcionar nos EUA, Japão
e Coreia do Sul a partir de dezembro deste
ano. Já no Brasil, as operadoras afirmam que
a tecnologia chega somente depois de 2021.
A indústria afirma que com o 5G o mundo vai
mudar radicalmente a uma velocidade jamais
vista. Qual o papel da SEARVO e das demais
entidades de classe para que o engenheiro
brasileiro não fique atrasado demais?
O Brasil é atrasado em tecnologia. A indústria
4.0 implantada aqui no ano passado, na
Alemanha existe há 10 anos. Nossos profissionais
acabam ficando vendidos por essa situação.
Mas acredito que o estudo constante é indispensável
em qualquer profissão. Dentro da
engenharia ainda mais, pois é uma área tecnológica.
Independentemente do setor da economia
que a engenharia atue, precisamos estar sempre
a frente.
Para nos mantermos atualizados, além
das universidades, podemos contar com as associações,
que existem exatamente para isso. No
âmbito paulista e regional nosso papel é levar o
profissional à associação, para que ele possa se
atualizar com custo baixo e alta qualidade.
As associações estão preparadas para
cumprir esse papel?
A associação, por si só, tem dificuldade em
andar. Precisa de pessoas que tragam ideias. É
sempre o presidente e a diretoria que carregam o
piano nas costas sozinhos. Quando o profissional
nos procura e sugere linhas de atuação é muito
bom. Se for o caso até mudamos o planejamento,
ou o adaptamos para poder atender à necessidade
profissional.
Temos um exemplo recente de alguns profissionais
de Votuporanga que foram autuados
pela Autodesk, fornecedora de softwares gráficos,
por conta de estarem usando software pirata.
É uma realidade generalizada o uso do software
pirata, mas a associação, como meio de dar o lápis
e a borracha para o profissional trabalhar, estuda
uma linha de contratação de assinaturas do software
para fornecer ao profissional a ferramenta
de trabalho dele.
Com a dificuldade vivida pelas associações
e a velocidade da evolução tecnológica
a partir do 5G, a tendência é que a distância
entre Brasil e países desenvolvidos aumente
ainda mais?
Acredito que sim. Mas tenho fé no profissional
de engenharia brasileiro. Pois depende exclusivamente
dele. A engenharia, quando a economia
dar qualquer sinal de ser prejudicada, é a
primeira a ser afetada e a última a ser retomada
em larga escala.
Quando tivemos o boom da engenharia em
2009, 2010, cogitou-se trazer profissionais do
exterior, pois no Brasil não tinha engenheiro. O
pessoal ficou preocupado com a ameaça de ocupação
dos postos de trabalho por gente de fora. E
o X da questão dessa situação é que a economia
mostra sinais de reaquecimento e, se os profissionais
brasileiros não estiverem preparados, vai
ser uma realidade difícil de ser revertida e vai vir
profissional de fora.
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