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Negócios Abril de 2020

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4 | JORNAL DE NEGÓCIOS<br />

Mulheres buscam<br />

Apenas 15,7% entre fundadores <strong>de</strong>ssas empresas, elas precisam provar<br />

Alaí<strong>de</strong> Barbosa (esq.) e Laila<br />

Martins criaram a Saber em<br />

Re<strong>de</strong>: esforço extra<br />

Gisele Tamamar<br />

Quando a empreen<strong>de</strong>dora<br />

Laila Barbosa Martins vai<br />

a uma reunião com clientes,<br />

em sua maioria homens, sente que<br />

precisa se reafirmar o tempo todo<br />

para se “nivelar” a eles. Laila e sua<br />

sócia, Alaí<strong>de</strong> Barbosa, estão à frente<br />

da startup <strong>de</strong> educação Saber em<br />

Re<strong>de</strong>, e são minoria em um mercado<br />

marcado pela inovação e pelo<br />

uso <strong>de</strong> tecnologia.<br />

De acordo com a Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Startups (ABStartups), as<br />

mulheres representam apenas 15,7%<br />

entre os fundadores. Mas, por outro<br />

lado, Laila, que também é advogada,<br />

aponta um cenário muito positivo<br />

no ecossistema <strong>de</strong> startups. “Como<br />

existem poucas mulheres empreen<strong>de</strong>ndo<br />

em startups, eu e minha sócia<br />

ganhamos <strong>de</strong>staque, somos bem<br />

vistas. Mas sabemos que, nesse<br />

meio, as questões <strong>de</strong> equida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gênero estão sempre em análise. Há<br />

uma preocupação em reconhecer as<br />

falhas do mercado tradicional e corrigi-las.<br />

No entanto, nossos clientes<br />

não estão nas startups, mas no setor<br />

<strong>de</strong> educação”, diz, ressaltando<br />

essa particularida<strong>de</strong>.<br />

Na avaliação da gestora <strong>de</strong> projetos<br />

do Sebrae-SP Mariana Rossatti<br />

Molina, o empreen<strong>de</strong>dorismo feminino<br />

em tecnologia e inovação tem<br />

muito potencial para aumentar essa<br />

representativida<strong>de</strong> e superar os <strong>de</strong>safios<br />

que se traduzem em números<br />

ainda tímidos. Em comparação com<br />

a taxa <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo feminino<br />

geral, que é <strong>de</strong> 32,6%, segundo<br />

a pesquisa do Sebrae “Anuário<br />

das Mulheres”, a taxa nas startups<br />

é baixa. Quando se trata do programa<br />

Startup SP do Sebrae-SP, nos<br />

últimos dois anos, a representativida<strong>de</strong><br />

feminina foi <strong>de</strong> 28% entre os<br />

fundadores participantes na cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo.<br />

Mariana é gestora do Startup SP<br />

em Ribeirão Preto e cita programas<br />

<strong>de</strong> capacitação e <strong>de</strong> aceleração exclusivos<br />

para mulheres, como o Women<br />

Entrepreneurship (WE), além<br />

da divulgação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cases <strong>de</strong><br />

mulheres empreen<strong>de</strong>doras e lí<strong>de</strong>res<br />

na área <strong>de</strong> tecnologia, startups e investimento,<br />

como ações para atrair<br />

mulheres para a área e quebrar preconceitos.<br />

“Acredito no apoio mútuo,<br />

na união e no empo<strong>de</strong>ramento<br />

para aumentar a representativida<strong>de</strong><br />

feminina no ecossistema”, afirma.<br />

A gestora vê uma mudança <strong>de</strong><br />

cultura em direção à maior igualda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gênero em todos os sentidos.<br />

“Toda mudança <strong>de</strong> cultura é um<br />

processo lento, mas que po<strong>de</strong>mos<br />

acelerar. A maior parte dos <strong>de</strong>safios<br />

que as empreen<strong>de</strong>doras enfrentam<br />

são culturais, como o preconceito <strong>de</strong><br />

que a área <strong>de</strong> tecnologia é para homens,<br />

a falta <strong>de</strong> confiança e até mesmo<br />

o fato <strong>de</strong> os investidores serem<br />

em gran<strong>de</strong> parte homens”, afirma.<br />

A dupla jornada por conta <strong>de</strong><br />

divisão <strong>de</strong> tarefas familiares não<br />

igualitária também é apontada<br />

como um <strong>de</strong>safio pela gestora do<br />

Sebrae-SP. No setor <strong>de</strong> tecnologia,<br />

essa situação é agravada. “Vejo o<br />

<strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>doras<br />

que dizem que o próprio cliente ou<br />

investidor, ao serem atendidos por<br />

uma mulher, perguntam quem é o<br />

responsável. Vejo os eventos <strong>de</strong> tecnologia<br />

com pouca participação das<br />

mulheres. Bancas <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><br />

startups apenas com homens. Perguntas<br />

<strong>de</strong> investidores sobre como<br />

a mulher irá lidar com a empresa e<br />

a família ao mesmo tempo. Existe

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