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Negócios Abril de 2020

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8 | JORNAL DE NEGÓCIOS<br />

DE FÃS A<br />

Dos games aos quadrinhos, licenciamento <strong>de</strong> personagens<br />

Felipe Rossetti, da Piticas:<br />

marca do universo pop<br />

projeta chegar a 600<br />

unida<strong>de</strong>s franqueadas até<br />

o fim <strong>de</strong>ste ano<br />

Ana Carolina Nunes<br />

Em sua edição mais recente, em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2019, o CCXP,<br />

maior festival <strong>de</strong> cultura geek<br />

do mundo segundo seus organizadores,<br />

reuniu um público <strong>de</strong> 280 mil<br />

pessoas ao longo <strong>de</strong> quatro dias <strong>de</strong><br />

evento em São Paulo, com ingressos<br />

que não saem por menos <strong>de</strong> R$ 90<br />

por dia. Em 2014, o mesmo evento<br />

havia reunido 97 mil pessoas.<br />

Geek são as pessoas ligadas a<br />

tecnologia, games e personagens do<br />

mundo pop.<br />

O aumento do público da feira<br />

indica o quanto o universo do entretenimento<br />

tem crescido como mercado.<br />

Jogos, séries, filmes, animações<br />

e quadrinhos vão além dos seus<br />

formatos e se expan<strong>de</strong>m por roupas,<br />

acessórios, objetos domésticos, papelaria,<br />

comidas, bebidas, brinquedos,<br />

itens <strong>de</strong> higiene, cosméticos e o<br />

que mais a criativida<strong>de</strong> permitir.<br />

Além <strong>de</strong> caprichar na criativida<strong>de</strong>,<br />

o empreen<strong>de</strong>dor interessado<br />

em investir no universo pop como<br />

negócio precisa fazer um processo<br />

<strong>de</strong> licenciamento <strong>de</strong> marca e dos<br />

personagens que preten<strong>de</strong> explorar.<br />

Em 2019, o segmento <strong>de</strong> licenciamento<br />

faturou R$ 20 bilhões<br />

no País, valor 6% maior que no<br />

ano anterior, mantendo a média<br />

<strong>de</strong> crescimento registrada nos seis<br />

anos anteriores, <strong>de</strong> 4% a 6%, conforme<br />

relatório da Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Licenciamento <strong>de</strong> Marcas<br />

e Personagens (Abral). O Brasil é o<br />

sexto maior faturamento quando<br />

se fala em licenciamento, atrás <strong>de</strong><br />

Estados Unidos, Japão, Inglaterra,<br />

México e Canadá.<br />

“Existe a <strong>de</strong>manda e também oportunida<strong>de</strong>s<br />

com infinitas possibilida<strong>de</strong>s,<br />

até mesmo fora das gran<strong>de</strong>s marcas<br />

e personagens. Há uma <strong>de</strong>manda<br />

reprimida que vai além dos gran<strong>de</strong>s<br />

sucessos, especialmente no nicho <strong>de</strong><br />

games”, avalia Felipe Rossetti, fundador,<br />

ao lado do irmão Rafael, da Piticas,<br />

marca especializada em produtos<br />

que exploram o universo pop.<br />

A Piticas nasceu em 2010, <strong>de</strong>pois<br />

que os irmãos voltaram <strong>de</strong> uma<br />

temporada <strong>de</strong> estudos nos Estados<br />

Unidos e i<strong>de</strong>ntificaram que a temática<br />

pop não era explorada no Brasil.<br />

A empresa encerrou 2019 com faturamento<br />

<strong>de</strong> R$ 230 milhões – o dobro<br />

do registrado em 2017 – e 452<br />

lojas nos formatos quiosque, loja<br />

<strong>de</strong> rua e loja em shopping, sendo<br />

225 franqueados. A marca continua<br />

concentrando seus negócios no mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> franquias e projeta chegar a<br />

600 unida<strong>de</strong>s até o fim <strong>de</strong>ste ano.<br />

COM LICENÇA<br />

Para quem <strong>de</strong>seja empreen<strong>de</strong>r<br />

no setor, é importante ter em mente<br />

que o processo <strong>de</strong> licenciamento<br />

requer investimento financeiro e<br />

<strong>de</strong> tempo. Muitos empreen<strong>de</strong>dores<br />

acabam usando personagens por<br />

conta própria em seus produtos<br />

sem o <strong>de</strong>vido licenciamento. Isso<br />

po<strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r apreensão da mercadoria,<br />

acarretando em perdas e danos,<br />

e uma notificação judicial.<br />

Marici Ferreira, presi<strong>de</strong>nte da<br />

Abral, explica que as marcas exigem<br />

um plano <strong>de</strong> negócio do empresário<br />

que preten<strong>de</strong> usar seus<br />

personagens em seus produtos ou<br />

serviços. Baseado nesse plano <strong>de</strong><br />

negócios, é estipulado também um<br />

porcentual <strong>de</strong> adiantamento <strong>de</strong> valores<br />

a serem pagos à marca. Além<br />

disso, há o pagamento <strong>de</strong> royalties,<br />

que po<strong>de</strong> começar em 2% (em geral<br />

para alimentos) e chegar a até 15%.<br />

Em geral, a média é <strong>de</strong> 8% a 10%,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo do produto e da<br />

quantida<strong>de</strong> estimada <strong>de</strong> venda.<br />

As marcas também vão avaliar<br />

se o produto ou serviço que se quer<br />

explorar estão alinhadas ao personagem<br />

ou ao nome a ser licenciado.<br />

Elas também fazem um levantamento<br />

sobre a empresa solicitante,<br />

como idoneida<strong>de</strong>, atuação – se nacional,<br />

regional ou nos gran<strong>de</strong>s centros<br />

–, reputação no mercado e saú<strong>de</strong><br />

financeira. “A empresa precisa<br />

estar com tudo em or<strong>de</strong>m, mostrar<br />

que tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e<br />

<strong>de</strong> que está preparada para o aporte.<br />

A gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> entre as<br />

MPEs é <strong>de</strong> não ter um planejamento<br />

<strong>de</strong> longo prazo, nem <strong>de</strong> vendas, nem<br />

financeiro”, afirma Marici.

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