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EXAME Junho 2020

Numa altura em que o mundo se confronta com uma das maiores crises globais, o regresso do futebol pode trazer alegrias (e amarguras) a milhões de adeptos. Mas os custos da paragem podem ser demasiados altos em alguns campeonatos, incluindo o moçambicano. Fomos ver o que representam. O dossier de commodities, aborda o impacto da queda dos preços na economia moçambicana, também reflectido no orçamento (que analisamos nesta edição). Este foi o tema de um webinar que apoiámos, promovido pela Delegação da União Europeia, em parceria com o Ministério da Indústria e Comércio e a Eurocam, disponível em www.eumoztalks.com. No nosso especial "Inovação" abordamos o crescimento do comércio electrónico e a crescente importância da cibersegurança.

Numa altura em que o mundo se confronta com uma das maiores crises globais, o regresso do futebol pode trazer alegrias (e amarguras) a milhões de adeptos. Mas os custos da paragem podem ser demasiados altos em alguns campeonatos, incluindo o moçambicano.
Fomos ver o que representam.
O dossier de commodities, aborda o impacto da queda dos preços na economia moçambicana, também reflectido no orçamento (que analisamos nesta edição). Este foi o tema de um webinar que apoiámos, promovido pela Delegação da União Europeia, em parceria com o Ministério da Indústria e Comércio e a Eurocam, disponível em www.eumoztalks.com.
No nosso especial "Inovação" abordamos o crescimento do comércio electrónico e a crescente importância da cibersegurança.

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de receitas, aposta clara na venda dos direitos televisivos<br />

para outros países, grandes não podem depender<br />

tanto dos dinheiros da UEFA).<br />

Um discurso racional e sensato em tempos de<br />

angústia e incerteza que, sem surpresa, foi recebido<br />

com um coro geral de aprovação. Na verdade,<br />

Gomes apontou caminhos viáveis para a regeneração<br />

que realmente urge fazer no quadro competitivo (e<br />

comportamental...) do futebol português. A questão<br />

é que anda “toda” a gente a reconhecer isto há tantos,<br />

tantos anos..., mas mudanças... zero. Sempre adiadas<br />

por este ou aquele motivo. Basta ver o que aconteceu<br />

assim que se aproximou o reinício do campeonato.<br />

Os debates em vários fóruns sobre assuntos prementes<br />

levantados pelo presidente da FPF, como a redução<br />

de equipas na Primeira Liga (12 é um número<br />

frequentemente citado) e a distribuição mais equitativa<br />

dos direitos televisivos, deram progressivamente<br />

lugar às quezílias clubísticas, rivalidades doentias<br />

e discussões estéreis que infelizmente alimentam<br />

o futebol doméstico há bem mais de três décadas.<br />

Como se nem um acontecimento com a gravidade<br />

da pandemia fosse capaz de alterar a essência<br />

do futebol de clubes em Portugal (a selecção é outra<br />

conversa...) em que a esperteza, a capacidade de tecer<br />

alianças (ainda que de ocasião), o<br />

tráfico de influências, as trocas de<br />

favores e o jogo de cintura continuam<br />

a ter um papel preponderante<br />

na competição. Demasiado<br />

preponderante.<br />

A Primeira Liga voltou ao activo<br />

por uma razão muito simples:<br />

garantir a sobrevivência do futebol<br />

profissional de elite, embora<br />

neste lote se contem vários clubes<br />

“eternamente” endividados que<br />

não conseguem atrair, em média,<br />

mais do que 2 a 3 mil espectadores<br />

nos jogos caseiros. A Segunda<br />

Liga foi cancelada por uma questão<br />

igualmente muito simples:<br />

não gera receitas suficientes para<br />

justificar os gastos da “operação<br />

retoma”. Uma cenoura de milhão<br />

e meio disponibilizada pela Federação<br />

portuguesa e pela Liga de<br />

Clubes serviu para amenizar perdas<br />

e queixumes aos clubes do<br />

escalão secundário e demover os<br />

mais contestatários.<br />

O campeonato nos “novos”<br />

moldes difere muito do habitual.<br />

A PRIMEIRA<br />

LIGA VOLTOU<br />

AO ACTIVO<br />

PARA<br />

GARANTIR A<br />

SOBREVIVÊNCIA<br />

DO FUTEBOL<br />

PROFISSIONAL<br />

DE ELITE<br />

RICARDO QUARESMA: Tornou-se um dos símbolos<br />

da qualidade dos jogadores portugueses<br />

Parece mais uma experiência laboratorial do que<br />

uma competição de massas. Há estádios sem público<br />

e sem o calor dos adeptos, e a verdade desportiva<br />

fica em causa a partir do momento em que há equipas<br />

que não fazem um único jogo em casa. Mas não<br />

vale a pena torcer o nariz e apontar falhas e incongruências,<br />

que são algumas. Foi o modelo possível<br />

dentro das exigências da Direcção-Geral da Saúde<br />

portuguesa e atendendo à urgência de os clubes voltarem<br />

a competir para não perderem mais receitas<br />

— televisivas à cabeça. A alternativa seria bem pior:<br />

não se retomando a competição, é voz corrente que<br />

a maior parte dos clubes da Primeira Liga provavelmente<br />

entraria em falência antes do início da próxima<br />

época. Lembre-se: se em meados de Abril, ao<br />

fim de um mês de paragem, já todos se encontravam<br />

em situação periclitante (com excepção do Benfica<br />

ainda e muito por força do fabuloso encaixe com a<br />

venda de João Félix), imagine-se o que lhes aconteceria<br />

se o futebol só regressasse em meados de Agosto<br />

ou Setembro, como em França, na Holanda e na Bélgica.<br />

Nem é preciso fazer um desenho. Havia e continua<br />

a haver um certo risco na retoma, isso é inegável,<br />

mas os clubes portugueses não tinham outra saída.<br />

É a sua própria sobrevivência que está em causa e nem

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