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EXAME Junho 2020

Numa altura em que o mundo se confronta com uma das maiores crises globais, o regresso do futebol pode trazer alegrias (e amarguras) a milhões de adeptos. Mas os custos da paragem podem ser demasiados altos em alguns campeonatos, incluindo o moçambicano. Fomos ver o que representam. O dossier de commodities, aborda o impacto da queda dos preços na economia moçambicana, também reflectido no orçamento (que analisamos nesta edição). Este foi o tema de um webinar que apoiámos, promovido pela Delegação da União Europeia, em parceria com o Ministério da Indústria e Comércio e a Eurocam, disponível em www.eumoztalks.com. No nosso especial "Inovação" abordamos o crescimento do comércio electrónico e a crescente importância da cibersegurança.

Numa altura em que o mundo se confronta com uma das maiores crises globais, o regresso do futebol pode trazer alegrias (e amarguras) a milhões de adeptos. Mas os custos da paragem podem ser demasiados altos em alguns campeonatos, incluindo o moçambicano.
Fomos ver o que representam.
O dossier de commodities, aborda o impacto da queda dos preços na economia moçambicana, também reflectido no orçamento (que analisamos nesta edição). Este foi o tema de um webinar que apoiámos, promovido pela Delegação da União Europeia, em parceria com o Ministério da Indústria e Comércio e a Eurocam, disponível em www.eumoztalks.com.
No nosso especial "Inovação" abordamos o crescimento do comércio electrónico e a crescente importância da cibersegurança.

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transição de processos burocráticos para<br />

formato digital — evitando passear papéis<br />

por várias repartições — são exemplos que<br />

saltam logo à cabeça, exemplifica.<br />

Este directório pretende dar um empurrão<br />

para aproveitar a tal “oportunidade de<br />

ouro”, a par de contactos junto dos reguladores,<br />

“sensibilizando-os para a necessidade<br />

de abertura de novos serviços e legislação<br />

adequada” para dar suporte legal a serviços<br />

financeiros inovadores, por exemplo,<br />

para provedores de pagamentos em meticais,<br />

na Internet, entre outros.<br />

“Continuo a dizer que Moçambique é um<br />

mercado com bastantes oportunidades”, que<br />

já existiam antes da COVID-19, refere João<br />

Gaspar, tendo em conta que só um terço da<br />

população tem uma conta bancária e que<br />

são ainda menos os moçambicanos que<br />

subscrevem seguros. Mas além das oportunidades,<br />

os desafios de base também se<br />

mantêm e algumas dificuldades estão a ser<br />

amplificadas pela pandemia de COVID-19.<br />

“O maior impacto tem a ver com empresas<br />

que são startups e estão a ter alguns<br />

problemas de tesouraria.” Em causa estão<br />

empresas com pouco ou nenhum volume<br />

de negócios — algumas ainda estão a desenvolver<br />

produtos — e que estão impedidas<br />

de aceder ao mercado para terem receitas<br />

devido às restrições globais. E se algumas<br />

podem pensar em recorrer a mecanismos<br />

que vão sendo anunciados pelas autoridades<br />

e pela banca, a maioria pode ainda não ter<br />

estrutura para tal, alerta João Gaspar. “Há<br />

empresas que já tinham uma actividade<br />

económica que sustentava os seus custos,<br />

empresas com mais alguns anos de existência,<br />

equilibradas e que podem ter aqui uma<br />

quebra”, mas eventualmente com “capacidade<br />

para usar os mecanismos disponíveis”.<br />

“Agora, as empresas mais pequenas, que são<br />

a grande maioria, com projectos inovadores<br />

nestas áreas, têm um problema maior<br />

porque não têm histórico financeiro. Para<br />

obter crédito é mais complicado, além dos<br />

custos” que um empréstimo pode implicar.<br />

Assim, a Fintech.mz aposta em “sensibilizar<br />

alguns financiadores, doadores, organizações<br />

não-governamentais (ONG) que<br />

já estavam a trabalhar com estes projectos”<br />

para tentar encontrar um conceito mais<br />

próximo de “subsídios para apoio durantes<br />

estes meses” de restrições. “Pode ser<br />

a maneira de ajudar estas empresas mais<br />

pequenas e que estão a iniciar a actividade.”<br />

PLANOS PARA APOIAR<br />

AS FINTECHS<br />

A associação de fintechs de Moçambique<br />

está a planear acções para lá do período de<br />

restrições causadas pela COVID-19. Uma<br />

delas passa por criar uma casa para startups<br />

do sector e onde sejam disponibilizados serviços<br />

partilhados, com destaque para serviços<br />

jurídicos. A ideia segue um modelo que<br />

João Gaspar visitou em Março, em Portugal,<br />

a Fintech House, em Lisboa. Uma comunidade<br />

centrada nas fintechs, sem fins lucrativos,<br />

com o objectivo de ligar startups.<br />

Quem entra conta com o apoio de parceiros<br />

em quatro vértices: bancário, seguros,<br />

jurídico e consultoria. “É um modelo interessante”,<br />

sublinha João Gaspar. b<br />

* Serviço especial da Lusa para a <strong>EXAME</strong>.<br />

FINTECH.MZ: DAR VOZ A UM NOVO SECTOR<br />

A Fintech.mz — Associação das Fintechs<br />

de Moçambique foi lançada oficialmente<br />

em Fevereiro, em Maputo, como<br />

entidade que agrega empresas tecnológicas<br />

ligadas ao sector financeiro.<br />

JOÃO GASPAR: Moçambique é um<br />

mercado com bastantes oportunidades<br />

O país conta com 16 empresas que estão a<br />

começar a trabalhar na área, quatro numa<br />

plataforma de ensaios (denominada no<br />

meio pelo termo inglês sandbox) criada<br />

pelo Banco de Moçambique, outras em<br />

nichos de mercado ou sob regime piloto,<br />

“em busca de escala e impulso”, descreve<br />

João Gaspar. A venda de seguros<br />

através de plataformas móveis, a criação<br />

de sistemas de pagamento electrónico<br />

(gateways) que podem ser usados, por<br />

exemplo, por comércio on-line ou aplicações<br />

de transferências de dinheiro<br />

internacionais, são algumas das áreas<br />

que as fintechs moçambicanas estão a<br />

desenvolver.<br />

Num país onde só uma percentagem<br />

muito baixa da população tem conta bancária,<br />

estas empresas assumem especial<br />

importância, refere João Gaspar. “Não<br />

basta ter mais pessoas com contas bancárias,<br />

é preciso fazer com que utilizem<br />

os sistemas digitais de pagamento e aí,<br />

claramente, entramos na área da tecnologia,<br />

em conceitos novos e numa maneira<br />

nova de abordar o cliente”, descreve.<br />

APOIO DA FSD MOÇAMBIQUE<br />

A associação Financial Sector Deepening<br />

Moçambique (FSD Moçambique) é uma<br />

organização de promoção de inclusão<br />

financeira que tem impulsionado a criação<br />

de fintechs no país. A FSD apoiou a<br />

criação da associação, que “faz parte do<br />

ecossistema das fintechs com um papel<br />

muito importante para a inclusão financeira”,<br />

refere Esselina Macome, directora-executiva<br />

do FSD. Juntas, como<br />

um grupo, as fintechs “poderão fazer-se<br />

ouvir e mostrar melhor a sua relevância”,<br />

acrescentou, apontando como exemplo<br />

de sucesso deste sector o crescimento<br />

das carteiras móveis — contas bancárias<br />

baseadas no número de telemóvel.<br />

junho <strong>2020</strong> | 35

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