Revista Analytica 109
Revista Analytica Edição 109
Revista Analytica Edição 109
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<strong>Revista</strong><br />
Ano 18 - Edição <strong>109</strong> - Out/Nov 2020<br />
EDITORIAL<br />
Muito prazer caro leitor,<br />
Meu nome é Luciene Almeida, sou a nova editora da revista e com grande satisfação passo a fazer parte<br />
da equipe editorial da <strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong>.<br />
Nosso querido João Gabriel de Almeida a partir de agora inicia uma nova etapa em sua vida profissional e<br />
a ele agradecemos por todo empenho enquanto esteve conosco e lhe desejamos muito sucesso.<br />
Na edição <strong>109</strong> da revista, você encontrará artigos científicos abordando os bacteriófagos na indústria dos<br />
alimentos e a avaliação do monitoramento do cromo nas águas superficiais do reservatório Billings.<br />
Temos acompanhado diariamente os desdobramentos desta crise sem precedentes e após esses longos<br />
oito meses os dados ainda indicam um cenário crítico no país e no mundo. Diante disso, permaneceremos<br />
focados mantendo nosso compromisso com todos vocês leitores, ansiosos para anunciar que a nossa<br />
vacina chegou.<br />
Desejo a todos uma ótima leitura!<br />
Luciene Almeida<br />
Fale com a gente<br />
Comercial | Para Assinaturas | Renovação | Para Anunciar:<br />
Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />
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contato, teremos prazer em atendê-lo.<br />
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Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />
FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />
Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
EXPEDIENTE<br />
Realização: Newslab Editora<br />
Conselho Editorial: Sylvain Kernbaum | revista@revistaanalytica.com.br<br />
Jornalista Responsável: Luciene Almeida | editoria@revistaanalytica.com.br<br />
Publicidade e Redação: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />
Coordenação de Arte: FC DESIGN - contato@fcdesign.com.br<br />
Impressão: Gráfica Mundo | Periodicidade: Bimestral
<strong>Revista</strong><br />
Ano 18 - Edição <strong>109</strong> - Out/Nov 2020<br />
ÍNDICE<br />
01<br />
06<br />
Editorial<br />
Publique na <strong>Analytica</strong><br />
Artigo 1<br />
08<br />
APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ®<br />
PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO<br />
DO CROMO NAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO<br />
RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Autores: Gustavo Pereira Siqueira, Renata Bazante Rodrigues.<br />
2<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Artigo 2<br />
18<br />
BACTERIÓFAGOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS<br />
OS VÍRUS COMO AUXILIARES NO BIOCONTROLE<br />
DE BACTÉRIAS PATOGÊNICAS E DETERIORANTES<br />
Autora: Leidiane A. Acordi Menezes<br />
23<br />
28<br />
31<br />
34<br />
37<br />
40<br />
41<br />
Análise de Minerais<br />
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação<br />
Espectrometria de Massa<br />
Microbiologia<br />
Metrologia<br />
Logística Laboratorial<br />
Em Foco
<strong>Revista</strong><br />
Ano 18 - Edição <strong>109</strong> - Out/Nov 2020<br />
ÍNDICE REMISSIVO DE ANUNCIANTES<br />
ordem alfabética<br />
Anunciante pág. Anunciante pág.<br />
Ansell<br />
2ª Capa<br />
BCQ<br />
4ª Capa<br />
Bio Scie 39<br />
CMS 7<br />
Greiner 51<br />
Kasvi 9<br />
Laborclin 19<br />
Las do Brasil 49<br />
Nova Analitica 3<br />
Prime Cargo<br />
3ª Capa<br />
Veolia 26-27<br />
4<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
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Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
Conselho Editorial<br />
Carla Utecher, Pesquisadora Científica e chefe da seção de controle Microbiológico do serviço de controle de Qualidade do I.Butantan - Chefia Gonçalvez Mothé, Prof ª Titular<br />
da Escola de Química da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQ-USP - Fernando Mauro Lanças, Profª. Titular<br />
da Universidade de São Paulo e Fundador do Grupo de Cromatografia (CROMA) do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy, FEA / Unicamp - Marcos E berlin, Profª<br />
de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional de Especteometria de Massas - Margarete Okazaki,<br />
Pesquisadora Cientifica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos do Ital - Margareth Marques, U.S Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de Medeiros, Profª. Depto.<br />
de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Maria Tavares, Profª do Instituto de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes Pesquisadora titular em Saúde Pública<br />
do INCQS da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldinho Dantas, Diretor Presidente de OSCIP Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness.<br />
Colaboraram nesta Edição:<br />
Eduardo Pimenta Almeida de Melo, Luciano Nascimento, Anastasiia Melnyk, Oliveira ML, Pereira AS, Rodrigues KM, França RF, Assis IB, Arena Técnica,<br />
Oscar Vega Bustillos, Américo Tristão, Claudio Kiyoshi Hirai.
Agenda<br />
agenda<br />
Em função da pandemia do Covid-19, e acompanhando os<br />
desdobramentos da crise, decretos e posicionamentos dos<br />
governos, os eventos presenciais agendados para o período<br />
Outubro e Novembro estão cancelados.<br />
Comprometidos em não propagar informações equivocadas,<br />
não haverá seção Agenda na <strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> Ed <strong>109</strong> e<br />
recomendamos que os interessados em participar de eventos<br />
consultem nosso site durante esse período para se informar<br />
sobre apresentações digitais como webinars e outras<br />
alternativas que estão sendo oferecidas pelas empresas.<br />
Mantenha-se informado em nosso site e em nossas redes sociais.<br />
Agradecemos a compreensão de todos,<br />
Equipe <strong>Analytica</strong>.<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
5
<strong>Revista</strong><br />
Ano 18 - Edição <strong>109</strong> - Out/Nov 2020<br />
PUBLIQUE NA ANALYTICA<br />
Normas de publicação para artigos e informes assinados<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong>, em busca constante de novidades em divulgação científica, disponibiliza abaixo as normas para publicação de artigos, aos<br />
autores interessados. Caso precise de informações adicionais, entre em contato com a redação.<br />
Informações aos Autores<br />
Bimestralmente, a revista <strong>Analytica</strong> publica<br />
editoriais, artigos originais, revisões, casos<br />
educacionais, resumos de teses etc. Os editores<br />
levarão em consideração para publicação toda<br />
e qualquer contribuição que possua correlação<br />
com as análises industriais, instrumentação e o<br />
controle de qualidade.<br />
Todas as contribuições serão revisadas e analisadas<br />
pelos revisores.<br />
Os autores deverão informar todo e qualquer<br />
conflito de interesse existente, em particular<br />
aqueles de natureza financeira relativo<br />
a companhias interessadas ou envolvidas em<br />
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com a contribuição e o manuscrito<br />
apresentado.<br />
Acompanhando o artigo deve vir o termo<br />
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atestando a originalidade do artigo, bem<br />
como a participação de todos os envolvidos.<br />
Os manuscritos deverão ser escritos em português,<br />
mas com Abstract detalhado em inglês.<br />
O Resumo e o Abstract deverão conter as<br />
palavras-chave e keywords, respectivamente.<br />
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uma perfeita reprodução. Se o autor preferir<br />
mandá-las por e-mail, pedimos que a resolução<br />
do escaneamento seja de 300 dpi’s, com<br />
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da instituição onde o estudo foi realizado.<br />
Além disso, o nome do autor correspondente,<br />
com endereço completo fone/fax e e-mail<br />
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palavras-chave, abstract, keywords, texto<br />
(Ex: Introdução, Materiais e Métodos, Parte<br />
Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão)<br />
agradecimentos, referências bibliográficas,<br />
tabelas e legendas.<br />
As referências deverão constar no texto com o<br />
sobrenome do devido autor, seguido pelo ano<br />
da publicação, segundo norma ABNT 10520.<br />
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citadas no texto devem vir listadas no fim,<br />
com o sobrenome do autor em primeiro lugar<br />
seguido pela sigla do prenome. Ex.: sobrenome,<br />
siglas dos prenomes. Título: subtítulo do<br />
artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo,<br />
página inicial e ano.<br />
Evite utilizar abstracts como referências. Referências<br />
de contribuições ainda não publicadas<br />
deverão ser mencionadas como “no prelo”<br />
ou “in press”.<br />
Observação: É importante frisar que a <strong>Analytica</strong> não informa a previsão sobre quando o artigo será publicado. Isso se deve ao fato que, tendo em<br />
vista a revista também possuir um perfil comercial – além do técnico cientifico -, a decisão sobre a publicação dos artigos pesa nesse sentido. Além<br />
disso, por questões estratégicas, a revista é bimestral, o que incorre a possibilidade de menos artigos serem publicados – levando em conta uma<br />
média de três artigos por edição. Por esse motivo, não exigimos artigos inéditos – dando a liberdade para os autores disponibilizarem seu material<br />
em outras publicações.<br />
6<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
ENVIE SEU TRABALHO<br />
Os trabalhos deverão ser enviados ao endereço:<br />
A/C: Luciene Almeida – Redação<br />
Av. Nove de Julho, 3.229 - Cj. 1110 - 01407-000 - São Paulo-SP<br />
Ou por e-mail: editoria@revistaanalytica.com.br<br />
Para outras informações acesse: www.revistaanalytica.com.br/publique/
Artigo 1<br />
Autores:<br />
Gustavo Pereira Siqueira1, Renata Bazante Rodrigues2.<br />
1 - Acadêmico do 8º semestre do curso de Biomedicina da Universidade Paulista – Campus: Alphaville, SP - Brasil;<br />
2 - Professora Doutora titular da Universidade Paulista – UNIP e Pesquisadora Colaboradora do Instituto de Pesquisas Energéticas<br />
e Nucleares (IPEN), SP-Brasil.<br />
Imagem Ilustrativa<br />
APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ®<br />
PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS<br />
ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
8<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Resumo<br />
Objetivo: Analisar de forma temporal a conformidade<br />
laboratorial dos dados do monitoramento da qualidade<br />
das águas superficiais do Reservatório Billings e aplicar<br />
a ferramenta PAMQUÁ® nos resultados analisados. Métodos:<br />
Foi feito o levantamento de dados disponibilizado<br />
mediante forma de relatórios em domínio público no<br />
âmbito de Monitoramento Anual da Qualidade das Águas<br />
do Estado de São Paulo nos pontos BILL 02100, 02900,<br />
02030 e 02500, posteriormente aplicou-se a ferramenta<br />
PAMQUÁ® nos dados referentes ao período de 2013 –<br />
2018, a fermenta tem variáveis qualitativas e quantitativas.<br />
Resultados: Verificou-se conformidade laboratorial<br />
nos resultados divulgados pela CETESB, bem como resultados<br />
positivos na análise final da ferramenta PAMQUÁ®.<br />
Conclusão: Observou-se que todos os pontos estavam em<br />
conformidade e se enquadraram na pontuação mínima,<br />
caracterizando que os níveis de cromo nas águas superficiais<br />
do reservatório estejam dentro do parâmetro definido<br />
pela Resolução 357/05 do CONAMA, o que corrobora<br />
com os resultados presentes nos relatórios da CETESB.<br />
Palavras-chave: Águas superficiais, cromo, PAMQUÁ®,<br />
Reservatório Billings.<br />
Abstract<br />
Objective: To temporarily analyze the laboratory compliance<br />
of the monitoring data of the surface water<br />
quality of the Billings Reservoir and apply the PAM-<br />
QUÁ® tool to the analyzed results. Methods: The survey<br />
of data made available in the form of a report<br />
in the public domain within the scope of the Annual<br />
Monitoring of Water Quality of the State of São Paulo<br />
was made in points BILL 02100, 02900, 02030 and<br />
02500, later the tool was applied PAMQUÁ® in the<br />
data for the period 2013 - 2018, a fermenter was<br />
has qualitative and quantitative variables. Results:<br />
Laboratory compliance was verified in the results published<br />
by CETESB, as well as positive results in the<br />
final analysis of the PAMQUÁ® tool. Conclusion: It was<br />
observed that all points were in compliance and fit<br />
the minimum score, characterizing that the levels of<br />
chromium in the surface waters of the reservoir are<br />
within the parameter defined by Resolution 357/05 of<br />
CONAMA, which corroborates with the results present<br />
in the reports of CETESB.<br />
Keywords: Surface water, chrome, PAMQUÁ®, Billings<br />
Reservoir.
Artigo 1<br />
Introdução<br />
A água é um recurso de suma importância<br />
e de valor inestimável, e<br />
um patrimônio natural estratégico<br />
para o desenvolvimento econômico,<br />
é um recurso imprescindível<br />
para a manutenção dos ciclos<br />
biológicos, geológicos e químicos<br />
que mantêm os ecossistemas em<br />
equilíbrio. Para a sociedade em<br />
particular, está diretamente envolvida<br />
aos serviços fundamentais,<br />
como abastecimento público<br />
e industrial, sanitarismo, irrigação<br />
agrícola, produção de energia elétrica,<br />
entre outros. 1,2<br />
A água ocupa, cerca de 75% da<br />
superfície da Terra, aproximadamente<br />
97,3% é composto de água<br />
salgada presente nos oceanos e<br />
mares, sendo que apenas 2,7%<br />
corresponde a água doce, situada<br />
em rios, lagos, pântanos, geleiras,<br />
águas subterrâneas e na atmosfera.<br />
Atualmente estima-se que<br />
apenas 0,01% da água presente<br />
na Terra esteja disponível para o<br />
consumo humano. A crescente<br />
escassez de água potável no mundo,<br />
devido a poluição dos recursos<br />
hídricos, é um dos problemas ambientais<br />
do século XXI. 3,4<br />
saneamento e efluentes industriais<br />
que, em sua maioria contêm substâncias<br />
tóxicas e não recebem o<br />
devido tratamento, são alguns dos<br />
fatores que causam a escassez de<br />
água potável para o abastecimento<br />
público.5 O histórico crescimento<br />
desordenado da metrópole paulistana<br />
(processos de industrialização<br />
e urbanização) refletiram<br />
diretamente na qualidade de seus<br />
mananciais, com destaque para<br />
a represa Billings. O Reservatório<br />
Billings foi inundado em 1925,<br />
com a construção da Barragem de<br />
Pedreira, no curso do Rio Grande. O<br />
projeto foi executado pela empresa<br />
Light, com o objetivo de aproveitar<br />
as águas da Bacia do Alto Tietê para<br />
a geração de energia elétrica na<br />
Usina Hidrelétrica (UHE) de Henry<br />
Borden, localizada em Cubatão,<br />
aproveitando-se do desnível da<br />
Serra do Mar. 2,4<br />
A Billings é extremamente importante<br />
para a RMSP com um<br />
volume aproximado de 1,2 bilhões<br />
de metros cúbicos de água,<br />
situada à sudeste da RMSP, abastece<br />
aproximadamente 1,2 milhões<br />
de pessoas. Estima-se que<br />
a represa teria a capacidade de<br />
fornecer água para cerca de 4,5<br />
milhões de pessoas, entretanto,<br />
devido à poluição das águas de<br />
alguns mananciais do reservatório,<br />
o abastecimento público não<br />
pode atingir essa estimativa. 3,6<br />
O Reservatório Billings pertence<br />
a sexta Unidade de Gerenciamento<br />
de Recursos Hídricos (UGRHI<br />
– Alto Tietê), sendo dividido em<br />
oito unidades, denominadas braços,<br />
os quais correspondem às<br />
sub-regiões da Bacia Hidrográfica:<br />
Alvarenga, Bororé, Cocaia, Capivari,<br />
Rio Grande, Rio Pequeno, Pedra<br />
Branca e Taquacetuba. Contudo,<br />
10<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
A poluição de corpos hídricos em<br />
decorrência do despejo de efluentes<br />
domésticos em excesso causada<br />
pela carência de infraestrutura de<br />
Imagem Ilustrativa
Imagem Ilustrativa<br />
apenas três braços são utilizados<br />
para o abastecimento, sendo o Rio<br />
Pequeno, Rio Grande e o Taquacetuba<br />
(reversão da água do braço<br />
para o Reservatório Guarapiranga).<br />
Estando sob responsabilidade<br />
da Companhia Ambiental do Estado<br />
de São Paulo (CETESB) a coleta,<br />
a análise e o monitoramento da<br />
qualidade das águas superficiais e<br />
do sedimento em todos os pontos<br />
do reservatório. 4,7<br />
Dentre os compostos frequentemente<br />
estudados nas águas<br />
do Reservatório Billings estão<br />
os metais, visto que muitos são<br />
tóxicos aos seres humanos desencadeando<br />
efeitos prejudiciais<br />
no desenvolvimento cerebral<br />
e cânceres. O cromo (Cr) é um<br />
metal tóxico, acinzentado muito<br />
resistente à corrosão, encontrado<br />
naturalmente em plantas, solo,<br />
água, poeira, rochas, animais e<br />
névoas vulcânica. 8,9,10<br />
As concentrações no solo normalmente<br />
são baixas (2-60 mg/<br />
kg), seu teor em ambientes não<br />
contaminados pela ação do homem<br />
é de aproximadamente 1<br />
µg/L na água e 0,1 µg/m3 no ar.<br />
Apresenta-se em seis estados de<br />
oxidação distintos, sendo apenas<br />
os estados trivalente e hexavalente<br />
os mais comuns de serem<br />
encontrados, Cr +3 e Cr +6 , respectivamente.<br />
Os estados bivalente<br />
e tetravalente são os de menores<br />
relevância, e o íon Cr +1 é raro de<br />
ser encontrado. 9,10<br />
O Cr +3 pode ser encontrado naturalmente<br />
em alguns minerais<br />
como cromita e goethita, é estável,<br />
pouco móvel em solos e águas, em<br />
concentrações baixas é considerado<br />
como nutriente traço essencial<br />
tanto para os seres humanos como<br />
animais, sendo importante no<br />
metabolismo do colesterol, ácidos<br />
graxos e da glicose (por aumentar<br />
a fluidez da membrana e facilitar a<br />
ligação da insulina em seus receptores,<br />
sendo um fator de tolerância<br />
à glicose - FTG). 11,12<br />
Estima-se que seja necessária a<br />
ingestão entre 50 e 200mg/dia<br />
de cromo trivalente, entretanto,<br />
não há uma necessidade diária<br />
recomendada definida, contudo,<br />
alguns estudos demonstraram<br />
uma ingestão adequada de 25 e<br />
35 mg/dia para mulheres e homens<br />
adultos, respectivamente.<br />
Diversos estudos apontam o picolinato<br />
de cromo (CrPic3) como<br />
o suplemento de escolha. 11<br />
Autores:<br />
Gustavo Pereira Siqueira1, Renata Bazante Rodrigues2.<br />
Na sua forma hexavalente, o<br />
cromo em solo é móvel, solúvel,<br />
e pode atingir as águas superficiais<br />
e/ou subterrâneas com facilidade,<br />
sendo fortemente oxidante,<br />
carcinogênico e, cerca de<br />
10 a 100 vezes mais tóxico que<br />
a forma trivalente. Ao entrar nas<br />
células o composto age oxidando<br />
as bases de RNA e DNA, sendo<br />
nocivo para os seres humanos e<br />
animais em qualquer que seja a<br />
concentração. 10,12<br />
Os efeitos tóxicos em pessoas<br />
expostas ocupacionalmente à<br />
concentrações elevadas do metal,<br />
em especial na forma hexavalente<br />
por ser corrosiva, incluem<br />
dermatites alérgicas de contato,<br />
ulcerações crônicas na pele, perfurações<br />
no septo nasal, irritação<br />
do trato respiratório, bem como<br />
alguns possíveis efeitos cardiovasculares,<br />
gastrointestinais, hematológicos,<br />
hepáticos e renais,<br />
além do risco elevado de câncer<br />
de pulmão. 9,10<br />
Em virtude ao impacto que as<br />
ações antropogênicas causam no<br />
meio ambiente e consequentemente<br />
na saúde das pessoas, no<br />
Brasil a legislação ambiental é<br />
constituída de um conjunto de<br />
normas e diretrizes, que visam<br />
instruir a ação humana em prol<br />
do meio ambiente. No processo<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
11
Artigo 1<br />
de gerenciamento de recursos hídricos<br />
geralmente são envolvidos<br />
elementos como, capacidade suporte<br />
do corpo de água, padrões<br />
de qualidade, emissão de poluentes,<br />
disponibilidade tecnológica e<br />
aspectos sociais. 9,13<br />
Em 1981 foi criado pela Lei Federal<br />
nº 6.938/81 o Conselho Nacional<br />
do Meio Ambiente (CONA-<br />
MA), com os objetivos de efetivar<br />
uma política nacional ambiental<br />
e regular o uso dos recurso naturais.<br />
As legislações que estabelecem<br />
os limites aceitáveis para<br />
os metais em água, bem como<br />
as condições e padrões de lançamentos<br />
de efluentes, são estabelecidos<br />
pelas Resoluções nº<br />
357/05 e 430/11 ambas do CO-<br />
NAMA, respectivamente. A portaria<br />
nº 2914/11 do Ministério da<br />
Saúde (MS), dispõe sobre os procedimentos<br />
de controle e de vigilância<br />
da qualidade da água para<br />
o consumo humano e seu padrão<br />
de potabilidade. 2,4,8,11,14<br />
A Resolução 430/11 (dispõe<br />
sobre as condições e padrões<br />
de lançamento de efluentes,<br />
complementa e altera a Resolução<br />
nº 357, de março de 2005),<br />
estabelece que o VMP de lançamento<br />
de Cr seja de acordo com<br />
seu estado de oxidação, para o<br />
cromo trivalente (Cr +3 ) o valor<br />
é de 1,0mg/L, enquanto que<br />
para o cromo hexavalente (Cr +6 )<br />
esse valor se torna de apenas<br />
0,1mg/L, destacando que a diferenciação<br />
entre as formas do<br />
cromo é importante. 16<br />
OBJETIVO<br />
O objetivo principal foi analisar<br />
de forma temporal os dados<br />
do monitoramento da qualidade<br />
das águas superficiais<br />
do Reservatório Billings ((BILL<br />
02100, 02900, 02030 e 02500)<br />
no período de 2013 – 2018,<br />
para verificar se há conformidade<br />
laboratorial nos resultados<br />
divulgados anualmente pela<br />
CETESB. O objetivo específico<br />
abrange na aplicação da ferramenta<br />
PAMQUÁ® nos dados<br />
disponibilizados pela CETESB.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foi feito um levantamento dos<br />
dados de 2013 - 2018 das águas<br />
superficiais dos pontos BILL<br />
02100, 02900, 02030 e 02500,<br />
localizados na sexta UGRHI -<br />
Alto Tietê. Todos os pontos são<br />
analisados pela CETESB, que<br />
disponibiliza os resultados sob<br />
o controle público desde o ano<br />
de 2000, mediante forma de relatórios<br />
no âmbito de Monitoramento<br />
Anual da Qualidade das<br />
Águas do Estado de São Paulo,<br />
estando esses dados disponíveis<br />
no site .<br />
12<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
A Resolução 357/05 (dispõe sobre<br />
a classificação dos corpos de<br />
água e diretrizes ambientais para<br />
o seu enquadramento e fornece<br />
outras providências), define o Valor<br />
Máximo Permitido (VMP) de<br />
0,05 mg/L de Cr total nas águas<br />
doces enquadradas na classe 2 da<br />
resolução. 15<br />
Tabela 1: . Pontos de Amostragem - represa Billings (São Paulo - Brasil)
Tabela 2: Faixas de valores para os três fatores de decisão.<br />
Autores:<br />
Gustavo Pereira Siqueira1, Renata Bazante Rodrigues2.<br />
* Os valores foram adaptados dos relatórios anuais da CETESB, onde o Valor Máximo Permitido (VMP) para cromo total para águas de classe 2 é de 0,050 mg/L,<br />
onde as análises são realizadas mensalmente, bimestralmente ou quadrimestralmente.<br />
A partir do levantamento dos dados<br />
analisados aplicou-se a ferramenta<br />
PAMQUÁ®, que foi desenvolvida por<br />
meio do programa Excel versão 2013,<br />
e que teve como variáveis as análises<br />
qualitativas e quantitativas.<br />
Programa Auxiliar de Monitoramento<br />
da Qualidade de Águas<br />
- PAMQUÁ®<br />
Para a elaboração da ferramenta foram<br />
definidos três fatores principais<br />
importantes para o delineamento de<br />
um possível problema de contaminação<br />
ambiental, sendo estes: Fator A, B<br />
e C e níveis de 1 a 10, que resultaram<br />
no PRODUTO FINAL.4<br />
Fator [A] – Corresponde ao<br />
histórico de não conformidade:<br />
Indica o percentual dos resultados da<br />
análise que mostraram valores acima<br />
do valor máximo permitido. Tendo<br />
como função dar peso ao histórico.<br />
Fator [B] – Corresponde ao<br />
último resultado publicado no<br />
relatório de domínio de público:<br />
Indica uma tendência podendo estar<br />
em ascensão ou queda da qualidade<br />
da água monitorada. Tem como funcionalidade<br />
atribuir ao resultado peso<br />
momentâneo.<br />
Fator [C] – Indica a frequência<br />
de testes: Quanto maior a frequência,<br />
maior o grau de monitoramento e, portanto,<br />
será maior o nível de informação<br />
disponível para a tomada de decisão.<br />
Tendo como finalidade fornecer um<br />
peso para o nível de segurança.<br />
Para determinar o fator [B] foi utilizado<br />
a seguinte equação (E1):<br />
B= 0,000675 * en (E1)<br />
O principal objetivo de utilizar a<br />
função exponencial (ou o número de<br />
Euler ou constante de Euler – en) é<br />
a de representar situações em que a<br />
taxa de variação é consideravelmente<br />
grande, incorporando de forma mais<br />
abrangente uma circunstância real<br />
em que possivelmente pode acontecer<br />
uma contaminação. Desse modo,<br />
foi possível obter valor de cromo total<br />
de 0,001 (valor mínimo) até 14,868<br />
(valor máximo), sendo este último<br />
valor, 300 vezes maior do que o limite<br />
estabelecido para este composto.4<br />
O valor da constante (0,000675) foi<br />
definido de forma empírica para que o<br />
nível (n) seja igual a 5, ou seja, quando<br />
o resultado da análise ficar com o valor<br />
entre 0,19 e 0,05 mg/l, conceitualmente<br />
qualquer valor acima do nível<br />
5 representará que o resultado está<br />
acima do limite estabelecido.4<br />
Portanto, a pontuação final será calculada<br />
utilizando os níveis (n), para os<br />
fatores A, B e C.4<br />
Pontuação = A2, B2 e C (E2)<br />
Os fatores A e B (histórico de não<br />
conformidade e últimos resultados,<br />
respectivamente), receberam<br />
peso elevado ao quadrado visto que<br />
ambos são fatores quantitativos e<br />
representam informações sobre a<br />
real situação da qualidade da água<br />
em relação ao fator C (frequência de<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
13
Artigo 1<br />
Autores:<br />
Gustavo Pereira Siqueira1, Renata Bazante Rodrigues2.<br />
Tabela 3: Níveis de alertas e pontuações.<br />
Imagem Ilustrativa<br />
monitoramento), que é considerado<br />
fator qualitativo. Portanto, o histórico<br />
de não conformidade (valor dado em<br />
porcentagem) e o último resultado<br />
(dado pelo valor em mg/l) são denominados<br />
como fatoriais.4<br />
A faixa do nível de alerta foi estabelecida<br />
através da equação (E3), sendo<br />
que para n=0, a faixa de pontuação<br />
é 0 e para n=5, a faixa de pontuação<br />
é igual a 100.000, obtida por meio<br />
da base exponencial. A constante de<br />
ajuste foi definida de forma empírica,<br />
visando responder estas premissas.4<br />
Com o objetivo de exemplificar<br />
como a ferramenta de decisão funciona,<br />
segue abaixo um exemplo.<br />
Exemplo:<br />
- Dados sobre o histórico de não conformidade:<br />
80% (A=8);<br />
- Último resultado: 0,1mg/L (B=6)<br />
- Frequência dos testes: Bimestral (C=6)<br />
Cálculo: A2 * B2 * C = 82 * 62 * 6 = 13. 824<br />
Resultado = Nível de Alerta = 4 (Perigo)<br />
Tabela 4. Descrição dos níveis de alertas, seus riscos e<br />
recomendações<br />
Tabela 4. Descrição dos níveis de alertas, seus riscos e<br />
recomendações<br />
Tabela 4: Descrição dos níveis de alertas, seus riscos e recomendações.<br />
Nível de<br />
alerta<br />
Nível de<br />
alerta<br />
Mínimo<br />
Mínimo<br />
Limítrofe<br />
Limítrofe<br />
Atenção<br />
Atenção<br />
Perigo<br />
Perigo<br />
Máximo<br />
Máximo<br />
Risco<br />
Risco<br />
Nenhum risco para a<br />
saúde humana.<br />
Nenhum risco para a<br />
saúde humana.<br />
Potencial risco à saúde<br />
humana.<br />
Potencial risco à saúde<br />
humana.<br />
Risco iminente à saúde<br />
humana.<br />
Risco iminente à saúde<br />
humana.<br />
Fora do controle<br />
Fora do controle<br />
Fonte: Renata – Yamaguishi, 2013.<br />
Recomendação<br />
Recomendação<br />
Não há recomendações para serem<br />
implementadas.<br />
Não há recomendações para serem<br />
Monitoramento implementadas.<br />
adicional é requerido para<br />
confirmação dos resultados.<br />
Monitoramento adicional é requerido para<br />
confirmação dos resultados.<br />
Requer atenção e esforços mínimos para<br />
remediação da contaminação.<br />
Requer atenção e esforços mínimos para<br />
remediação da contaminação.<br />
Requer maiores esforços para remediação da<br />
contaminação.<br />
Requer maiores esforços para remediação da<br />
contaminação.<br />
Alto risco à saúde humana. Requer intervenção<br />
imediata e um plano emergencial é altamente<br />
Alto risco à saúde<br />
recomendado.<br />
humana. Requer intervenção<br />
imediata e um plano emergencial é altamente<br />
recomendado.<br />
Fonte: Renata – Yamaguishi, 2013.<br />
Tabela 5: Média dos resultados da análise temporal em amostras de águas superficiais: pontos de monitoramento<br />
no Reservatório Billings, 2013 – 2018<br />
14<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
RESULTADOS<br />
Verificou-se que houveram três resultados<br />
acima do VMP estabelecido<br />
pela Resolução 357/05 do CONAMA,<br />
sendo dois resultados no ponto BILL<br />
Figura 1. Resultado da análise para os pontos<br />
BILL 02030, 02100 e 02900.<br />
Figura 2. Resultado da análise para o ponto BILL 02500
Imagem Ilustrativa<br />
02500 (0,2mg/L e 0,21mg/L) e um<br />
no ponto BILL 02100 (0,07mg/L) todos<br />
registrados em 2017. Ainda que<br />
houveram três resultados acima do<br />
estabelecido pelo CONAMA, verificou-se<br />
que há conformidade laboratorial<br />
nos resultados divulgados pela<br />
CETESB.<br />
Quanto ao PAMQUÁ®<br />
Em relação aos resultados finais obtidos<br />
pela ferramenta PAMQUÁ®, observou-<br />
se que os pontos BILL 02030,<br />
02100 e 02900 atingiram a pontuação<br />
80 (Figura 1), enquanto que o ponto<br />
BILL 02500 atingiu com a pontuação<br />
de 320 (Figura 2), ou seja, todos os<br />
pontos se enquadraram na pontuação<br />
mínima, caracterizando nenhum risco<br />
para a saúde humana e que os níveis<br />
de cromo para as águas superficiais<br />
do Reservatório Billings estejam dentro<br />
do VMP definido CONAMA, o que<br />
corrobora com os resultados presentes<br />
nos relatórios divulgados pela CETESB.<br />
DISCUSSÃO<br />
Existem 6 pontos de monitoramento<br />
no Reservatório Billings, no entanto,<br />
no presente estudo foram analisados<br />
os resultados de quatro pontos (BILL<br />
02030, 02100, 02500 e 02900). Segundo<br />
os dados da CETESB17-22, o<br />
ponto BILL 02030 representa a condição<br />
da qualidade da água na entrada<br />
do reservatório. O ponto BILL 02100<br />
fica aproximadamente 7 km da barragem<br />
de Pedreira, e reflete a diluição<br />
da água bombeada pelo Rio Pinheiros<br />
para a Billings. Os pontos BITQ 00100<br />
e BILL 02900 indicam a qualidade<br />
da água nas saídas do reservatório<br />
na reversão do braço Taquacetuba<br />
para o Reservatório Guarapiranga e<br />
o Summit Control, respectivamente.<br />
De acordo com os pontos investigados,<br />
aplica-se a Resolução 357/05 do<br />
Conama, como norma avaliativa do<br />
metal cromo.<br />
As principais fontes de poluição da<br />
Billings encontram-se em seu trecho<br />
inicial, devido ao bombeamento do<br />
Rio Pinheiros e na ocupação antrópica<br />
das bacias de drenagem do Ribeirão<br />
Cocaia e Ribeirão Bororé. O processo<br />
de autodepuração dessas cargas tem<br />
influência do afunilamento existente<br />
na altura da Rodovia Imigrantes<br />
– ponto BILL 02500. O ponto BIRP<br />
00500, está localizado no braço do<br />
Rio Pequeno, e passou a ser monitorado<br />
mensalmente a partir de abril<br />
de 2015, em decorrência do início<br />
da captação da água para o abastecimento<br />
público, indicando a qualidade<br />
da água na saída do Reservatório<br />
Billings para o Reservatório do Rio<br />
Grande (RGDE 02900).<br />
Para determinar a qualidade da água<br />
superficial de cada ponto analisado a<br />
CETESB utiliza de alguns parâmetros<br />
entre eles há o Índice de Qualidade das<br />
Águas (IQA), para o cálculo do índice<br />
é estabelecido um pontuação na qualidade<br />
(q) que varia de 0 – 100 para<br />
cada um dos nove fatores (Coliformes<br />
fecais, pH, Demanda Bioquímica de<br />
Oxigênio – DBO, Nitrogênio Total,<br />
Fosforo Total, Temperatura, Turbidez,<br />
Resíduo Total, Oxigênio Dissolvido)<br />
que compõe o índice. A qualidade (q)<br />
é elevada a ponderação (w) correspondente<br />
à importância da variável.<br />
O IQA é calculado por meio da multiplicação<br />
de cada componente (qw),<br />
indicando o principalmente o impacto<br />
do lançamento de esgoto domésticos<br />
no corpo d’água.<br />
O valor do IQA em 2013, variou de<br />
regular (no trecho do reservatório,<br />
próximo a Pedreira) a ótima (no trecho<br />
final, em Summit Control). O<br />
ano de 2013 foi mais seco do que os<br />
anteriores, não sendo constatado em<br />
nenhum dia de amostragem bombeamento<br />
das águas do Rio Pinheiros<br />
para o Reservatório Billings. O IQA do<br />
Reservatório Billings apresentou uma<br />
leve piora em 2014, devido a uma<br />
vazão da água considerada inferior,<br />
causando o decaimento no volume<br />
do reservatório, e consequentemente<br />
implicando numa maior concentração<br />
dos poluentes.<br />
O IQA de 2015 se manteve em relação<br />
ao ano anterior, pois a vazão da água<br />
permaneceu baixa. Assim como os<br />
anos anteriores, nos primeiros meses<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
15
Artigo 1<br />
Imagem Ilustrativa<br />
16<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Autores:<br />
Gustavo Pereira Siqueira1, Renata Bazante Rodrigues2.<br />
e junho de 2016 a vazão da água foi<br />
inferior, ocasionando no decaimento<br />
da qualidade da água no trecho inicial<br />
da represa (Pedreira) implicando numa<br />
maior concentração dos poluentes. No<br />
resultado de 2017 observou-se uma<br />
melhora no trecho inicial da represa<br />
em comparação ao ano anterior, sendo<br />
que nos demais pontos, a qualidade<br />
da água se manteve-se na categoria<br />
boa e ótima, indicando que o processo<br />
de autodepuração se estendeu desde<br />
a entrada do reservatório até o trecho<br />
final, em Summit Control, contudo, em<br />
2018 houve uma piora no trecho inicial<br />
da represa passando para a categoria<br />
Regular.<br />
Ainda que os resultados observados<br />
na análise das águas superficiais<br />
sejam otimistas, a qualidade do sedimento<br />
do reservatório é opostamente<br />
a esses resultados. De acordo com Hoterllani<br />
et al23 a poluição por metais<br />
continua ainda sendo um problema<br />
para o ecossistema do reservatório,<br />
mesmo que os níveis dos metais na<br />
água apresentam concentrações abaixo<br />
dos critérios estabelecido pelo CO-<br />
NAMA (357/05). O que faz com que<br />
a represa necessite da implementação<br />
de uma política ambiental eficiente<br />
para que haja a redução da concentração<br />
de metais.<br />
De acordo com Barrozo et al8, Silva24<br />
e CETESB17-22 os locais mais<br />
impactados pelas atividades antrópicas<br />
são os pontos BILL 02030 (localizado<br />
na Barragem da Pedreira) e o<br />
BILL 02100 (localizado no Braço do<br />
Bororé), em decorrência ao bombeamento<br />
das águas do Rio Pinheiros<br />
para o reservatório e a ocupação antrópica<br />
das bacias de drenagem do<br />
Ribeirão Cocaia e Bororé.<br />
Com a utilização do PAMQUÁ®, pode-se<br />
avaliar que houve uma constância<br />
na maioria dos resultados<br />
analisados, visto que as condições da<br />
qualidade da água sofrem com processos<br />
naturais ou antropogênicos.<br />
Calculando a pontuação para cada<br />
ano e cada ponto de amostragem, verificou-se<br />
que a qualidade das águas<br />
superficiais do Reservatório Billings<br />
se manteve dentro do parâmetro estabelecido<br />
pelo CONAMA em todos os<br />
pontos avaliados.<br />
CONCLUSÃO<br />
De acordo com os dados analisados<br />
no respectivo trabalho, pode-se<br />
concluir que os resultados avaliados<br />
possuem conformidade laboratorial,<br />
quanto aos resultados finais da ferramenta<br />
PAMQUÁ®, observou-se que<br />
todos os pontos se enquadraram na<br />
pontuação mínima, caracterizando<br />
nenhum risco para a saúde humana,<br />
bem como que os níveis de cromo<br />
nas águas superficiais do Reservatório<br />
Billings estejam dentro do parâmetro<br />
definido pela Resolução 357/05<br />
- CONAMA, o que corrobora com os<br />
resultados presentes nos relatórios<br />
divulgados pela CETESB, entretanto,<br />
de acordo alguns estudos a qualidade<br />
do sedimento no Reservatório Billings<br />
é preocupante, devido a presença de<br />
metais considerados tóxicos.<br />
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Resolução nº 357, de 17 de Março de 2005 – CONAMA. Dispõe<br />
sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais<br />
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições<br />
e padrões de lançamentos de efluentes, e dá outras providências<br />
– Alterada e complementada pela Resolução 430/11 do<br />
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. [Acesso 09 de<br />
out 2019]. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459.<br />
16. Brasil. Resolução nº 430,<br />
de 13 de Maio de 2011 – CONAMA. Dispõe sobre as condições<br />
e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a<br />
Resolução nº 357, de março de 2005, do Conselho Nacional do<br />
Meio Ambiente – CONAMA. [Acesso 09 de out 2019]. Disponível<br />
em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646.<br />
17. CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento<br />
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– Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Relatório<br />
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[dissertação de Mestrado]. São Paulo; 2017. [Acesso 14<br />
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Complemento Normativo - Artigo 1<br />
Referente ao artigo 1<br />
Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />
APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS<br />
ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
DIN EN 1233<br />
Water quality - Determination of chromium - Atomic absorption spectrometric methods<br />
Norma publicada em: 08/1996. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: DIN<br />
País de procedência/Região: Alemanha.<br />
https://www.beuth.de/en/standard/din-en-1233/2831736<br />
ABNT NBR 13740<br />
Água - Determinação de cromo total - Método colorimétrico da s-difenil carbazida<br />
Norma publicada em: 12/1996. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Resíduos líquidos.Lodo.Determinação de substâncias químicas na água.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=4314<br />
DIN 38405-24<br />
German standard methods for the examination of water, waste water and sludge; anions<br />
(group D); hotometric determination of chromium(VI) using 1,5-diphenylcarbonohydrazide<br />
(D 24)<br />
Norma publicada em: 05/1987. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: DIN<br />
País de procedência/Região: Alemanha.<br />
https://www.beuth.de/en/standard/din-38405-24/1344827<br />
DIN 50451-2<br />
Testing of materials for semiconductor technology - Determination of trace elements in liquids<br />
- Part 2: Calcium Ca), cobalt (Co), chromium (Cr), copper (Cu), Iron (Fe), nickel (Ni) and<br />
zinc (Zn) in hydrofluoric acid with plasma-induced emission spectroscopy<br />
Norma publicada em: 05/1987. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: DIN<br />
País de procedência/Região: Alemanha.<br />
https://www.beuth.de/en/standard/din-50451-2/61666316<br />
ISO 14592-1<br />
Water quality - Evaluation of the aerobic biodegradability of organic compounds at low<br />
concentrations -Part 1: Shake-flask batch test with surface water or surface water/sediment<br />
suspensions<br />
Norma publicada em: 01/2002. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Exame das propriedades biológicas da água.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/24870.html<br />
ISO 5667-23<br />
Water quality - Sampling - Part 23: Guidance on passive sampling in surface waters<br />
Norma publicada em: 01/2011. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1:Exame de água em geral<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/50679.html<br />
ISO 22000<br />
Food safety management systems — Requirements for any organization in the food chain<br />
Norma publicada em: 01/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Processos na indústria de alimentos<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA PAMQUÁ® PARA AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO CROMO NAS ÁGUAS<br />
SUPERFICIAIS DO RESERVATÓRIO BILLINGS<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/65464.html<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
17
Artigo 2<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autora:<br />
Leidiane A. Acordi Menezes<br />
leidiane.acordi@neoprospecta.com<br />
Neoprospecta Microbiome Technologies<br />
BACTERIÓFAGOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS<br />
OS VÍRUS COMO AUXILIARES NO BIOCONTROLE DE BACTÉRIAS<br />
PATOGÊNICAS E DETERIORANTES<br />
18<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Resumo<br />
Bacteriófagos ou fagos, são vírus que infectam bactérias,<br />
com grande potencial para serem utilizados como agentes<br />
antimicrobianos. São capazes de invadir, inativar e destruir<br />
células de bactérias relevantes em alimentos, como as dos<br />
gêneros Salmonella e Listeria. A partir desta premissa, a aplicação<br />
de bacteriófagos para controlar bactérias patogênicas e<br />
deteriorantes tem revolucionado a microbiologia de alimentos.<br />
A eficiência antimicrobiana dos fagos já foi comprovada<br />
em derivados lácteos e cárneos, alimentos prontos para<br />
consumo, vegetais, cereais, entre outros, além de ambientes<br />
e superfícies. No entanto, seu uso desperta preocupações do<br />
público consumidor e das próprias industrias. Para transpor<br />
estes desafios, o uso de bacteriófagos em produtos destinados<br />
ao consumo humano deve obrigatoriamente envolver pesquisas<br />
científicas e estudos clínicos. As tecnologias baseadas<br />
em PCR e sequenciamento genético de nova geração (NGS)<br />
são ferramentas aliadas para investigar as propriedades antimicrobianas<br />
dos fagos e garantir a segurança do consumidor.<br />
Até o momento, sua utilização tem sido considerada segura.<br />
Inclusive, já existem fagos aprovados como aditivos alimentares<br />
por órgãos reguladores como o FDA (Food and Drug Administration),<br />
o que amplia ainda mais as potencialidades de uso<br />
como ferramenta biotecnológica para garantir a segurança<br />
microbiológica de alimentos.<br />
Palavras-chave: Vírus; fagos; biofilme; antimicrobiano;<br />
segurança dos alimentos, salmonela.<br />
Abstract<br />
Bacteriophages or phages, are viruses that infect bacteria,<br />
with great potential to be used as antimicrobial<br />
agents. They are able to invade, inactivate and destroy<br />
cells of relevant bacteria in foods, such as those of the<br />
genera Salmonella and Listeria. Based on this premise,<br />
the application of bacteriophages to control pathogenic<br />
and deteriorating bacteria has revolutionized food<br />
microbiology. The antimicrobial efficiency of phages<br />
has already been proven in dairy and meat products,<br />
ready-to-eat foods, vegetables, cereals, among others,<br />
in addition to environments and surfaces. However, its<br />
use raises concerns of the consumer public and the industries.<br />
To overcome these challenges, the use of bacteriophages<br />
in products intended for human consumption<br />
must involve scientific research and clinical studies.<br />
Technologies based on PCR and new generation genetic<br />
sequencing (NGS) are allied tools to investigate the<br />
antimicrobial properties of phages and to ensure consumer<br />
safety. So far, its use has been considered safe.<br />
There are even phages approved as food additives by<br />
regulatory agencies such as the FDA (Food and Drug<br />
Administration), which further expands the potential<br />
for use as a biotechnological tool to ensure the microbiological<br />
safety of food.<br />
Keywords: Virus; phages; biofilm; antimicrobial; food<br />
safety; salmonella.
Artigo 2<br />
20<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Primeiramente...<br />
O que são bacteriófagos?<br />
O termo bacteriófagos ou simplesmente<br />
fagos, se refere a determinados<br />
tipos de vírus, capazes de<br />
invadir células bacterianas, paralisar<br />
ou desviar seu metabolismo<br />
e ainda, no caso de fagos líticos,<br />
provocar a lise (ou ruptura) da<br />
estrutura celular da bactéria, resultando<br />
na sua “morte” ou inativação.<br />
Esse é, basicamente, o princípio<br />
da atividade antimicrobiana<br />
dos fagos. Pode soar estranho, mas<br />
fagos estão naturalmente presentes<br />
em nosso ecossistema. É possível<br />
recuperá-los de ambientes,<br />
água, alimentos, efluentes, trato<br />
gastrointestinal de humanos e<br />
outros animais, etc. Portanto, são<br />
considerados agentes antimicrobianos<br />
de ocorrência natural.<br />
O que já sabemos sobre fagos<br />
e sua ação sobre bactérias<br />
indesejadas?<br />
O potencial dos bacteriófagos<br />
para controle de patógenos e deteriorantes<br />
em alimentos tem sido<br />
comprovado em pesquisas científicas.<br />
Diversos estudos já identificaram<br />
fagos capazes de reduzir<br />
expressivamente, em produtos<br />
alimentícios e no ambiente de<br />
produção, populações de bactérias<br />
patogênicas de grande relevância,<br />
como Salmonella Typhimurium,<br />
Campylobacter jejuni, Staphylococcus<br />
aureus, Escherichia coli,<br />
Vibrio parahaemolyticus, Pseudomonas<br />
aeruginosas e Listeria monocytogenes.<br />
O uso eficiente de<br />
bacteriófagos também tem sido<br />
apontado como uma alternativa<br />
para o controle de bactérias resistentes<br />
a antibióticos (ADNAN et<br />
al., 2020; COOPER, 2016; GARCÍA<br />
et al., 2010; HUANG et al., 2018;<br />
JAMAL et al., 2018; LIU et al.,<br />
2020; MAHONY et al., 2011; SCH-<br />
MELCHER; LOESSNER, 2016).<br />
Nessas pesquisas, de maneira<br />
simplificada e, em linhas gerais,<br />
uma amostra é contaminada<br />
propositalmente com a bactéria<br />
patogênica de interesse e, em<br />
seguida, inoculada com o fago<br />
específico. Posteriormente, a<br />
enumeração da bactéria alvo possibilita<br />
que a efetividade do fago<br />
em reduzir a população bacteriana<br />
seja avaliada. Nos estudos que<br />
fazem uso de técnicas mais modernas,<br />
o sequenciamento genético<br />
é utilizado como ferramenta<br />
para detecção da bactéria alvo<br />
e, consequentemente, para avaliação<br />
de desempenho do fago<br />
como agente antimicrobiano.<br />
De que forma a indústria<br />
pode aplicar bacteriófagos<br />
no controle de bactérias<br />
patogênicas?<br />
No setor de produção de alimentos,<br />
as possibilidades de uso<br />
de fagos são muitas. Eles podem<br />
ser carreados por embalagens e<br />
liberados gradativamente na superfície<br />
do alimento ou adicionados<br />
diretamente ao produto<br />
- antes ou após o processamento.<br />
Os vírus podem ser disponibilizados<br />
em soluções, soluções<br />
spray, livres, imobilizados em<br />
materiais porosos ou encapsulados,<br />
sozinhos ou combinados<br />
(coquetéis). Além dos fagos<br />
propriamente ditos, algumas de<br />
suas enzimas (endolisinas diversas<br />
ou peptidoglican-hidrolases,<br />
como a LysH5, a DW2 ou a Ctp1L<br />
(GARCÍA et al., 2010; SCHMEL-<br />
CHER; LOESSNER, 2016) podem<br />
ser aplicadas isoladamente no<br />
controle bacteriano.
Com tantas variações, é possível<br />
tratar uma extensa lista de<br />
alimentos pela aplicação de fagos<br />
ou suas enzimas. Leite UHT,<br />
queijos, tofu, alface e outros vegetais,<br />
salsichas, carnes e derivados<br />
cárneos, pescado e frutos do<br />
mar, grãos e cereais e alimentos<br />
prontos para o consumo são alguns<br />
exemplos. Existe ainda a<br />
possibilidade muito interessante<br />
de os fagos serem aspergidos em<br />
ambientes e superfícies da indústria,<br />
atuando como agentes de<br />
sanitização, inclusive sobre biofilmes<br />
bacterianos. Alguns fagos<br />
secretam enzimas capazes de degradar<br />
o material polissacarídico<br />
que se forma ao redor as células<br />
num biofilme, enquanto suas enzimas<br />
líticas são capazes de destruir<br />
as bactérias protegidas por<br />
essa matriz.<br />
Certo, podemos utilizar vírus<br />
para controlar bactérias indesejadas.<br />
Mas...isso é seguro?<br />
Se, por um lado, a aplicação de<br />
bacteriófagos é uma ferramenta<br />
biotecnológica com um grande<br />
potencial a ser explorado, seu<br />
uso levanta preocupações do<br />
público consumidor e da indústria<br />
de alimentos.<br />
Do ponto de vista tecnológico,<br />
ter na planta de uma indústria um<br />
fago que invada células bacterianas<br />
utilizadas para produção de<br />
determinados alimentos, poderia<br />
ser motivo de preocupação. Para<br />
a indústria de derivados lácteos e<br />
cárneos fermentados, por exemplo,<br />
ter um exército de fagos a eliminar<br />
Lactobacillus, Streptococcus e outros<br />
gêneros de bactérias empregados<br />
na fermentação de iogurtes,<br />
queijos e salames representaria<br />
uma ameaça à produção. De fato,<br />
alguns fagos podem invadir células<br />
de bactérias importantes para<br />
o processamento de alimentos e<br />
causar um grande problema. Então...como<br />
a indústria se certifica<br />
de que esses fagos não causariam<br />
danos às suas culturas fermentadoras?<br />
Essa questão é contornada<br />
pela utilização de fagos específicos,<br />
capazes de invadir somente as<br />
células da bactéria alvo, no caso,<br />
uma determinada espécie patogênica<br />
ou deteriorante, como as salmonelas,<br />
por exemplo. Assim, as<br />
culturas fermentadoras estariam a<br />
salvo. Isso ocorre porque o mecanismo<br />
de invasão dos fagos à uma<br />
célula bacteriana depende de um<br />
sistema que funciona de maneira<br />
similar ao sistema “chave-fechadura”.<br />
Só invade uma determinada<br />
célula, o vírus quem possuir mecanismos<br />
de adesão e invasão adequados<br />
àquela bactéria, de forma<br />
que um fago não consegue invadir<br />
todos os tipos de bactérias. Em<br />
geral, bacteriófagos de aplicação<br />
em alimentos são altamente específicos.<br />
Assim, selecionando-se<br />
o fago correto, o ataque só ocorre<br />
às bactérias patogênicas e deteriorantes<br />
de interesse.<br />
No entanto, esta não é a questão<br />
mais polêmica em relação ao uso<br />
de bacteriófagos. O ponto mais<br />
importante sobre a inclusão de<br />
vírus em produtos destinados ao<br />
consumo humano, em termos de<br />
segurança e confiabilidade, é justamente<br />
o fato de que eles poderiam<br />
ser, em algumas das formas<br />
de aplicação, ingeridos juntamente<br />
com o alimento, o que pode<br />
causar estranheza por parte do<br />
consumidor. No entanto, o consumo<br />
de fagos pode ser seguro até<br />
o momento. Como a sua especificidade<br />
garante que possam atacar<br />
somente bactérias específicas, a<br />
infecção de células humanas é improvável,<br />
já que os bacteriófagos<br />
não conseguem invadi-las. Além<br />
disso, estudos clínicos demons-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
21
Artigo 2<br />
traram não haver efeitos adversos<br />
decorridos após a administração<br />
oral de bacteriófagos, a princípio.<br />
Recentemente, O FDA (do inglês,<br />
Food and Drug Administration,<br />
agência reguladora ligada ao departamento<br />
de saúde do governo<br />
norte-americano) aprovou a adição<br />
direta de bacteriófagos como<br />
aditivos alimentares seguros (JA-<br />
MAL et al., 2018).<br />
Obviamente, todo fago destinado<br />
ao consumo humano precisa<br />
ser cuidadosamente submetido a<br />
diversos estudos. A biologia molecular<br />
é uma ferramenta de monitoramento<br />
que faz parte das medidas<br />
adotadas para eliminar riscos<br />
e manter os fagos com atividade<br />
antimicrobiana satisfatória. Técnicas<br />
como PCR e Next Generation<br />
Sequencing (NGS), que possibilitam<br />
o sequenciamento parcial ou<br />
completo do genoma de bactérias<br />
e fagos são excelentes aliados na<br />
seleção e aplicação de bacteriófagos<br />
para biocontrole de bactérias<br />
patogênicas e deteriorantes.<br />
Em suma, a utilização de bacteriófagos<br />
em alimentos tem<br />
se demostrado segura e eficaz,<br />
representando uma alternativa<br />
promissora para as abordagens<br />
tradicionais que visam garantir<br />
a segurança microbiológica de<br />
alimentos.<br />
Referências<br />
ADNAN, Muhammad et al. Isolation and characterization<br />
of bacteriophage to control multidrug-resistant<br />
Pseudomonas aeruginosa planktonic cells and biofilm.<br />
Biologicals: journal of the International Association of<br />
Biological Standardization, v. 63, p. 89–96, jan. 2020.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em 27 set. 2020.COOPER,<br />
Ian R. A review of current methods using bacteriophages<br />
in live animals, food and animal products intended<br />
for human consumption. Journal of microbiological<br />
methods, v. 130, p. 38–47, nov. 2016. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em 27 set. 2020.GARCÍA, Pilar et al. Food biopreservation:<br />
promising strategies using bacteriocins,<br />
bacteriophages and endolysins. Trends in Food Science<br />
& Technology, v. 21, p. 373-382, 2010. Disponível<br />
em: .<br />
Acesso em 27 set. 2020.HUANG, Chenxi et al. Isolation,<br />
characterization, and application of a novel specific<br />
Salmonella bacteriophage in different food matrices.<br />
Food research international, v. 111, p.631–641, set.<br />
2018. Disponível em: . Acesso em 27 set. 2020.JA-<br />
MAL, Muhsin et al. Bacteriophages: an overview of the<br />
control strategies against multiple bacterial infections<br />
in different fields. Journal of basic microbiology, v. 59,<br />
n. 2, p. 123–133, out. 2018. Disponível em: . Acesso em<br />
27 set. 2020.LIU, Aiping et al. Characterization of the<br />
narrow-spectrum bacteriophage LSE7621 towards<br />
Salmonella Enteritidis and its biocontrol potential on<br />
lettuce and tofu. LWT, v. 118, p. 108791, jan. 2020.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em 27 set.<br />
2020. Acesso em 27 set. 2020.MAHONY, Jennifer et al.<br />
Bacteriophages as biocontrol agents of food pathogens.<br />
Current opinion in biotechnology, v. 22, n. 2, p. 157–<br />
163, abr. 2011. Disponível em: .<br />
Acesso em 27 set. 2020.SCHMELCHER, Mathias; LOES-<br />
SNER, Martin J. Bacteriophage endolysins: applications<br />
for food safety. Current opinion in biotechnology, v. 37,<br />
p. 76–87, fev. 2016. Disponível em: . Acesso em 27<br />
set. 2020.<br />
Complemento Normativo - Artigo 2<br />
Referente ao artigo 2<br />
Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />
Bacteriófagos na indústria de alimentos. Os vírus como auxiliares no<br />
biocontrole de bactérias patogênicas e deteriorantes<br />
22<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
ABNT ISO/TS 22002-1<br />
Programa de pré-requisitos na segurança de alimentos Parte 1<br />
: Processamento industrial de alimentos<br />
Norma publicada em: 05/2012. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Processos da indústria alimentícia<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Bacteriófagos na indústria de alimentos os vírus como auxiliares no<br />
biocontrole de bactérias patogênicas e deteriorantes<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=259363<br />
ABNT ISO/TS 22003<br />
Sistemas de gestão da segurança de alimentos - Requisitos<br />
para organismos que fornecem auditoria e certificação de<br />
sistemas de gestão da segurança de alimentos<br />
Norma publicada em: 05/2016. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Processos da indústria alimentícia<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Bacteriófagos na indústria de alimentos os vírus como auxiliares no<br />
biocontrole de bactérias patogênicas e deteriorantes<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=355890
Análise de Minerais<br />
ANÁLISE DE MINERAIS: SABER FAZER<br />
OU SABER PENSAR?<br />
Por Eduardo Pimenta de Almeida Melo<br />
As demandas impostas por<br />
um mundo VUCA (acrônimo,<br />
em inglês, de volátil, incerto,<br />
complexo e ambíguo) e pela<br />
reestruturação dos modelos<br />
produtivos exigem que novos<br />
princípios educativos e novas<br />
propostas pedagógicas formem<br />
profissionais aptos a conviver<br />
neste novo mundo do trabalho.<br />
Este mundo mais competitivo e<br />
exigente, construído sobre novas<br />
modalidades de emprego e<br />
novas configurações de trabalho,<br />
demandam profissionais<br />
com conhecimentos necessários<br />
à sua formação e à busca<br />
da multidisciplinaridade, com<br />
atitudes maduras, postura profissional<br />
diferenciada e capacidade<br />
de se reinventar.<br />
“Segundo Kuenzer (2003),<br />
com o rápido avanço da Ciência<br />
e sua incorporação ao setor<br />
produtivo (reestruturação<br />
produtiva), o mundo mudou e<br />
mudou o conceito de competência,<br />
sobre o que é ser competente<br />
no mundo do trabalho.<br />
Se antes a competência visava<br />
tão somente à produtividade<br />
advinda da repetição acertada<br />
de procedimentos, o paradigma<br />
taylorista/fordista (Antunes<br />
visão crítica, capacidade de tomar<br />
decisões e, principalmente,<br />
que aprendam a aprender inseridos<br />
na realidade histórico-<br />
-social, política e econômica do<br />
país, evidenciam a necessidade<br />
de uma educação de qualidade,<br />
não só na graduação, mas desde<br />
o ensino fundamental e médio.”<br />
2001), hoje passa pelo pensar,<br />
pelo ler a realidade, compreender<br />
os processos, identificar<br />
Quando iniciei minha carreira<br />
nas análises laboratoriais, em<br />
problemas e gerar soluções, especial, as análises químicas<br />
exigindo a articulação entre o<br />
fazer e o conhecer. É esta compreensão<br />
que vai permitir que o<br />
profissional seja competente e<br />
seja flexível em uma realidade<br />
na qual o próprio conhecimento<br />
torna-se ultrapassado com velocidade<br />
muito rápida.<br />
de metais, minerais e rochas<br />
eram feitas por via úmida com<br />
abertura de amostra em ácidos,<br />
titulações, calcinação, gravimetria<br />
e muitos outros procedimentos<br />
qualitativos de laboratório,<br />
como: papeis indicadores<br />
de pH, testes de chama, ustulação,<br />
entre tantas outras.<br />
As características consideradas<br />
hoje fundamentais em quaisquer<br />
setores de atividade, sejam eles<br />
acadêmico ou industrial, como:<br />
Estas atividades eram lentas,<br />
complexas e demandavam profissionais<br />
arduamente treinados<br />
1 - Cunha J.C., Guimarães O. M., Araújo M. P., Vasconcellos E.M.G., Martins J. M., Reis-Neto J. M., Martins F. M., 2008. Ensino de técnicas de análises de minerais com ênfase na<br />
interpretação 1 - Cunha de J.C., dados: Guimarães teoria O. e prática M., Araújo na formação M. P., Vasconcellos do geólogo E.M.G., Terræ Martins Didática, J. 4(1):14-27 M., Reis-Neto <br />
J. M., Martins F. M., 2008. Ensino de técnicas de análises de minerais com ênfase na<br />
interpretação de dados: teoria e prática na formação do geólogo Terræ Didática, 4(1):14-27 <br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
23
Análise de Minerais<br />
e experientes, extremamente<br />
metria de emissão atômica por<br />
Muitos profissionais, sejam<br />
astutos e capazes de trabalhar<br />
plasma acoplado indutivamen-<br />
eles gestores ou profissionais<br />
de forma rotineira e continua<br />
te (ICP – OES ou ICP – MS) que<br />
técnicos de laboratório, enten-<br />
por várias e várias horas. Afinal,<br />
podem fornecer análises quí-<br />
dem que saber usar um equipa-<br />
não é à toa que laboratório pro-<br />
micas precisas quantitativas de<br />
mento moderno e através dele<br />
vém do latim medieval “labo-<br />
vários elementos químicos de<br />
adquirir dados e transformá-los<br />
ratorium", local para trabalhar,<br />
uma amostra ou de vários pon-<br />
em gráficos e tabelas é a parte<br />
que por sua vez vem do latim<br />
tos selecionados das amostra.<br />
essencial da função específica<br />
antigo “laboratus”,<br />
particípio<br />
deste profissional (saber fazer).<br />
do verbo “laborare”, trabalhar.<br />
Dado isso, o uso das técnicas<br />
No entanto, ao tentarem inter-<br />
Ou seja, era um local de tra-<br />
analíticas para análise de mi-<br />
pretar tais resultados, gráficos<br />
balho e que os resultados eram<br />
nerais e rochas vai além do do-<br />
e tabelas, correlacionando-os<br />
alcançados com muito, muito e<br />
mínio da técnica, do saber ma-<br />
com os dados dos processos ao<br />
muito trabalho.<br />
nipular as amostras e o próprio<br />
qual estão interligados chegam<br />
equipamento. A interpretação<br />
à conclusão que a interpretação<br />
Com o desenvolvimento e<br />
dos dados para, a partir deles,<br />
destes é, em suma, muito mais<br />
a popularização das técnicas<br />
conectar resultados analíticos a<br />
complexo do que o uso do equi-<br />
analíticas instrumentais e dos<br />
decisões é uma experiência que<br />
pamento em si (saber pensar).<br />
sistemas informatizados, o tra-<br />
pode e deve ser disponibilizada<br />
balho para aquisição de dados<br />
a todos e proporcionada pelo<br />
Partindo deste ponto de vista,<br />
foi enormemente reduzido, no<br />
profissional ao seu cliente usu-<br />
creio que a ênfase no uso das<br />
entanto, a complexidade teórica<br />
ário. Articular este saber teóri-<br />
técnicas analíticas é de profun-<br />
da interpretação cresceu de for-<br />
co quando se estuda as proprie-<br />
da relevância para as atividades<br />
ma notável. Atualmente, técni-<br />
dades dos elementos químicos<br />
laboratoriais, em especial, para<br />
cas como tais como difração de<br />
e como eles se apresentam nos<br />
que se possa atingir a evolução<br />
raios X (DRX), análise elemen-<br />
minerais e rochas fornecem<br />
técnica dos métodos analíticos.<br />
tar por fluorescência de raios X<br />
significado ao aprendizado e<br />
No entanto, o mais importante<br />
24<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
(FRX), microscopia eletrônica<br />
de varredura (MEV) e espectro-<br />
evitamos a cisão entre teoria e<br />
prática.<br />
deve ser na interpretação das<br />
informações advindas dos equi-<br />
2- Cunha J.C., Guimarães O. M., Araújo M. P., Vasconcellos E.M.G., Martins J. M., Reis-Neto J. M., Martins F. M., 2008. Ensino de técnicas de análises de minerais com ênfase na<br />
interpretação de dados: teoria e prática na formação do geólogo Terræ Didática, 4(1):14-27
Análise de Minerais<br />
pamentos e não no seu uso, que<br />
vem se tornando cada vez mais<br />
fácil com o continuado avanço<br />
da automação e dos softwares<br />
de operação.<br />
Olhar para os resultados obtidos,<br />
interpretá-los e, se necessário,<br />
realizar uma pesquisa<br />
bibliográfica, correlacionando<br />
aos problemas estudados, é<br />
fundamental para que o profissional<br />
possa transformar dados<br />
em informações e posteriormente,<br />
informações em soluções<br />
para os problemas.<br />
Para atingir o este sucesso,<br />
três pilares devem ser<br />
interligados:<br />
“Nossas instituições acadêmicas<br />
necessitam abandonar<br />
sua concepção conteudista para<br />
promover a aproximação cada<br />
vez real, atual e prática entre os<br />
jovens e o conhecimento científico;<br />
tornando-se uma mola<br />
mestra para aliar saberes de<br />
caráter geral e os profissionalizantes<br />
propriamente ditos.”<br />
Nossos profissionais devem<br />
ir além do que lhes é confortável,<br />
aprofundando seus conhecimentos<br />
além da química,<br />
transcendendo a Geologia, Exploração<br />
Mineralógica, Rochas<br />
e Minérios, Operações Unitárias,<br />
entre tantos outros. Entender<br />
e ser capaz de conectar<br />
resultados e processos; além<br />
de analisá-los estatisticamente<br />
garantindo mais do que sua<br />
repetibilidade e reprodutibilidade<br />
deve ser um mantra a<br />
ser seguido diariamente pelos<br />
profissionais de laboratório e<br />
qualidade.<br />
Os gestores de laboratórios<br />
de análises de minerais devem<br />
estimular os profissionais nesta<br />
busca, construindo oportunidades<br />
e compartilhando<br />
conhecimentos para que estes<br />
se tornem cada vez mais multidisciplinares<br />
e entreguem<br />
informações relevantes para<br />
a soluções dos problemas. O<br />
“mindset” deve mudar; é hora<br />
de transformar os antigos laboratórios<br />
rápidos e precisos em<br />
centros de informações que são<br />
capazes de conectar e contribuir<br />
de forma significativa com<br />
os negócios e suas estratégias.<br />
Este é o futuro! E ele já chegou!<br />
Então mãos a obra e vamos<br />
tornar a análise de minerais<br />
algo muito mais do que a<br />
emissão de resultados precisos<br />
e confiáveis.<br />
Eduardo Pimenta de Almeida Melo<br />
Engenheiro Químico, Gerente de Laboratórios da CSN Mineração, MBA em Gestão Empresarial, Pós–Graduado em Gestão de Laboratórios<br />
e Especializado em Data Science. Coordenador da Comissão de Estudos para Amostragem e Preparação de Amostras em Minério de Ferro<br />
para a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.<br />
LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/eduardo-melo-16b22722<br />
E-mail: eduardo.melo@csn.com.br<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
25
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação<br />
INOVAÇÕES E FRONTEIRAS<br />
EM ESPECTROMETRIA ATÔMICA<br />
Por Rodolfo Lorençatto, Ingrid Ferreira Costa<br />
A determinação de elementos em<br />
diferentes tipos de amostras é uma<br />
realidade de muitos laboratórios<br />
(pesquisa e desenvolvimento (P&D);<br />
controle de qualidade; físico-químico;<br />
entre outros) no país e no mundo.<br />
Conhecer a concentração de elementos<br />
tem importância em todos os setores,<br />
por exemplo, a área ambiental<br />
que precisa monitorar a concentração<br />
de chumbo (Pb) em água para consumo<br />
humano, já que não pode ser<br />
maior que 0,010 mgL-1. Uma outra<br />
exemplificação seria na área agronômica<br />
em análises de solos, onde<br />
pode indicar a necessidade de sua<br />
correção química com o propósito de<br />
aumentar a produtividade de lavouras.<br />
Enquanto no setor geoquímico,<br />
os estudos geocronológicos são realizados<br />
com base na abundância<br />
relativa de determinados elementos<br />
em rochas; e na indústria química, é<br />
necessário monitorar a presença de<br />
certos elementos em matéria-prima<br />
que causam desativação de catalisadores<br />
usados em processos de beneficiamento.<br />
As técnicas mais utilizadas para<br />
determinação elementar são a espectrometria<br />
de absorção atômica<br />
(AA), espectrometria de emissão<br />
atômica com plasma indutivamente<br />
acoplado (ICP OES, do inglês<br />
inductively coupled plasma atomic<br />
emission spectrometry) e espectrometria<br />
de massas com plasma indutivamente<br />
acoplado (ICP-MS, do<br />
inglês inductively coupled plasma<br />
mass spectrometry). Diversos fabricantes<br />
disponibilizam instrumentos<br />
de AA, ICP OES e ICP-MS com diferenciais<br />
tecnológicos que facilitam<br />
a rotina de usuários, tornando-se as<br />
análises cada vez mais produtivas<br />
sem abrir mão da robustez. As principais<br />
características comparativas<br />
destas três técnicas são mostradas<br />
na Tabela 1 a seguir.<br />
Constantemente, novas demandas<br />
de aplicações de Espectrometria<br />
Atômica surgem, sejam elas por soluções<br />
economicamente rentáveis<br />
ou por necessidades cada vez mais<br />
específicas envolvendo a determinação<br />
elementar. Neste sentido, a<br />
técnica de espectrometria atômica<br />
com plasma induzido por microondas<br />
(MIP OES) e espectrometria de<br />
massas em tandem com plasma<br />
indutivamente acoplado (ICP-MS/<br />
MS) despontam como ferramentas<br />
inovadoras e criam um novo cenário<br />
para determinações elementares.<br />
A técnica de MIP OES consiste na<br />
criação de um plasma induzido<br />
por um campo eletromagnético<br />
promovido por microondas, onde<br />
o gás nitrogênio pode ser usado<br />
como gás do plasma, e os elementos<br />
são excitados neste ambiente,<br />
com posterior, emissão de radiação<br />
eletromagnética, detectada por um<br />
sistema óptico. Como o ar atmosférico<br />
é constituído aproximadamente<br />
por 78% de N2, o instrumento<br />
de MIP OES pode ser alimentado<br />
diretamente com um sistema de<br />
geração de N2, guarnecido por um<br />
compressor de ar. A comparação<br />
desta técnica com ICP OES, onde argônio<br />
é usado como gás do plasma,<br />
Tabela 1: Características gerais das técnicas de AA, ICP OES e ICP-MS.<br />
28<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação<br />
é inevitável – ambas são técnicas<br />
de emissão atômica, porém um<br />
plasma de N2 possui menor temperatura<br />
e energia do que o plasma<br />
de Ar, o que leva, de forma simplificada,<br />
à uma menor sensibilidade.<br />
Por outro lado, quando o MIP OES<br />
é comparado com AA-Chama, as<br />
vantagens são várias: não é necessário<br />
usar lâmpadas de catodo<br />
ôco, o acetileno é deixado de lado<br />
e a operação do sistema torna-se<br />
mais automatizada (com controle<br />
automático de fluxo de nebulização,<br />
por exemplo), evitando erros<br />
operacionais e ajustes inadequados<br />
na utilização no dia-a-dia. Adicionalmente,<br />
o MIP OES permite a<br />
determinação de alguns elementos<br />
que apresentam muita dificuldade<br />
por AA-Chama, como boro, fósforo<br />
e até enxofre. A independência de<br />
uso recorrente de cilindros de gás<br />
permite, inclusive, que este sistema<br />
seja usado em locais distantes<br />
de grandes centros urbanos, onde a<br />
logística de entrega de gases pode<br />
apresentar empecilho para operações<br />
ininterruptas, como uma mina<br />
de extração de ouro, por exemplo.<br />
As principais aplicações no Brasil<br />
para MIP OES estão concentradas<br />
no mercado agronômico. É possível<br />
determinar macro e micronutrientes<br />
em solos para correção<br />
química utilizando extratores como<br />
Mehlich, KCl, DTPA, dentre outros.<br />
Além disso, o controle de qualidade<br />
de fertilizantes, tanto para os<br />
elementos essenciais como fósforo<br />
e potássio quanto contaminantes<br />
inorgânicos como arsênio e mercúrio<br />
é uma atual rotina em diferentes<br />
laboratórios de prestação de serviços.<br />
Não obstante, o uso de MIP<br />
OES em Universidades e centros de<br />
pesquisa é pungente e traz inúmeras<br />
publicações inovadoras a cada<br />
ano, tanto para o segmento fundamental<br />
de Espectroscopia quanto<br />
para aplicações antes limitadas por<br />
AA-Chama.<br />
Ao olharmos para as fronteiras<br />
que a Espectrometria Atômica oferece,<br />
enxergamos as diversas possibilidades<br />
de aplicações que um<br />
ICP-MS/MS pode oferecer. De forma<br />
simplificada, um espectrômetro<br />
de massas em tandem com plasma<br />
indutivamente acoplado permite<br />
a quantificação de elementos em<br />
níveis de concentração muito baixos<br />
– da ordem de nanogramas<br />
por litro de solução (ppt). E por que<br />
usaríamos um ICP com dois filtros<br />
de massas ao invés de apenas um?<br />
Inúmeras são as respostas para esta<br />
pergunta!<br />
Um ICP-MS convencional apresenta<br />
um amplo portfólio de aplicações<br />
que podem ser executadas<br />
– contempla as mesmas de um<br />
AA-Chama e Forno, MIP OES e ICP<br />
OES, desde a quantificação de elementos<br />
em matrizes simples como<br />
água potável, e vai além com vários<br />
usos avançados, como por exemplo,<br />
a especiação química, onde<br />
instrumentos de cromatografia são<br />
acoplados ao sistema para separação<br />
e quantificação de moléculas<br />
contendo heteroátomos em sua estrutura;<br />
e a determinação de tamanho<br />
de partícula usando a técnica<br />
de spICP-MS (single nanoparticle).<br />
Algumas aplicações, no entanto,<br />
apresentam dificuldades que vão<br />
além da capacidade de um simples<br />
ICP-MS, devido a ocorrência de interferências<br />
difíceis de serem endereçadas<br />
por celas de reação quando<br />
não há uma seleção prévia dos íons<br />
que entram nela. Um ICP-MS/MS<br />
permite que apenas os íons de interesse<br />
entrem na cela, tornando a<br />
reação seletiva ao analito ou interferente,<br />
conferindo altíssima seletividade<br />
para a análise final.<br />
Os estudos das áreas de metabolômica<br />
e proteômica vem ganhando<br />
destaque, principalmente, porque<br />
existe a necessidade de conhecer<br />
quimicamente os compostos produzidos<br />
pelos organismos, a fim<br />
de desenvolver produtos que não<br />
prejudiquem a saúde dos consumidores.<br />
No geral, o conhecimento<br />
multidisciplinar por trás da biologia<br />
molecular contribui com vários<br />
setores, por exemplo, é de suma<br />
importância conhecer quais são e<br />
como são produzidas as substâncias<br />
químicas do ciclo metabólico,<br />
principalmente, para a produção de<br />
alimentos indicados para pessoas<br />
que possuem uma dieta restriti-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
29
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação<br />
va. Assim como também, avaliar a<br />
possibilidade de desenvolver medicamentos<br />
em que as substâncias<br />
químicas são oriundas de microrganismos<br />
e plantas medicinais, e<br />
por isso, podem ser menos nocivas<br />
à saúde humana. E por último, o<br />
setor de cosméticos tem buscado<br />
se aprofundar nos conhecimentos<br />
sobre o microbioma da pele, e<br />
também, das interações das substâncias<br />
químicas presentes na pele<br />
com os constituintes de formulações<br />
cosméticas, principalmente,<br />
para desenvolver produtos que não<br />
causem reações alérgicas e atenda<br />
as outras necessidades do mercado.<br />
Para a maioria desses estudos,<br />
utilizam-se a técnica de LC-MS<br />
para fazer a caracterização e quantificação<br />
das substâncias químicas,<br />
entretanto, a metodologia de capL-<br />
C-ICP-MS/MS (do inglês, capillary<br />
liquid chromatography ICP-MS/<br />
MS) está sendo uma alternativa<br />
para realizar análises de peptídeos e<br />
fosfopeptídeos, sendo que as moléculas<br />
são separadas pela técnica de<br />
LC capilar e determinadas usando<br />
ICP-MS/MS com cela de reação com<br />
O2. É possível quantificar peptídeos<br />
e fosfopeptídeos em concentrações<br />
na faixa de µg L-1 com confiabilidade<br />
com a vantagem que diminui as<br />
etapas envolvidas no procedimento<br />
final de preparo de amostras, embora<br />
ainda exista a necessidade dos<br />
processos extrativos e de purificação<br />
(dependendo da sua matriz).<br />
Outro desafio analítico onde o<br />
ICP-MS/MS apresenta grande destaque<br />
é a determinação de metais<br />
nobres que compõem o grupo da<br />
platina (Ru, Rh, Pd, Os, Ir e Pt).<br />
Como a aplicação destes metais é<br />
importante para diferentes áreas<br />
como médica, materiais avançados,<br />
ligas e catalisadores para a indústria<br />
farmacêutica, sua mineração<br />
é muito interessante do ponto de<br />
vista comercial. Em virtude das baixas<br />
concentrações encontradas em<br />
minérios, vários procedimentos de<br />
análise considerando correções matemáticas,<br />
remoção de matriz e uso<br />
de sistemas avançados de ICP-MS<br />
com alta resolução (HR-ICP-MS,<br />
do inglês high resolution ICP-MS)<br />
já foram propostos. No entanto, algumas<br />
interferências estão além da<br />
resolução de HR-ICP-MS comerciais,<br />
onde um ICP-MS/MS tem grande<br />
potencial. Usando gás amônia na<br />
cela de reação, as interferências que<br />
ocorrem sobre os metais do grupo<br />
da platina são drasticamente reduzidas<br />
ou até eliminadas, permitindo<br />
a quantificação de Ru, Rh, Pd, Os, Ir<br />
e Pt em concentrações abaixo de 1<br />
µg L-1 na presença expressiva de 10<br />
ppm de diferentes interferentes.<br />
Por fim, seja em atividades de rotina<br />
ou em pesquisas avançadas, as<br />
inovações tecnológicas em Espectrometria<br />
Atômica abrem espaço<br />
para a determinação elementar cada<br />
vez mais rápida, precisa e completa.<br />
Vivemos hoje um cenário de ampla<br />
expansão de fronteiras analíticas,<br />
seja com o uso de sistemas mais rentáveis<br />
ou com aqueles que permitem<br />
enxergar quantidades cada vez menores<br />
de analitos, cujos resultados<br />
complementam dados de outras<br />
técnicas e permite uma visão holística<br />
do desafio analítico.<br />
Referência<br />
© Agilent Technologies, Inc. 2020.<br />
Handbook of ICP-QQQ Applications<br />
using the Agilent 8800 and 8900. Published<br />
In The Usa: De.0690046296,<br />
2020. 329 p. 5991-2802EN.<br />
Rodolfo Lorençatto<br />
Ingrid Ferreira Costa<br />
30<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
rodolfo.lorencatto@agilent.com<br />
Possui graduação em Química com Atribuições Tecnológicas<br />
pela UFRJ, cursando Mestrado Profissional na Universidade<br />
de São Paulo e Gestão de Marketing com Ênfase em Mídias<br />
Digitais na Fundação Getúlio Vargas. Atua no segmento de<br />
Espectrometria Atômica há 10 anos, com experiência como<br />
analista químico, especialista de suporte e atualmente é<br />
cientista de aplicações em espectrometria atômica na Agilent<br />
Technologies Brasil Ltda.<br />
cif.ingrid@gmail.com<br />
Mestranda em Ciências Farmacêuticas (UNIFESP) atuando na<br />
linha de pesquisa de Desenvolvimento e Inovação Farmacêutica<br />
focado no estudo metabolômico de microrganismos e<br />
plantas medicinais. Bacharel em Química com Atribuições<br />
Tecnológicas (UNIFESP e FASB). CEO da Biochemie Consultoria,<br />
Empreendedora Científica, Especialista em P&D, sobretudo, em<br />
executar investigações analíticas e know-how em desenvolver<br />
novas metodologias analíticas. Fundadora dos eventos online:<br />
WebConai, Concifarma e CongeQuali.
Por Oscar Vega Bustillos*<br />
Espectrometria de Massa<br />
ESPECTROMETRIA DE MASSAS COM<br />
PLASMA ACOPLADO INDUTIVAMENTE ICP-MS<br />
Em 1835 o filosofo francês<br />
Auguste Comte declarou que a<br />
humanidade jamais conseguiria<br />
analisar a composição química<br />
do material que é constituído o<br />
Sol e outras estrelas, uma vez<br />
que os seres humanos nunca<br />
poderiam atingir estes lugares.<br />
Ele estava errado, já que<br />
por meio da técnica analítica da<br />
espectroscopia atómica (Atomic<br />
Spectroscopy AS) desenvolvida<br />
por Joseph von Fraunhofer a<br />
composição química do Sol e<br />
outros astros distantes da Terra<br />
foi analisada. Fraunhofer inventou<br />
o espectroscópio ótico<br />
e a rede de difração, mas graças<br />
aos estudos posteriores de<br />
Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff<br />
a maioria dos elementos<br />
químicos foram caracterizados<br />
obtendo tabelas com as linhas<br />
espectrais de absorção e emissão<br />
via AS. A espectroscopia é<br />
uma técnica analítica utilizada<br />
para descobrir a constituição<br />
química dos materiais a partir<br />
da luz que eles emitem ou absorvem<br />
(Figura 1). Entre estas<br />
técnicas incluem a espectroscopia<br />
de absorção atômica (AAS)<br />
e a espectroscopia de emissão<br />
atómica por plasma acoplado<br />
indutivamente (ICP-OES).<br />
A AAS usa a absorção da luz<br />
pelos átomos para medir suas<br />
concentrações. Inicialmente,<br />
a amostra é vaporizada em<br />
um forno a chama ou grafite.<br />
A concentração elementar de<br />
uma amostra pode ser determinada<br />
à medida que os átomos<br />
fazem a transição para um nível<br />
de energia superior por meio da<br />
absorção de luz. O instrumento<br />
é calibrado usando soluções<br />
padrão para os elementos a serem<br />
quantificados. No entanto,<br />
o AAS está sujeito a certos efeitos<br />
de matriz que podem exigir<br />
o uso de modificadores químicos.<br />
O uso do forno de grafite<br />
reduz os efeitos da matriz devido<br />
à sua alta temperatura, mas<br />
não totalmente.<br />
A ICP-OES é outra técnica usada<br />
para determinar elementos<br />
químicos em uma amostra. O<br />
ICP excita os átomos e os íons<br />
de uma amostra para produzir<br />
luz de comprimentos de ondas<br />
característicos de cada um dos<br />
elementos da amostra. Embora a<br />
alta temperatura do plasma elimine<br />
os efeitos da matriz, existem<br />
interferências causadas pela<br />
sobreposição dos comprimentos<br />
de ondas espectrais de certos<br />
elementos, o que torna difícil<br />
distinção desses elementos em<br />
uma amostra.<br />
Para contornar os problemas<br />
analíticos inerentes das técnicas<br />
da AS, vários pesquisadores<br />
exploraram uma nova técnica<br />
que eliminassem estas dificuldades.<br />
Os pesquisadores R.S.<br />
Houk, V.A. Fassel, G.D. Fiesch e<br />
H.J. Svec da Universidade americana<br />
de Iowa (ISU, Ames, USA)<br />
e A. Gray da Universidade do<br />
Reino Unido, Surrey, exploraram<br />
a viabilidade da Espectrometria<br />
de massas com plasma acoplado<br />
indutivamente (ICP-MS) para a<br />
determinação de concentrações<br />
elementares e razões de abundância<br />
isotópica em solução.<br />
Vários problemas técnicos<br />
foram encontrados por esses<br />
pioneiros durante suas pesquisas.<br />
O primeiro problema era a<br />
abertura de vácuo do fluxo de<br />
gás quente. Eles usaram um pequeno<br />
orifício de amostragem<br />
com um diâmetro de 50 μm, que<br />
frequentemente ficava obstruído<br />
por sais. O segundo problema<br />
era o arqueamento elétrico entre<br />
o plasma e o orifício de amostragem.<br />
Isso gerou muitos íons<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
31
Espectrometria de Massa<br />
32<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
duplamente carregados e outros<br />
íons interferentes no espectro de<br />
massas. Estes problemas foram<br />
contornados utilizando um orifício<br />
maior de amostragem, dez<br />
vezes maior que o original para<br />
evitar um possível entupimento.<br />
Desenvolveram uma interface<br />
entre o ICP e o MS por meio de<br />
um sistema de bombeamento de<br />
vácuo criogênico que extraia os<br />
íons do plasma através do orifício<br />
para o espectrômetro de<br />
massa com alta fidelidade. Além<br />
disso, modificações adicionais<br />
foram necessárias para fazer o<br />
sistema funcionar, tais como o<br />
aterramento elétrico da fonte de<br />
plasma em relação ao espectrômetro<br />
de massa e a remoção de<br />
interferências de radiofrequência<br />
da fonte de plasma.<br />
O primeiro instrumento comercial<br />
foi lançado em 1983<br />
pela Perkin Elmer/Sciex quando<br />
apresentou o modelo ELAN 250.<br />
A partir deste analisador obteve-se<br />
uma melhoria significativa<br />
nos limites de detecção e velocidade<br />
para análise elementar<br />
comparada com os analisadores<br />
AS. O ICP-MS pode analisar<br />
90% dos elementos na tabela<br />
periódica em concentrações que<br />
variavam de 0,5 a 10 partes por<br />
bilhão (ppb).<br />
O ICP-MS está constituído dos seguintes<br />
componentes (Figura 2):<br />
Sistema de introdução de<br />
amostra: Consiste na bomba<br />
peristáltica, nebulizador e câmara<br />
de pulverização que introduz<br />
a amostra para o analisador.<br />
Tocha ICP: Gera o plasma que<br />
serve como fonte de íons do ICP-<br />
-MS, convertendo os átomos do<br />
analito em íons.<br />
Interface: Liga a fonte de íons ICP<br />
em pressão atmosférica ao espectrômetro<br />
de massa em alto vácuo.<br />
Sistema de vácuo: Fornece<br />
alto vácuo para óptica de íons,<br />
quadrupolo e detector.<br />
Lentes: Focaliza o feixe de íons para<br />
transmissão para o quadrupolo.<br />
Quadrupolo: Atua como filtro<br />
de massas para discriminar os<br />
íons por sua razão m/z.<br />
Detector: Conta os íons individuais<br />
que foram discriminados<br />
pelo quadrupolo.<br />
Processamento de dados:<br />
Controla os parâmetros do instrumento,<br />
além de processar<br />
os dados gerados pelo detector<br />
para obtenção dos espectros de<br />
massas.<br />
A maioria das amostras analisadas<br />
por ICPMS são líquidas. No<br />
entanto, amostras sólidas podem<br />
ser analisadas por meio de Lasers.<br />
Amostras gasosas podem<br />
ser analisadas introduzindo-as<br />
diretamente no instrumento.<br />
O ICP-MS detecta e quantifica os<br />
isótopos específicos de um elemento.<br />
A determinação da razão<br />
isotópica é utilizada em uma variedade<br />
de aplicações científicas.<br />
Por exemplo, na geologia, pode-<br />
-se obter a datação de rochas, na<br />
área nuclear, o enriquecimento do<br />
combustível nuclear e na biologia<br />
é possível determinar a fonte de<br />
um contaminante ou um traçador<br />
biológico em estudos.<br />
O instrumento ICP-MS mede a<br />
maioria dos elementos da tabela<br />
periódica. Os elementos apresentados<br />
em cores na Figura 3 podem<br />
ser analisados pelo ICP-MS<br />
com limites de detecção abaixo<br />
de partes por trilhões (ppt). Os<br />
elementos em cores brancas, o<br />
ICP-MS não pode detectar por<br />
razões inerentes a seu funcionamento.<br />
Por exemplo, argônio<br />
é utilizado como gás de arrastre<br />
na tocha do plasma. Certamente<br />
o ICP-MS é o estado da arte na<br />
análise de elementos químicos de<br />
uma determinada amostra, mas<br />
ainda tem que ser pesquisada e<br />
explorada uma nova técnica que<br />
consiga analisar os elementos em<br />
cor branca da tabela periódica da<br />
Figura 3. Mais um desafio para a<br />
química analítica.
Espectrometria de Massa<br />
A preparação de amostra para<br />
ICP-MS é muito semelhante ao<br />
usado em AAS e ICP-OES, e em<br />
muitos casos é idêntico. Os padrões<br />
são analisados para gerar<br />
uma curva de calibração e os sinais<br />
de amostras desconhecidas<br />
são comparados com a curva de<br />
calibração curva para determinar<br />
a concentração de cada metal na<br />
amostra. O software processa os<br />
dados e gera os resultados quantitativos<br />
dos analitos em estudo,<br />
podendo até calcular a razão de<br />
isótopos por meio da técnica de<br />
diluição isotópica.<br />
Na análise da composição química<br />
elementar de uma determinada<br />
amostra, o ICP-MS tem<br />
vantagens quando comparadas<br />
com outras técnicas, como AAS e<br />
ICP-OES. O ICP-MS geralmente<br />
tem menos interferências do que<br />
ICP-OES e é muito mais rápido<br />
do que AAS. Além da detecção<br />
do ICP-MS atingir limites muito<br />
mais baixos do que aqueles que<br />
podem ser alcançados por ICP-<br />
-OES e AAS.<br />
Por meio do analisador de quadrupolo,<br />
o ICP-MS é capaz de<br />
medir até 35 elementos em uma<br />
amostra em dois a três minutos.<br />
O espectrômetro de massas e<br />
todos os acessórios do ICP-MS<br />
estão sob o controle de um computador.<br />
Desta forma o sistema<br />
pode literalmente operar por 24<br />
horas interruptas, analisando<br />
mais de 300 amostras por dia.<br />
Em suma, nenhuma outra tecnologia<br />
pode fornecer um nível<br />
de limite tão baixo de detecção<br />
e uma alta produtividade para<br />
análise elementar encontrados<br />
no ICP-MS. Mas a grande vantagem<br />
da técnica de ICP-MS é<br />
obter a abundância isotópica<br />
dos analitos detectados corroborando<br />
com a validação dos<br />
resultados analisados, além<br />
de obter espectros de massas<br />
mais simples e com baixo ruído<br />
comparado com outras técnicas<br />
analíticas. As desvantagens do<br />
ICP-MS são as seguintes: baixa<br />
contagem de íons, baixa eficiência<br />
de transmissão dos íons,<br />
detecção de isômeros, requisita<br />
operadores com alto grau de instrução,<br />
alto custo dos insumos<br />
especialmente consumo de gás<br />
Argônio, depende de sistema de<br />
alto vácuo e principalmente tem<br />
o custo bem mais elevado que o<br />
AAS e o ICP-OES.<br />
Figura 1: Princípio de detecção da espectroscopia sendo uma<br />
técnica analítica utilizada para descobrir a constituição química<br />
dos materiais a partir da luz que eles emitem ou absorvem.<br />
Fonte: http://vegascience.blogspot.com/p/teoria-de-grupos_10.html<br />
Figura 2: Diagrama esquemático do Espectrômetro de massas<br />
com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS).<br />
Fonte: http://biochem.pepperdine.edu<br />
Figura 3: Elementos químicos apresentados em cores que podem<br />
ser analisados pelo ICP-MS com limites de detecção abaixo<br />
de partes por trilhões (ppt). Os elementos em branco o ICP-MS<br />
não pode analisar<br />
Fonte: https://link.springer.com/article/10.1007/s42452-019-0825-5<br />
Referências bibliográficas<br />
1) A. Montaser. “Inductively coupled plasma mass spectrometry”.<br />
John Wiley & Sons. 1998.<br />
2) R. Thomas. “Practical guide to ICP-MS. A tutorial for beginners”.<br />
CRC Press. 2008.<br />
3) M.F. Al-Hakkani. “Guideline of inductively coupled plasma<br />
mass spectrometry ICP-MS” in Chemistry: Apply separation<br />
science. Springer. 2019.<br />
Oscar Vega Bustillos<br />
Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP<br />
Tel.: 55 11 2810 5656 - E-mail: ovega@ipen.br - Site: www.vegascience.blogspot.com.br<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
33
Microbiologia<br />
BOAS PRÁTICAS EM LABORATÓRIO DE<br />
MICROBIOLOGIA FARMACÊUTICA<br />
Por Claudio Kiyoshi Hirai<br />
34<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Os laboratórios de microbiologia<br />
farmacêutica têm sob a sua responsabilidade<br />
garantir que os produtos<br />
produzidos apresentem a segurança,<br />
eficácia e pureza para os pacientes e<br />
os seus consumidores e tem a função<br />
de realizar:<br />
Teste de esterilidade; detecção, isolamento,<br />
enumeração e identificação<br />
de micro-organismos (bactérias,<br />
leveduras e bolores), testes de endotoxinas<br />
bacterianas em diferentes<br />
materiais (por exemplo, matérias<br />
primas, água), produtos, superfícies,<br />
vestuário e ambiente, e ensaio utilizando<br />
micro-organismos como parte<br />
do sistema teste.<br />
Essas diretrizes dizem respeito a todos<br />
os laboratórios de microbiologia<br />
envolvidos nas atividades mencionadas<br />
anteriormente, sejam elas independentes,<br />
um departamento ou unidade<br />
de uma instalação de fabricação<br />
de produtos farmacêuticos.<br />
Os testes devem ser realizados<br />
por pessoal qualificado, treinado<br />
e com formação profissional condizente<br />
para o trabalho em laboratório<br />
de microbiologia voltada<br />
para o controle de qualidade microbiológico.<br />
Descrições atualizadas do trabalho<br />
devem ser disponibilizadas para todo<br />
o pessoal envolvido nos testes ou calibrações,<br />
validações e verificações. O<br />
laboratório deve manter registros de<br />
todo o pessoal técnico, descrevendo<br />
as suas qualificações, treinamento e<br />
experiência. Caso o laboratório inclua<br />
opiniões e interpretações dos resultados<br />
dos testes em relatórios, isso deve<br />
ser feito por pessoal autorizado, com<br />
experiência adequada e conhecimentos<br />
relevantes incluindo, por exemplo,<br />
conhecimento dos requisitos regulatórios,<br />
tecnológicos, critérios de aceitação<br />
e aplicação específica.<br />
A gerência do laboratório deve garantir<br />
que todo o pessoal tenha recebido<br />
treinamento adequado para o<br />
desempenho competente de ensaios e<br />
operação de equipamentos. Isto inclui<br />
treinamento em técnicas básicas, por<br />
exemplo, técnica de plaqueamento,<br />
contagem de colônias, técnica asséptica,<br />
preparação de meios de cultura,<br />
diluições em série e técnicas básicas<br />
em identificação, com critério de aceitação<br />
se for o caso. O pessoal somente<br />
pode realizar ensaios se for reconhecidamente<br />
competente para fazê-lo ou<br />
se estiver sob supervisão adequada.<br />
A competência deve ser monitorada<br />
continuamente com previsão de reciclagem<br />
quando necessário. Quando<br />
um método ou técnica não for de<br />
uso constante, pode ser necessário a<br />
verificação do desempenho do pessoal<br />
previamente à realização dos ensaios.<br />
Em alguns casos, pode ser mais<br />
apropriado capacitar o analista para<br />
a realização de uma técnica ou para<br />
o uso de um instrumento específico,<br />
ao invés de capacitá-lo à execução de<br />
um método analítico completo. Em<br />
algumas situações é aceitável relatar a<br />
competência para a realização de uma<br />
técnica geral ou instrumento utilizado<br />
ao invés de métodos específicos.<br />
O laboratório de microbiologia e os<br />
seus equipamentos devem ser instalados<br />
em área separada da área de<br />
produção. A separação é necessária<br />
para se evitar a contaminação dos<br />
produtos ,bem como ser projetado<br />
de maneira a permitir uma circulação<br />
adequada de entrada de material<br />
par análise, realização dos testes,<br />
incubação e leitura dos ensaios e o<br />
descarte adequado dos materiais<br />
contaminados , permitindo a desinfeção<br />
e esterilização minimizando<br />
os riscos de contaminação. O laboratório<br />
de microbiologia e certos<br />
equipamentos que dão suporte (por<br />
exemplo, autoclaves e vidrarias) devem<br />
ser de uso específico.
Microbiologia<br />
Deve haver fornecimento de ar separado<br />
para laboratórios e para áreas<br />
de produção.<br />
Unidades de gerenciamento e tratamento<br />
de ar, incluindo controle<br />
de temperatura e umidade, quando<br />
necessários, devem ser instalados<br />
separadamente para os laboratórios<br />
de microbiologia de microbiologia. O<br />
ar fornecido ao laboratório deve ser<br />
de qualidade adequada e não deve<br />
ser uma fonte de contaminação.<br />
Deve-se considerar a adequação da<br />
planta para a classificação das áreas<br />
e operações a serem desempenhadas<br />
dentro do laboratório de microbiologia.<br />
A classificação deve ser<br />
baseada na criticidade do produto e<br />
operações realizadas na área. Devese<br />
realizar o teste de esterilidade sob<br />
a mesma classe utilizada para operações<br />
estéril/ asséptica de produção.<br />
O monitoramento ambiental microbiológico<br />
deve refletir a instalação<br />
utilizada (sala ou isolador) e incluir a<br />
combinação dos métodos de amostragem<br />
do ar e superfície como:<br />
• Amostragem ativa do ar;<br />
• Exposição de placas;<br />
• Superfície de contato;<br />
• Replicata de placas para detecção e<br />
contagem de micro-organismos (RO-<br />
DAC), swabs ou filmes flexíveis;<br />
• Luvas dos operadores.<br />
O Monitoramento ambiental microbiológico<br />
da área de teste de esterilidade<br />
deve ser realizado durante cada<br />
sessão de trabalho nas condições de<br />
funcionamento (dinâmico). As especificações<br />
frente a contaminação microbiana<br />
devem estar descritas, incluindo<br />
os limites apropriados de alerta e ação.<br />
Os testes farmacopéicos normalizados<br />
são considerados validados.<br />
No entanto, o método específico a<br />
ser utilizado pelo laboratório precisa<br />
ser demonstrado como adequado<br />
ao uso pela recuperação de bactérias,<br />
leveduras e bolores na presença<br />
do produto específico. O laboratório<br />
deve demonstrar que o critério de<br />
desempenho do método normalizado<br />
é atendido, antes de introduzi-lo na<br />
rotina (método de verificação) e que a<br />
especificação do método é adequada<br />
para o produto (a demonstração da<br />
adequação do método inclui o uso de<br />
controles positivos e negativos).<br />
Os métodos de ensaio não baseados<br />
em compêndios ou outras referências<br />
reconhecidas devem ser validados<br />
antes da utilização. A validação deve<br />
incluir, quando apropriado, determinação<br />
da exatidão, precisão, especificidade,<br />
limite de detecção, limite de<br />
quantificação, linearidade e robustez.<br />
Efeitos potencialmente inibitórios a<br />
partir da amostra deve ser levado em<br />
conta quando testar diferentes tipos<br />
de amostras.<br />
Os resultados devem ser avaliados<br />
com métodos estatísticos adequados,<br />
por exemplo, conforme descritos<br />
pela farmacopéia brasileira, ou outros<br />
compêndios aprovados pela Anvisa.<br />
Todos os instrumentos, equipamentos<br />
utilizados nas análises devem ser<br />
calibrados e verificados para assegurar<br />
que atendem as boas práticas<br />
de laboratório. Deve-se manter os<br />
equipamentos qualificados quanto a<br />
características de instalação, performance<br />
e operação.<br />
Os reagentes, meios de cultivo devem<br />
ser adquirido de fornecedores<br />
qualificados e com relação aos meios<br />
de cultivo devem ser testados quanto<br />
a promoção de crescimento de acordo<br />
com as farmacopéia brasileira ou outros<br />
compêndios aprovados.<br />
As cepas de referência utilizadas nos<br />
controles positivos devem estar dentro<br />
do número de gerações aprovados<br />
para uso de acordo com as normas<br />
e mantidas adequadamente. O desempenho<br />
apropriado dos meios de<br />
cultura, diluentes e outras soluções<br />
devem ser verificados, quando relevante<br />
com relação: recuperação ou<br />
a manutenção dos microrganismos-<br />
-alvo. Recuperação de 50-200% que<br />
deve ser demonstrada após a inoculação<br />
de não mais que 100 unidades<br />
formadoras de colônia (UFC); inibição<br />
ou supressão de micro-organismos<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
35
Microbiologia<br />
não-alvo; propriedades bioquímicas<br />
(diferenciais e diagnósticas), e propriedades<br />
adequadas (por exemplo:<br />
pH, volume e esterilidade).<br />
Para avaliação da recuperação ou<br />
manutenção de micro-organismos<br />
deve ser dada preferência a procedimentos<br />
quantitativos.<br />
Onde laboratórios de ensaio são<br />
responsáveis pela amostragem inicial<br />
para a obtenção dos itens de ensaio,<br />
recomenda-se fortemente que o<br />
procedimento de amostragem seja<br />
coberto por um sistema de garantia<br />
da qualidade e submetido a auditorias<br />
regularmente. Qualquer processo<br />
de desinfecção utilizado para obter a<br />
amostra (ex. desinfecção em alguns<br />
pontos da embalagem da amostra)<br />
não deve comprometer o nível microbiológico<br />
interno da amostra. O<br />
transporte e o armazenamento das<br />
amostras devem ser realizados em<br />
condições que mantenham a integridade<br />
das mesmas (por exemplo:<br />
resfriada ou congelada quando apropriado).<br />
Os ensaios devem ser realizados<br />
o mais rápido possível após a<br />
amostragem.<br />
O laboratório deve ter um sistema<br />
de garantia da qualidade interna ou<br />
controle de qualidade (por exemplo:<br />
monitoramento dos desvios,<br />
uso de amostras fortificadas, testes<br />
replicados e participação em testes<br />
de proficiência, se for o caso) para<br />
garantira consistência dos resultados<br />
do dia a dia e sua conformidade<br />
com os critérios definidos.<br />
Se o resultado da contagem for<br />
negativo, este deve ser relatado<br />
como “não detectado para uma<br />
unidade definida” ou “menor que<br />
o limite de detecção para uma<br />
unidade definida”. O resultado não<br />
deve ser apresentado como “zero<br />
para uma unidade definida”, a não<br />
ser que ele seja uma exigência regulatória.<br />
Os resultados de ensaios<br />
qualitativos devem ser registrados<br />
como “detectado/não detectado<br />
numa quantidade ou volume definido”.<br />
Também podem ser expressos<br />
como “menor que um número<br />
especificado de micro-organismos<br />
para uma unidade definida”, quando<br />
o número de micro-organismo<br />
especificado exceder o limite de<br />
detecção do método e isto tiver<br />
sido acordado com o cliente. Nos<br />
dados brutos “o resultado não deve<br />
ser dado como zero para uma unidade<br />
definida” a não ser que seja<br />
uma exigência regulatória.<br />
Um valor reportado de “0” pode ser<br />
utilizado para entrada de dados e<br />
cálculos ou análise de tendências em<br />
bases de dados eletrônicos.<br />
Referências:<br />
• Boas práticas da OMS para laboratórios<br />
de microbiologia farmacêutica,<br />
janeiro de 2013.<br />
• Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos<br />
do Esquema de Cooperação<br />
em Inspeção Farmacêutica, PIC/S,<br />
RDC 301 DE 21/08/2019.<br />
• Farmacopéia Brasileira 6º edição<br />
15/08/2019.<br />
36<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Claudio Kiyoshi Hirai<br />
Farmacêutico bioquímico, diretor científico da BCQ consultoria e qualidade, membro da American Society of Microbiology e membro<br />
do CTT de microbiologia da Farmacopeia Brasileira.<br />
Telefone: 11 5539 6719 - E-mail: técnica@bcq.com.br
A NOVA CADEIA NACIONAL DE RASTREABILIDADE<br />
DA UNIDADE DE COMPRIMENTO, O METRO<br />
Por Ivan Luiz Marques Silva, Walter Oliveira Junior, Miguel Angelo Catharina Torres.<br />
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Diretoria de Metrologia Científica e Tecnologia (Dimci), Divisão de Metrologia Óptica (Diopt)<br />
Metrologia<br />
Introdução<br />
Dentro do conjunto de competências<br />
da Divisão de Metrologia Óptica<br />
(Diopt) do Inmetro encontra-se a<br />
responsabilidade de realizar a unidade<br />
da grandeza comprimento, o<br />
metro, em conformidade com o Sistema<br />
Internacional de Unidades (SI),<br />
através da manutenção da cadeia<br />
de rastreabilidade ao padrão primário.<br />
A disseminação da unidade aos<br />
clientes externos, assim como o desenvolvimento<br />
de pesquisas na área<br />
de Metrologia Óptica, são atividades<br />
realizadas pelo Laboratório de Interferometria,<br />
o Laint.<br />
No ano de 1795 (18 Germinal An.<br />
III) foi promulgada a lei relativa<br />
aos pesos e medidas adotando o<br />
sistema métrico na França [1].<br />
Em 1960, com a adoção do SI em<br />
consequência do 11º encontro do<br />
Conferencia Geral de Pesos e Medidas<br />
(CGPM), ocorreu a primeira<br />
grande mudança de paradigma na<br />
definição da unidade metro, que<br />
deixou de ser realizado através de<br />
um artefato material e passou a<br />
ser definido através da medida do<br />
comprimento de onda da transição<br />
5d5 - 2p10 do 86Kr. Em 1983, o<br />
17º encontro do CGPM adotou uma<br />
nova definição do metro como função<br />
da velocidade da luz no vácuo,<br />
fixada em exatos 299 792 458 m/s<br />
[2], vinculando, desta maneira, a<br />
unidade metro (comprimento) a<br />
unidade segundo (tempo). Esta<br />
nova definição permite a determinação<br />
do comprimento de onda<br />
da radiação, no vácuo, através da<br />
medida de sua frequência, sem<br />
perda de exatidão [3]. Simultaneamente<br />
ao 17º encontro do CGPM,<br />
o Comité International des Poids<br />
et Mesures (CIPM) propôs uma lista<br />
de radiações que poderiam ser<br />
utilizadas para a realização pratica<br />
do metro, conhecida como Mise en<br />
Pratique (MeP) [4]. Dentre as radiações<br />
elencadas esta a radiação<br />
do laser de HeNe, estabilizado na<br />
componente a16 da transição hiperfina<br />
R(127) 11-5 da molécula<br />
do 127I2 e radiações especificas<br />
emitidas por lâmpadas espectrais<br />
de 86Kr e 114Cd, utilizadas como<br />
padrões de comprimento em sistemas<br />
interferométricos do Laint.<br />
Desde a década de 1980 as lâmpadas<br />
espectrais vêm sendo gradualmente<br />
substituídas por lasers<br />
estabilizados como padrões de<br />
comprimento nos sistemas interferométricos.<br />
Com o objetivo de dotar<br />
a Divisão de Metrologia Óptica de<br />
ferramentas que permitam acompanhar<br />
a dinâmica de evolução de nosso<br />
parque industrial, iniciou-se no<br />
ano de 2010, com a incorporação do<br />
Pente de Frequências Ópticas (Pente<br />
Laser), o processo de substituição<br />
das lâmpadas espectrais, dos nossos<br />
sistemas interferométricos, por<br />
radiações laser. Este processo culminou<br />
com a adoção de uma nova<br />
cadeia de rastreabilidade, vinculada<br />
à unidade de tempo do SI, conforme<br />
apresentado na figura 1.<br />
O Pente Laser e a nova cadeia<br />
de rastreabilidade<br />
Através dos serviços de calibração<br />
de lasers de HeNe estabilizados em<br />
633 nm, de calibração de blocos<br />
padrão, pares de bloco e planeza,<br />
oferecidos pelo Laint aos seus<br />
clientes, é realizada a disseminação<br />
da unidade metro. Entretanto,<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
37
Metrologia<br />
38<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
a utilização de apenas um padrão<br />
óptico primário (laser de HeNe estabilizado<br />
na componente a16 da<br />
transição hiperfina R(127) 11-5<br />
da molécula do 127I2), com uma<br />
única referência de comprimento<br />
de onda, restringia o escopo da calibração<br />
a lasers HeNe estabilizados<br />
em 633nm, embora o Laint possua<br />
interferômetros utilizando lasers<br />
operando em outros comprimentos<br />
de onda. Para contornar essa<br />
dificuldade, em 2010 foi adquirido<br />
um Pente Laser [5,6]. Em 2014, o<br />
serviço de calibração baseado no<br />
Pente passou por auditoria externa,<br />
tendo sido posteriormente validado<br />
[7, 8]. Em 2017 o serviço foi incluído<br />
no KCDB/BIPM, permitindo,<br />
desta maneira, ampliar o escopo<br />
de calibrações, abrangendo todos<br />
os comprimentos de onda associados<br />
aos lasers utilizados nos interferômetros<br />
do Laint. Além disto, a<br />
inclusão do Pente Laser permitiu a<br />
construção de uma nova cadeia de<br />
rastreabilidade vinculada à unidade<br />
de tempo do SI, o segundo. Tal rastreabilidade<br />
é garantida através da<br />
calibração, no Observatório Nacional,<br />
do padrão de quartzo, disciplinado<br />
por GPS, que fornece um sinal<br />
de 10 MHz utilizado pelo Pente no<br />
travamento da frequência de repetição,<br />
da frequência de offset, servindo<br />
também como base de tempo<br />
do contador e do sintetizador de<br />
frequências.<br />
Figura 1 – Cadeia de rastreabilidade da unidade metro, baseada no Pente Laser.<br />
Conclusão<br />
A nova cadeia de rastreabilidade<br />
do metro, baseada na substituição<br />
das lâmpadas espectrais por lasers<br />
estabilizados em frequência e na incorporação<br />
do Pente de Laser foi implementada<br />
com sucesso no Inmetro.<br />
Conforme apresentado neste documento,<br />
o Pente Laser desempenha<br />
um papel fundamental na construção<br />
desta nova cadeia. Este equipamento<br />
tem sido usado para calibrar todos os<br />
lasers de HeNe estabilizados usados<br />
como padrões de comprimento no<br />
Laint, garantindo, desta maneira, a<br />
rastreabilidade dos sistemas de medição.<br />
O Pente Laser permite a realização<br />
do metro com rastreabilidade direta à<br />
unidade de tempo do SI, o segundo,<br />
em conformidade com as novas diretrizes<br />
do BIPM.<br />
Referencias<br />
[1] -Himbert M.1993, “Le mètre láventure<br />
continue”, Bulletin du BNM, n°93.<br />
[2] Hänsch T W 2006 Rev. Mod. Phys.<br />
78 1297-1309<br />
[3] Udem Th, Holzwarth R and Hansh<br />
T W 2002 Nature 416<br />
[4] Quinn T J 2003 Metrologia 40<br />
[5] Ye J, Cundiff S T, “Femtosecond<br />
Optical Frequency Comb: Principle,<br />
Operation, and Applications”, Kluwer<br />
[6] Holzwarth R 2001, “Measuring the<br />
frequency of light using fentosecond<br />
pulse lasers”, Max-Planck-Institut fur<br />
Quantenoptik, MPQ-Report 268<br />
[7] Silva I L M, Couceiro I B, Torres M<br />
A C, Costa P A and Grieneisen H P H<br />
2016 J. Phys. Conf. Ser. 733<br />
[8] Silva I L M, Oliveira A N, Couceiro<br />
I B, Torres M A C 2017 Proc. Conf.<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
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que necessitam de uma conservação<br />
maior, seja para preservar a qualidade<br />
e suas características.<br />
Quando comparado ao freezer e congelador,<br />
a câmara fria tem a expressiva<br />
vantagem de permitir o armazenamento<br />
eficiente e na temperatura adequada<br />
de grandes volumes de produtos.<br />
Outra vantagem de se utilizar esse<br />
equipamento é a precisão do controle<br />
de temperatura. Via de regra, as oscilações<br />
de sistemas manuais e a falta<br />
de controle adequado da temperatura<br />
podem prejudicar o armazenamento e<br />
durabilidade dos produtos, o que não<br />
ocorre em uma câmara fria.<br />
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na antecâmara onde é realizada<br />
a conferência dos produtos e a verificação<br />
de temperatura, posteriormente os<br />
produtos são encaminhados para a área<br />
de armazenagem dentro da câmara fria<br />
a disposição até que seja solicitada a<br />
separação por parte do cliente.<br />
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DA CANNABIS<br />
Com o recente avanço na pesquisa e<br />
análise da Cannabis, combinado com<br />
o aumento da demanda por esse tipo<br />
de produto, os testes laboratoriais tornaram-se<br />
parte integrante e fundamental<br />
da rápida expansão.<br />
Cannabis é um gênero de planta<br />
com muitas espécies diferentes, as<br />
mais conhecidas são: Cannabis Sativa<br />
e Cannabis Indica. Suas flores secretam<br />
uma substância que contém Canabinoides,<br />
Terpenos, Triglicerídeos e<br />
outros compostos.<br />
A Cannabis contém mais de 200<br />
terpenos (moléculas compostas por<br />
várias unidades de isopreno que produzem<br />
aromas distintos), incluindo<br />
A-pineno, Limoneno e Mirceno.<br />
Pesquisadores estão desenvolvendo<br />
uma ampla variedade de cepas por<br />
meio da reprodução seletiva, cada<br />
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atender a cada demanda específica<br />
do mercado.<br />
A Toronto Research Chemicals (TRC)<br />
do Grupo LGC, oferece um extenso<br />
catálogo com milhares de produtos,<br />
contendo uma grande seleção de<br />
padrões de referência, isótopos rotulados,<br />
metabólitos e impurezas para<br />
ajudar na análise, pesquisa e controle<br />
de qualidade da Cannabis.<br />
Além disso, possui laboratórios<br />
analíticos que estão totalmente<br />
equipados para fornecer análises<br />
como: HPLC, HNMR, MS, IR, KF,<br />
TGA e 13CNMR, conforme a regulamentação<br />
da Anvisa na resolução<br />
RDC Nº 166.<br />
A CMS Científica do Brasil é distribuidor<br />
autorizado da TRC e oferece<br />
soluções inteligentes e suporte especializado<br />
para aquisição dos produtos.<br />
Entre em contato e saiba mais!<br />
+55 19 3872-8300<br />
www.cmscientifica.com.br<br />
contato@cmscientifica.com.br<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
41
Em Foco<br />
LAB DE A A Z: NOVO BANHO SECO 02 BLOCOS<br />
42<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
O banho seco é um equipamento<br />
versátil e muito usado em diversas<br />
especialidades laboratoriais como<br />
análises clínicas, microbiologia,<br />
histologia, biotecnologia, biologia<br />
molecular e genética. Sua principal<br />
função é o aquecimento a seco<br />
de amostras que precisam passar<br />
por um controle rigoroso de temperatura.<br />
A exatidão da temperatura é importante<br />
em processos de incubação,<br />
digestão de enzimas de restrição,<br />
desnaturação de DNA, derretimento<br />
de ágar, conservação de amostras, estudos<br />
de coagulação, hibridização in<br />
situ, análises enzimáticas entre outras<br />
aplicações.<br />
O novo banho seco 02 Blocos<br />
Kasvi tem um design moderno e<br />
é um equipamento fácil de operar<br />
controlado por microprocessador<br />
com tela de LED. Garante<br />
rápido aquecimento com estabilidade<br />
e precisão na temperatura<br />
das amostras. Utiliza blocos¹ de<br />
aquecimento intercambiáveis<br />
para atender as mais variadas<br />
aplicações biológicas. Com capacidade<br />
para microplacas e<br />
tubos de centrifugação. São<br />
moldados em liga de alumínio,<br />
garantindo uma transferência<br />
eficaz de calor.<br />
• Exibição da temperatura em tempo<br />
real e contagem regressiva<br />
• Fácil substituição do bloco, tornando<br />
a limpeza e desinfecção mais fáceis;<br />
• Detecção automática de falhas e<br />
função de alarme;<br />
• Dispositivo de proteção contra excesso<br />
de temperatura embutido.<br />
¹ Blocos vendidos separadamente.<br />
Produtos não passíveis de regulamentação<br />
na ANVISA.<br />
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Kasvi<br />
0800 726 0508<br />
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Em Foco<br />
MARCA LÍDER NO MERCADO EUROPEU AGORA NO BRASIL.<br />
UMA EXCLUSIVIDADE LABORCLIN.<br />
No início do ano de 2020, o grupo<br />
Solabia adquiriu a Laborclin,<br />
criando sinergias que resultaram<br />
em um portfólio completo de<br />
soluções em microbiologia. A<br />
Laborclin agora incorpora em seu<br />
portfólio a marca Biokar.<br />
Líder absoluto em seu segmento,<br />
é a divisão de microbiologia<br />
do grupo Solabia, dedicada ao<br />
desenvolvimento, produção e<br />
comercialização de meios de<br />
cultura desidratados, suplementos<br />
e kits de detecção para laboratórios<br />
de microbiologia. Com presença<br />
em mais de 50 países, a BIOKAR<br />
adquiriu reputação internacional<br />
pela qualidade de seus produtos<br />
e soluções inovadoras. Sendo um<br />
dos principais produtores globais<br />
em meios de cultura desidratados e<br />
meios pronto para uso.<br />
O grupo tem sua matriz sediada na<br />
região de Paris, quatro unidades<br />
de produção e dois centros de<br />
pesquisa e desenvolvimento em um<br />
raio de menos de 80 quilômetros.<br />
Conta também com duas outras<br />
unidades de produção e um centro<br />
de pesquisa, desenvolvimento<br />
e inovação situados na cidade<br />
de Maringá/PR – Brasil. Com o<br />
respaldo de quase 50 anos de<br />
experiência, a Solabia ocupa uma<br />
posição de liderança no mercado<br />
de Peptona em todo o mundo<br />
possuindo mais de 70% da fatia de<br />
mercado europeu.<br />
Laborclin<br />
Contato: comercial@laborclin.com.br<br />
Tel.: 41 3661 9001<br />
www.laborclin.com.br<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
43
Em Foco<br />
UM PASSO EM DIREÇÃO A UM TESTE NÃO INVASIVO<br />
PARA MONITORAR PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA<br />
44<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Os pesquisadores demonstram o<br />
potencial do uso de análise de saliva<br />
para prever surtos em pessoas com<br />
insuficiência cardíaca, o que poderia<br />
ajudá-los a viver mais e melhor.<br />
Pelo menos 26 milhões de pessoas<br />
em todo o mundo vivem atualmente<br />
com insuficiência cardíaca - e espera-se<br />
que esses números aumentem<br />
dramaticamente no futuro.<br />
Quando uma pessoa desenvolve insuficiência<br />
cardíaca pela primeira vez,<br />
seu corpo passa por várias mudanças<br />
fisiológicas para tentar compensar.<br />
Mas, eventualmente, seu corpo não<br />
consegue mais acompanhar e eles co-<br />
meçam a sentir sintomas como falta<br />
de ar e fadiga. Sua condição vai piorar<br />
progressivamente com o tempo - e<br />
cerca de quatro em cada dez pacientes<br />
não sobreviverão por mais de cinco<br />
anos após o diagnóstico.<br />
Uma pessoa que vive com insuficiência<br />
cardíaca pode apresentar insuficiência<br />
cardíaca aguda, que geralmente<br />
requer internação hospitalar.<br />
Se os médicos pudessem prever com<br />
segurança um surto iminente, seria<br />
possível evitar que isso acontecesse -<br />
melhorando a qualidade de vida das<br />
pessoas que vivem com insuficiência<br />
cardíaca e, potencialmente, prolongando<br />
suas vidas.<br />
Um teste não invasivo<br />
Em um novo estudo, publicado na Scientific<br />
Reports, os pesquisadores realizam um<br />
estudo piloto para investigar a viabilidade<br />
de monitorar pacientes com insuficiência<br />
cardíaca por meio de testes de saliva. 1<br />
Os pesquisadores desenvolveram um<br />
novo método para medir simultaneamente<br />
a concentração de dois biomarcadores<br />
potenciais - 8-isoPGF2α e cortisol<br />
- na saliva. Isso envolveu a combinação<br />
de microextração por sorvente empacotado<br />
(MEPS) com cromatografia líquida<br />
de ultra-alto desempenho acoplada a<br />
espectrometria de massa triplo-quadrupolo<br />
de ionização por eletrospray (UHPL-<br />
C-ESI-MS / MS).
Em Foco<br />
Eles demonstraram que esta abordagem<br />
forneceu recuperação satisfatória (95-<br />
110%) e um limite de detecção adequado<br />
(10pg / ml) em amostras de saliva.<br />
Monitorando Pacientes com Insuficiência<br />
Cardíaca<br />
A equipe então realizou um estudo<br />
piloto em amostras de saliva de 44<br />
pacientes com insuficiência cardíaca<br />
que foram hospitalizados devido a<br />
um surto. Eles usaram procedimentos<br />
validados para monitorar um painel<br />
de candidatos a biomarcadores para<br />
insuficiência cardíaca - lactato, ácido<br />
úrico, TNF-α, cortisol, α-amilase e<br />
8-isoPGF2α - coletados em horários<br />
regulares durante sua internação.<br />
Eles mediram a concentração de TN-<br />
F-α com um ensaio imunoenzimático<br />
(ELISA) usando água ultrapura obtida de<br />
um sistema de purificação de água de laboratório<br />
ELGA PURELAB®, minimizando<br />
o risco de introdução de contaminantes<br />
que podem afetar seus resultados.<br />
Seus resultados identificaram que<br />
cerca de 70% dos pacientes apresentaram<br />
pelo menos uma diminuição<br />
de 3 vezes de dois biomarcadores -<br />
8-isoPGF2α e lactato - em sua saliva<br />
no momento da alta hospitalar, o<br />
que está provavelmente relacionado<br />
a uma melhora nos sintomas clínicos<br />
devido ao tratamento. Supondo que<br />
altas concentrações salivares desses<br />
dois produtos químicos se acumulem<br />
progressivamente na saliva ao longo<br />
do tempo, seu monitoramento pode<br />
fornecer um alerta precoce de insuficiência<br />
cardíaca aguda.<br />
Prevenção de chamas<br />
Este estudo identifica 8 – isoPGF2α e<br />
lactato como possíveis biomarcadores<br />
não invasivos para monitoramento da<br />
insuficiência cardíaca - e que a análise<br />
da saliva tem aplicações potenciais na<br />
prática clínica.<br />
Se esses biomarcadores forem validados<br />
em estudos futuros, isso pode<br />
abrir caminho para o desenvolvimento<br />
de novos dispositivos de detecção<br />
que podem ser usados em casa para<br />
ajudar a prevenir surtos em pacientes<br />
com insuficiência cardíaca - melhorando<br />
e possivelmente prolongando<br />
suas vidas.<br />
Por que escolher ELGA LabWater?<br />
ELGA LabWater é um nome confiável<br />
em água pura e ultrapura desde 1937.<br />
Acreditamos em dar a você a escolha<br />
de como usar nossas soluções de purificação<br />
de água, apoiadas por um<br />
serviço e suporte excelentes.<br />
Reference:<br />
1. Ghimenti S., et al. Salivary lactate<br />
and 8–isoprostaglandin F2α as potential<br />
non–invasive biomarkers for<br />
monitoring heart failure: a pilot study.<br />
Sci Rep (2020):10;7441. https://doi.<br />
org/10.1038/s41598-020-64112-2<br />
Sobre a Veolia<br />
O grupo Veolia é a referência mundial<br />
em gestão otimizada dos recursos.<br />
Presente nos cinco continentes<br />
com mais de 171000 colaboradores,<br />
o Grupo concebe e implementa<br />
soluções para a gestão da água, dos<br />
resíduos e da energia, que fomentam<br />
o desenvolvimento sustentável<br />
das cidades e das indústrias. Com<br />
suas três atividades complementares,<br />
Veolia contribui ao desenvolvimento<br />
do acesso aos recursos, à<br />
preservação e renovação dos recursos<br />
disponíveis.<br />
Em 2018, o grupo Veolia trouxe<br />
água potável para 95 milhões<br />
de habitantes e saneamento para<br />
63 milhões, produziu cerca de 56<br />
milhões de megawatt/hora e valorizou<br />
49 milhões de toneladas<br />
de resíduos. Veolia Environnement<br />
(Paris Euronext : VIE) realizou em<br />
2018 um faturamento consolidado<br />
de 25,91 bilhões de euros.<br />
www.veolia.com<br />
Para mais informações:<br />
Tel. +55 11 3888-8782<br />
Rafaela.rodrigues@veolia.com<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
45
Em Foco<br />
DMA-80 EVO É SÉTIMA GERAÇÃO DE ANALISADORES<br />
DE MERCÚRIO DA MILESTONE<br />
O DMA-80 evo é sétima geração<br />
de analisadores de mercúrio da<br />
Milestone. O espectrofotômetro de<br />
feixe duplo garante determinação<br />
precisa de mercúrio, mesmo no nível<br />
de ppt. Esta maior estabilidade do<br />
sinal melhora a reprodutibilidade e a<br />
confiabilidade da análise, mesmo em<br />
baixas concentrações.<br />
O sistema de determinação de mercúrio<br />
DMA-80 pode analisar qualquer<br />
matriz (sólida, líquida ou gasosa) sem<br />
qualquer pré-tratamento ou adições<br />
químicas em apenas 6 minutos em<br />
total conformidade com o método<br />
EPA 7473. Com milhares de unidades<br />
instaladas pelo mundo, o DMA-80<br />
evo atende perfeitamente uma ampla<br />
gama de aplicações: ambiental,<br />
energia, alimentar, indústria cimentícia,<br />
cosméticos, agricultura, mineração e<br />
petroquímica.<br />
DMA-80 evo Dualcell com feixe<br />
simples<br />
Com configuração mais enxuta, este<br />
modelo da linha DMA-80 evo possui<br />
espectrômetro de feixe simples e<br />
caminho ótico composto por duas<br />
celas. Com limite de detecção de 0,003<br />
ng possui faixa de trabalho entre 0,01<br />
e 1500 ng de Hg. Com precisão típica<br />
de 1% na faixa de 10 ng de Hg.<br />
DMA-80 evo Dualcell com feixe duplo<br />
Com espectrômetro de feixe duplo<br />
e caminho ótico composto de duas<br />
celas o modelo DMA-80 evo Dualcell<br />
com feixe duplo possui limite de<br />
detecção de 0,001 ng possui faixa de<br />
trabalho entre 0,01 e 1500 ng de Hg.<br />
Com precisão típica de 1% na faixa de<br />
5 ng de Hg.<br />
46<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
DMA-80 evo Tricell com feixe duplo<br />
Modelo de maior sensibilidade<br />
da linha DMA-80 evo, possui<br />
espectrômetro de feixe duplo e<br />
caminho ótico composto de três celas.<br />
Com limite de detecção de 0,0003 ng<br />
possui faixa de trabalho entre 0,003 e<br />
1500 ng de Hg. Com precisão típica de<br />
1% na faixa de 1 ng de Hg.
Em Foco<br />
Em Foco<br />
UMA HISTÓRIA DE VALOR E CONFIANÇA<br />
Os Padrões de Referência desempenham<br />
um papel fundamental para<br />
sociedade garantindo a acessibilidade<br />
e qualidade dos medicamentos<br />
fabricados e entregues a população<br />
mundial.<br />
A USP (United States Pharmacopeia)<br />
trabalha sempre em conformidade com os<br />
requisitos de qualidade exigidos pelos órgãos<br />
oficiais com alto rigor científico. As normas de<br />
qualidade para os produtos farmacêuticos e<br />
alimentícios exigem análises comparativas<br />
constantes, utilizando diversas técnicas como<br />
cromatografia, espectrofotometria, espectrometria<br />
e testes de desempenho. Portanto, a<br />
qualidade e consistência dos Padrões de<br />
Referência são crucias para alcançar resultados<br />
cientificamente válidos.<br />
Comemorando 200 anos desde sua fundação,<br />
a USP faz a diferença ao redor do mundo<br />
construindo parcerias duradoras, sustentáveis<br />
e pautadas na ética para mostrar que a<br />
qualidade de vida das pessoas é um pilar<br />
insubstituível em seu DNA. A LAS do Brasil<br />
tem orgulho em fazer parte dessa rede de<br />
parceiros, sendo o canal autorizado para<br />
distribuição de seus materiais no Brasil.<br />
Reconhecida por trabalhar com produtos e<br />
serviços de alta qualidade, a parceria com a<br />
USP proporcionou a LAS entendimento sobre a<br />
importância e responsabilidade do uso de<br />
Padrões de Referência para garantir o acesso da<br />
população a medicamentos, alimentos e<br />
suplementos de qualidade no Brasil.<br />
Responsável por todas as etapas que envolvem<br />
a distribuição confiável dos Padrões de<br />
Referência da USP em nossos clientes, com<br />
cobertura para todo território nacional,<br />
atendendo os requisitos exigidos pelos órgãos<br />
anuentes para transporte seguro de cada<br />
substância, a LAS vem cumprindo sua missão<br />
em garantir que os laboratórios brasileiros<br />
tenham acesso a confiança, credibilidade e o<br />
respaldo na utilização dos autênticos Padrões<br />
da USP.<br />
1820<br />
1905<br />
Farmacopeia dos Estados Unidos Biológicos<br />
1908<br />
Acessibilidade Mundial<br />
00<br />
Desde a concepção da USP em 1820, milhões<br />
de pessoas no mundo podem confiar nos<br />
medicamentos por causa de seus padrões de<br />
qualidade.<br />
A Lei de Controle de Produtos Biológicos de<br />
1902 (The Biologics Control Act) levou à<br />
primeira monografia de biológicos da USP,<br />
sobre Antitoxina Diftérica, que ajudou a<br />
restaurar a confiança nos medicamentos, após<br />
13 mortes associadas à antitoxina diftérica<br />
contaminada.<br />
A tradução dos padrões documentais da USP os<br />
tornou acessíveis a países de todo o mundo,<br />
permitindo que seus cidadãos confiassem na<br />
qualidade de seus medicamentos.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
47
Em Foco<br />
Em Foco<br />
1944<br />
Segunda Guerra Mundial<br />
1969<br />
Reconhecimento Global<br />
1980<br />
Divulgação da USP-NF<br />
USP, FDA, Institutos Nacionais de Saúde (NIH -<br />
National Institutes of Health) e a Diretoria de<br />
Produção para a Guerra (War Production<br />
Board) conseguiram desenvolver rapidamente<br />
padrões para penicilina que permitissem sua<br />
produção em massa - uma prioridade para o<br />
tratamento da sepse.<br />
27 países reconheciam os padrões da USP.<br />
Hoje, 140 países ao redor do mundo<br />
reconhecem os padrões da USP.<br />
USP e NF são publicadas em um só volume em<br />
1980, contendo 2.709 monografias.<br />
1990<br />
1992 2001<br />
Suplementos Alimentares USP e USAID<br />
Revendedora USP<br />
À medida que mais pessoas incluíam<br />
suplementos alimentares como parte de um<br />
estilo de vida saudável, a USP reconheceu a<br />
necessidade de manter a qualidade dos<br />
mesmos e começou a explorar padrões para<br />
combinações de multivitaminas e minerais<br />
como suplementos nutricionais.<br />
A USP e a Agência para o desenvolvimento<br />
internacional (USAID - Agency for International<br />
development) começam uma relação colaborativa<br />
de mais de 25 anos para avaliar programas<br />
de fontes de informação sobre medicamentos<br />
em países em desenvolvimento.<br />
A LAS do Brasil surgiu frente a necessidade<br />
da Indústria Farmacêutica na obtenção facilitada<br />
e confiável de insumos analíticos.<br />
Desde 2001 nossos clientes possuem acesso a<br />
serviços de qualidade no atendimento<br />
comercial, importação e entrega de padrões<br />
USP no Brasil.<br />
2004<br />
2005-08<br />
Distribuidor Oficial USP Índia, USP China, USP Brasil<br />
2020<br />
USP e LAS - Uma parceria de sucesso<br />
<strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
48 00<br />
<strong>Revista</strong><br />
A LAS é reconhecida pela USP como distribuidora<br />
oficial de seus Padrões de Referência em<br />
todo território brasileiro.<br />
Instalações globais são inauguradas em<br />
Hyderabad, Índia (2006); Shangai, China<br />
(2007) e São Paulo, Brasil (2008).<br />
Comemorando os 200 anos da USP, a LAS do<br />
Brasil completa 16 anos como seu distribuidor<br />
autorizado em todo território nacional, buscando<br />
sempre soluções inovadoras e a excelência no<br />
atendimento de nossos clientes garantindo a<br />
entrega de autênticos Padrões USP.
Em Foco<br />
200<br />
years of building<br />
trust<br />
Em 1820, onze médicos<br />
tomaram medidas para proteger<br />
os pacientes de medicamentos<br />
de baixa qualidade. Eles formaram<br />
a Farmacopeia dos EUA (USP).<br />
Neste ano de 2020 a USP comemora 200 anos de história, assumindo a<br />
liderança global na construção da confiança em Medicamentos e<br />
Suplementos Alimentares, por meio de normas e Padrões de Referência<br />
públicos que ajudam a melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo.<br />
Saiba mais sobre essa<br />
trajetória acessando o site<br />
através do QR Code:<br />
+55 62 3085-1900 | comercial@lasdobrasil.com.br<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
49
Em Foco<br />
O QUE HÁ DE MELHOR DISPONÍVEL NO MERCADO<br />
DE INSUMOS PARA LABORATÓRIOS<br />
externos ou com substâncias tóxicas presentes nos<br />
componentes do tubo. Disponível com duas opções<br />
de fechamento, tampa com rosca interna ou externa,<br />
para as diferentes aplicações do usuário.<br />
TUBOS PARA CADA UM DOS<br />
SEUS PROCESSOS<br />
De pesquisas para o desenvolvimento de<br />
vacinas e outras soluções para a saúde, ao desenvolvimento<br />
de novos produtos para diversos<br />
segmentos da indústria. Não é novidade que laboratórios<br />
biológicos têm que estar preparados<br />
para atender a processos diversos, além de prezar<br />
por altos padrões de qualidade para alcançar<br />
resultados realmente confiáveis.<br />
Por isso, atualmente o mercado oferece uma<br />
variedade de insumos cada vez mais abrangente,<br />
com características desenvolvidas especialmente<br />
para cada aplicação, escala de produtividade,<br />
que garantam qualidade e eficiência nos resultados<br />
e até mesmo o melhor aproveitamento do<br />
espaço físico do laboratório.<br />
Especificamente, quando o assunto é tubos,<br />
essa variedade também é enorme, desde os<br />
formatos, tamanhos e cores, já que se trata de<br />
um material versátil e que auxilia na realização<br />
de diversos processos laboratoriais.<br />
Tubos para PCR<br />
Microtubos de polipropileno que apresentam<br />
paredes mais finas para uma excelente transferência<br />
de calor durante amplificações gênicas.<br />
São utilizados diretamente nos termocicladores<br />
e permitem a maior flexibilidade no número de<br />
amostras trabalhadas.<br />
Uma vez que são destinados ao uso com materiais<br />
genéticos, é essencial que estes tubos sejam<br />
validados quanto a ausência de DNases, RNases<br />
e outros materiais genéticos, pois estes materiais<br />
podem interferir nos resultados obtidos.<br />
A versão em tiras (strip) facilita o manuseio<br />
de várias amostras e tem grande aplicação para<br />
testes de PCR, método considerado como padrão<br />
ouro no diagnóstico de infecção por COVID-19.<br />
Tubos de reação<br />
Muito utilizados para volumes de 0,5 a 2 mL,<br />
são microtubos com ampla resistência química e<br />
térmica, ideais para diversas aplicações em ensaios<br />
laboratoriais como: preparo de amostras,<br />
diluição de compostos, alíquotas de materiais.<br />
Atualmente também são utilizados para o<br />
transporte e armazenamento de amostras de<br />
pacientes com suspeita de COVID-19, devido à<br />
sua segurança e vedação. O uso de tubos produzidos<br />
com materiais com alto grau de esterilidade<br />
e certificações de qualidade conferem maior<br />
segurança aos resultados obtidos no diagnóstico<br />
da doença. Os criotubos com as certificações CE e<br />
IVD (in vitro diagnostic product), que garantem<br />
esse alto grau de esterilidade, grau farmacêutico<br />
e grau médico, podem ser encontrados como<br />
parte do portfólio da Greiner Bio-One e, assim<br />
como os tubos de polipropileno, tubos de PCR e<br />
tubos de reação, são livres de detecção de DNase,<br />
RNase, DNA humano e não são pirogênicos.<br />
Além da variedade e padrões que asseguram<br />
a qualidade dos seus produtos, a empresa de<br />
origem austríaca, presente hoje em mais de<br />
100 países, também conta com uma equipe de<br />
especialistas para dar suporte técnico aos seus<br />
clientes em instituições de serviços e pesquisa<br />
para a saúde de todo o Brasil.<br />
50<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
Tubos de polipropileno<br />
A alta resistência térmica, química e mecânica<br />
conferida pelo polímero polipropileno torna estes<br />
tubos ideais para aplicações diversas em laboratórios<br />
clínicos e de pesquisa básica. Com capacidade<br />
de armazenamento de 15 ou 50 mL, estes tubos<br />
apresentam base em formato cônico que facilita<br />
o manuseio das amostras e a precipitação de material<br />
durante o procedimento de centrifugação,<br />
por exemplo. Além do formato cônico, alguns<br />
tubos apresentam uma base de sustentação que<br />
permite apoiá-los em superfícies planas durante o<br />
procedimento ou armazenamento.<br />
Atualmente são utilizados também para o<br />
transporte de Swab de amostras nasais orofaríngeas<br />
de pacientes com suspeita de COVID-19.<br />
As versões com tampas acopladas facilitam o<br />
manuseio durante a rotina experimental, enquanto<br />
os microtubos com tampa de rosca são mais<br />
indicados para o armazenamento de amostras e<br />
substâncias com maior vedação e proteção. Para<br />
materiais e amostras fotossensíveis é possível optar<br />
por tubos de reação de cor âmbar.<br />
Criotubos<br />
Fabricados em polipropileno, estes tubos são<br />
próprios para o armazenamento de amostras de<br />
células, tecidos, fluidos corporais e microrganismos<br />
em baixas temperaturas, como em freezers<br />
e na fase gasosa do nitrogênio.<br />
A qualidade do plástico é de extrema importância<br />
para assegurar a proteção do material armazenado,<br />
sem causar contaminações por microrganismos<br />
Confira estes e outros produtos para COVID-19<br />
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de saúde em<br />
gerais<br />
todo<br />
de<br />
para<br />
autoridades<br />
ajudar os<br />
de<br />
profissionais<br />
saúde em todo<br />
de saúde<br />
Prevenção a escolher e Controle a proteção de respiratória Doenças (ECDC, as instruções na sigla em de inglês), uso do a fabricante AnsellCARES e a<br />
o mundo,<br />
e não<br />
incluindo<br />
inclui todas<br />
a Organização<br />
as opções. Consulte<br />
Mundial<br />
o da mundo, Saúde (OMS) incluindo e Centro a Organização Europeu de<br />
desenvolveu este guia prático para ajudar os profissionais de saúde a escolher a proteção respiratória adequada<br />
Mundial necessária da para Saúde o trabalho (OMS) e realizado do Centro em adequada hospitais, clínicas, necessária asilos para de o idosos trabalho ou na política comunidade. e procedimentos de suas instalações<br />
com relação à proteção respira-<br />
Europeu de Prevenção e Controle de realizado em hospitais, clínicas, asilos<br />
Esta lista é um guia de consulta rápida e não inclui todas as opções. Consulte as instruções de uso do fabricante e a<br />
Doenças (ECDC, na sigla em inglês), de idosos ou na comunidade.<br />
tória específica para o seu ambiente.<br />
política e procedimentos de suas instalações com relação à proteção respiratória específica para o seu ambiente.<br />
MÁSCARAS MÉDICAS<br />
RESPIRADORES FACIAIS FILTRANTES<br />
Bactérias e<br />
vírus<br />
Bactérias e<br />
vírus<br />
Gotículas<br />
Respingos<br />
Gotículas<br />
Respingos<br />
TIPO II<br />
TIPO IIR<br />
PFF1<br />
PFF2<br />
PFF3<br />
Tipos de máscara<br />
Protege o usuário<br />
contra agentes<br />
infecciosos<br />
provenientes do<br />
nariz e da boca<br />
Protege o usuário contra<br />
agentes infecciosos<br />
provenientes do nariz e da<br />
boca e respingos ou líquidos<br />
potencialmente contaminados<br />
Filtra 80%<br />
do material<br />
particulado<br />
transportado<br />
pelo ar<br />
Filtra 94% do material<br />
particulado transportado<br />
pelo ar.<br />
A OMS recomenda a<br />
proteção FPFF2 ou maior<br />
quando se aconselha o<br />
uso de respiradores faciais<br />
filtrantes<br />
Proteção<br />
máxima. Filtra<br />
99% do material<br />
particulado<br />
transportado pelo<br />
ar<br />
Evita a disseminação da COVID-19<br />
pelo usuário √ √ √ √ √<br />
O usuário necessita de alta<br />
proteção filtrante contra<br />
partículas expelidas<br />
Partículas expelidas devem ser<br />
contidas quando se necessita de<br />
resistência ao fluido<br />
√ √ √ √<br />
√ √ √ √<br />
O usuário necessita de proteção<br />
respiratória estanque e vedada √ √ √<br />
O usuário necessita de proteção<br />
respiratória estanque e vedada<br />
ao realizar procedimentos que<br />
geram aerossóis<br />
√ √*<br />
52<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
LEMBRE-SE:<br />
LEMBRE-SE:<br />
• Certifique-se de sempre cumprir<br />
os de regulamentos respiradores faciais das filtrantes. autoridades de<br />
saúde pública locais relacionados às<br />
orientações sobre a utilização e seleção<br />
de equipamentos de proteção<br />
individual (EPIs) para combater a<br />
pandemia da COVID-19.<br />
• Siga as orientações recomendadas<br />
para conservação da máscara a fim de<br />
preservar os EPIs dos profissionais de<br />
saúde da linha de frente e garantir que<br />
o fornecimento adequado com base no<br />
nível de risco esteja disponível. A ECDC<br />
recomenda que seja utilizada uma<br />
máscara médica em caso de escassez<br />
de respiradores faciais filtrantes.<br />
*A ECDC recomenda que durante procedimentos<br />
de geração de aerossóis se<br />
utilize sempre um respirador PFF3. Relatório<br />
técnico da ECDC: orientação para<br />
o uso e remoção de equipamentos de<br />
proteção individual em ambientes de<br />
saúde para o atendimento de pacientes<br />
com suspeita ou confirmação de CO-<br />
VID-19, fevereiro de 2020.<br />
• Certifique-se de sempre cumprir os regulamentos das autoridades de saúde pública locais relacionados às orientações sobre a utilização e seleção de<br />
equipamentos de proteção individual (EPIs) para combater a pandemia da COVID-19.<br />
• Siga as orientações recomendadas para conservação da máscara a fim de preservar os EPIs dos profissionais de saúde da linha de frente e garantir que<br />
o fornecimento adequado com base no nível de risco esteja disponível. A ECDC recomenda que seja utilizada uma máscara médica em caso de escassez<br />
* A ECDC recomenda que durante procedimentos de geração de aerossóis se utilize sempre um respirador PFF3. Relatório técnico da ECDC: orientação para o uso e remoção de equipamentos de proteção<br />
individual em ambientes de saúde para o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, fevereiro de 2020
Em Foco<br />
COVID-19: UM GUIA PRÁTICO PARA ESCOLHER A PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA<br />
Recomendações importantes da<br />
OMS sobre o uso de máscaras*<br />
durante a pandemia da COVID-19<br />
1<br />
Usar uma máscara médica é uma das<br />
medidas preventivas que podem limitar a<br />
disseminação de determinadas doenças<br />
respiratórias virais, incluindo a COVID-19<br />
2 3 4<br />
Independente de se utilizar máscaras ou<br />
não, é fundamental obedecer ao máximo<br />
as medidas de higiene das mãos e outras<br />
medidas de controle de proteção contra<br />
infecções para prevenir a transmissão<br />
entre pessoas<br />
Os profissionais de saúde devem usar um<br />
respirador de partículas com um padrão<br />
mínimo PFF2 da União Europeia (UE),<br />
N95 certificado pelo Instituto Nacional de<br />
Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH,<br />
na sigla em inglês) ou equivalente<br />
ao avaliar ou administrar um caso<br />
confirmado de COVID-19<br />
Siga as orientações de descarte que<br />
incluem a troca recomendada, a remoção<br />
de máscaras por trás e o descarte<br />
imediato em recipientes fechados<br />
O uso de máscara é recomendado em ambientes ao ar livre, inclusive no transporte coletivo e ao pegar<br />
carona, ou em outras áreas de exposição densamente povoadas para limitar a disseminação<br />
*Para ver as recomendações da OMS sobre o uso de máscaras no contexto da COVID-19, faça o download do arquivo PDF aqui<br />
Aviso legal: dada a novidade deste coronavírus, as recomendações das referências de origem são provisórias e consultivas por natureza e se baseiam no conhecimento atual da situação.<br />
*Para ver as recomendações da OMS sobre o uso de máscaras no contexto da COVID-19,<br />
www.ansell.com<br />
faça o download do arquivo PDF aqui<br />
Ansell, ® e são marcas registradas da Ansell Limited ou de uma de suas afiliadas. © 2020 Todos os direitos reservados.<br />
Aviso legal: dada a novidade deste coronavírus, as recomendações das referências de origem são provisórias<br />
e consultivas por natureza e se baseiam no conhecimento atual da situação.<br />
www.ansell.com<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2020<br />
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DESDE 2000<br />
Conceito de qualidade em Microbiologia<br />
Novas e modernas instalações<br />
Equipe capacitada e comprometida<br />
Acreditações: REBLAS / CGCRE-INMETRO /ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017<br />
comercial@bcq.com.br - www.bcq.com.br - TEL.: 55 11 5083-5444