You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
LUSITANO
de
ZURIQUE
[ NOVEMBRO 2021 | Edição Nº. 282 | ANO XXVII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]
Cörte-Real
TRINTA ANOS
DEDICADOS
À MÚSICA
Pág. 26
© joaquim galante
-
EDITORIAL
Comunidade
História
Economia
A problemática da Pandemia e
os seus efeitos.
Pág.3
1º Oktoberfest no Centro Lusitano
de Zurique. Pág. 5
Guerra colonial portuguesa: a nossa
bazuca destruidora. Pág. 16
Empresas suíças enfrentam
problemas nas cadeias de
abastecimento. Pág. 40
LUSITANO
de
ZURIQUE
EQUIPA EDITORIAL
EDITORIAL
Director: Armindo Alves
Jornalista CC15 A
Director-adjunto: Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
Email: lusitano@gmail.com
COLABORADORES
Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,
Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães, Cristina
F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco, Costa
Guimarães, Ivo Margarido, Jeremy da Costa, Joana
Araújo, Joaquim Galante, Jorge Macieira, Manuel
Araújo, Maria dos Santos, Maria José Praça, Natascha
D´Amore, Nelson Lima, Nelson Mateus, Pedro
Nogueira, Rosa Moreira
EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO
Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
Email: manuel.araujo@protonmail.ch
PUBLICIDADE
Tel.: 079 222 09 14
Email: pub.lusitano@gmail.com
IMPRESSÃO
Diário do Minho - Braga
Tiragem: 3000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
NOTA IMPORTANTE:
Os artigos assinados reflectem tão-somente
a opinião dos seus autores e não vinculam
necessariamente a direcção desta revista.
Apoio
Por discordância, esta publicação
não adopta, nem respeita as normas
do novo inútil Acordo Ortográfico.
Volkswagen Service
Für Sie spielen wir
die erste Geige
Somos Wir sind o Ihr seu Partner parceiro für Reparatur reparações und Service e serviços.
O seu Bei uns Volkswagen ist Ihr está in festen em Händen. boas mãos All unsere connosco. Leistungen sind Todos speziell os auf Sie nossos
und Ihren Volkswagen abgestimmt. Wir garantieren Ihnen eine fachgerechte und preiswerte
Wartung sowie Betreuung in Ihrer Nähe.
serviços são feitos sob medida para si e para o seu Volkswagen.
Nós garantimos-lhe na sua área, manutenção e suporte profissional
acessível. Damit Ihr Volkswagen ein Volkswagen bleibt.
Para que seu Volkswagen continue sendo um Volkswagen.
Garage Mutschellen AG
Bernstrasse
Bernstrasse
4,
4,
8965
8965
Berikon
Berikon
Tel.
Tel.
056
056
633
633
15
15
79,
79,
www.garagemutschellen.ch
www.garagemutschellen.ch
MEDO
É muito MAIS
PERIGOSO
QUE O CORONA
VÍRUS
Cumpra as regras e
NÃO TENHA MEDO,
4 NÃO COMUNIDADE FIQUE EM CASA
ANGST
istgefährlicher
als das Corona
VIRUS
Halten sie sich an die regeln und
HABEN SIE KEINE ANGST,
BLEIBEN SIE NICHT ZU HAUSE
Armindo Alves
DIRECTOR
JORNALISTA CC15 A
Desde os últimos anos, constatamos
que muitos emigrantes
regressam ao nosso país.
Podemos dizer serem três grupos de
pessoas que regressam a Portugal.
O primeiro grupo, são aqueles que
deixaram Portugal na década 80 e regressam
agora para gozarem a merecida
reforma que conseguiram no país
onde trabalharam uma vida. Quase
todos regressam, porque sabem que
essa reforma para viver na Suíça seria
escassa, mas para viver no nosso país,
é ainda suficiente.
Depois temos o grupo dos recém-chegados,
aqueles que não se adaptaram
a viver no país de acolhimento por
várias razões e aproveitam agora o incentivo
do Governo para um novo recomeço
em Portugal.
DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
Tel.: 079 222 09 14
Email: armindo.alves@garage-
-mutschellen.ch
RANCHO FOLCLÓRICO
Tel.: 079 549 99 10
Email: rancho@cldz.eu
Finalmente o terceiro grupo, o dos
filhos de alguns emigrantes nascidos
aqui e pretendem regressar à
terra dos pais. Procuram lá um estilo
de vida diferente e com melhor
qualidade de vida. Dizem.
Perante a possível dissolução da
Assembleia da República e da
convocação de eleições devido
ao “chumbo” e rejeição do Orçamento
do Estado para 2022, a situação
política em Portugal, está
nebulosa. A juntar a esta crise governativa,
há também as crises internas
no PSD e CDS, onde ambos
procuram um líder capaz de impulsionar
os respectivos partidos.
Sobre a provável queda do Governo,
as opiniões dividem-se. Os partidos
à direita dizem que foi o melhor
que podia acontecer. Outros,
principalmente alguns economistas,
acusam a táctica do Bloco de
Esquerda e do PCP, por permitirem
mais uma vez, abrir o caminho a
um possível regresso da direita ao
Poder, tal como fizeram com o Governo
do Eng. Sócrates, que abriu
as portas à inenarrável “Troica”
que deixou em Portugal marcas
RESTAURANTE (reservas)
Tel.: 044 241 52 15
CURSO DE ALEMÃO
Tel.: 076 332 08 34
profundas na sociedade portuguesa
até agora.
Após a bem-sucedida luta contra
o Covid, a campanha de vacinação,
um “êxito” e exemplo para o
Mundo, com perto de 90% de pessoas
vacinadas, Portugal já dava
sinais de recuperação económica.
Uma crise do Governo numa altura
destas tão delicadas, politólogos
acreditam, que só veio piorar a
situação já ela bastante frágil e a
solução são eleições legislativas o
“mais rápido possível”.
Com o Orçamento de Estado
chumbado, muitas medidas urgentes
e necessárias ficarão sem
efeito, tal como a descida do IRS,
o aumento das pensões dos reformados
e o aumento dos salários,
entre outras.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou
oportunamente para que o Orçamento
de Estado 2022 fosse
viabilizado, mas o seu aconselhamento
foi ignorado.
A “bola”, agora está do lado dele.
PROPRIEDADE
& ADMINISTRAÇÃO
CENTRO LUSITANO
DE ZURIQUE
Risweg, 1
8041 Zurique
Tel.: 044 241 52 15
Email: info@cldz.eu
2 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
3
Estamos abertos de Quarta a Domingo
MOTORES
Carregar um carro eléctrico.
Como funciona?
V ARMINDO ALVES (*)
Todo carro eléctrico possui um carregador com o qual pode ser carregado
em tomadas adequadas. A energia corrente Alternativa (CA)
da tomada da parede é convertida pelo carregador em energia corrente
contínua (CC), que a bateria usa. Hoje, quase todos os carros eléctricos
também têm uma opção de carga rápida por corrente contínua
(DCFC, carga rápida por corrente directa).
Nesse sistema, o carregador está localizado na infra-estrutura de carregamento,
e a energia CC vai directamente do cabo da coluna para a
bateria do carro sem usar o carregador embutido.
O carro e a estação de carregamento comunicam-se entre si para que
o carregamento seja ideal. Existem três "plugues" padrão, diferentes
para carregamento rápido por corrente contínua, os sistemas de acesso
e facturação são versáteis, assim como os modelos de preço.
Perguntas frequentes sobre como
carregar um carro eléctrico
Quanto tempo leva para
carregar um carro eléctri-
co?
A duração de uma carga completa
depende de vários factores de influência.
Além da potência de carga
(em kW), são em particular o tamanho
do dispositivo de armazenamento
de energia (bateria), o calor
gerado durante o processo de carga,
ou a temperatura externa.
A regra é para um alcan-
ce de 100 km:
em casa (com 3,7kW) : 6 horas
Lugares de estacionamento em garagens
subterrâneas, estações de
carregamento públicas (com 11 a
22kW): 1-2 horas
Carregamento acelerado em espaços
públicos (estações de carregamento
maiores, 50kW): 30 minutos.
Estações de carregamento rápido
(150kW): 10 minutos
Carregador rápido de alto desempenho
(350kW): alguns minutos.
Quanto custa uma car-
ga?
Na tarifa alta, os custos de electricidade
para uma carga completa vão
de oito a 10 francos e na tarifa baixa
ronda os quatro a cinco francos.
Existem grandes diferenças de preços
na tarifa pública, o que se explica,
nomeadamente, pela velocidade
de tarifação e pela relação contratual
com o respectivo prestador. É
aconselhável saber os custos antes
de cada transacção de cobrança.
Como é calculada a velocidade
do carrega-
mento?
A velocidade de carregamento indica
quantos quilómetros de alcance
podem ser carregados em uma hora.
É dado em km / h. A velocidade de
carga depende de vários factores: a
potência da estação de carga e a potência
que o carro pode absorver. O
menor valor limita a velocidade de
carregamento.
Como carregar um car-
ro eléctrico em casa?
Existem estações de carregamento
domésticas para melhorar a conveniência
de carregamento e também
para garantir a gestão da carga. Eles
também podem ser conectados a
uma tomada adequada (conceito
plug-and-play) ou instalados permanentemente
e verificados por um
electricista. A conexão de energia
em casa fornece entre 3,7 e 11 kW
de corrente alternada ou, em outras
palavras, um aumento na faixa de 15
a 50 quilómetros por hora.
Como descobrir qual
conexão de um carro
eléctrico?
Podem consultar as devidas marcas
e aconselhamento pessoal. Nas
especificações do veículo você encontrará
os custos de operação, bem
como todas as informações necessárias
sobre o carregamento, as conexões
e a capacidade de carga máxima
permitida do veículo.
Qual é o consumo de
energia de um carro
eléctrico?
O consumo de energia também desempenha
um papel importante.
Um veículo económico continua a
conduzir com menos energia. Para
um carro eléctrico com quatro ou
cinco lugares, pode-se esperar uma
média de 20 kWh / 100 km. Isso
corresponde a cerca de 2 litros de
combustível / 100 km.
Quanto CO₂ emite um
carro eléctrico?
Os carros eléctricos não emitem
poluentes quando em operação. O
fornecimento de electricidade produz
26 g de CO₂ por quilómetro. As
emissões de CO2 para a produção
da bateria são, portanto, compensadas
nos primeiros 20.000 a 40.000
quilómetros (dependendo do local
de produção, tamanho da bateria e
qualidade de energia para a sua produção).
O que é uma carga indu-
tiva?
De momento, há novos desenvolvimentos
na direcção de carregamento
indutivo. O carro pode ser
posicionado sobre um circuito de
indução sem um cabo sendo carregado
automaticamente. Como os
carros passam mais de 95% do tempo
em estacionamentos, a infra-estrutura
também estará lá. Também
estão a ser testados os chamados
robôs de carregamento, que um dia
conseguirão carregar carros eléctricos
independentemente em garagens
de estacionamento.
4 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
5
CO MUNIDADE
No Centro Lusitano de Zurique
JORGE MACIEIRA
No passado dia 9 de Outubro o
Centro Lusitano de Zurique levou a
efeito nas suas instalações a realização
do primeiro festival “Oktoberfest”.
Trata-se de uma iniciativa
inédita, de festejar um dos eventos
que a Suíça há muito Comemora. O
espaço, com uma decoração a rigor
fez juz ao espírito do festival.
Para os mais desatentos a “Oktoberfest”
é um festival de cerveja
com origem em Munique, Alemanha.
Foi criado pelo rei bávaro Luís
I para celebrar o seu casamento
em 1810. A Oktoberfest é também
uma feira de produtos e diversões
celebrada em Munique, no estado
da Baviera, no sul da Alemanha, e
disseminada por vários lugares do
mundo.
Num momento que a pandemia está
mais “estável”, este evento, mesmo
assim, teve uma aderência bastante
significativa que contou com a participação
de mais de cinco dezenas
de participantes.
Muitos dos participantes vestidos a
rigor, com os habituais trajes Dirndl
e Lederhosen que tanto caracterizam
este festival, tiveram uma recompensa
da parte da organização.
6 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
7
Quem quer ser jornalista?
PORTUGUESES
RESIDENTES NO ESTRANGEIRO
NÃO IMPORTA
ONDE ESTÁ.
PUBLICIDADE
COM A CAIXA
FICA MAIS PERTO.
ZÉZÉ FERNANDES
ZÉZÉ FERNANDES
Meus amigos,
quem quer ser jornalista?
Quem me
quer entrevistar. O
que querem perguntar
que nunca
foi respondido?
A revista “Lusitano
de Zurique”, do
Centro Lusitano
de Zurique, convidou-me
para mais
uma entrevista, e
deu-me carta branca
para escolher o
tema.
Como estou a comemorar
os meus
30 anos de carreira,
decidi convidar
os meus amigos a
fazerem as perguntas.
Aceitam?
Basta enviar a pergunta
pelo messenger,
ou email e de
todas elas vamos
escolher as melhores.
Siga que se faz tarde.
Messenger: https://bit.ly/3nsGgWz
E-mail: zezefernandes@sapo.pt
Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
email: geneve@cgd.pt
A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
https://reisebuerofelix.ch
CRÉDITOS
PESSOAIS
- PEDIR UM NOVO
CRÉDITO
- AUMENTAR O CRÉDI-
TO ACTUAL
- COMPRA/TROCA DE
CRÉDITO
CONNOSCO EM QUAL-
QUER SITUAÇÃO.
Publicidade
Andrade Finance GmbH
Créditos & Seguros
Contabilidade Declaração de impostos
SEGUROS CRÉDITOS desde 6.95%
Doença / Krankenkasse * discreto, simples, eficaz
Automóvel *possível a compra do crédito existente
Vida, Jurídico, Acidente * hipotecas - Suiça ( desde 0.6% ) - Portugal
Poupança Reforma 3ª / 3b
Recheio, Responsabilidade Civil Tratamos
Responsabilidade Profissional * Pedidos de reforma
Seguros para empresas * Regresso definitivo para Portugal
Birmensdorferstrasse 55- 8004 Zürich
www.andradefinace.ch info@andradefinance.ch
Tel. 043 811 52 80 Tel. 076 336 93 71
8 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
9
Volkswagen Service
Für Sie spielen wir
die erste Geige
Somos Wir sind o Ihr seu Partner parceiro für Reparatur reparações und Service e serviços.
O seu Bei uns Volkswagen ist Ihr está in festen em Händen. boas mãos All unsere connosco. Leistungen sind Todos speziell os auf Sie nossos
und Ihren Volkswagen abgestimmt. Wir garantieren Ihnen eine fachgerechte und preiswerte
Wartung sowie Betreuung in Ihrer Nähe.
serviços são feitos sob medida para si e para o seu Volkswagen.
Nós garantimos-lhe na sua área, manutenção e suporte profissional acessível.
Damit Ihr Volkswagen ein Volkswagen bleibt.
Para que seu Volkswagen continue sendo um Volkswagen.
Garage Mutschellen AG
Bernstrasse
Bernstrasse
4,
4,
8965
8965
Berikon
Berikon
Tel.
Tel.
056
056
633
633
15
15
79,
79,
www.garagemutschellen.ch
www.garagemutschellen.ch
10 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
11
RECANTOS HELVÉTICOS
Breves
SINDICALISMO
A V MARIA DOS SANTOS
Foi num dia de Outono que
visitei a bonita e histórica
cidade de Fribourg.
As recordações foram muitas, umas
bonitas outras plenas de nostalgia sendo
inevitável sentir as emoções no seu
estado mais puro.
Esta cidade tomada pelo charme dos
habitantes e estudantes tem dois idioma
oficiais, Francês e Alemão.
Foi fundada em 1157 pelo Duque Berthold
IV de Zaehringen. No ano 1218
passa o poder para os Kibourg.
O que nela me fascina é a atmosfera
estudantil, para além da arquitectura
e estórias que fazem parte de cada cidade.
Adoro lendas e descobrir a sua
verdadeira história,fascina - me.
Muitos estudantes procuram nela o
doutoramento ou Master, por ser uma
cidade sobejamente conhecida na sua
vertente universitária.
O Rio Sarine em forma de U que atravessa
a cidade, confere-lhe uma visão
mais romântica, durante a primavera,
verão e outono.
Nela podemos também avistar as várias
pontes que fazem parte da historia
da cidade.
O monumento que mais me prende o
olhar é sem duvida a Catedral de São
Nicolás.
A sua construção começou em 1283 e
terminou em 1490, sendo uma homenagem
ao estilo Gótico.
Sempre que nos passeamos pela cidade
a sua Torre emerge a cada esquina.
Tem oitenta metros de altura e para
atingir o topo temos que subir os 365
degraus duma escadaria em caracol.
Merece o esforço, pois a panorâmica
oferece-nos um olhar privilegiado sobre
toda a cidade.
Nesta Catedral está sediada a principal
diocese de Lausane, Genebra e
Fribourg.
Caso a pense visitar, faça-se acompanhar
por alguém conhecedor pois a
sua história é riquíssima.
Marque também presença no Museu
Gutenberg e acompanhe o percurso
da comunicação e industria gráfica
suíça.
A Ponte Poya é outro ponto de muito
interesse. Foi inaugurada há apenas
sete anos ou seja, em 2014.
Tem cento e noventa e seis metros
suspensa. Uma aventura para ser vivida
ente amigos e família.
Não se deve também perder uma visita
à Ponte de Berna, única ponte coberta
edificada toda em madeira que
data do século XIII.
È de uma beleza ímpar e passeando
sobre ela podemos ver a muralha que
protegia a cidade, hoje monumento
admirável.
A Ponte dedicada à familia de Zähringen
foi construída em 1924. Aqui pode-se
procurar um lugar para uma
deliciosa merenda e desfrutar toda a
paisagem envolvente.
Divirta-se indo até à curiosa Rua das
Esposas. Lá pode deixar-se fotografar
com a imagem da Esposa fiel e visite o
cantinho dos maridos modelos.
Foi aqui que eu disse adeus a esta cidade
maravilhosa e cheia de encanto.
Aproveitei para acariciar a água da
fonte Samaritano, desejando que o
nosso mundo melhore deixando um
abraço de solidariedade para com
aqueles que tudo perderam no Vulcão
que teimosamente persiste em angustiar
a tranquila da Ilha Espanhola de
La Palma.
Votações de 28.11.21: Iniciativa
de Cuidados
Na Suíça, o pessoal de enfermagem já
há muito tempo que trabalha em condições
laborais extremadamente difíceis.
A iniciativa popular „Por cuidados
de enfermagem fortes” (Iniciativa
de Cuidados) quer mudar isto e criar
as bases para um sistema de saúde público
em que as necessidades da população
e do pessoal prevalecem sobre
os interesses económicos. Mobilize
os seus amigos, familiares e colegas
para que, se puderem votar na Suíça,
votem no próximo dia 28 de Novembro
por melhores cuidados de saúde
para todos. Digam SIM à iniciativa e
NÃO à contraproposta! Mais informações
em https://www.unia.ch/de/
kampagnen/pflegeinitiative-ja.
Basta de tráfico de seres
humanos para fins de exploração
laboral
Há muito poucas condenações por
tráfico humano, apesar deste ser um
problema conhecido. Por maltratar
os seus trabalhadores em várias obras
de Genebra, Vaud e Valais entre 2014
e 2017, um empresário da construção
foi condenado no ano passado a 6
anos de prisão. Foi considerado culpado,
entre outros delitos, de tráfico
de seres humanos para fins de exploração
laboral. Este caso ilustra de
que falamos quando nos referimos a
tráfico de seres humanos no âmbito
laboral: jornadas de 10 horas, 6 dias
por semana, alojamento insalubre,
um salário à hora de 6,50 francos, etc.
O que podemos fazer se temos uma
suspeita, perguntas ou incertezas relativamente
a casos de tráfico de seres
humanos? O que devemos fazer? O
Unia colabora com outras organizações
e instituições na luta contra este
grave problema e oferece ampla informação
sobre o tema na sua página
web: Traite des êtres humains - Unia,
le syndicat
Seguro básico de saúde: É
possível mudar de caixa
de saúde
Por estes dias chegou ou chegará a
casa das pessoas residentes na Suíça a
carta da caixa do seguro de saúde informando
sobre os prémios para 2022.
Independentemente de os prémios
aumentarem ou não, todas as pessoas
com um seguro de saúde podem, até
finais de Novembro, rescindir o seu
seguro básico actual e escolher outra
forma de seguro. Por isso, este é
o momento de ver com a caixa actual
se há possibilidades de poupar algum
dinheiro (por exemplo, aumentando a
franquia ou escolhendo outro modelo
de seguro). Também pode solicitar
ofertas a outras caixas de saúde, compará-las
e decidir se quer fazer alterações
ao seguro actual ou mudar de
caixa. Informações sobre os prémios
para 2022, o que tem de fazer para
mudar de caixa, solicitar uma redução
dos prémios, etc., em: https://www.
priminfo.admin.ch/de/praemien.
16 dias de actividades
contra a violência contra
mulheres
Também este ano numerosas organizações
de todo o mundo organizam
diferentes acções para exigir o fim da
violência contra as mulheres. Ao longo
de 16 dias, de 25 de Novembro até
10 de Dezembro, realizam-se cursos,
conferências, workshops, manifestações,
etc., para sensibilizar a opinião
pública sobre a situação das mulheres
e apresentar as suas reivindicações.
Informação sobre as actividades previstas
na Suíça em: https://www.16tage.ch/de/16-aktionstage-7.html
Portugal e Espanha: Formação
para trabalhadores
da construção
Ainda se pode inscrever
Como já anunciámos no último
número do Horizonte, também
em 2022 os trabalhadores da
construção podem aproveitar o Inverno
para fazer a formação sobre
técnicas da construção em Portugal
ou Espanha.
Os cursos de 2022 têm lugar de
3 de Janeiro a 25 de Fevereiro de
2022, em Santiago de Compostela,
Porto e Lisboa. Poderão participar
os trabalhadores que trabalharam
no sector da construção na Suíça
pelo menos 6 meses nos 12 meses
anteriores ao início do curso.
A inscrição deve ser feita até 2 de
Novembro através da empresa. Os
formulários de inscrição podem
ser baixados neste link: https://bit.
ly/3Anq8tK.
Mais informações no seu secretariado
Unia ou através de migration@unia.ch.
12 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
13
POSTAL DO DIA
AGRICULTURA
Como a Ciência desfaz 5 mitos contemporâneos
sobre a produção dos alimentos
CAVACO:
um homem pouco recomendável
LUÍS OSÓRIO (*)
1.— Cavaco Silva voltou a aparecer.
Às vezes, um livro.
Outras vezes, um ajuste de contas.
Contra pessoas, contra a esquerda,
contra a má moeda, contra qualquer
política menos ele próprio – o homem
não se cansa de ajustar contas
com o seu ressentimento.
Conseguem citar-me algum discurso,
alguma frase, alguma linha de algum
discurso que ele fale realmente bem
sobre alguém?
Cavaco apareceu outra vez.
Para diabolizar António Costa.
Para espetar uma faca no pobre Rui
Rio.
Para dar prova de vida.
E sempre que surge – qual D. Sebastião
sem nevoeiro – é como fazer-me
regressar à Feira Popular da minha
infância, a um comboio fantasma de
que tinha pavor por no meu íntimo
achar que poderia ficar preso para
sempre num lugar com gente que me
puxaria para baixo, que me esconderia
da luz, que me assustaria de morte.
2.— Cavaco Silva representa uma
parte da minha vida.
Uma parte da vida do país.
O homem que mais anos esteve no
poder em democracia.
E o homem que ainda hoje, mesmo
tendo em conta esse detalhe, continua
a dizer que não é um político.
O homem que beneficiou de alguns
privilégios conhecidos, mas que continua
a pairar como se lhe devêssemos
alguma coisa, como se lhe tivéssemos
de ir comer à mão.
O homem que tem de si próprio uma
imagem elevada. O mesmo que recusou
o pedido de Salgueiro Maia quando
este, numa carta ao então primeiro-ministro,
lhe pediu uma humilde
pensão. Na verdade, Cavaco nunca
recusou pensão ao herói da liberdade,
para ser verdadeiro nem sequer
lhe respondeu como na altura referiu
a mulher de Salgueiro Maia. A mesma
pensão que deu a dois ex-inspetores
da PIDE poucos meses depois.
O homem que não fez nenhuma declaração
aquando da morte de José
Saramago, nem uma palavra. Uma
vergonha, uma canalhice. Porque Cavaco
era Presidente da República!
3.— Cavaco é uma pessoa pouco recomendável.
E quando regressa, com mais um livro
ou uma entrevista, eu torno a
entrar no comboio fantasma e a ver
uma figura que corporiza o que mais
detesto no ser humano.
Por isso, esta declaração é apenas
mais do mesmo. É coerente e deixa
sempre o sabor azedo de um outro
tempo, o sabor fora de prazo de uma
embalagem que nos recorda que há
coisas que não podemos levar novamente
à boca.
(*) O autor escreve segundo o
Acordo Ortográfico
A CIENTISTA AGRÍCOLA (*)
No Dia Mundial da Alimentação, um
conjunto de entidades ligadas à cadeia
alimentar deixa um repto à sociedade
civil: alimente o seu cérebro
com informação saudável.
Ao assumir este apelo, partilhamos dados
científicos para desfazer alguns mitos sobre
o impacto da produção alimentar no
ambiente. A produção de alimentos, algo
essencial à vida, não pode ser o bode expiatório
da situação ambiental em que se
encontra o planeta, sob pena de causarmos
um problema ainda maior do que o
que temos atualmente. A prosseguirmos
neste caminho, em que parece existir relativamente
à produção de alimentos uma
atitude negacionista, muito semelhante ao
que alguns nichos têm acerca das vacinas
contra a Covid-19, teremos um planeta ambientalmente
doente e repleto de insegurança
alimentar.
É necessária uma educação alimentar e informação
credível para que os consumidores
possam fazer as suas escolhas, de uma
forma livre e consciente.
No sec. XXI, para produzir alimentos também
trabalhamos com ciência. É esse o trabalho
diário do Laboratório Colaborativo
FeedInov, uma associação constituída por
empresas do setor, universidades e entidades
ligadas à investigação, inovação e desenvolvimento.
Para dar um toque de ciência a uma discussão
que é tantas vezes repleta de meras
opiniões, congregámos 5 mitos recorrentes
sobre a produção agropecuária e mais especificamente
sobre a produção de alimentos
de origem animal, tal como informação
científica que os desfaz.
Mito 1: A agricultura animal é responsável
por 20% das emissões de gases com
efeito estufa.
Facto 1: Com base nos dados de 2019 publicados
pelo inventário nacional de emissões,
em Portugal, a agricultura, como um
todo, é responsável por 10,8% do total de
emissões de Gases de Efeitos de Estufa
(GEE). À produção de alimentos de origem
animal, poderemos alocar 7% das emissões
totais de GEE.
-Mito 2: A agricultura animal produz
uma quantidade de GEE equiparáveis à
(*) Rosa Moreira Criadora e Gestora de Conteúdos Agrícolas
soma de todos os meios de transporte: aéreo,
marítimo, automóvel e rodoviário.
Facto 2: Com base nos dados de 2019 publicados
pelo inventário nacional de emissões,
em Portugal, no ano de 2019, o total
de emissão GEE repartiu-se por quatro
grandes categorias: energia – 69,9%; processos
industriais e utilização de produtos
(IPPU) –12,1%; Agricultura – 10,8% e resíduos
– 7,2%. Podemos (e devemos) dividir
o setor energético em diferentes fontes de
emissão, assim: 28% das emissões totais
provêm dos transportes (aéreo, marítimo,
automóvel, rodoviário e caminhos de ferro)
que produzem no total cerca de 22 mil
Kton CO2eq, enquanto agricultura animal
produz 4 mil Kton, 7% do total de emissão
de GEE.
Mito 3: São precisos 4kg de cereais
e outros vegetais para produzir 500 gr de
carne
Facto 3: Os ruminantes, as vacas, por
exemplo, digerem plantas que os humanos
não têm capacidade de digerir – como
a erva, subprodutos da indústria agrícola,
forragens (feno, palha, silagem) entre outros
– reduzindo o que se considera resíduo
e transformando-o em produtos com valor
nutricional para o ser humano: carne, leite
e seus derivados.
Para produzir 1kg de proteína animal são
necessários, em média, 6 kg de proteína
vegetal (de 2 a 10 dependendo das espécies
animais e sistemas de produção), contudo,
cerca de 86% da proteína usada por ruminantes
não é adequada para a alimentação
humana.
Mito 4: A produção animal e a produção
de alimentos para animais ocupam
área que poderia estar a ser utilizada para
produzir alimento para humanos
Facto 4: A ideia de que os animais concorrem
com os Humanos por alimento é
recorrentemente utilizada e, na realidade,
a nível mundial, a produção animal utiliza
cerca de 70% (2,5 biliões de ha) de
área agrícola. No entanto, metade desta
área são pastagens permanentes e áreas
marginais (de montanha, pântano, entre
outros), que não são nem podem ser (por
não têm características para tal) cultivadas
para produção de cereais ou proteaginosas,
e são quase exclusivamente utilizadas
por animais herbívoros (na sua maioria
ruminantes). Os animais que pastam e se
alimentam destas áreas contribuem diretamente
para a produção de alimento de elevado
valor nutricional (carne, leite) a partir
de biomassa não edível. A outra metade da
área agrícola consiste em cerca de 0,7 biliões
de ha de pastagens temporárias que
podem, de facto, ser cultivadas. No entanto,
se tal acontecer, haverá alteração do uso
do solo e perda de serviços de elevado valor
ambiental, como a contribuição para a
manutenção da biodiversidade e das zonas
rurais, que são garantidos enquanto estão
a ser pastoreadas. Uma parte bastante significativa
da área utilizada para alimentar
a produção animal são áreas marginais ou
pastagens que providenciam, além de alimento
aos animais, serviços de ecossistema
que, até ao momento, não são contabilizados.
Mito 5: Uma dieta que contenha produtos
animais é nefasta para a saúde humana
Facto 5: Os estudos que sugerem que uma
dieta vegetariana é “melhor” do que uma
omnívora, têm como referência, na sua
maioria, a comparação com uma má dieta
aoestilo americano (conhecida por Standard
American Diet – SAD) e não consideram
o estilo de vida ou a atividade física.
Na realidade, das poucas vezes que estes
fatores são cruzados, não existe nenhuma
relação entre o consumo saudável de produtos
animais e um risco acrescido para a
saúde.
A destacar, relativamente a este aspeto, o
facto de a alimentação de origem animal
ser a única (além da suplementação direta)
que pode fornecer vitamina B12 aos humanos
e, assim, evitar a anemia por ausência
de ferro, uma vez que outras fontes de ferro
têm fraca absorção.
A este propósito, fará sentido referir que
estudos recentes mostram problemas de
subnutrição em países “desenvolvidos”.
Atualmente na Austrália, cerca de 40% das
raparigas adolescentes entre os 14 e os 18
anos revelam baixos níveis de ingestão de
ferro (Australian Bureau of Statistics, 2021).
Algumas das razões apontadas para esta situação
incluem uma alimentação esporádica
ao longo do dia e dietas restritivas quanto
à inclusão de carne.
Para assinalar o Dia Mundial da Alimentação,
as entidades subscritoras reiteram o
compromisso com os desafios societais, designadamente,
a sustentabilidade, o combate
às alterações climáticas, o bem-estar animal
e o direito a uma alimentação saudável
e disponível para toda a população.
F acientistaagricola - macientistaagricola.pt
14 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
15
CRÓNICA
Por aqui, negoceia-se o Orçamento
de Estado.
O PAN, vai aprovar com a passagem
das entradas nas touradas
a partir dos 16 anos, o PCP
e o Bloco de Esquerda, numa
chantagem inusitada, causam
incerteza e como sempre, a esquerda
não se entende, aliás,
não é novo e a direita, apesar
de moribunda vai ganhando
tempo, para regressar, minando
e aproveitando estas guerras
alheias, mas que na altura
dos votos, vão todos, mesmo
que arregimentados pelos caciques
locais
Fiz parte há alguns anos, para
além de colaborador, da Direção
de Conteúdos da Revista
Noudar, uma aventura transfronteiriça.
Nesse mês, a que
me refiro, o tema era o Touro.
Ó diabo. Uma das minhas
contradições. Resolvi escrever
a verdade, a minha infância,
mesmo sem ser os dezasseis
que valeram um sim por parte
do PAN.
Vou deixar-vos com essa
crónica.
DO NOSSO CANTINHO PARA O VOSSO CANTÃO
AS FERRAS
AS FERRAS
ARAGONEZ MARQUES (*)
Catorze? Quinze? Dezasseis anos?
Foi por essa altura que decorriam
“as ferras” de que vos falo.
Pediu-me a Noudar que escrevesse
algo. Touros, o tema, ou Toiros, talvez
não saibam que se pode dizer de ambas
as maneiras. Touros, mais campestre,
mais rural, mais Alentejo, mais sol de
praça, Toiros, mais cidade, mais finura,
mais português de academia se academia
houvesse, mais lugares à sombra.
Lembro-me, de cima deste meio século
que tenho (hoje tenho mais), de
um barracão, onde se guardavam as alfaias
agrícolas, que nesse dia, o dia da
“ferra”, se transformava em grande salão
de comidas e bebidas. Uma grande
mesa ao meio, muitos cavaletes a sustê-la.
Toalhas grandes, de pano, algumas
bordadas, sobrepostas nas pontas,
esticadas, muitas, cobriam o tampo da
enorme mesa e as patas dos cavaletes.
Sobre elas, uma imensidade de pratos
e iguarias. Nada de garfo e faca nesse
dia, à mão, navalhas abertas e cortantes.
Um exagero de comida que definia,
às vezes por presunção, o lavrador
que não lavrava, o dono da terra, do
barracão, das alfaias, dos cavaletes, das
toalhas, dos pratos, das iguarias e dos
toiros. Toiros. Que quem os cuidava
chamava Touros.
Eram gentes de sol.
Por essa altura, teria o meu pai, que
nos deixou há pouco tempo para sempre
e cujo luto ainda não tive tempo
de fazer, pouco menos do que a idade
que tenho hoje, e era pela sua mão,
pois trabalhava nas veterinárias, que
eu tinha contacto com esse dia, o dia
da “ferra”.
Logo cedo, as vacas e os aprendizes de
touro, eram metidas num redondel e
contratavam-se “os forcados”, um grupo
dos próximos, os de Portalegre, os
de Sousel... que os de Alcochete, Vila
Franca de Xira, Coruche ou Santarém,
estavam destinados às “ferras” Ribatejanas,
para agarrarem o gado, um a um,
que depois de bem sustido e caído no
chão, era alvo dos ferros em brasa que
dormitavam com as pontas alaranjadas
de calor, no escaldante braseiro ateado
pela manhã e que durava enquanto
houvesse vaca ou cria que não fosse
ferrada. Aproveitavam os donos essa
imobilidade do bicho, e se agarrados
uma vez, tudo se faria aproveitando o
momento, não só a “ferra” como a vacinação
e a recolha de amostras de sangue
para análise da brucelose, que nessa
altura, amedrontava os bolsos dos
ganadeiros, e era aqui, que aparecia o
meu pai e entrava eu, catorze, quinze,
dezasseis anos? Não sei bem, mas
que importa o tempo se tudo continua
igual, ou parecido, só que eu, deixei
de ser convidado, e agora, com o meu
pai em viagem infinita e sem retorno,
darei por encerradas presenças físicas,
e manterei apenas as memórias que
partilharei com filhos, netos, amigos e
com você.
Depois da “ferra” ( a vacinação e a
prevenção de doenças) não é mencionada
na especialidade deste dia, apenas
o ferro, a posse, o cheiro a carne
queimada, o mugir agudo das reses...
vinha a festa.
Mas não é critica esta partilha consigo
desta vivência juvenil, e não o é,
porque gostava, direi mais, adorava,
e sabendo que ia acompanhar o meu
pai, bem antes dele acordar, já eu estava
desperto, excitação no corpo, e a
enorme expectativa do dia diferente
que iria nascer para mim.
Levávamos o velho Lange Rover dos
Serviços Pecuários de Portalegre, a
velha Intendência Pecuária de que o
meu pai era funcionário, e o cheiro do
campo misturado com o “pecusanol”
e o “tiabendazol” dentro do jipe, os
saltos do carro pela estrada de terra,
os fatos de macaco brancos e aqueles
amanheceres, ainda ocupam um espaço
privilegiado nos meus sentidos.
Depois do trabalho, seguia-se o almoço,
manchando as toalhas com nódoas
de azeitona, molhos de cabrito,
sopa de cachola, pimenta que apaladava
os queijos frescos (comidos
antes das análises), e um sem fim de
sobremesas desde o arroz doce até às
“mousses” de todas as qualidades, cores
e paladares.
Comia-se de pé. Todos sabíamos porquê,
ou quase todos, pois os noviços
de nada se precaviam. O meu pai,
enquanto metia um panado na boca
segurando com a outra mão o prato,
dizia-me sempre “ não tires os olhos
dos portões”.
Eram portões grandes, capazes de
engolir as ceifeiras debulhadoras, um
em cada ponta do barracão, e então,
quando menos
se esperava, entrava por um deles
uma vaca brava, tão assustada como
nós, correndo a caminho do outro
portão, por onde entrava a luz e sabia
que estava a liberdade. Quanto aos
comensais, largavam pratos e copos,
saltavam por cima das toalhas bordadas,
entornavam jarros de pura cepa,
e as senhoras também, e as crianças
que os pais arrebatavam num impulso
salvador. Depois, quando a vaca saia,
eram os risos, os comentários, o sangue
que se aquecia com os copos que
se enchiam, a festa da “ferra”.
de burro, as mães vigiando, os pais
curtindo a pançada ressonando pelas
sombras, debaixo das azinheiras ou
protegidos pelas paredes exteriores
do sítio da festa.
E às cinco horas, sempre às cinco, havia
um encontro marcado no redondel.
Era o culminar.
As senhoras e as crianças recolhidas
sobre as zorras dos tratores, ou das
carroças de madeira fechadas em círculo.
Os homens, os rapazes, como
um ritual, adrenalina à tona, esperando
a saída do novilho, as correrias à
sua frente, os volteios, as fintas, os
medos, os risos da assistência. Começava
então a aparecer no público, canas
ao alto, rachadas nas pontas, com
notas de escudo entaladas. Os moços,
do grupo convidado, que utilizavam
“as ferras” para treinos das corridas
de verdade, com touros de verdade,
sem nada receberem em troca do que
o enaltecer da sua vaidade, faziam-
-se caros. Deixavam que mais canas
com notas subissem ao alto, e quando
contavam uma maquia interessante,
saltavam para o redondel demonstrando
bravura. Alinhavam-se em fila
indiana, o primeiro chamava o novilho,
pé ante pé, pavoneava-se frente a
frente com o animal. Batia-lhe as palmas,
mais um passo curto, um salto
chamativo, mãos nas ancas, “ei, touro
lindo”, “ei, touro, touro, touro lindo”,
e o novilho arrancava, nobre, olhos
fechados, como fechados ficavam os
braços do forcado galopando na sua
cabeça.. Depois saltavam-lhe em cima
os restantes moços, desmanchando a
fila, e um, o último a largar o touro, o
rabejador, agarrado à cauda do touro e
fletindo um joelho, contrário à perna
esticada, riscava um círculo no chão,
como um compasso marcando a terra.
Recolhiam depois as notas das canas
que se lhes apontavam, era a paga do
seu esforço.
A sua bravura, a coragem que aparentavam,
estava arroupada pela técnica, por
muitas “pegas” repetidas, por muitas
instruções passadas pelos mais velhos e
concentradas no “cabo” do grupo.
Podem na praça, reencontrar-se com
o animal da “ferra”, quatro, cinco anos
depois, e aí sim, todo o trabalho aparece
na montra da praça.
Também esses dias fazem parte da
minha memória.
CRÓNICA
Tinha a sorte da corrida das festas da
minha terra, durar para mim todo o
dia. Enquanto começava para a maior
parte do público às seis da tarde, todos
os anos, religiosamente no dia 23
de Maio, Dia da Cidade de Portalegre,
comemorando o foral que lhe foi
outorgado pelo rei D. João III, para
mim, começava às oito horas da manhã,
visitando os curros com o meu
pai, verificando se os touros estavam
em condições, assistindo ao sorteio
dos animais pelos representantes dos
cavaleiros, à embolação dos touros,
vendo as apostas feitas neste ou naquele
animal.
Toda a manhã se falava da corrida
da tarde, e curiosamente esse não era
para mim o melhor momento. Começava
o crepúsculo da festa, e por
cada hora que passava o final aproximava-se
doentio. Depois da corrida,
onde por decisão da lei portuguesa
não se matam os touros na praça, assistia
com mágoa ao desenrolar dos
bastidores. Já não ia ao jantar dos toureiros,
onde se cantava o fado. O meu
pai levava-me para casa, mas um dia vi.
Vi como sofriam os touros depois
da corrida portuguesa.
São colocados dois barrotes atravessados
num curto corredor, um por cima
e o outro por baixo do pescoço do
touro, tornando-o num animal sem
qualquer defesa. São-lhe depois arrancadas
as farpas, com uma navalha que
lhes retalha a carne e deixa a nu buracos
disformes de carne viva. Depois,
para que não infete (disseram-me),
regam-se os buracos com creolina enquanto
o touro berra e movimenta as
partes traseiras sem sucesso de liberdade.
Várias horas depois, o animal
tem febres altas, e ou morre no matadouro
doente e febril ou dizem, são
levados de novo para os prados onde
se curarão ou não. Não sei. Fui testemunha
do matadouro, nunca acompanhei
a devolução do animal aos campos.
Dizem que sim, que se curam,
dizem até que são novamente vendidos
para serem corridos em praças
pequenas em negócios fraudulentos e
perigosos para os toureiros.
Talvez por isso, recorde “as ferras”, a
alegria que sentia tão cerca do touro,
ou toiro.
Sol e Sombra.
Descansava-se depois por ali, debaixo
dos sobreiros, as crianças andando
16 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
17
ACTUALIDADE
Orçamento 2022:
idosos, crianças e operários com tanto poucochinho!
COSTA GUIMARÃES (*)
O Parlamento chumbou esta quarta-
-feira, dia 27 de Outubro, na generalidade,
a proposta de Orçamento do
Estado para 2022, com 117 votos contra,
108 a favor e cinco abstenções.
Foi a segunda vez que um Orçamento
de Estado chumbou no parlamento
em 47 anos de democracia, mas
a primeira em que a rejeição dará,
como já antecipou o Presi dente da
República, origem à dissolução da
Assembleia da República.
Ficou tudo suspenso. Alguns comentadores
perguntam: como é que PCP e Bloco
de Esquerda (Jerónimo Sousa e Catarina
Martins) vão explicar a muitos dos seus
apoiantes, provavelmente a maioria (operários
fabris, da indústria têxtil, funcionários
da administração local, etc, etc,),
como derrubaram um governo que concretizou
tantas conquistas e queria em
2022 proceder à maior subida do Salário
Mínimo Nacional?
O Salário Mínimo Nacional estava em 485
euros mensais em 2011 e assim se manteve
inalterado até 2014. Desde 2015 até agora
passou dos 505 para os 705 euros (em
2022), se o Orçamento fosse aprovado.
Era a maior subida de sempre — seis por
cento.
Mais se pode enumerar e argumentar com
base no orçamento, mas deixamos aqui
três propostas de “peso” estrutural e que
mexiam nas algibeiras dos portugueses
em janeiro, muitos, mas muitos milhares
de portugueses teriam o salário mínimo
aumentado, mais 40€ mensais, mas a rejeição
do orçamento deita por terra esse
aumento;
em janeiro, muitos milhares de pensionistas
iam ter mais 10€ por mês na sua reforma.
Não vão ter.
em janeiro íamos ter creches gratuitas, o
que era um alívio na estrutura financeira
de muitas e muitas famílias.
Com a rejeição deste orçamento, a vida
de centenas de milhares de portugueses
fica congelada e mais pobre. Em síntese:
famílias, idosos e trabalhadores ficam “de
mãos a abanar”.
Estranhamente, lembram os comentadores,
repetiu-se o que aconteceu exactamente
há dez anos, em 2011: os ditos
partidos de esquerda — Bloco de Esquerda
e Partido Comunista Português — uniram-se
à direita na “patriótica” missão de
derrubar um governo socialista.
Há 10 anos, chumbaram o PEC IV; agora,
deitaram ao lixo o Orçamento de Estado
para 2022, algo nunca visto no Portugal
Democrático.
Comportam-se, na verdade, como os aliados
estratégicos da direita nos momentos
fundamentais.
António Costa também não fica bem nesta
desgraçada fotografia: cometeu o erro
histórico de confiar em quem manifestamente
não é nem nunca foi confiável!
No meio desta confusão, inquietante é a
possibilidade de tudo ficar na mesma após
as eleições.
Ou seja, os partidos fazem-nos perder
tempo e recursos com nefastas repercussões
a nível internacional e na credibilização
da democracia.
A Assembleia da República prestou um
péssimo serviço aos portugueses, criando
uma escusada crise política que se une à
crise económica e sanitária em vigor.
Resta alguma esperança, no entanto, a
avaliar pelo que escrevia o jornal público
no dia seguinte: Fernando Rocha Andrade,
ex-secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais, afirma ao PÚBLICO que “o
aumento do salário mínimo pode entrar
em vigor em Janeiro”. (cf. https://www.
publico.pt /2021/10/28/politica/noticia/
governo-decretar-aumento-salario-minimo-1982774)
O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro
afirmou, em entrevista à TSF,
que o governo vai avançar com o aumento
do salário mínimo para os 705 euros, prometido
para Janeiro de 2022.
“O Governo está em exercício de funções,
na plenitude das funções, e aquilo que
puder fazer fará. Temos dito sempre: ‘palavra
dada, palavra honrada,” disse Tiago
Antunes, acrescentando que o Executivo
pretende aplicar as medidas previstas na
proposta de Orçamento do Estado chumbada
na quarta-feira.
TANTO POUCOCHINHO
O PS apresenta o Orçamento mais à esquerda,
nos últimos 47 anos, — como
escreveu o insuspeito Finantial Times —
mas a esquerda (CDU e BE) uniu-se todos
os partidos da Direita para lançar no cesto
do lixo. Francisco Assis tinha anunciado,
em 2018, que a geringonça era como um
iogurte, com prazo de validade (cf. https://bit.ly/3bmLrBE)
Longe vão os tempos em que o mesmo jornal
inglês se espantava como a “perspetiva
brilhante de Portugal que oferece alguma
esperança à Europa”.
Há dois anos, o diário económico britânico
publicou um editorial onde afirma que
a esperança para a Europa vem de um país
insuspeito: Portugal. Mas deixou alertas
para mudanças necessárias na próxima legislatura,
citando um provérbio português:
“Quem tudo quer, tudo perde” e no final é
o povo que se lixa (os mais vulneráveis, os
que auferem menos pelo seu trabalho). (cf.
https://www.ft.com/content/4d36d9cc-bd-
0f-11e9-b350-db00d509634e).
QUANDO CUSPIMOS VENENO
MORREMOS ENVENENADOS
A memória é fodida — desculpem o palavrão.
No fim, digam se estou a ser mal
educado, ou mentiroso, e não tomei a dose
suficiente de chá em pequenino.
Depois das eleições Europeias de 2014,
depois de um resultado não tão famoso
do PS de António José Seguro, apesar
de este ter vencido, António Costa disse:
quem ganha por poucochinho é capaz de
poucochinho. Esta reacção cínica, foi o arranque
de Costa para pontapear os glúteos
do rapaz de Penamacor. Costa acabou por
nem ganhar em 2015, tendo que se aliar à
esquerda radical para não levar, um pontapé
nas “nádegas”. Depois, nas eleições de
2019, ganhou por poucochinho.
De forma cirúrgica e paulatina, lá mandaram
borda fora os indesejados. Se calhar
eram demasiado independentes...
Foi a segunda vaga, e que vaga! Quando
cuspimos veneno para o ar, morremos envenenados.
“Eu sei que muitas vezes se diz que por um
se ganha e por um se perde. É verdade, no
futebol é assim. Na política não é assim.
É que a diferença faz muita diferença, na
política. É que quem ganha por poucochinho
é capaz de poucochinho. E o que nós
temos de fazer não é poucochinho. O que
nós temos de fazer é uma grande mudança”,
disse (cf. https://bit.ly/3pLgnE9).
Uma semana antes do Dia de Finados, a
“geringonça” exala o último suspiro. António
Costa — outrora o grande agregador
da esquerda, derrubador de putativos “muros
de Belim” — acaba mais isolado que
nunca. Nem PCP, nem Bloco de Esquerda,
nem sequer o PAN aprovam o seu Orçamento
do Estado.
Como diria António José Seguro, tudo isto
é poucochinho. Cá se fazem, cá se pagam.
O QUE SE SEGUE ATÉ JANEIRO?
ACTUALIDADE
Como não se demite, o primeiro-ministro
continua em pleno de funções e de acordo
com o artigo 186.º da Constituição, os governos
ficam limitados “à prática dos atos
estritamente necessários para assegurar
a gestão dos negócios públicos” em duas
circunstâncias: “antes da apreciação do seu
programa pela Assembleia da República,
ou após a sua demissão” -- opção que o primeiro-ministro,
António Costa, afastou.
As eleições nunca serão este ano. Até lá, ou
pelo menos até ao final deste ano de 2021,
o primeiro-ministro continua a governar
com um Orçamento em vigor, ou seja, o
orçamento de 2021 que foi aprovado na
AR em 2020, por duodécimos.
O regime de duodécimos, que entra em
vigor em 2022, limita a execução mensal
ao dividir por 12 o orçamentado para este
ano, até haver um novo orçamento.
Estão no entanto excluídas as “despesas
referentes a prestações sociais devidas a
beneficiários do sistema de Segurança Social
e das despesas com aplicações financeiras”.
Com a prorrogação do OE2021, o Governo
pode “emitir dívida pública fundada, nos
termos previstos na respetiva legislação”
e ainda “conceder empréstimos e realizar
outras operações ativas de crédito, até ao
limite de um duodécimo do montante máximo
autorizado pela lei do Orçamento do
Estado em cada mês em que a mesma vigore
transitoriamente”.
O Presidente da República já tinha dito
que, perante um chumbo do Orçamento,
iria iniciar “logo, logo, logo a seguir o processo”
de dissolução do Parlamento e de
convocação de eleições legislativas antecipadas.
Para dissolver a Assembleia da República
o Presidente da República tem de ouvir os
partidos nela representados e o Conselho
de Estado.
E nessa altura começa a contagem para novas
eleições. E o que diz a Constituição a
este respeito?
Nos termos da Lei Eleitoral para a Assembleia
da República, o Presidente da República
tem de marcar a data de eleições legislativas
“com a antecedência mínima de
60 dias ou, em caso de dissolução, com a
antecedência mínima de 55 dias”.
O artigo 179.º da Constituição estabelece
também que, a partir do momento em que
é decretada a dissolução do parlamento,
“funciona a Comissão Permanente da Assembleia
da República”, que é composta
pelo seu presidente, pelos vice-presidentes
e por deputados indicados por todos os
partidos, de acordo com a respetiva representatividade
parlamentar.
(*) António Costa Guimarães, é
Jornalista, foi Capelão Militar e
Director do jornal Correio do Minh
18 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
19
CRÓNICA
CRÓNICA
Guerra colonial portuguesa:
a nossa bazuca destruidora!
COSTA GUIMARÃES (*)
Cerca de 14 mil milhões de euros
a fundo perdido vêm da Europa
para Portugal para recuperar da
crise pandémica, nos próximos
sete anos mas a nossa Guerra
Colonial (ou do Ultramar)
custou-nos mais de vinte e
quatro mil milhões de euros.
Que Bazuca de destruição!
Os números constam do novo livro “Os
números da Guerra de África”, publicado
em Agosto deste ano, pelo Tenente-
Coronel Pedro Marquês de Sousa, através
da Guerra e Paz, Editores L.da.
Ao longo de 380 páginas, este mestre
em História pela Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa e doutor pela
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa, oferecemos
um portentoso retrato da Guerra
Colonial Portuguesa.
DESPESAS DA GUERRA
A Guerra Colonial chegou a custar seis por
cento do nosso PIB (cf. p. 259). Segundo
os valores da actualidade, “a guerra
de África terá custado ao Estado
Português mais de vinte e quatro
mil milhões de euros”. O que nos faz
ficar espantados com as actuais despesas
militares: 588 milhões de euros (Exército),
519 milhões (Marinha) e 411 milhões (Força
Aérea) em 2018.
Apesar destes valores, não imaginamos
como combatiam os nossos jovens: “A
alimentação consistia em dobrada
liofilizada que, ao ser recuperada
com água, deixava um cheiro
nauseabundo, capaz de tirar o apetite
mesmo ao mais esfomeado, bacalhau,
conservado na maior parte das vezes
em latas de cal, e os vegetais era raro
aparecerem; carne, só de caça, pois a
congelada também não aparecia...”
(Salgueiro Maia, in Capitão de Abril —
História da Guerra do Ultramar e do 25 de
Abril).
Um furriel, no Niassa, em Moçambique,
escreve que “os homens tinham de
comer durante alguns dias apenas
arroz com feijão” (cf. p. 287).
Se olharmos para o número de mortos na
Guerra Colonial Portugal, constatámos
que o Minho deu, desgraçadamente para
muitas mães, namoradas e noivas, irmãos,
primos e amigos um contributo ímpar e
esteve na linha da frente dos sacrifícios de
vidas, entre 1961 e 1974.
Se exceptuarmos o distrito do Porto, o
Minho (incluindo os distritos de Braga e
Viana do Castelo) ocupa um dramático
segundo lugar no pódio do número de
vítimas mortais durante aqueles anos: 760
mortos contra 925 portuenses.
Nestes distritos, Porto e Braga (sem contar
com Viana do Castelo), eram recrutados
65 % dos militares
Se olharmos pela tabela distrital, Braga
surge em segundo lugar com 580 mortos, o
que proporcionalmente, face à densidade
populacional, coloca o distrito em
primeiro lugar. O distrito do Porto regista
925 mortos. Para se averiguar a desgraça
que aconteceu nos distritos do interior do
país, Lisboa regista 553 mortos, menos 47
mancebos mortos que Braga.
É verdade que os locais com “mais
homens em idade militar eram os
distritos de Porto, Lisboa e Braga”
e a região Norte ( a Norte do rio Vouga)
tinha mais de 50% dos homens em idade
de ir à tropa....Porto ocupa o primeiro
lugar (15,3%) seguido de Braga com 8.6%.
Trata-se de um conjunto de dados
que o autor admite como “certamente
discutível” sobre uma guerra que “marcou
e marca profundamente toda uma
geração de cidadãos, em especial
os combatentes” mas sabe-se que é
a primeira “investigação rigorosa”
que nos permite “aspirar a estar mais
próximos da verdade histórica”
— escreve o presidente da Comissão
Portuguesa de História Militar (CPHM),
João Vieira Borges, Major-General.
Com uma escrita simples, “acompanhada
de um conjunto alargado de quadros
e gráficos complementares”, este livro
possui uma “dose muito equilibrada
de razão e de paixão” e é por isso que
a sugerimos como um bom presente
de Natal para combatentes da Guerra
Colonial Portuguesa.
UMA OPERAÇÃO ÚNICA
NA NOSSA HISTÓRIA
“Nunca em Portugal se tinha realizado
um processo de recrutamento e
mobilização militar com a dimensão
daquela que aconteceu durante o
período da Guerra em África (1961-
1974), com grandes implicações sociais
e económicas, desde o aumento da
emigração até ao impacto nas contas
do Estado” — garante o autor.
Sim, durante a guerra da restauração
(1640.1668), nas invasões francesas
(1807.1811) e mesmo na I Guerra Mundial,
nunca Portugal se tinha organizado e
realizado um sistema de recrutamento e
mobilização militar com a dimensão do
período entre 1961-1974.
De facto, acrescenta, durante treze anos,
o Governo português “empenhou
bastantes recursos, mas foi incapaz
de encontrar uma solução política
para o problema colonial”, apesar dos
conselhos estrangeiros, da perda da Índia
(1961) e da atitude dos principais aliados
portugueses, prevaleceu o princípio do
“orgulhosamente sós”.
ALGUNS NÚMEROS
A Guerra Colonial Portuguesa empenhou
nas três frentes (Angola, Moçambique e
Guiné-Bissau) oitocentos mil portugueses,
sendo 70% oriundos de Portugal e os
restantes recrutados nas Colónias.
Na fase final da guerra, tínhamos 163
mil mancebos destacados no Ultramar,
algo que “nunca tinha sucedido na
História de Portugal”, sendo 70 mil
em Angola, mais de 35 mil na Guiné e
quase 57 mil em Moçambique.
Um grande número jovens fugiu da guerra
e emigrou — cerca de 230 mil —, sendo
umas 202 mil faltosos e cerca de vinte
mil refractários, aos quais se juntam mais
nove mil desertores. Basta ver que, em
1933 emigraram 115 mil portugueses, em
1959 saíram de Portugal 400 mil pessoas
e em 1960, a emigração subiu para quase
um milhão e meio de portugueses, a
uma média anual de quase cem mil
portugueses. Sabe-se hoje que, em França,
em 1974, estavam em França — onde já
viviam 600 mil lusitanos — 60 mil jovens
que fugiram da guerra.
Acresce que muitos jovens “casavam
antes do serviço militar”, antes dos 20
anos. Este número de jovens casadoiros
sobe de 2560, em 1960, para os 5340, em
1972. O elevado número de homens em
idade militar que “não sabiam ler” tem
severas implicações na preparação dos
nossos soldados, antes de serem enviados
para os terrenos de guerra.
A guerra colonial causou a morte de
44.600 pessoas e ferimentos graves
em 53 mil baixas entre os combatentes
portugueses (p. 97).
No capítulo dos soldados, registam-se
mais de dez mil mortos e mais de 31 mil
feridos graves.
Na população civil, temos seis mil mortos
e 12 mil feridos graves. Nos movimentos
de Libertação os números apontam para
a morte de 28 mil mortos e menos de dez
mil feridos graves.
A TRASLADAÇÃO DOS MORTOS
A trasladação dos mortos em combate,
é um dos “aspectos mais tristes e
lamentáveis”: a impossibilidade, no
início, e depois a dificuldade para as
famílias receberem o corpo do seu filho
morto na guerra. No início da guerra,
os corpos tinham de ser sepultados
em África, não sendo possível fazer
transladações, mas posteriormente,
com a utilização de urnas em chumbo,
passou a ser possível a transladação para
a Metrópole, se a família do falecido
assegurasse os encargos. Assim, até 1966,
se a família do militar morto pretendesse
transladar o corpo para a Lisboa, “tinha
de pagar essa despesa que variava
entre os dez mil e os quinze mil
escudos”.
Só em 1967, o transporte do corpo deixou
de ser despesa para a família, através do
transporte militar muito demorado. Por
outras vias, o transporte de um cadáver
variava entre os 21 mil e os 52 mil escudos.
Num país pobre, muitas famílias ficaram
sem capacidade financeira para esse gesto
tão significativo.
Um livro que envergonha este Portugal,
mas devemos um obrigado a quem o
escreveu.
COMO TUDO COMEÇOU
Nos anos 50 começam a surgir os
embriões de importantes organizações
políticas. Em 1954 é criada União das
Populações do Norte de Angola (UPNA),
que em 1958 passa a designar-se União das
Populações de Angola (UPA). Em 1962, a
UPA e o Partido Democrático de Angola
(PDA) constituem a Frente Nacional de
Libertação de Angola (FNLA).
O Movimento Popular para a Libertação
de Angola (MPLA) foi fundado em 1956,
ano em que Amílcar Cabral criou o
Partido Africano para a Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC, na foto). E
m 1960 surge o Comité de Libertação
de São Tomé e Príncipe (CLSTP) e em
1962 é criada a Frente de Libertação de
Moçambique (FRELIMO), que resulta
da fusão de três movimentos: União
Democrática Nacional de Moçambique
(UDENAMO), União Nacional Africana
de Moçambique Independente (UNAMI)
e Mozambique African National Union
(MANU). A União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA)
surgiu em 1966.
(*) António Costa Guimarães, é
Jornalista, foi Capelão Militar e
Director do jornal Correio do Minho
20 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
21
AGENDA
CIDADANIA
Informações
MAPS (*)
Caros leitores, mais eventos estão
ocorrendo novamente no setor cultural
e de lazer. No entanto, é importante
que você siga as medidas
de proteção contra o coronavírus.
Mantenha pelo menos 1,5 m de
distância com pessoas fora de sua
casa, lave suas mãos regularmente
e use uma máscara protetora, se
necessário. O certificado Covid é
exigido para eventos em espaços
fechados e para eventos com mais
de 1000 pessoas. Você pode encontrar
uma visão geral das medidas
atuais em vários idiomas em www.
stadt-zuerich.ch/coronavirus. Por
favor, informe-se antes de ir a um
evento. Apesar de tudo, a equipe da
MAPS deseja-lhe muita diversão!
(*) Escreve em português do Brasil
DOMINGO 7.11.
DANÇAS E RISADAS
O „Tanzhaus Zürich” faz as crianças
rirem! Isto acontece no solo de dança
„Ha ha ha” do coreógrafo Eugénie Rebetez
com o dançarino Tarek Halaby.
Para crianças a partir de 6 anos. 10:00-
10:45. O escritório da MAPS está sorteando
2×2 entradas gratuitas. Basta
ligar para 044 415 65 89 ou enviar um
e-mail para maps@aoz.ch.
Tanzhaus Zürich. Wasserwerkstr. 127a.
Tram 4/13/6 oder Bus 32 bis „Limmatplatz”.
https://www.tanzhaus-zuerich.ch/en/
events/ha-ha-ha/25773
DOMINGO7.11.
CONCERTO REAL
No século XVII, o rei francês organizou
enormes festas em seu castelo
com música, danças e fogos de artifício.
Hoje à noite, a orquestra „Ensemble
Le Grand Trianon” toca música
daquela época e os leva de volta àquele
tempo. Certificado Covid exigido.
17:00-18:15. Contribuição espontânea.
Alte Kirche Fluntern. Gloriastr. 98.
Tram 5/6 oder Bus 33 bis „Kirche Fluntern”.
http://www.legrandtrianon.ch/
SEGUNDA-FEIRA 8.11.
AULAS DE TANGO
O „Tango” é uma dança de casal da Argentina.
A escola de dança „El Social”
ensina como dançar tango com dançarinos
profissionais. Venha dançar sozinho
ou como um casal! Não é necessária
experiência prévia. Inscrição em
www.elsocial.ch. 19:15-19:45. Participação
gratuita.
El Social. Viaduktstr. 67.
Tram 4/6/13 bis „Lowenbrau”.
https://www.elsocial.ch/Tango-Argentin
TERÇA-FEIRA 9.11.
NOITE MISTERIOSA
DE CINEMA
O cinema estudantil da ETH „Filmstelle”
está exibindo hoje o filme „12
Angry Men”. O suspeito é um assassino?
12 pessoas têm que decidir. Suspense
garantido! O filme é exibido em
inglês. O programa completo do cinema
„Filmstelle” está disponível online.
20:00. CHF 5.-.
Kino Filmstelle. ETH-Zentrum. Universitätstr.
6.
Tram 6/9/10 bis „ETH/Universitätsspital”.
https://filmstelle.ch/12-angry-men/
QUARTA-FEIRA 10.11.
EVOLUÇÃO DOS
SERES VIVOS
Você sabe qual é a idade do planeta
Terra? 4,54 bilhões de anos! Descubra a
história da vida no „Zoologischen und
Paläontologischen Museum”. Aqui
você pode ver as criaturas assustadoras
que viveram na Suíça há milhões
de anos. Atualmente, você encontrará
uma exposição sobre a evolução dos
animais e das plantas. A especialista
Dra. Elke Schneebeli apresentará um
workshop sobre plantas fósseis hoje
à noite às 18:15. Ter-dom 10:00-17:00.
Entrada livre.
Zoologische und Paläontologische
Museum. Karl-Schmid-Str. 4.
Tram 6/9/10 bis „ETH/Universitätsspital”.
https://www.pim.uzh.ch/institut/veranstaltungen/vortraege.php
QUINTA-FEIRA 11.11.
CURSOS DE COSTURA
Você gostaria de fazer criações têxteis
ou trabalhar com moda? A organização
„Social Fabric” oferece cursos
gratuitos de costura para refugiados.
Profissionais da moda lhe mostram
como usar uma máquina de costura e
como costurar à mão. É necessário ter
conhecimentos da língua alemã, nível
A1. Não é necessária nenhuma habilidade
de costura. Todas as segundas e
quintas-feiras. 09:30-12:00. Participação
gratuita.
Social Fabric. 3. Stock. Eichstr. 29.
Bus 701 bis „Binz”.
https://www.socialfabric.ch/
SÁBADO 13.11.
MERCADO NA
CIDADE ANTIGA
Você tem vontade de descobrir produtos
locais? Hoje é o último dia do „Rosenhof-Markts”.
É também uma oportunidade
de fazer um belo passeio pela
cidade antiga de Zurique. Todos os sábados
até 13.11. 10:00-18:00. Gratuito.
Niederdorf
Tram 4/15 bis „Rathaus”.
Zürich.
https://microsite.guidle.com/hosted/
template_portal/microsite/de/mr_
e8X87y-extended/rosenhof-markt-im-
-niederdorf-zuerich-zuerich_AFyK-
DA6
DOMINGO 14.11.
VISITA GUIADA
SOBRE SISMOS
O que sabemos sobre terramotos?
Como se podem evitar? Especialistas
da ETH fazem hoje uma visita guiada
pelo simulador de sismos, explicando
como estes funcionam. Necessário
fazer inscrição no domingo. Dom
11:00/13:00/15:00. Gratuito.
focusTerra. ETH Zürich. Sonneggstr. 5.
Tram 6/9/10 bis „ETH/Universitätsspital”.
https://focusterra.ethz.ch/ihr-besuch/
oeffentliche-fuehrungen-am-sonntag.
html
TERÇA-FEIRA 16.11.
TEATRO CONTRA
DISCRIMINAÇÃO
SEXUAL
A associação „Reactor Bale” apresenta
hoje uma peça de teatro única, cujo desenrolar
é decidido em conjunto pelo
público e as personagens. A peça aborda
situações de descriminação sexual
e o público dá sugestões aos actores.
A partir dos 13 anos. Necessário fazer
incrição até 10.11. Exigido certificado
Covid. 18:00-19:00. Entrada livre.
Jugendkulturhaus Dynamo. Wasserwerkstr.
21.
Tram 11/14 bis „Beckenhof”.
https://www.stadt-zuerich.ch/prd/de/
index/gleichstellung/veranstaltungen_
weiterbildungen/Forumtheater_Hinschauen.html?calentry=1
QUARTA-FEIRA 17.11.
CAFÉ DAS LÍNGUAS
EM ALEMÃO
À quarta-feira, o „Maxim Theater” organiza
um café das línguas para falar
alemão. Num ambiente simpático, os
participantes debatem diversos temas.
Todos são bem-vindos! À quarta-feira.
17:00-18:00. Gratuito.
Internationalhof. Schaffhauserstr. 463.
Tram 14 oder Bus 768 bis „Felsenrainstrasse”.
https://www.maximtheater.ch/angebot/
sprache/sprachkaffee/
SÁBADO 20.11.
FESTIVAL SOBRE
SUSTENTABILIDADE
„Open Futures” é o festival de Zurique
sobre sustentabilidade. O programa
inclui workshops, exposições, apresentações,
passeios a pé e jantares sobre
temas ligados à sustentabilidade. A
maioria destes eventos é gratuita. Hoje
à noite, participe no „Salon Fütür”, um
jantar em que os participantes debatem
temas relacionados com o futuro. 17:00.
Participação gratuita.
https://openfutures.ch/calendar
SEGUNDA-FEIRA 22.11.
O JARDIM ZOOLÓ-
GICO EM SUA CASA
Gostaria de fazer algo ao ar livre, mas
também ficar no quentinho de sua casa?
O Zoo de Zurique dá-lhe a oportunidade
de ver os animais a partir do seu sofá!
Graças às câmaras, poderá observar o
banho dos elefantes, os tigres a brincar
e muitos outros animais. Gratuito.
https://www.zoo.ch/de/zoobesuch/webcams
TERÇA-FEIRA 23.11.
SALA DE BRIN-
CADEIRAS PARA
CRIANÇAS
As crianças até aos 4 anos divertem-se
no „Quartierzentrum Bäckeranlage”.
Numa sala de brinquedos podem saltar
e brincar em cima de colchões. Os pais
podem tomar café e conversar. 09:30-
12:00. Gratuito.
Quartierzentrum Bäckeranlage. Aktionsraum,
1. Stock. Hohlstr. 67.
Tram 8 und Bus 31 bis „Bäckeranlage”.
https://www.sogar.ch/programm/
saison-20_21/jogging/?utm_medium=display&utm_source=kulturzueri.
ch&utm_campaign=kulturzueri
QUINTA-FEIRA25.11.
NOITE EXCLUSIVA
NO „LANDESMU-
SEUM”
Gostava de ir ao museu, mas não tem
tempo durante o dia? O „Landesmuseum”
está aberto hoje à noite! Na última
quinta-feira de cada mês, o „Landesmuseum”
organiza o evento „Late”. No
museu, há não só visitas guiadas nocturnas,
mas também música, um espectáculo
e um aperitivo. Exigido certificado
Covid. Necessário fazer inscrição online.
19:00-23:00. CHF 10.-.
Landesmuseum. Museumstr. 2.
Tram 4/6/11/13/14 oder Bus 46 bis „Bahnhofquai/HB”.
https://www.landesmuseum.ch/de/veranstaltung/late-21890
SÁBADO 27.11.
ELÉCTRICO
NOSTALGIA
Talvez se questione como eram os eléctricos
há 100 anos? No último fim-de-
-semana do mês (excepto Dezembro)
pode andar no antigo eléctrico conduzido
por um motorista envergando um
uniforme histórico. Basta apanhar o 21,
a linha dos museus, usando qualquer título
de transporte válido na rede ZVV.
Se desejar saber mais sobre os eléctricos
em Zurique, visite o Museu do Eléctrico
(online ou no local)!
https://www.tram-museum.ch/fahrzeuge/museumslinie-21
DOMINGO 28.11.
DOMINGO NA
NATUREZA
É Outono! Tempo de dar um passeio
pela maravilhosa natureza vermelho-
-amarelada. À volta de Zurique encontra
muitos trilhos de caminhada e jogging.
Por exemplo, o percurso de 10 km
„Dorfbachtobelweg”. Pelo caminho, há
uma queda de água e até uma lendária
gruta do dragão.
Start: Erlenbacher Tobel-Weg.
www.zuerich.com/en/visit/sport/erlenbacher-tobel-weg
22 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
23
RETRATOS CONTADOS...
CULTURA
Diário de uma avó e de um neto
Nélson
Mateus
Alice
Vieira
© DR
V NELSON MATEUS (*)
Querida avó,
Depois do sucesso que
foi o lançamento do
nosso “ Diário” em livro, e da inauguração
da tua exposição no Casino
Estoril, está na hora de voltar a
ter tempo para ver notícias.
Realizaram-se recentemente as
Eleições Autárquicas.
É impressão minha, ou não existiu
um único candidato que tenha
falado da Feira Popular? Tema tão
recorrente em eleições anteriores.
Faz 18 (dezoito!!!) anos este mês
que a Feira Popular encerrou.
Acreditas??? Gerações inteiras sem
colecionar memórias das idas à
Feira Popular.
Tenho imensas memórias de infância
relacionadas com a antiga Feira.
As Festas de Natal onde recebíamos
sacos cheios de presentes, o
Circo, os póneis… Durante a adolescência
continuei a frequentar a
Feira,-- e o que nos divertíamos no
Combóio Fantasma, na Montanha
Russa… Depois, exaustos, jantávamos
o belíssimo frango-assado, e
ficávamos na janela do restaurante
a ver passar as famílias (aparentemente)
felizes.
Tudo mudou! Se fosse hoje, (felizmente)
na Feira já não existiria o
Circo com animais, nem as voltas
de póneis…
Mas tu, que tens fotos de infância
tiradas na Casa dos Espelhos, deves
ter imensas memórias da Feira
Popular para partilhar.
Aliás, curiosamente, a primeira
Feira Popular de Lisboa abriu em
1943 (ano do teu nascimento), e localizava-se
onde se encontra hoje a
Fundação Calouste Gulbenkian.
Deixo para ti esse alegre regresso
ao passado.
Caros candidatos à Câmara Municipal
de Lisboa, devolvam-nos a
Feira Popular!
No site sobre a Feira Popular diz:
” Um grande parque de lazer, um
grande parque verde com cerca de
20 hectares. É um projeto muito
ambicioso que se vai desenvolver
ao longo de vários anos, em várias
etapas”
A única etapa que vejo de momento
é: Obra Parada.
Tantas memórias entre avós e netos
que podiam ser registadas neste
espaço.
Como diria a outra “Vergonhaaaaa”
Bjs
V ALICE VIEIRA (*)
Querido neto
Quado começaste a falar
na “antiga Feira Popular”
tive vontade de rir porque, para mim,
a “antiga Feira Popular” era no Parque
de Santa Gertrudes (também
conhecido por Parque de Palhavã,)
onde é hoje o Jardim da Gulbenkian,
mas muito mais acima da Fundação,
já perto da av. Duque d´Ávila. Antes
disso tinha sido o primeiro Jardim
Zoológico de Lisboa—mas eu não
sou desse tempo
E também foi aí que se fizeram as
primeiras emissões experimentais da
RTP.
Mas para tudo o que se queria fazer
na Feira Popular, o espaço começou
a ser pequeno
Então apareceu outra, muito maior,
em Entrecampos-- e enquanto esteve
aberta eu não parava de lá ir. De
resto, quando as aulas acabavam, e
nós passávamos de ano, o prémio era
sempre um jantar na Feira Popular.
Às vezes aborrecia-me um bocado ir
à Feira porque eu só queria era andar
nos carroceis, nos carrinhos de choque
ali a batermos uns nos outros, no
Comboio Fantasma, na Grande Roda
(que às vezes parava para entrar pessoal
e nós ficávamos lá no alto a olhar
cá para baixo ), a Montanha Russa,
essas coisas—e os meus tios , já velhotes,
só queriam estar nos cafés
(adoravam um que se chamava “O
Café das Pretas”, olha se fosse hoje..)
ou irem às rifas—onde saiam sempre
coisas para eles : montanhas de
tachos e panelas, trens de cozinha,
lençóis, etc
Por acaso nunca fui muito de andar
em cima dos cavalos que uns homens
puxavam e nos levavam a dar a volta
toda pela feira.
Depois, vá-se lá saber
porquê—a Feira fechou.
Prometeram feira igual
noutro lugar, e aquele
enorme terreno – agora
é que vemos bem o
tamanho que tinha a
(*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico
(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora
www.retratoscontados.pt
Feira!— seria para urbanizar logo a
seguir.
https://bit.ly/3dvDigl
https://bit.ly/3dvi3Li
https://bit.ly/3tyuFXN
info@retratoscontados.pt
24 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
25
Até hoje.
Um terreno enorme, vazio, no meio
da cidade—não deve existir em muitos
países…
Entretanto soube-se que a feira iria
ter finalmente novo poiso, lá para
Carnide, ao pé da Casa do Artista.
Mas até hoje…nada.
Espero que estas eleições tragam ao
menos a esperança de se retomarem
os trabalhos.
Bjs
CRÓNICA CRÓNICA
Como vai o nosso país?
GRAÇA AMIGUINHO (*)
Há uns anos, já distantes, houve um
programa de entretenimento na nossa
RTP, com dois grandes cómicos e
afamados artistas da nossa terra, um
deles já desaparecido, que começava
com uma cantilena, em forma de
diálogo, entre os dois protagonistas,
que dizia assim:
- Como vai, senhor Contente?
- Como vai, senhor Feliz?
- Diga à gente, diga à gente, como vai
este País!
Estávamos vivendo um tempo novo.
A Democracia dava os primeiros
passos. Tudo parecia ter mudado e
para muito melhor, tão cansados estávamos
de uma guerra Colonial sem
sentido, vidas perdidas na flor da
idade, um tempo de repressão e sem
liberdade de expressão, vidas vividas
na miséria de baixos salários, terras
deixadas ao abandono por tantos
portugueses que procuravam melhores
dias em solo estrangeiro.
O sorriso, revestido de esperança,
pairava nos rostos de uma maioria,
daí, o diálogo travado entre os dois
artistas. Um “Contente”, o outro
“Feliz”, expressões que podem entrelaçar-se
e ter quase o mesmo significado.
Viver contente e feliz é o sonho de
cada um de nós.
Mas para que assim aconteça, talvez
a primeira condição seja, cada um ter
um trabalho digno, seguro e efectivamente,
bem remunerado. A partir
daí, estarão asseguradas as condições
para constituir família, ter filhos e
educá-los, permitindo-lhes uma escolaridade,
até onde as suas capacidades
os possam conduzir. A par da
segurança económica, é fundamental
que a saúde, o bem mais precioso,
não nos falte ou, no caso de a doença
surgir, termos quem nos socorra,
quem nos cuide e ajude a superar os
problemas.
Vamos então falar do que se passa no
nosso Portugal.
Como estão sendo cuidados os mais
vulneráveis, como se olha para os
mais frágeis e desprotegidos, qual o
papel da sociedade nestes tempos
conturbados que vivemos?
Eu diria que, em virtude do Serviço
Nacional de Saúde que temos, que
foi criado após o 25 de Abril de 1974,
Portugal tem as portas abertas a todos
os cidadãos que precisam de cuidados
de saúde.
Seja pobre, seja rico ou remediado,
seja um sem abrigo, todos são tratados
e respeitados, todos têm os seus
© DR
direitos salvaguardados e são assistidos
por profissionais dedicados e
competentes, que por aqui ficaram,
apesar de terem tido oportunidades
muito vantajosas de emigrar. Muitos
o fizeram, quando o poder instituído
a isso aconselhava. Hoje seriam
aqui, muito úteis, porque quando as
situações são mais exigentes, como
aconteceu nos “picos” da pandemia,
os que dão assistência nos hospitais
chegaram a atingir momentos terríveis
de exaustão.
A pandemia que assolou o mundo,
a todos tem causado dor, tristeza
e grande preocupação. Se há uma
maioria que acata os conselhos dados
superiormente, há sempre quem
seja contestatário, queira trocar as
voltas ao que é mais que evidente,
não se queira sujeitar a respeitar as
regras de conduta que possam ajudar
a minimizar as possibilidades de
transmissão e contágio.
Há até, quem conteste a acção firme
e tão elogiada do Vice-Almirante
Henrique Gouveia e Melo, o grande
líder que esteve, desde fevereiro,
até fim de setembro, dirigindo
a “task force” da vacinação contra
a Covid-19, sendo apelidado como
“o Almirante das vacinas” que levou
Portugal ao primeiro lugar na União
Europeia, na vacinação contra este
vírus. Na imprensa internacional é
considerado “a chave” para que o processo
de vacinação em Portugal tenha
corrido bem. Temos, hoje, 85% da população
vacinada contra essa doença,
que tantas vidas ceifou. Os centros
de vacinação vão permanecer abertos
e nas mãos de uma equipa militar,
mas sem a liderança do vice-almirante
Henrique Gouveia e Melo.
Há, porém, quem ainda rejeite a vacinação
recomendada, achando que
de nada serve, minimizando os seus
dramáticos efeitos e desvalorizando
todo o trabalho científico desenvolvido
num curto espaço de tempo.
Estes, os chamados “negacionistas,”
tomam atitudes impensáveis, num
Estado Democrático, insultando, sem
pudor e sem consequências puníveis,
que se conheçam, a segunda figura
da Nação e o referido Vice-Almirante,
que chegou a ter necessidade de
protecção policial.
Como “adivinhar é proibido” e “o
agência félix
Kalkbreitestr. 40
CH-8003 Zürich
Tel. 044 450 82 22
info@agenciafelix.ch
www.agenciafelix.ch
facebook.com/reiseburofelix
futuro não nos pertence”, mais vale
jogar pelo seguro para não sermos
desagradavelmente surpreendidos, ao
virar de uma esquina.
Em Portugal, a maioria da população
aderiu à vacinação e tem respeitado
as regras de conduta estabelecidas
pela Direção Geral de Saúde e pela
OMS, o que nos permitiu entrar na
terceira fase de “desconfinamento”,
deixando de ser necessário o uso de
máscara nas ruas e em lugares onde o
distanciamento é possível.
Os mais jovens têm dado um sinal de
maturidade, procurando estar vacinados
antes do recomeço das aulas e assim
evitarem, males maiores.
Apesar de vivermos momentos de alguma
insegurança e instabilidade, em
virtude de muita gente sentir sinais de
depressão pelo isolamento em que ficou,
desde que se viu privada do contacto
com os familiares, vamos tentar
viver o melhor que nos for possível,
com cuidado, mas procurando fazer
uma vida saudável.
Nada está garantido, mas a verdade é
bem visível. A diminuição do número
de mortos por infecção com Covid-19,
os internamentos hospitalares em
cuidados intensivos são muito menores
e a sociedade parece ter condições
para regressar ao normal, até mesmo,
com espectáculos, bares, discotecas e
os restaurantes a funcionarem, como
acontecia antes da pandemia. Deixou
de ser exigida a apresentação do
Certificado Digital em hotéis, restaurantes
e aulas de grupo, em ginásios.
Chega ao fim a recomendação de teletrabalho.
Apenas é obrigatório o uso
de máscara em transportes públicos,
incluindo o aéreo, nos lares de idosos,
em salas de espectáculo e em eventos
nas grandes superfícies.
Se todos nos respeitarmos, se cada
um de nós souber até onde pode estender
o lençol da sua liberdade, tudo
se tornará mais fácil e a vida será vivida
em paz.
Desejo que todos possamos viver
“contentes e felizes”!
SOLUÇÕES DE CRÉDITO
– NOVO CRÉDITO
– AUMENTO DE CAPITAL
– TRANSFERÊNCIA DE BANCO
Concretize o seu sonho.
Escolha a melhor opção!
– PESSOAL
– HABITAÇÃO (Compra ou renovação)
– AUTOMÓVEL
– PROJECTOS VÁRIOS
– INVESTIMENTOS
O seu objetivo está a um passo de se tornar real. Os empréstimos são calculados e
adaptados em base ás suas capacidades financeiras, com as mais baixas taxas de
juro, para que possa usufruir do seu dinheiro sem percalços.
Trabalhamos com prestigiadas Instituições bancárias na Suiça. Oferecemos aos
nossos clientes todo o aconselhamento necessário e procuramos sempre a melhor
oferta. Tratamos de todo o processo com total profissionalismo e sigilo absoluto.
A concessão de um credito é proibida se levar a um endividamento excessivo (art. 3).
CRÓNICA
26 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
27
Snoop Dogg
investe 13 milhões de euros na empresa
portuguesa AceCann
Luxemburgo
é o primeiro país da Europa
a legalizar o auto-cultivo de
canábis
SAÚDE
Québec:
Consumo de
canábis entre
jovens diminuiu
depois da
legalização
LAURA RAMOS
Snoop Dogg vai investir 15 milhões de dólares
(cerca de 13 milhões de euros) na empresa portuguesa
de canábis medicinal AceCann, que obteve
a pré-licença do Infarmed no ano passado.
A AceCann conseguiu o investimento através
de uma ronda de investimento liderada pela
Casa Verde Capital, uma empresa de capital de
risco co-fundada pelo rapper norte-americano.
A AceCann referiu que este investimento será
utilizado no desenvolvimento de um centro de
produção em Vendas Novas, onde pretende
“cultivar, processar e extrair produtos médicos
a partir de canábis”. A construção das instalações
da AceCann arrancou em Setembro, mas a
empresa foi fundada em 2019 e recebeu a pré-
-licença do Infarmed para cultivo, importação
e exportação de canábis medicinal em Junho de
2020, estando actualmente a aguardar a licença
definitiva. Com as novas instalações a AceCann
conseguirá “gerir de forma precisa a temperatura,
humidade e outras variáveis” para garantir
que cada planta irá ter os cuidados necessários.
Em comunicado, Pedro Gomes, CEO da Ace-
Cann disse que “queremos criar o gold standard
na canábis medicinal – desde o cultivo à
comercialização, sendo donos da propriedade
intelectual em todos os passos da cadeia de
valor. Com o apoio dos nossos investidores,
vamos conseguir acelerar a missão para desenvolver
produtos consistentes e de elevada qualidade
que dão acesso aos pacientes a inovação
com capacidade para transformar a vida”. A
AceCann aposta na produção de canábis em
“métodos de cultivo mais pequenos, escaláveis
e indoor.
LAURA RAMOS

Os adultos do Luxemburgo vão poder
cultivar até quatro plantas de canábis
em casa, de acordo com um anúncio
feito hoje pelo governo, citado
pelo The Guardian. As novas leis fazem
do Luxemburgo o primeiro país
da Europa a legalizar a produção e o
consumo de canábis.
De acordo com a legislação, pessoas
com 18 anos ou mais poderão cultivar
legalmente até quatro plantas de
canábis, por família, para uso pessoal.
O comércio de sementes também
será permitido, sem qualquer
limite na quantidade ou níveis de Tetrahidrocanabinol
(THC), o principal
constituinte psicoactivo. Também
será possível comprar sementes nas
lojas, importá-las ou comprá-las online,
apostando na produção nacional
de sementes para fins comerciais.
A ministra da Justiça, Sam Tamson,
descreveu a mudança na lei sobre a
produção e consumo doméstico como
um primeiro passo para melhorar a
situação no país: “Achámos que tínhamos
de agir, temos um problema com
as drogas, a canábis é a substância mais
usada e grande parte vem do mercado
ilegal”.
“Queremos começar a permitir que
as pessoas cultivem em casa. A ideia
é que um consumidor não esteja em
situação ilegal se consumir canábis e
que não apoiamos a cadeia ilegal da
produção ao transporte e à venda,
onde existe muita miséria associada.
Queremos fazer tudo o que estiver ao
nosso alcance para nos afastar cada
vez mais do mercado negro ilegal ”,
disse a ministra.
Como irá funcionar
Os produtores caseiros poderão cultivar
até quatro plantas, desde que seja
na sua residência habitual, dentro ou
fora de casa, numa varanda, terraço ou
jardim.
O consumo e o transporte de mais de
três gramas será proibido e não se podem
vender produtos de canábis que
não sejam sementes. O consumo e
transporte de quantidade de até 3 gramas
deixa de ser considerado crime,
mas é uma contra-ordenação, com
multas a baixar para 25€ (em vez dos
250 a 2.500€). “Acima de três gramas,
nada muda, será considerado um revendedor”,
disse Tamson. Também
será proibido conduzir sob o efeito de
canábis.
Efeito dominó
Dezenas de países no mundo já legalizaram
a canábis para fins terapêuticos
e muitos estão a considerar seriamente
a legalização do uso adulto.
Vários países na Europa, como Malta,
Itália ou a Suíça, anunciaram já a
vontade de prosseguir num sentido de
liberalização e regulamentação, por
isso trata-se apenas de uma questão
de tempo. O efeito dominó
já começou.
LAURA RAMOS
O consumo de canábis entre os jovens de 15 a 17
anos na província canadiana do Québec diminuiu
cerca de 3% entre 2018 e 2021, revelam dados
do inquérito “Québec Cannabis Survey”, divulgado
recentemente pelo Instituto de Estatística
do Québec. Em todas as outras faixas etárias, a
partir dos 18 anos, o consumo de canábis após a
legalização aumentou nos últimos três anos.
Realizada entre Fevereiro e Junho de 2021, a terceira
edição do “Québec Cannabis Survey (QCS)”
examinou a prevalência e a frequência do uso
de canábis e vários aspectos da pandemia CO-
VID-19 em relação à sua utilização.
A pandemia COVID-19 parece ter causado impacto
em alguns utilizadores. Dos 20% dos quebequenses
que usaram canábis no ano passado,
24% relataram um aumento no consumo por
causa da pandemia, enquanto que 72% relataram
nenhuma mudança na sua utilização. Os utilizadores
de canábis com altos níveis de sofrimento
psicológico eram, no entanto, mais propensos a
relatar aumento do uso de canábis devido à pandemia
de COVID-19.
Leia estes e outros artigos em
WWW.CANNAREPORTER.EU
28 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
29
PUBLICIDADE
Relatório do Credit Suisse
sobre falhas da Greensill atrasa
O tão aguardado relatório do Credit Suisse sobre suas
próprias falhas em relação ao colapso da Greensill Capital
foi adiado enquanto o credor suíço se prepara para uma
série de batalhas legais.
Keystone / Urs Flueeler
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291,
Postfach 217
8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 - 044 242 06 45
Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
CLARICE DOMINGUEZ (*)
O banco esperava divulgar os resultados
da investigação – realizada pela
Deloitte e pelo escritório de advocacia
suíço Walder Wyss – em novembro,
em seus resultados do terceiro
trimestre, de acordo com as pessoas
informadas sobre os planos. Mas
esse prazo não será cumprido, já que
o relatório ainda não foi finalizado.
Após uma visita da polícia suíça em
sua sede, o Credit Suisse tem cada
vez mais em jogo. Há duas semanas,
foram apreendidos documentos relacionados
à investigação criminal do
Ministério Público de Zurique acerca
das atividades da Greensill e da forma
como foram administrados e comercializados
os fundos do Credit Suisse
que financiaram os controversos esquemas
de empréstimo da empresa
britânica.
Devido a uma apólice de seguro caducada,
o Credit Suisse foi forçado a
suspender, em março, US$ 10 bilhões
em fundos ligados à Greensill. A situação
levou ao colapso da empresa
de serviços financeiros e desencadeou
investigações regulatórias na Suíça,
no Reino Unido e nos EUA. Embora
o Credit Suisse não seja o alvo direto
da investigação criminal suíça, há
um receio entre alguns funcionários
de alto escalão do banco de que o inquérito
possa ser ampliado, de acordo
com pessoas informadas sobre as discussões.
No início de outubro, foi discutido
um rascunho do relatório sobre a
Greensill numa reunião de conselho
do Credit Suisse. Os executivos estão
avaliando qual impacto o relatório
terá em suas tentativas de negociar o
retorno de bilhões de dólares emprestados
pela Greensill, bem como na
elaboração de reivindicações de seguro
por perdas e na preparação para
processos judiciais de clientes cujo dinheiro
foi retido nos fundos. “Muitos
investidores estão furiosos porque
acham que o Credit Suisse vendeu
indevidamente os fundos”, disse uma
pessoa envolvida no planejamento do
banco. “É mais provável que as questões
legais fiquem na esfera civil e não
na penal”.
Dos US$ 10 bilhões em fundos da
Greensill que haviam sido suspensos,
foram recolhidos US$ 7 bilhões até
agora. O Credit Suisse alertou que
US$ 2,3 bilhões serão difíceis de recuperar.
Na semana passada, também
afirmou que não estava confiante que
recuperaria todos os outros US$ 400
milhões emprestados a uma série de
pequenas empresas. “Estamos lidando
com vários casos de pagamentos
atrasados”, disse o banco numa mensagem
aos investidores. “[Entre esses,
há] casos em que se está discutindo a
possibilidade de reestruturação de dívida,
o que significa que o pagamento
integral talvez não seja mais possível”.
Dada a natureza sensível do caso, o
Credit Suisse publicará apenas detalhes
selecionados acerca da investigação
sobre a Greensill. Isso marca um
contraste em relação ao relatório que
o banco encomendou sobre colapso
do escritório familiar Archegos Capital,
ocorrido em março. O Credit
Suisse publicou esse relatório – feito
pelo escritório de advocacia Paul
Weiss em julho – em sua totalidade.
O documento dizia que a perda de
US$ 5,5 bilhões que o banco sofreu
em suas negociações com a Archegos
foi o resultado de uma “falha fundamental
de gestão e controle” no banco
de investimentos e de uma “atitude
desinteressada em relação ao risco”.
“Se há um padrão, é que tem sido interessante
ver quantas das lições ou
questões da Archegos aparecem novamente
no relatório da Greensill”,
disse uma pessoa informada sobre as
descobertas iniciais. “Há aspectos gerais
na forma como o Credit Suisse é
administrado e gerenciado que precisam
mudar”. O Credit Suisse se recusou
a comentar.
Copyright: The Financial Times 2021
(*) Adaptação: Clarice Dominguez / Swissinfo
Escreve em português do Brasil
30 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
31
ESPECTÁCULO
ESPECTÁCULO
Cörte-Real
trinta anos
dedicados à
Cörte-Real
música
trinta anos
dedicados
à música
Na celebração dos seus 25
anos de carreira, como músico
profissional integrado
nos UHF, Cörte-Real (o outro
eu do artista) prepara-
-se para lançar o álbum, em
nome próprio, XXV.
António Sérgio Côrte-Real
Ribeiro Alves, filho de
António Manuel Ribeiro,
fundador e eterno líder dos
UHF, é músico, compositor
e produtor. A propósito do
álbum que irá lançar em
Dezembro, estivemos à
conversa e quisemos saber
como foi o seu percurso
musical ao longo dos 25 anos
de carreira integrado nos
UHF e dos cerca de 30
dedicados à música.
JOAQUIM GALANTE (*)
FOCUSMSN: Ser músico sempre
foi a tua prioridade ou houve
alturas em que pensaste enveredar
por outro caminho?
António Côrte-Real: Houve alturas
em que pensei desistir, e digo isto,
mesmo já depois de estar nos UHF,
esta vida não é fácil. A conjugação entre
ser músico e a vida familiar é muito
difícil. Estou separado da mãe do
meu filho, hoje ele tem 16 anos, tem
já alguma independência mas foram
muitas férias e fins-de-semana falhados
sem poder estar com ele. São dois
terços da minha vida a viver assim.
F: Que conselhos os teu pai te
dava durante a tua fase de crescimento,
alertava-te para a dificuldade
em singrar no meio artístico
musical?
ACR: O meu pai e a minha mãe sempre
me apoiaram, aliás mais a minha
mãe, sempre respeitou e apoiou nas
minhas escolhas. O meu pai já me
alertava para as dificuldades de singrar
no meio artístico. Preferia que eu
tivesse tirado um curso, terminei o 12º
ano com uma média simpática. Podia
ter seguido direito, psicologia ou jornalismo
mas o gosto pela música foi
mais forte, estava determinado em seguir
uma carreira musical.
F: Com 16 anos inicias o teu percurso
nos Falso Alarme, que onda
musical te influenciava na época?
ACR: Aos 12 anos cresceu em mim
a vontade de tocar, o meu pai ofereceu-me
a primeira guitarra mas foi aos
14 anos que realmente quis aprender
como se mexia ‘naquilo’. Fui à procura
de uma escola em Almada e vim então
a conhecer o Carlos Falcão, que
é um homem a quem muitos dos guitarristas
e pianistas Almadenses devem
muito e eu em particular. É uma
máquina de ensinar e passar conhecimento.
Ao fim de seis meses disse-me ‘já não
te consigo ensinar mais nada, como
não queres aprender música clássica,
vai para casa e toca oito horas por dia’.
Eu fui. Era até me doerem os dedos.
Praticava escalas depois da hora de
deitar (sem ninguém ouvir) e de manhã
pegava na guitarra e seguia para
escola. Aproveitava os intervalos para
continuar a praticar (risos).
F: Entras nos Falso Alarme….
ACR: Entro nos Falso Alarme com 16
anos, os meus colegas tinham entre 15
e 17, foi a minha primeira experiência
fora da rotina casa-escola-casa. Fui
convidado para assistir a um ensaio e
gostei da banda. Perguntaram-me se
eu estava interessado em a integrar e
obviamente disse que sim.
Os Falso Alarme eram uma banda que
estava, em termos de sonoridade, entre
os UHF e os Xutos & Pontapés,
literalmente. O vocalista era o João
Lima, actual guitarrista dos O’QueStrada.
Hoje olho para trás e vejo que
ESPECTÁCULO
se alguém tivesse pegado na banda na
altura certa teríamos feito carreira. Já
dávamos uns 30 concertos por ano naquela
altura.
F: O teu pai ‘deu’ a guitarra ao
Renato Gomes mas tu optaste
por seres guitarrista, porquê?
ACR: Na época o meu pai procurava
uma sonoridade diferente para a banda,
um som de fora mas cantado em
português. Coloca um anúncio num
jornal e é assim que aparece o Renato
Gomes, o Carlos Peres e o Zé Carvalho
e nasceram os UHF.
O Renato era genial com a guitarra e
como o meu pai queria estar concentrado
na voz e como a guitarra dele
era melhor que a do Renato ele emprestou-lha.
Eu optei pela guitarra por dois motivos,
o primeiro é porque não tenho
jeito para cantar e o segundo porque
na minha juventude os guitarristas
eram estrelas, eram ídolos para muita
gente e isso cativou-me aos 12 anos.
Mas o primeiro instrumento que toquei
foi bateria. Tive aulas com o
grande Luís Espírito Santo, baterista
dos UHF. Uma pessoa que já naquela
altura falava muito comigo, gosto
muito dele e foi muito importante no
meu percurso e crescimento.
F: Que guitarristas te influenciaram
no teu percurso….
ACR: Portugueses foram o Renato
Gomes e o Rui Rodrigues, ambos
dos UHF, embora de estilos diferentes
complementavam-se, o Renato
um virtuoso, o Rui um melódico com
muito bom gosto. Depois aparece o
João Cabeleira nos Xutos, fiquei fascinado
pela estética sonora e a forma
como construía as músicas. A nível internacional
bandas como as The Cult,
Led Zeppelin, U2, mais tarde Jimi
Hendrix, The Doors, Ramones, entre
outros.
F: Passas pelos Finisterra, MKD
e Sirius, e entras em 1996 para os
UHF como segundo guitarrista.
As bandas por onde passaste foi o
currículo necessário para que os
32 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
33
14 15
ESPECTÁCULO
ESPECTÁCULO
UHF te dessem a oportunidade de fazeres parte
do grupo?
ACR: Sim e não. Eu entro para os UHF porque precisavam
de um segundo guitarrista. Tinham acabado de gravar
um disco com o Rui Padinha que tecnicamente é um
guitarrista fabuloso e para os concertos era necessário
outro guitarrista e aí sim as bases que trazia foram muito
importantes.
Um ano depois (1997) o meu pai informa-me que dispensou
os músicos e se eu conhecia outros em Almada com
qualidade para vir tocar nos UHF. Montámos a banda
com uma nova formação: Marco Cesário na bateria que
eu conhecia dos Lesma e tinha passado pelos Braindead,
o Nuno Canoche que hoje toca nos Mundo Cão e que
tinha tocado comigo nos Finisterra e o Jorge Costa no
piano e Saxofone que também tocava comigo nos Finisterra.
Nesta altura passei a primeiro guitarrista, não foi
pelo currículo mas pela ordem natural das coisas.
F: Mas passares de repente a guitarrista principal
traz-te desafios e obstáculos que tiveste que
transpor….
ACR: Exacto, eu tinha de, no espaço de 30 dias, aprender
o repertório da parte solista de todas as músicas dos
UHF. Nesse espaço de tempo não consegui assimilar na
perfeição os solos de algumas músicas, improvisei em
algumas das canções (risos) mas depois as coisas compuseram-se.
Serviu de lição porque no disco que irá sair
e em todos os que gravei desde que entrei para os UHF,
grande parte dos solos são gravados de improviso.
F: Experimentar diferentes sonoridades, saber
qual o estilo musical onde melhor te encaixavas,
ajudou-te a definir os caminhos enquanto músico?
ACR: Olha, eu toquei por breves meses nos Cronic
(2003) com o baixista Fernando Rodrigues, que também
passou pelos UHF. Era uma banda de hip-hop mas eu
chegava e transformava partes ‚daquilo’ em rock. Mas
depois um ‚gajo’ cresce e com o passar dos anos vamos
abrindo horizontes e começo a tocar outras sonoridades.
Convidarem-me agora para tocar outro som, é para mim
uma lufada de ar fresco.
F: Actualmente que bandas te inspiram?
ACR: Os Rolling Stones, Led Zeppelin, Pearl Jam, Ramones,
Cult, Doors, Joe Bonamassa, entre outros. Admito
que sou um velho a ouvir música.
F: Quando criança/adolescente e ouvias as músicas
dos UHF na rádio o que sentias?
ACR: Sentia orgulho, o meu pai tocava na rádio e na
TV os pais dos meus amigos não, mas por outro lado os
meus amigos tinham os pais ao fim-de-semana em casa e
eu não. Na altura sentia alguma carência afectiva e hoje
tento que o meu filho não sinta o mesmo, embora perceba
que são situações que fazem parte da vida e do seu
percurso.
F: Em 1997 tornaste-te membro efectivo dos
UHF, foi o realizar de um sonho, foi a base de
apoio que precisavas para te tornares um músico
de topo?
ACR: Foi sem dúvida, se não fosse os UHF provavelmente
teria seguido um dos cursos de que te falei há
pouco, muito provavelmente teria ido para a faculdade,
tirado um curso e estaria a fazer outra coisa qualquer.
Passaria a vida a pensar que queria ser era músico, vejo
isso acontecer com alguns amigos, que não seguiram a
carreira musical e sentem alguma angústia.
F: Não sentiste uma grande responsabilidade e
alguma pressão para mostrares que estavas no
grupo, não por seres filho do fundador, mas por
mérito próprio?
ACR: Eu tinha 20 anos mas era muito miúdo, tinha vivido
muito pouco, sempre fui muito caseiro e tímido,
depois com a idade fui-me soltando naturalmente. Trabalhava
com muito afinco, como trabalho até hoje, apenas
pensava em fazer as coisas certas e evoluir no seio da
banda.
No início foi complicado, ouvi algumas ‘bocas foleiras’
em alguns concertos (estou a lembrar-me de umas
três ou quatro), não porque estivesse a tocar mal, mas
porque as pessoas que tinham estado antes de mim tinham
deixado marca na banda.
F: Demonstraste que não há insubstituíveis e que a
tua qualidade é tão boa quanto a deles….
ACR: Não sei se posso pôr o assunto nesses termos.
Cabe ao público responder, não a mim. Eu sei que sou fã
deles todos e que foi um prazer aprender os trabalhos de
guitarra que criaram antes de mim. Há malhas que toco
exactamente iguais, noutras dou o meu cunho pessoal, o
que acho ser normal ao fim de tantos anos.
F: A formação dos projectos Revolta e União das
Tribos, este onde tocas com mais regularidade, é
vontade de conheceres outros músicos e experimentares
outras sonoridades?
ACR: A União das Tribos está parada há quase três anos,
tivemos um azar, uma escolha que não correu bem, a banda
existe, se for contratada para dar um espectáculo estamos
prontos. Temos um disco para sair, que não saiu por
causa da pandemia. Quando o oiço já sinto o disco velho
(risos). Hoje faria tudo de outra maneira. É normal, passaram
2 anos e meio, faz parte, mas é uma chatice.
Quanto à sonoridade, a União das Tribos é rock, ao vivo
ainda é mais rock que em disco, era um escape que eu precisava
para tocar com outras pessoas e escoar as minhas
composições que estavam a ficar esquecidas na gaveta. Já
lançámos dois discos de originais, um EP e um disco ao
vivo, e temos mais dois concertos gravados ao vivo que
um dia destes podem até sair em disco e ver a luz do dia.
F: E em relação ao projecto Revolta…..
ACR: A Revolta é diferente, o primeiro motivo foi porque
fui assaltado e agredido em Almada (2005), deixaram-
-me a esvair em sangue, levaram tudo, fiquei sem chaves
para entrar em casa a meio da noite, e eu senti que tinha
sido um atentado contra a minha vida e a minha liberdade.
Eu senti uma revolta dentro de mim e escrevi a canção
‘Ninguém Manda em Ti’.
O segundo motivo foi porque soube que ía ser pai e senti
que tinha que fazer mais qualquer coisa profissionalmente.
Na altura passávamos seis meses em concertos e
outros seis sem nada para fazer, para ocupar esses hiatos
temporais formei a banda, que teve várias formações até
chegarmos ao núcleo que gravou o EP em 2006 e o disco
em 2009.
No álbum ‘Amanhã’ (2017) da União das Tribos contas
com a participação de nomes consagrados da música portuguesa.
F: Como é que vozes tão distintas se encaixaram
tão bem, tendo o álbum atingido o top 10 nacional
de vendas?
ACR: Comecei a compor o disco sozinho numa fase difícil
da minha vida, ficamos sem vocalista, entra o Mauro
Carmo, e continuo a compor com o David Arroz, um
grande amigo meu. Junto com o Mauro, fizemos os arranjos
e as melodias e foi surgindo a ideia de parcerias com
outros músicos. Decidimos então que metade do disco
seria cantado com convidados e a outra metade pelo Mauro.
Comercialmente, o disco foi uma enorme surpresa, com
poucos meios, baixo orçamento, numa produção e distribuição
independentes, conseguimos fazer concertos ao
vivo e vender discos. Depois quisemos dar um passo em
frente, a coisa não correu bem, entretanto estávamos a
tentar voltar à ribalta com um novo disco, dá-se o covid e
as coisas pararam.
Em 2009, juntas-te a Fernando Rodrigues (baixista) e a
Ivan Cristiano (bateria) e formas a banda António Cörte-
-Real Trio e editam o álbum ACR3-Midnight In Lisbon.
Um improviso instrumental que resultou num sucesso de
vendas digitais, atingindo o primeiro lugar no site americano
eMusic, na categoria de blues.
F: Estavas à espera de tamanho alcance ou foi uma
surpresa para ti?
ACR: Total surpresa. Ver a nossa música no topo das tabelas
de vendas digitais da América, com artistas como
Eric Clapton, Joe Bonamassa e B. B. King. Ainda hoje
me arrepio só de pensar nisso (risos), deu-nos exposição,
mas as vendas físicas não tiveram repercussão fora de Portugal.
Ainda chegamos a ser contactados para tocar em
34 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
35
16 17
festivais de Jazz e Blues em Portugal mas a ideia nunca
chegou a avançar.
F: Porque não se voltaram a juntar para dar aso a
vossa criatividade?
ACR: O disco que estou a gravar tinha sido pensado para
ser o segundo álbum do Côrte-Real Trio. Depois pensei
que se o primeiro teve um relativo sucesso e não fizemos
sequer um concerto ao vivo, teria que fazer qualquer coisa
diferente. Acabei por formar um grupo de rock mais
pesado que era uma ideia que tinha em mente fazer já há
muito tempo.
Nasce assim a banda Cörte-Real, numa altura em que
faço 25 anos de carreira, juntamente com o Bruno Celta,
Nico Guedes e o Nuno Correia.
F: Que afinidades tinhas com os músicos que te
acompanham na banda?
ACR: O Bruno é o roadie de guitarras dos UHF e dos
Tara Perdida. Um dia, há uns anos, oiço-o num ensaio de
som dos UHF a cantar e pensei ‚este gajo é bom’. Conversando
com ele percebi que era uma pessoa afável e
educada, com cultura musical e logo ali vi que tínhamos
afinidade.
O Nuno Correia já o conheço há muitos anos, desde que
entrei para os UHF. Ele tocava com os ‘Pedro e os Apóstolos’.
Houve uma altura que nos cruzávamos muito na
promoção dos nossos trabalhos e foi crescendo uma amizade.
O Nico Guedes não o conhecia pessoalmente mas já conhecia
o trabalho dele porque um dia, o Paulinho, baterista
da Pearl Band, mostrou-me um vídeo dos Budda
Power Blues. Gostei da banda e fiquei maluco com o
baterista. Quando arranquei com o projecto decidi que
precisava de um baterista que trouxesse uma influência
‘Zeppeliniana’, telefonei-lhe, nem sequer sei se ele sabia
quem eu era mas em três minutos, ele disse que sim e perguntou
como queria que tocasse, respondi ‚toca à Nico’
e assim foi.
F: E tens apoios para promover o disco e teres desta
vez mais sucesso comercial….
ACR: Em primeira mão quero-te dizer que duas instituições
de apoio à arte nos estão a ajudar e é graças a
elas que conseguimos lançar o single com a qualidade de
som e imagem que ouviste e viste no vídeo. O mesmo vai
acontecer para o próximo single e para a edição do álbum
em cd, digital e vinil.
Recentemente lançaste o single/videoclipe de apresentação
‘Tiro Os Olhos Do Chão’, que faz parte do álbum que
irás divulgar em Fevereiro.
F: ‘Tiro Os Olhos Do Chão’ é uma mensagem para
que as pessoas alarguem os seus horizontes?
ACR: Também, se quiseres é um bocado a continuação
do ‘Ninguém Manda Em Ti’ da Revolta. Escrita de outra
forma, foi o Bruno Celta que escreveu, mas é um bocado
isso as pessoas precisam de olhar à volta, respirar e começar
a fazer o que têm de fazer porque ninguém o vai
fazer por elas.
F: ‘Sempre pronto a partir, Sou o último a rir’ é
uma metáfora associada à mudança de mentalidade
e ambição individual?
ACR: Quer dizer que ainda temos sangue na guelra (risos)
e que daqui a uns anos não sabemos se temos, por
isso ou fazemos agora ou ficaremos pela intenção.
F: Sinto na letra angustia e revolta, tem a ver com a situação
pandémica que atravessamos ou é mais genérico?
É genérico mas tem a ver com a situação que atravessamos.
A parte lírica do disco foi composta durante a pandemia.
Estávamos cada um na sua casa fechados e foi ao
telefone e via zoom que as coisas foram evoluindo.
Eu gravava os riffs de guitarra, mandava ao Bruno para ele
cantar, ele mandava a maqueta, trocávamos impressões e
fazíamos ajustes e depois enviava para o baixista e para
o baterista para trabalharem as suas partes. Cada um de
nós gravou a sua parte nos seus espaços e assim nasceu o
álbum.
F: Que título vais dar ao álbum?
ACR: XXV, para assinalar os meus 25 anos de carreira
como músico profissional.
F: Cörte-Real é um projecto de continuidade?
ACR: Sim, é essa a intenção, juntei estes músicos porque
são pessoas de quem eu gosto, reconheço-lhes méritos,
foram os únicos com quem contactei e aceitaram logo o
convite. Cörte-Real irá continuar enquanto eu sentir força
para fazer música.
Aliás, posso adiantar-te que metade do segundo álbum já
está composto.
F: Que feedback tens tido por parte do público/fãs
em relação ao single ‘Tiro os Olhos do Chão’?
ACR: Como nunca senti em projecto nenhum, sem ser
nos UHF e isso deixa-me muito feliz. Nenhum de nós,
banda e estrutura à volta da banda, pagou um euro sequer
para promover o single nas redes sociais, ainda assim, os
números de visualizações aumentam a cada dia. Os comentários
e as mensagens que recebo das pessoas estão a
ser muito encorajadores e só por isso já valeu a pena.
Vamos ver até onde nos vai levar, ambicionamos um crescimento
passo-a-passo, por agora encher uma sala e no
futuro, quem sabe, vamos ver.
F: Vais divulgar mais alguma música até ao lançamento
do álbum?
ACR: Sim, vai sair durante o mês de Novembro, o single
com o título ‘Perto do Fim’.
F: Perto do fim da pandemia…..
ACR: Fala da pandemia mas não como estás a pensar,
depois vais ver quando sair. (risos)
F: Uma coisa que achei fantástica, além da sonoridade
instrumental, próxima do hard rock, foi o
casamento perfeito com a voz segura e melodiosa
do Bruno Celta, concordas?
ACR: Concordo plenamente com a tua análise.
F: Para quando o lançamento do álbum e se já
tens datas para concertos ao vivo?
ACR: Dia 17 de Dezembro vamos lançar o álbum e no
dia 4 de Fevereiro, vamos estar a apresentar o disco ao
vivo, na Boutique da Cultura, próxima do CC Colombo
em Lisboa, estamos também a negociar uma data para o
Porto, contamos em breve anunciar novas datas.
F: Queres deixar uma palavra aos fãs e ao
público que te segue nesta tua já longa carreira?
ACR: As minhas palavras são de agradecimento pois as
mensagens que nos estão a fazer chegar criam-nos a responsabilidade
de não gorarmos as expectativas no single
que iremos lançar. Obrigam-nos a fazer mais e melhor e
é para eles todo o meu/nosso esforço e dedicação.
(*) FOCUSMSN.PT
36 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
37
18 19
Os novos cantores de
protesto
CARLOS MATOS GOMES (*)
Das boinas, dos
cânticos e dos gritos
de guerra
Tenho idade e experiência de vida
para não ser ingénuo. E também
para reconhecer técnicas velhas de
manipulação, mesmo modernizadas.
A manifestação de grupos de antigos
militares no dia do Exército a
propósito de cânticos, gritos e boinas
é uma evidente ação política de
agitação, agitprop.
O canto coral em marcha de desfile
é uma moda recente nas forças armadas
portuguesas. As tropas especiais
nunca cantaram a marchar nos
desfiles dos dias solenes, nem antes
nem depois do 25 de Abril de 1974,
do 10 de Junho, 25 de Abril, dias das
Forças Armadas, guardas de honra.
A moda dos corais militares começou
no final dos anos 80, nos Festivais
de Bandas Militares organizados
pelo Estado-Maior das Forças
Armadas. Estes festivais realizavam-se
pelo Verão, quase sempre
em estádios de futebol, em várias
cidades do país. Tinham a finalidade
de mostrar as capacidades das novas
Forças Armadas pós coloniais,
fomentar a ligação destas com a sociedade
e angariar voluntários, dado
que, principalmente no Exército,
estavam a processar a passagem do
serviço militar de conscrição para o
voluntário e de contrato.
A moda do cântico coral militar em
cerimónias militares — festivais,
desfiles, guardas de honra — surge,
pois, no âmbito de festivais militares
do tipo anglo-saxónico de Jamboree.
Juntamenta com exibições
de ordem unida autocomandada,
em que os fuzileiros se especializaram,
exibições de técnica de combate
individual entre outros, rappel,
slide, escalada.
Não existe, pois, nenhuma tradição
de marcha guerreira — é uma modernice.
Assim como é o desfile de
tropas em cerimónias com equipamento
de combate, pinturas de camuflagem,
mochilas, até redes para
atiradores especiais. Uma nova tradição
como a das praxes estudantis
nas universidades de Lisboa e do
Porto, com meninos e meninas em
trajes de que nem sabem a origem a
reivindicarem a “tradição académica”
de humilharem os outros.
Estas modas colidem, aliás, com a
tradição das forças armadas, que
sempre utilizaram em parada uniformes
de gala: as escolas militares
utilizam barretinas com plumas e
penachos, ombreiras, talabartes,
francaletes dourados, calçado de
verniz ou brilhante. A talhe de foice,
o presidente do CDS, tratado na
imprensa por Chicão, deve ter-se
esquecido de como se uniformizava
para os desfiles do Colégio Militar,
que frequentou. E, já agora, talvez
fosse bom que dissesse quais as canções
que cantava ao descer a Avenida
da Liberdade.
Mais, a música em cerimónias militares
está regulamentada. Determinados
hinos correspondem a determinadas
patentes, caso da Maria
da Fonte, por exemplo. A cadência
da marcha também está nos regulamentos.
Novas tradições (anglo-
-saxónicas) são as boinas utilizadas
com traje civil, a mão sobre o peito.
São, em termos artísticos, tradições
pós-modernas.
Uma outra lembrança: em combate
os gritos e as letras das canções que
os soldados dirigem aos seus adversários
não são os que constam dos
que os manifestantes entendem ser a
sua tradição, e não obedecem às notas
aprendidas nos conservatórios de
música. E não são próprios para ouvidos
em dias de festa. Os excitados
que reivindicam a tradição coral não
os conhecem…
Nesta assuada do dia 23 de Outubro
os cidadãos em geral assistiram, e os
organizadores quiseram-nos cúmplices,
de um grosseiro aproveitamento
de emoções, de desconhecimento do
passado das instituições por parte de
demagogos e de políticos sem escrúpulos.
Esta assuada não teve por fundo o espirito
de corpo, nem a dignidade das
forças militares. Foi a sua negação e
pretendeu minar os fundamentos do
Estado e das suas grandes instituições.
Estamos perante sapadores do
Estado de Direito e não de cantores
de protesto
Esta manifestação conduziu-me a
um livro publicado recentemente
por um autor francês Laurent Petitmangin,
filho e neto de ferroviários,
engenheiro e hoje em dia diretor
da Air France. Ele desmontou estas
técnicas de manipulação e os seus
perigos no romance traduzido em
espanhol Lo que falta de noche, em
que um pai, vindo das esquerdas se
defronta com o filho que se fez ultradireitista
e se torna violento.
Na entrevista ao jornal El Pais, a
jornalista pergunta-lhe: Tem medo
da extrema-direita? Responde: Tenho.
A extrema direita é como um
ancinho, recolhe tudo o que pode.
Sim, tenho medo da extrema-direita
porque tende a banalizar-se e tem
a habilidade de um polvo de deitar
os tentáculos a tudo o que pode.
Não reclama 100% das suas teses,
contenta-se com que as pessoas ingénuas
ou manipuladas partilhem algumas
reivindicações, como a recusa
da Europa, o medo da imigração,
agora as vacinas. Sabe abrir passagens
como tentáculos e apoiar-se em
movimentos de protesto.
A arruaça contra o canto coral nos
desfiles corresponde a esta estratégia.
Um destes novos cantores de
protesto, entrevistado, afirmou que
tinham o direito de cantar porque
não eram, ao que disse: Arremachos!
É uma revelação do tipo de ideologia
que preside a estes protestos.
Os arremachos não cantam, somos
nós, seremos as próximas vítimas
dos cantores de extrema-direita, se
formos nas suas cantorias.
(*) Carlos Vale Ferraz, pseudónimo
literário de Carlos de Matos
Gomes, nasceu a 24 de Julho de
1946, em Vila Nova da Barquinha.
É historiador, foi oficial do
Exército, tendo cumprido comissões
em Angola, Moçambique e
Guiné.
38 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
39
Que belo país o meu
NEUROCIÊNCIA
CARLOS ESPERANÇA
Quem, como eu, pensava, com algum
humor e maior apreensão, que
o coronavírus fora desenhado para
matar a partir dos 66 anos e 4 meses,
a idade que então vigorava para
as reformas, assistiu atónito à opção
de salvar os mais velhos em detrimento
da segurança social e da produtividade.
Ao ver contrariar a lógica do lucro,
a ilusão do crescimento perpétuo
do PIB, a ideia de que a felicidade
e a riqueza são sinónimas, sinto-me
grato a um Estado que ainda me
quer vivo aos 78 anos.
Até a Europa de que sou orgulhoso
cidadão, a Europa laica e republicana,
a herdeira do Renascimento, do
Iluminismo e da Revolução Francesa,
deu o exemplo de solidariedade
na compra comum de vacinas e no
esforço coletivo de impedir o colapso
das economias mais débeis.
Sabendo que Portugal vacinou ainda
poucos jovens adultos, mas raros
países vacinaram tanto os mais velhos,
sinto redobrado orgulho, não
pelo benefício próprio, pelo exemplo
que constitui.
Um país mais próximo de Marrocos
do que da França, que em 4 décadas
passou de 4 anos de escolaridade
obrigatória para 12, que criou o
SNS, cuja qualidade não teme confronto
com o dos países mais avançados,
que deixou de ser só de emigrantes
para se tornar um país de
acolhimento, que integrou 1 milhão
Prado encantado
de retornados e terminou a guerra
colonial, que já leva em democracia
quase tantos anos como os que
sofreu de ditadura, penso que é um
país onde vale a pena viver, e merece
ser defendido de quem o denigre.
Num país sem censura, sem polícia
política ou presos políticos, sem
tortura, é possível combater quem
nos governa sem medo de que nos
prendam, torturem ou ostracizem.
Podem os nostálgicos e herdeiros
do fascismo sentir comichão e azia,
podem até ser os agentes do regresso,
mas o exemplo do Portugal democrático
há de perdurar, e os anos
de democracia serão sempre o fermento
para novas madrugadas.
Que belo país o meu!
Inteligências fracassadas
V NELSON S. LIMA
Praticamente todos os animais - incluindo o homem - nascem
dotados de uma inteligência magnífica que lhes permite
estarem preparados para enfrentar a vida com êxito (e
quero dizer com isto serem capazes de criar o seu próprio
caminho utilizando os seus recursos e potencialidades).
Infelizmente, existem mil e um perigos a rondar a inteligência.
E não são apenas as doenças ou os acidentes que a
podem ameaçar.
São, sobretudo, os abusos do poder de qualquer tipo de autoridade
(incluindo a paternal), educação, egoísmo, hipocrisia,
mentira, ilusões instaladas, violências psicológicas,
abandonos, indiferenças, castrações e medos.
Geram-se assim inteligências fracassadas. E há tantas por
esse mundo fora, desde a que sacrifica o animal pelo abandono,
a perseguição ou o mau-trato até ao ser humano a
quem, desde o berço, se procura impedir que se libertem
os poderes da uma inteligência triunfante!
EMÍLIO COSTA
Eu sou o Emílio Costa
E trago aqui uma amostra
De como me sinto feliz.
Meu coração de ti gosta
Vila de Prado, terra nossa,
Estas quadras para ti eu fiz.
Trago bloco de notas na mão,
Enquanto por aqui caminho
Nem sei bem em que direcção.
De estar aqui sinto emoção,
Vou avançando devagarinho
Na Vila que é uma tentação.
Mais daqui a um bocadinho,
Com algum jeitinho,
Para ti cantarei um refrão.
Um melro ouço assobiar,
Dando depois às asinhas,
Observar isto é tão bom.
Vejo, também, a voar
Duas lindas rolinhas,
E folhas caindo no chão.
Uma parte gratificante
É teu manto verdejante,
Fruto de rara beleza.
Teu chão vale diamante,
És terra sempre constante
Das maravilhas da natureza.
Passo frente a duas velhas casinhas,
Num terreiro está uma velhinha
Jogando milho no chão.
A correr chegam as galinhas,
Isto foi observação minha,
Enchendo o papo com satisfação.
Agora olha para ela,
Abençoada e linda capela
Da Senhora do Bom Sucesso.
Mas que “coisa” tão bela…
Faço questão de entrar nela
E à Senhora licença eu lhe peço.
Já estou a demorar,
Está na hora de jantar
E o calor continua a apertar.
Minha alma vou refrescar,
No Cávado vou-me molhar
E a linda ponte admirar.
Este é o meu local encantado,
Tendo sido abençoado
Por Deus Nosso Senhor.
Agora vou dormir um bocado,
O sol já está do outro lado,
Volto amanhã, sem favor,
Para te ver respirar teu amor,
Minha linda Vila de Prado.
O abraço
NADA SUBSTITUIRÁ O SER HUMANO
Nunca houve um tempo como este em que mais
precisássemos uns dos outros.
V NELSON S LIMA
Num mundo frenético e complexo, é por vezes difícil mantermo-nos
sem o apoio, a palavra ou a presença de alguém
que nos faculte uma sensação de segurança, uma espécie de
referência honesta, quase um guia da vida que nos ajude a
orientar-nos.
Nas sociedades ancestrais eram os anciãos - os mais idosos
e experientes das tribos- que desempenhavam esse papel e
a quem até os guerreiros pediam conselhos.
Agora somos todos quase órfãos. Os anciãos desapareceram
da nossa sociedade. Metêmo-los em “lares” de idosos
ou deixámo-los sozinhos nas suas aldeias remotas. Ou,
simplesmente, considerámo-los senis porque o que está
na crista da onda é ser-se jovem, como se a sabedoria de
alguém estivesse no corpo.
Andamos muito perto de sermos “zombies”, mais ainda
agora em que o expoente máximo da inteligência é a “artificial”.
Creio que estamos a perder o chão, as referências
que orientaram os mais velhos.
Mas ainda estamos a tempo de travar esse deslize que nos
iria atirar para um monte de inúteis e desesperados cidadãos.
Cultivemos boas amizades sobretudo agora em que
“smartphones” e outros aparelhos “inteligentes” fazem
parte do nosso mundo. Nada há que possa substituir o ser
humano. E ensinemos isso aos mais novos porque o futuro
vai ser mais difícil do que eles imaginam.
40 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
41
PUBLICIDADE
Silva Automobile
Silva António Filipe
Silva Automobile
Silva António Filipe
Sopa de Letras
CULTURA
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
V PAULO FREIXINHO
MAGUSTO
Horizontais:
1. Festa em que se
assam castanhas.
17. Planta liliácea
da China.
18. De menor valor.
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
7. Emite a sua opinião.
8. Terceira nota
musical.
Verticais:
1. Sumo de uvas
antes de acabar a
fermentação.
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
9. No caso de.
10. Que tem cor de
castanha.
13. Elemento de
formação de palavras
que exprime a
ideia de ombro.
14. Caminho numa
povoação.
2. Armada Portuguesa
(sigla).
3. Elemento de formação
de palavras
que exprime a ideia
de nu.
4. Juntava.
5. Sociedade Anónima.
6. Poema lírico.
9. Mata de castanheiros.
11. Agastamento.
12. Doutor (abreviatura).
15. Suspiros.
16. União Europeia
(sigla).
SOLUÇÕES
Silva Automobile
Silva Automobile
Silva António Filipe
Silva António Filipe
Novo site - SUPER RÁPIDO, SUPER NOVIDADES E TUDO E TUDO
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Se:
adora sites rápidos e supersónicos
é um cruzadista inveterado
gosta de exercitar o cérebro ou
gosta mesmo de aprender palavras
novas.
Então esta novidade é para si: há um
“novo” palavrascruzadas.pt, muito
mais rápido!
Agora até há uma área exclusiva para
quem comprou o meu livro, com
Palavras Cruzadas de grelha simétrica
e pistas criativas, muitas delas
interpretativas (e bem sei que são
muito apreciadas).
Se comprou o livro já deve ter recebido
a palavra-passe de acesso. Se
ainda não tem, o que espera???
www.palavrascruzadas.pt
42 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
43
ACTUALIDADE
A queda do governo num dia que
ficará para a história
LITERATURA
LUÍS OSÓRIO
1. Apetecia-me dizer três ou quatro coisas
irremediáveis.
Também eu estou indignado com o que
aconteceu hoje – ver a direita em peso,
armada de sorriso pela estrondosa queda
da “geringonça”, ver Ventura a fazer contas
aos lugares do parlamento que poderá
conquistar com o seu partido de ressentidos
e fachos, ver comunistas e bloquistas
a fazerem cair o governo por motivos que
julgo não serem óbvios para os portugueses,
ver tudo isto…
… o que uma pessoa pode pensar?
Depois de seis anos em que tanto do que
me parece importante foi recuperado – a
começar pela dignidade das pessoas depois
dos anos de chumbo da troika, depois
de se ter provado que era possível
combater a austeridade sem cortar nos
direitos das pessoas, depois de avanços
nas políticas laborais, depois do combate
contra o Covid, depois de se ter conseguido
negociar um PRR muito vantajoso
para o país (muito pelo talento negocial
de António Costa).
Depois de tudo isto?
Depois de o PCP e o BE terem provado
que podem ser partidos de ação política
executiva. Depois de termos convencido
a Europa de que um governo verdadeiramente
de esquerda pode colocar as contas
sem défice e, ao mesmo tempo, criarem
uma perceção de confiança no país…
Depois de tudo isto?
Como é possível que os dois parceiros de
governo votem contra o OE e ao lado dos
setores mais reacionários da sociedade
portuguesa?
Porventura o PCP e o BE acham que um
governo do PSD, com o apoio do Chega,
será melhor do que este governo?
Não terá sido ponderado pelo PCP e pelo
BE que, por longos anos, os seus partidos
voltarão a estar acantonados?
Não terão ponderado que dificilmente
poderão voltar a ter influência em qualquer
governação nos próximos largos
anos?
2. E o que dizer destes meses em que
estaremos parados e à espera de eleições?
Meses em que poderemos estar sujeitos a
uma nova vaga de Covid.
Meses em que deveriam arrancar os programas
de investimento com o dinheiro
do PRR.
Meses de recuperação económica e das
famílias.
Meses em que seriam implementadas
mudanças laborais importantes algumas
e substanciais pela influência do PCP e
BE.
Não terão o PCP e o BE ponderado a hipótese
de em janeiro ou fevereiro, o Chega
poder ter mais deputados do que suas
baancadas?
Ou que o governo possa voltar a ser de direita
com Ventura numa qualquer pasta?
O que lhes acontecerá eleitoralmente se
isso vier a acontecer?
3. Não quero fazer aqui um julgamento
de valor sobre a decisão, certamente muito
ponderada, dos comunistas e do Bloco
de Esquerda.
Certamente que foi muito discutido.
Certamente que agora chegará o momento
em que as trincheiras se irão abrir de
metralha contra quem não pensa como
cada exército pensa.
Certamente que existirá muito nervosismo
e pressa de dizer que a culpa é deste
ou daquele.
Certamente que terá sido muito ponderada
a hipótese de perderem votos nas
próximas legislativas – no limite de perderem
muitos votos.
4. Compreendo bem a decisão do PCP.
Não julguem que não compreendo.
Este acordo foi e era bom para o país,
mas teve aspetos negativos para os comunistas.
Entre 2015 e 2021 perderam em
três tabuleiros.
- Nestes seis anos perderam votos nas várias
eleições
- O sindicalismo afeto à CGTP perdeu
fôlego e o país viu surgir sindicatos inorgânicos
que ganharam poder e relevância
(enfermeiros, camionistas, etc)
- Nas últimas duas autárquicas perderam
mais de vinte câmaras, algumas fortemente
emblemáticas.
Admito que muitos comunistas pensem
que já chega.
Que não é possível continuar a morrer
lentamente desta forma.
Que podem perder votos (e talvez muitos
votos) nas próximas eleições, mas que
têm de voltar a ser comunistas e a lutar
pela sua essência.
5. Já compreendo menos (ou nada) o
Bloco de Esquerda.
Não faço a mais pequena ideia das suas
razões.
Só têm a perder.
Será completamente irrelevante votar no
Bloco nas próximas eleições.
Na verdade, para quê votar no Bloco?
Quem vota no PCP pode pensar que o
poder nos sindicatos será reforçado.
Ou que será importante voltar a ver o
PCP combativo no poder local e nas fábricas.
Mas o que poderá esperar quem vota no
Bloco de Esquerda?
Não tem sindicatos.
Não tem poder local.
E deixou de ter a possibilidade de chegar
ao poder direta ou indiretamente.
Será penoso.
Peço desculpa aos meus amigos bloquistas,
mas não compreendo.
6. Os dados estão lançados.
E é a democracia funcionará.
Os dias serão agitados e os portugueses e
portuguesas irão escolher o que desejam.
Não há nada de mais bonito do que isso.
PRESA NUM MANICÓMIO
POR UM “CRIME DE AMOR”
PAULO MARQUES
Corria o ano de 1918 quando um escândalo
protagonizado pela filha e herdeira do
fundador do Diário de Notícias, Maria
Adelaide Coelho da Cunha, veio agitar o
país habitualmente sereno e muitíssimo
conservador em matéria de costumes.
Resumidamente, a história reza assim:
casada (com o administrador do mesmo
jornal, o advogado e escritor Alfredo da
Cunha), senhora de uma educação privilegiada,
com uma fortuna considerável,
Maria Adelaide, com 48 anos de idade,
apaixonou-se pelo seu motorista particular,
de 26. Por amor, decidida a abdicar
de uma vida abastada e mundana e de
um casamento aparentemente considerado
exemplar, um modelo de harmonia
e felicidade, que, no entanto, a tornava
profundamente infeliz, Maria Adelaide
abandonaria a sua residência, o palácio
de São Vicente, à Graça, para ir viver
num primeiro andar alugado, modestíssimo,
em Santa Comba Dão.
O marido traído e ávido de vingança,
com o auxílio das autoridades, iniciou
uma caça policial que acabaria na captura
da mulher e do seu amante. Enquanto
ele, Manuel Cardoso Claro, foi encarcerado
na Cadeia da Relação do Porto onde
permaneceria durante quatro anos sem
culpa formada, ela, a esposa adultera,
seria interditada judicialmente de gerir
os seus bens e internada no Hospital de
Alienados do Conde Ferreira, no Porto.
Observada pelos médicos (três famosos
vultos da psiquiatria portuguesa da altura:
Sobral Cid, Júlio de Matos e o que seria
o futuro Prémio Nobel de Medicina,
Egas Moniz) o diagnóstico foi preciso:
Maria Adelaide sofria de uma forma de
alienação mental. Os clínicos usam termos
muito habituais na época, como «degenerescência
hereditária», «neurastenia»
e «loucura lúcida», para justificar os motivos
que a teriam levado a alterar tão radicalmente
a sua conduta e a apaixonar-se
por um jovem, ignorando a sua condição
social inferior.
Durante todo o tempo de internamento,
Adelaide, não só era vigiada vinte e
quatro horas por dia, como passou a ver
toda a sua correspondência intercetada
e só podia ser visitada por quem estivesse
autorizado pelo marido para o fazer.
Como nunca recebeu qualquer medicação
ou tratamento específico para a
suposta doença mental de que padecia,
permanece a dúvida se se terá tratado de
um (terrível) erro médico cometido pelos
reputados clínicos, se tudo não terá
passado de um benefício em troca de
favores ou pagamento, ou até, talvez, de
um «processo moral» em nome dos bons
costumes e do poder patriarcal masculino.Embora
este não constitua um caso
isolado, já que a História nos fornece outros
exemplos de individualidades, sobretudo
do sexo feminino, que, por porem
em causa as normas sociais e, muito em
particular, a estabilidade familiar, o poder
marital ou paternal, eram diagnosticados
como doentes mentais e privados
dos mais elementares direitos, nomeadamente,
o encarceramento, o internamento
compulsivo, a exclusão social, ele teve
maior repercussão histórica pelo facto
dos dois protagonistas nele envolvidos
fazerem parte não só da alta burguesia
lisboeta, como pertencerem a uma das
mais conhecidas famílias ligadas à imprensa
portuguesa. Acresce ainda o facto
de tanto Maria Adelaide como o marido
terem saltado à praça pública, com grande
exposição mediática, escrevendo artigos
de jornal e livros onde defendiam as
suas posições: «Infelizmente louca!» intitulou-se
o libelo de Alfredo da Cunha e
«Doida não!» a contestação dela.
Deliberadamente não quero aqui desvendar
o desfecho deste drama que apaixonou
a sociedade lisboeta do tempo e
inspirou diversas obras, entre as quais
“Doidos e Amantes” de Agustina Bessa-
-Luís, “Doida Não e Não!” de Manuela
Gonzaga e o filme “Solo de Violino”, realizado
pela franco-portuguesa Monique
Rutler. Deixo à vossa consideração qualquer
uma destas três sugestões...
44 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
45
PASSATEMPO
HUMOR Quem não sabe rir, não sabe viver”
Breves...
1 - A mentira para dizer
aos pais
– João: tenho uma boa noticia
e outra má…
• Primeiro a boa!!
– Passei a todas as cadeiras na
universidade!!
• Parabéns, filho, qual é a má?
– Era Mentira
1 - Que nome se dá a uma
ferramenta perdida?
Foice
1 - Dizem que todos têm
um lado bonito?
Então tu deves ser um circulo.
1 - Qual é primeira coisa
que tu fazes ao acordar?
Abrires os olhos
1 - Filho pergunta ao pai,
como é ter um filho tão
bonito?
A resposta é, pergunta ao teu
avó filho!
1 - O que acontecerá se o
Pai Natal morrer?
– Ele não estará mais em
trenós.
1 - Sabes quando é que
dois mais dois não dá
quatro?
Quando a conta estiver
errada.
1 - Qual é o cúmulo da
força?
Entortar uma esquina.
1 - Qual é o pior nome
que uma sogra pode ter?
Esperança, pois a esperança é
a ultima a morrer.
1 - Qual é a panela que
está sempre triste?
A panela depressão.
1 - Piada do Doutor para
emagrecer
– Doutor, como é que eu faço
para emagrecer?
– Basta a senhora mover a
cabeça da esquerda para a
direita e da direita para a
esquerda.
– Quantas vezes, doutor?
– Todas as vezes que lhe oferecerem
comida.
1 - Conversa de casados:
– Querido, o que é que preferes?
Uma mulher bonita ou
uma mulher inteligente?
– Nem uma, nem outra. Tu
sabes que eu só gosto de ti.
1 - Piada dos amigos
Dois amigos conversam sobre
as maravilhas do Oriente. Um
deles diz:
– Quando completei 25 anos
de casado, levei a minha mulher
à China.
– Não me digas! E o que pensas
fazer quando completarem
50?
– Volto lá para buscá-la.
1 - Consultorio médico:
Num consultório médico,
uma mãe pergunta ao médico:
– Doutor, o que posso fazer
para que o meu filho não faça
xixi na cama?
– Ponha-o a dormir na casa de
banho.
1 - Como abrir um cofre?
– Explique lá como conseguiu
arrombar o cofre – pergunta o
juiz ao réu.
– Não vale a pena, sr. dr. Juiz.
O senhor nunca seria capaz
de fazer o mesmo – respondeu
o réu.
1 - Piada da escola
Mamã, na escola chamaram-
-me mentiroso!
– Cala-te que nem foste à
escola ainda…
1 - Papagaio Selvagem
– Um dia, estava com tanta
fome que comi o meu papagaio
– contou o explorador ao
amigo.
– E a que é sabia?
– Peru, ganso selvagem,
tordo… Aquele papagaio era
capaz de imitar tudo.
Feriados e Datas Comemorativas
07 DOM Dia Internacional da Preguiça
19 SEX Dia Internacional do Homem
08 SEG Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudáveis 20 SÁB Dia Nacional do Pijama
08 SEG Dia Mundial da Radiologia
20 SÁB Dia Internacional dos Direitos das Crianças
08 SEG Dia Mundial do Órfão
20 SÁB Dia da Industrialização de África
09 TER Dia Int. Contra o Fascismo e o Anti-Semitismo 21 DOM Dia Mundial da Televisão
10 QUA Dia Mun. da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento 21 DOM Dia Mun. em Memória das Vítimas da Estrada
10 QUA Dia Mundial da Bolota
21 DOM Dia Mundial do Olá
11 QUI Dia do Armistício
21 DOM Dia Europeu da Fibrose Quística
11 QUI Dia Mundial do Origami
22 SEG Dia de Dar uma Volta
11 QUI Dia Mundial da Qualidade
23 TER Dia Pelo Fim da Impunidade
12 SEX Dia Mundial da Pneumonia
23 TER Dia do Arando
13 SÁB Dia Mundial da Bondade
23 TER Dia de Fibonacci
14 DOM Dia Mundial da Diabetes
24 QUA Dia Mundial da Ciência
14 DOM Dia Internacional do Trava-Línguas
24 QUA Dia Nacional da Cultura Científica
15 SEG Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa
25 QUI Dia Internacional para a Eliminação da Violência
15 SEG Dia do Escritor Preso
16 TER Dia Internacional da Tolerância
Contra as Mulheres
16 TER Dia Nacional do Mar
25 QUI Dia Nacional do Empresário
17 QUA Dia Mundial do Não Fumador
26 SEX Black Friday
17 QUA Dia Mundial da Criatividade
26 SEX Dia de Não Comprar Nada
17 QUA Dia Internacional dos Estudantes
26 SEX Dia Internacional do Engenheiro de Sistemas
17 QUA Dia dos Sistemas de Informação Geográfica 28 DOM Dia do Planeta Vermelho
18 QUI Dia do Ocultismo
29 SEG Dia Int. de Solidariedade com o Povo Palestiniano
18 QUI Dia Europeu do Antibiótico
29 SEG Cyber Monday
Novembro 2021
18 QUI Dia Mundial da Filosofia
30 TER Dia das Cidades Pela Vida
19 SEX Dia Mundial da Casa de Banho
30 TER Dia da Segurança do Computador
Datas comemorativas
DA SUÍÇA PARA PORTUGAL
PORTUGAL SEMPRE
NO NOSSO CORAÇÃO
Vantagens do SERVIÇO
DE TRANSFERÊNCIAS:
Simples
Online ou por correio, os seus recursos ficam disponíveis
com rapidez na conta do Banco Santander Totta.
Próximo
O seu Banco sempre perto de si. Na Suíça ou em Portugal.
Justo
Câmbio favorável. Agora com despesas reduzidas.
Online
Acesso fácil via e-banking.
Através do Site da Postfinance ou do seu Banco na Suíça utilize
a opção: “ordem de pagamento com o boletim vermelho”.
Preencher todos os campos conforme o vale de correio vermelho
fornecido pelos escritórios de representação.
Não esquecer:
conta do Banco Santander Totta (30-175563-2)
IBAN, nome e morada do beneficiário
Novo endereço
Correio
Utilizando o Impresso (Vale de correio vermelho)
Boletim/Vale vermelho requisitado através dos escritórios
de representação de Genebra ou Zurique e entregue com
a Ordem de Pagamento ao seu Banco na Suíça
(preferencialmente no PostFinance) para concretizar
o pagamento.
Boletim vermelho
(fornecido pelos escritórios de representação
de Genebra ou Zurique)
+
Ordem de pagamento
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
+
Envelope
(fornecido pelo seu banco suíço ou Postfinance)
Envio por correio para o seu banco suíço
ou Postfinance
Pelas regras em vigor é obrigatória a identificação do ordenante, IBAN e morada
do beneficiário realizando-se a transferência para débito em conta. Interdita
a utilização de numerários (cash).
A utilização do ST (Serviço Transferências) apesar de permitir custos reduzidos não
dispensa a consulta do preçário em santandertotta.pt, com as condições de cada
entidade bancária na Suíça e em Portugal.
Escritório de Representação de Genebra
Rue de Genève 134, C.P. 156 | 1226 Thônex - Genève | Tel. 022 348 47 64
Escritório de Representação de Zurique
Badenerstrasse 382, Postfach 687 | 8040 Zürich | Tel. 043 243 81 21
Baslerstrasse, 117 - 8048
Baptista Soares
(Endireita)
MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO
MUSCULAR DESPORTIVO
MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT
KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN
Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen
Natel 078 754 18 31
46 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
47
POESIA
V CARMINDO
DE CARVALHO
https://bit.ly/3jAnqL2
V JOÃO
LUÍS DIAS
https://bit.
ly/3CDoarx
A Lua, o Sol e Eu
A Lua está lá fora
Linda de morrer! ...
O Sol prenhe de inveja
Não vai aparecer.
A Lua está lá fora
E põe luz no meu jardim
Mas eu queria
Que o Sol viesse e sorrisse para mim.
É tão longe daqui
Até ao meu Sol
Como do meu Sol
Até aqui.
Mas é tão longe!
VELHO
(Dedico também aos “novos”,
que não o sabem ser)
Foram-se os dias curtos demais
Ficaram as noites longas demais
Foram-se os sonhos grandes demais
Ficaram os sonos pequenos demais
Foram-se as pernas que corriam demais
Ficaram as forças, cada vez de menos
Foi-se a cor dos cabelos
Foram depois os cabelos
Foram-se as lembranças...
Ficou perto demais a solidão
Ficou para trás a juventude
Ficaram outras vontades…
Ficou um amontoado de recortes da vida
Ficou tão longe tanta coisa!...
Ficou o resto que sobrou
Foi-se embora o que queria ainda
Ficou só um pouco do que foi...
Ficou o saber, a ternura
Ficou a lágrima teimosa nos olhos
Ficou o cansaço
Ficaram os dias e as tardes que lembra...
Ficou o mesmo cinzento
Ficou a mesma chuva, o mesmo sol
Mas o frio fica cada vez mais...
Tão longe!
A parte mais feliz de mim
Lembra-me que ainda tenho o meu
pensamento
Que viaja no tempo
Mais rápido que o vento.
E a parte feliz de mim
Aconchega-se
Em silêncio e adormece
Junto a mim.
Novembro 2002
In: Entre Ondas de Ar e Amar
Foto: manuel araújo
V MARIA
JOSÉ PRAÇA
https://bit.
ly/37ADsPH
LISBOA...
Lisboa é chão de rua
É calçada de escravos e de sol
É promontório de corvos e de luas
E de colinas de fado sem lençol
Lisboa é alfacinha e tem olhares
Tem luzes qu’iluminam os lugares
Tem escadinhas, letreiros e azulejos
Calçadas estreitinhas em viés
Casas de pasto, tertúlias e chalés
Lisboa é voz de marcha soletrada
É canto d’aventais e manjericos
Tem arcos d’Aqueduto e tem salpicos
De sardinheiras floridas nos postigos
Lisboa é ventre d’asas, tem gaivotas
Tem pasteis de Belém e tem vielas
Casas de passe, igrejas e ruelas
Caracóis, moelas e iscas com elas
Lisboa é mãe de bairros, tem castelo
Vestem-na toponomias mouras e de coroas
Tem miradouros, ascensores e amoladores
Tem Bica do Sapato e engraxadores
Lisboa tem teclados do rio Tejo
Tem Cacau da Ribeira e tem ginginhas
Tem sardinhas assadas e castanhas
E gatos a espreitar entre rendinhas
Canta ao despique com Bocage no Nicola
Na Brasileira, desassossega os astros
E folheando na Bertrand vai respirando
O Grandela em cinzas, já sem pasto
Tem colinas de fados bem sangrados
Com corações bordados no seu chão
E em pregões de memória põe o xaile
Que salta sem pudor de mão em mão
CULTURA
Tem Martinho d’Arcada com lembranças
Tem livros multicores, alfarrabistas
Tem Praça d’Alegria com coristas
Bombeiros voluntários e fadistas
Tem a Feira da Ladra aos quadradinhos
Com pechisbeques, valores, penhores :
- Chão de bolores
E eléctricos pintados com a cor
Do milho p’rás pombinhas sem favor
Tem armários e gavetas com memórias
Tem asas de dois corvos
E ventos d’arraias
E ao luar d’arroz doce com canela
Canta em fado vadio
Os seus sinais
E desta luz do coração de Olisipo
chovem sílabas em traço alcandorado
Que cantam o Roteiro de Lisboa
Gizado em voz de tela por Fernando Pessoa.
Maria José Praça
(“Pedras do meu andar “ -Nº 126080 da SPA )
48 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
49
O Império romano
Uma das sociedades mais progressistas do Mundo
Brácara
Au-
gusta, é o
nome romano
dado à ac-
tual cidade de
Braga,. Foi construída no lu-
gar de uma povoação antiga
de origem celta. A cidade romana
foi fundada pelo impe-
rador César Augusto cerca de
16 anos ante de Cristo (a.C.),
após a pacificação definitiva
da região. Durante o período
dos Flávios, Bracara Augusta
recebeu o estatuto municipal e
foi elevada a sede do convento,
tendo tido funções admi-
nistrativas sobre uma extensa
região. A partir da reforma
de Diocleciano passou a ser a
capital da província da Galé-
cia. No século V a cidade foi
tomada pelos invasores suevos,
que a escolheram como capital
do seu reino. São conheci-
dos da cidade romana restos
de alguns edifícios. Nas escavações
efectuadas no claus-
tro do Seminário de Santiago
encontrou-se uma grande sala
com resto de colunas, tendo ao
centro uma piscina decorada
com mosaicos, que foi provavelmente
parte de um balneá-
rio. Em escavações realizadas
pela Universidade do Minho
foram descobertas umas quan-
tas termas. Na área da Fonte
do Ídolo, situada na actual Rua
do Raio e fora do antigo perí-
metro da cidade romana, terá
existido um edifício religioso
consagrado ao deus Tongoe-
nabiago.
O reinado de César Augusto iniciou
uma era de relativa paz conhecida
como Pax Romana (“Paz Romana”).
Apesar de contínuas guerras de expansão
nas fronteiras imperiais e uma
guerra civil de um ano devido à sucessão
imperial, o mundo romano esteve
praticamente livre de conflitos em larga
escala por mais de dois séculos. Ele
aumentou o império, anexando Egito,
Dalmácia, Panônia, Nórica e Récia,
expandindo as possessões da África
e Germânia e completou a conquista
da Hispânia. Hispânia era o nome
dado pelos romanos à Península Ibérica
(Portugal, Espanha, Andorra, Gibraltar
e uma pequena parte a sul da
França.
O Imperador romano criou o sistema
de tributação, desenvolveu redes de
estradas, um sistema de correio oficial,
estabeleceu um exército permanente,
a guarda pretoriana, criou serviços
oficiais de policia, bombeiros e
reconstruiu grande parte da cidade de
Roma durante seu reinado. Augusto
morreu em 14 d.C., com 75 anos.
Mas não pensemos que naquele tempo
do império romano a vida das populações
era fácil. Havia fome, miséria,
escravidão e vivia-se sob um regime de
mão de ferro, mas os romanos ofereciam
também benefícios à sociedade
que nenhum outro Império daquela
época oferecia. Podemos até considerar
o Império romano uma das sociedades
mais progressistas do Mundo
daquele tempo.
Vejamos então, superficialmente
alguns exemplos
da vida desse tempo:
Comida grátis — Nos primeiros
anos do Império Romano, a população
de Roma cresceu e empobreceu
rapidamente e era difícil encontrar
trabalho. Para lutar com a situação foi
criada a “lei de grãos” de Gaius Gracchus
de 123 aC, que oferecia grão pela
metade do preço de mercado, uma vez
por mês, tendo o sistema sido revisto
durante os reinados de Júlio e Augusto
César. A partir de então, os grãos eram
totalmente gratuitos para as 200 mil
pessoas mais pobres de Roma. Essa
prática de distribuir grão aos mais pobres
durou mais de seis séculos.
Pensões Militares — Os soldados
após terminar o serviço militar recebiam
uma pensão. Nos primeiros anos
do império, o pagamento era geralmente
em forma de terra. E só em 6
dC, Augustus Caesar descartou o sistema
e substituiu-o por um esquema
de pagamento monetário.
Diversão grátis — Nos dias de hoje
quase todo os eventos festivos são pagos.
No tempo dos romanos o acesso
a shows, fossem lutas de gladiadores,
performances teatrais ou corridas de
carros, era quase sempre livre.
O entretenimento romano era patrocinado
por clientes ricos que estavam
tentando cair nas graças das pessoas.
Na maioria das vezes, esses anfitriões
eram aspirantes a políticos que queriam
colocar as pessoas ao seu lado.
Polícia e bombeiros — Foi em 7
aC, que o imperador Augusto decidiu
reformar o modo como a cidade de
Roma era organizada. Ele dividiu a cidade
em 14 distritos e colocou-os sob
o controle de oficiais, cujo trabalho
era supervisionar seu distrito e garantir
que coisas como crime, desacatos
e incêndios fossem mantidos sob controle.
Depois de um incêndio particularmente
grave em 6 dC, o imperador
Augusto finalmente decidiu criar um
órgão público responsável pela segurança
da cidade – os vigiles que viviam
em quartéis. Eles também eram responsáveis
por policiar a cidade dia e
noite e geralmente manter a ordem,
incluindo rastrear e devolver escravos
fugitivos.
Banhos grátis— Os banhos, bem
como as instalações de entretenimento
público, eram muito populares e de
acesso livre, mas durante o reinado de
Diocleciano, o valor do ingresso era
50 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
51
dois centavos de bronze, e o acesso
era livre apenas em feriados públicos
e religiosos. As casas de banho
eram, na verdade, grandes centros
comunitários. Elas ofereciam diversas
actividades, onde amigos
iam divertir-se, os políticos iam
tentar ganhar apoio, e os carteiristas
roubar os pertences dos banhistas.
Insulae — Em Roma em 315 dC,
havia 44.850 insulae e 1.781 domus
(habitação social). Ambos eram tipos
de residência: um domus era
uma casa individual que continha
uma única unidade familiar,
enquanto uma insula
era um bloco de
habitações comuns
ocupadas
por inquilinos.
Embora
muitas
dessas insulas
tenham
sido construídas
por proprietários
privados,
parece
que pelo menos
algumas foram
financiadas e
construídas pelo
governo romano
para acomodar
o boom populacional
da capital
do império. Essas
insulas eram muito
modernas: o piso inferior
era composto de lojas
ou oficinas, enquanto
os andares de cima eram
residências particulares de
um a quatro quartos.
Água e WCs gratuitos
— A Roma Antiga, de certo
modo era idêntica às cidades
de hoje fornecia casas-de-banho
públicas gratuitas e fontes de água
para sua população. A única diferença
é que uma casa-de-banho romana
certamente não atendia aos
padrões de muitos de nós nos dias
de hoje: a casa-de-banho pública
era um único quarto, com buracos
ao redor das paredes laterais que se
esvaziavam num esgoto. Não havia
privacidade, e qualquer um que
usasse a casa-de-banho tinha que
usar uma esponja colectiva para a
higiene pessoal. A água corrente
alimentada por um dos os nove
aquedutos que alimentaram Roma
com seu abastecimento de água
limpa que forneciam 591 fontes em
toda a cidade.
Cuidados
de saúde
gratuitos —
Na Grécia antiga,
como em muitos lugares
do mundo antigo, a
saúde era considerada uma
questão pessoal que as pessoas tratavam
sozinhas. Se fossem ricos,
poderiam pagar pelo acesso a um
consultor ou a um médico. Para
muitas pessoas, no entanto, o melhor
tratamento médico a que eles
teriam acesso seria remédios caseiros
comuns ou o conhecimento
médico da família. Em Roma, no
entanto, as coisas eram diferentes.
O primeiro hospital público
de Roma foi construído em 293 aC
na Ilha Tiberina, usando fundos do
Senado. Embora os hospitais fossem
incomuns em todo o império,
eles eram sempre gratuitos e construídos
usando fundos do governo.
Muito mais comum, porém, eram
médicos particulares que dirigiam
sua própria clínica, os clinicus.
Muitos desses médicos recebiam
um salário do governo romano.
Para os pacientes mais pobres, o
diagnóstico e a prescrição eram
muito baratos, embora o tratamento
nunca fosse totalmente gratuito.
Collegia — Uma collegia era como
uma corporação moderna, um clube
social, um partido político, ou
uma espécie de sistema de previdência
social, tudo numa só instituição.
Esses grupos de pessoas do
mesmo ofício juntavam-se e reuniam
os seus recursos, colocando
dinheiro numa caixa colectiva, que
funcionaria de maneira semelhante
a um seguro. Se algum dos membros
do grupo adoecesse, morresse
ou perdesse a casa podia ser usado.
Quando a república deu lugar ao
império após a ascensão de Júlio
César, um de seus primeiros actos
foi limitar estritamente a capacidade
das pessoas para formar novas
collegias, que passaram a necessitar
da permissão pessoal do imperador
em vez de apenas o consentimento
de duas outras pessoas. As collegia
desaparecem a partir daí.
Teoria da Doença — Em 36 aC,
o escritor e estudioso romano Marcus
Varro escreveu que os novos
edifícios não deveriam ser construídos
perto de pântanos por causa
do risco representado por criaturas
minúsculas que não podiam
ser vistas pelos olhos, que penetram
no corpo através do nariz e da
boca e que podiam causar doenças
graves. Embora esta ideia estivesse
longe de ser dominante na sociedade
romana, a maioria dos romanos
subscrevia uma teoria natural da
doença, em vez de uma teoria divina.
Eles acreditavam que o mau
cheiro poderia ser a causa da doença.
A declaração de Marcus Varro
era a mais próxima de descobrir
a existência de germes – e as suas
teorias sobre como evitar a doença
eram muito precisas: manter a
forma, descansar quando doente,
beber água limpa, não acampar no
mesmo lugar por muito tempo, evitar
ambientes húmidos e limpar-se
regularmente.
in [Listverse]
Euclides
Cavaco
GUITARRAS AI
QUE SAUDADE
Guitarras ai que saudade
O vosso trinar me inspira
Traz de volta a mocidade
Por quem minha alma suspira.
Guitarras ai que saudade
Escutar-vos é sonhar
Num véu de felicidade
Que fica prà além do mar.
Guitarras ai que saudade
O vosso som despenteia
Devaneio que persuade
Os sinos da minha aldeia.
Guitarras ai que saudade
Sinto no peito conter
Dor que minha alma invade
E submerge o meu ser.
Guitarras de sonho ledo
Que ao fado emprestam vida
Dizem adeus em segredo
Na hora da despedida.
Trinando notas dolentes
Na hora calma e serena
Dão gemidos comoventes
Como que a chorar de pena .
Guitarras a soluçar
Nesta hora mais sentida
Vossa ausência vai deixar
Nossa noite entristecida.
Guitarras ai que saudade
A noite chegou ao fim
Uma tristeza me invade
Guitarras chorai por mim!...
Euclides Cavaco
Escute Aqui:
https://www.euclidescavaco.com/guitarras-ai-que-saudade
52 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
53
HORÓSCOPO
PUBLICIDADE
Novembro
Horário
Seg. a Sexta. — 08h00 às 20h00
Sábado — 08h00 às 19h00
w V - JOANA ARAÚJO (*)
Carneiro
21/03 a 20/04
Balança
23/09 a 22/10
Talvez surjam conflitos com amigos ou colegas de trabalho. A
sua intuição deve atrair ganho inesperado. Valorize a cumplicidade
se já tiver um amor. Pode rolar interesse com pessoa
mais velha ou comprometida.
Touro
21/04 a 20/05
Você vai se destacar na carreira e pode exigir demais dos
colegas, atraindo inimizades: cuidado! Afinidades vão marcar
a vida a dois, mas diminua as cobranças. Pode ir visitar um
amigo que mora longe.
Actividade feita em casa ou com parente deve render um dinheiro
extra. Talvez a sua alma gémea precise da sua ajuda.
Lembre-se: é sempre tempo de adoptar hábitos saudáveis.
Escorpião
23/10 a 22/11
Com poder de comunicação afiado, você vai se destacar
no serviço. Promessa de sucesso na conquista! Não deixe
o passado embaraçar o seu romance. Tente ceder mais em
casa para evitar conflitos.
Produtos portugueses e de todo
o mundo numa só casa!
Gémeos
21/05 a 20/06
O trabalho vai exigir foco. Talvez ganhe dinheiro se seguir o
seu sexto sentido. Sua sensualidade tem tudo para agitar a
vida afectiva. Uma pessoa popular pode despertar seu interesse
caso esteja só.
Caranguejo
21/06 a 22/07
Se actuar em equipa, terá sucesso na profissão. Divida o que
sabe com os seus colegas. Sector afectivo com altos e baixos.
Combata o ciúme! Nas horas livres, desfrute a companhia
de filhos ou crianças da família.
Leão
23/07 a 22/08
Tenha jogo de cintura diante de mudanças e mantenha o foco
para progredir na carreira. Dê mais apoio à pessoa amada e
livre-se de vez de assuntos do passado. A vida espiritual vai
ganhar a sua atenção.
Virgem
23/08 a 22/09
Boa fase a caminho, se trabalha em equipa ou tem clientes. O
dinheiro vai entrar, mas você precisa de se esforçar. Relação
recente deve se firmar. A dois, cobre menos! Não recuse convite
para se divertir.
Sagitário
23/11 a 21/12
Mantenha o foco no trabalho para não cometer erros. Se precisar
de dinheiro, parentes pode ajudar. A relação afectiva
pede diálogo e aconchego para voltar ao eixo. É possível que
amor do passado reapareça.
Capricórnio
22/12 a 20/01
O sector profissional recebe estímulos e você vai se empenhar
para ganhar mais ou subir de cargo. Cuidado com o
ciúme no romance. Espere bons momentos com familiares e
novos amigos.
Aquário
21/01 a 19/02
Aja nos bastidores e não se stress ao defender as suas ideias
no trabalho. Bom momento para lidar com dinheiro. Atenção
para o ciúme no romance. Se gosta de alguém que mora longe,
as coisas podem arrefecer.
Peixes
20/02 a 20/03
Bom momento para reciclar conhecimentos, mas não revele
os seus projectos. Saia da rotina se já tiver um amor. Caso
não tenha, pode rolar caso proibido. Siga a sua intuição para
resolver os seus problemas.
120 vagas de
estacionamento grátis
2000m 2 de
área comercials
Grande área
de talho
Produtos de todo
o mundo
Lanche e take away
(em preparação)
Meienbreitenstrasse 15 CH-8153 Rumlag
Tel: 044 945 02 20 | 044 945 02 21 Fax: 044 945 02 22
(*) COORDENAÇÃO, RECOLHA E ADAPTAÇÃO
54 Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu
55
ÚLTIMA
Empresas suíças enfrentam problemas
nas cadeias de abastecimento
Perturbações nas cadeias globais de
abastecimento podem piorar, alertam
banqueiros centrais.
Keystone / Neil Hall
SWISSINFO.CH/MGA (*)
Perturbações nas cadeias globais de suprimentos
começam a ser repassadas aos consumidores.
Algumas empresas analisam a
possibilidade de reduzir o número de horas
de trabalho do pessoal, advertindo que
a situação pode ter conseqüências negativas
para a economia.
A Federação das Empreas Suíças (Economiesuisse)
divulgou um estudoLink externo
realizado através do questionamento de
237 empresas. A maioria (80%) respondeu
que o fechamento de portos em muitas
partes do mundo dificultou seus negócios.
Além de cancelar alguns pedidos e, portanto,
perder vendas, cerca da metade das
empresas pesquisadas disse já ter repassado
o aumento dos custos de entrega aos
consumidores. Nos próximos seis meses,
mais empresas afirmaram que tomariam
medidas semelhantes.
“Os representantes da indústria esperam
um aumento de preços de cerca de cinco
por cento dentro dos próximos seis meses”,
publicou a federação. „Mesmo que
parte da pressão de preços possa ser absorvida,
os problemas com cadeias logísticas
estagnadas e componentes em falta serão
cada vez mais sentidos pelos consumidores.”
Os produtos que mais faltam no mercado
atualmente são madeira, aço, alumínio, semicondutores,
plásticos e produtos químicos.
Os problemas da cadeia de suprimento
começaram na Ásia e agora se apresentam
na Europa.
A situação se agrava também devido ao aumento
dos preços da energia, seja gás ou
petróleo. O risco de inflação é concreto,
adverte Economiesuisse.
„É um desenvolvimento perigoso que pode
reduzir significativamente as perspectivas
econômicas para 2021. As indústrias afetadas
não esperam que os problemas de
entrega diminuam a partir de 2022.
(*) Autor escreve em português do Brasil
56
Lusitano de Zurique - Novembro 2021 | www.cldz.eu