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JUNHO_22-DIGITAL

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LUSITANO

de

ZURIQUE

[ JUNHO 2022 | Edição Nº. 289 | ANO XXVIII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]

Equipa da 4.ª Liga do Centro Lusitano de Zurique

garante subida à 3.ª Liga. São

CAMPEÕES

Pág. 13

COMUNIDADE

Femetisch

volta a reunir

Página 38

O maior desafio que se coloca ao director do

Lusitano é a Rede. Desafio? Não, uma oportunidade

para o sucesso do jornal: comunicar

com os emigrantes, cá e lá fora. Pág. 20 e 21

editorial

Artesanato

Desporto

SAÚDE

Novas doenças misteriosas;

“varíola dos macacos”

e “hepatite aguda infantil”.

Volta o pânico? Pág. 3

José Salgueiredo levou ARTE

ao Centro Lusitano Pág. 10

DTM no Autódromo Internacional

do Algarve Pág. 18

Agora, todos, somos potenciais

dadores de órgãos.

Pág. 40


EQUIPA EDITORIAL

Director: Armindo Alves

Jornalista CC15 A

Director-adjunto: Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

Email: lusitanozurique@gmail.com

COLABORADORES

Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,

Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães,

Cristina F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco,

Ivo Margarido, Joana Araújo, Joaquim Galante, Jorge

Macieira, Luís Osório, Manuel Araújo, Maria dos

Santos, Maria José Praça, Nelson Lima, Nelson Mateus,

Paulo Marques, Pedro Nogueira, Rosa Moreira.

EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO

Joana Araújo

Jornalista CC 11 A

Email: joanaaraujo@protonmail.ch

PUBLICIDADE

Tel.: 079 222 09 14

Email: pub.lusitano@gmail.com

IMPRESSÃO

Diário do Minho - Braga

Tiragem: 3000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Distribuição gratuita

ARQUIVO DIGITAL:

https://tinyurl.com/gavetao

NOTA IMPORTANTE:

Os artigos assinados reflectem tão-somente

a opinião dos seus autores e não vinculam

necessariamente a direcção desta revista.

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LUSITANO

de

ZURIQUE

Por discordância, esta publicação

não adopta, nem respeita as normas

do novo inútil Acordo Ortográfico.

Sócio,

ou não-sócio,

venha daí

EDITORIAL

Armindo Alves

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL

Tel.: 079 222 09 14

Email: armindo.alves@garage-

-mutschellen.ch

RANCHO FOLCLÓRICO

Tel.: 076 369 85 00

Email: rancho@cldz.eu

RESTAURANTE (reservas)

Tel.: 044 241 52 15

PROPRIEDADE

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CENTRO LUSITANO

DE ZURIQUE

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2 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

3

Director

Jornalista CC15 A

O futuro é uma incógnita, pois

por vezes traz-nos coisas boas

e outras vezes, coisas menos

boas.

Nos últimos tempos temo-

-nos confrontado com várias

barreiras no nosso dia-a-dia

e como se não nos bastasse a

Pandemia e a guerra, o Mundo

vê-se novamente em sobressalto,

devido ao aparecimento

de novas doenças misteriosas;

a “varíola dos macacos” e a

“hepatite aguda infantil”. Qual

a origem disto tudo, será que

há alguém a querer aterrorizar

a humanidade, será que nos

querem meter medo e tirar a

liberdade, ou será apenas tudo

isto negócio?

A primeira das doenças é conhecida

por “varíola dos macacos”

e espalha-se velozmente

pelo Mundo e é pouco contagiosa.

De acordo com o Centro

Novas doenças

misteriosas

Europeu de Prevenção e Controlo

das Doenças, há já várias

centenas de casos confirmados

em 20 países, a maioria na

Europa, mas deste surto, ainda

não morreu ninguém.

O Reino Unido regista mais de

70 casos e Espanha e Portugal

somam mais de uma centena.

Por outro lado, é o preocupante

surto de “hepatite aguda infantil”,

o qual a OMS considera

um tema muito urgente.

A misteriosa doença alastra já

em vários países do Mundo.

Em Portugal foram identificados

mais de duas centenas de

casos.

Tanto a varíola dos macacos,

como a hepatite infantil, há

suspeitas da origem, mas desconhece-se

com certeza, a

causa e a origem destas novas

“Cautela e canja de galinha

nunca fizeram mal a ninguém”.

doenças. Sabe-se, no entanto,

que cerca de 70% das crianças

com hepatite misteriosa têm

testes positivos para infecção

por adenovírus. Sabe-se também

e é público que uma das

“vacinas COVID” contém “Adenovirus

de Chimpanzé”, na sua

composição o qual “codifica a

glicoproteina S (Spike) (ChAdOxl-S)

do SARS-CoV-2”. Esperemos

que este caso seja apenas

uma infeliz coincidência…

Não sou da área médica, nem

virologista, mas arrisco aconselhar

o reforço e o uso da

máscara e o redobrar todas as

medidas de higiene e de segurança

possível.

Diz um ditado popular, que

“Cautela e canja de galinha

nunca fizeram mal a ninguém”,

por isso, cuidemo-nos.



Motores

Comunidade

A Casa do Benfica Lenzburg,

conta com uma história de Movimento Associativo com 15 anos.

A importância das revisões

dos automóveis

Armindo Alves

Levar um automóvel a fazer revisão é comparado como

ir ao dentista, isto é, uma revisão traz custos. Se não

fazer a manutenção corre riscos, neste meu texto vou

esclarecer quais os riscos e o que pode acontecer se

não fizer as revisões como programado pelas marcas,

também deixarei umas notas sobre a manutenção do

seu automóvel.

Os automóveis de hoje na maioria têm revisões periódicas,

de ano em ano, têm a inspecção e a mudança de Óleo é

em média de 30 000 km ou a cada dois anos. Estas acções

de manutenção deverão ser respeitadas pelo proprietário.

Fazer a revisão a tempo garantirá que o seu automóvel

tenha uma vida mais longa, mas também no futuro não

terá surpresas adicionadas relacionadas com alguns problemas

secundários resultantes de uma má manutenção.

Na revisão são trocados líquidos, filtros e velas de ignição.

Estas peças em norma não são muito caras e é essencial

para a saúde do seu automóvel.

Os custos variam estão dependentes dos quilómetros e da

idade do seu veículo.

QUANDO DEVE FAZER A REVISÃO

DO CARRO?

A maioria dos Automóveis de hoje já comunicam com o

condutor e pedem-lhes as inspecções. Os mais antigos

para saber quando deve realizar a revisão do carro, deve

primeiro consultar o manual do próprio automóvel, o livro

do serviço. Caso não encontre essa informação no manual

deve contactar o concessionário da marca.

Um carro parado é um carro apto isto é independentemente

de o carro não estar a circular, deve sempre realizar

a manutenção. O facto de não utilizar o veículo pode

também fazer com que surjam problemas por falta de

utilização.

O condutor conhece o seu automóvel melhor que ninguém

por isso sempre que se aperceber de algum problema,

um barulho ou diferença no modo como o carro

responde, deve deslocar-se até uma oficina, o mais rapidamente

possível. Só assim descartará a possibilidade de

existência de algum problema, que pode até ser grave e

colocar a sua segurança em risco.

Não deixe a revisão do seu automóvel para os dias que antecedem

uma grande viagem. Porque o mecânico pode

detectar um problema complicado de resolver, ou pode

não ser realizada correctamente e colocar a viagem, e

todos os que nela participam, em perigo. Como referido

anteriormente, a manutenção deve ser periódica, e não

apenas porque precisará do automóvel para uma viagem.

Por norma quanto mais caro e mais potência tiver um automóvel

mais cara fica a manutenção. Geralmente uma

inspecção de um carro de classe media custa entre CHF

350 e CHF 600. Tudo depende da idade e dos quilómetros

do automóvel

Os carros em geral avisam o condutor das anomalias, é

estar sempre atento a qualquer aviso no painel de instrumentos,

aos barulhos ou a comportamentos estranhos,

logo que algo de anormal aconteça deve de imediato procurar

ajuda especializada. Isto poderá ajudá-lo a poupar

algum dinheiro em revisões futuras.

Outro dos conselhos que deve ter em conta é procurar

a oficinas certificadas, nem sempre são as mais baratas,

mas dão mais garantias e os mecânicos têm uma formação

de base como cursos específicos anuais para estarem

à altura da evolução no ramo automóvel e fornecer a qualidade

devida.

Fica a dica: se tratar bem o seu automóvel ele corresponderá

e tratá-lo-à também da melhor forma! Por isso nunca

facilite nas revisões, e esteja sempre atento ao programa

de manutenção e sobretudo às datas.

Maria dos Santos

2022, foi o ano da mudança,

e quero aqui deixar o meu

profundo e sincero obrigada

a todos os sócios, não sócios,

amigos e todos os que

ao longo destes anos construíram

o Benfica de Lenzburg.

O fundador deste projecto

foi Vitor Figo que em conjunto

com a família e amigos

sinceros nos corpos gerentes,

consegui um sucesso

ímpar.

Com a pandemia que se instalou

desde 2019 esta casa

ao igual de muitas outras

Presidente:

Carlos Carvalho sócios numero

205, também sócios

do Sport Lisboa E Benfica n.

84863.

Vice-Presidente:

Casimiro Gonçalves sócio

número 209.

Presidente Administrativa:

Joana Azevedo sócia número

212.

Presidente Área Desportiva:

Luis Henrique sócio

número 217.

Conselho Fiscal

Presidente: Carlos

Sousa sócio número 211.

Vice Presidente: Rui Amaral

sócio número 219.

Secretária: Tânia Fernandes

sócia número 210.

sofreu um grande terramoto.

Vitor Figo, homem de garra,

levantou-se depois de uma

longa recuperação, após ter

sido infectado e consegui

que o seu projecto renascesse.

Foi assim que no dia 14 Março

deste ano se realizaram

eleições e a lista A ganhou.

A passagem de cargos realizou-se

em no dia 15 para

grande satisfação de ambas

as partes.

Apresentamos então alguns

elementos da equipa actual

da Casa do Benfica de Lenzburg,

inscrita com o numero

225.

Assembleia Geral

Presidente: Alberto Sá

sócio número 126.

Vice Presidente: Carlos

Soares sócio número 214.

Secretária: Eliana

Vale sócia número 216.

Vice presidente na Área

das instalações: David Brito

sócio número 213.

Vogal: Sofia Henriques sócia

número 218.

Vogal:Fernando Leite sócio

número 215.

Desejamos a toda esta

jovem equipa, o maior sucesso

a nível profissional

e pessoal e que consigam

levar o movimento associativo

ao expoente mais alto.

Unidos por esta causa com

certeza que o triunfo será

fácil de atingir e nós vamos

fazer por isso.

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4 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

5



Desporto

Desporto

Carlos

Carvalho

Carlos Carvalho é um jovem promissor

do Movimento Associativo

Português.

Com apenas trinta e oito anos, assume

o comando da histórica Casa

do Benfica, número 225 com sede

em Lenzburg, na província de Aarau.

Carlos Carvalho nasceu na Póvoa

de Lanhoso e instalou-se na Suíça

no ano de 2004.

Actualmente vive em Lufingen, Zurique,

é casado com Tânia Fernandes,

este jovem tem todos os sonhos

neste projecto que abraçou

no dia 13/03 do ano 2022.

Dedica-se profissionalmente ao

ramo turismo na área do transporte

e ao desporto.

O Benfica foi sempre o seu clube. É

um apaixonado pela área do futebol

e pelo Sport Lisboa e Benfica.

Na gastronomia portuguesa não

dispensa um prato de polvo à lagareiro

ou um bom arroz de cabidela.

Tem como passatempo preferido o

refúgio na família, nos amigos e no

futebol. A cor preferida é o vermelho.

Não dispensa em tempo de férias

rever amigos e ir ao local onde

cresceu e passou parte da infância.

Maria dos Santos

Maria dos Santos: Quem é o Carlos Carvalho?

— C.C — Não é fácil fazermos uma auto-avaliação

exacta, até porque somos suspeitos e

podemos não estar a ser correctos na análise.

Contudo, posso dizer que sou alguém ambicioso

e muito dado a desafios. Tento sempre

dar o meu melhor em tudo que me comprometo.

M.S.: Como aconteceu a possibilidade de

abraçar este projecto da Casa do Benfica

de Lenzburg?

— C.C — A possibilidade de estar envolvido

neste projecto, deve-se muito à grande amizade

que tenho com antigo presidente. Sou

um privilegiado em ter uma pessoa como Vitor

figo na minha vida. Desde que nos conhecemos

que temos vindo a viver uma ligação

muito forte e unida.

Como é do conhecimento público, o

Vitor após ter ficado infectado com covid-19,

num estado clínico frágil, teve

que repensar muita coisa na sua vida e

pensar mais na sua saúde e bem-estar.

Este projecto requer muito trabalho e

dedicação.

Foi num dos tantos jantares e encontros

com o Vitor, que surgiu a ideia

de me candidatar à Presidência nas

eleições que se seguiram, continuando

assim este trabalho que já havia sido

começado.

M.S.: Uma casa como esta, onde a

qualidade e acolhimento faz o verdadeiro

trunfo do sucesso, como prevê

gerir esta conquista tão trabalhada

pela família Vitor Figo?

— C.C — De facto, é uma realidade, as

qualidades, o acolhimento e um serviço

muito personalizado a cada cliente,

sempre estiveram muito presentes

pela Família Figo, na Casa do Benfica

em Lenzburg. No entanto, posso assegurar

que faremos tudo quanto possível

para que, seja dado o nosso melhor

e que essas palavras continuem a ser o

lema de ordem desta Casa. Assim sendo,

tenho que admitir que é uma motivação

para todos nós, fazermos cada

dia mais e melhor.

M.S.: A nível da gastronomia o que

vai mudar a partir de agora?

— C.C — Não irá mudar muita coisa. A

casa está bem referenciada pelo acolhimento

e pela qualidade. No meu

ponto de vista, não há necessidade

mudar muita coisa. O staff manteve-se,

e aproveito para deixar o meu sincero

agradecimento a todos eles. Assumiram

a continuidade na casa, com novo

corpo gerente, o que nos ajudara a dar

continuidade com toda a qualidade.

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M.S.: A sua equipa de trabalho é bastante

jovem. Quando convidou os

corpos gerentes, qual foi a sua motivação?

— C.C — Digamos que é um misto de

juventude com experiência. O que me

motivou na escolha foi a visão da casa

daqui a uns anos. É na juventude que

está o futuro e na experiência o sucesso.

Penso que temos os ingredientes

certos para fazer um bom trabalho.

A escolha nesta equipa está também

relacionada à confiança que tenho em

cada um. Isso é sem dúvida uma mais-

-valia.

M.S.: Está nos projectos futuros criar

grupos, como uma equipa de futebol,

um rancho, um grupo musical entre

outras actividades culturais?

— C.C — Sim, está nos nossos projectos.

Esperamos num futuro muito próximo

criarmos equipa futsal masculino e feminino.

Estamos a analisar outras possibilidades,

mas, o futebol sim, é um

objectivo para imediato.

M.S.: Sabemos que o Benfica, está a

pedir às respectivas casas com sede

em todo o mundo uma reviravolta

em termos de decoração e estratégia

de trabalho. Para quando um novo visual

na casa do Benfica Lenzburg.

— C.C — Sim é verdade Benfica está

pedir às casas que deem esse passo.

Nós queremos dar o passo e é algo

que está em processo. Sabemos que é

um trabalho árduo e vai exigir de nós

um esforço extra mas, é isso que nos

motiva e nos dá ainda mais motivação

neste projecto. Talvez este ano não irá

ser possível mas, no próximo ano é

um objectivo completamente traçado

pela direcção.

M.S.: No dia que nos encontramos

para esta entrevista, teve casa „Esgotada*,

como viveu a escolha da

Comunidade Portuguesa à Casa do

Andrade Finance GmbH

Benfica?

— C.C — É verdade, tivemos casa esgotada.

Enquanto presidente desta casa,

foram vários os sentimentos: orgulho e

acima de tudo gratidão pois, esta casa

do Benfica com quinze anos de História

e existência é aquilo que é, graças a

toda a comunidade Portuguesa.

Quero deixar aqui uma palavra de

apreço a todos sócios, amigos e clientes

da nossa casa que são os que fazem

que tudo isto seja possível. São o

combustível necessário para que possamos

pensar num futuro risonho.

A toda esta comunidade, em meu

nome e em nome todos corpos gerentes,

um muito obrigado de coração.

M.S.: Qual é o seu maior objectivo

com Presidente desta Casa?

— C.C — É dar continuidade ao grande

trabalho feito pela última presidência.

É poder deixar a nossa marca na casa

com trabalho feito. É deixar a casa para

uma próxima direcção com dever de

missão comprida. É cumprir os objectivos

traçados. É ver a casa nos próximos

anos no topo, sendo com nossa direcção

na frente ou com outra direcção.

M.S.: Está nos seus planos ter programas

culturais, tais como noites de

Fado, Poesia, leitura, ditados, tudo

em português, enfim algo diferente,

para manter a comunidade unida e

fazer valer a diferença?

— C.C — Com certeza. Portugal e os portugueses

não são só Futebol. Somos

um povo muito rico ao nível cultural.

Iremos fazer tudo ao nosso alcance

para isso ser uma realidade

Já está ser trabalhado para este Inverno

uma noite de Fados. Queremos contribuir

para que a nossa cultura nunca

seja esquecida e ainda mostrar a nossa

grandiosidade enquanto portugueses.

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Maria dos Santos

Foram quadro décadas a construir

uma vida laboral e familiar em terras

suíças.

Gracinda e Bernardino Francisco, deixam

um legado de dois filhos e cinco

netos. Muito haveria para contar

desta extraordinária família, que tive

o privilégio de acompanhar, principalmente

nos anos oitenta.

Nesta altura o movimento associativo

tinha um carisma muito diferente daquele

que existe hoje.

Ambos trabalhavam e aos fins de semana,

o apoio que davam e deram durante

muitos anos ao associativismo

era indiscutível.

Foi no Grupo Desportivo e Cultural

Português de Lenzburg que ambos

deixaram muito da sua vida, por amor

à camisola. Depois serviram a Casa do

Benfica Lenzburg de coração cheio.

A Gracinda, sempre se diferenciou por

ser uma mulher de ideias avançadas,

com grande capacidade de aceitação

e sempre soube ouvir os outros.

É assim que eu a conheço.

A sua simplicidade foi muitas vezes

criticada, mas ela soube resistir e sem

preocupações soube sempre dar a

resposta certa no momento perfeito.

O Bernardino também deu o que tinha

e o que não tinha ao movimento

associativo. Ambos souberam ao longo

da vida caminhar de mãos dadas

e agora regressam a Portugal com

a missão cumprida.

Esta pequena homenagem, serve apenas

para vos dizer, que sois um verdadeiro

exemplo em termos de casal,

da amizade que souberam construir

ao longo dos anos no plano familiar e

pessoal.

Qualquer um de nós que teve a possibilidade

de vos acompanhar nestes

40 anos, sabe que a ida para Portugal,

não afecta os laços que aqui construíram

e que agora estais preste a deixar.

Não tenho a mínima dúvida que deste

a cidade onde pensais viver e esta que

estais preste a deixar, conseguireis

construir uma ponte, onde qualquer

um de nós poderá encontrar o vosso

sorriso, simpatia, acolhimento e mais

do que tudo o verdadeiro sentimento

da amizade e amor.

Regressam a casa e ao lar que os viu

nascer de cabeça erguida e principalmente

felizes por tudo o que fizeram

e o que aqui deixam.

Em nome de todos os que são vossos

amigos e onde sinto que também tenho

um lugar e um porto seguro, desejamos-vos

uma boa viagem e que

em terras portugueses saibam aproveitar

os muitos anos de trabalho por

vezes a um ritmo difícil e sacrificado, a

vossa reforma.

Não se privem de nada, agora estais

na altura de usufruir de tudo o que a

vida tem de melhor e nós queremos

em conjunto ser testemunhas, na “ordem

da família” Francisco.

A minha pessoa de contacto na GC24 em português

Nilton de Góis

Gestor de vendas da CG24 Group SA

nilton.gois@cg24.com

044 244 30 28

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Escritório de Representação da CGD - Suíça

Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève

Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465

email: geneve@cgd.pt

AVISO LEGAL: A CONCESSÃO DE CRÉDITO É PROIBIDA CASO CONDUZA A UM ENDIVIDAMENTO EXCESSIVO

(ART.º 3.º DA UWG (LEI RELATIVA À CONCORRÊNCIA DESLEAL)).

UM PRÉ-REQUISITO PARA A CONCESSÃO DE CRÉDITO É UMA VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO BEM SUCEDIDA.

A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.

8 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

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Comunidade

Artesão José Salgueiredo levou

ARTE

Ao Centro Lusitano

José Salgueiredo é

um emigrante português,

natural de

Aveiro, artista e reside

na Suíça.

Estudou em Aveiro,

onde completou o

ensino básico e frequentou

um ano a

escola profissional.

Cursou electricidade

automóvel, tendo

com 14 anos ingressado

na aprendizagem

de marceneiro/

carpinteiro e aos 19

anos, na metalurgia

mecânica.

Vamos falar com

ele e saber um pouco

mais...

“Só vendi um trabalho”

Lusitano de Zurique — Quem é

José Salgueiredo, fale-nos de si.

— J.S — Cheguei a Suíça em Abril de

1984. Os primeiros 7 anos trabalhei

na restauração e quando recebi

a residência permanente, passei

para o ramo automóvel, o que me

deu grande satisfação. Inicialmente

como ajudante, frequentei vários

cursos (mecânica) e comecei

a fazer manutenção/reparação em

automóveis. Em 2010 passei para

uma empresa de empilhadores

como técnico electromecânico.

LZ — Foi então assim que tudo começou?

— J.S — Desde criança que sempre

tive muita curiosidade em saber e

tentar perceber como eram feitos

os rádios, motores etc. Também fazia

e criava brinquedos, por exemplo

os famosos carros de rolamentos.

O primeiro “barco/caravela” que

fiz foi em cartão, andava na escola

primária no 4º ano. Aos 14/15 anos

fiz outra, mas forrada a fósforos

queimados. Mas foi aqui na Suíça

que comecei a fazer trabalhos

mais complicados. Um dia comprei

uma Caravela em Kit plástico

para montar, mas não me agradou

muito, voltei a fazer uma caravela

em fósforos, mas mais detalhada e

com iluminação interior. Entretanto

tive conhecimento da existência

dos planos para fazer os barcos à

escala e... assim comecei a fazer

trabalhos mais perfeitos e económicos

porque os kits em madeira

são muito caros.

LZ — Porquê o artesanato?

— J.S — Eu não me fico só pelo artesanato/modelismo,

também gosto

de fazer restauros de peças antigas,

rádios, bicicletas, motos, mobiliário…

etc.

LZ — As obras que cria representam

não só o mundo da fantasia,

mas também demonstram grande

realismo. Em que contexto as

enquadra?

— J.S — Eu vejo os meus trabalhos

como arte no modelismo

LZ — Como define a sua Arte?

— J.S — Hobby, passatempo

LZ — Qual a importância da tecnologia

no artesanato?

- JS – Tem sido uma boa ajuda em

alguns trabalhos.

LZ — Considera o resultado do seu trabalho,

arte, ou objectos de consumo?

— J.S — Para mim, é arte porque o faço

como Hobby.

LZ — De todas as peças criadas e vendidas,

existe alguma que se destaque de

entre as demais e porquê?

— J.S — O meu primeiro Barco/modelo feito

em madeira pela perfeição final. Só vendi

um trabalho.

LZ — Os artesãos, são apoiados por alguma

entidade pública ou privada?

— J.S — Não tenho conhecimento pessoal

sobre isso.

LZ — Nos moldes actuais, o artesanato

tem futuro?

— J.S — Para mim não porque o faço só

como Hobby.

LZ — Vive exclusivamente do artesanato?

— JS – Não, uma vez que não vendo os

meus trabalhos.

LZ — Onde está situado o seu atelier.

Pode ser visitado?

— J.S — Não, tenho só uma pequena arrecadação

onde faço os meus trabalhos. Visitas

pode-se fazer, a combinar.

LZ — Sente-se realizado?

— J.S — Sim.

10 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

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Recantos helvéticos

Desporto

Equipa da 4.ª Liga do Centro Lusitano de Zurique

garante subida à 3. Liga. São

Greifesee

CAMPEÕES

Mania dos Santos

Estamos em quarto minguante uma

face da lua, onde todas as pessoas se

lamentam, com dores aqui e ali.

Eu lamento-me da Primavera, estação

que me causa alergias e hoje acordei

com os olhos todos inchados e ao redor

das pálpebras a tradicional cera,

que anuncia um dia de intenso pólen,

céu azul e sol.

Ouço sempre as recomendações e

cumpro direitinho o conselho de quem

sabe mais do que eu. Lavo então os

olhos com chá de Camomila, reservo o

bilhete de comboio e de saco às costas,

visito hoje o Greifesee.

Este lago situa-se a tão-só 10 km de Zurique

e é o segundo maior lago da província

com o mesmo nome.

Tem cerca de 160 metros quadrados e

a sua largura máxima é de oitocentos

metros.

Ao chegar à cidade sorrio, porque as

casas estão todas pintadas tipo arco-

-íris. Construção bem antiga ao estilo

gótico edificadas no ano mil trezentos

e trinta. O Largo da Igreja é muito

amplo e com vistas excepcionais. Devemos

também visitar o pequeno, mas

lindíssimo castelo.

A sua beleza e situação geográfica

é tão harmoniosa, que se celebram frequentemente

casamentos, baptizados

e todo a categoria de eventos ou festas

de carisma privado.

A menos de 1 km, temos os olhos postos

no lago. Não quero romantizar este

lago, mas a sua aprazibilidade e beleza,

levam-me ao imaginário, momentos de

pura magia.

Começo a caminhar. Como é Terça-feira,

encontro-me sozinha na mansidão

de uma natureza singular. Acompanhada

pelo chilrear dos passarinhos,

inquietos com a minha presença, deixando

o aviso de que não me devo

aproximar, devido às crias que ainda

vivem no ninho.

A vegetação deste lago é muito variada

e podemos encontrar até 400 espécies

de plantas diferentes. Para as 120 aves

que ali vivem, algumas migratórias, outras

não, podemos dizer que visitam e

vivem no Éden.

Este belo Oásis tão natural e puro,

demora cerca de 5 horas sem pausa

para pic-nic a ser percorrido. Mas com

tempo para fotografar subir ao observatório

circular construído para que os

curiosos possam em toda a imperturbabilidade,

olhar os bichinhos que por

ali habitam.

Tenho o meu aparelho fotográfico colado

a mim… e pela primeira vez sou

incapaz de ficar realizada com os

meus “tiros fotográficos“. São apenas

os meus olhos a captar as mais belas

imagens que até hoje a minha câmara

fotográfica não conseguiu fotografar.

Chego à conclusão que nenhuma lente

consegue igualar a perfeição e complexidade

do olho. Trate os seus bem, pois,

eles são um órgão de alto valor.

Ao longo de todo o lago temos sítios

para merendar, para brincar e repousar.

Se tiver inspirado, faça um passeio no

mais antigo barco a vapor da Suíça que

foi construído em 1895.

A diversidade culinária faz toda a diferença;

pode escolher o tema: O pequeno-almoço,

almoço ou jantar, entre eles

podemos saborear o famoso Fondu, comidas

asiáticas e as deliciosas massas.

Temos também o complexo desportivo

Milandia, onde encontra tudo o que

precisa para se sentir bem.

Thawan e o Sap, para quem queira entregar-se

ao prazer da descontracção e

massagem. Temos a possibilidade de

escolher várias fragrâncias de óleos,

que por si só, nos faz viajar para além

das nuvens.

Os mais desportistas, têm como opção

os desportos náuticos, ou também um

largo passeio de bicicleta, o percurso

está feito a pensar neles.

Leve consigo o desejo e deixe que a natureza

e os que sabem, fazer o resto

para o seu bem-estar.

A vida é tão extraordinária e encantadora,

que não devemos perder tempo

e sobretudo devemos ser talentosos

a ultrapassar todas as barreiras, que a

própria vida tem, para nos por à prova

as nossas forças físicas e psicológicas.

Muitos de nós somos coleccionadores

de algo, eu agora colecciono lagos,

para lhe levar inspiração e ideias de bonitos

passeios em terras suíças.

Porque não coleccionar sonhos e realizá-los?

Onde quer que se encontre faça

da sua vida um lago de esperança, vitalidade,

harmonia e nunca desobedeça

ao amor.

Jorge Macieira

A equipa sénior masculina do Centro Lusitano de Zurique sagrou-se Campeã regional

na tarde de Domingo, 22 de Maio. Era já campeã, mesmo antes de entrar em

campo, depois do segundo classificado, FC Turkuaz Zürich, ter perdido o seu jogo

contra o FC Hellas por quatro bolas a zero.

Com o título e a subida garantida, o resultado não foi o esperando tendo perdido na

visita ao FC Schlieren por duas bolas a zero, mas mesmo assim não estragou a festa.

Logo após o apito final do árbitro, a festa instalou-se por completo em pleno relvado.

Até ao fecho desta edição a equipa lusitana somou 38 pontos em 45 pontos possíveis,

tendo a melhor defesa com apenas 13 golos sofridos e 31 golos marcados, sendo

o quinto melhor ataque. Até ao final da época, apenas para cumprir calendário,

faltam três jogos contra FC Wiedikon, BC Albisrieden e FC Turkuaz Zürich.

A equipa liderada pelos misteres António Louro e Manuel Pinho conseguiram o regresso

à 3ª Liga depois de 3 anos de permanência na 4ª Liga. Não era esse o objectivo

inicial, mas com o aparecimento dos resultados o objectivo da subida foi traçado e

concretizou-se.

12 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

13



Crónica - “Do Nosso Cantinho para o Vosso Cantão”

CRÓNICA

Quando me apercebi

que era emigrante.

Vai ficar tudo bem

— regresso ao passado. A Ucrânia deixou de existir!

Aragonez Marques (*)

Tal como o meu amigo

Manuel Araújo,

também eu não estou,

nas melhores

condições de saúde.

Ando entre as quimioterapias

e as radioterapias...pias.

Engana-se quem pretende,

mesmo que

seja um bicho horroroso,

a tentar cortar-me

o pio da vida.

Vou piar este mês,

oferecendo-vos uma

pequena parte que

muitos de vocês também

viveram.

A consciência já sem

retorno de que tinham

deixado tudo

para trás.

Ficaram em baixo, mãos no

alto acenando e reprimindo

o choro. É a última imagem

que Carlos Novais recorda

da família.

Levantou-se e entrou numa

casa de banho minúscula,

inventada para caber ali.

Sentou-se apertado na sanita

e ficou, olhar na portinha,

mesmo na frente, sozinho,

meio perdido nos balanços.

Carregou no que julgava ser

o autoclismo e caiu-lhe na

frente uma mesa de mudar

fraldas.

Não deveria ser aquele o botão.

Fechou-a.

Olhou para o lado e viu-se

gigante num espelho de lavatório

que o surpreendeu

pela proximidade.

Que fazes tu aqui?

Começou a rir à gargalhada.

De repente parou.

Encostou as duas mãos ao

espelho ficando a imagem

no meio, como um abraço limitado

por incompleto.

Uma tristeza apertou-lhe o

peito, com dentes que mordiam,

por dentro.

Não conteve o choro alto

que se misturava com o forte

ruído de fundo.

Só nesse instante se deu

conta, que tinha sobrevoado

o Egipto e rumava a Timor-

-Leste a oito mil pés de altitude.

Bateram à porta, disseram-

-lhe em inglês que havia turbulência

e tinha que sair.

Abriu a portinha estreita e a

hospedeira, habituada tanto

a lágrimas como a risos,

mandou-o sentar e apertar o

cinto.

Acompanhou-o ao lugar,

confirmou se o cinto estava

bem colocado, e tocou-lhe o

ombro.

Aquele toque, sentiu-o como

uma carícia de toda a gente

que amava e tinha deixado,

a caminho do desconhecido.

Aragonez Marques

In O Que Foste lá Fazer?

(*) Escritor

Carlos Matos Gomes

Na atual fase do discurso ocidental

sobre a guerra na Ucrânia os dirigentes

políticos transmitem a mensagem

de, após a guerra, a situação

na UE voltar ao passado: não haverá

inflação, desemprego, a energia será

barata, a União Europeia continuará a

vender os seus produtos de alto valor

acrescentado no mercado mundial

— apesar de a energia vinda dos

EUA ser muito mais cara — o estado

de bem-estar com serviços de saúde

e de previdência social vai ser sustentável,

mesmo que as despesas com

armamento cresçam e as exportações

diminuam…

O discurso dos políticos europeus aos

crentes das suas nações lembra a afirmação

de Aristóteles há 2500 anos: o

tempo não existe, uma vez que nem o

passado, nem o futuro realmente existem,

o passado porque já passou, o

futuro porque ainda não é. O presente,

por sua vez, é momentâneo, fugaz,

imediatamente se torna passado. Mas

para os atuais dirigentes políticos europeus

não existe o problema da aporia,

o “caminho inexpugnável, sem saída”, o

paradoxo, a contradição entre o tempo

e o movimento. Para Aristóteles é o movimento

que organiza o tempo, para os

atuais dirigentes políticos a verdade é

a falácia que impingem aos europeus

de que, apesar do movimento que entretanto

ocorreu (com a invasão sobre

vários eixos do território, o tempo parou

na Ucrânia e arredores. A guerra na

Ucrânia, para eles, não vai ter consequências.

O presidente português chegou

a afirmar que até vamos ganhar

com ela. Vamos ficar melhor!

Os dirigentes europeus transmitem aos

europeus a mesma mensagem que a

igreja Católica transmitiu no início do

século vinte através da senhora de Fátima

a três pequenos pastores: a Rússia

será vencida e tudo ficará bem. Há

quem acredite!

Os dirigentes europeus falam como se

a guerra na Ucrânia não tivesse consequências.

Como se a Rússia já estivesse

a arrumar as malas e a voltar para

casa (Venham mais 5, de Zeca Afonso),

deixando a Ucrânia disponível para a

“reconstrução”! Zelenski, o porta-voz do

mais que corrupto regime de Kiev, e cabeça

de cartaz eleito por um exército

de ideologia nazi, de segregação racial

e política, de ditadura sobre o povo e

de negação de direitos democráticos

elementares, chegou ao ponto delirante

de exigir que a Rússia pague a dita

“reconstrução”!

De facto, goste-se ou não, a situação

real em nada corresponde a esta encenação

idílica. De facto, uma das três superpotências

mundiais sentiu-se ameaçada

o suficiente para romper uma

situação pantanosa de ameaça nas suas

fronteiras e desencadear uma invasão a

um Estado que vendera a sua soberania

e se dispusera a ser uma base para o

seu “enfraquecimento” continuado (objetivo

explicitado pelas autoridades dos

EUA, a velha tática do envenenamento

por arsénio). A Rússia decidiu cuspir a

mistela e tomar a iniciativa: invadiu a

Ucrânia.

Com perdas maiores ou menores, o

facto é que a Rússia ocupou uma faixa

de terreno de cerca de 200 km que vai

do norte (Donbass) até ao controlo das

margens dos mares de Azov e Negro, e

dos seus portos. A Rússia controla estes

terrenos decisivos e destruiu o tecido

produtivo da Ucrânia e as suas vias de

importação e exportação.

A situação de facto é que a Rússia tornou

a Ucrânia um Estado inviável, pois

a Rússia controla toda a produção de

cereais e a exportação de bens e matérias-primas;

controla o território que

podia servir de base de ataque próximo

(Donbass); controla os dois mares e os

seus portos. O poder político ucraniano

apenas existe porque tem apoio político

e militar dos EUA e o apoio financeiro

da UE. O poder político da Ucrânia

apenas se mantem apoiado pelas suas

forças armadas, que em nada se parecem

com forças armadas de Estados de

Democracia liberal.

Sendo esta a situação, a Ucrânia deixou

de existir como existia em termos do

que define um Estado: uma soberania

aceite pela população e pela comunidade

internacional sobre um território.

Na realidade uma superpotência ocupa

os pontos decisivos do território e tem

uma reserva de armas (incluindo armas

nucleares táticas) para impor uma decisão

militar quando o entender e, depois

das sanções ocidentais e da rutura civilizacional

que lhe foi imposta pelo Ocidente,

não tem nada a perder em termos

reputacionais se usar essas armas.

A superpotência invasora, a Rússia, tem

o apoio de retaguarda de outra superpotência,

a China e do grupo dos países

emergentes e foi colocada na situação

de que mais vale um rei ser temido do

que amado (Maquiavel).

A proposta de reconstrução da Ucrânia

parte do fantasioso pressuposto de

que a Rússia iria aceitar ceder tudo o

que conquistou a duras penas em vidas

e bens para deixar que os Estados

Unidos e a UE e as suas empresas reconstruíssem

a situação anterior e até,

na delirante proposta de Zelenski, que

a propaganda apresenta como um tipo

a ser levado em conta, que a Rússia pagasse

a reconstrução! Os dirigentes da

UE têm apresentado este alucinado raciocínio

como um programa a ser levado

a sério!

Um dos elementos essenciais de análise

de situação militar é pensar como o

adversário. Não se trata de moral, nem

de proselitismo, mas de análise, de encontrar

as hipóteses mais prováveis e as

hipóteses mais perigosas. É assim que

os militares abordam as situações e não

em termos de bondade e maldade, em

termos morais.

A Rússia tem uma longa história assim

como as suas forças armadas, os seus

exércitos. É credível, como nos tentam

convencer os dirigentes europeus, que

depois dos sacrifícios em vidas e em

destruições materiais a Federação Russa

retire da Ucrânia, deixe a situação

como estava em Fevereiro, que pague

a reconstrução de edifícios e infraestruturas,

apresente os seus militares e políticos

algemados (supõe-se) na gaiola

de um tribunal internacional na Holanda,

em Nova Iorque, ou em Bruxelas?

Este cenário faz algum sentido? Mas é o

que os dirigentes europeus têm estado

a impingir aos europeus e há um coro

de comentadores que faz eco desta insanidade!

Vamos (os europeus) pagar a reconstrução

de quê, de que Ucrânia?

(*) Autor escreve segundo o AO

14 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

15



CRÓNICA

28

33

O Lusitano de Zurique

e os nossos emigrantes

COSTA GUIMARÃES (*)

A Suíça foi o principal destino da

emigração portuguesa em 2020, seguida

da França e do Reino Unido, de

acordo com o Relatório da Emigração,

divulgado nodia 21 de Dezembro

de 2021. Estes números expressam a

importância que um órgão de comunicação

social como este em que tenho

a honra e orgulho de colaborar

no topo das preocupções de quem o

dirige.

No ano de 2020, optaram por viver na

Suíça 7.542 portugueses, sendo este

o segundo país do mundo com mais

emigrantes portugueses: 210.731 em

2020.

Em segundo lugar surge a França, com

7.643 entradas em 2019, e em terceiro

o Reino Unido, país que no ano anterior

recebeu mais de 20.000 portugueses

e que, em 2020, registou a entrada

de 6.664.

Para o tema de hoje, o resto dos números

pouco interessam e podiam ser

enjoativos porque a Suíça permanece,

apesar do decréscimo continuado, o

segundo país do mundo onde residem

mais emigrantes portugueses, em número

superior a 210 mil (210.731 em

2020).

Mas interessa saber que as remessas

de emigrantes totalizaram, em 2020,

3.612 milhões de euros, mantendo-se a

diminuição registada no ano anterior,

com os residentes na Suíça a enviarem

o maior valor para Portugal.

A França, que liderava em termos do

maior valor de remessas enviadas para

Portugal, passou para segundo lugar,

com a Suíça em primeiro, após uma

subida de 4,9% no volume dessas remessas,

que aumentar de 988,70 milhões

de euros em 2019 para 1.037 milhões

em 2020.

Em termos globais, verificou-se um

decréscimo em quase todos os países,

com exceção para a Suíça, Reino Unido,

Estados Unidos, Venezuela, Bélgica

e Países Baixos.

Em 2020, o número de emigrantes portugueses

foi o mais baixo dos últimos

20 anos, um valor para o qual contribuiu

a covid-19 e o ‘Brexit’, segundo o

relatório.

Quem dirige o “Lusitano de Zurique”

sabe que os grandes meios de comunicação

social nunca têm meios e recursos

para ir ao Minho dar conta das

“alegrias e as esperanças, as tristezas e

as angústias dos homens de hoje, sobretudo

dos pobres e de todos aqueles

que sofrem”.

Os leitores da imprensa regional não

são diferentes dos outros. Quem lê o

jornal da terra lê a imprensa nacional

e, na essência, o que pretende é estar

informado sobre a actualidade e

o que se passa no mundo, no país e à

sua porta. Mas há uma curiosidade diferente

sobre o que está próximo. Sobre

o resto do mundo querem saber o

que acontece, mas em relação ao local

existe uma espécie de bisbilhotice de

espreitar o que se passa com o vizinho.

No Minho, o Lusitano é a voz do público,

o espelho dos problemas que o

atormentam na sua própria rua, no seu

bairro, na sua freguesia ou na sua região.

É aí que o leitor encontra a partilha

das suas preocupações mais imediatas

e ele próprio ganha voz. É nesta

imprensa singular que o público lê a

entrevista do presidente da sua Junta

de Freguesia, encontra o resultado do

jogo de futebol da equipa da sua freguesia

e se inteira do que tem a dizer

o vizinho do lado. A região é-lhe explicada

e mostrada no dia-a-dia, de acordo

com as rotinas e preocupações dos

seus habitantes, daqueles que com ele

dividem o espaço geográfico.

É um exercício diário contra a mediocridade

e a preguiça, porque o sítio

é uma oferta diária que se diferencia

da edição mensal em papel, fustigada

por elevados custos de impressão, de

papel e de portes de correios que vão

asfixiando, a cada dia que passa, a comunicação

social regional que aguenta

herculeamente estas tempestades.

O Lusitano representa um elo físico,

palpável, que vem no correio e pode

ser manipulado, deixado de lado para

voltar a pegar nele e mostrar a conterrâneos

as notícias da terra, pode ficar

nas associações de melgacenses e minhotos

na diáspora para que todos o

possam ler.

16 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

17



CRÓNICA

Este meio de informação tem a coragem

de ir além das dificuldades ou

lamúrias e sai do conforto dos seus

quintais, para abraçar projectos novos

e promover aqueles que já existem.

UMA OPORTUNIDADE

Um relatório produzido pelo We Are

Social e Hootsuite de Janeiro de 2021,

aponta para que existam 4,66 biliões

de utilizadores na rede e de 5,22 bilhões

de utilizadores com dispositivos

móveis (telemóveis, etc.). No planeta

existe, estimativas de julho de 2020,

uma população global 7,8 biliões de

pessoas, o que quer dizer o seguinte:

mais de metade do mundo está ligado

na rede.

A Internet torna-se cada vez mais preponderante

na vida das pessoas. É o

Santo Graal no trabalho, na aprendizagem

e no entretenimento.

Em Janeiro de 2021, a população mundial

era de 7,83 biliões de pessoas e

mais de 5,2 biliões de pessoas em

todo o mundo usam smartphones ou

telemóveis, ou seja quase 67% da população

total mundial. Em Janeiro de

2021, o número de pessoas que usam a

Internet no mundo atingiu 4,7 biliões,

um aumento de 316 milhões (7,3%)

em relação ao ano anterior. O surto da

Covid-19 teve um impacto significativo

no número de utilizadores da Internet.

Portanto, o número real pode ser

maior.

Chega de números para perceber que

o maior desafio que se coloca ao director

do Lusitano é a Rede. Desafio? Não,

uma oportunidade para o sucesso do

jornal: comunicar com os emigrantes,

cá e lá fora.

Se olharmos para os modernos sítios

dos meios de comunicação social, verificamos

que eles uniram as três frentes:

a escrita, o som e a imagem (foto

e vídeo).

Os sites de televisão possuem texto

(das notícias da imprensa escrita), sons

(da imprensa radiofónica) e vídeos (da

imprensa televisiva) enquanto os sites

da rádio (imprensa audio) incluem

textos (escrita) e vídeos (televisão), ao

passo que os novos jornais já oferecem

aos seus leitores as notícias escritas,

alimentadas com gravações das palavras

dos interlocutores ou jornalistas

(sons) e explicadas com filmes pequenos

(imagem).

ÍMPAR RIQUEZA

Mas há uma riqueza imperdível e ímpar:

a proximidade no tempo e no espaço

— afinal o critério primeiro de selecção

de notícias. A imprensa local e

regional é a garantia de um produto de

informação único: os grandes meios só

vão ao Minho se houver um facto mirabolante

ou sanguinário. É aqui que

está o Ás de trunfo de O Lusitano

Termino com uma bela história. Acho

que todos os leitores vão perceber...

Recitei este texto de Eça de Queirós extraído

de Cartas Familiares e Bilhetes

de Paris, num colóquio da então Alta

Autoridade para a Comunicação Social

(agora ERC) num colóquio na Universidade

do Minho, há uns 20 anos. Nele

se percebe a génese do jornalismo

de proximidade e se alcança uma das

mais brilhantes definições para justificar

a eternidade da imprensa regional:

“Bem recordo uma noite em que,

numa vila de Portugal, uma senhora

lia, à luz do candeeiro, que dourava

mais radiantemente os seus cabelos

já dourados, um jornal da tarde. Em

torno da mesa outras senhoras costuravam.

Espalhados pelas cadeiras e no divã,

três ou quatro homens fumavam, na

doce indolência do tépido serão de

Maio. (…) Era uma dessas semanas

também em que pela violência da

Natureza e pela cólera dos homens se

desencadeia o mal sobre a Terra.

Ela lia as catástrofes lentamente,

com a serenidade que tão bem convinha

ao seu sereno e puro perfil latino.

“Na ilha de Java um terramoto

destruíra vinte aldeias, matara duas

mil pessoas...”. As agulhas atentas picavam

os estofos ligeiros; o fumo dos

cigarros rolava docemente na aragem

mansa – e ninguém comentou, sequer

se interessou pela imensa desventura

de Java. Java é tão remota, tão vaga

no mapa! Depois, mais perto, na Hungria,

“um rio trasbordara, destruindo

vilas, searas, os homens e os gados...”.

Alguém murmurou, através de um

lânguido bocejo: “Que desgraça!” A

delicada senhora continuava, sem

curiosidade, muito calma, aureolada

de ouro pela luz. (…) A leitora, tão

cheia de graça, virou a página do jornal

doloroso, e procurava noutra coluna,

com um sorriso que lhe voltara,

claro e sereno.... E, de repente, solta

um grito, leva as mãos à cabeça:

Todos nos erguemos num sobressalto.

E ela, no seu espanto e terror, balbuciando:

– Foi a Luísa Carneiro, da

Bela Vista... Esta manhã! Desmanchou

um pé! Então a sala inteira se

alvorotou num tumulto de surpresa e

desgosto.

As senhoras arremessaram a costura;

os homens esqueceram charutos e

poltrona; e todos se debruçaram, reliam

a notícia no jornal amargo, se repastavam

da dor que ela exalava!... A

Luisinha Carneiro! Desmanchara um

pé! (…) Sobre a mesa, aberto, batido

da larga luz, o jornal parecia todo negro,

com aquela notícia que o enchia

todo, o enegrecia.

Dois mil javaneses sepultados no terramoto,

a Hungria inundada, soldados

matando crianças, um comboio

esmigalhado numa ponte, fomes,

pestes e guerras, tudo desaparecera

— era sombra ligeira e remota. Mas o

pé desmanchado da Luísa Carneiro

esmagava os nossos corações...

Pudera! Todos nós conhecíamos a

Luisinha – e ela morava adiante, no

começo da Bela Vista, naquela casa

onde a grande mimosa se debruçava

do muro, dando à rua sombra e perfume”.

O Lusitano de Zurique tem de continuar

a dar-nos a conhecer todas as Luisinhas

e será esse o seu maior tesouro.

Se tiver a foto dela, melhor; se trouxer

um vídeo ou uma foto de Paredes de

Coura, é óptimo. Não morre... mesmo

com o garrote dos portes de correio.

Concluindo, O Lusitano de Zurique

tem de continuar a ser um elo de ligação

entre os minhotos que vivem no

estrangeiro e o quotidiano do concelho

de origem, através do qual se mantêm

informados sobre a terra que só

visitam nas férias.

É verdade que a internet (pela qual

também podem ouvir a rádio local)

também os aproxima (daí, a importância

fatal do sítio na Rede). O Minho não

pode esquecer Castro Laboreiro, Vieira

do Minho, Ponte de Lima, Barcelos. Póvoa

de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila

Verde, Ponte de Lima, Arcos de Valdevez

ou Vila Nova de Cerveira, entre outras.

(*) António Costa Guimarães, é

Jornalista, foi Capelão Militar

e Director do jornal Correio do

Minho.

Reflexões

à volta do PSD

e da política

portuguesa

Carlos Esperança

Há 1 ano o partido fascista, agora

com 12 ruidosos deputados, escolheu

a data de 28 de maio para o início

da reunião tribal do seu 3.º Congresso,

que prolongou até ao dia 30,

sem surpresa para quem conheceu

os horrores da ditadura e sabe do

que são capazes os seus herdeiros

declarados. A data foi, aliás, vista

como provocação.

Surpreendente foi a escolha do

mesmo dia pelo PSD para a eleição

direta do seu líder, o que pode ser

relevado pela iliteracia do partido

que suprimiu do calendário os feriados

de 1 de Dezembro e 5 de Outubro,

dias identitários do país que

somos e do regime que temos, onde

só faltou o 25 de Abril.

Não se esperava de Cavaco e Passos

Coelho, um por rancor antidemocrático,

ambos por iliteracia, algum

discernimento, mas surpreendeu o

silêncio coletivo do partido perante

o despautério.

Ontem, dia 28, foi escolhido novo líder

do PSD. Foi um facto demasiado

relevante para a política portuguesa

e para o maior partido da oposição.

Não merecia a obsessiva presença

do PR nos noticiários a dizer banalidades

e a ofuscar o novo líder do

seu partido. O pudor republicano,

se o tivesse, ter-lhe-ia recomendado

um dia sem recados e com recato

mediática.

Luís Montenegro é agora o líder do

PSD com a dupla obrigação de não

deixar que o PR lidere a oposição e

impedir a hemorragia eleitoral para

o partido neoliberal extremista e

para o próprio partido fascista de

onde precisa de recuperar eleitores,

e não de continuar a assistir à decadência

do seu.

No rescaldo da aprovação do Orçamento

de Estado saiu afetado o

mediatismo devido à eleição, mas o

facto mais grave foi a abstenção dos

deputados da Madeira que usaram a

AR para dizerem que não são deputados

nacionais, mas marionetes do

sátrapa de turno da Madeira. A indisciplina

de voto do Orçamento de

Estado é a atitude mais grave que

um deputado pode cometer contra

o seu partido, de que automaticamente

se exclui. Não se trata de

questão de consciência, trata-se de

arruaça e falta de sentido ético, político

e cívico. A abstenção a substituir

o voto contra o OE foi um gesto

de perfídia e traição partidária.

Seria um bom começo para o novo

líder, cuja margem eleitoral lhe assegura

confortável poder de decisão,

expulsar do partido os insurretos

insulares. O OE não admite que

haja deputados venais, incapazes

de respeitar a disciplina de voto na

votação mais reveladora da unidade

do partido e da confiança que merecem

os seus deputados.

Com o PR a ocupar o espaço da oposição

e deputados marginais, ausente

da AR, não é fácil que Luís Montenegro

dure dois mandatos e uma

legislatura, mas é da coragem que

manifestar no início do mandato

que depende o seu futuro político.

Vem aí o Congresso para mostrar o

que vale. E o país precisa do PSD.

— Santo Deus!...

Autor escreve segundo o AO

18 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

19



Literatura

Crónica

Jorge Jesus,

uma

desilusão

© 2020 LUSA

Era uma vez

Carmindo de Carvalho

Uma bola de trapos, um vidro de uma janela a voar

partido em estilhaços. Um nariz esmurrado, um joelho

esfolado, um braço empenado, um dedo empanado.

Era uma vez:

Vozes numa grande algazarra: “Corre ó Zé não sejas trôpego,

se não marcas golo dou-te um pontapé no cu, racho

te essa crista de galo.”

“Agarra essa bola ó João. Senão arranco-te essas

orelhas ao puxão.”

Era uma vez:

Um berlinde que teimava em não entrar no buraco do

chão. Outro berlinde, outro encontrão. E eis que lá ia o

primeiro berlinde projectado para longe ao rebolão.

E o sacristão agarrado ao badalo do sino que cantava a

mesma canção:

“Delão, delão, delão.”

Era uma vez:

Um arco de latão a rolar pelo chão. Um pião a voar ao

ser lançado como galarote para cima de um outro, que

como galinha agachada parecia que se submetia à investida

e pumba:

Crista rachada e um puto que chorava pelas dores do seu

pião. Nem no bolso, nem na mão não tinha mais tostão.

E o senhor da tasca ou mercearia conforme as necessidades,

não fiava mais pião. Eram essas as regras daquele

campeonato. Ganhava quem conseguia mais galadas no

lombo do outro pião. Não havia volta a dar. Só tínhamos

que aguentar.

Era uma vez:

Um puxão de orelhas que ficavam a arder. Um raspanete

que passava ao lado. Umas palmadas com “a menina dos

cinco olhos.”

E tudo ficou estacionado no tempo. Coberto de pó que

só de tempos-a-tempos recebe um afago. E depois tudo

continua, tudo fica como estava, à espera de outra visita.

E enquanto estes neurónios funcionarem, nestas viagens

no tempo hão-de me levar. E eu, vou seguir os gemidos,

os ais, dos amigos que encontrar, vou juntar o que ainda

de mim restar, e vamos brincar.

Vamos rir à gargalhada, à apanhada, às escondidas, à

malha, aos indios e “cowboys”, ao Zorro e bandidos, vamos

correr, porque parar é morrer.

Era uma vez:

Tanto que o tempo, como cavalo desenfreado, no seu

dorso, quase tudo já levou. Tempos que já foram, tempos

que já não voltam, tempos que há muito já lá vão!

“Amigos, por onde andais? Ouço os gritos que soltais.

António Manuel Ribeiro.

Fevereiro de 2012

Luís Osório

1.

Jorge Jesus é uma figura diferente da

maioria.

Diria que, para o bem e para o mal,

ninguém é como ele.

Excessivo, colérico, absoluto, megalómano.

Gosta de cabeça de peixe, fala a língua

dos bairros populares de Lisboa

e tem uma relação muito particular

com a verdade.

Diria até que Jorge Jesus é um fadista

que não canta o fado. Um pintor que

não pinta. Um ator que não representa.

Um escritor que não escreve.

Não posso dizer que não gosto de pessoas

assim.

2.

Mas quando fala de si uma grande

parte do que diz é ridículo.

Descreve-se como um visionário, define-se

como o rei da tática, explica

até as razões de existirem tão poucos

como ele.

E isso leva-o bastas vezes a tratar mal

as pessoas que o rodeiam.

Olha os jornalistas como os putos de

rua antes de partirem para a cabeçada.

Menoriza os colegas de profissão –

quem não se lembra do que disse de

Rui Vitória?

Grita para os jogadores como se não

tivessem a capacidade de entender o

que ele explica como verdade absoluta.

Relativiza os sucessos de Mourinho ou

de Bernardo Silva – um porque no seu

íntimo acredita que é sobrevalorizado,

o outro por só se ter tornado uma estrela

planetária quando saiu do Benfica

pois ali Jesus não o deixou jogar

um único jogo.

Quem o ouve ou vê pode até ficar

convencido de que ganhou cinco ligas

dos campeões e foi campeão da Europa

como o pobre e humilde Fernando

Santos.

Mas não.

O discurso e a pose de Jorge Jesus garantiram-lhe

muito mais taças do que

o trabalho que fez como treinador.

E é engraçado recordar Fernando

Santos. Se os colocarmos aos dois na

mesma mesa parecerá aos mais distraídos

que um é vencedor e o outro

um vencido.

3.

Na semana que passou, se dúvidas tivéssemos,

tornou a dissipá-las.

De férias no Brasil deixou o recado

público aos dirigentes do Flamengo.

Um recado claro, objetivo e sucinto: só

esperava pela decisão do clube brasileiro

até ao dia 20 de maio.

Trocando por miúdos, Jorge Jesus

quis dizer que se os dirigentes do Flamengo

não despedissem Paulo Sousa

até dia 20, ele sentir-se-ia livre para se

comprometer com outro clube. Regressar

ao Brasil deixaria de ser possível.

Confesso que nunca tinha assistido a

tal prova de desconsideração por um

colega de profissão – e ainda por cima

português.

Estou longe de ser um moralista, mas

sinceramente parece-me existir um

problema de perceção da realidade, o

que é recorrente em figuras com egos

inflamados. Muitas vezes nem sequer

compreendem que estão a fazer mal.

Talvez seja esse o caso.

4.

Há uns dias escrevi sobre Luís Filipe

Vieira e a minha constatação de que

não era uma boa pessoa.

Nem por acaso, uns dias depois, o homem

a quem Vieira permitiu que fosse

um treinador de sucesso e pago a

peso de ouro, mostrou o mesmo que

o seu mentor.

Pode ser um bom treinador.

Pode ser milionário.

Mas mostrou estar a borrifar-se para

os outros.

Mostrou não ser uma boa pessoa.

“Espero até dia 20”, proclamou como

se fosse a única coca-cola do deserto

e todos os outros não existissem,

como se todos os outros não tivessem

família ou dignidade profissional.

Simpatizo com Jesus.

Simpatizo com as pessoas que são diferentes

da maioria.

Mas não suporto os que pisam, os que

humilham, os que se acham melhores.

A vida é tão curta que ser assim é terrivelmente

deprimente.

E no balanço entre o deve e o haver

não hesito: Jesus é uma desilusão.

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21



Ucrânia:

União Europeia de cócoras

COSTA GUIMARÃES (*)

Se evocarmos a imagem de prisioneiros

e soldados alemães de países

do Eixo amontoados contra os ventos

cortantes do inverno russo em

fevereiro de 1943, após a derrota do

exército alemão em Estalinegrado,

concluímos que Wladimir Putin está

a seguir a estafada cartilha de Hitler

em pelo menos três áreas. E isso é estarrecedor,

quando entramos no terceiro

mês da Invasão da Ucrânia.

Estima-se que 26 milhões de soviéticos

morreram durante a Segunda Guerra

Mundial. Um deles foi o irmão de dois

anos de Putin, Viktor, que morreu depois

de o exército alemão sitiar uma

cidade russa, bloqueando a entrega de

comida e água.

O presidente russo, Vladimir Putin,

evoca muitas vezes a derrota épica que

a União Soviética impôs à Alemanha

nazi durante a Segunda Guerra Mundial

para justificar a invasão da Ucrânia

pelo seu país. No entanto, Putin está a

Em 2020, a UE pagou 64 mil milhões de euros à

Rússia por recursos energéticos, “o suficiente

para cobrir todo o orçamento militar da Rússia,

que ascendeu a 61.7 mil milhões de euros nesse

ano”. Mas, desde a invasão da Ucrânia, “a UE está

agora a pagar três vezes e meia mais do que pagava

à Rússia em 2020”.

Até ao fim deste ano a UE vai pagar cerca de 200

mil milhões de euros à Rússia. “Este facto coloca

a UE numa posição moralmente difícil”.

Kiel Institute for The World Economy.

cometer alguns dos erros que condenaram

a invasão alemã da URSS em

1941 — enquanto usa “truques e tácticas

de Hitler” para justificar a sua brutalidade.

Esta é a ironia selvagem por detrás da

decisão de Putin de invadir a Ucrânia,

que fica clara quando a guerra entra

no seu terceiro mês: o líder russo, que

se apresenta como um estudante principiante

de História, não prestou atenção

às lições do “Grande Guerra Patriótica”

de que é admirador reverente.

Peter T. DeSimone, professor associado

de História da Rússia e do Leste Europeu

na Universidade de Utica, em Nova

Iorque, afirma: “isso é assustador. Isto

não é normal face ao ele fez no passado.

Isto não faz sentido nenhum a muitos

níveis, e não apenas em relação à

Segunda Guerra Mundial.”

CRÓNICA

Existem diferenças significativas entre

a atual guerra na Ucrânia e o confronto

entre a Alemanha nazi e a União

Soviética. A máquina de guerra nazi

era formidável, ágil e bem treinada. A

Wehrmacht matou e feriu 150 mil soldados

do Exército Vermelho na primeira

semana da sua invasão, em junho

de 1941. Tomaram o controlo de vastas

áreas de território e, num “mega-cerco”,

prenderam quatro exércitos soviéticos,

capturando 700 mil prisioneiros

de guerra.

Também não há equivalência moral

entre Josef Estaline, o ditador soviético,

e o presidente ucraniano Volodymyr

Zelensky. Estaline era um sóciopata

(uma vez enfiou a mão numa gaiola e

matou um papagaio de estimação de

uma família porque o seu chilrear o irritava),

que matou milhões de ucranianos

de fome e assassinou rivais políticos

com a banalidade quem muda de

camisa. Zelensky é um líder democraticamente

eleito que uniu ucranianos e

inspirou o mundo com notáveis provas

de coragem e defesa eloquente da democracia

(cf. https://bit.ly/3PNtT4M).

Como é que Putin está a seguir a malfadada

cartilha de Hitler em pelo menos

três áreas?

1. Primeiro, Putin esqueceu-se de

uma regra básica de guerra. Há muito

tempo que os tanques provocam

pavor nas tropas inimigas. A Ucrânia,

porém, tornou-se, de acordo com uma

notícia recente, um “cemitério de tanques

russos”. Os soldados ucranianos

estão a usar tudo, desde drones até

mísseis Javelin, para destruir comboios

de tanques.

Mas os tanques russos foram bloqueados

por outro motivo surpreendente:

falta de combustível. O afamado exército

russo ficou atolado na Ucrânia não

apenas por causa da resistência feroz,

mas também por algo impensável: logística.

Existem relatos de tropas russas a saquear

bancos e supermercados, tanques

a ficar sem combustível e soldados

a usar formas precárias de comunicação

militar — como “smartphones”

— , o que contribuiu para a morte de

pelo menos sete generais russos.

De acordo com a CNN, Putin pensou

que podia obter uma “vitória rápida

com o envio de forças especiais e unidades

aerotransportadas”, diz Ian Ona

Johnson, professor de História Militar

da Universidade de Notre Dame.

Como o exército alemão, Putin não

conseguiu linhas de abastecimento suficientes

para as grandes distâncias e

para os terrenos acidentados.

Putin — principiante aluno de História

— ignorou a batalha de Estalinegrado,

o ponto de viragem da Segunda Guerra

Mundial, quando os soldados alemães,

mal equipados e vestidos com

uniformes de Verão, foram forçados a

comer cavalos, cães e ratos para sobreviver

ao inverno.

Numa guerra, uma fotografia pode ser

a maior derrota. É o caso de uma foto

assustadora de uma ucraniana grávida,

com roupas rasgadas, a ser carregada

numa maca. Ela está consciente, com

a mão sobre o ventre nu, manchado de

sangue. Tanto ela como o bebé morreram

com os ferimentos. Ela estava

numa maternidade na cidade de Mariupol

quando foi bombardeada pela

artilharia russa. A imagem traduz o

padrão ético de Putin: matar indiscriminadamente

civis para fustigar a vontade

do povo ucraniano.

O exército russo foi acusado de bombardear

hospitais, centros comerciais,

prédios de apartamentos e um teatro

com a palavra “crianças” escrita em

russo no exterior do prédio. A Rússia

é acusada de submeter uma cidade à

fome, bloqueando a ajuda humanitária.

Putin não percebe que a brutalidade

do seu exército está a ter o efeito

contrário, escreveu Maria Varenikova a

partir de Lviv, na Ucrânia, num artigo

do The New York Times. “Se há uma

emoção avassaladora que domina a

Ucrânia agora, é o ódio. É uma amargura

profunda e fervente contra o

presidente Vladimir V. Putin, os seus

militares e o seu governo.”

2. Na guerra, a brutalidade pode sair

pela culatra. Putin tem aliados potenciais

na Ucrânia, mas a brutalidade

de Putin contra os civis está a unir os

ucranianos como nunca antes uniu. O

ódio é “tesouro escondido” na guerra,

porque pode sustentar a resistência

durante gerações.

Voltemos a Adolfo Hitler: a sua brutalidade

indiscriminada contra civis soviéticos

também desempenhou um factor

crucial na sua derrota. Hitler tinha

muitos aliados potenciais na União Soviética.

Muitos soviéticos desprezavam

e temiam Estaline, que assassinava

opositores políticos como o “pão nosso

de cada dia”, executava líderes militares

e perseguia cidadãos soviéticos.

Assassinou cerca de quatro milhões de

ucranianos, deixando-os passar fome

durante um período infame conhecido

como Holodomor.

Foi por isso que alguns soviéticos acolheram

inicialmente Hitler como um

libertador e deram presentes de Natal

a algumas tropas alemãs. Mas o tratamento

brutal de Hitler aos civis rapidamente

endureceu a resistência soviética.

As tropas alemãs saquearam e mataram

de fome as cidades russas até a

submissão. Cercaram judeus soviéticos

e outras minorias, disparando sobre

eles ou envenenando-os em carrinhas

de gás móvel. A propaganda nazi ensinou

aos alemães que os soviéticos

eram “mongolizados” inferiores, que

mereciam a morte ou a escravização.

“Os nazis não eram uma força de ocupação;

eram desde o início uma força

de extermínio”, diz DeSimone, historiador

da Universidade de Utica, à CNN.

Estaline era tão odiado que cerca de

um milhão de soviéticos serviram no

exército alemão, diz Johnson, o historiador

de Notre Dame. A brutalidade

de Hitler destruiu qualquer hipótese

de aproveitar os simpatizantes soviéticos

para enfraquecer a resistência

soviética, diz Johnson. Putin ignora o

passado.

3. Putin está a usar a linguagem de

Hitler para justificar a guerra

No Verão, Wladimir Putin publicou um

ensaio intitulado “Sobre a unidade histórica

de russos e ucranianos”, a tentar

explicar uma divisão artificial entre os

dois países: era o eco Hitler em “Mein

Kampf”, o manifesto político repleto

de história distorcida sobre a grandeza

perdida da Alemanha.

“Assim como o Fuhrer, o Presidente da

Rússia lamenta a tragédia que se abateu

sobre a sua terra natal, um antigo

império, e quer voltar atrás no tempo”,

escreveu Avi Garfinkel, no jornal Haaretz,

num artigo intitulado “Como a

agenda de Putin na Ucrânia evoca o

Mein Kampf de Hitler.”

Esta é uma das ligações mais perturbadoras

entre Putin e Hitler. Alguns

comparam o “Z” inscrito nos tanques

russos com um símbolo dos nazis nos

campos de concentração.

Putin afirma que o seu exército está a

lutar pela “desnazificação” da Ucrânia

e que pretende proteger as pessoas

que foram “abusadas pelo genocídio

do regime de Kiev”.

A afirmação de Putin sobre a “desnazificação”

é “grotesca”, porque ele está

a tentar justificar a invasão de um país

democrático — liderado por um presidente

judeu, que perdeu parentes no

Holocausto — alegando que está a lutar

contra os nazis.

É a variante da Grande Mentira de

Hitler – se um líder político repetir

uma inverdade colossal vezes suficientes,

as pessoas acabarão por acreditar

nela (cf. SNYDER, Timothy em Os truques

e tácticas do estilo de Hitler de

Putin na Ucrânia).

Num país onde os ancestrais de muitos

cidadãos morreram no Holocausto,

invocar esta tragédia para justificar a

guerra só torna os ucranianos mais determinados

em defender a pátria.

Viktor, irmão de Putin foi um dos 26

milhões de soviéticos que morreram

durante a II Guerra Mundial, depois de

o exército alemão sitiar uma cidade

russa, bloqueando a entrega de comida

e água.

Chegados aqui, é tudo tão estranho

e tão trágico aquilo que acontece na

Ucrânia! Começamos a acreditar que

Wladimir está doente e a Europa alimenta

esta doença (cf. https://bit.

ly/3lU3JPY). Paga mil milhões de euros

por dia em gás natural, carvão e petróleo

a Putin para alimentar esta guerra

e derrete-se em manobras de publicidade

a prometer uma ajuda de mil milhões

de Euros à Ucrânia. Não sabemos

quem está mais doente (cf. https://bit.

ly/3PNNdPb).

(*) António Costa Guimarães, é

Jornalista, foi Capelão Militar

e Director do jornal Correio do

Minho.

22 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

23



CRÓNICA

Uns têm a fama, mas

outros têm o proveito!

João Paulo Santos (*)

Até agora, os únicos que utilizaram

armas atómicas, e sem quaisquer

preocupações relativas aos seus

efeitos nefastos, foram os EUA!

A Finlândia, até ao momento, tem-se

mantido neutral e, que eu saiba, tem

corrido tudo bem!

Recentemente e já depois da invasão

da Ucrânia, a NATO foi fazer exercícios

militares, com simulações com armas

nucleares, para a Finlândia, ou seja,

nas barbas da Rússia!

Mas, com certeza, muitos terão uma

justificação para a NATO ter realizado

esses exercícios num país que não integra

essa organização!

E, claro está, que considerarão que

isso não consistiu em qualquer provocação!

É como aqueles indivíduos que vão

para a porta dos empregos das esposas

dos árbitros ou para a porta das

escolas dos filhos dos mesmos e não

estão a provocar ninguém, nem a intimidar

ninguém, porque apenas estão

no seu legítimo e democrático direito

de passearem onde muito bem entenderem!

E, cercarem a Rússia com uma série de

bases da NATO, também não constitui

qualquer provocação!

Aliás, se os vizinhos desses, que não

veem qualquer acto provocatório, começassem

a instalar armamento nas

suas casas e a direcioná-lo para a casa

deles, estes, estou convicto, que considerariam

esse acto perfeitamente

amistoso, porque apenas se queriam

defender de uma eventual invasão de

propriedade alheia da sua parte!

Quanto à Finlândia ter a liberdade de

aderir à NATO, como se costuma dizer

a nossa liberdade termina onde

começa a dos outros e, por vezes, a

liberdade tem limitações, em defesa

de um interesse maior (vejam-se as limitações

impostas à Alemanha, para

defesa da Paz na Europa e no Mundo)!

Ora, o interesse da manutenção da Paz

deve prevalecer sobre esse direito da

Finlândia aderir à NATO, porque pode

pôr em causa essa mesma Paz, visto

que tal adesão pode ser considerada

como um acto provocatório por parte

da Rússia!

Claro está que muitos dirão que isso é

uma desculpa, que a Rússia não tem

o direito de exigir que a Finlândia se

mantenha neutral e esta última tem

todo o direito e liberdade de aderir à

NATO!

Mas assim sendo, por que é que não se

aplica esse direito e essa liberdade a

todos os Estados soberanos?

Sim, por exemplo, por que é que Estados

soberanos no continente americano

não podem instalar bases militares

da Rússia?

Por que é que os EUA não aceitam que

a Rússia instale qualquer base militar

num país do continente americano?

E atenção, nem estamos a falar nas

barbas dos EUA, ou seja, num país vizinho

como, por exemplo, o México!

Quantas bases da Rússia existem no

continente americano?

E quantas bases chinesas existem nesse

continente?

Então os países do continente americano

não têm a liberdade de estabelecer

relações de cooperação política,

económica e militar com quem muito

bem entenderem?

E quantas bases da NATO, subentenda-se

dos EUA, existem na Europa?

Então o princípio de que os Estados

soberanos têm todo o direito e a liberdade

de decidirem o seu futuro só se

aplica aos países que estão alinhados

com os EUA?

Então a Rússia não pode ser contra a

adesão da Finlândia à NATO, que levará

à instalação de mais uma base militar

num país que faz fronteira com ela,

mas os EUA já têm voto na matéria e

já têm o direito de exigir, não só aos

países que fazem fronteira consigo,

mas a todos os outros do continente

americano, que não instalem qualquer

base Russa?

E quem diz russa, diz chinesa, japonesa,

paquistanesa, indiana, ou seja, de

qualquer país não-alinhado com os

EUA!

Sinceramente, este conceito de liberdade,

está muito distorcido, porque

não tem em conta outro princípio fundamental,

o da igualdade!

Mas, pelos vistos, para alguns, quando

o sol nasce, não é para todos!

Alguns, aquilo que permitem aos EUA,

já não permitem à Rússia, em mais

uma manifestação completamente

distorcida do princípio da igualdade!

Quem é católico e cristão devia ser o

primeiro a nunca se esquecer da ética

da reciprocidade, também chamada

regra de ouro ou regra áurea, que é

uma máxima moral ou princípio moral

que pode ser expressa como uma

injunção positiva ou negativa:

“Cada um deve tratar os outros como

gostaria que ele próprio fosse tratado”

(forma positiva);

“Cada um não deve tratar os outros da

forma que não gostaria que ele próprio

fosse tratado” (forma negativa).

Quando esta velha máxima é colocada

na gaveta, gera injustiças e indignação

e, por regra, é o início de problemas ou

de conflitos, porque, como já dizia o

saudoso Mário Soares, todos têm direito

à justa indignação!

Realmente, não há argumentos para

que os EUA tenham um regime de excepção

e de privilégio em relação aos

outros países!

Mas é verdade, os EUA são os bons e os

russos, os chineses e muitos outros são

os maus, ou seja, os EUA são os polícias

e os outros são os ladrões!

Portanto, como os EUA são os polícias

do mundo, todas as suas actuações são

positivas e benéficas e as actuações de

todos os outros, como são ladrões, são

negativas e maléficas!

E os EUA, como são os polícias do mundo,

mesmo contra a vontade da maioria

dos países, têm carta-branca para

actuar quando quiserem e como quiserem,

mesmo sem mandato da ONU,

tal como sucedeu no Iraque!

Portanto, no Iraque, a ONU não mandatou

os EUA para invadi-lo, mas mesmo

assim estes fizeram-no, com o pretexto

da existência de armas químicas, que

se veio a comprovar que não existiam,

como sempre afirmara Saddam Hussein

e os inspectores da ONU que se

deslocaram ao local!

Claro que todo o pretexto tem um objectivo

subjacente e todos sabemos

qual foi!

O da apropriação ilegítima dos recursos

naturais do Iraque, por parte dos

EUA, que passou a deter toda a produção

petrolífera!

Na persecução desse seu objectivo encapotado,

os EUA provocaram milhares

e milhares de mortos, em número

muito superior e incomparável com os

mortos na Ucrânia!

Os EUA destruíram um país, cometeram

imensos crimes de guerra e inúmeras

atrocidades!

Nessa altura, ninguém ficou indignado

com a invasão ilegítima dos EUA?

Ninguém ficou indignado com a morte

de milhares de pessoas, nomeadamente,

de civis, incluindo milhares de

crianças?

Ninguém ficou indignado com a destruição

de um país?

Ninguém ficou indignado com a apropriação

ilegítima, por parte dos EUA,

do recurso natural precioso do Iraque,

o seu petróleo?

Ninguém ficou indignado com os crimes

de guerra e as atrocidades cometidas

pelos EUA?

Ninguém quis levar os responsáveis

por esses crimes e essas atrocidades ao

Tribunal Penal Internacional para serem

julgados?

É verdade, os EUA não aceitam a jurisdição

desse Tribunal, onde querem que

todos sejam julgados e condenados,

mas não admitem que os seus cidadãos

sejam lá julgados!

Eis mais uma das violações grosseiras

do princípio da igualdade e da ética da

reciprocidade!

Ninguém defendeu a aplicação de sanções

aos EUA?

Ninguém afirmou que o Presidente dos

EUA era um assassino e que os EUA tinham

ideias expansionistas e predadoras?

A imprensa ocidental não ficou indignada

com os EUA?

Muitos, sendo incapazes, de reconhecer

esta realidade e de a justificar, têm

a distinta lata de afirmar o seguinte:

“Mas a invasão passada do Iraque não

pode justificar a invasão presente da

Ucrânia”!

Que hipocrisia!

É verdade que uma invasão não pode

justificar outras!

É verdade que um comportamento incorrecto

não pode justificar outros.

Mas que legitimidade ou autoridade

moral tem quem invadiu, e continua a

invadir, ou quem teve, e continua a ter,

comportamentos incorrectos para criticar

quem invade ou quem tem comportamentos

incorretos?

Lá voltamos à ética da reciprocidade,

como se pode exigir dos outros aquilo

que não se exige de si mesmo?

Acresce que, a seguir à invasão do Iraque,

em todos os mandatos de Presidentes

dos EUA, com a honrosa excepção

do mandato de Donald Trump,

verdade seja dita, os EUA invadiram/

bombardearam vários Estados soberanos

e continuam a fazê-lo actualmente

e a apoiar outros que o fazem!

Os EUA intervieram na Sérvia, no Afeganistão,

na Líbia, na Síria e apoiam a

actuação de Israel na Palestina e da

Arábia Saudita no Iémen!

Os EUA, esses grandes defensores dos

direitos humanos, têm as suas mãos

manchadas de sangue, pelos milhões

de mortes causadas, directa ou indirectamente,

no Iraque, no Afeganistão, na

Líbia, na Síria, na Sérvia, na Palestina e

no Iémen, isto para não recuar no tempo

antes da invasão do Iraque, basta

lembrar toda a actuação dos EUA nos

Países sul americanos, nomeadamente,

no Chile, em que apoiaram a ditadura

e os milhares de mortos causados pelo

ditador Pinochet!

Mas em relação aos EUA, os paladinos

da defesa dos direitos, liberdade e garantias

e da defesa dos direitos humanos

não se indignam, nem exigem a

aplicação de sanções!

Não defendo a invasão da Rússia, embora

não me fique pela constatação

das consequências e procure analisar

as suas causas, mas indigna-me e revolta-me

esta dualidade de critérios e

esta falta de ética da reciprocidade, de

quem julga, subjectivamente, em função

dos protagonistas e não, objectivamente,

em função dos actos por eles

praticados!

Para estes, os actos são bons ou maus,

não em si mesmos, mas em função de

quem os pratica!

Cristo expulsou os vendilhões do templo

que, ao contrário do que se quer fazer

crer, não eram simples vendedores!

Na verdade, os vendilhões eram pessoas

respeitáveis e importantes da

época, que ninguém ousava pôr em

causa, mas que Cristo pôs, por serem

uns verdadeiros hipócritas!

E, se Cristo cá voltasse, expulsaria,

novamente, os vendilhões, os falsos

profetas, os fariseus e os lobos vestidos

com pele de cordeiro dos tempos

modernos, que não obedecem à ética

da reciprocidade, que não se regem

por princípios, valores e causas, mas

apenas pelos seus interesses pessoais,

não olhando a meios para atingi-los,

porque para eles os fins justificam os

meios, estilo “América First” e os outros

que se fod..!

(*) Advogado

24 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

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Diário de uma avó e de um neto

Retratos contados...

Nélson

Mateus

Alice

Vieira

©: DR

MARIA BARROSO

V NELSON MATEUS (*)

Querida avó,

Num instante entramos em junho.

Hoje apetece-me falar de Maria Barroso, uma grande defensora

do valor da Liberdade entre outros.

As gerações mais velhas sabem perfeitamente quem foi

esta mulher. Se fosse viva teinha celebrado 97 anos recentemente.

Maria Barroso sempre foi uma mulher muito à frente do

seu tempo. Também não é de admirar, uma vez que era

neta de avós – maternos- divorciados (o que na altura era

coisa rara), e filha de uma professora primária e de um

tenente do exército, que foi preso e deportado para

os Açores. O pai de Maria Barroso era do reviralho

(havemos de falar disto noutro dia), logo lhe foram

incutidos, desde cedo, valores que fizeram dela a

pessoa que foi.

Maria Barroso era de estatura baixa, no entanto, sempre

a vi de cabeça erguida, na defesa dos direitos das

mulheres e de uma sociedade menos desigual. Provou

que as mulheres não se medem aos palmos.

Casou, por procuração, com Mário Soares que estava preso

e dirigiu o Colégio Moderno quando o sogro morreu.

Tinha tudo para ser uma grande atriz, para ser uma grande

política … mas foi, sem dúvida, uma grande Mulher!

Recordo-me de numa entrevista lhe perguntarem;

“Atrás de um grande homem (Mário Soares) existe uma

grande mulher?

Maria Barroso, que viveu grande parte da vida numa

época em que as mulheres não tinham voz, muito menos

poder de decisão, responde ao jornalista com a sua

frontalidade corajosa: “Ao lado de um grande homem

está uma grande mulher. Por que razão a mulher deve

estar atrás do homem? Em muitas situações a mulher

até está à frente do homem!”

Em maio celebramos o Dia da Mãe. Como não podia deixar

de ser, Maria Barroso também foi uma grande mãe.

Havemos de combinar uma entrevista com o João

Soares para falarmos disto tudo e muito mais.

Não podemos permitir que pessoas como

esta sejam esquecidas.

Bjs

V ALICE VIEIRA (*)

Querido neto

Fui amiga da Maria Barroso, uma coisa de que me orgulho

muito.

Para mim ela foi sempre uma grande actriz. Terem-na

proibido de representar foi mais um crime do Estado

Novo.

Entrou para o Teatro Nacional em1944, pela mão de

Amélia Rey Colaço, com a peça “Benilde ou a Virgem

Mãe”, de José Régio. Ainda conseguiu aguentar-se no

Nacional até 1947, mas a Pide obrigou-a a sair por “interpretar

textos subversivos”. Mesmo assim, por essa

altura ela ainda declarava em entrevistas “ o teatro é a

minha profissão definitiva”. David Mourão Ferreira um

dia escreveu: “é uma das raras actrizes portuguesas com

sentido do trágico”

Na chamada primavera marcelista, com um leve abrandamento

da censura, lá conseguiu subir de novo à cena

no Teatro Villaret, com a peça “Antígona”, em 1965. E

aí pude vê-la. E ainda hoje me lembro daquela mulher

aparentemente frágil e que enchia o palco.

Mas a Primavera Marcelista foi de breve duração—e

tudo voltou ao mesmo.

Presa pela Pide várias vezes (dizia que sempre que a

Cultura

Pide a levava ela ia muito bem arranjada para não parecer

uma mulher derrotada) nunca abriu a boca .

Sem poder trabalhar no teatro, candidatou-se ao ensino

oficial—onde a Pide também não a deixou entrar, tendo

então passado a ensinar no Colégio Moderno (ensino

particular ) que pertencia ao sogro.

Mas se vou contar toda a vida dela, o jornal não tem espaço.

A partir do 25 de Abril (foi uma das fundadoras do

PS) nunca mais parou, lutando sempre contra a exclusão

social, a violência, defendendo a causa das mulheres,

pertenceu à Cruz Vermelha, fundou a organização

Pro-Dignitate.

De vez em quando falava com ela ao telefone. Um dia

liguei-lhe:

--Ai Dra., estou mesmo estafada! Vim ontem do Porto,

amanhã vou para Castelo de Vide, daqui a uns dias para

Caminha…

--Ai, minha filha, como eu a compreendo! Amanhã vou

para Moçambique, de lá para a África do Sul, depois

para o Paquistão…

Não voltei a abrir a boca.

Bjs (*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico

(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora

www.retratoscontados.pt

https://bit.ly/3dvDigl

https://bit.ly/3dvi3Li

https://bit.ly/3tyuFXN

info@retratoscontados.pt

26 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

27

©: DR



AGENDA

Cidadania

Informações

MAPS

QUINTA-FEIRA .6.

KULTURLEGI

O “KulturLegi” é um passe para pessoas

de baixa renda. Beneficie-se de

preços reduzidos em roupas, alimentos,

concertos, cursos de alemão e

muito mais. Por exemplo, com o

KulturLegi, uma admissão não “Museu

Rietberg”, na “Kunsthaus” ou não

“américa do norte Nativa” - Museu

é gratuita. Para mais informações,

ligue para 044 366 68 48, zuerich@

kulturlegi.ch, ou para o escritório da

“Caritas”. Seg-sex 09:00-13:00, 14:00-

17:00. A Caritas De Zurique. Kultur-

Legi. Reitergasse 1. Eléctrico (Tram)

3/14 oder Autocarro 31 bis “Sihlpost”.

www.kulturlegi.ch

SEXTA-FEIRA 3.6.

NADAR A PREÇOS PREPARADOS

PARA PESSOAS COM DEFICIÊN-

CIAS

Como as piscinas estão abertas. Com

o “KulturLegi” você pode frequentar

muitas piscinas na cidade de Zurique

pela metade fazer preço. A oferta

é válida para entradas individuais

e compra de bilhetes de temporada.

Dê uma olhada em www.sportamt.

ch e encontre ali todas as piscinas

cobertas.

SÁBADO 4.6.

BUNKER EM LANDENBERG

Você sabia que existe um bunker

histórico de 1941 sob o “Landenbergpark”?

Este bunker é agora o “Zivilschutzmuseum”.

O museu encontra-

-se hoje excepcionalmente aberto

ao público gratuitamente. Lá você

encontrará, por exemplo, de um

centro de comando fazem período

da Guerra Fria. 14:00-16:00. Entrada

livre. Zivilschutzmuseum. Habsburgstr.

17. S-Bahn (comboio urbano) bis

“de Zurique Wipkingen” oder Eléctrico

13 bis “Wipkingerplatz”. www.

zuerich.com

DOMINGO 5.6.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA NÃO

LANDESMUSEUM (ATÉ 26.06)

Uma exposição “Swiss Fotografia de

Imprensa 22” mostra como 90 melhores

fotos jornalísticas suíças de

janeiro de 2021. A exposição comemora

os eventos mais importantes

de 2021 em seis categorias: assuntos

atuais, vida cotidiana, histórias

suíças, retratos, esportes e países

estrangeiros. Ter/qua e sex-dom

10:00-17:00. Qui 10:00-19:00. CHF

5.- com KulturLegi (ao invés de CHF

10.-). Crianças e jovens de até 16 anos

grátis. Entrada gratuita para pessoas

com uma permissão de refugiado

N/S/F/B. Landesmuseum. Museumstr.

2. S-Bahn (comboio urbano) bis

“de Zurique Hauptbahnhof”, Eléctrico

4/11/13/14/17 oder Autocarro 46

bis “Bahnhofquai/HB”. www.landesmuseum.ch

QUARTA-FEIRA 8.6.

CONCERTO NO RIO DE JANEIRO

De noite, o “Frauebadi” transforma-

-se no “Barfussbar”. Toda quarta-feira

à noite, durante o verão, acontece

um concerto no local. Hoje o grupo

“Siselabonga” toca música “Afro

Folk”. 20:00. Entrada gratuita, contribuição

espontânea.

Barfussbar. Stadthausquai.

Eléctrico (Tram) 2/5/8/9/11 oder Autocarro

161/165 bis “Bürkliplatz”.

www.barfussbar.ch

QUINTA-FEIRA 9.6.

DESCOBRINDO O SILÊNCIO NA CI-

DADE (ATÉ 19.06)

O projeto “Stilles Zurique” convida

a explorar juntos o silêncio na cidade.

Durante uma semana, você pode

participar gratuitamente de meditações,

caminhadas silenciosas e outros

eventos. Programa em: www.

stilles-zuerich.ch. Participação gratuita.

www.stilles-zuerich.ch

SEXTA-FEIRA 10.6.

FESTIVAL DAS BANDAS DE FAN-

FARRA (ATÉ 12.06)

Desfrute de três dias de música de

fanfarra de 10.06 um 12.06! Bandas

de fanfarra suíças e de outros paises

tocarão não “Münsterhof”. Haverá

também barracas de comida e bebida

para que você possa desfrutar

fazer evento em sua plenitude. Sexo

17:00-24:00. Sáb 10:00 às 02:00. Dom

11:00 e 22:00. Entrada livre.

Münsterhof. Eléctrico (Tram)

2/6/7/8/9/11/13/17 bis “de Paradeplatz”.

www.blasmusiktage.ch

SEXTA-FEIRA 10.6.

FESTIVAL DE MÚSICA (ATÉ 11.06)

O “Stolze Openair” é o maior festival

gratuito de música em Zurique.

Lá você encontrará um grande palco,

assim como barracas de bebidas

e comidas. Esta noite às 20:00, por

exemplo, desfrute de um concerto

de rap da musicista helvética-indiana

“Ta’shan” . Programação: www.

stolze-openair.ch. Entrada livre.

Stolzewiese. Eléctrico (Tram) 9/10

oder Autocarro 33 bis “Seilbahn Rigiblick”.

www.stolze-openair.ch

SÁBADO 11.6.

ÓPERA PARA TODOS

Hoje, um “Opernhaus” transmite o

balé “Dornröschen” de Christian Spuck

ao vivo no telão. Traga seu próprio

cobertor uo cadeira dobrável e um

piquenique, e desfrute de uma noite

especial em frente à Ópera. Pré-

-programa: a partir das 18:00. Ballet:

20:00. Grátis. Sechseläutenplatz.

Eléctrico (Tram) 2/4/5/8/9/11/15 bis

“Bellevue” oder S-Bahn (comboio urbano)

bis “Stadelhofen”. www.opernhaus.ch

SEGUNDA-FEIRA 13.6.

PASSEIO DE PATINS EM ZURIQUE

Com uma associação de “Noite de

Skate”, os patinadores patinarão cerca

de 20 km por Zurique. Somente

com o tempo seco. Traga seus próprios

patins. 20:00. Participação gratuita.

Treffpunkt beim Bürkliplatz.

Eléctrico (Tram) 2/5/8/9/11 bis “Bürkliplatz”.

www.nightskate.ch

QUARTA-FEIRA 15.6.

JAM SESSION: JAZZ

Você gosta de jazz? Ouça um concerto

no “Musikclub Humor” de hoje

à noite. Todas as quartas-feiras à noite

tocam músicos diferentes. 19:30.

CHF 8.-. Humor. Schiffbaustr. 6.

Eléctrico (Tram) 4/8 oder Autocarro

33/72 bis “Schiffbau”. www.moods.ch

SEXTA-FEIRA 17.6.

CORTEJO DE ZURIQUE ORGULHO

(ATÉ 18.06.)

Hoje decorre o “de Zurique, de Orgulho,

de uma manifestação festiva pelos

direitos dos homosexuais e contra

a discriminação. Não recinto “Kaserneareal”

há festa e no domingo o desfile

começa às 14:00 junto da Helvetiaplatz.

Participação gratuita.

Zeughaushof. Kasernenareal.

Eléctrico (Tram) 3/14 bis “Sihlpost”

oder Autocarro 31 bis “Kanonengasse”.

www.zurichpridefestival.ch

SÁBADO 18.6.

ESPECTÁCULO DE DANÇA

“Tanzhaus Zurique” é um dos mais importantes

centros de dança moderna,

de desempenho e coreografia na Suíça.

Como actuações e os workshops

são gratuitos para pessoas com estatuto

S/N/F. Hoje à tarde assisten ao

espectáculo “BRONKS” sobre o tema

idade. 16:00. 15 FRANCOS.- com KulturLegi

(em vez de CHF 35.-). Tanzhaus

Zurique. Wasserwerkstr. 127a. Eléctrico

(Tram) 4/3/6 oder Barramento de

32 bis “Limmatplatz”.

www.tanzhaus-zuerich.ch

DOMINGO 19.6.

TANGO NA BÜRKLIPLATZ

Com vontade de dançar? Então o

evento “Tango sou Bürklipatz” é para

si. Hoje à tarde de dança com vista

sobre o lago de Zurique, ao som de

diversos tangos, a música encontra-

-se a cargo de um DJ. 15:00-20:00.

Participação gratuita. Bürkliplatz.

Eléctrico (Tram) 2/5/8/9/11 bis “Bürkliplatz”.

www.tango-am-buerkliplatz.ch

SEGUNDA-FEIRA 20.6.

JOGAR VOLEIBAL DE PRAIA

Aproveite o tempo quente para fazer

desporto. No recinto Josefwiese pode

jogar voleibol de praia com os seus

amigos. O campo fica nas instalações

do parque e está sempre aberto. Encontre

outros locais para jogar voleibol

e futebol de praia no site www.

sportamt.ch/beachsport. Gratuito. Josefwiese.

Tram 4/13 bis “Quellenstrasse” oder

“Dammweg”. www.sportamt.ch/beachsport

QUARTA-FEIRA 22.6.

PEÇA DE TEATRO

O teatro “sogar” apresenta hoje a

peça “Die Legende von Amina &

Amanda” sobre a história de um restaurante

que faz comida para todas

as pessoas do bairro – suíços e estrangeiros.

O escritório da MAPS oferece

2 entrada para as sessões de 22.06.,

23.06. e 03.07. Basta ligar 044 415 65

89 uo enviar um e-mail para maps@

aoz.ch. Sogar Teatro. Josefstr. 106.

Eléctrico (Tram) 4/13/17 oder Barramento

de 32 bis “Limmatplatz”.

www.sogar.ch

QUINTA-FEIRA, 23.6.

HISTÓRIAS INFANTIS

Crianças a partir dos 3 anos podem

ouvir histórias maravilhosas no centro

comunitário “GZ Loogarten”, seguindo-se

um jogo associado com o tema

da história. 16:00-17:30. Entrada livre.

GZ Loogarten. Salzweg 1.

Autocarro 35/67/78 bis “Salzweg”.

www.gz-zh.ch

SEXTA-FEIRA 24.6.

CONCERTO “OPEN-MIC” NÃO GZ

O centro comunitário “GZ Wollishofen”

organização uma festa! Hoje

pode ouvir música ao vivo uo apresentar

a sua própria performance

musical! No bar, há comida e bebidas

a preços preparados para pessoas

com deficiências. 20:00 às 23:00. Entrada

livre.

GZ Wollishofen, Saal. Bachstrasse 7.

De eléctrico 7 bis “Pós Wollishofen”.

www.gz-zh.ch/gz-wollishofen

SÁBADO 25.6.

FESTIVAL DE VERÃO “AFRO SUM-

MER JAM”

Que venha por dançar no festival

“Afro Summer Jam”! Junto do lago de

Zurique diversos artistas tocam música

de vários países africanos. Há também

bancas de comida e parques infantis

para as crianças. 14:00 às 23:00.

Entrada livre.

GZ Wollishofen, Saal. Bachstrasse 7.

De eléctrico 7 bis “Pós Wollishofen”.

www.afrosummerjam.com

SÁBADO 25.6.

BAILE NÃO ÁTRIO DA ESTAÇÃO

CENTRAL

Para o” Sommernachtsball”, a estação

central de Zurique transforma-

-se num elegante salão de baile com

orquestra. Pode entrar na dança ou

ficar apenas a assistir. Não são necessários

conhecimentos de dança.

Actuações de alguns dançarinos, por

exemplo, “Flamenco” às 20:50. 20:00-

02:00. Entrada livre. Hauptbahnhof

Zürich. Bahnhofshalle.

www.sommernachts-ball.ch

SÁBADO 25.6.

FESTA NO GZ

Hoje o centro comunitário “GZ ELCH

CeCe-Areal” organiza uma animada

festa! As crianças podem brincar no

castelo insuflável e fazer pinturas faciais.

Os adultos divertem-se na tômbola

e nas bancas das oficinas. 14:00-

17:00. Entrada livre. Zentrum ELCH

CeCe-Areal. Wehntalerstr. 634.

Tram bis 4/11/13/14/17 oder Bus 31/46

Bahnhofquai/HB. www.zentrumelch.

ch

DOMINGO 26.6.

TRIATLO EM ZURIQUE

O “Cidade de Zurique Triathlon” consiste

nas modalidades de natação, ciclismo

e corrida. Participe no evento

como atleta (sujeito a pagamento e

a inscrição) ou como espectador. O

programa inclui bancas de comida e

muita diversão. Início fazer triatlo às

09:00. Entrada livre como espectador.

www.zurichcitytriathlon.ch

TERÇA-FEIRA 28.6.

VISITAS GUIADAS À CIDADE

Uma associação “Passeio Livre” faz

diariamente visitas guiadas gratuitas

em Zurique. São garantidos passeios

originais e interessantes com muitas

dicas valiosas. Visitas em alemão uo

inglês, em muitos dias também em

espanhol. Participação gratuita, contribuição

espontânea. www.freewalk.

ch/zurich

QUARTA-FEIRA 29.6.

DANÇAR NA ÓPERA

Que tal uma noite de dança? Todas

as noites de quarta-feira um “Opernhaus

Zürich” organização, cursos de

dança gratuitos para maiores de 16

anos! Dançarinos profissionais mostram

técnicas de ballet e de outros

estilos de dança. Em Maio e Junho o

workshop é ao ar livre! Não são necessários

conhecimentos de dança.

19:00-21:00. Entrada gratuita.

Opernhaus. Hall de entrada. Sechseläutenplatz

1. Eléctrico (Tram) 2/4

oder Autocarro 912/916 bis “Opernhaus”.

www.opernhaus.ch

QUINTA-FEIRA 30.6.

NADAR NO RIO LIMMAT

Que tal apanhar sol e tomar banho

numa ilha? Na “Werdinsel no rio

Limmat encontra locais para fazer

piquenique, para grelhar, há parques

infantis, vestiários e casas de banho.

Com bom tempo, encontra-se aberto

diariamente. 11:00-18:00. Entrada

livre. Flussbad Au-Höngg, Werdinsel.

De eléctrico 6 bis “Tüffenwies” oder

Autocarro 80/89 bis “Winzerhalde”.

www.werdinsel.com

28 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

29



Desporto

DTM no Autódromo

Desporto

Internacional do Algarve

Joaquim Galante

Deutsche Tourenwagen Masters

(DTM) é uma categoria de carros de

turismo, baseada na Alemanha, e é

disputada desde 1984. Actualmente

o DTM segue as especificações da categoria

GT3 da FIA e é disputada pelas

marcas Mercedes, Audi, Porsche,

Lamborghini, Ferrari, BMW e McLaren.

A primeira etapa do DTM2022, que

decorreu, pela primeira vez em Portugal,

entre 29 de Abril e 1 de Maio no

Autódromo Internacional do Algarve,

em Portimão, teve duas provas, uma

no Sábado e outra no Domingo.

Os destaques vão para as estreias

de Sebastian Loeb, antigo campeão

mundial de ralis, ao volante do Ferrari

Red Bull AF Corse Alphatauri, classificando-se

em 16º e 18º na primeira

e segunda corrida respectivamente

e de David Schumacher, filho de Ralf

e sobrinho de Michael Schumacher,

com o 20º e 15º lugar, ao volante de

um Winward Mercedes-AMG.

Na qualificação para a primeira corrida

Mirko Bortolotti (Lamborghini)

foi mais forte superiorizando-se a

Mikael Grenier (Mercedes) e a Lucas

Auer (Mercedes), o brasileiro Felipe

Fraga (Ferrari) foi quarto classificado.

No entanto a corrida foi dominada

pela mercedes, com o austríaco Lucas

Auer em Winward Mercedes-

-AMG a superiorizar-se ao alemão

Luca Stolz em HRT Mercedes-AMG e

ao italiano Mirko Bortolotti em GRT

Lamborghini, que tinha partido na

pole position, a ser terceiro, o brasileiro

com problemas no carro, depois

de um toque em René Rast, não terminou

a corrida.

Luca Stolz ganhou o prémio Autohero

Fastest Lap e garantiu um ponto

adicional no campeonato.

A qualificação para a segunda corrida

foi dominada pelo Audi de Nico

Muller, seguido pelo Lamborghini de

Mirko Bortolotti e do Ferrari de Felipe

Fraga, com Lucas Auer em Mercedes,

vencedor da primeira corrida, a

arrancar do quinto posto.

Nico Muller não deu chances à concorrência

vencendo facilmente, tendo

Felipe Fraga ascendido ao segundo

posto por troca com Mirko

Bortolotti que tinha arrancado no

segundo lugar da grelha, para desânimo

do piloto italiano que, ao contrário

dos seus colegas, não festejou

efusivamente no pódio o seu segundo

terceiro lugar do fim-de-semana.

O brasileiro ganhou o prémio Autohero

Fastest Lap.

Ainda assim com dois terceiros lugares

é Mirko Bortolloti quem sai de

Portugal na liderança com 35 pontos,

seguido de Nico Muller com 28, Lucas

Auer 26 e Felipe Fraga com 20 pontos.

focusmsn.pt

30 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

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Crónica

Crónica

OS NOSSOS SANTOS POPULARES,

SANTO ANTÓNIO, S. JOÃO E S. PEDRO

dedicada. Aí está, embalsamada, a

sua língua!

Sempre que algum objeto se perde

ou não nos lembramos onde o guardámos,

rezando com fé, o responso a

S. António, milagrosamente, ele aparece.

Aqui fica, para quem o quiser

rezar!

“Se milagres desejais, recorrei a S.

António! Vereis fugir o demónio e

as tentações infernais. Recupera-se

o perdido, rompe-se a dura prisão e

no auge do furacão, cede o mar embravecido!

Pela sua intercessão foge

a peste, o erro, a morte, o fraco torna-

-se forte e torna-se o enfermo são! Todos

os males humanos se moderam,

se retiram! Digam-no aqueles que O

viram, digam-no os Paduanos!”

Tanto portugueses, como italianos, o

consideram como seu.

Fazendo jus ao seu poder, como protetor

dos namorados, em Lisboa, na

sua festividade, a maior da capital, há

sempre a celebração de muitos casamentos,

bodas de prata e ouro, com

todas as despesas pagas, relativas a

roupas e banquete, pela Câmara Municipal.

Nas marchas populares, que acontecem

nas vésperas do dia 13, à noite,

desfilam os grupos organizados de

todos os Bairros da cidade de Lisboa,

com trajes coloridos, cantando lindas

melodias, alusivas ao passado e ao

presente deste povo de marinheiros,

que cruzou os mares, de varinas com

os seus pregões, sempre com padrinhos

ou madrinhas escolhidos entre

os artistas de teatro, cinema ou música,

mais populares entre nós.

Segue-se, depois, o São João, dia 24

de junho. A cidade do Porto e a cidade

de Braga são conhecidas, mundialmente,

por estes festejos populares.

Não falta o manjerico, a erva-cidreira

e de há uns anos a esta parte, o uso

dos martelinhos, que na noite de S.

João se tornaram uma tradição em

todas as “rusgas” que percorrem a cidade,

tendo grande impacto na zona

das Fontainhas, onde a tradição se

mantém mais pura, com as suas cascatas

coloridas. É uma noite de grande

folia e ninguém fica em casa. É a

festa mais genuína de Portugal, pois

é de toda a gente. À meia-noite, há

um grande fogo-de-artifício deitado

a partir de embarcações ancoradas

no rio Douro, o que traz à cidade, turistas

de todo o mundo, para apreciarem

tão belo espetáculo de luz, cor

e arte.

Canta o povo, com alegria:

“São João, pr´a ver as moças, fez

uma fonte de prata! As moças não

vão à fonte, S. João todo se mata!”

Finalmente, a 28 de junho, comemora-se

São Pedro, o pescador que se

tornou o fundador da Igreja de Cristo.

Muitas freguesias o têm como seu

Padroeiro. Aqui, no concelho de Gaia,

é famoso o S. Pedro da Afurada, uma

aldeia de pescadores, que mantém

as suas tradições. Não falta boa sardinha

assada, música popular e foguetes

a estalar!

Nos últimos dois anos, em virtude

das contingências provocadas pela

pandemia, todas estas festividades

foram canceladas. Este ano, certamente,

terão uma grande afluência,

pois o povo precisa voltar a brincar, a

rir, a cantar e a conviver!

Que os Santos Populares nos livrem

de males maiores!

Graça Foles Amiguinho

Chegado o mês de junho,

é tradição, de norte

a sul de Portugal, se

festejarem os santos

mais populares, entre

nós: Santo António, São

João e São Pedro.

Assim, Lisboa é palco de festa rija,

com sardinha assada, procissões e

marchas populares, no dia 13 de junho,

acarinhando o grande Fernando

de Bulhões.

Fernando de Bulhões é o verdadeiro

nome de Santo António, nascido

em Lisboa, em 15 de agosto de 1195,

numa família de posses. Aos 15 anos

entrou para um convento agostiniano,

primeiro em Lisboa e depois em

Coimbra, onde provavelmente se ordenou.

Em 1220 trocou o nome para

António e ingressou na Ordem Franciscana,

na esperança de, a exemplo

dos mártires, pregar aos sarracenos,

em Marrocos, no Norte de África.

Após um ano de catequese nesse

país, teve de deixá-lo, devido a uma

enfermidade e seguiu para a Itália.

Indicado professor de teologia pelo

próprio são Francisco de Assis, lecionou

nas universidades de Bolonha,

Toulouse, Montpellier, Puy-en-Velay

e Pádua, adquirindo grande renome

como orador sacro no sul da França

e na Itália. Ficaram célebres os sermões

que proferiu em Forli, Provença,

Languedoc e Paris. Em todos esses

lugares as suas pregações encontravam

forte eco popular, pois lhe eram

atribuídos feitos prodigiosos, o que

contribuía para o crescimento da sua

fama de santidade.

A saúde, sempre precária, levou-o a

recolher-se ao convento de Arcella,

perto de Pádua, onde escreveu uma

série de sermões para domingos e

dias santificados, alguns dos quais

seriam reunidos e publicados entre

1895 e 1913. Dentro da Ordem Franciscana,

António liderou um grupo

que se insurgiu contra os abrandamentos

introduzidos na regra pelo

superior Elias.

Após uma crise de hidropisia, uma

acumulação de líquido seroso no

tecido celular ou em cavidades do

corpo, António morreu a caminho de

Pádua, em 13 de junho de 1231. Foi

canonizado em 13 de maio de 1232,

apenas 11 meses depois de sua morte,

pelo papa Gregório IX.

A profundidade dos textos doutrinários

que Santo António deixou escritos,

fez com que em 1946 o papa Pio

XII o declarasse doutor da igreja. O

monge franciscano, conhecido como

Santo António de Pádua ou de Lisboa,

tem sido, ao longo dos séculos, objeto

de grande devoção popular.

A sua veneração é muito difundida

nos países latinos, principalmente

em Portugal e no Brasil. Padroeiro

dos pobres e casamenteiro, é invocado

também para o encontro de objetos

perdidos. Sobre o seu túmulo, em

Pádua, foi construída a basílica a ele

32 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

33



CULTURA

A INTELIGÊNCIA DAS CRIANÇAS

Um potencial nem sempre bem aproveitado!

Nelson S. Lima

As crianças são seres inteligentes e aprendem

facilmemte a dialogar, a conversar e a

pensar bem.

Todavia, muitos pais não exercitam esse

tipo de educação. E, então, chegará o dia

em que se apercebem que os filhos se tornaram

instáveis, impetuosos, agressivos

e incapazes de manifestarem comportamentos

socialmente equilibrados.

Muitas crianças tidas como hiperativas,

por exemplo, são apenas crianças que não

aprenderam a controlar os seus impulsos.

São falsos hiperativos.

Ausência Breve

Pedro Barroso

Uma íntima e anunciada ausência

permite-me experienciar uma invulgar

solidão com tranquilidade

e compromisso. Mesmo sabendo

que é uma ausência provisória, sobra-me

a casa imensa, demais para

mim, chamando pelas horas longas

do acontecer. Tão breves e falsas

sempre, as horas. Lentas, quando as

queríamos céleres. Fugazes, quando

as queríamos perenes. Aproveito

para o jogo interior de organizar a

poesia que há dentro dum projecto

que se aproxima. E organizar-me

em mim, que sempre na escrita me

perco, me espelho e me transbordo.

Não me apeteceu, desta vez, ir a parte

alguma.

Ficar e ser interior, também tem o seu

encanto; vasculhar nas gavetas imensas

do pensar. Ou deveria dizer intensas.

Não sei.

Sobrevivo na interioridade plena desse

amealhar confidencial, desse reflectir

pessoal.

E fujo da frivolidade pública. Tento.

Sem fotos de vaidade, nem certezas

grandes, nem indulgências plenas.

Mas atento. Procuro muito ouvir o que

os outros dizem. E depois reflectir.

Foto:

manuel araujo

Tudo uma óbvia e imensa construção

de mitos e deslumbres. Cuidado, penso

eu. A vida não é este júbilo datado

e “jinglebélico”.

Quero lá saber do Verão do outro lado

do mundo. Sejam felizes.

A grande Luz, creio, é sempre outra.

A que nos ergue outro planeta. E em

todo o sonho que a ele nos conduz.

Embora não seja ainda nele que mora

a catedral.

A prodigalidade. O jardim de poetas.

O entendimento. A luz.

Eu questiono a educação!!!

INTELIGÊNCIAS

FRACASSADAS

Nelson S. Lima

Praticamente todos os animais - incluindo

o homem - nascem dotados de uma inteligência

magnífica que lhes permite estarem

preparados para enfrentar a vida com

êxito (e quero dizer com isto serem capazes

de criar o seu próprio caminho utilizando

os seus recursos e potencialidades).

Infelizmente, existem mil e um perigos

a rondar a inteligência. E não são apenas

as doenças ou os acidentes que a podem

ameaçar.

São, sobretudo, os abusos do poder de

qualquer tipo de autoridade (incluindo a

paternal), educação, egoísmo, hipocrisia,

mentira, ilusões instaladas, violências psicológicas,

abandonos, indiferenças, castrações

e medos.

Geram-se assim inteligências fracassadas.

E há tantas por esse mundo fora, desde a

que sacrifica o animal pelo abandono, a

perseguição ou o mau-trato até ao ser humano

a quem, desde o berço, se procura

impedir que se libertem os poderes da

uma inteligência triunfante!

COMO CRIAR UM

DELINQUENTE.

— Dê ao seu filho(a) tudo que ele pedir.

Crescerá acreditando que outros devem assumir

suas responsabilidades.

— Permita que ele(a) assista o que quiser na

televisão.

Crescerá acreditando que não há diferença

entre ser criança e adulto.

O mais belo de tudo-creio ter percebido

é, sobretudo, o caminho.

— Ria quando o seu filho(a) disser palavrões. dir. Crescerá pensando que obter dinheiro é

Pensará que tem direito a tudo que desejar.

— Dê ao seu filho(a) todo o dinheiro que pe-

Pensar é sinceramente, um desporto

em que falharei imenso nos remates,

O remoto, mas sabido e que dos outros,

mesmo longe, vamos sabendo. E

mal e divertido.

o conseguir.

Crescerá pensando que o desrespeito é nor-

fácil e não duvidará em roubar quando não

mas de que continuo a gostar muito.

Por cá, à minha volta, na cidade grande,

a chuva torna o Natal uma indús-

o outro. Interior e profundo, o tal que

Tudo feito devagar, que chove um dia

— Nunca repreenda seu filho(a) por mau — Coloque-se sempre a favor dele(a), independente

da circunstância, contra vizinhos,

mora em nós. Esse sim, mesmo em

proibido e mole.

tria omnipresente, cansativa, luzida e

comportamento.

dias de bátega sofrida, e de ausência,

professores, autoridades.

opressiva. Somos tão pequenos, perante

os constructos que nós próprios

na sociedade.

Acreditará que está sempre certo e que os

Crescerá pensando que não existem regras

Lá longe, das Caraíbas, amigos telefonam,

felizes, lembrando o Verão in-

dias. Fazes-me falta.

esse vale a pena. Embora conte os

fabricámos do maravilhoso. Tristes

outros o perseguem.

— Recolha tudo que seu filho(a) desarruma.

tenso e abolerado onde se estendem. por não comprarmos tudo na feira luzida

dos presentes. E as ruas brilham

Sempre.

Trocando o frio pelo sol.

em desafio no asfalto molhado.

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Horizontais

1. (...) Martins de Bulhões,

o nome antes de ser Santo

António.

8. Automóvel vistoso, de

alta categoria (coloquial).

ções Unidas (acrónimo).

26. Progenitor.

27. Alternativa.

28. Engodar.

CULTURA

Palavras Cruzadas

V PAULO FREIXINHO

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9. Cento e um em numeração

romana.

11. Disco de vinil de longa

duração.

12. Largo de São (...), onde

nasceu Fernando Pessoa,

no quarto andar direito

do n.º 4, em Lisboa (13-6-

1888).

Verticais

1. Sabor muito amargo

(fig.).

2. Mola de aço que regula

o andamento do relógio.

3. Relações Públicas.

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14. O âmago.

16. Caminhava para lá.

17. Argola. 18. Sigla de

Jornal de Notícias.

19. Plural (abrev.).

20. Relacionado com António

Variações, “É prò

Menino e prà Menina” é

nome de (?).

23. Elevadas.

24. Artigo antigo.

25. Organização das Na-

4. Fatacaz.

5. Nome feminino.

6. Venta.

7. Vazio.

10. Deixa só.

13. Los Angeles (abrev.).

15. “Cada palavra dita é

a voz de um (...)” é o primeiro

verso de um poema

de Fernando Pessoa

que apareceu numa

versão integral e limpa,

num caderno de viagem

do escritor e crítico José

Osório de Castro Oliveira.

17. Ventarola.

18. Menino (...), apareceu a

Santo António numa das

suas orações (milagre).

19. Pequeno lugar da freguesia

de Fiscal, Amares (Braga),

onde nasceu António Variações.

21. Excluí.

22. Cabelo raro e delgado.

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Saúde

“Movimento Mães pela

Canábis” lançado no Dia da Mãe

Laura Ramos

A Jurista Paula Mota e a Advogada

Ana Margarida Ferreira lançaram

ontem o “Movimento Mães pela

Canábis”, assinalando o Dia da Mãe

em Portugal. O Movimento vinha

sendo pensado há alguns anos por

Paula Mota, que tem uma filha de 14

anos com Epilepsia refractária, e por

Margarida Leitão Ferreira, activista e

entusiasta do tema que “ainda gera

muita controvérsia jurídica e social”.

A esta acção juntaram-se várias outras

mães de crianças com patologias elegíveis

para ser tratadas com a canábis

“e não só, pois o universo de tratamento

com a canábis é muito diverso”, salientam.

Falámos com Paula Mota e com Margarida

Ferreira para perceber melhor

os objectivos deste novo Movimento de

Mães pela Canábis.

Como nasceu a ideia de criar este movimento

e porquê?

como esteira basilar no seu estatuto,

o OPCM – Observatório Português da

Canábis Medicinal, cuja presidente co-

-fundadora é também uma mãe com

uma filha que padece de uma doença

rara e que cedo descobriu que a

canábis poderia ser a resposta para

um tratamento mais eficaz. A necessidade

renovou-se com o decorrer do

tempo, ao vermos que nada aconteceu

e que não são tomadas medidas

tendo como prioridade a saúde dos

pacientes, sejam eles crianças ou adultos.

Quando perguntamos a razão de

ser deste movimento iniciamos um

longo debate sobre o direito à saúde

dos pacientes, mas acreditamos também

que este debate tem de ser feito

com profissionais de medicina, que

nos ajudem a promover o bem estar

voz e rosto às realidades existentes no

nosso país, contribuindo para que sejam

encontradas soluções conjuntas,

quer com organismos do estado quer

com entidades capazes de encontrar

caminhos que permitam o acesso, no

mais curto espaço de tempo possível,

a tratamentos seguros e viáveis para

os pacientes.

Quem se pode juntar ao Movimento

e como?

Neste momento, o intuito é criar uma

união e, portanto, reunir todos os que

tenham necessidades relacionadas

com patologias capazes de ser tratadas

com canábis, mas também todos

os que reconhecem que esta é uma

causa que os motiva pela questão relacionada

com os direitos humanos

de todos e mormente o direito à saúde

consagrado como direito fundamental.

Podem juntar-se através dos

nossos canais principais – Facebook

e Instagram – e juntos construiremos

um movimento rumo à libertação da

canábis e dos seus benefícios.

Zimbabwe: Presidente pede 27

milhões de canábis medicinal

à Swiss Biocieuticals

Na verdade, a ideia deste movimento

surgiu de uma necessidade que, arriscaríamos

dizer, ser a mais importante

para qualquer ser humano: o direito à

vida com saúde dos nossos filhos, que

representam sempre a parte mais importante

da nossa existência. No entanto,

em 2018, o movimento ficou

suspenso, devido ao anúncio de uma

lei “revigorante”, que iria trazer no horizonte

soluções para o acesso à canábis

medicinal. Decorridos quase quatro

anos desde a entrada em vigor da lei

33/2018 foi-se renovando a certeza de

que o acesso à canábis seria tudo menos

equitativo e que a lei foi uma porta

de acesso aos grandes investidores

neste novo negócio, tendo-se iniciado

a corrida ao “ouro verde” em Portugal,

e frustrado as expectativas de quem

tem ao seu cuidado a vida de crianças

que dependem da canábis para viver

melhor. Também neste período existiu

uma entidade fundada em Portugal

com o desígnio de prosseguir com

o interesse dos pacientes de canábis

dos doentes e desta forma contribuir

para o avanço dos estudos científicos

acerca desta planta e dos seus compostos

para a saúde humana.

Quais são os principais objectivos e

acções previstas para o futuro?

Os objectivos têm de ser os mesmos

que os das mães que procuram uma

solução para as doenças e crises dos

seus filhos e não encontram respostas

na medicina convencional. Neste

momento, o principal objectivo é dar

Se pudessem dizer algo ao Governo

português, o que seria?

Estes quatro anos, após a lei 33/2018

entrar em vigor, deram-nos a certeza

que não tem havido grande capacidade

para se olhar para a canábis como

uma resposta na base do que ela representa,

ou seja, na sua simplicidade

como uma planta. Este assunto foi

sempre tratado em torno do proibicionismo

e da perigosidade da canábis

e o que mais nos surpreende é sabermos

de tantos casos de sucesso pelo

mundo fora, de mães que tratam filhos

cultivando o seu próprio remédio.

Isto são factos! Talvez tenhamos de

fazer chegar estes factos ao Governo

e depois perceber qual a tomada de

posição acerca do assunto apresentado

desta forma, humana e factual.

Laura Ramos

O Presidente do Zimbabwe, Emmerson

Mnangagwa, comissionou

a empresa de canábis medicinal

Swiss Biocieuticals a produzir cerca

de 27 milhões de dólares (25.6 milhões

de euros) em canábis para fins

medicinais e científicos, anunciou

o Business Insider Africa. A Swiss

Bioceuticals tem uma unidade de

produção na zona oeste do país,

em Mount Hampden, onde planta

e faz o processamento de canábis

medicinal. Desde 2018, o Zimbabwe

emitiu 57 licenças de produção de

canábis medicinal, mas o Presidente

lamentou que apenas 15 unidades

estejam operacionais.

Durante seu discurso, Mnangagwa

disse que o rápido desenvolvimento

da unidade de processamento é um

testemunho do sucesso da política

do governo e da confiança que as

empresas e investidores suíços têm

no Zimbabwe e na sua economia.

O Presidente elogiou as políticas do

seu governo e os investidores, pela

celeridade na execução das suas operações

desde a obtenção da licença

de funcionamento, ao mesmo tempo

que exortou os outros investidores

com alvarás a operacionalizar rapidamente

as suas licenças, em benefício

da economia em geral e das pessoas

em particular. Mnangagwa acrescentou

ainda que os investidores devem

seguir a liderança da empresa e abrir

os seus negócios para apoiar o mantra

de que ‘Zimbabwe está aberto aos

negócios e pronto para gerar recursos

de moeda estrangeira para o país.

“Desafio outros players do subsector

de canábis medicinal a montar rapidamente

as suas empresas, com foco

na agregação de valor e benefício. É

decepcionante que, desde 2018, apenas

15 das 57 entidades emitidas

com licenças de operação de canábis

estejam operacionais”, lamentou.

Mais tarde, o presidente Mnangagwa

descreveu o cultivo de canábis no

país como um marco, acrescentando

que era consistente com o seu impulso

‘aberto para negócios’ e o governo

continua determinado a melhorar e

facilitar estes negócios no país, pois

as reformas económicas em andamento

resultaram num crescimento

notável da sua economia.

38 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

39



Crónica

Um dia até Deus se

CRÓNICA

cansará da Igreja Católica

Alemanha:

Ministro da Saúde vai avançar

com a legalização do

uso adulto de canábis

Laura Ramos

O Ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach, anunciou ontem novas medidas sobre a assistência

médica na Alemanha, onde incluiu a legalização do uso adulto de canábis no país, de acordo com

o jornal Spiegel. Lauterbach disse ao Handesblatt, que mudou de ideia sobre a canábis nos últimos

dois anos. “Sempre fui um oponente da legalização da canábis, mas revi a minha opinião há cerca

de um ano”. O Ministro da Saúde acredita agora que os perigos da ilegalidade superam os perigos da

reforma “recreativa”.

Surpreendentemente, Lauterbach surge em contra-corrente, num momento em que praticamente todos

os partidos da coligação queriam adiar a discussão sobre a legalização da canábis. Apesar de a legalização

ter sido destacada na plataforma eleitoral que colocou a coligação no poder, durante muito tempo tentou-

-se atacar a tomada de medidas. Mas, recentemente, os três partidos parceiros da coligação começaram a

apoiar publicamente a ideia do cultivo doméstico como parte da lei de reforma inicial, em parte como resposta

às dificuldades de acesso à canábis medicinal por parte dos pacientes.

Segundo o Spiegel, o processo para a legalização controlada de canábis deverá começar com várias discussões

técnicas entre o comissário federal de drogas, Burkhard Blienert, e especialistas nacionais e internacionais.

“Um projecto de lei deverá seguir no segundo semestre do ano”, explicou o Ministro. A coligação

quer introduzir uma “venda controlada de canábis para adultos para fins recreativos em lojas licenciadas”,

conforme declarado no acordo de coligação.

Luís Osório

1.

Sempre me comovi com a procissão

das velas, em Fátima. Acreditando mais

ou menos, tendo uma fé extraordinária

ou um racional ceticismo, é impossível

não ficar arrepiado com as manifestações

de fé, com a energia acumulada,

com a soma de tantas vidas juntas em

prece à passagem de Nossa Senhora.

Hoje não deve ter sido diferente.

2.

As aparições de Fátima não são um

dogma para a Igreja Católica – uma

pessoa pode pertencer à Igreja, pode

até ser padre ou freira, e não acreditar

que os pastorinhos viram Nossa Senhora.

É para muitos teólogos um fenómeno

mais profano do que sagrado.

No entanto, diria eu, menos profano do

que tantas decisões, omissões e opiniões

de cardeais, bispos, arcebispos,

padres ou leigos ligados à Igreja Católica

ao longo dos séculos.

Diria, vendo o copo meio cheio, que a

Igreja Católica só pode ser uma criação

de Deus pois com tantos erros, iniquidades

e pecados outra instituição já

teria sido extinta.

Mas não.

Com mais crise ou menos crise, a Igreja

Católica lá continua, o que não deixa

de ser extraordinário.

3.

Não quero hoje falar dos casos de pedofilia

– agora também esmiuçados

em Portugal por uma comissão acima

de qualquer suspeita – ou da aparente

resistência a que se saiba mais por parte

de algumas figuras distintas.

Também não é a altura para comentar

as resistências várias da Igreja Católica

portuguesa ao 25 de Abril – é conhecido

no essencial o compromisso histórico

entre a cúpula católica e o salazarismo.

Um dia destes ainda escreverei sobre

as reticências e o desdém de muitos

católicos proeminentes em Portugal

ao Papa Francisco e a tudo o que ele

representa.

4.

Acredito em Deus.

Mas é-me difícil encontrar na Igreja

Católica um lugar onde me seja fácil o

caminho para uma ideia de transcendência.

Admiro muito o Papa Francisco.

Como admiro Frei Bento Domingues,

Tolentino de Mendonça, Fernando

Ventura ou até José Ornelas, o atual

porta-voz da Conferência Episcopal.

Mas quando procuro encontrar razões

para ter esperança na Igreja logo a realidade

se encarrega de me dizer que

sou demasiadamente crédulo.

5.

Repararam no episódio do desejo de

compra da sede histórica do CDS pelo

Chega?

Para quem não sabe, o prédio de quatro

andares no Largo do Caldas pertence

ao Patriarcado de Lisboa.

E aparentemente o CDS não tem dinheiro

para pagar a renda e quer renegociar

valores.

André Ventura aproveitou a brecha e

anunciou que iria fazer uma proposta

de compra ou arrendamento ao Patriarcado.

Chegou inclusivamente a falar

de verbas concretas: 7 milhões de

euros pela compra e 5 mil euros mês

pelo arrendamento.

Também hoje não vos quero maçar

acerca dos 7 milhões de euros que o

líder do Chega se propõe pagar – arranjar

tanta massa é uma boa matéria

para uma conversa de pé de orelha.

O que vos quero confessar é que esperei

todos estes dias por uma declaração

da Conferência Episcopal ou do

patriarcado, no sentido de me tranquilizar.

Do género:

“Em nenhuma circunstância o Patriarcado,

a Igreja Católica, venderá o seu

prédio do Largo do Caldas ao Chega”.

“Em nenhuma circunstância e por um

qualquer valor. A Igreja Católica não

pactua com projetos políticos ancorados

em valores que não são os nossos”.

Mas não.

Não houve qualquer declaração.

Na verdade, minto.

Houve uma declaração.

A de que até ao momento não chegara

qualquer proposta formal do Chega

pela compra do edifício.

Só pode ser obra de Deus.

Mas até Deus se cansa, meus queridos

amigos.

40 Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - JUNHO 2022 | www.cldz.eu

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Humor - ”Quem não sabe rir, não sabe viver” Passatempo

Numa carruagem do comboio

Numa carruagem do combóio

viajava uma jovem

mamã, sentada frente a um

senhor. Ela tentava calar o

seu bebé que parecia tomado

de uma grande perrice.

Insistia em dar-lhe o peito,

mas a criança recusava-lho

terminantemente. Impaciente,

a dado momento,

diz: Olha, se não queres, vou

dá-la aquele senhor que vai

ali sentado à frente!...

O piloto de ensaio

Um piloto de ensaio descia

em direcção ao solo em

queda vertical, numa das

suas mais surpreendentes

acrobacias, quando, subitamente,

se lhe incendeia

um dos reactores. Extremamente

preocupado, o fulano

chama imediatamente a

torre de controle:

Alô! O meu reactor direito

encontra-se em chamas. O

que é que devo fazer?

- Manobre o extintor electrónico.

Mas, mal ele acaba de executar

esta ordem, incendeia-se-lhe

o outro reactor.

- Alô! Alô! Agora é o outro

reactor que está em chamas.

O que é que devo fazer?

- Accione a cadeira projectável.

Projecte-se, use o

paraquedas.

Aflitíssimo, o fulano começa

imediatamente a carregar

nos botões e carrega neles

todos, mas em vão: os circuitos

não funcionam. Com

o rosto a escorrer suor, em

estado de pânico, o fulano

volta a chamar a torre de

controle: Alô! Alô! Torre de

controlo? E uma coisa

terrível, o que está a acontecer-me!

Não consigo

projectar-me, a cadeira projectável

não funciona. O

que é que devo fazer? Nesse

caso, não faça nada: diga

connosco: Pai Nosso que estais

no céu...

O rei da Arábia

Um riquíssimo rei da Arábia,

agradavelmente impressionado

com a beleza de uma

loira que acompanha um

turista de visita àquele país,

pergunta:

É a sua esposa?

Não, Magestade. É a minha

filha. - Ela é fascinante! Desejaria

fazer dela a minha oitava

esposa. Oferecer-lhe-ia

o peso dela em ouro...

- Muito bem, Magestade.

Vossa Magestade importa-

-se de aguardar algumas

semanas? Para quê? Para

reflectir?

- Não, Magestade. Era para

engordá-la...

Entre amigos

- Vê aquela senhora que ali

vai?

Sim. Quem é?

- Não pode imaginar o quanto

lhe devo!

É sua mãe?

-Não... é a minha senhoria.

O rei da indústria de têxteis

Após ter assistido com

grande jubilo à cerimonia

de núpcias da filha com o

filho de um rico industrial,

o rei da indústria de têxteis

encontra-se no banquete

da boda radiante de alegria

com centenas de convidados.

E, a dado momento, desejando

brindar com os convidados,

levanta-se, e, com

aquele ar amistoso e paternalista,

tão característico da

entidade patronal, diz:

- Neste dia feliz, de grande

fartura e alegria, seria injusto

não pensarmos também

um pouco naqueles que conhecem

a miséria e a fome.

Todos comigo em coro! Brindemos

à saúde dos pobres!

Hip, hip, hip! Hip, hip, hip!....

Entre a patroa e a criada

A patroa:

Amélia, desejo avisá-la de

que em minha casa é costume

comerem-se os restos!

A criada:

Está bem, minha senhora...

Eu encarregar-me-ei de lhos

guardar!...

Um nariz desconforme

- Tenho um cliente que tem

um senhor nariz que é realmente

uma coisa desconforme,

diz para um colega um

otorrinolaringologista. - Não

pretendo com isso dizer que

ele o tenha excessivamente

aguçado, mas, posso dizer

que de todas as pessoas que

eu conheço, ele é o único

capaz de marcar um número

de telefone com as mãos

nos bolsos...

Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden

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POESIA

Mãe Galinha

Carmindo

de Carvalho

Mãe, teu ventre me gerou

E o berço me embalou.

Teu doce falar

LETRAS

Ao acarinhar

Teu saber grandioso

Para a vida me soube preparar

Fazendo de mim trabalhador lutador

E não ocioso preguiçoso.

Escrevo-te...

Maria José Praça

Escrevo-te o silêncio

que dobra cada esquina da serra

e que é presente no cântico dos sinos

Escrevo-te o nascer da alvorada

nos rituais nascentes dos pulsos

trespassados pelo grito de cada grão de terra

Escrevo-te a memória

dos cheiros íngremes da serra

e a bandeja d’alma

onde ofereces o rosmaninho

que em proclamação apanhas passo a passo

Escrevo-te, fruto a fruto,

a profundidade das raízes das árvores

que comungam contigo

d’esse sopro indelével...

No ventre me transportaste

Imagino quanto peso carregaste!

Quantos sacrifícios passaste!

Tantos filhos criaste!

Mãe, sei que meu silêncio te faz sofrer.

Olha, não é palavra vã

Mesmo, mesmo amanhã te vou escrever.

E para alegrar teu coração

Sem mais demora

Que já é hora

A carta mando de avião.

Escrevo-te as mil andanças

das tuas captações indefinitivas, na hora exacta do

apelo

Escrevo-te a liquidez da vida

no cosmos-música da tua respiração,

onde, como pregava São Francisco,

coabitam outros dos nossos irmãos

que te reconhecem nas pegadas e no manto

escrevo-te o eco dos chilreios e o mel das tuas

abelhas

que n’ele te agradecem o “bom dia”...

escrevo-te, ainda, o indizível

na telúricidade que me habita

quando as pálpebras do sol consomem o fogo do

mar

e o horizonte adormece

a contemplar as estrelas...

Maria José Praça (N°126080 da SPA -

“Pedras do meu andar” )

O SUBMARINO

O casco do submarino é provido de reservatórios que podem

ser cheios de ar ou de água. Quando o submarino navega

à superfície, os reservatórios estão cheios de ar e o impulso

da água é superior ao peso total do conjunto. Quando se

substitui o ar pela água, o submarino torna-se mais pesado

e mergulha. Para poder voltar à tona, a água é expulsa dos

reservatórios por bombas de ar comprimido.

OS PÁSSAROS

E A ELECTRICIDADE

A corrente eléctrica só pode circular entre dois condutores

um deles pode ser a terra entre os quais exista uma diferença

de tensão. A corrente passa quando um ponto de um

dos condutores está ligado a um ponto do outro. O corpo

do pássaro é o condutor. Quando as suas patas estão sobre

o mesmo fio, ele não sente nada. Se tocasse em dois fios ao

mesmo tempo, seria electro cutado. Um fio eléctrico partido,

caído no chão, pode provocar a morte de qualquer ser vivo

que lhe toque.

LAVOISIER

Joana Araújo (*)

Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794), ilustre químico e académico

francês, foi um dos criadores da química moderna.

Foi o autor da lei que tem o seu nome. É a lei da conservação

ou indestrutibilidade da matéria em geral, lei essa que se

formula do seguinte modo: “Na natureza nada se cria”, (tudo

se transforma!).

A FUNDAÇÃO NOBEL

Desde 1901 que a Fundação Nobel distribui no dia 10 de Novembro

de cada ano de Alfredo Nobel aniversário da morte

de Física, Química, Medicina, Literatura e Paz, sendo os - o

célebre prémio. Os prémios são candidatos propostos por

instituições categorizadas de qualquer país. O julgamento é

feito, para a medicina, pelo Instituto Carolino de Estocolmo;

para a Literatura, pela Academia Sueca da Lingua; para a Física

e Academia de Ciências de Estocolmo, e, para a Paz, pelo

Parlamento Succo.

Saber

não ocupa lugar...

O ARCO DO TRIUNFO EM PARIS

Foi Napolcão quem decidiu a construção do Arco do Triunto

em Paris, para perpetuar a glória dos seus exércitos. A primeira

pedra foi lançada em 15 de Agosto de 1806; mas só

mais tarde, em 30 de Junho de 1836, se deu por concluído o

grandioso monumento levantado em Etoile.

AGOSTO

Octávio, imperador romano, recebeu o título impe rial de Augusto

depois de ter vencido a rainha Cleópatra do Egipto. É,

pois, em sua honra que o oitavo mês do ano recebe o nome

de Agosto.

É também o mês de férias por excelência. As praias do sul da

Europa enchem-se de veraneantes de todas as latitudes. Em

Portugal, especialmente no norte, sucedem -se as romarias e

as festas populares. É um mês de descanso e alegria.

AS SALVAS DE ARTILHARIA

Em qualquer lugar, quando se dão salvas de artilharia, disparam-se

21 ou 101 e nunca 20 ou 100, como pareceria natural.

Este costume teve origem em Augs burgo, no tempo de Carlos

V, numa ocasião em que este era esperado na cidade e

foi decidido, em sua honra, disparar 100 tiros. Um erro do oficial

encarregado da salva fez com que fosse disparado mais

um. Nas cidades vizinhas, que não queriam fazer menos que

Augsburgo, disparam-se também 101 tiros. Desta maneira,

e por simples orgulho local, o costume passou fronteiras e

tornou -se tradição quando se disparam salvas de artilharia.

O CAFÉ AUMENTA

CULTURA

A NECESSIDADE DE CÁLCIO

Os grandes bebedores de café devem tomar cálcio para

compensar os efeitos nocivos da cafeína -- afirmam especialistas

em nutrição da Universidade de Washington.

Um estudo efectuado pelos investigadores norte -americanos

concluiu que a cafeína prejudica o bom funcionamento

dos rins, interferindo na sua capacidade de reabsorver o cálcio.

(*) Pesquisa e recolha

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Terras da

Nossa Terra

VIANA DO

CASTELO

Quem sou eu p’ra te cantar

Cidade da beira-mar

Encantadora Viana

Com teu formoso horizonte

Desde o Lima até ao monte

Toda tu és filigrana.

Tens singulares tradições

E entre outras atrações

Culmina Santa Luzia

E inda de destacar

As vivas festas do mar

Da Senhora da Agonia.

BATALHA

A Batalha foi fundada

P’lo rei Dom João Primeiro

Que por promessa jurada

Construiu o seu mosteiro.

Mosteiro digno de nota

Património mundial

Por vencer Aljubarrota

Que enobreceu Portugal.

Dom Nuno Alvares Pereira

Foi cavaleiro notável

Por honrar nossa bandeira

Ficou Santo Condestável.

MINHO

Lá no Norte com esplendor

Surge alegre o verde Minho

Notável no folclore

E tão nosso verde vinho.

Província de tradições

E rica em gastronomia

Aqui atrai multidões

Sempre a qualquer romaria.

Trajes tradicionais

Bordados com fino linho

São motivos principais

Que dão vida e cor ao Minho.

Desde vila marinheira

A tua gente fagueira

Conservou a sua traça

Dum povo que com sucesso

Na indústria e no progresso

Tanto orgulha a nossa Raça.

Terra coberta de glória

E momentos da história

Aqui marcaram lugar

Ó Viana do Castelo

Tu és cidade modelo

Tão grata de visitar!...

Na margem do rio Lena

Se ergue esta vila velhinha

Beijada p’la brisa amena

E frescura ribeirinha.

O seu mosteiro imponente

Fama pelo mundo espalha

Atraindo muita gente

A visitar a Batalha!...

Braga, Vizela, Esposende

Famalicão e Viana

Barcelos, Fafe e transcende

Guimarães de que se ufana.

Ó Minho só o teu vira

Essa dança tão notória

Os forasteiros inspira

A visita obrigatória.

Teu povo peculiar

Com sorriso e com carinho

Recebe e sabe adular

Euclides Cavaco

AMARES

Distinta vila de Amares

És no interior do Minho

Terra de mil paladares

E do melhor verde vinho.

És p’los rios definida

Que te dão alma e fulgor

Quase como enternecida

Propalando o esplendor.

És um verde paraíso

Que aqui convida ao lazer

E o turista com sorriso

Extasia de prazer.

Tens recursos naturais

Que emergem da agricultura

E solares senhoriais

Que te emprestam formosura.

Sá de Miranda elegeu

Amares o seu burgo amado

Dedicado aqui viveu

E nele está sepultado.

És um lugar preferido

Qual eterno pergaminho

Como postal colorido

A adornar o nosso Minho!...

PÓVOA DE

VARZIM

Das terras do litoral

Não há na Pátria outra assim

Tão moderna e jovial

Como a Póvoa de Varzim.

— O seu progresso e História

Com perfeita evolução

Tornaram-na assim notória

E digna de distinção.

Terra de mil aguarelas

De atrações e monumentos

Com praias limpas e belas

Muitos entretenimentos.

É centro de veraneio

Plantada juntinho ao mar

Onde Eça ao mundo veio

E mui lhe aprouve cantar.

O seu turismo afamado

Tem nota de excelência

Traz gente de todo o lado

Que à Póvoa dão preferência.

Preza na gastronomia

E nos produtos do mar

Quem aqui vier um dia

Vai por certo regressar.

Sobre a Póvoa há tanto tema

Muita coisa fica omissa

Não dá um simples poema

Para lhe render justiça!...

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Comunidade

Publicidade

Femetisch

Todo o tipo de frutas

e legumes da época

numa sò casa!

Há sempre aquele momento onde as senhoras se encontram para beber um café, tomar o pequeno-almoço

e conversar sobre o dia-a-dia!

O projecto femmtisch é mesmo isso, as senhoras reúnem-se uma vez ao mês para conversar e trocar

experiências diárias sobre o quotidiano.

Tem sempre vários temas para conversar, uma vez conversam sobre os perigos da ‘internet’, depois

sobre os vícios, sobre a velhice ou como este mês, sobre a saúde.

As conversas e os conselhos são sempre muito produtivos, mas o mais produtivo é o convívio e a

afinidade entre elas.

Há sempre temas delicados e muito pessoais onde não existem tabus!

Todos os temas são moderados com muito profissionalismo.

O projecto femmetisch faz parte da cidade de Zurique tendo como objectivo reunir as senhoras

que tenham família para conversar, socializar e trocar experiências diárias sobre os perigos diários!

Ficou curiosa, quer fazer parte deste projecto? ContactWe o Centro Lusitano de Zurique e na próxima

sessão faça parte desta família!

Horário

Seg. a Sexta. — 08h00 às 20h00

Sábado — 08h00 às 19h00

Meienbreitenstrasse 15 CH-8153 Rümlang

Tel: 044 945 02 20 | 044 945 02 21 Fax: 044 945 02 22

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Somos todos potenciais

dadores de órgãos

ÚLTIMA

Manuel Araújo (*)

Os eleitores da Suíça aprovaram em

meados do mês passado, em três referendos,

obrigar as plataformas de

streaming a investir no audiovisual

nacional, ampliar a participação no

financiamento da agência europeia

de fronteiras (Frontex), assim como

o princípio do suposto consentimento

na doação de órgãos.

A participação Suíça na Frontex - a

agência europeia da segurança das

fronteiras - saiu reforçada. Os suíços

votaram o novo regulamento que

prevê o aumento da contribuição helvética

para a agência.

O sentido do voto era esperado, mas

os votos expressos, mais de 70%, foram

surpreendentes.

Karin Keller-Sutter, membro do conselho

federal e responsável pelo Departamento

de Justiça e Polícia, justifica:

“A guerra na Ucrânia mostra a

importância da cooperação e da solidariedade

no espaço Schengen. Os

benefícios da Frontex e da associação

Schengen-Dublin são muito importantes

para a Suíça”.

© scotth23

Apesar das críticas à agência europeia,

Sanija Ameti, co-presidente do

movimento político “Opération Libero”

manifesta satisfação pela escolha

dos suíços de manterem o país na

Frontex.

“Se a Suíça quiser impedir estas violações

dos direitos humanos, deve continuar

a fazer parte dela, para ajudar a

moldar Schengen e ajudar a controlar

a Frontex. Desistir não é uma solução”.

Em referendo estava também a alteração

da lei do cinema devido às

plataformas de streaming. Os suíços

aprovaram a nova lei que obriga a Netflix

e outras plataformas a afectarem

ao sector na Suíça, 4% das suas receitas

brutas no país.

Os helvéticos foram também chamados

a pronunciarem-se sobre a

doação de órgãos. Com o “sim” neste

referendo, a sociedade suíça parte

para um novo paradigma: A partir de

agora, todos são presumíveis dadores

de órgãos.

Nos últimos cinco anos, quase 450

pessoas receberam, por ano, na Suíça,

um ou mais órgãos extraídos de

pessoas falecidas. Contudo, no final

de 2021, havia mais de 1.400 pessoas

na lista de espera.

(*) com agências

50

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