Lusitano de Zurique
Edição digital do Lusitano de Zurique
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LUSITANO
de
ZURIQUE
[ FEVEREIRO 2022 | Edição Nº. 285 | ANO XXVIII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]
EDIÇÃO DIGITAL
LEGISLATIVAS 2022 - PARTIDO SOCIALISTA VENCE COM MAIORIA
ABSOLUTA
Pág. 40
PS: 41,6% - 117 deputados
PSD: 28,9% - 76 deputados
Pág. 66
© MIGUEL A. LOPES/ LUSA
Pág. 40
editorial
Crónica
desporto
Cultura
O fim da “Pandemiaa”...
Pág. 3
Rectificar a injustiça feita aos
idosos
Pág. 31
A selecção é um dos objectivos
- Letícia Rodrigues Fernandes
Pág. 18
Diário de uma avó e de um
neto...
Pág. 26
EQUIPA EDITORIAL
Director: Armindo Alves
Jornalista CC15 A
Director-adjunto: Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
Email: lusitano@gmail.com
COLABORADORES
Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,
Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães, Cristina
F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco, Graça
Amiguinho, Ivo Margarido, Joana Araújo, Joaquim
Galante, Jorge Macieira, Luís Osório, Manuel Araújo,
Maria dos Santos, Maria José Praça, Nelson Lima,
Nelson Mateus, Pedro Nogueira, Rosa Moreira.
EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO
Joana Araújo
Jornalista CC 11 A
Email: joanaaraujo@protonmail.ch
PUBLICIDADE
Tel.: 079 222 09 14
Email: pub.lusitano@gmail.com
IMPRESSÃO
Diário do Minho - Braga
Tiragem: 3000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
NOTA IMPORTANTE:
Os artigos assinados reflectem tão-somente
a opinião dos seus autores e não vinculam
necessariamente a direcção desta revista.
Apoio
LUSITANO
de
ZURIQUE
Por discordância, esta publicação
não adopta, nem respeita as normas
do novo inútil Acordo Ortográfico.
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nº 499 - e nº 873/Esposende
Abertura das propostas, é no próximo
dia 15 de Março.
EDITORIAL
Armindo Alves
Vivemos num mundo digital onde a
informação nos chega a casa em alta
velocidade, muitas vezes com grande
Agressividade. Os média aterrorizam o
povo, havendo muita gente que acredita
em tudo que lê e que lhe metem
pela frente, sem questionar.
No nosso dia-a-dia todos nos questionam
se estamos ou não vacinados, pois
com a vacina somos mais livres e muitas
pessoas submetem-se à vacina para
poderem viajar, divertir-se, digamos
para ter mais liberdade e não pela sua
protecção!
Todos sabemos que as vacinas no passado
salvaram milhões de pessoas em
todo o mundo e são indispensáveis.
Nos últimos tempos observo ser mais fácil
e sem grandes burocracias ser imunizado,
que entrar num restaurante.
Cheguei a conclusão que a vacina do
covid está na moda e em nada são
iguais às vacinas do passado. Sabemos
que esta vacina é um negócio e está
ainda em fase experimental e é sobretudo
política, as quais, gente da Ciencia,
Medicina e muitas outras não a aceita.
Acho absurdo e um abuso, alguns vacinados
dizerem, que os não-vacinados
deveriam ter menos direitos que os demais
e que esses, deviam até de pagar
DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
Tel.: 079 222 09 14
Email: armindo.alves@garage-
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RANCHO FOLCLÓRICO
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Email: rancho@cldz.eu
O fim da “Pandemia”
as custas do hospital, caso fossem infectados.
Será que os fumadores, os alcoólatras,
drogados, gente com SIDA e até os acidentados
de automóvel, entre outros,
têm menos direitos que os restantes?
Todos os que referi, causam, é certo,
enormes gastos de dinheiros públicos,
o que podia ser evitado e não vejo ninguém
a acusá-los e a discriminá-los,
pela sua opção “irresponsável”, pois
esse é um direito individual que lhes
assiste, exactamente igual aos que não
aceitam serem vacinados.
Sobre este tema, podia falar de casos
de várias pessoas que conheço, vacinados
e não vacinados, que deixaria ainda
mais confusos e com grandes dúvidas
os “respeitadores” da “lei”, mas como
disse, não entrarei nessa discussão.
O responsável pelo Departamento de
Estratégia de Ameaças Biológicas para
a Saúde e Vacinas, da Agência Europeia
do Medicamento (EMA), alertou recentemente
que as sucessivas administrações
de doses de reforço da vacina, podem
enfraquecer o sistema imunitário.
Até as autoridades têm dúvidas… sempre
tiveram.
Todos sabemos que a vacina não impede
de ser contagiado e de contagiar,
não existindo até ao momento provas
científicas que provem que a transmissão
do vírus pelos não-vacinados difere
dos vacinados. Ela quando muito, eventualmente,
protegerá apenas quem a
tomou. Quem não a tomou, estará apenas
a colocar a sua própria vida em risco.
É inaceitável esta propaganda de medo
e de mentira das autoridades/Comunicação
Social, feita em torno da covid-19,
havendo já em todo o Mundo, casos de
preconceito e discriminação com os
não-vacinados. A continuar deste jeito
ainda nos irão marcar como fizeram os
nazis, aos judeus.
Não é notícia nos grandes meios de
RESTAURANTE (reservas)
Tel.: 044 241 52 15
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PROPRIEDADE
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CENTRO LUSITANO
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Risweg, 1
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Editorial
comunicação, mas alegadamente, já
há dois medicamentos para o covid
(para todas as variantes) provenientes
de duas clínicas com centenas de
curas com provas dadas e documentadas,
tendo ambas sido ameaçadas
pelo INFARMED, o qual rejeitou ver os
estudos feitos, no sentido de aprovarem
um medicamento barato e de eficácia
comprovada, o qual desentupiria os cuidados
intensivos nos hospitais e evitaria,
certamente, muitas mortes. Foram
ignoradas.
Acho esta decisão das autoridades negligente
e irresponsável, mas não me
surpreendente, pois, o modus-operandi
do INFARMED, das Farmacêuticas e da
Máfia se confundem.
Chamem-lhe teorias da conspiração, ou
o que entenderem, mas continuo com
a “pulga atrás da orelha”. Recordo que
ainda, que não havia praticamente casos
de vírus em Portugal, quando muitas
redacções receberam uma circular
da Agência Lusa, citando a DGS, a solicitar
que doravante todas as notícias
sobre o vírus fossem publicadas.
Ainda sobre a doença, eu não nego a
perigosidade das várias variantes do vírus.
Ele existe e mata, sei disso, mas há
no meio desta informação e contra-informação,
algo de estranho e anormal.
Não sou anti vacina apenas não acredito
tudo aquilo que diariamente nos metem
pela casa dentro. Tudo isto faz-me
lembrar as terríveis sessões de “acção
psicológica”, dadas antes dos soldados
irem para a Guerra em África, as quais
incutiam medo e ódio. Uma autentica
lavagem cerebral.
O fim desta “Pandemia” acredito que
está próximo e o melhor remédio agora,
podem crer, chama-se desconfiança
e questionar sempre, ouvir os dois lados,
ser responsável, prevenir-se e evitar
comportamentos de risco. O resto, o
tempo o dirá. Ele é nosso amigo e será
o melhor dos juízes.
2 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
3
Director
Jornalista CC15 A
Motores
Quanto tempo duram as
baterias de carros eléctricos
V ARMINDO ALVES
Sabe-o pelo smartphone: passados
alguns anos, o desempenho da bateria
de iões de lítio diminui lentamente.
Quem pensa em comprar um
carro eléctrico, por isso, com razão,
pergunta-se a si mesmo a questão
da vida útil das baterias instaladas.
Será que a electro-mobilidade acaba
por produzir uma pilha de resíduos
electrónicos, e não é tão ecológica?
No entanto, a experiência até agora
mostra que as baterias de carros eléctricos
são surpreendentemente duráveis.
A indústria da reciclagem de automóveis
ainda quase não desmantelou os
automóveis eléctricos e há apenas alguns
veículos eléctricos no mercado
em segunda mão. A questão da vida
útil das baterias de carros eléctricos é,
portanto, difícil de responder. Actualmente,
são assumidos 1000 a 1500
ciclos de carregamento. Com uma
autonomia de 300 quilómetros por
carga, isto resulta numa vida útil de
300’000 a 450’000 quilómetros.
Fabricantes dão garantia adicional
sobre baterias.
De forma a aliviar os compradores de
carros eléctricos com medo de um
rápido desgaste da bateria, a maioria
dos fabricantes hoje em dia dá uma
garantia sobre as suas baterias.
Para os carros eléctricos mais vendidos
no terceiro trimestre de 2020, são
8 anos e 160’000 quilómetros. A bateria
não deve perder mais de 25% da
sua capacidade de carregamento durante
este tempo ou distância. Isto já
responde à questão da ecologia.
O maior consumo de recursos na produção
de automóveis eléctricos já
alcançou depois de 20’000 a 40’000
quilómetros em comparação com os
carros convencionais de combustão.
Como prolongar a vida útil da bateria
do carro eléctrico?
As tecnologias de baterias mais antigas
tiveram um efeito de memória. Se
não foram totalmente descarregados
e recarregados, perderam a capacidade.
Este já não é o caso das baterias
modernas de iões de lítio: idealmente,
a bateria é usada no dia-a-dia num estado
de carga entre 20 e 80 por cento.
Para viagens mais longas, é claro, será
totalmente carregada.
A velocidade de carregamento também
tem influência na vida útil da
bateria. A maneira mais suave de carregar
o seu carro eléctrico em casa é
na wallbox.
O carregamento rápido numa estação
de carregamento público é prático
numa viagem, mas esforça a bateria
e também é significativamente mais
caro do que carregar em casa. O carregamento
lento é suficiente na maioria
dos casos, afina um carro fica parado
por uma média de 23 horas por dia.
Isto significa haver tempo suficiente
para carregar. Mesmo aqueles que
conduzem economicamente prolongam
a vida útil da sua bateria de carro
Eléctrico. Tal como acontece com
o motor de combustão, isto significa
principalmente condução antecipada.
Assim a maioria dos processos de travagem
pode ser dominado com recuperação
de energia (recuperação) sem
que os calços de travão tenham de libertar
energia rolante sob a forma de
calor para o meio-ambiente.
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REVEILLON
2022
A V Maria dos Santos
O Centro Lusitano Zurique vestiu-se
de gala para receber a numerosa Comunidade
Portuguesa residente na
região na noite de Passagem de Ano.
A ampla Sala com motivos Natalícios,
decorada com requinte pela Sandra
Alves, estava pronta a receber todos
aqueles que quiseram desfrutar de
um serão diferente e desejado desde
há muito tempo.
O Certificado ou teste negativo do Covid
19 era obrigatório.
Não se pôde dançar, faltou essa cereja
em cima do bolo para terminar o ano
em beleza, mas primou pela qualidade
do convívio.
A equipa de serviço encontrava-se
reduzida, no entanto, não foi motivo
para faltar à promessa de que o dia
trinta e um do ano dois mil e vinte um
se vestisse de traje cerimonial.
No apoio à cozinha estiveram o Armindo
Alves, a Sandra e Carina Gonçalves,
que tiveram ainda a prestimosa ajuda
da Mariana no serviço às mesas.
Não foi tarefa fácil, mas como eu sempre
digo, são nos momentos difíceis e
complicados que se observa o valor
de quem dá tudo em prol da nossa
Comunidade.
Num ambiente solene a roçar o romantismo,
com cores natalícias e
numerosas velas, os presentes foram
brindados com uma fantástica entrada:
camarão, sapateira, chouriço, presunto
e queijo.
Depois dos primeiros brindes a um
ano que todos apostamos muito com
esperança, a cozinha preparou o primeiro
prato principal: bacalhau Reveillon.
Entre aplausos e palavras gratificantes
pelos pratos servidos, a nossa Carina
e Mariana sorriam de satisfação por
verem aqueles convivas bem humorados
e felizes.
Para melhorar a digestão foi servido
um corta sabores, ou seja, um sorvete
de limão.
Muito animados, a grande parentela
que aqui se juntou, cantou, bateu palmas
e recordou muitos acontecimentos
a nível associativo, profissional,
desportivo e familiar.
Enquanto se esperava, o Armindo
transformado em gota de suor no interior
da cozinha, punha o seu savoir-
-faire na delicadeza do prato de Vitela,
servido com legumes.
É caso para dizer, este homem tem
dois braços direitos. Não é de estranhar,
pois, enquanto Presidente, está
onde faz falta e cumpre com notável
disponibilidade o que lhe solicitam.
A ligação afectiva ao CLZ que o viu
crescer é incomensurável. Sempre
apoiado pela sua esposa e filhas, faz
das críticas o seu cartão postal, para
que cada ano sejam melhores a servirem
com mais apego à nossa Comunidade.
A meia-noite chegava sorrateira, mas
não passou despercebida.
O Bufete de sobremesas estava preparado:
bolo-rei, aletria, bolo de chocolate,
pudim de laranja entre outras iguarias
do Norte de Portugal. Expostas
numa mesa, esperava-se pelas doze
badaladas deixando todos fascinados.
Foi o momento de olhos nos olhos.
Saúde foi a palavra-chave. As emoções
estiveram à flor da pele. Muitos
gostariam de ter estado em Portugal,
perto das famílias. Mas foi a família do
CLZ, que lhes deu o acolhimento e o
prazer de um serão diferente ao sabor
do nosso Portugal.
Fizeram-se promessas, ouviram-se
conselhos, marcaram-se encontros,
mas tudo ficou nas palavras que se
escrevem ao vento. O momento é comandado
por algo tanto simples que
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se escreve com apenas com cinco letras:
COVID.
Veremos como entramos neste 2022.
Uns acreditam, outros receosos vêm o
futuro com muito pessimismo.
Mas temos que acreditar e confiar. Assim
espero que seja. Um 2022 onde a
esperança nasce a cada amanhecer.
Depois do champanhe e dos brindes
para despedida deste mágico serão,
foi servido o leitão e o nosso tão acarinhado
caldo verde.
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Eram as sete e trinta da manhã quando
alguém, neste primeiro dia de Janeiro
2022, fechava a porta do CLZ de
coração cheio. Pela equipa de serviço,
pelo apoio dos presentes e sobretudo
pela sensação de Missão cumprida.
Acreditem que em cada nascer do
sol há uma dádiva para com a vida.
Deixemo-nos levar pela verdade, pelo
compromisso, pela fé e sobretudo
pelo Amor.
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6 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
7
Recantos helvéticos
Recantos helvéticos
Barragem de Contra
A V Maria dos Santos
Acordei chata e de olhos inchados. Quando me olhei ao
espelho, vi alguém que precisava de ar fresco.
Saí da casa de banho já com o jornal aberto e pronto a
ser lido, enquanto tomava o café.
Que notícia improvável me esperava nesta manhã algo
cinzenta. Os dias frios acabavam de se instalar.
Seria eles suficientemente fortes para não me tirarem
de casa no fim-de-semana? Claro que não, até porque
estava prestes a pôr os meus pés, onde jamais pensei.
Preparei o itinerário que me levaria ao Sul da Suíça. Entre
muitas emoções, algumas lágrimas e sorrisos, de tantos
belos momentos que ali passei, alimentavam-me o
ego e a vontade de sair a correr.
Voltar ao lugar do crime é sempre delirante! Foi óptimo
matar saudades e reviver um ciclo da vida que teima em
não se fechar.
pudesse desfrutar de um momento que sabia que nunca
mais voltaria a repetir-se.
O lago Maggior estava sereno, como a minha alma. Mas
a expectativa de ver a represa (não percebi esta palavra
- represa) Verzasca, a barragem de Contra, com 220 metros
de altitude, mexia no meu interior.
Estava a vinte minutos de viver um momento único e
não queria perder nada.
Ao descer do comboio, as pernas tremiam-me. Na minha
consciência o pensamento de que as pessoas precisam
de histórias e estórias para marcarem a sua vida e
que as façam sonhar fazia sentido, mais do que nunca.
Acreditei religiosamente que estava prestes a escrever
minha.
Dirigi-me então à barragem de Contra, onde o lago foi
esvaziado, para limpeza do mesmo.
Primeiro quis atravessar a longa barragem, de 380 metros.
Passei onde o James Bond 007 filmou a cena do salto
do filme Olho de Ouro.
O museu que explica toda a funcionalidade da barragem,
estava fechado.
Terei que voltar, para compreender melhor esta construção
que me fascina.
Depois encontrei uma vereda, desci incrédula passo a passo,
degustando cada traço de um lago despejado e pronto
a ser limpo. Atingi os 204 metros de profundidade. Desci
ao paraíso, afinal ele existe.
Perguntei-me para onde teriam ido os 105 milhões cúbicos
de água... mas ao deparar-me com uma ponte que serviu
de passagem a tantos cidadãos e que estava submersa
há cerca de 60 anos, perdi-me na minha linha de pensamento.
PORTUGUESES
RESIDENTES NO ESTRANGEIRO
NÃO IMPORTA
ONDE ESTÁ.
Caminhei numa rua estreita, onde os pilares que outrora
marcaram a estrada, ainda estavam intactos. Cheios de
ferrugem e outras matérias, próprias de 60 anos sob água.
Estive muito perto dessa ponte, mas a lama era tanta, que
ninguém conseguia chegar lá.
Apenas as boas objectivas das câmaras fotográficas o conseguiram
fazer.
E a ponte ali está, só, no silêncio de quem a quer ouvir e
entender.
E que prazer caminhar nesta lama e que pena ela não nos
poderem contar como foi estar ao serviço dos habitantes
do Ticino.
Quantas histórias ali aconteceram. Ai se as pedras pudessem
falar… o que nos contariam! Segredos dos que se amaram,
situações críticas de famílias e amigos, momentos de
criatividade, momentos filosóficos… momentos da vida!
COM A CAIXA
FICA MAIS PERTO.
Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
email: geneve@cgd.pt
O comboio pontual, partia da cidade de Zurique rumo a
Locarno. Cidade onde sempre fui muito bem recebida.
Nestas três horas de viagem procurei toda a informação
que me seria útil, para que quando chegasse a Vogorno,
De olhos posto nesta paisagem idílica via algumas pessoas
à procura de um lugar por onde descer à profundidade
do mesmo.
A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
8 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
9
Finanças
Horta
Osório
pede demissão
do Credit Suisse
Antes de ser nomeado
para presidir o conselho de
administração do segundo
maior banco da Suíça,
António Horta-Osório
presidiu o Lloyds Banking
Group. AFP
Private Credit
Crédito privado desde 4,9%
sem fórmula secreta
basta solicitar online
plus
Verificação rápida do crédito
Receberá uma oferta sem compromisso
para o seu crédito pessoal num prazo
máximo de doze horas.
Swissinfo (*)
No cargo há menos de um
ano, Antonio Horta-Osório
se demite do cargo de presidente
do conselho de administração
do banco Credit
Suisse após ter violado
por duas vezes as regras de
quarentena vigentes na Suíça.
O banqueiro suíço Axel
Lehmann foi nomeado para
ocupar o seu lugar.
A nomeação de Horta-Osório para
presidente conselho de administração
do Credit Suisse (https://www.credit-
-suisse.com/)em abril de 2021 deveria
ajudar o banco a superar uma série
de escândalos, dentre eles o colapso
do fundo de investimento Archegos
(causando prejuízos de mais de cinco
bilhões de dólares) e a falência do
fundo de investimento Greensill Capital
(onde o CS tinha uma participação
de dez bilhões de dólares) e também
o período conturbado da administração
de Tidjane Thiam, marcado por
escândalos de espionagem.Após assumir
a diretoria, o banqueiro português
prometeu voltar a colocar a gestão de
riscos no centro da cultura corporativa
do banco e lançou uma revisão estratégica,
cujas conclusões foram apresentadas
há pouco mais de dois meses.Violação
de regras
No início de dezembro, no entanto,
uma investigação do jornal Blick trouxe
à tona o comportamento indiferente
de António Horta-Osório com relação
ao cumprimento das regras da
Covid-19 vigentes na Suíça.
No retorno de Londres à Suíça em 28
de novembro de 2021, o banqueiro
português perguntou sobre a possibilidade
de encurtar ou mesmo ser
liberado da quarentena. O cantão de
Schwyz, onde vive Antonio Horta-Osório,
e as autoridades federais rejeitaram
o pedido. Entretanto, em 1 de
dezembro, voou para a Espanha em
um avião particular, violando as regras
de quarentena. Ele então continuou
sua viagem a Nova York para uma reunião
da diretoria. O ex-executivo chefe
do Lloyds Banking Group também foi
criticado por participar da final de tênis
de Wimbledon em julho, violando
as regras então em vigor na Grã-Bretanha.
Citado no comunicado de imprensa
do banco na noite de domingo, Antonio
Horta-Osório assumiu a responsabilidade.
“Lamento que minhas ações
tenham causado dificuldades para o
banco e comprometido a capacidade
de representá-lo interna e externamente
[...]; portanto, acredito que neste
momento crucial minha demissão
é do interesse da instituição e de suas
partes interessadas”, declarou.
Sucessão decidida
O lugar de Antonio Horta-Osório será
ocupado por Axel Lehmann, (https://
www.credit-suisse.com/)nomeado em
outubro de 2021 para a direção do
banco. O executivo suíço com longa
experiência em outras instituições financeiras
do país, havia sido nomeado
para chefiar o comitê de controle
de risco do banco. Lehmann, 61 anos,
tem doutorado em administração de
empresas e também trabalha como
professor titular na Universidade de St.
Gallen.”Gostaria de agradecer à diretoria
do Credit Suisse pela confiança que
ela depositou em mim e espero trabalhar
ainda mais estreitamente com
com o conselho de administração e
direção do banco”, diz Lehmann. Estamos
no caminho certo”, acrescenta,
“com a nova estratégia e continuaremos
a incorporar uma cultura de risco
mais forte em toda a empresa. Ao
executar nosso plano estratégico de
forma oportuna e disciplinada, sem
distração, estou convencido de que o
Credit Suisse demonstrará a força renovada
e o foco nos negócios necessários
para gerar valor sustentável para
todas as nossas partes interessadas.
”(*) tvsvizzera.it/mar con Keystone-ATS
Autor rescreve segundo a variante
brasileira da Língua Portuguesa
Nenhum segredo
Confie no crédito pessoal suíço sem
segredo - Defendemos uma
transparência a 100%
privatecredit.cg24.ch
AVISO LEGAL: A CONCESSÃO DE CRÉDITO É PROIBIDA CASO CONDUZA A UM ENDIVIDAMENTO EXCESSIVO
(ART.º 3.º DA UWG (LEI RELATIVA À CONCORRÊNCIA DESLEAL)).
UM PRÉ-REQUISITO PARA A CONCESSÃO DE CRÉDITO É UMA VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO BEM SUCEDIDA.
10 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
11
Finanças
Publicidade
CRÉDITO
PRIVADO
SEM
FÓRMULA
SECRETA
ENTREVISTA a
NILTON RAPOSO DE GOIS
gestor de vendas da CG24
A CG24 Group SA (“CG24”), a maior plataforma
de financiamento colaborativo na Suíça, lançou
recentemente uma nova página web apenas
para utilizadores privados com o slogan
“O seu empréstimo pessoal sem fórmula secreta”.
Nesta edição, damos as boas-vindas a
Nilton Raposo de Góis, Gestor de vendas e perito
em empréstimos pessoais na CG24 Group
SA, que nos dará mais pormenores.
— “O seu empréstimo pessoal sem fórmula secreta”.
O que é que isso significa exatamente?
Um empréstimo pessoal pode ser útil em várias
situações. Antes de mais, é importante compreender
que um empréstimo só por si não é
benéfico nem prejudicial, depende sempre da
situação em que cada um de nós se encontra
e a finalidade do mesmo. Um empréstimo pessoal
pode ajudar a conseguir atingir objetivos
mais rapidamente. Por exemplo, se alguém
quiser realizar um sonho, ajudar a sua própria
empresa a crescer mais rapidamente ou efetuar
algumas mudanças na própria vida.
No entanto, muitas pessoas têm um sentimento
de desconforto quando solicitam um emprésti-
Nilton Raposo de Gois, gestor de vendas da CG24
poso de gestor de ventas da CG24
mo pessoal. Não recebem aconselhamento
pessoal suficiente, não compreendem
as condições propostas
ou o pedido de empréstimo é rejeitado
sem uma explicação detalhada.
A CG24 gostaria de neutralizar esta
incerteza com o empréstimo pessoal
sem fórmula secreta.
A transparência e a comunicação
com os clientes são muito importantes
para nós. Pessoas com necessidade
de solicitar um financiamento,
devem ser informadas sobre qual o
montante de empréstimo que podem
pedir, quais as condições e o que podem
num futuro próximo alterar para
obter uma proposta mais satisfatória.
Ao mesmo tempo, devem ter ao seu
lado um parceiro competente como a
CG24 que durante o período de duração
do contrato de crédito pessoal vai
sempre informando os seus clientes
sobre o respectivo. Não ter uma fórmula
secreta significa que os nossos
clientes compreendem realmente o
seu crédito e tudo à sua volta.
— Interessante! Quem é exatamente
a CG24 Group SA e porque é que esta
transparência é tão importante para
vocês?
A CG24 Group SA é uma plataforma
de financiamento colaborativo e
foi lançada em 2015 com a ideia de
“peer-to-peer”.
Isto significa que ligamos os requerentes
de crédito aos investidores -
rápido e facilmente. Os investidores
financiam os empréstimos pessoais
dos clientes mutuários, portanto não
é a CG24 que financia com dinheiro
próprio, mas sim os investidores. A
confiança e a transparência são importantes
para que mutuários e investidores
possam usufruir simultaneamente
dos benefícios de baixos
custos e de serviços rápidos. Em comparação
com os bancos tradicionais e
outros fornecedores de empréstimos,
como uma empresa pequena e online,
temos processos rápidos e podemos
responder individualmente aos
nossos clientes. Os nossos mutuários
beneficiam assim de empréstimos flexíveis,
rápidos e acessíveis, bem como
de um processo de avaliação de crédito
simples e direto.
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A transparência e a comunicação
com o cliente é muito importante
para nós.
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— Quem pode obter um empréstimo
da CG24?
Em princípio, qualquer pessoa pode
solicitar um empréstimo, desde que
sejam cumpridos os seguintes requisitos:
. Idade mínima de 18 anos
. Pelo menos uma autorização de residência
B (se não tiver um BI suíço ou
do Liechtenstein)
. Residência (durante pelo menos 12
meses) na Suíça ou no Principado do
Liechtenstein
. Sem penhoras ou dívidas em execução
. Rendimento regular e/ou garantias/
activos
Significa que mais pessoas têm acesso
ao crédito com a CG24 do que com
os chamados fornecedores de crédito
tradicionais.
— E que vantagens concretas me oferece
a CG24 como mutuário?
. Financiamento favorável: taxa de
juro efectiva a partir de 4,9 %.
. Verificação de crédito rápida: os
nossos clientes recebem uma proposta
de crédito completa dentro de algumas
horas após a sua solicitação ao
crédito.
. Compreensível e transparente: O
nosso objectivo é tornar os nossos
produtos tão compreensíveis e transparentes
quanto possível.
. Financiamento sensato e adequado
às necessidades individuais: Também
examinamos situações especiais
e complicadas sem reservas.
. Facilidade de comunicação: estamos
presentes para os nossos clientes.
Podemos ser facilmente contactados
através de canais de comunicação favoráveis
ao cliente tais como o WhatsApp
e oferecer comunicação ao
cliente em português, alemão, francês,
italiano e inglês.
— Quem é a minha pessoa de contacto
no CG24 em português?
É bem-vindo a contactar-me directamente
em português. Além disso, temos
na CG24 outros funcionários que
falam igualmente português para o
melhor servir.
Falámos com Nilton de Góis.
Quem é Nilton de Góis?
Nilton de Góis é Gestor de vendas da
CG24 Group SA e tem muitos anos
de experiência em empréstimos pessoais.
Endereço de correio electrónico:
nilton.gois@cg24.com
Número de telefone:
044 244 30 28
Número de telefone móvel:
077 910 10 10
12 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
13
Almoço dos amigos
do Centro Lusitano
de Zurique.
Armindo Alves
No dia 28 de Janeiro o Centro
Lusitano realizou o primeiro
convívio com uma
deliciosa feijoada.
Este almoço nasceu há mais
duas décadas, uma iniciativa
do Luís Esteves, que era
na altura o responsável pelo
restaurante do Centro Lusitano.
Este almoço realizava-se
uma vez por mês. Ao
longo do tempo, as coisas
foram mudando e por último
só se efectuava este almoço
uma vez ao ano, na
época natalícia.
Os últimos dois anos tem
sido difíceis e socializar tornou-se
uma tarefa difícil, de
início o medo do vírus, encerramento
da restauração
e os locais de convívio, limitações
de espaços e separação
de grupos (vacinados e
não vacinados).
O ser humano é muito cómodo
e de momento não
tem vontade de sair de casa,
daí a iniciativa dos almoços
de socialização.
O próximo será no dia 26 de
Fevereiro e teremos um delicioso
pica-no-chão!
Quem quiser participar seria
oportuno reservar, porque
os lugares são limitados!
São todos bem-vindos, pois
conviver é saudável e faz
parte da vida!
14 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
15
AGENDA
Informações
MAPS (*)
Caros leitores, um certificado
de Covid é exigido para muitos
eventos. É importante que você
continue a seguir as medidas de
proteção contra o coronavírus.
Você pode encontrar uma visão
geral das medidas atuais em vários
idiomas em www.stadt-zuerich.ch/coronavirus.
Por favor,
informe-se antes de participar
de um evento. Apesar de tudo,
a equipe da MAPS deseja a você
um bom momento!
DOMINGO
6.2.
(*) Escrito na variante brasileira
da Língua Portuguesa
VISITA GUIADA À VILA HISTÓ-
RICA
A “Villa Patumbah”, de 1885, é uma
obra-prima da arquitetura. Sempre
no último domingo do mês, acontece
uma visita pública guiada das 14:00h
às 15:00h. A visita guiada está incluída
na taxa de entrada. Com N-/F-Ausweis
e com KulturLegi CHF 5.- (ao invés de
CHF 10.-).
Villa Patumbah. Zollikerstr. 128.
Tram 2/4 oder Bus 33/912/916 bis
“Fröhlichstrasse” oder Tram 11 oder
Bus 31/33/77 bis “Hegibachplatz”.
www.heimatschutzzentrum.ch
SEGUNDA-FEIRA
7.2.
A TAREFA DAS ABELHAS EM
ZURIQUE
As abelhas não produzem apenas
mel, mas também garantem a reprodução
das plantas. Junte-se a nós esta
noite para uma conferência on-line
sobre as abelhas silvestres. Os especialistas
informarão sobre a importância
das abelhas na cidade de Zurique.
19:00-20:30. Grátis. Inscrição requerida
via e-mail em info@stadtwildtiere.
ch até 06.02.
www.stadt-zuerich.ch
TERÇA-FEIRA
8.2.
VISITA VIRTUAL GUIADA PELA CIDA-
DE EM ZURIQUE
O aplicativo “Bux App Zürich” oferece
passeios pela cidade sobre vários
tópicos em Zurique. Passear virtualmente
pelo Niederdorf e aprender,
por exemplo, fatos emocionantes sobre
a vida do político e poeta de Zurique
“Gottfried Keller”.
www.bux-app.ch
QUARTA-FEIRA
9.2.
PREPARAR AS FANTASIAS
PARA O CARNAVAL
Fevereiro e março é época de carnaval
na Suíça! É chamado de “Fasnacht”. A
“Altstadthaus” oferece oficinas de artesanato
para que as crianças criem
fantasias divertidas. 14:00-17:00. CHF 8.-.
Altstadthaus. Obmannamtsgasse 15.
Tram 3 oder Bus 31 bis Haltestelle
“Neumarkt”.
www.altstadthaus.ch
QUINTA-FEIRA
10.2.
APRENDER A TRABALHAR
Como encontrar um emprego na Suíça?
A “Caritas” está organizando hoje
um evento informativo sobre o mundo
do trabalho na Suíça. O evento será
traduzido do alemão para espanhol,
português, italiano e inglês. Para outras
línguas e mais informações, contate
lernlokal@caritas-zuerich.ch ou
ligue para 044 366 68 68. Inscrição requerida
até 03.02. 14:00-16:00. Grátis.
Stadt Zürich Laufbahnzentrum. Konradstr.
58.
Tram 4/13/17 bis “Museum für Gestaltung”.
www.caritas-zuerich.ch
SEXTA-FEIRA
11.2.
VISITE ZÜRICH-WEST
“Zürich-West” é um bairro dinâmico
da cidade de Zurique. Antigamente
era um bairro industrial, mas hoje
você encontrará bares e lojas modernas.
Há uma bela passarela acima dos
arcos ferroviários. A “Freitag Tower”
com 17 contêineres marítimos empilhados
uns sobre os outros é uma
atração principal por ali! Aproveite o
incrível panorama da cidade de Zurique
e dos Alpes a partir desta torre.
Seg-sex 11:00-19:00. Sáb 11:00-18:00.
Grátis.
Freitag Tower. Geroldstr. 17.
Tram 8 oder Bus 31/83/33 bis “Bahnhof
Hardbrücke”.
www.zuerich.com
SÁBADO
12.2.
MERCADOS EM ZURIQUE
Os numerosos mercados da cidade
têm uma grande oferta de flores, legumes
frescos, preciosidades antigas
e especialidades de diferentes países.
Passeie pelas barracas e encontre
algo novo. Informações sobre horários
e locais em: www.zuercher-maerkte.ch.
DOMINGO
13.2.
ARTE MODERNA PARA ADUL-
TOS E CRIANÇAS
A “Haus Konstruktiv” mostra a arte
moderna no estilo do “Konstruktivismus”.
Todos os domingos às 11:15 há
uma visita guiada para adultos e uma
oficina de arte (“Sonntagsatelier”) para
crianças a partir de 5 anos. As crianças
pintam e constroem com materiais
que estão disponíveis. As inscrições
para as oficinas são necessárias e devem
ser feitas no site www.hauskonstruktiv.ch.
Ter/qui-dom 11:00-17:00.
Qua 11:00-20:00. Entrada no museu:
CHF 5.- para adultos com KulturLegi
(ao invés de CHF 16.-). Entrada gratuita
para crianças. Participação na oficina:
CHF 5.- com KulturLegi (ao invés de
CHF 10.-).
Haus Konstruktiv. Selnaustr. 25.
S-Bahn bis “Bahnhof Selnau” oder
Tram 2/9 bis “Sihlstrasse”.
www.hauskonstruktiv.ch
TERÇA-FEIRA
15.2.
ENTRETENIMENTO ONLINE
“Arte” é um canal de televisão franco-alemão.
No site www.arte.tv encontra
reportagens, documentários,
filmes e concertos gratuitos em várias
línguas. Gratuito.
QUARTA-FEIRA
16.2.
VISITA AO KUNSTHAUS ZÜRI-
CH
Para uma quarta-feira criativa visite
o “Kunsthaus”, museu onde encontra
arte suíça e internacional. Entrada
livre à quarta para a coleção de pintura,
escultura, fotografias, videos e
outras obras de arte. Aproveite e visite
hoje gratuitamente as exposições
actuais! Por exemplo, de momento
decorre uma exposição sobre pintura
barroca. Ter/sex-dom 10:00-18:00.
Qua/qui 10:00-20:00. Entrada gratuita
com KulturLegi (em vez de CHF 23.-).
Kunsthaus Zürich. Heimplatz 1.
Tram 3/5/8/9 oder Bus 31 bis “Kunsthaus”.
www.kunsthaus.ch
QUINTA-FEIRA
17.2.
GALERIAS DE ARTE DE ZURI-
QUE
Em mais de 60 galerias na cidade
de Zurique aproveite a possibilidade
de ver diariamente obras de diversos
artistas nacionais e estrangeiros. Entrada
livre. Informações, horários de
abertura e localização em: www.dzg.
ch.
SEXTA-FEIRA
18.2.
CONCERTO DE MÚSICA CLÁS-
SICA
Aprecia música clássica? Então assista
a um concerto hoje à noite no
“Konservatorium Zürich”. Duas artistas
italianas (Margherita Succio e Maria
Semeraro) vão interpretar peças do
século XIX ao piano e em violoncelo.
18:30 (abertura de portas às 17:45). Entrada
livre.
Konservatorium Zürich (Kleiner Saal).
Florhofgasse 6.
Tram 5/9 bis “Kantonsschule”.
www.iiczurigo.esteri.it
Cidadania
16 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
17
SÁBADO
19.2.
MUSEUS E MONUMENTOS VIR-
TUAIS
A “Google” tem uma função chamada
“Art Project”. Descubra virtualmente
17 dos mais relevantes museus em
todo o mundo ou clique em monumentos
como o “Dogenpalast” em Veneza.
Gratuito.
www.artsandculture.google.com
DOMINGO
20.2.
NOITE POLICIAL
Gosta de solucionar enigmas? Todos
os domingos à noite o restaurante
“Piccolo Giardino” mostra uma série
policial. Veja a série com os seus amigos
enquanto janta ou toma um café.
20:15. Comida e bebidas sujeitas a pagamento.
Restaurant Piccolo Giardino. Schöneggpl.
9.
Bus 31/32 bis “Militär-/Langstrasse”.
www.piccologiardino.ch
SEGUNDA-FEIRA
21.2.
ARTE NO ÁTRIO DE ENTRADA
Na esquadra de polícia de Zurique encontra-se
uma obra de arte única. O
artista Künstler Augusto Giacometti
(1877-1947) pintou o átrio de entrada.
Aberto toda a semana das 09:00-11:00
e 14:00-16:00. Necessário mostrar um
documento de identificação pessoal.
Entrada livre.
Stadtpolizei Zürich. Bahnhofquai 3.
Tram 4/15 bis “Rudolf-Brun-Brücke”.
www.stadt-zuerich.ch
TERÇA-FEIRA
22.2.
TRABALHOS MANUAIS PARA
CRIANÇAS
Às terças e às quartas-feiras crianças
a partir dos 5 anos encontram-se no
atelier, onde podem fazer trabalhos
manuais, pintar e desenhar com diversos
materiais. 14:00-16:00. Pague entre
CHF 5.- e CHF 15.-. Online encontra o
programa do centro “MegaMarie”.
Marie Meierhofer Institut für das Kind.
Pfingstweidstr. 16.
Tram 4/8 und Bus 33/72 bis “Schiffbau”.
www.mmi.ch
QUARTA-FEIRA
23.2.
DANÇA NA ÓPERA
À quarta-feira a “Opernhaus Zürich”
organiza workshops de dança gratuitos,
em que pode conhecer danças
como ballet ou dança moderna.
Não são necessários conhecimentos
prévios de dança. Quarta-feira, 19:00-
21:00. Participação gratuita.
Opernhaus Zürich. Sechseläutenplatz
1. Ballettsaal A.
Tram 2/4 oder Bus 912/916 bis “Opernhaus”.
www.opernhaus.ch
SEXTA-FEIRA
25.2.
OBSERVAR AVIÕES NO AERO-
PORTO
Gosta de aeronáutica? No “Flughafen
Zürich” pode observar os aviões a partir
da plataforma B, ver os pilotos no
cockpit e obter informações sobre os
aviões. Também encontra um parque
infantil para as crianças. Não é necessário
mostrar certificado Covid, mas
é obrigatório usar máscara. Qua/sáb/
dom 10:00-18:00 de Janeiro a Março.
De Abril a Setembro aberto diariamente
das 10:00-18:00. CHF 5.- a partir
dos 16 anos. CHF 2.- para crianças dos
10 aos 16 anos. Gratuito para crianças
com menos de 10 anos.
Flughafen Zürich. Check in 2. Observation
Deck B.
Sbahn bis “Zürich Flughafen”.
www.flughafen-zuerich.ch
SÁBADO
26.2.
FESTA NO CENTRO COMUNI-
TÁRIO
Hoje à noite vá ao “Quartierbar” do
centro comunitário (GZ) Witikon! Há
música e um bar com diversas bebidas.
O ambiente é ideal para fazer
novos amigos. Necessário apresentar
certificado Covid e usar máscara (a
partir dos 16 anos). 19:00-23:59. Entrada
livre.
GZ Witikon. Witikonerstr. 405.
Bus 31/701/703/704 bis “Loorenstrasse”.
www.gz-zh.ch
DOMINGO
27.2.
JOGO DE FUTEBOL DA EQUIPA
DO FCZ
Gosta de futebol e de Zurique? Então
apoie o “Fussballclub Zürich” (FCZ)
hoje à tarde! A equipa de Zurique joga
contra Berna para a “Schweizer Super
League”. 16:30. 50% de desconto
com KulturLegi. O escritório da MAPS
oferece 2×2 bilhetes para um jogo do
FCZ à sua escolha. Basta ligar: 044 415
65 89 ou enviar o seu endereço postal
para: maps@aoz.ch.
Betriebsgesellschaft FCZ AG. Helen-
-Keller-Strasse 60.
Tram 2/3/8/9/14 bis “Stauffacher”.
www.fcz.ch
DOMINGO
27.2.
DESPORTO GRATUITO PARA
CRIANÇAS
Os seus filhos gostam de desporto?
Aos domingos a “Dreifachhalle Hardau”
está aberta para crianças desde
o jardim infantil até ao 6º ano até 27
de Março. Com profissionais podem
fazer ginástica ou jogar basquetebol,
por exemplo. 10:00-13:00. Gratuito.
Dreifachhalle Hardau. Bullingerstr. 80.
Tram 2 bis “Letzigrund”.
www.stadt-zuerich.ch
SEGUNDA-FEIRA
28.2.
MUSEU POLICIAL
Como é que a justiça se tem desenvolvido
em Zurique? Como eram castigados
os criminosos antigamente? Visite
o “Kriminalmuseum” na polícia cantonal
“Kantonspolizei Zürich”, onde
pode conhecer a história da polícia
em Zurique e o trabalho que hoje é
desempenhado. Seg-sex 09:00-16:00.
Gratuito.
Kriminalmuseum der Kantonspolizei
Zürich. Kasernenstr. 29.
Tram 3/14 oder Bus 31 bis “Sihlpost/HB”.
www.zh.ch
Neurociência
Publicidade
Inteligências
fracassadas
V NELSON S. LIMA
Praticamente todos os animais - incluindo o homem - nascem dotados de uma
inteligência magnífica que lhes permite estarem preparados para enfrentar a
vida com êxito (e quero dizer com isto serem capazes de criar o seu próprio caminho
utilizando os seus recursos e potencialidades).
Infelizmente, existem mil e um perigos a rondar a inteligência. E não são apenas
as doenças ou os acidentes que a podem ameaçar.
São, sobretudo, os abusos do poder de qualquer tipo de autoridade (incluindo
a paternal), educação, egoísmo, hipocrisia, mentira, ilusões instaladas, violências
psicológicas, abandonos, indiferenças, castrações e medos.
Geram-se assim inteligências fracassadas. E há tantas por esse mundo fora, desde
a que sacrifica o animal pelo abandono, a perseguição ou o mau-trato até
ao ser humano a quem, desde o berço, se procura impedir que se libertem os
poderes da uma inteligência triunfante!
18 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
19
A selecção é um
dos objectivos
- Letícia Rodrigues Fernandes
Letícia Rodrigues Fernandes, nascida
em Zurique, jovem guarda-redes portuguesa
de apenas 15 anos, natural S.
Romão (Seia) actualmente a jogar no
FC Adliswil tem qualidades para voos
mais altos na sua carreira desportiva.
Jorge Macieira
Jorge Macieira — Com quantos anos começou a
jogar futebol e quem, ou, o que a inspirou ou influenciou
a jogar?
— Letícia Fernandes — Comecei com 5 anos a jogar
no futebol escolar e depois foi para o Benfica Clube
de Zurique, experimentar jogar e a partir daí passei
a gostar.
J M — Sempre foste guarda-redes, ou jogaste noutra
posição?
— L F — Sempre foi guarda-redes, não experimentei
outras posições.
J M — O que te levou a gostar de ser
guarda-redes?
— L F — Uma parte foi o meu primo
ser guarda-redes também e por
gostar de fazer defesas e voar para
a bola.
J M — Você tem alguma superstição
ou ritual antes do jogo?
— L F — Não é uma questão de
dar sorte, mas quando chegou
ao campo, gosto de ir tocar nos
dois postes e na barra.
— L F — Considero-me forte nos cruzamentos e defesas
de 1 para 1 e também a jogar a bola com os
pés.
J M — Sentes que e fácil conciliar estudos com o
futebol?
— L F — Sempre consegui conciliar tudo até agora e
espero continuar a conseguir, mesmo quando der
um salto maior na carreira.
J M — Como é que correm os estudos?
— L F — Tem corrido muito bem, estou agora na fase
de procurar a lehr.
J M — Como é que gostavas de continuar a carreira?
— L F — Gostava de chegar a uma equipa que me
ajudasse a melhorar as minhas capacidades e me
ajudasse a desenvolver como guarda-redes. Alguns
clubes falaram comigo há 1 ou 2 anos; Grasshopers,
Lagnau e o Wipkiking
J M — Alguma vez fez parte dos teus planos tornares-te
jogadora profissional?
— L F — Gostava de chegar a uma equipa de primeira
divisão suíça e depois poder passar para uma
equipa grande portuguesa de preferência o Benfica.
J M — Objectivo de chegar a selecção nacional?
— L F — Sim, claro chegar à selecção é um dos objectivos
que tenho e gostava muito.
J M — À portuguesa, ou a Suíça?
J M — Para quem nunca te viu
jogar, como te descreves? Quais
as tuas maiores qualidades
como guarda-redes?
— L F — À portuguesa sem dúvidas. É meu objetivo,
mas se não conseguir,tentarei a selecção helvética.
20 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
21
Espectáculo
Espectáculo
Pedro Vieira
Armindo Alves
Lusitano de Zurique — Quem é o
Pedro Vieira?
Pedro Vieira - Sou eu mesmo sem
filtros, sem manias, e sem maldade.
Super-divertido, educado, gosto de
gostar de todas as pessoas.
Ligado aos seus amigos, à família e
sobretudo à vida.
Lutador, trabalhador, e também sonhador.
LZ - Fala-nos um pouco sobre
quando decidiste enveredar para a
música...
PV - Eu comecei a cantar desde os
meus 12/13 anos, havia ali já uma ligação
à música. A minha avó inclusive
já nessa idade colocou-me na
escola profissional de música. Onde
comecei pelo piano e logo a seguir
pelo cântico. Mais à frente quando
emigrei para o Luxemburgo, comecei
pelos karaokes e ali começou a
despertar mais e mim a vontade de
ser cantor profissional.
Chegando então aos 20 anos, foi o
Alexandre Faria que me deu a mão
gravando-me dois temas. Apresentou-me
ao "Padrinho" Nel Monteiro,
e tudo começou ali.
LZ -Tens formação musical?
PV - - Tenho sim. Na escola musical
do Porto.
LZ -Quais são as tuas influências
musicais?
PV - A minha avó, ela é cantora de
coro e tem uma voz de ouro.
LZ -Qual a importância da música
para ti?
PV - Não há palavras para descrever.
Sem a música, eu e (todos) não conseguíamos
ser felizes.
A Música faz parte, é vida, é alma, é
preencher os vazios.
LZ -O que achas ser mais importante
na vida, dinheiro ou fama?
PV - O mais importante é mesmo ter
saúde, comida na mesa, trabalho.
Na área de artista, as duas coisas
são fundamentais. Fama para reconhecerem
o meu trabalho, dinheiro
para investir nele.
LZ -Como um artista novato, qual o
teu maior obstáculo?
PV - Só tenho 2. Apesar de já ter
viajado pelos 4 cantos do mundo a
cantar os meus temas, desejo ainda
cantar no Coliseu do Porto e de Lisboa.
Julgo ser o auge na carreira.
LZ -Como pensas que será a tua carreira
daqui 15 anos?
PV - Que seja desta forma. Ter um
público que me acaricia bastante,
ouvirem as minhas músicas e a minha
voz. E sobretudo ficar o nome
registado na música portuguesa.
LZ -Já alguma vez pensaste em desistir
de tudo?
PV - Sim, já, houve situações em que
o pensamento era mesmo esse...
mas Deus, deu me luz de novo.
LZ -Porquê “artista romântico”?
PV - Porque o romântico é lindo.
Cantar os temas mais lindos, tanto
em forma masculina como feminina.
Aquelas letras de amor, que
saem de coração.
E o espectáculo torna-se mais intenso.
Entre mim e o público.
LZ -Qual é a música nacional com a
qual te identificas?
PV - Sonhos de menino. Tony Carreira.
LZ -E internacional?
PV - Gustavo Lima, sem dúvida a
maior referência musical e referência
de artista.
LZ -O que pensas do panorama musical
actual?
PV - Infelizmente, não se dá tanto
valor ao que é nosso (nacional) passam
mais músicas inglesas nas rádios
do que do próprio país.
Mas sei que isso vai mudar. Pois, temos
voz, temos poder e somos uma
nação unida. E como costumo dizer
“querer é poder ”
LZ -Qual o conselho que dá àqueles
que sonham com o estrelato?
PV - Lutar, lutar, e lutar. Persistir, não
baixar os braços. Ouvir os nãos, ouvir
os sims. Dedicação e de coração
leve, chegaremos lá.
LZ -Vives para a música e vives da
música?
PV - Sim, graças a Deus. Dá para pôr
comida na mesa, um dos maiores
luxos.
LZ -Uma palavras para os portugueses
na Suíça?
PV - Adoro a Suíça. Emigrei também
para cá há 5 anos.
Mas tenho oportunidade de estar
sempre no meu país devido à minha
profissão.
Deixo a mensagem de agradecimento,
a todos os portugueses na
Suíça, pelo carinho. E dizer também,
que Portugal está à vossa espera.
22 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
23
Plebiscito pode proibir
testes com animais na Suíça
Grupo de pesquisa aponta
racismo sistêmico na Suíça
Manifestação anti-racismo em Biel, setembro 2020. Keystone / Adrian Reusser
Julie Hunt/Swissinfo
Suíça tem em 13 de fevereiro de 2022 o quarto plebiscito
sobre a proibição de testes científicos com animais.
A iniciativa (n.r.: um projeto de lei levado à referendo após
o recolhimento de um número mínimo de assinaturas de
eleitores) exige o fim de todas as experiências em seres humanos
e animais, assim como a proibição da importação
de novos produtos desenvolvidos com tais métodos.
A proposta foi lançada por um grupo de cidadãos, do qual
fazem parte médicos, terapeutas e agricultores. Eles são
apoiado por cerca de 80 organizações ecológicas, de proteção
dos animais e de adeptos da medicina alternativa.
Aproximadamente 556 mil animais foram utilizados em
pesquisas médicas e científicas na Suíça no ano passado,
como informa o Depto. Federal de Segurança Alimentar e
Veterinária.
Em números, houve uma queda de 18% em relação a 2015,
quando a tendência de declínio começou. Entretanto, cerca
de 1.400 animais foram submetidos a experimentos de
grau 3 (+7,8%), o que significa: foram testes que causam
grande dor aos animais.
Os defensores do projeto de lei afirmam que os testes devem
ser proibidos para evitar sofrimento aos animais, ressaltando
que existem formas alternativas de pesquisa.
Já o Parlamento suíço considerou o projeto de lei pouco
efetivo e teme que sua aprovação prejudique a pequisa
realizada no país. A maioria dos deputados e senadores
defende a legislação atual, que só permite testes com animais
se não houver métodos alternativos disponíveis.
Os eleitores na Suíça já rejeitaram três propostas semelhantes
em plebiscitos: 1985, 1992 e 1993.
Adaptação: Alexander Thoele
Vídeo: https://tinyurl.com/animais-1
Autor rescreve segundo a variante brasileira
da Língua Portuguesa
swissinfo.ch/ets, Keystone-SDA/dos
Os negros na Suíça enfrentam discriminação diariamente,
assim como sério perfilamento racial por parte da polícia,
afirmou um grupo de trabalho das Nações Unidas.
Após uma missão de averiguação de dez dias, o grupo disse
numa declaraçãoLink externo na quarta-feira que estava
"preocupado com a prevalência da discriminação racial e
com a situação dos direitos humanos das pessoas de ascendência
africana na Suíça".
Um documento de 59 pontos delineou os vários problemas
enfrentados pelos negros no país, incluindo o que chamou
de "relatórios chocantes de brutalidade policial e a expectativa
de impunidade por má conduta policial, que se estende
por décadas".
Eles mencionaram especificamente o caso de Nzoy Roger
Wilhelm, morto a tiros pela polícia em Morges no ano passado,
bem como vários outros casos que representam o que
eles chamaram de perfil racial, e para os quais faltam dados
centralizados e um mecanismo de revisão independente.
O grupo também disse que o caso de Brian K - um criminoso
violento reincidente altamente mediatizado, mantido
em isolamento em Zurique - foi um "exemplo flagrante de
racismo sistêmico na Suíça".
O grupo de trabalho também criticou um "insuficiente reconhecimento"
dos laços suíços com o colonialismo e o tráfico
de escravos africanos, que diz estar diretamente ligado
à riqueza moderna do país, notadamente através dos lucros
obtidos pelos bancos e indústrias ligadas à escravidão no
passado.
De 17 a 26 de janeiro, os membros do grupo viajaram pela
Suíça e se encontraram com pessoas de ascendência africana,
bem como com políticos, representantes da polícia, e
grupos da sociedade civil.
E apesar da maioria da declaração ser negativa, o grupo
listou várias "boas práticas e medidas positivas" tomadas
para combater o racismo, incluindo medidas para criar uma
instituição nacional operacional de direitos humanos.
Seu relatório final será apresentado ao Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas em setembro de 2022.
© tiburi
Autor rescreve segundo a variante brasileira
da Língua Portuguesa
24 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
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CRÓNICA - do nosso cantinho para o vosso Cantão
Luís Fernando
Martins Rosinha
BIOGRAFIA
Luís Fernando Martins Rosinha, 38 anos, casado, Engenheiro
Técnico Civil com formação na Escola Superior
de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Portalegre.
Iniciou o seu percurso profissional no ano de 2005, nas
funções de Diretor de Obra, sobretudo na área da construção
e reabilitação de vias de comunicação e onde se
manteve até ao ano de 2016.
Foi vereador da Câmara Municipal
de Campo Maior, pelo Partido Socialista,
de 2013 até 2021, sendo
que desempenhou funções de
vereador a tempo inteiro de
2016 a 2021.
Atualmente é Presidente
da Câmara Municipal de
Campo Maior, tendo tomado
posse nestas funções
em outubro de
2021.
AS FESTAS DO POVO
V ARAGONEZ MARQUES
Entrevista de Aragonez
Marques ao Presidente da
Câmara de Campo Maior.
Como começaram as Festas do Povo?
— As Festas do Povo de Campo Maior
têm a sua origem no final do século XIX
e na devoção popular a S. João Baptista,
santo padroeiro de Campo Maior.
No seu início, as ruas eram decoradas
com elementos naturais, como folhagens
e ramos, e é precisamente daqui
que nasce o conceito de “enramação”. A
partir do século XX começam a surgir os
motivos feitos de papel, com predominância
para as flores, que acabam por
se tornar no elemento principal das celebrações.
Eram também conhecidas como “Festas
dos Artistas”, em referência aos seus
principais promotores, que tinham uma
“arte” ou “ofício” não ligados aos trabalhos
agrícolas.
O que se faz ao papel no final do
evento?
— Os trabalhos mais minuciosos e com
mais pormenores acabam por ser guardados
pelos campomaiorenses que os
usam como decoração nas suas casas
e para oferecer a familiares e amigos. É
também normal que os vários comércios
e restaurantes da vila acabem por
aproveitar muito desse material para decoração.
Os visitantes, no último dia da festa,
aproveitam para levar como recordação
muitas das flores e/ou outros elementos
das ruas.
Todo o restante papel, na sua maioria os
tetos, são posteriormente encaminhados
para reciclagem.
Quando será o próximo evento?
— As Festas do Povo estavam marcadas
para 2020. Infelizmente, devido ao aparecimento
da pandemia por COVID-19,
tiveram de ser canceladas.
Não foi possível realizá-las nem em 2021,
nem o será em 2022, pelo que prevemos
que, se a pandemia o permitir, a próxima
edição possa decorrer em 2023.
Estas são umas festas com um cariz
marcadamente popular em que o convívio
desempenha um papel fundamental,
pelo que se as pessoas não se puderem
juntar para preparar as suas ruas e
para fazer flores ao serão, as festas não
se conseguem realizar.
Para além disso, o grande número de
visitantes que recebemos em cada edição
é só por si proibitivo em tempos de
pandemia.
Qual o número de visitantes em cada
edição?
— Na última edição recebemos em Campo
Maior cerca de 700.000 visitantes durante
os 10 dias das festas.
Uma palavra para os emigrantes portugueses
na Suíça
— Deixo aqui um forte abraço a todos os
portugueses emigrados na Suíça, em especial
a todos os campomaiorenses que
aí trabalham e têm as suas vidas. Este reconhecimento
das Festas do Povo pela
UNESCO, é também vosso.
Qual o sentimento dos campomaiorenses
pelo reconhecimento?
— A elevação das Festas do Povo a Património
Cultural Imaterial da Humanidade
pela UNESCO encheu os campomaiorenses
de orgulho.
CRÓNICA
Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO
Este é um reconhecimento histórico que
é feito aos campomaiorenses e a todos
os nossos antepassados que, independentemente
da sua posição social, ao
longo de mais de um século, têm mantido
vivo o espírito das Festas do Povo.
É a arte de todo um povo, o trabalho de
várias gerações de campomaiorenses
que ao longo dos anos passaram este
conhecimento aos seus filhos e filhas
que foi agora reconhecido a nível mundial.
O que está a ser feito para a continuidade
do evento?
— As Festas do Povo estão bastante enraizadas
em Campo Maior e nos campomaiorenses,
pelo que a continuidade
das mesmas não está em risco.
No entanto, é necessário cuidar e estimular
o amor pelas Festas. Nesse sentido
o Município de Campo Maior, em estreita
colaboração com a Associação das
Festas do Povo, tem vindo a desenvolver
um trabalho que pretende salvaguardar
este património.
Para além do conhecimento que é passado
de forma intergeracional, há todo
um trabalho que é realizado nas escolas,
seja através de pequenos projetos em
cada sala, seja através das Atividades de
Enriquecimento Curricular que ensinam
os alunos a fazer flores de papel, que
fazem com que esta seja uma tradição
bastante viva na comunidade.
Vamos em breve inaugurar o Centro Interpretativo
das Festas do Povo – “Casa
das Flores”, um espaço onde os visitantes
podem viver o espírito das Festas através
de uma visita multimédia em que podemos
ficar a conhecer não só a História do
evento, como participar de forma virtual
em todo o processo que acontece desde
o anúncio das Festas até à noite mágica
da “enramação”.
Aproveito aliás, para deixar o convite a
todos os leitores do “Lusitano de Zurique”,
para que nos visitem quando vierem
a Portugal. Não se vão arrepender!
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Retratos contados...
Diário de uma avó e de um neto
Alice
Vieira
Nélson
Mateus
Cultura
© wikipédia
V NELSON MATEUS (*) V ALICE VIEIRA (*)
Pelos caminhos
de Portugal
Querida avó como estás?
Como tem corrido essa estadia pela Ericeira?
Tens visto as notícias? As coisas pelos aeroportos têm
estado caóticas.
Imensa gente que veio de férias, a Portugal, que agora
estão horas no aeroporto para realizarem as viagens de
regresso. Uns porque os voos são cancelados (por falta
de pessoal), outros porque estão horas para fazer os testes
à Covid-19… tem sido bastante complicado.
Por falar em aeroportos que saudades tenho de viajar!
Como sabes, temos sido muito solicitados para realizar
Tertúlias em Portugal Continental e Ilhas. Nessas tertúlias,
através do nosso livro, levamos os participantes a
uma viagem às memórias de Portugal, falamos sobre
valorização dos mais velhos, envelhecimento ativo e
muito mais.
Para além de levar a cabo essa missão, estas viagens vão
servir também para conhecer melhor o nosso país, as
nossas tradições e as diferenças entre as regiões.
Agora lembrei-me da canção do Mário Gil “Pelos caminhos
de Portugal”.
Nessa canção, que marcou uma geração, Mário Gil levava
os ouvintes a uma viagem a Portugal, onde referia várias
vezes “Pelos caminhos de Portugal, Eu vi tanta coisa
linda, Vi um mundo sem igual.”
Começava por referir cidades da região da Grande Lisboa
depois levava-nos a dezenas de cidades de todos os
pontos de Portugal continental e ilhas, como não podia
deixar de ser.
Realmente, apesar de ser um pais tão pequeno, é uma
pais com imensa coisa para descobrir e com diferenças
abismais entre regiões.
Um pouco daquilo que pretendo fazer este ano com as
Tertúlias. Indo a menos locais! Não que não tenhamos
fôlego, e vontade, mas não conseguimos ir a todos os
locais que gostaríamos em apenas um ano.
Estou aqui a pensar que será interessante ir partilhando
essas viagens no nosso “Diário”. Desta forma partilhamos
locais com interesse, tradições e muito mais.
O que te parece?
Vens a Lisboa antes das eleições?
Bjs
Querido neto,
Pois é, há muito quem viaje, há quem fique em
casa, como dizia a minha avó, cada um é como cada qual.
Antes da pandemia eu não parava em casa. Agora, o mais
longe que fui foi a Torres Novas, onde vive o meu filho. E só
uma vez. Ericeira-Lisboa e já me chega.
Em miúda também viajava muito: o tio que me criava adorava
visitar países diferentes—e sempre de carro, porque
tinha um medo pavoroso de aviões. É claro que às vezes
as viagens eram um pouco rápidas demais. Lembro-me de
termos chegado a Turim, de ele perguntar—como sempre
fazia- onde era o centro da cidade, chegar lá, sair do carro,
olhar em volta e dizer “está visto”. E seguimos logo para
outra cidade, que não se podia perder tempo.
Mas uma das viagens que eu gostava mais de fazer era a
Mondariz, na Galiza. O meu tio tinha um grande amigo, galego,
que lá vivia e, de vez em quando, lá íamos. Ficávamos
num hotel minúsculo onde a D.Clara, a dona, tocava piano
ao jantar. Aquilo era uma desafinação completa mas todos
batíamos muitas palmas.
Foi desde essa altura que fiquei sempre com vontade de
fazer o Caminho de Santiago (e havemos de fazer, vais ver!).
Havia caminheiras que chegavam ao nosso hotel, apoiadas
a um bordão, e eu ouvia-as fascinada. Contavam tudo o
que tinham visto. E o que ainda haviam de ver. Lembro-me
de pensar “ hei-de ir com elas!”
Mas depois ia brincar com o meu amigo Lalo, ligeiramente
mais velho que eu e que, para minha grande inveja, vivia lá
sempre. O Lalo também era criado por um tio—o tal senhor
galego muito amigo do meu.
Os anos passaram, as nossas vidas tomaram outros rumos,
Mondariz tornou-se apenas um lugar esquecido no mapa.
Só o Lalo continuou meu amigo.
Começou a trabalhar na televisão. Resumindo e concluindo:
é o nosso amigo Eládio Clímaco, que tu conheces. E
que, para mim é e há-de ser sempre o Lalo.
Apesar de ires em trabalho, aproveita ao máximo essas
viagens. Pelos caminhos de Portugal vais encontrar coisas
sem igual!
Fica bem. Bjs
(*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico
(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora
www.retratoscontados.pt
https://bit.ly/3dvDigl
https://bit.ly/3dvi3Li
https://bit.ly/3tyuFXN
info@retratoscontados.pt
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CRÓNICA
CRÓNICA
A primeira decisão do novo governo:
rectificar a injustiça
feita aos idosos
São os eternos esquecidos que o novo
Governo do PS não pode continuar a
ignorar.
Em cinquenta anos, Portugal mudou.
De modo radical. Apesar disso, Portugal
continua. Tudo muda, mas o essencial
fica. Ou antes, muito do que é essencial
mantém-se. A língua, a história,
a memória.
Desde os anos sessenta do século
passado, o número de portugueses
aumentou dois milhões, mas agora,
desde há vinte anos, já perdeu mais
de duzentos mil. E só não perdeu mais
porque chegaram umas centenas de
milhares de imigrantes, em maioria
vindos de países não europeus, Brasil e
África à cabeça. A população imigrante
estrangeira residente em Portugal
rondará hoje, incertamente, por causa
dos ilegais, os 5% a 6% do total. Eram
menos de meio por cento, há quarenta
anos, e 3%, há vinte. Apesar disso,
Portugal continua. Mudou de cor, está
a mudar de língua, de gastronomia, de
roupa, de deuses e de costumes, mas
continua.
O envelhecimento da população é a
Apesar desta onda de esquecimento
que envolveu a situação dos reformados
da Segurança Social e dos aposentados
da CGA nos debates entre partidos,
é importante recordar a situação
difícil em que vive a maior parte dos
pensionistas. Por isso, aquele licenciado
em Economia e Doutorado pelo
ISEG utiliza a linguagem fria dos dados
oficiais.
Eis os números, que são como o algodão,
não enganam (ver quadro).
Em 2010, a pensão média de velhice
era ainda superior ao limiar de pobreza
em 6,3%, mas a pensão média de
invalidez era já inferior ao limiar de pobreza
em 12,6%, e a pensão média de
sobrevivência era inferior ao limiar de
pobreza em 47,1%. Em 2020, a situação
em vez de ter melhorado ainda era
pior. Todas as pensões médias eram inferiores
ao limiar de pobreza, incluindo
a pensão de velhice. Efectivamente,
em 2020, como revelam os dados do
INE, a pensão média de velhice era já
inferior ao limiar da pobreza em 1,5%;
a pensão média de invalidez era inferior
ao limiar de pobreza em 16,7%; e a
como tendo o pilar da solidariedade
como trave mestra da sua actividade
política não pode ignorar a realidade:
é urgente alterar a fórmula de actualização
anual das pensões constante da
Lei 53-B/2006.
Apenas esta alteração pode evitar a
condenação dos pensionistas a uma
perda permanente de poder de compra
e a um progressivo empobrecimento
(cf. ROSA, Eugénio, em www.
jornaltornado.pt/esclarecimentos-sobre-as-pensoes/
acedido em 31 de Janeiro
de 2022).
Essa nova fórmula de actualização das
pensões deve ter em conta a inflação
prevista para o ano a que se refere a
actualização, tendo como valor mínimo
a inflação do ano anterior. A este
valor deve acrescentar, nunca deduzido,
determinada percentagem do
crescimento no PIB a preços correntes
do ano anterior a que se refere a actualização
das pensões.
O governo de António Costa não pode
continuar a recusar esta alteração sob
pena de ficar conhecido como o coveiro
da terceira idade e da dignidade dos
Costa Guimarães (*)
Os pensionistas e reformados
eram 120 mil há
meio século, são hoje
perto de quatro milhões,
em Portugal. Em
percentagem da população
adulta, os pensionistas
eram 2%, são
hoje mais de 40%. Por
cada idoso, havia oito
activos, hoje não chegam
a três.
Entre 2011/2015, com Passos/Portas,
as pensões de valor superior a 260€
foram congelados, portanto mantiveram-se
inalteráveis durante 5 anos.
Com os governos de António Costa
(2016/2022), exceptuando os aumentos
extraordinários de 10€ em 2017,
2018, 2019, 2020, 2021, que só beneficiaram
os reformados e aposentados
com pensões muito baixas, de valor
igual ou inferior a 1,5 IAS (664,28€
em 2022), todas as outras tiveram
apenas as seguintes variações: Em
2016: 0%; Em 2017: 0%; Em 2018: Pensões
até 857,80€: +1,8%; superiores a
857,8€ até 2573,4€ : +1,3%; superiores
a 2573,4€: +1,05%; Em 2019: Pensões
até 871,52€: +1,6%; superior a 871,52€
até 2614,56:+0,78%; Em 2020: Pensões
até 877,62€: +0,7%; Superior a 877,62€
até 2632,28€: +0,24%; superiores a
2632,28€: 0%; Em 2021: 0%; Em 2022:
Pensões até 886€: +1%; superior a
886€ até 2659€: +0,49%; superiores a
2659€: + 0,24%.Portanto aumentos de
miséria. E entre 2010 e 2021, os preços
aumentaram 11,6%, segundo o INE.
É por isso que uma das primeiras decisões
do novo Governo tem de ser
esta: rectificar a injustiça que está a
ser feita aos nossos idosos, pensionistas
e reformados.
As pensões médias de velhice, invalidez
e sobrevivência da Segurança
Social em Portugal já são inferiores ao
limiar da pobreza e é urgente alterar a
Lei 53-B/2006 pois, se não for feito, os
pensionistas estão condenados a continuar
a perder poder de compra.
Algumas destas pensões, como acontece
com a pensão do REAA (Regime
especial das Actividades Agrícolas) e
a pensão social (apenas 213,91€), nem
representam metade do valor do limiar
da pobreza em 2020 (em 2022,
limiar da pobreza é superior ao de
2020). E estas duas pensões são as recebidas
por mais de 100.000 pensionistas.
É isso mesmo que é reafirmado em
recente estudo do especialista Eugénio
Rosa, do Gabinete de Estudos da
CGTP—Intersindical, utilizando dados
divulgados pelo INE e pela CGA (Caixa
Geral de Aposentações): a pensão média
de velhice, de invalidez e sobrevivência
paga pela Segurança Social é
já inferior ao limiar da pobreza, e na
CGA existem mais de 200.000 pensionistas
a receber pensões inferiores ao
limiar da pobreza.
A situação dos pensionistas, quer da
Segurança Social quer da CGA, não
constituiu um tema central do debate
eleitoral apesar de constituírem cerca
de 30% da população portuguesa.
realidade mais importante de toda
esta evolução. Os velhos já foram cerca
de um quarto dos jovens, mas são hoje
quase o dobro. Os que têm mais de 65
anos eram, há pouco tempo, 8% da população,
são hoje 24%.
As pessoas a viverem sozinhas já foram
cerca de 10% da população, constituem
hoje um quarto (25%).
Apesar dos aumentos extraordinários
de 10 euros, impostos ao governo pelo
PCP, que só beneficiaram os pensionistas
com pensões até 664 euros em
2022, verificou-se uma redução continuada
e generalizada do poder de
compra dos pensionistas.
pensão média de sobrevivência era inferior
ao limiar de pobreza em 48,9%.
Sem o aumento extra de dez euros, na
CGA, existiam cerca de 100.000 reformados
e aposentados com pensões
inferiores ao limiar da pobreza e mais
100.000 com pensões de sobrevivência
e de acidentes de trabalho também inferiores.
Os aumentos das pensões em 2021
e 20221 inferiores aos aumentos de
preços, os pensionistas continuam a
perder poder de compra e as suas condições
de vida degradaram-se — assegura
Eugénio Rosa.
Assim, um governo que se arvora
pensionistas.
Mais, a Segurança Social apresentou,
em 2020, um saldo global positivo de
2131 milhões de euros e, em 2021 até
Novembro, também um saldo positivo
de 1120 milhões de euros. António
Costa sabe que é possível, sem pôr em
causa a sustentabilidade da Segurança
Social, melhorar as pensões.
Por que não o faz?
(*) António Costa Guimarães,
é Jornalista, foi Capelão
Militar e Director do jornal
Correio do Minho
30 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
31
Crónica
Crónica
Ainda bem que a campanha
acabou para falarmos de
quem é um farol
COSTA GUIMARÃES (*)
Ainda bem que acabou a campanha
eleitoral, para podermos falar de outras
pessoas, mais importantes e faróis
da nossa vida.
De facto, foi muito difícil debater com
uma pessoa que mente e diz uma coisa
e o seu contrário, em dois minutos,
num debate de meia hora. Será que
as nossas televisões estão a destruir a
democracia? Parece, porque elas desbaratam
horas e horas e discutir um
reles jogo de futebol e apenas têm
meia hora para um debate político.
Esse é o verdadeiro cerne — não é
cherne — da questão. Nós jornalistas,
editores e directores de informação
temos a maior responsabilidade pelo
aparecimento destes fenómenos que
nos vão destruir.
Devíamos contestar algumas mentiras
que são proferidas e não o fazemos
— reduzimo-nos a (tri)pés de um
qualquer microfone seguindo um
alinhamento ignóbil: não se discute
economia, educação, saúde, justiça,
segurança social e outras questões
essenciais para todos os portugueses.
Estende-se a passadeira vermelha a
mentirosos. Foi uma quinzena triste
para o jornalismo de causas.
Vimos os debates, que duram 25 minutos,
e depois apareceram-nos uns
senhores e senhoras nos diferentes
canais de TV a dizer-nos, durante horas,
que o que vimos não foi o que vimos,
mas sim o que eles viram.
E em todos os serviços noticiosos continuaram
a aparecer debitando os
seus discursos, até ao próximo debate...
Ainda por cima todos eles (salvo raras
excepções) com agendas políticas
claras. Uns são mesmo políticos de
partido, deputados ou ex-deputados,
ex-secretários de Estado, ex-ministros,
etc. E outros, são ainda gente da comunicação
social com agendas políticas
claras...
A comunicação social portuguesa está
toda tresloucada e de pernas para o
ar, capturada por interesses que lhe
são totalmente estranhos...”
O leitor, perguntará: não estás a exagerar?
Dou apenas um exemplo, para não vos
maçar como aqueles comentadores
anteriormente referidos. Apenas um
jornal português — Público — deu a
notícia da morte de uma das maiores
mulheres árabes, um nome histórico
do feminismo egípcio, escritora (com
dezenas de livros), aos 89 anos: Nawal
El Saadawi. Mais tarde, mais de um
mês após, o semanário Expresso dá-se
conta do lapso e publica um resumo
da sua vida.
A lâmina avançou, cortante e gélida,
com a parteira, a daya, a dizer-lhe que
agia assim por vontade de Deus, que
fora Ele quem ordenara, lá do alto,
que lhe arrancassem aquele minúsculo
pedaço de carne, a pecaminosa vís-
cera entre as pernas. Tinha seis anos,
não mais, ficou banhada num mar de
sangue. A ferida no corpo, levou dias
ou semanas a sarar. O golpe na alma,
esse, permaneceu até ao final da vida,
ocorrido há pouco, aos 89 anos.
Estamos a reproduzir um texto da feminista
e escritora egípcia Nawal el-
-Saadawi, uma líder da luta pelos direitos
das mulheres no mundo árabe,
detida várias vezes e viu as suas obras
serem banidas. Saadawi faleceu no
Cairo e foi enterrada no mesmo dia
num funeral só para familiares, revelou
o seu agente.
Nawal el-Saadawi nasceu a 27 de Outubro
de 1931, licenciou-se em Medicina
pela Universidade do Cairo, e
descreve na sua autobiografia (A Daughter
of Isis, na tradução em inglês)
como cresceu numa cultura patriarcal
onde as raparigas eram sujeitas a abusos,
incluindo o casamento infantil e a
mutilação genital feminina.
Depois de ter sido submetida ao corte
genital, tornou-se activista contra
aquele procedimento quando trabalhava
como médica nas décadas de
50 e 60. Mais tarde, denunciou as autoridades
religiosas islâmicas e o governo
egípcio pela sua defesa de valores
conservadores e escreveu dezenas
de livros que abordavam tabus como
a sexualidade e a prostituição.
“Depois de viajar por todo o mundo…
Descobri que as raparigas são educadas
de uma maneira muito parecida
— estamos todas no mesmo
barco. O sistema patriarcal, capitalista
e religioso é universal”, disse
Saadawi à Thomson Reuters Foundation
em 2018.
Os seus pontos de vista trouxeram-lhe
constantes problemas com as autoridades
no Egipto: foi despedida do
Ministério da Saúde na década de 70
e presa em 1981 depois de ter criticado
o Presidente Anwar Sadat, pouco
antes do seu assassinato. Nos anos 90,
passou um período no exílio depois
de ameaças de morte de militantes
islamitas.
Muitos dos seus livros, que incluem
Women and Sex (A mulher e o sexo) e
The Hidden Face of Eve (A face oculta
de Eva) , foram traduzidos no estrangeiro.
Mas no Egipto, onde era muitas
vezes retratada como uma provocadora
que defendia visões ocidentais,
algumas das suas obras foram denunciadas
e retiradas da circulação.
Saadawi casou-se e divorciou-se três
vezes, deixando dois filhos, a escritora
Mona Helmy e o realizador Atef Hatata.
Nawal El Saadawi nasceu em 1931 em
Kafr Tahla, uma aldeia da província de
Qalyubia, no delta do Nilo, a norte do
Cairo, e era a segunda dos nove filhos
de um funcionário do Ministério da
Educação do Egipto que, por se ter
rebelado contra a ocupação britânica
do país, foi exilado com a família para
aquele local remoto. Da profissão da
mãe nem se fala, sendo mais do que
óbvio que cuidava da casa, do marido
e filhos. Sabe-se que descendia de famílias
otomanas ricas e Nawal sempre
se orgulhou das sus raízes turcas e da
sua pele escura. Apesar de ter autorizado
a ablação (extracção) do clitóris
da filha e de ter querido casá-la aos 10
anos (a mãe opôs-se, com êxito), o pai
era relativamente progressista e incentivou
os filhos, rapazes e raparigas,
a estudarem, a aprenderem árabe e a
confiarem neles próprios e nas suas
capacidades.
Órfã desde muito nova, Nawal teve
de trabalhar para sustentar a família,
o que não a impediu de ter notas excelentes
no liceu e de se formar em
Medicina na Universidade do Cairo,
em 1955.
No ano seguinte, casou com um colega
de faculdade, do qual teve uma
filha e de quem se divorciou dois anos
depois. Casou novamente com outro
médico, por pressão da família, mas
acabaram por se separar pois o marido
opunha-se a que ela escrevesse
livros e tivesse opiniões feministas.
Voltou a casar em 1964 com Sherif
Hatata, um militante comunista que
Nasser acabara de libertar da prisão,
onde estivera encarcerado 13 anos
devido às suas actividades subversivas.
Ao fim de 43 anos, o casamento
terminaria em 2010, por divórcio.
Após ter concluído o mestrado em
saúde pública na Universidade de
Columbia, em Nova Iorque, Nawal foi
nomeada em 1966 directora-geral de
saúde do Egipto.
Em resultado da sua experiência pessoal
e da violência contra as mulheres
que observara enquanto médica,
primeiro na sua terra natal e depois
por todo o país, publicou em 1972 a
sua estreia na não-ficção, Mulheres e
Sexo, uma corajosa denúncia da mutilação
genital feminina e dos maus-
-tratos conjugais que lhe valeu ser
imediatamente demitida do cargo de
directora-geral da saúde, de editora
da revista Saúde, que fundara anos
antes, e de secretária-geral adjunta da
Associação Médica do Egipto.
De 1973 a 1976, trabalhou na Faculdade
de Medicina da Universidade Ain
Shams, no Cairo, a investigar as neuroses
femininas, e, de 1979 a 1980, foi
consultora do programa ONU Mulheres
em África e no Médio Oriente.
O envolvimento na causa feminista,
que a levou a publicar dezenas de
livros de ficção e de não-ficção e a
participar na fundação da revista Confronto,
enfureceu as autoridades religiosas
do país e acabou por ditar a sua
prisão em 1980, às ordens de Anwar
el-Sadat. Na prisão, proibiram-na de
escrever, mas conseguiu redigir clandestinamente
as suas memórias do
cárcere em folhas de papel higiénico.
Foi libertada em finais de 1981, um
mês depois do assassinato do presidente.
A revista Time nomeou-a uma
das 100 mulheres do ano.
Em 1982, fundou a Associação de
Solidariedade das Mulheres Árabes
e a sua intensa actividade em prol
da libertação feminina tornou-a alvo
de ameaças de morte por parte dos
islâmicos radicais, o que a obrigou a
fugir do país em 1993 e a fixar-se na
América, onde leccionou em universidades
de topo: Duke, Washington,
Harvard, Yale, Georgetown, Columbia,
Berkeley, Florida Sate (efoi professora
na Sorbonne). Em 1996, regressou ao
Cairo, onde deu aulas na universidade
e prosseguiu a sua intervenção política,
tendo ponderado candidatar-se
às presidenciais de 2005 e estando na
primeira linha dos protestos da Praça
Tahrir, em 2011.
Galardoada com o Prémio Norte-Sul,
do Conselho da Europa, em 2004, e
com o Prémio Seán MacBride, do Gabinete
Internacional para a Paz, em
2012, era conhecida como “Simone de
Beauvoir do mundo árabe” pelas suas
posições contra a mutilação genital
feminina (e masculina) e o véu islâmico.
Em entrevistas do final da vida,
dizia ser cada dia mais radical, disparando
contra o uso maquilhagem e
de roupas ousadas pelas mulheres,
o fundamentalismo religioso e as peregrinações
a Meca, o imperialismo
ocidental e a invasão do Afeganistão,
o apoio dos EUA a Israel e, inclusive,
o auxílio humanitário americano ao
povo do Egipto, que considerou ser
causa da manutenção da pobreza no
país. Morreu num hospital do Cairo no
passado dia 21 de Março. Três vezes
divorciada, foi mãe de duas filhas que,
ao contrário dela, mas graças a ela,
nunca sentiram o frio de uma navalha
a cortar-lhe a carne e, sobretudo, a dilacerar-lhe
o espírito, até ao fim dos
dias.
(*) António Costa Guimarães,
é Jornalista, foi Capelão
Militar e Director do jornal
Correio do Minho
32 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
33
Entrevista
Entrevista
Continuaremos a escrever história,
de geração em geração
Carina
Gonçalves
Carina Gonçalves é um dos
rostos do Centro Lusitano de
Zurique. Alegre e bem disposta
chegou a terras helvéticas
no ano 1979 e fixou residência
em Zurique. Carina
sempre trabalhou na área de
recursos humanos. Actualmente
trabalha na área de
contabilidade e administração.
Casada e Mãe a Carina
sempre encontrou tempo
para o Movimento Associativo,
nomeadamente no Rancho
do CLZ, onde se trajou,
dançou e manteve-se activa
desde o ano 1997. Sempre
dedicada a esta Associação,
não foi em tempo de pandemia
que esta mulher voltou
as costas ao CLZ. Bem ao
contrário. Podemos observar
a Carina a fazer contas, a servir,
ou mesmo a lavar pratos
e copos na cozinha. Carácter
firme, não tem papas-na-língua,
na hora de dizer a verdade,
doa quem doer. Acredita
na sua forma directa de ser
e gosta muito de roçar a perfeição.
Sabe reconhecer um
elogio, porque sabe o que
significa movimento associativo.
Vingar em família e ser
uma boa pessoa na vida social
está sempre no seu horizonte.
À mesa não dispensa
um prato tradicional da cozinha
portuguesa e o seu preferido
é um bom “estufadinho”
de frango com ervilhas
elaborado pela mãe e umas
boas alheiras caseiras. Não
dispensando também o bom
bacalhau na brasa do CLZ.
V Maria dos Santos
Maria dos Santos — Carina desde
quando estás ligada ao CLZ?
Carina Gonçalves — Abril 1997 quando
entrei para o rancho do CLZ.
M.S. — Nesta longa trajectória,
como defines o Movimento Associativo
que o CLZ tem dado à Comunidade
Portuguesa?
— C.G. — Sempre activo, dinâmico, dedicado
e com grande história de altos
e baixos para lembrar e contar à
comunidade.
M.S. — Tens bem claro que queres
transmitir aos teus filhos, o que é
estar do lado de dentro de uma Associação.
Como consegues passar
este testemunho tão valioso?
— C.G. — É difícil exprimir isto em meia
dúzia de palavras.
Vivo com a minha família a Cultura
e as tradições portuguesas. Para podermos
viver um pouco das nossas
tradições e termos um pouco das
nossas raízes longe do nosso país requer
esforço muita dedicação e participação.
Somos o que vivemos! E a
vida associativa e solidária faz parte
nós.
M.S. — Representar a Cultura portuguesa,
com o Rancho Folclórico,
que satisfação te aportou?
— C.G. — Conheci muita gente nova
e entre algumas nasceram boas e
grandes amizades.
M.S. — Actualmente e das várias
secções culturais, as equipas de
futebol são as únicas activas. Para
quando o regresso de todas as actividades?
— C.G. — As infecções estão a aumentar
e nada é mais valioso que a nossa
saúde. Somos um grupo grande que
ensaia em espaço fechado. Cumprir
as regras requer uma disciplina enorme.
As restrições que o Governo impõe
não nos facilita a situação deste
departamento. Por vários motivos de
segurança, foi decidido que por enquanto
não haverá ensaios. Quando
houver condições mínimas, voltaremos
aos ensaios.
M.S. — Como foi para o CLZ e para ti
como sócia, ultrapassar aquela que
é a maior crise dos últimos 50 anos
de movimento Associativo?
— C.G. — Temos que estar agradecidos
que o CLZ nunca ter baixado os braços
sobre tudo em tempos de pandemia.
Devemos estar gratos por manterem
a casa aberta para servir a
comunidade. Na minha opinião o
CLZ está de parabéns.
M.S. — Num mundo de incertezas
com crises económicas, sociais e
políticas, achas possível a cultura
portuguesa sobreviver em terras
helvéticas?
— C.G. — Falando concretamente
da casa CLZ, penso que a casa não
tem que temer nada. O CLZ prova
que mesmo nos tempos mais difíceis
consegue transmitir segurança e
união à comunidade portuguesa.
M.S. — Depois de tantos anos dedicados
ao CLZ, que projecto gostarias
de ver realizado?
— C.G. — Pelo facto de ter conseguido
manter esta colectividade no activo
ao longo destes anos todos, já
é um grande feito, pois nunca abandonou
a comunidade. E mesmo perante
todas as adversidades ao longo
do tempo, também tem vindo a
ultrapassar esta fase de pandemia,
segurando postos de trabalho assim
como todos os departamentos existentes.
M.S. — Consideras que o CLZ está a
escrever uma bonita história associativa,
para as próximas gerações?
— C.G. — Sim acho, porque o CLZ somos
todos nós. Sócios, não Sócios,
simpatizantes da casa, departamentos,
etc. Todos nós por algum motivo
estamos ligados à casa. Enquanto a
nossa ligação for em prol da comunidade
e não em interesse próprio,
continuaremos a escrever história de
geração em geração.
M.S. — Estamos em tempos de eleições,
depois da mais grave crise
económica ao ser chumbado o orçamento
de Estado. António Costa
desde 2015, ou acreditar na variante
Rui Rio?
— C.G. — Ao nível político não manifesto
a minha opinião.
M.S. — O Centro Lusitano Zurique
agradece a tua participação desejando
um ano 2022 cheio de harmonia,
paz, compreensão e muito amor
junto da nossa família associativa e
claro também, ao nível pessoal.
34 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
35
CRÓNICA - Abraços de Palavras
Prever o futuro, não está nas minhas faculdades. Apenas
tenho o direito de pensar que tudo pode acontecer.
Uma coisa é o desejo, outra a realidade.
No dia em que estas palavras forem abraçadas por vós, já
em Portugal estará traçada uma linha para os próximos
quatro anos de governação.
Hoje, apenas posso transmitir-vos a sensação de alguma
frustração, pela forma como decorre a chamada “campanha
eleitoral”.
Tantos anos sonhados com uma Democracia com portas
de oportunidades abertas a todos os portugueses, hoje,
ficam cada dia mais distantes.
Há tantos jogos neste emaranhado de ideias, de tal forma
que, os principais assuntos, que deveriam ser explicados
aos eleitores, ficam num limbo, numa penumbra
difícil de transpor e entender.
A
INCERTEZA
DO
FUTURO
Pior ainda, é assistirmos ao pulular de gente vazia de
ideais democráticos e defensora do regresso a uma Ditadura,
que nos massacrou no passado e que os incautos,
inocentes e desatentos, estão esquecendo, inebriados
pela desfaçatez e boçalidade de certos indivíduos
que procuram atingir, através de mentiras, difamações
e meias verdades, bem elaboradas, os seus objetivos de
tornarem Portugal, de novo, um País de pobres, analfabetos
e ignorantes.
GRAÇA AMIGUINHO
Apesar de todas as contingências e limitações provocadas
por uma pandemia, que tem posto em causa os
postos de trabalho de muitos portugueses, Portugal tem
dado provas de proteger os mais vulneráveis, apoiar, na
medida do que é possível, as empresas em crise, dar subsídios
para que ninguém morra à fome nem precise roubar,
para comer.
O nosso Serviço Nacional de Saúde não faz acepção de
pessoas, tratando todos de igual modo, no acesso aos
cuidados de saúde, mesmo na situação que temos atravessado.
Na saúde, em Portugal, não há ricos ou pobres, não há
novos ou velhos, todos têm os mesmos direitos.
Até isso, a Direita nos quer roubar! E o povo fica cego
com promessas sem poderem, algum dia, vir a ser cumpridas.
Ao reler o que hoje escrevo, desejo, sinceramente, que
o Futuro, que tão encoberto de nuvens está, surja com
mais claridade e esperança, que nos permita viver com
tranquilidade e segurança, nesta terra que amamos e
onde, mesmo quem longe dela trabalha, deseja um dia
voltar e aqui gozar a merecida reforma.
Curiosidades sobre
Astrologia
Fernando Pessoa gostava muito de astrologia.
Ele tinha a mania de fazer mapas
astrais de amigos, parentes, conhecidos
e até de personalidades históricas.
Encontro com Cecília
Meireles
Cecília Meireles tinha como seu maior
desejo na sua visita a Portugal, conhecer
Fernando Pessoa. O poeta, entretanto,
não foi ao seu encontro e deixou Cecília
à espera quase duas horas. Quando
voltou ao hotel, ela encontrou um livro e
uma carta de Pessoa. Nele, o génio português
pedia desculpas por não ter ido
ao encontro. O motivo? Os astros diziam
que os dois não podiam encontrar-se naquele
dia.
Heterónimos
Fernando Pessoa tinha como hábito escrever
sob vários heterónimos, cada um
deles com um estilo e biografia próprios.
Entre os mais conhecidos estão Ricardo
Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos.
Atraso
Quando chegou atrasado a um encontro
com o escritor José Régio, o poeta disse
que era Álvaro de Campos e pediu perdão
por Fernando Pessoa não ter podido
comparecer.
Interesses
O poeta também tinha um grande interesse
por esoterismo, maçonaria e pela
fraternidade Rosacruz. Era também um
grande admirador do mago britânico
Aleister Crowley.
Obras em inglês
Fernando Pessoa publicou quatro obras
quando estava vivo, três delas são em inglês.
Personalidades mais influentes
O Bureau Internacional das Capitais da
Cultura em 2008, indicou que Fernando
Pessoa era uma das 50 personalidades
mais influentes da cultura europeia, junto
com Da Vinci, Mozart e Einstein.
CRÓNICA
Fernando Pessoa
Morte
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática.
Porém, no seu atestado de óbito,
consta “obstrução intestinal” como causa
da morte.
Segundo idioma
O poeta português tinha o inglês como
segunda língua, já que foi criado na África
do Sul. Por isso, os seus primeiros
poemas foram publicados em inglês.
Apenas uma década depois foi publicado
o seu primeiro livro em português.
Plutão
Alguns afirmam que Fernando Pessoa
foi o responsável pela introdução do
Planeta Plutão (recentemente rebaixado
para a categoria dos planetas anões) em
mapas astrológicos.
Diversas ocupações
Conhecido como um brilhante poeta,
Pessoa também trabalhou como jornalista,
tradutor, crítico literário, editor,
publicitário e até inventor, mostrando o
quão talentoso era. Ainda conseguiu um
tempinho para exercer o activismo político.
Popularidade após a
morte
O poeta só obteve popularidade após a
sua morte. Morreu em 1935, mas as suas
obras só despertaram interesse do público
a partir de 1940. O seus poemas foram
traduzidos após a sua morte.
Escrever de pé
Ele não conseguia ver um lápis sem ponta.
Antes de começar a escrever, ele costumava
afiá-los. Dizem também que o
poeta tinha o hábito de escrever de pé.
Amizade
Pessoa tinha amizade com outros dois
grandes nomes da poesia portuguesa:
Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro.
Correspondia-se intensamente com
Sá-Carneiro, algo que só parou de acontecer
com o suicídio do amigo.
Prémio
Em 1903, Pessoa candidatou-se à Universidade
do Cabo da Boa Esperança. Na
prova de exame para a admissão não obteve
uma boa classificação, mas tirou a
melhor nota entre os 899 candidatos no
ensaio de estilo inglês. Recebeu por isso
o Queen Victoria Memorial Prize (Prémio
Rainha Vitória).
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Imagens de cá
UM SILÊNCIO MUITO FORTE
Paulo Marques
Vi tantos mortos durante tantos anos...
A minha mãe é a irmã mais nova de
seis, por conseguinte quase sempre
lhe cabia a tarefa de preparar os corpos
das tias e dos tios velhos que se iam
finando. E eu acompanhava-a. Não
havia, como há hoje, a preocupação de
esconder a morte das crianças. Além
disso, morria-se muito em casa, só
excecionalmente no hospital.
De modo que, desde muito cedo
descobri o efémero. Tudo tinha um
prazo de validade. Até a vida humana.
A morte era um monstro impiedoso
que devorava, fatalmente, com a sua
enorme boca trágica, todo e qualquer
frágil humano.
Esta experiência acompanhar-me-á
como ensinamento pela vida fora:
não existe salvação possível. Não há
segurança, continuidade, nem abrigo
que nos salvaguarde do absurdo que é
nascer para morrer.
A minha tia Maria Júlia acamada desde
que me lembro dela. Os olhos fixos no
teto. Um último suspiro arrancado das
entranhas, das profundezas das trevas.
Avaliava-se o pulso, punha-se um
espelhinho de bolso diante da boca
para confirmar que não respirava,
e pronto. Vestia-se a tia e falava-se
com ela depois de morta: “Levante
o bracinho, vá lá tia, ajude lá.” E a tia
parecia que ouvia. Estou certo que
ouvia porque levantava o bracinho.
Tudo muito pragmático, muito
profissional, pois já se aguardava há
muito aquela morte.
Parece que foi ontem. Pisco os olhos e
passaram trinta anos.
O tio Lopes todo tapado com um
lençol, exceto as mãos, muito amarelas,
magérrimas, cruzadas no peito. Os
sapatos ao fundo. A cara coberta com
um lenço com monograma: A.L. Se
calhava levantarem o lenço, um rosto
esbatido, uma expressão fria, de pedra,
as fossas nasais enormes, os olhos do
avesso.
Eu, um arrepio de medo.
Tenho de procurar dentro de mim para
encontrar uma série de pessoas que
me foram mais ou menos indiferentes,
outras que gostei e às quais me
habituei, e outras que ficaram sempre,
que nunca partiram, que não param
de doer.
As flores à volta, as velas escorrendo
cera, mulheres de negro a sussurrar,
o cheiro do tabaco dos homens lá
fora. Horas e horas a contemplar o
morto. Até que vinha um homem de
fato cinzento ou azul-escuro e fechava
num gesto convicto o caixão. A tampa
da urna cerrava-se e o finado deixava
de se ver.
Começava o mistério: Para onde agora?
Os meus olhos deitavam lágrimas mas
não deitavam, isto é, choravam mas
não choravam, ou seja, na verdade,
na verdade, tudo aquilo me comovia
mas eu fingia que não. O momento
era dos mortos, não dos vivos. Não me
ia pôr para ali a chorar. Às vezes, não
raras vezes, o maior grito pode ser um
silêncio. Um silêncio muito forte.
RIO
CÁVADO
Emílio Costa
Espreitando sobre a margem direita do rio Cávado, observo
atentamente, numa magnífica tarde de domingo soalheiro,
toda a beleza natural que se vai descobrindo conforme vou
calcorreando estes 3 quilómetros de pura natureza (neste
caso, entre a Vila de Prado e a Veiga de Cabanelas…)
O momento convida a observar e a registar cada imagem
com a devida qualidade com que o rio e seus limítrofes nos
brindam…
De rara beleza, as curvas do Cávado, a sua água com o
azul reflectido do céu, e todo o arvoredo das suas margens
parecem transformar-se em lindos sorrisos e colocarem-se
nas melhores posições para a lente fotográfica. Depois… é
só clicar e partilhar com todos os meus amigos.
Até os peixes saltam fora da água, parecendo agradecer
a Deus a oportunidade de viverem num local tão sublime
(ou estarão a fazê-lo para verificarem se andam insectos
por perto!…)
Bem-vindos ao rio Cávado, um local deslumbrante e único!
38 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
39
Saúde
Saúde
© CannabizTeam
© dimitri-bong
EUA:
Indústria da
canábis deverá
gerar mais de
100 mil novos
empregos em
2022
Laura Ramos
Um relatório da CannabizTeam prevê
100 mil novos empregos relacionados
com a canábis em 2022 e revela que,
em 2021, os salários dos executivos aumentaram
cerca de 10%. Os dados fazem
parte do 4º Guia Anual de Salários
da Indústria de Canábis, que analisa o
emprego na indústria e as tendências
de contratação. A CannabizTeam Worldwide
é uma das principais empresas
de recrutamento e selecção de executivos
focada em canábis.
O documento agora publicado pretende
“fornecer informações a empregadores
e possíveis funcionários na
área da canábis, ajudando-os a entender
a dinâmica da indústria e a tomar
decisões de negócios bem informadas”,
anunciou a empresa em comunicado
de Imprensa.
O relatório abrange as tendências
de contratação na indústria legal de
canábis dos Estados Unidos da América
(EUA), principalmente nos 10 Estados
com empregos de canábis, e as
estimativas salariais nacionais para
mais de 60 das posições de canábis
mais prevalentes nos EUA.
“A indústria da canábis continuou a
florescer e a mostrar a sua força, apesar
de algumas dores de crescimento
em 2021”, disse Liesl Bernard, CEO
da CannabizTeam. “Esperamos que a
indústria continue a crescer em 2022
com aumento do capital disponível,
marcas mais estabelecidas e estados
de canábis de uso adulto recém-legalizados
com densidade de população,
incluindo a Pensilvânia e New Jersey.
Actualmente, projectamos que a indústria
dos EUA adicionará mais de
100 mil novos empregos de canábis
este ano.”
Alguns destaques do sector no relatório
de 2022 incluem:
• As empresas nos mercados de uso
médico e adulto estão cada
vez mais a recorrer a trabalhadores
temporários ou “sob
procura” para atender às necessidades
de curto e médio
prazo no cultivo, extracção,
fabrico, distribuição e comercialização;
• Com a crescente procura do consumidor
por comestíveis, bebidas
de canábis e cosméticos,
as empresas aumentaram
substancialmente a contratação
de talentos de extracção,
fabrico e testes;
• Os custos de aquisição e manutenção
de membros da equipa
de qualidade continuam a
aumentar, alimentados pela
competição por talentos disponíveis
e pela inflacção salarial
nacional;
• Os salários da indústria de canábis
aumentaram 4% em média,
em 2021, com a remuneração
dos executivos séniores a subir
até 10%;
• As estimativas salariais no Guia Salarial
de 2022 são baseadas
em dados da CannabizTeam,
pesquisas salariais e pesquisas
independentes de fontes
credíveis colectadas até o final
do quarto trimestre de
2021.
Portugal:
84% usa canábis para
aliviar stress e relaxar,
40% para ansiedade e
depressão
Por Laura Ramos
A esmagadora maioria de uma amostra de 3188 pessoas
que utilizam canábis afirma utilizá-la para reduzir o stress
e relaxar (84%), enquanto que 60% diz que o faz para se divertir
ou melhorar a qualidade do sono (52%). Cerca de 40%
garante que a canábis ajuda a tratar a ansiedade ou a depressão
e mais de 75% dos utilizadores que responderam
ao inquérito concorda plenamente que consumir canábis
devia ser legal.
Os dados foram publicados na sequência de um inquérito
do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência
em cerca de 30 países europeus, entre os quais Portugal,
através do SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências.O inquérito decorreu
online entre Março e Maio de 2021, destinou-se a maiores
de 18 anos e teve como principal objectivo aprofundar o conhecimento
sobre os padrões de utilização de substâncias
ilícitas, visando uma melhor adequação das políticas públicas.
Responderam ao questionário 3188 pessoas.
Leia estes e outros artigos em
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Benefícios na saúde e no bem-estar são os principais motivos
para o consumo
Além das utilizações mais frequentes acima referidas, os
inquiridos disseram utilizar canábis também para socializar
(36%), para melhorar o desempenho escolar, académico ou
profissional (21%), para reduzir dores ou inflamações (15%)
ou apenas para experimentar (3%).
O estudo revela ainda que três quartos dos inquiridos concordam
completamente com a legalização do consumo de
canábis, sendo que 25% concorda em grande medida.
De acordo com o inquérito, 3019 consumiram canábis ilegal
(95%) e 614 consumiram “canábis legal” (19%), que o próprio
estudo define como “produtos de CBD e/ou de baixo teor de
THC, comercializados em lojas). Apenas 2 inquiridos consumiram
canábis prescrita por um médico, o que equivale a
0,1% dos inquiridos.
Usualmente, 95% faz “charros” para consumir a canábis herbácea,
sendo que 2,5% usa vaporizador, 1,2% usa cachimbo
de água, 0,7% usa cachimbo seco 0,6% utiliza canábis na
comida.
Dos inquiridos, 88% disse consumir canábis herbácea (ou
erva), 64% a resina (ou haxixe), 15% ingeriu produtos comestíveis
e 9% óleo ou extracto de canábis.
Veja os resultados completos do inquérito aqui:
https://tinyurl.com/RELATORIO11
O CannaReporter é um projecto independente e completamente
suportado pela comunidade. Para continuar
a desenvolver este projecto, o apoio dos leitores
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40 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
41
Paulo Tavares:
“Já tive centenas de
doentes a consumir
canábis e nenhum
ficou viciado”
CBDA e CBGA do cânhamo
bloqueiam
a entrada celular de
SARS-CoV-2 e outras
variantes
Por Laura Ramos
O CBDA (ácido canabidiólico) e o CBGA (ácido canabigerólico),
dois canabinóides presentes nas flores de
cânhamo industrial, bloqueiam a entrada celular de
SARS-CoV-2 e as variantes emergentes, revela um estudo
da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados
Unidos da América (EUA), liderado pelo investigador Richard
van Breemen. Os resultados desta investigação
pré-clínica (apenas feita em laboratório e não com humanos)
foram publicados esta semana na PubMed e
na ACS – Chemistry for Life e confirmam que os dois canabinóides
na forma ácida (encontrados nas flores cruas
da planta) se ligam à proteína Spike, impedindo o vírus
da Covid penetrar nas células.
de THC (tetrahidrocanabinol), conseguem ligar-se aos
“picos” presentes na proteína spike do SARS-CoV-2, impedindo
que o vírus penetre nas células.
De acordo com Richard van Breemen, “estes canabinóides
ácidos são abundantes no cânhamo e em muitos
extractos de cânhamo”, explicou o professor no comunicado
da Universidade, que divulgou o seu extenso trabalho.
Van Breemen salientou ainda que estes canabinóides
“podem ser ingeridos oralmente” e “têm um bom
perfil de segurança” nos seres humanos. “Isto significa
que substâncias que inibam a entrada do vírus nas células,
como os ácidos do cânhamo, poderão ser utilizados
para prevenir uma infecção por SARS-CoV-2”, explica o
investigador.
Cânhamo também é eficaz noutras variantes, como a
Alfa e a BetaAlém destes resultados, as componentes
do cânhamo também se revelaram eficazes contra outras
variantes do coronavírus. “A nossa investigação mostrou
que os componentes do cânhamo foram igualmente
eficazes contra as variantes do SARS-CoV-2, incluindo
a variante B.1.1.7, que foi detectada pela primeira vez no
Reino Unido, e a variante B.1.351, detectada pela primeira
vez na África do Sul”, avançou Van Breemen, citando
as duas variantes, a Alfa e a Beta, respectivamente.
© richardvanbreemen
Por Laura Ramos
Há cerca de 30 anos que Paulo Freitas
Tavares, Médico Oncologista, aconselha
a utilização de canábis aos seus doentes
e garante que nenhum teve problemas
de dependência pela sua utilização.
Mas, aos 59 anos, além do lado
medicinal, Paulo conhece também
o lado mais “recreativo” da canábis e
assume, sem qualquer preconceito,
fumar em ocasiões festivas. Em entrevista
à Cannadouro Magazine, Paulo Tavares
tirou a canábis do armário e explicou
como faz a analogia entre a planta
e o champagne: “O champagne bebe-
-se em ocasiões especiais, em festas ou
comemorações, e eu, nos últimos anos
faço questão de fumar canábis na passagem
de ano, porque gosto de começar
o ano a rir.”
Licenciado em Medicina pela Universidade
de Coimbra, em 1985, Paulo
Freitas Tavares especializou-se em Hematologia
Clínica em 1993 e em Oncologia
Médica em 1997. Actualmente é
responsável pela Unidade de Tumores
do Aparelho Locomotor do Serviço de
Ortopedia do Centro Hospitalar da Universidade
de Coimbra (CHUC), nomeada
“Centro de Referência de Oncologia
de Adultos — Sarcomas das Partes Moles
e Ósseos”.
A observação de pacientes que melhoraram
a utilizar canábis permitiu-
-lhe ter experiência no tratamento de
doentes oncológicos com canabinóides,
que passou a recomendar de forma
sistemática. Admite, sem qualquer
problema, ser um utilizador ocasional
de canábis e desdramatiza os preconceitos
associados à sua utilização,
garantindo que o tabaco ou o álcool
têm efeitos muito mais nefastos. Assumidamente
“viciado em nicotina e
cafeína”, Paulo Freitas Tavares não poupa
críticas a alguns colegas, às forças
policiais e ao Infarmed, a quem acusa
de preconceito, hipocrisia e secretismo,
respectivamente, fazendo com que a
canábis nunca mais chegue aos doentes
e aos hospitais.
Quando é que foi a primeira vez que se
apercebeu que a canábis podia ter um
efeito medicinal?
Ora bem, eu aprendi isso com alguns
doentes, que já eram consumidores, e
reparei que, enquanto esses doentes
faziam quimioterapia, não tinham os
efeitos secundários que todos os outros
tinham, nomeadamente em termos
de náuseas, vómitos e falta de apetite.
Eram doentes que faziam a sua quimioterapia
sem problemas,
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A notícia está a chegar aos meios de comunicação
mainstream, como a Forbes ou o Público, e relata
os benefícios dos canabinóides na doença provocada
pelo SARS-CoV-2, já avançados numa investigação realizada
pelo Cannareporter há precisamente um ano, em
Janeiro de 2021.A equipa de investigadores liderada
por van Breemen, professor doutorado e investigador
principal da Faculdade de Farmácia e do Centro Global
de Inovação do Cânhamo da Universidade, descobriu
que o CBDA e o CBGA, dois componentes do cânhamo,
uma das variedades da cannabis sativa com baixo teor
O Cannareporter enviou questões ao investigador Richard
van Breemen e publicará uma entrevista com o
investigador logo que obtenha as respostas.
O CannaReporter é um projecto independente e completamente
suportado pela comunidade. Para continuar
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42 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
43
Escuta, Zé-ninguém…
“Já há muito que andava para te dizer umas coisas. Mas tu só dás ouvidos aos grandes, gostas
de te sentir submisso. Afinal, o que farias se te visses livre? És um pobre coitado, medroso,
cobarde, ignorante e naturalmente deprimido. Desprezas-te a ti e aos outros, meu enfermo
maldito. E se te interrogo, respondes-me: “mas que posso eu fazer?”. És assim e não queres ser
diferente. Aliás, a mudança arrepia-te e perturba-te a segurança medíocre que cuidadosamente
alimentas dia após dia. Meu desgraçado, quem és tu para teres direito a opinião própria? Em
casa dás pancada na mulher e nos filhos, na taberna embebedas-te como um porco e ainda te
restam forças para conspirares contra mim! Que hei de fazer, meu grande malandro? Não tens
onde cair morto nem vivo. Cultivas a tacanhez, a cobiça e a inveja como um jardineiro planta
as ervas daninhas no seu próprio jardim. És assim porque queres, meu grande cão. Enquanto
queimas criaturas em fornalhas contínuas a responder-me: “mas que posso eu fazer?”. Não
percebes, meu aldrabãozeco, que todos os grandes pecados da humanidade começam nos
pequenos actos tolos que cometes no teu dia-a-dia!? Sim, Zé Ninguém, tu mesmo, estou a falar
contigo ...”
Ivo Margarido (*)
É com este texto de Wilhelm Reich que inicio esta reflexão.
Apetece-me dizer que vivo num mundo onde não tenho
espaço; a vida é bela, mas não o é totalmente pois vivemos
cercados por sistemas escravizadores. Somos a única espécie
que paga para viver. Aborrece-me o facto de sentir
que tenho de pagar para existir. Afinal, o que correu mal
com a suposta “racionalidade / inteligência” concedida ao
Ser Humano? Poderia ser diferente se a população reagisse,
se unisse, se organizasse e agisse com ações em prol
de uma mudança coletiva. Para que tal acontecesse, seria
primeiro necessário que a espécie humana (porventura
a mais destruidora do planeta) abandonasse os seus padrões
comportamentais “primitivos” e egoicos. Esta inércia
generalizada é sintoma de algum tipo de desequilíbrio.
Seria, no entanto, tão simples provocar uma mudança que
devolvesse a liberdade à humanidade ... por exemplo, vejo
por aí inúmeras pessoas que tanto valorizam o futebol e
que tamanhos esforços produzem para se deslocarem aos
estádios, mas que, em paralelo, são incapazes do menor
esforço em prol da melhoria do seu futuro e do futuro dos
seus filhos, sobre os quais têm responsabilidades. A humanidade
tarda em expandir a sua consciência, sustentando
dualidades incoerentes.
É certo que este processo de expansão de consciência
está a ser dificultado por um estado de “estupidez aguda”
induzido, em grande escala, por aqueles que integram a
esfera do poder, através de processos que a maioria ainda
nem consegue identificar. Porém, o esforço coletivo para
superar esta realidade factual também é mínimo. A maioria
das pessoas apenas existe, mas não vive; consome recursos
sem mesmo ser de uma qualquer utilidade para o
todo. É como um organismo onde as células cancerígenas
impedem o bem-estar do corpo. Creio que este texto de
Bertold Brecht (1898-1956) ilustra perfeitamente o estado
de espírito que nos assola ... “Primeiro levaram os negros,
mas não me importei com isso, eu não era negro. Em seguida
levaram alguns operários, mas não me importei
com isso eu também não era operário. Depois prenderam
os miseráveis, mas não me importei com isso porque eu
não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados,
mas como tenho o meu emprego também não me importei.
Agora estão a levar-me, mas já é tarde. Como eu não
me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.”
Tal cenário leva-me a pensamentos intrincados; afinal, poderá
a “teoria conspiracionista” que aponta a redução da
população mundial, ser o trilho lógico a seguir para alcançar
expectantes benefícios para o futuro do planeta e da
humanidade?
O mundo em que vivemos é muito mais daquilo que aparenta
ser. Atualmente a humanidade é demasiado individualista
e materialista. Neste contexto, a mudança não se
fará apenas através da política. Acontecerá essencialmente
através da revolução da consciência, sendo por isso urgente
que o Ser Humano adquira a compreensão da sua essência;
quem é, de onde vem, para onde vai, qual o seu propósito
de vida neste patamar. Só assim poderemos levar
avante uma mudança consciente e eficaz. Vivemos tempos
em que nos é dada a oportunidade de participar mais ativamente
e conscientemente nas mudanças que vão ocorrendo
pelo mundo. Começar por nos tornarmos conscientes
de quem somos e qual o nosso propósito de vida é, sem
dúvida, a melhor forma de participarmos nesta mudança
que nos é exigida a todos. A evolução da consciência faz
parte desta jornada de preparação para o “regresso a casa”.
Vamos aprendendo, através das experiências e situações
que atraímos no nosso dia-a-dia, a importância de harmonizar
tudo o que vem até nós, mas só conseguiremos fazê-
-lo procedendo aos ajustes necessários, se desenvolvermos
a nossa consciência. A forma como reagimos às experiências
que a vida nos proporciona são um bom indicador do
nível de consciência em que nos encontramos. A sintonização
com a essência proporciona o reconhecimento e a reconexão
com as habilidades inatas que existem dentro de
nós. À medida que a consciência vai despertando, tornamo-nos
conscientes da gigantesca manipulação dos sistemas
em que estamos inseridos, dominados pela corrupção
dos nossos líderes, dos governos, dos bancos, das religiões,
…, concluindo-se que a existência do Ser Humano é controlada
e manipulada a todos os níveis.
“É o dinheiro quem controla o processo democrático,
não as pessoas”
Não podemos evoluir sem transmutar; é-nos agora exigido
equilíbrio e harmonização dos desafios pessoais, sociais,
educacionais e económicos. Somente o colapso forçado do
atual modelo socioeconómico, que impõe escassez, exclusão
social e consumo perpétuo, irá permitir um progresso
rumo a paradigmas sociais mais equilibrados. Mas não há
evolução sem dor, já que esta transição exige também uma
certa capacidade de mudança ao nível da consciência e do
ego da generalidade das pessoas. Ainda que uma maioria
da população possa aceitar a ideia de que esta mudança
seja necessária, pôr em prática de forma voluntária seria
algo difícil pelo desconforto que proporcionaria. O condicionamento
humano é tal, que a forma como nos expressamos
é pesadamente ofuscada pelos ideais culturais e
crenças do passado, sendo o resultado de milénios de manipulação.
Experimentando a natureza humana num nível
superior, acedemos à intuição e ao conhecimento. Somos
então brindados com a consciência destes processos, estimulando
e expandindo a compreensão, no que concerne
designadamente o propósito de vida de cada um. Podemos
assim encontrar novas formas para nos relacionarmos
uns com os outros. Quando aprendemos a confiar em nós,
entramos em contacto com energias que nos capacitam
e ajudam, e consequentemente ajudarão a humanidade a
evoluir, tornando-se verdadeiramente civilizada.
“Sê a mudança que desejas ver no mundo” (Ghandi)
A evolução da Humanidade só poderá ocorrer através do
AMOR, atribuindo-lhe o poder de cura e purificação de
todos os desequilíbrios que a atingem e tanto destroem.
Quanto mais pessoas fizerem a escolha de se expressar
com Amor (ao invés de medo), maior será a harmonia. Todas
as diferenças serão assim gradualmente dissolvidas
fomentando a ascensão do planeta de uma forma suave.
A mudança está diretamente relacionada com as opções
que a humanidade toma. Todavia, poucas pessoas parecem
ter ponderado que a concretização do “plano cósmico”
lhes exigirá uma tomada de atitude e a assunção do
papel de cocriadores deste plano. Não significa isto que
os Seres Humanos possam simplesmente criar o que lhes
apetece a qualquer momento. As ondas de consciência
induzidas continuam a definir o quadro de referência da
nossa existência e aquilo que podemos, ou não, criar numa
determinada Era. 21 de dezembro de 2012 marcou o início
de mais um ciclo evolutivo, ciclos esses que decorrem desde
o início dos tempos. A inversão das polaridades magnéticas
trará para esta Nova Era (do quadrante aquário) uma
mudança de consciência. Apesar de todas as mudanças já
ocorridas na história cósmica, há algo de muito especial e
importante nos acontecimentos que presenciamos atual-
44 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
45
mente; esta nova “inteligência”, foi concebida para produzir
uma renovação na consciência da unidade, de tal modo,
que a mente humana deixe de ser dominada por qualquer
filtro obscuro. Por outras palavras, tornar-nos-emos “transparentes”
e veremos a realidade tal como é, sem “filtros”.
Não se trata de uma qualquer consciência, mas da que
transcende os dualismos do passado e ajuda o ser humano
a ver a unidade de todas as coisas. Na verdade, a consciência
da unidade é benéfica para o planeta, e para a humanidade,
por conduzir à transcendência de toda a separação
(entre homem e mulher, homem e natureza, governante e
governado, este e oeste, etc). As pessoas com uma consciência
dualista e separatista são como células cancerígenas
no “corpo da Terra”; dedicam pouca atenção ao “todo
maior” e acabam por gerar um colapso do ecossistema. Só
uma consciência de unidade susterá para sempre a exploração
desregrada da Terra e, a um nível mais profundo, nos
fará compreender que somos parte da criação e precisamos
de viver em harmonia com ela.
É importante passar das palavras aos actos, evitando recriar
estruturas de dominação. Esta mudança é, porventura,
a última oportunidade para a humanidade estabelecer
uma tal intenção, que terá necessariamente de acontecer
agora, se pretendemos elevar-nos acima do caos económico
com que podemos contar na próxima década. Devemos
aprender a transcender, em vez de nos deixarmos enredar,
em todas as dualidades e conflitos dos “submundos
inferiores”. Será igualmente de esperar que a convergência
consciente se depare com grande resistência por parte
de todas as forças que defendem a operação baseada no
“ego do velho mundo”, e as pesadas hierarquias por ele
geradas. Naturalmente, viremos a ser confrontados com
o nosso próprio cinismo e apatia relativamente ao estado
do mundo, e regressarão até nós pensamentos como “isto
não é possível”, “o mundo não vai mudar”, …, e é por esta razão
que será necessário um grande empenho. Assim, uma
evolução para a consciência de unidade não é algo que
simplesmente nos caia do céu em determinado momento;
pelo contrário, só pode surgir partindo do ponto em que
nos encontramos. Nesta fase inicial, haverá grande necessidade
de pessoas que tomem a iniciativa de disseminar
por todo o mundo o apelo à convergência consciente. Esta
é a última oportunidade que os seres humanos disporão
para verdadeiramente se alinharem com o plano cósmico.
Depende de nós querer ou não fazer parte desta cocriação
do nosso destino comum.
Ascensão: o que é?
A energia está na origem de todas as coisas, revestindo-se
de formas indescritivelmente complexas para nos formar
a nós, e a tudo o que conhecemos e não conhecemos. As
duas principais características, ou qualidades, da energia
são: Amplitude e frequência de vibração. O corpo físico, as
emoções, os pensamentos e o Espírito, …, tudo é feito dessa
“coisa” que se combina sublimemente para nos converter
em Seres únicos que somos em todo o Universo. Ora,
porque a energia que nos forma possui uma frequência,
podemos alterá-la! Eis, pois, o que é a Ascensão; à medida
que elevamos a frequência mais baixa do corpo físico, este
torna-se menos denso e incorpora, gradualmente, a energia
de frequências mais elevadas! Quando este processo se
desenvolve, vemos e pensamos coisas que não nos eram
possíveis antes. Literalmente, convertemo-nos em Seres da
5ª dimensão de consciência e da matéria, operando e trabalhando
nessa condição. Como as frequências mais baixas
– aquelas do medo e da limitação – terão desaparecido,
passamos a viver num estado de êxtase, em unicidade
com o Espírito e com o Espírito de todos os outros. Logo,
a Ascensão é, basicamente, apenas uma mudança de frequência,
uma modificação de foco da consciência.
Necessitamos agora de definir e compreender o que é o
Espírito, porque, de facto, a noção acerca do que é o nosso
Espírito, o Espírito do outro, o Espírito dele, o Espírito dela
e assim sucessivamente, é um conceito linear, limitante e
simplesmente errado. Quando formos capazes de transcender
os níveis mais baixos da separação do plano físico,
passará a haver somente – ESPÍRITO – uma energia sempre
mutável que é, e está, em unicidade consigo mesma. Trata-se
de uma energia que conhecemos através de designações
tais como «Deus», «Tudo o que É», «Fonte», «Grande
Espírito», etc. O Espírito é uno, mas parece individualizar-se
para poder executar uma função específica, por exemplo:
Eu, Tu, Nós. Opera através de um pequeno ponto, de um
foco específico da consciência que está concentrado no interior
do corpo físico. Isto é aquilo que se conhece como o
“Eu”, a personalidade, e é aquilo que designo por “eu-ego”.
O “eu-ego” é, evidentemente, uma manifestação do “eu-espírito”,
mas possui uma característica particular, própria de
todos os “eu-egos”; desconhece que pertence ao Espírito.
Quero dizer, desconhecia até agora! O termo “eu-ego” não
é aqui usado para diminuir, mas para identificar o desvio
da atenção dessa parte de nós, a que olha para o exterior, e
reorientá-la para aquilo que, na verdade, somos: um ponto
focal que olha para dentro desde o interior do “eu-espírito”.
Esta é a função do Espírito. Por outras palavras, somos o
Espírito em ação.
Não há mudanças sem ação...
Convido a observar o cenário mundial atual. Rapidamente
concluímos que o mundo vai mal. Muito mal. A nossa
existência não melhorará enquanto não abandonarmos os
padrões comportamentais destrutivos, próprios do “velho
mundo” e que já não se enquadram nesta Nova Era. Estou
convicto que a única forma de fomentar a evolução da humanidade,
num curto período de tempo, seja através da
genética; poderão as vacinas, através dos novos avanços
tecnológicos, ser um desses contributos?
Também o colapso do atual modelo económico é uma realidade
matematicamente demonstrável, cabendo-nos assumir
as rédeas, com a devida responsabilidade coletiva,
para encaminhar o atual estado caótico do mundo rumo
à evolução tão esperada e necessária ... para o bem futuro
da humanidade e do planeta! Urge libertar tudo o que vive
da atual condição de cativeiro e escravatura em que se encontra,
seja ela imposta pelo “Deus Dinheiro”, pela própria
estupidez humana ou qualquer outra forma existente neste
mundo!
Até lá, que cada um de nós permaneça firme pois este é
também um período de purga e renovação! A Humanidade
metamorfosear-se-á finalmente enquanto Seres cooperantes,
telepáticos, dotados de compaixão e amantes da Terra.
(*) escreve segundo o Acordo Ortográfico
46 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
47
Uma viagem
ao Brasil
Carlos Esperança
Um poeta brasileiro definiu os compatriotas como
portugueses à solta. Eça, com ternura, escreveu n’As
Farpas: «O Brasileiro é o Português – dilatado pelo
calor». É esse português que vale a pena conhecer
enquanto se aproveita o calor e descobre o país que
lhe serve de habitat.
Há cerca de uma década e meia passei dez dias no
Rio e fiquei fascinado. Jurei que voltava, promessa
de que me desobrigaria nas férias do ano 2000, em
setembro, alargando a visita a outras paragens. agens.
Visitar o Brasil não é um ritual que se cumpre ou
a folha que se rasga no calendário das viagens. É
um encontro com a história, um sonho de que se
acorda num país imenso, uma viagem aos afetos da
nossa memória.
Para lá do mar, da areia, das ondas e da sua espuma,
está um povo de braços abertos aos nossos abraços.
Em Salvador estão os meninos pobres de olhos doces,
capitães da areia, a ver o Quincas ou o Quincas
Berro de Água a sair a barra em seu saveiro ou
a aguardar Vasco Moscoso de Aragão – Capitão de
longo curso – para afogar-se em álcool, nos botequins,
em noite de tempestade.
CRÓNICA
E há os buggys em viagens radicais pelas dunas dos
nossos medos, jangadas de tracção humana a fazer
a ponte entre duas margens, ilhas tropicais na exuberância
da sua flora, os lagos e as praias de águas
mornas de tantas e variegadas cores e areias cálidas
de tantos tons, e as gentes, as gentes afáveis que se
pelam por um papo.
Ficam na memória os olhos meigos dos meninos de
Salvador e o humor, num país cuja gente tem todos
os nossos defeitos acrescidos de outros por conta
própria ou geração expontânea.
E no Rio de Janeiro lá aguardam, entre o mar e a
vegetação luxuriante, Copacabana, Leblon, Tijuca, o
Pão de Açúcar à espera do medo e vertigem dos
veraneantes, o Corcovado, o Jardim Botânico, enfim,
a cidade mais maravilhosa do mundo, ferida pelas
favelas da Rossinha, Pavão Pavãozinho, Canta Galo e
tantas, tantas outras, que sobem ao cume de montes
e chegam ao céu.
Não sei se foi macumba ou sortilégio que me levou
uma segunda vez ao Rio. Sei que gostava de voltar
outra vez ainda. Já no último dia, pouco antes de
entrar no avião onde me aguardava um comandante
com alma de poeta e convicção de pastor evangélico,
com duas homilias preparadas, uma para a
recepção e outra para a despedida, visitei a catedral,
paradigma de uma certa modernidade do Brasil.
Em Salvador viveu Jorge Amado do carinho de Zélia,
seu elixir, vivem deuses, muitos deuses, trazidos
pelo mar, sempre pelo mar, pelo mar do imaginário
negro onde habitam. Jorge Amado há-de continuar
a viver enquanto as cinzas andarem por ali. Dos livros,
dos muitos livros que escreveu, saltam personagens
que viram nomes de ruas, largos, galerias,
restaurantes, lanchonetes e churrascarias.
Em cada esquina há um templo, em cada baiano
um crente radical, em cada criança um rosto onde
espreita a fome, rostos onde brilham olhos de lágrimas
secas pelo sofrimento.
E há a cor, a imensa cor, que do céu, da areia e do
mar salta para as telas em tons de amarelo pela
mão de numerosos pintores que pululam em Salvador.
Natal e Fortaleza são outros portos onde se amarram
as âncoras das recordações, mercados onde se
sacia a febre das compras, pontos de partida para
ilhas tropicais, sítios de chegada de extenuantes caminhadas.
Encontrei um pedido carregado de fé que um devoto
depositou junto da imagem da Senhora da
Aparecida – verdadeira metáfora de brasileiro padrão.
Transcrevo-a com o respeito devido, em letras
maiúsculas, como o fazia o texto:
“EU UBIRAJARA DA CONCEIÇÃO ESTO PRESIZAN-
DO DE UMA COMPAEIRA PARA ME DAR AMOR E
FAZER, UMA JOVEM MULER SEM COMPROMISO
QUE TENHA CASA.”
Por desespero, ou por não se fiar na Virgem, dirigiu
a S. Sebastião igual pedido, com a solicitação suplementar
de um emprego. Os pedidos estavam bem
à vista, sob os olhos dos ícones que não poderiam
alegar desconhecimento, a menos que se refugiassem
em pretextos ortográficos.
Quem sabe se os pedidos que o céu não tinha escutado
já começaram a ser atendidos por ouvidos
mais terrenos no país de Lula. Quem sabe.
© – Jornal do Fundão e Pedras Soltas (ed. 2006
48 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
49
PUBLICIDA-
CULTURA
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V PAULO FREIXINHO
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Carnaval
Horizontais:
1. Entrudo. 8. Estranho a
um assunto (fig.). 12. Tábua
arqueada de tonel,
pipa, etc. 13. Repetição.
15. Contenda. 17. Graceja.
18. Mulo. 19. Sódio (s. q.).
20. Encanto (fig.). 21. Giro.
23. Informação nova ou
pouco conhecida. 24. Alternativa.
25. Auxílio. 28.
Atarantado. 32. Assento
do rei. 33. São diabólicos,
têm máscaras, trajes muito
coloridos, geralmente
franjados e com bandoleiras
de chocalhos (Podence,
Norte de Portugal).
35. A minha pessoa.
36. Serão até de madrugada.
37. Ligado (inglês).
38. Sociedade Anónima.
39. Derradeiro. 41. Doce
tradicional do Carnaval
dos Açores. 45. Ligação
(fig.). 46. Prover de aba.
47. Plano Nacional de Leitura.
48. Caminhava para
lá. 49. Fazer troça ou rir
de. 50. Brincadeira ruidosa,
regabofe. 52. Compact
Disc. 53. Lavrar. 54. Molibdénio
(s. q.). 55. Érbio
(s. q.). 57. Antes de Cristo
(abrev.). 59. Atmosfera. 60.
Aeriforme. 62. Quintal. 64.
Trapaça, enredo. 66. Festa
dos (...), uma das mais
antigas tradições do Carnaval
madeirense onde a
Palavras Cruzadas Online
Neste portal tem inúmeros passatempos
em português, que se
ocupam de vários temas e com
diferentes graus de dificuldade.
É o local certo para quem gosta
sátira é rainha (Santana).
67. Dinheiro (popular). 68.
Redução das formas linguísticas
“a” e “o” numa
só. 69. Biscoito com a forma
de letra.
Verticais:
1. (...) Alegóricos, com sátira
política e social, destacam-se
nos corsos carnavalescos
(Torres Vedras,
Ovar, Mealhada, Loulé). 2.
Protelou. 3. Ruténio (s. q.).
4. Símbolo de nordeste.
5. Segundo a crença popular,
são almas penadas
(mulheres) que carregam
os filhos às costas (Minho).
6. Baixio. 7. Mito. 8.
Variante do pronome “o”.
9. Raiva. 10. Boneco de
figura humana com 3,5
a 4 metros de altura, por
vezes acompanhados por
cabeçudos, desfilam ao
ritmo de música tocada
por zés-pereiras. 11. Prefixo
(agudo). 14. Tomba.
16. Autores (abrev.). 20.
Quando ele se mascara
de ela. 22. Prestar para.
26. Único. 27. Louca. 29.
Orçamento do Estado.
30. Cores. 31. Eles. 32. A
tua pessoa. 33. Leito. 34.
Abreviatura de Anno Domini.
35. Preparar gradualmente.
38. Curar. 40.
Elogio. 41. Feiticeira. 42.
de exercitar a mente com as
palavras da língua portuguesa.
Palavras Cruzadas para
Imprimir
Passatempos para imprimir
em português. A maioria
dos passatempos publicados
são acompanhados de
uma versão PDF para imprimir
em papel.
www.palavrascruzadas.pt
Onde as máscaras de madeira
são as estrelas do Carnaval. 43.
Senhor (abrev.). 44. Dueto. 47.
Palavra ou frase lisonjeira que
normalmente se dirige a uma
pessoa bonita. 50. Escurecido.
51. Pessoa vagarosa (fig.). 54.
Símbolo de miliampere. 56.
Tecido de arame. 58. Une com
pontos de agulha. 60. Galicismo
(abrev.). 61. Prefixo (ovo).
63. Imposto sobre o rendimento
das pessoas singulares. 64.
Televisão. 65. Cento e um em
numeração romana.
SOLUÇÕES
50 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
51
Opinião
A distância que vai do fado
ao flamengo...
Dos mais valiosos do Mundo
Portugal mantém o ranking cinco no Índice de Henley,
que analisa o valor dos passaportes com base no número
de países aos quais os seus detentores podem aceder
em livre-trânsito. Em 2020, Portugal tinha ficado no sexto
lugar, tendo subido ao quinto em 2021.
Um passageiro com passaporte português pode viajar
para 187 países sem necessitar de requerer qualquer autorização
prévia. A Irlanda surge também no ranking cinco,
empatada com Portugal.
O Índice de Henley para 2022 é liderada pelos passaportes
do Japão e de Singapura, que permitem viajar para
192 países. Em segundo lugar surge a Alemanha e a Coreia
do Sul, com 190 países, e em terceiro a Finlândia, Itália,
Luxemburgo e Espanha, com 189 países
No fundo da lista está o Afeganistão, com apenas 26 países,
seguido do Iraque, com 28, e da Síria, com 29.
À semelhança do que acontece no ano passado, o Índice
de Henley não teve em conta as proibições temporárias
impostas no âmbito da pandemia de covid-19.
O Índice de Henley avalia trimestralmente os passaportes
dos diferentes países, tendo por base os dados disponibilizados
pela Associação Internacional de Transporta Aéreo
(IATA, na sigla inglesa). Nesta lista são considerados 199
passaportes diferentes e 227 destinos internacionais.
Cinco passaportes mais valiosos:
1.º lugar: Japão e Singapura (192 países)
2.º lugar: Alemanha e Coreia do Sul (190 países)
3º. lugar: Finlândia, Itália, Luxemburgo e Espanha (189 países)
4º. lugar: França, Países Baixos e Suécia (188 países)
5º. lugar: Irlanda e Portugal (187 países)
Cinco passaportes menos valiosos:
111.º lugar: Afeganistão (26 países)
110.º lugar: Iraque (28 países)
109.º lugar: Síria (29 países)
108.º lugar: Paquistão (31 países)
Paulo Marques (*)
Apesar da proximidade geográfica, de séculos de história
partilhada, de muitas tradições culturais comuns
(cultura latina, catolicismo...), de serem povos muito similares
(tradicionais, conservadores...), portugueses e
espanhóis continuam a ter formas de ser, pensar e agir
completamente opostas, com virtudes e fraquezas taco
a taco...
– O português é paciente; O espanhol é intolerante.
– O português por um lado diz uma coisa, por outro, faz
outra; O espanhol não pensa duas vezes no que diz.
– O português é coletivista; O espanhol é individualista.
– O português possui um forte sentimento de resignação,
de aceitação «do destino»; O espanhol é alegre,
enérgico, empreendedor.
– O português é extremamente autocrítico; O espanhol
não só não é autocrítico como não tolera uma crítica.
– O português é sonhador; O espanhol é realista.
– O português é reservado, emocionalmente contido; O
espanhol é expansivo, muito explosivo.
– O português é formal, convencional; O espanhol é informal,
descontraído.
– O português é pouco agressivo, amável, tenta sempre
evitar o conflito, o confronto; O espanhol é aguerrido,
lutador.
– O português é nostálgico, saudosista, virado para o passado;
O espanhol gosta de desfrutar da vida, é futurista.
– O português tem um carácter estóico; O espanhol é
apaixonado, exaltado, fogoso.
– O português não tem jeito nenhum para o negócio; O
espanhol é um comerciante nato: enquanto o português
«monta um negócio», o espanhol «abre uma empresa»,
enquanto o português pergunta «Quanto custa?», o espanhol
questiona: «¿Cuánto vale?»...
– O português tende a focar no processo; O espanhol
olha apenas para o resultado.
– O português é humilde (ou antes, falsamente humilde,
já que pretende à força dar a entender uma característica
que na verdade não possui); O espanhol é muito
confiante em si, extremamente convencido, orgulhoso,
chegando a ser arrogante.
– O português sofre de complexo de inferioridade; O espanhol
sofre de complexo de superioridade.
– O português é dialogante, tolerante, aberto e adaptável
à diferença, ao estranho e a circunstâncias hostis; O espanhol
raramente é conciliador, tende sempre a pensar
que alterar uma posição inicial é, de certo modo, sintoma
de debilidade.
– O português é fatalista; O espanhol é emocional.
– O português fala e entende mais ou menos o castelhano
(o «portunhol»); O espanhol não entende patavina do
português. Nem se esforça muito por entender, diga-se
de passagem...
(*) Escreve segundo o AO
52 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
53
Cultura
Cultura
Jorge Amado
Carlos Esperança
Há dois anos morria Jorge. Amado e lido por tantos.
Acabou o curso de Direito sem nunca procurar o
diploma, num país onde se vai sempre buscá-lo,
mesmo sem frequentar o curso. Partiu da vida sem
querer caixão. Quis ser apenas cinza à sombra de uma
mangueira, no seu quintal.
Édith Piaf
(1915 – 1963):
TRAGÉDIA E GLÓRIA
A seis de Agosto deu à eternidade os quatro dias que
ainda eram seus até aos 89 anos.
Apreenderam-lhe e queimaram-lhe livros na praça
pública. Sofreu a prisão e o exílio mas nunca deixou
que lhe aprisionassem a alma ou lhe roubassem os
sentidos que guardou para o sortilégio do amor, a
vertigem do desejo e a paixão da escrita.
Levou o país do carnaval às terras do sem fim, ao
mundo todo, nas páginas dos seus livros. A sua vida foi
navegação de cabotagem circum-navegando o povo
brasileiro para quem foi, também ele, um cavaleiro da
esperança a sonhar searas vermelhas nos subterrâneos
da liberdade.
Percorreu a vida, cumprindo-se. Amou. Amou
profundamente. O corpo feminino. As mulheres. A vida.
Capitão de longo curso a navegar a língua portuguesa
através dos livros a que aportou. Viajou com meninos
pobres, capitães da areia, ladrões, bêbados, prostitutas,
bandidos, em repetidas viagens pelo sertão infestado
de coronéis, donos de fazendas e de gente, de cacau
e de café, de jagunços e honrarias, de garimpo e
engenhos.
Jorge sabia o valor da mestiçagem, sabia que no
amor, como na vida, é boa a diferença e sabe bem.
Alimentou-o o desejo, ardente fixação no corpo
feminino, desejo de que ainda tinha fome quando já
não podia amar.
Em Salvador vinha-lhe da baía o cheiro a mar que o
inebriava e da terra a força telúrica que o acompanhou.
Foi lá que tantas vezes fez da palavra arma e dos seus
livros a carabina que empunhou ao serviço das causas
que defendeu. Foi lá que a tocaia grande o apanhou.
Ao grande Obá.
Levou do banquete da vida um quinhão largo, mas
deixou abundantes e gostosas vitualhas na mesa da
literatura, 44 livros sobre a toalha.
Partiu feito cinza para a sombra da árvore que plantou.
Iemanjá ficou com ciúmes, no mar de S. Salvador da
Baía de Todos os Santos. Vestida de água, disponível
para ele. Jorge preferiu a terra do porto a que o ligavam
as amarras da vida. E por lá ficou. A imaginar os negros
da Baía a dançar candomblé à volta da mangueira.
Com Orixás a velar. À espera de Zélia. Faz dois anos.
in (Jornal do Fundão
Paulo Marques
Os primeiros anos de vida de Édith Giovanna
Gassion (Édith Piaf) foram não só marcados
pela mais completa miséria e pela
doença, como pela ausência de afeto e pelo
abandono.
Filha de um casal de artistas ambulantes
marginais (a mãe era cantora, o pai contorcionista,
e ambos viciados em álcool), Édith,
passou fome, apanhou porrada, andou ao
deus-dará pelas ruas, foi abandonada pela
progenitora e não recebeu o afeto que lhe
seria devido pelo pai.
Parte da sua infância foi passada em casa
da avó paterna que geria um bordel, tendo
sido acolhida pelas prostitutas que lá trabalhavam.
Terá sempre muito carinho por
estas mulheres em reconhecimento dos
cuidados que lhe prestaram.
Primeiro acompanhando o pai, mais tarde
com a sua amiga de infância Simone Berteaut,
ou sozinha, Édith sobreviveu cantando
nas ruas, em tascas e em bares. Já então
se fazia destacar pelo temperamento vulcânico
e pela qualidade e singularidade da
voz.
A vida forneceu-lhe a matéria-prima para as
canções: o álcool, o aturdimento dos sentidos,
os marginais, os bairros manhosos, a
miséria, as relações fugazes, as desavenças,
o ciúme, o medo, a solidão, mas ainda assim,
e sempre, o amor.
Aos dezassete anos encantou-se por um pequeno
livreiro, Louis Dupont, de quem engravidaria.
A filha que conceberam morreu
aos dois anos de idade vítima de uma meningite
fulminante. Raramente falaria sobre
este assunto, já que toda a vida se atormentou
com o sentimento de culpa pela pouca
atenção que dera à criança.
Aos vinte anos conheceu o empresário
Louis Leplée que, cativado pela sua voz,
a fez subir ao palco, revelando-a à socie-
dade parisiense. Porém, quando pouco
tempo depois Leplée foi encontrado as-
sassinado em casa, as suspeitas cairiam
impiedosamente sobre Piaf que seria
perseguida e humilhada pela imprensa.
Contudo, a partir da sua estreia nin-
guém mais a pararia. Seguiram-se os
discos, os concertos, as digressões, o
teatro, o cinema, o estrelato absoluto,
tudo… exceto o amor.
Nem pela positiva: o trabalho incan-
sável, o talento, o reconhecimento e a
adulação do público, o ter-se tornado
um ícone de França e famosa em todo
o mundo; nem pela negativa: o calor
procurado com inúmeros amantes passageiros,
o álcool e a droga, conseguiram
algum dia apagar a imagem da
criança abandonada.
Incapaz de ficar sozinha, Édith Piaf toda
a vida colecionou amantes atrás de
amantes (muitos deles casados), numa
busca afetiva permanente, na tentativa
de acalmar a angústia tenebrosa da ausência
de amor parental. O que a movia,
de facto, mais do que propriamente
sexo, era a necessidade de uns braços
reconfortantes.
Apesar do seu aspeto físico banal, de
ser baixa e muito franzina, do seu semblante
triste, de não ter um rosto propriamente
“bonito”, possuía um poder
de sedução extraordinário, um carisma
e um magnetismo que arrasou muitos
homens.
Primeiro seduzia-os, conquistava-os,
depois, assumindo as funções de uma
boa mãe, mimava-os, cobria-os de ternura,
educava-os, formava-os, prome
tia-lhes o mundo… e à medida que a
relação se começava a aprofundar,
perdia não só o desejo sexual, como
a vontade de estar com eles. Nem se
dava ao luxo de romper com palavras
de justificação, simplesmente desaparecia,
afastava-se, partia em digressão
ou… para os braços de outro.
Só com Marcel Cerdan, o famoso pu-
gilista francês, surgiu uma outra Piaf,
apaixonada, feliz, doce, fiel, que se
surpreenderia a si própria. Este intenso
amor – que durou cerca de ano e
meio – terá sido o único que saiu do
padrão habitual da cantora, e mesmo
assim, muito provavelmente, pelo
facto de ter sido marcado pela dificuldade
(Cerdan era casado e pai de três
filhos), pela ausência (os combates
dele, os concertos e digressões dela),
pela saudade e… pela morte acidentada
do boxeur, o que lhe conferiu uma
dimensão trágica. É possível que, se
Cerdan não tivesse falecido, a história
tivesse sido igual a todas as outras.
A partir daí foi a derrocada. Os catorze
anos que lhe restaram seriam atormentados
por gravíssimos problemas
de saúde. Vítima de reumatismos
deformantes nas articulações juntou
à dependência do álcool, velho analgésico
de sempre, a dependência da
morfina, na tentativa de atenuar as
dores que lhe deformavam o corpo
e lhe dificultavam o movimento, tornando
cada vez mais difícil manter a
presença ença em palco.
Com a saúde abalada pelos excessos,
pela doença e todo o sofrimento de
uma vida, muitíssimo enfraquecida,
exausta, esgotada, Édith Piaf, acabaria
por falecer com apenas quarenta
e sete anos.
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POSTAL DO DIA
Para a Eunice e o Rui
A ver o mar
Luís Osório
1.
Estamos em suspenso do destino da viagem de Eunice.
Não sabemos o que as próximas horas nos oferecerão de
perda ou redenção, mas aconteça o que acontecer foi
tanto o que nos deu, tantas as marcas que nos deixou,
que muito poucas palavras poderão ser ditas.
Por isso, também por isso, dei comigo a pensar na Eunice,
mas também no Rui.
De alguma maneira, falar de um é lembrarmo-nos do
outro.
Não por se confundirem, mas por habitarem já numa outra
dimensão, a dimensão dos gigantes que não poderão
ser tocados pela morte.
2.
Parecem estar onde sempre estiveram
mas talvez agora o corpo de um e do outro, corpos carregados
de tantas personagens, de tanta morte, do tanto
que viram e pressentiram, dos textos que decoraram, dos
papéis perfeitos, dos aplausos, dos gritos “bravo, bravo”
… talvez agora o corpo de um e do outro os denunciem.
Mas parecem estar onde sempre estiveram.
Entre o nosso mundo e o mundo que apenas aos gigantes
pertence.
Já não são bem daqui, mas talvez nunca o tenham sido.
3.
Sim, são imortais.
Quando alguém nos avisar que partiram, numa qualquer
notícia que nos apanhará a meio de uma qualquer outra
coisa, saberemos que foram para um lugar onde, na verdade,
sempre estiveram sem ainda estar.
E é por isso que eles estão sentados como se esperassem
o momento sem o temer.
Ele e ela.
Ela e ele.
Eunice Muñoz.
Rui de Carvalho.
Os nossos dois gigantes sentados entre um mundo e o
outro.
Entre o palco e o Olimpo.
Entre a relva e as nuvens.
Entre mais um papel e um último aplauso.
Entre mais um texto e o silêncio.
4.
Eunice já se despediu.
Não quer mais, confessou que lhe chegava.
“É altura de deixar cair o pano”.
Rui não se quer despedir.
Deseja representar até ao último dia.
Pisar o palco e ser outro.
Única forma que conhece de ser ele próprio.
Os dois estão sentados e esperam tranquilos.
Ele por um papel que lhe permita esquecer-se que espera.
Ela por uma oportunidade de ser ela própria por uma
vez que seja – de ser Eunice, a avó de Lídia, sangue do seu
sangue, a neta que agora lhe toma o lugar nos palcos.
(como se tal fosse possível).
(como se tudo fosse possível)
5.
Só nos resta dizer-lhes como se fossemos um sopro.
“Obrigado”
Agradecer-lhes por tudo o que nos ofereceram.
Por todas as lágrimas que choraram no inferno de todos
os grandes artistas – o inferno do questionamento, da
dúvida, do absoluto.
O único inferno que vale a pena.
O inferno de que se alimenta quem vive entre dois mundos
e cria lugares e personagens que não existiam antes
de eles os encarnarem.
Muito obrigado, Rui.
Muito obrigado, Eunice.
Obrigado por serem maiores.
Do tamanho de todas mulheres e homens que fizeram
nascer.
Carmindo Carvalho
O dia já vai em mais de meio. Neste
tempo pintado de um cinzento intermitente
de sol envergonhado, sinto-
-me oco.
Já vi dois filmes na Netflix. Já pintei, já
li, já apanhei sol no meu jardim e enquanto
me deliciava com as cores e o
desenho de um amor perfeito, fui surpreendido
com o coaxar da minha rã
que acordou do seu hibernar.
A escrita criativa, não a vejo, não aparece,
deve estar a dormir a sesta.
Na Tv. impera a bosta do costume. Programas
apresentados por vários apresentadores
que por vezes se atropelam
uns aos outros.
É incrível a quantidade de gente que
semearam, promoveram e a quem meteram
um microfone na mão! E agora
eles e elas todos emproados debitam
bacoradas tais como esta dita em directo
por uma menina:“ Quando eu estava
com tesão! “
Modernices televisivas ou então é a
mostra da minha incompreensão.
É hora de eleições. A campanha entra-
-me pela janela adentro e impinge-me
políticos e as suas costumeiras ladainhas.
para desanuviar
As ondas chegam, enrolam-se, brincam
e parece que namoram com a
Já estou vacinado. Estou farto de es-
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perar. Farto de ambicionar mais justiça
e pureza numa sociedade mais sã e
transparente.
Há dias fui ao oftalmologista, parto
do princípio que estou a ver bem, mas
quanto a isto não vislumbro nada, é
mais do mesmo. Continuam as mesmas
vicissitudes, as mesmas promessas
já desbotadas e gastas pelo uso de
décadas.
Daqueles que só aparecem nestas alturas
talvez à caça do rendimento de
cada voto, e dos prenhes de ideias que
são autênticas aberrações, ou ainda
dos anjinhos com cheiro a cueiros sujos,
que pretendem mostrar uma auréola
salvadora, simplesmente utópica,
também nada espero.
Não sei porquê mas em todos vejo narizes
de pinóquio.
E eu, sinto-me como parafuso já ferrugento
de uma peça da engrenagem,
encerrado numa meada e não encontro
a ponta que desenrole de dentro
para fora, me liberte e mostre algo de
credível que me dê esperança de solução,
de salvação.
Preparo-me para ir ver o mar. Esse meu
amigo que nunca falha. Sempre lá está
fielmente esperando.
areia.
As gaivotas perfilam-se como magalas
em parada, todas alinhadas de frente
para o sol, em adoração ou na função
de secagem da penagem.
Mais refeito, com os pulmões cheios de
ar puro e os olhos limpos da “poeira”
retorno a casa, feliz, ouvindo, cantarolando
e reflectindo na canção dos Kansas
- Dust In The Wind -
“Fecho os meus olhos apenas por um
momento e o momento se foi/ todos
os meus sonhos curiosamente passam
diante dos meus olhos / poeira
no vento tudo que nós somos é poeira
no vento / a mesma velha música
apenas uma gota de água em um
mar infinito/ tudo que fazemos cai
em pedaços embora nós nos recusemos
a enxergar/ Agora não desperdice
um minuto. Nada dura para
sempre apenas a Terra e o Céu ele (
o minuto ) foge e todo o seu dinheiro
não comprará outro minuto / Poeira
no vento somos apenas poeira no
vento/ Vive cada momento”.
Pois é isso mesmo, o momento que te
fugiu, não o agarraste, não o viveste, e
afinal a essência de cada instante, ou
momento, são partículas de contentamento
que nos aproximam da felicidade,
pensei.
23, jan, 2022
Feriados e Datas Comemorativas
Neurociência
A PRESSÃO QUE NOS
SUBJUGA
Hoje é sexta-feira
V Nelson Lima (*)
O nosso cérebro não evoluiu muito nos últimos
250 mil anos, na verdade uma fracção de tempo
desde os pré-humanos dos quais descendemos.
Mas o nosso mundo - o da sociedade
humana - sofreu transformações radicais.
Em apenas 5 mil anos (desde a primeira cidade,
a invenção da escrita, etc.) o mundo não mais
ficou igual ao que era anteriormente, devido ao
desenvolvimento da tecnologia e da cultura.
para nós incompreensíveis).
Poderá dizer-se que sempre houve pessoas
com depressões (sim, mas não como agora),
doenças (sim, mas não como as de agora), dificuldades
de adaptação (sim, mais não tão graves
como agora) e atos de loucura (sim, mas
não tão discordantes com os níveis de cultura e
desenvolvimento da nossa época).
Isto é apenas uma possibilidade que eu aceito
como explicação e que a biologia evolutiva actual
defende.
Eu penso que é aqui que reside uma das explicações
possíveis para os problemas de muitos
comportamentos que agora consideramos desviantes
e aberrantes.
Um deles é a pressão psicológica que a vida
de muitas pessoas exerce nelas ao ponto de as
pôr doentes, torná-las inaptas para assumirem
responsabilidades (como a de serem pais) e até
enlouquecerem (fazendo coisas horrendas e
(*) Director Geral e Coordenador
Nacional do Grupo
INSTITUTO DA INTELIGÊN-
CIA PORTUGAL
Director na Europa do CI-
NEAC Centro de Inovação
Educacional Augusto Cury
(Brasil)
Professor de Neurociência,
Coordenador e Orientador
na Universidade do Futuro
(Brasil)
Director da Divisão de Investigação
da EURADEC
(Associação Europeia para
o Desenvolvimento da Educação
e da Cidadania, ALE-
MANHA) e da WEA - World
Education Association for
Sustainable Development
and Global Citizenship, SUI-
ÇA)
Representante da ZIGMA
CONSULTING (América Latina),
em Portugal.
Carlos Matos Gomes
Hoje é sábado, amanhã é domingo/
(…) Foi muita bondade de Nosso Senhor
Jesus Cristo/Mas por via das
dúvidas livrai-nos meu Deus de todo
mal.
(…) Neste momento todos os bares
estão repletos de homens vazios/(…)
Todos os maridos estão funcionando
regularmente/Todas as mulheres estão
atentas/Porque hoje é sábado.
Mal procedeu o Senhor em não descansar
durante os dois últimos dias
(…)Descansasse o Senhor e simplesmente
não existiríamos. (…) Não teríamos
escola, serviço militar, casamento
civil, imposto sobre a renda e
missa de sétimo dia…
Vinicius de Moraes
Lembrei-me deste genial poema de Vinicius de Moares,
que vos convida a ler na íntegra nestas vésperas de sábado.
Hoje é Sexta, amanhã será sábado e depois de amanhã
será domingo. Esta sequência mantem-se apesar
da campanha eleitoral. O calendário deve ter sido das
poucas referências civilizacionais que as televisões e os
grandes meios de manipulação de massas não deturparam.
Vá lá.
Parece-me que esta campanha teve 3 pontos que a distinguiram
de todas as anteriores.
Primeiro: as televisões e os grandes meios de manipulação
surgiram à luz crua do que o que parece é, como sabres
ideologicamente desembainhados e instrumentos
de propaganda partidária defensora do neoliberalismo.
O resultado destas eleições será um teste à eficácia da
propaganda partidária de massas.
Segundo: o «estado social», baseado no compromisso
estabelecido no pós-Segunda Guerra na Europa Ocidental,
de serviços públicos universais, de previdência e de
distribuição de riqueza foi desvalorizado e até vilipendiado
enquanto conquista civilizacional e colocado em
competição com a lei da selva do neoliberalismo, da sociedade
de privilégio e da lei do mais forte. O PSD surgiu
com clareza como uma formação neoliberal.
Terceiro: a “normalização” e aceitação de movimentos
totalitários, de cariz salvífico e milenarista, populistas,
sem princípios, e da cultura de gangue. Organizações
deste tipo foram acolhidas como atores respeitáveis na
discussão sobre da sociedade portuguesa. Foi-lhes dado
lugar à mesa da comunidade, com a cumplicidade dos
órgãos de manipulação e a complacência de alguns líderes
políticos. Serviram como guarda avançada de uma
ideologia de violência ao serviço dos privilégios, que está
a renascer.
O resultado do somatório destes três fatores, e da capacidade
de discernimento da nossa sociedade, será visível
no domingo.
Baptista Soares
(Endireita)
MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO
MUSCULAR DESPORTIVO
MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT
KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN
Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen
Natel 078 754 18 31
58 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
59
Humor - ”Quem não sabe rir, não sabe viver” Passatempo
PIADAS SECAS
Reiqueijão!
São as escadas em caracol.
A um bat-zado.
— O que é que o olho direito
disse para o olho esquerdo?
Aqui entre nós, alguma coisa
cheira mal!
— O que é que o zero diz
ao oito?
Que cinto giro que tu tens!
— Pai, como te sentes em
ter um filho tão bonito?
Não sei, filho, é melhor perguntares
ao teu avô.
— O que acontece quando
dois bandidos caem ao
mar?
Há uma onda de crimes.
— Que nome se dá a uma
ferramenta perdida?
Foice.
— Sabem porque é que a
pizza chora no funeral?
Porque é familiar.
— A que horas acordam os
catos? Às oito e picos.
— Como se chama o rei dos
queijos?
— Onde é que dorme o relógio?
No quarto de hora.
— Há um terramoto e todas
as coisas caem, menos
uma. Qual?
O champô antiqueda.
— O que diz o açúcar ao leite?
Encontramo-nos no café!
— Qual é a fórmula da água
benta? H Deus O.
— O que é que o advogado
da galinha foi fazer à esquadra?
Foi soltar a franga!
— Por que é que as formigas
têm 4 amigas?
Por que se tivessem 5 era
fivemigas.
— Por que é que o polícia
não usa sabão?
Porque prefere deter gente.
— Existem duas palavras
que abrem muitas portas:
Puxe e empurre.
— Quais são as escadas que
demoram mais a subir?
— Como é que os peixes viajam?
Vão à baleia.
— O meu médico disse-me
que eu tinha uma amigdalite.
Foi uma notícia bastante difícil
de engolir.
— Porque é que o Power-
Point está feliz?
Porque teve um diapositivo.
— O que diz um peru quando
vê um tubo de cola? Glue!
Glue! Glue!
— Sabes por que a água foi
presa?
Porque matou a sede.
— O que é que a zebra disse
à mosca?
Tu estás na minha lista negra.
— Como se transforma um
giz em cobra?
É só colocar na água que o
giz-boia.
— O Batman calçou o seu
bat-sapato e foi no seu bat-
-carro. Onde ele foi?
— Como é que as freiras secam
a roupa?
Com-vento.
— Que tipo de vinho bebe
um dinossauro?
Vinho branco, porque é um
animal ex-tinto.
— O polícia manda parar o
condutor e diz: - O senhor
tem uma lâmpada fundida.
São 30 euros. O condutor
responde: -
Pode mudar Sr. Guarda. Na
oficina queriam 50 euros.
— Um cato liga para o outro:
-
Aloe Vera?
— O que é que o Boneco de
Neve costumo colocar no
leite?
Flocos de neve.
— Qual é o fenómeno meteorológico
mais comum
no Natal?
É a rabanada de vento.
ANOS NEGROS
ANOS NEGROS da Covid dezanove
Que assolaram de surpresa o nosso mundo
Com um furor violento que comove
E o deixou irresoluto e moribundo.
Anos sombrios que espalharam luto e dor
E espargiram seu negrume em toda a terra
Consumido por um vírus de terror
Mais letífero do que uma nefasta guerra.
Anos de medo e cruel confinamento
Que nos roubaram o direito à liberdade
Condenando o ser humano a tal tormento.
Surto atroz que extenua a humanidade
Infortúnio deste meu triste lamento
ANOS NEGROS que a ninguém deixam saudade.
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291,
Postfach 217
8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 - 044 242 06 45
Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
Euclides Cavaco
60 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu
61
POESIA
CULTURA
V CARMINDO
DE CARVALHO
https://bit.ly/3jAnqL2
ÉBRIO DE SANTA
LOUCURA
Serôdia, para mim nasceste
Tarde, para mim vieste.
Cedo, de mim te foste
Súbito de mim te esqueceste.
Memórias
Empacotadas?
Vivências, confidencias,
Cumplicidades esquecidas?
Corrosão?
Erosão?
Que misteriosa intempérie em acção?
Que impiedosa poção?
Que efeito tão destruidor!
Que efeito tão exorcizador!
Meu amor!
Meu amor!
Meu Sol brilhante!
Minha Estrela candente!
Ébrio de santa
Loucura!
Quero continuar neste casulo
Involuntariamente lixado
Voluntariamente
Estupidamente
Apaixonado.
Meu amor!
Meu amor!
Em espasmos de gozo
Em lençol de linho
Deitado.
Meu amor!
Meu amor
Minha flor de verde pinho.
“Meu amor!
Meu amor!
Minha Estrela da tarde
Que o Luar te amanheça e o meu corpo te guarde.”
ASSIM...
(MJP): Olha eu a assobiar...
(JLD): Quem assobia, não canta
Diz-se e tem-se razão
Ou se canta ou se assobia
Há que fazer-se opção
(MJP): Eu assobio a cantar
Pelos vistos sou excepção
Também canto a ‘ssobiar
Não tenho que ter opção...
(JLD): És branda no assobio
Se cantas a´ssobiar
Ao cantar, abres a boca
Como poderás soprar?
(JLD): Anda lá, minha alfacinha
Destrava a língua a cantar
Ou tens força na garganta
Ou vai p´ró Tejo pescar
Maria José Praça (MJP) versus João Luís Dias (JLD)
ACONTECEU DESGARRADA
Nada vai, se quer ficar…
(JLD): No Minho há desgarrada
Aprendi nas romarias
Se cantas não´stás calada
E espero as tuas rimas
(MJP): Canto o Fado e danço o Vira
Pesco no Tejo ao anzol
Vai mas é molhar os pés
E apanhar banhos de sol...
(MJP): É bom que as não vás esperando
Que as minhas rimas têm dono
Contigo só desrimando
Em era uma vez um conto...
(JLD): Demos corda ao versejar
Continuemos então…
O fado não vou cantar
Mas pego peixes à mão!
(MJP): Já estou mortinha de sono
Vai então pescar p’ra mim
Pode ser uma lampreia
Antes que ela chegue ao fim...
(JLD): Não queres subir ao Castelo
(MJP): O assobio é um canto
Um canto é um assobio
*** José Carlos Ary Dos Santos - 2004
Sobe a ladeira do sopro
e ver se chove na Graça?
Desce no correr do rio...
Aproveita, olha o Rossio
(JLD): No meu rio só desce água
E vê bem quem por lá passa
Os peixes não vão p’ró mar
Ou se canta ou se assobia
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C A R N A V A L
SONHOS PROÍBIDOS
V EUCLIDES
CAVACO
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euclides.cavaco
São no mundo festejadas
Folias de Carnaval
Mas sempre mais celebradas
No Brasil e Portugal.
É quadra de euforia
Liberdade e extravagância
Num misto de idolatria
São festas de relevância.
Aldeias, vilas, cidades
Destes nossos dois países
Fazem das festividades
Momentos assaz felizes.
Fantasiam-se partidas
Forjadas no Carnaval
Ousadas e atrevidas
Mas ninguém as leva a mal.
A crítica mascarada
De máscara fica nua
Pois só assim disfarçada
Tem liberdade de rua.
Eis-me aqui!
Olhando o vazio, de alma sentida, cheia de tanto,
entoando gemidos de lamento, no silêncio do pen-
samento e gritos surdos que escrevo com lágrimas,
que ninguém lê, de entre multidões ávidas do bri-
lho por que lutam, para adornar e pintar as suas
ilusões que necessitam para sobreviverem.
Eis-me aqui!
Alimentando a revolta que se agiganta dentro de
minha pequenez, que me foi atribuída, privado da
liberdade de me libertar, preso a argumentos que
não são meus, aos quais me adapto, mas não me
destaco, condenado a matar de vez a personali-
dade que em mim vive, qual robôt, neste mundo
repleto de tantos, onde poucos têm acesso ao te-
lecomando.
Eis-me aqui!
De olhos abertos, que não podem ver, com sentimentos
à flor da pele, que faço por ocultar, tentando
habituar-me à surdo-mudez que me é permiti-
da, de coração rebelde que explode em lágrimas e
alma complacente que teima em perdoar.
Do frenético ambiente
Após a festa acabada
Permanece muita gente
Sem máscara...Mascarada!...
Euclides Cavaco
V MANUEL ANTÓNIO
Aqui estou eu!
No lugar para onde o destino me empurrou, por
caminhos inversos aos dos sonhos, que sempre
percorreram trilhos fora do alcance da vida que o
fado para mim traçou.
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HOROSCOPO
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Oitavas do Zodíaco
Gémeos pode ser compreendido
como oitavo superior de Escorpião por
ser o signo que comunica, pensa e estuda
tudo, inclusive os sentimentos mais
profundos, permitindo um entendimento
intelectual do psiquismo pessoal, cultural
e humano. O que é dito, ou de alguma
forma transmitido, pode revelar a si e
aos outros processos íntimos, abrindo a
possibilidade de transformações graças
à luz da razão chegando a elementos até
então inconscientes.
Capricórnio pode ser
compreendido como oitavo superior de
Gémeos por ser o signo que formata os
pensamentos e conhecimentos em prol
do status, da realização profissional e
reconhecimento social. Esta demanda
provoca uma busca de fundamentação
nas informações que já adquiridas, como
também, passa a influenciar aquelas que
desejamos obter.
Leão pode ser compreendido como
oitavo superior de Capricórnio por ser
o signo que possui auto-estima e forte
sendo de dignidade, o que facilita a
exposição profissional, mesmo quanto
nem tudo está amadurecido, formatado
e perfeito. A consciência de si mesmo
enquanto ser criativo e único agiliza
uma actuação realizadora na vida, pois,
independentemente do feito, o indivíduo
já possui seu valor e é merecedor de
respeito.
Peixes pode ser compreendido como
oitavo superior de Leão por ser o signo
que acesso dimensões energicamente
subtis, superiores e divinas, dando ao
ser humano a consciência de que faz
parte do Todo ou de um destino, que o
absorve e o envolve numa forte rede de
acontecimentos e situações. A percepção
da existência do Criador lembra ao
homem que ele é antes de tudo criatura,
mesmo sendo também criador.
Balança pode ser compreendida
como oitavo superior de Peixes por ser
o signo que representa a harmonia e a
cooperação entre os homens, dando ao
ser humano a necessidade da companhia,
de ser amado pessoalmente e de amar.
A relação afectiva é o exercício diário do
amor espiritual, ou seja, é transportar
este amor para a dimensão terrena por
entender que o outro é a personificação
do Todo, ou de uma parte Dele.
Touro pode ser compreendido como
oitavo superior de Balança por ser o signo
que prioriza a preservação da vida e dos
valores, sinalizando a relevância do bemestar
e das necessidades bem atendidas.
Bons frutos irão resultar de uma parceria
que dá lugar aos talentos individuais e
que respeita a bagagem de cada um. As
relações podem ser avaliadas por meio
do fortalecimento de cada um, no que diz
respeito ao seu próprio mérito, estima e
importância.
Sagitário pode ser compreendido
como oitavo superior de Touro por ser
o signo que busca o aprimoramento e
a sabedoria. O valor da vida humana,
inclusive o nosso próprio, é elevado
quando passamos a seguir ideologias e
códigos que sintetizam o que é ético e
moralmente correcto e, também, quando
procuramos por caminhos direccionados
para o bem e para a Verdade.
Caranguejo pode ser
compreendido como oitavo superior de
Sagitário por ser o signo que cuida para
que tudo tenha significado e sentindo
pessoal. As metas filosóficas, os códigos
de conduta, e o caminho do bem deixam
de ser só belas palavras e passam a ser
as nossas profundas verdades quando
eles fazem eco e ressoam dentro de nós,
dando-nos a certeza que elas estão nos
levando para o lar, para algo que nos
conforta e aconchega.
Aquário pode ser compreendido
como oitavo superior de Caranguejo por
ser o signo que se abre para os homens
enquanto grupo, pensando no futuro,
buscando o que melhor lhe atende e
escutando a todos. A ideia de família
alcança uma abrangência surpreendente
quando as discriminações dentro dela
deixam de ocorrer em prol do bem-estar
de todos, como também ao considerar
que de fato todos que povoam o planeta
são membros de uma mesma família.
Virgem pode ser compreendida como
oitavo superior de Aquário por ser o signo
que coloca a mão na massa, solucionado
os problemas, fazendo com que tudo
funcione, ou seja, viabilizando a vida. As
invenções, os pensamentos de vanguarda
e revolucionários só promovem o
progresso e o avanço em termos
tecnológicos e humanitários quando
de fato são aplicáveis e colocados em
prática, o que exige trabalho minucioso,
muitos experimentos e reavaliações.
Carneiro pode ser compreendido
como oitavo superior de Virgem por
ser o signo que parte para a acção com
coragem, fazendo tudo com rapidez,
sempre disposto a conquistar seus
objectivos e a enfrentar os obstáculos.
O processo de analisar, separar, fazer e
refazer, consertar ou restaurar deixa de
ser enfadonho quando existe o direito de
escolher uma forma própria para actuar,
respeitando a si próprio e a identidade
de cada um.
Escorpião pode ser compreendido
como oitavo superior de Carneiro por
ser o signo que penetra no inconsciente
podendo acessar os propósitos secretos
de cada um dos nossos impulsos e
desejos. Quando nenhuma acção
passa despercebida, ou seja, todas
são entendidas como fontes para o
autoconhecimento, o resultado disto
é observar a si mesmo, suas escolhas e
seus objectivos, o que é suficiente para
garantir um constante investimento
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Última
PS vence Legislativas
com maioria absoluta
Manuel Araújo
O Partido Socialista de António Costa alcança
41,68%, correspondendo à eleição de
117 parlamentares, contra 76 do PSD. A surpresa
surge com o resultado do partido da
extrema-direita Chega, que obteve 7,15% e
12 deputados e supera o PCP e Bloco de Esquerda,
o que acontece pela primeira vez.
Outra surpresa foi o afastamento do CDS
do Parlamento, o qual não conseguiu eleger
nenhum deputado.
Quando estão já apurados os resultados de
todas as freguesias do território nacional,
o PS vence com maioria absoluta, com 117
deputados, contra 76 do PSD. Fica apenas
a faltar a atribuição dos quatro deputados
dos círculos da Europa e fora da Europa.
Após a queda do Governo, devido à rejeição
do Orçamento de Estado 2022, originada
pelo PSD, CDS, Chega, IL, Bloco de Esquerda
e PCP, o PS de António Costa vence
inesperadamente as eleições com maioria
absoluta, castigando severamente os causadores
da rejeição do Orçamento e da
consequente queda do Governo.
António Costa, foi o vencedor das Legislativas
intercalares 2022 e deverá ser indigitado
como o novo Primeiro-Ministro de Portugal.
Desde o 25 de Abril de 1974 os portugueses
já foram chamados 15 vezes para escolher
um novo Governo. O PS venceu nove
eleições e o PSD as outras seis, incluindo as
coligações.
RESULTADOS
PS: 41,6% - 117
PSD: 28,9% - 76
CH: 7,1% - 12
IL: 4,9% - 8
BE: 4,4% - 5
CDU: 4,3% - 6
CDS: PP 1,9% 0
PAN: 1,5% - 1
L: 1,2% - 1
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