03.02.2022 Views

Lusitano de Zurique

Edição digital do Lusitano de Zurique

Edição digital do Lusitano de Zurique

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

LUSITANO

de

ZURIQUE

[ FEVEREIRO 2022 | Edição Nº. 285 | ANO XXVIII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]

EDIÇÃO DIGITAL

LEGISLATIVAS 2022 - PARTIDO SOCIALISTA VENCE COM MAIORIA

ABSOLUTA

Pág. 40

PS: 41,6% - 117 deputados

PSD: 28,9% - 76 deputados

Pág. 66

© MIGUEL A. LOPES/ LUSA

Pág. 40

editorial

Crónica

desporto

Cultura

O fim da “Pandemiaa”...

Pág. 3

Rectificar a injustiça feita aos

idosos

Pág. 31

A selecção é um dos objectivos

- Letícia Rodrigues Fernandes

Pág. 18

Diário de uma avó e de um

neto...

Pág. 26


EQUIPA EDITORIAL

Director: Armindo Alves

Jornalista CC15 A

Director-adjunto: Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

Email: lusitano@gmail.com

COLABORADORES

Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,

Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães, Cristina

F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco, Graça

Amiguinho, Ivo Margarido, Joana Araújo, Joaquim

Galante, Jorge Macieira, Luís Osório, Manuel Araújo,

Maria dos Santos, Maria José Praça, Nelson Lima,

Nelson Mateus, Pedro Nogueira, Rosa Moreira.

EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO

Joana Araújo

Jornalista CC 11 A

Email: joanaaraujo@protonmail.ch

PUBLICIDADE

Tel.: 079 222 09 14

Email: pub.lusitano@gmail.com

IMPRESSÃO

Diário do Minho - Braga

Tiragem: 3000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Distribuição gratuita

NOTA IMPORTANTE:

Os artigos assinados reflectem tão-somente

a opinião dos seus autores e não vinculam

necessariamente a direcção desta revista.

Apoio

LUSITANO

de

ZURIQUE

Por discordância, esta publicação

não adopta, nem respeita as normas

do novo inútil Acordo Ortográfico.

MARIZA

www.mariza.com

Quarta-feira 27.4.22 20.00 Samsung Hall Zürich

VENDAS ANTECIPADAS: allblues.ch ticketcorner.ch

Tel. 0900 800 800 (CHF 1.19/min.) • todos los Ticketcorner, Coop City, Manor ORGANIZADOR: AllBlues Konzert AG

VENDO MORADIA T4

Área total de zona habitável, cerca

de 400m2 (r/c, 1º andar e sótão)

2 Cozinhas (1 r/c, outra no 1º andar)

- 4 Quartos (1 suite) - 2 salões -

Sótão que dá para mais 2 quartos

-1 terraço com 26m2 - 1 varanda -

Anexos com ca. de 40m2 - Estacionamento

frente à casa para cerca

de 8 carros, piscina amovível. - Edifício

está implantado num terreno

com perto de 2000 m2 que poderá

ser dividido para outra habitação.

Tem nogueiras, ameixoeiras, pessegueiro

e citrinos (12 árvores) -

Local calmo e privado, a 5 minutos

do centro de Braga. - Transportes

publicos, escola, restaurante, mini-mercado,

padaria e três praias

fluviais etc..

Preço: - 210 mil euros

Informações: (00351) 914 728 938

Únicos concertos na Suíça!

Portugals Fado-Diva live:

«Canta Amália»

28.4.22, Théâtre du Léman Genève

esgotado!

Nova data!

LEILÃO de casa na praia

Vai proceder-se à venda por proposta

em carta fechada de um

prédio urbano composto de casa,

pavimento e logradouro, situada

a poucos metros da praia em Esposende.

Valor base de licitação:

33.854,04 euros

Interessados poderão enviar propostas

em carta fechada para

“PALÁCIO DA JUSTIÇA” - 4740-204

ESPOSENDE.

Para mais informações, telefone

253 969310 ou email: esposende.judicial@tribunais.org.pt

e

indicar o número do processo,

557/19.2T8EPS e Registos nº Art.

nº 499 - e nº 873/Esposende

Abertura das propostas, é no próximo

dia 15 de Março.

EDITORIAL

Armindo Alves

Vivemos num mundo digital onde a

informação nos chega a casa em alta

velocidade, muitas vezes com grande

Agressividade. Os média aterrorizam o

povo, havendo muita gente que acredita

em tudo que lê e que lhe metem

pela frente, sem questionar.

No nosso dia-a-dia todos nos questionam

se estamos ou não vacinados, pois

com a vacina somos mais livres e muitas

pessoas submetem-se à vacina para

poderem viajar, divertir-se, digamos

para ter mais liberdade e não pela sua

protecção!

Todos sabemos que as vacinas no passado

salvaram milhões de pessoas em

todo o mundo e são indispensáveis.

Nos últimos tempos observo ser mais fácil

e sem grandes burocracias ser imunizado,

que entrar num restaurante.

Cheguei a conclusão que a vacina do

covid está na moda e em nada são

iguais às vacinas do passado. Sabemos

que esta vacina é um negócio e está

ainda em fase experimental e é sobretudo

política, as quais, gente da Ciencia,

Medicina e muitas outras não a aceita.

Acho absurdo e um abuso, alguns vacinados

dizerem, que os não-vacinados

deveriam ter menos direitos que os demais

e que esses, deviam até de pagar

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL

Tel.: 079 222 09 14

Email: armindo.alves@garage-

-mutschellen.ch

RANCHO FOLCLÓRICO

Tel.: 079 549 99 10

Email: rancho@cldz.eu

O fim da “Pandemia”

as custas do hospital, caso fossem infectados.

Será que os fumadores, os alcoólatras,

drogados, gente com SIDA e até os acidentados

de automóvel, entre outros,

têm menos direitos que os restantes?

Todos os que referi, causam, é certo,

enormes gastos de dinheiros públicos,

o que podia ser evitado e não vejo ninguém

a acusá-los e a discriminá-los,

pela sua opção “irresponsável”, pois

esse é um direito individual que lhes

assiste, exactamente igual aos que não

aceitam serem vacinados.

Sobre este tema, podia falar de casos

de várias pessoas que conheço, vacinados

e não vacinados, que deixaria ainda

mais confusos e com grandes dúvidas

os “respeitadores” da “lei”, mas como

disse, não entrarei nessa discussão.

O responsável pelo Departamento de

Estratégia de Ameaças Biológicas para

a Saúde e Vacinas, da Agência Europeia

do Medicamento (EMA), alertou recentemente

que as sucessivas administrações

de doses de reforço da vacina, podem

enfraquecer o sistema imunitário.

Até as autoridades têm dúvidas… sempre

tiveram.

Todos sabemos que a vacina não impede

de ser contagiado e de contagiar,

não existindo até ao momento provas

científicas que provem que a transmissão

do vírus pelos não-vacinados difere

dos vacinados. Ela quando muito, eventualmente,

protegerá apenas quem a

tomou. Quem não a tomou, estará apenas

a colocar a sua própria vida em risco.

É inaceitável esta propaganda de medo

e de mentira das autoridades/Comunicação

Social, feita em torno da covid-19,

havendo já em todo o Mundo, casos de

preconceito e discriminação com os

não-vacinados. A continuar deste jeito

ainda nos irão marcar como fizeram os

nazis, aos judeus.

Não é notícia nos grandes meios de

RESTAURANTE (reservas)

Tel.: 044 241 52 15

CURSO DE ALEMÃO

Tel.: 076 332 08 34

PROPRIEDADE

& ADMINISTRAÇÃO

CENTRO LUSITANO

DE ZURIQUE

Risweg, 1

8041 Zurique

Tel.: 044 241 52 15

Email: info@cldz.eu

Editorial

comunicação, mas alegadamente, já

há dois medicamentos para o covid

(para todas as variantes) provenientes

de duas clínicas com centenas de

curas com provas dadas e documentadas,

tendo ambas sido ameaçadas

pelo INFARMED, o qual rejeitou ver os

estudos feitos, no sentido de aprovarem

um medicamento barato e de eficácia

comprovada, o qual desentupiria os cuidados

intensivos nos hospitais e evitaria,

certamente, muitas mortes. Foram

ignoradas.

Acho esta decisão das autoridades negligente

e irresponsável, mas não me

surpreendente, pois, o modus-operandi

do INFARMED, das Farmacêuticas e da

Máfia se confundem.

Chamem-lhe teorias da conspiração, ou

o que entenderem, mas continuo com

a “pulga atrás da orelha”. Recordo que

ainda, que não havia praticamente casos

de vírus em Portugal, quando muitas

redacções receberam uma circular

da Agência Lusa, citando a DGS, a solicitar

que doravante todas as notícias

sobre o vírus fossem publicadas.

Ainda sobre a doença, eu não nego a

perigosidade das várias variantes do vírus.

Ele existe e mata, sei disso, mas há

no meio desta informação e contra-informação,

algo de estranho e anormal.

Não sou anti vacina apenas não acredito

tudo aquilo que diariamente nos metem

pela casa dentro. Tudo isto faz-me

lembrar as terríveis sessões de “acção

psicológica”, dadas antes dos soldados

irem para a Guerra em África, as quais

incutiam medo e ódio. Uma autentica

lavagem cerebral.

O fim desta “Pandemia” acredito que

está próximo e o melhor remédio agora,

podem crer, chama-se desconfiança

e questionar sempre, ouvir os dois lados,

ser responsável, prevenir-se e evitar

comportamentos de risco. O resto, o

tempo o dirá. Ele é nosso amigo e será

o melhor dos juízes.

2 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

3

Director

Jornalista CC15 A



Motores

Quanto tempo duram as

baterias de carros eléctricos

V ARMINDO ALVES

Sabe-o pelo smartphone: passados

alguns anos, o desempenho da bateria

de iões de lítio diminui lentamente.

Quem pensa em comprar um

carro eléctrico, por isso, com razão,

pergunta-se a si mesmo a questão

da vida útil das baterias instaladas.

Será que a electro-mobilidade acaba

por produzir uma pilha de resíduos

electrónicos, e não é tão ecológica?

No entanto, a experiência até agora

mostra que as baterias de carros eléctricos

são surpreendentemente duráveis.

A indústria da reciclagem de automóveis

ainda quase não desmantelou os

automóveis eléctricos e há apenas alguns

veículos eléctricos no mercado

em segunda mão. A questão da vida

útil das baterias de carros eléctricos é,

portanto, difícil de responder. Actualmente,

são assumidos 1000 a 1500

ciclos de carregamento. Com uma

autonomia de 300 quilómetros por

carga, isto resulta numa vida útil de

300’000 a 450’000 quilómetros.

Fabricantes dão garantia adicional

sobre baterias.

De forma a aliviar os compradores de

carros eléctricos com medo de um

rápido desgaste da bateria, a maioria

dos fabricantes hoje em dia dá uma

garantia sobre as suas baterias.

Para os carros eléctricos mais vendidos

no terceiro trimestre de 2020, são

8 anos e 160’000 quilómetros. A bateria

não deve perder mais de 25% da

sua capacidade de carregamento durante

este tempo ou distância. Isto já

responde à questão da ecologia.

O maior consumo de recursos na produção

de automóveis eléctricos já

alcançou depois de 20’000 a 40’000

quilómetros em comparação com os

carros convencionais de combustão.

Como prolongar a vida útil da bateria

do carro eléctrico?

As tecnologias de baterias mais antigas

tiveram um efeito de memória. Se

não foram totalmente descarregados

e recarregados, perderam a capacidade.

Este já não é o caso das baterias

modernas de iões de lítio: idealmente,

a bateria é usada no dia-a-dia num estado

de carga entre 20 e 80 por cento.

Para viagens mais longas, é claro, será

totalmente carregada.

A velocidade de carregamento também

tem influência na vida útil da

bateria. A maneira mais suave de carregar

o seu carro eléctrico em casa é

na wallbox.

O carregamento rápido numa estação

de carregamento público é prático

numa viagem, mas esforça a bateria

e também é significativamente mais

caro do que carregar em casa. O carregamento

lento é suficiente na maioria

dos casos, afina um carro fica parado

por uma média de 23 horas por dia.

Isto significa haver tempo suficiente

para carregar. Mesmo aqueles que

conduzem economicamente prolongam

a vida útil da sua bateria de carro

Eléctrico. Tal como acontece com

o motor de combustão, isto significa

principalmente condução antecipada.

Assim a maioria dos processos de travagem

pode ser dominado com recuperação

de energia (recuperação) sem

que os calços de travão tenham de libertar

energia rolante sob a forma de

calor para o meio-ambiente.

Volkswagen Service

Für Sie spielen wir

die erste Geige

Damit Ihr Volkswagen ein Volkswagen bleibt.

Garage Mutschellen AG

Bernstrasse

Bernstrasse

4,

4,

8965

8965

Berikon

Berikon

Tel.

Tel.

056

056

633

633

15

15

79,

79,

www.garage­mutschellen.ch

www.garage­mutschellen.ch

4 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

5

Somos Wir sind o Ihr seu Partner parceiro für Reparatur reparações und Service e serviços.

O seu Bei uns Volkswagen ist Ihr está in festen em Händen. boas mãos All unsere connosco. Leistungen sind Todos speziell os auf Sie nossos

und Ihren Volkswagen abgestimmt. Wir garantieren Ihnen eine fachgerechte und preiswerte

Wartung sowie Betreuung in Ihrer Nähe.

serviços são feitos sob medida para si e para o seu Volkswagen.

Nós garantimos-lhe na sua área, manutenção e suporte profissional acessível.

Para que seu Volkswagen continue sendo um Volkswagen.



REVEILLON

2022

A V Maria dos Santos

O Centro Lusitano Zurique vestiu-se

de gala para receber a numerosa Comunidade

Portuguesa residente na

região na noite de Passagem de Ano.

A ampla Sala com motivos Natalícios,

decorada com requinte pela Sandra

Alves, estava pronta a receber todos

aqueles que quiseram desfrutar de

um serão diferente e desejado desde

há muito tempo.

O Certificado ou teste negativo do Covid

19 era obrigatório.

Não se pôde dançar, faltou essa cereja

em cima do bolo para terminar o ano

em beleza, mas primou pela qualidade

do convívio.

A equipa de serviço encontrava-se

reduzida, no entanto, não foi motivo

para faltar à promessa de que o dia

trinta e um do ano dois mil e vinte um

se vestisse de traje cerimonial.

No apoio à cozinha estiveram o Armindo

Alves, a Sandra e Carina Gonçalves,

que tiveram ainda a prestimosa ajuda

da Mariana no serviço às mesas.

Não foi tarefa fácil, mas como eu sempre

digo, são nos momentos difíceis e

complicados que se observa o valor

de quem dá tudo em prol da nossa

Comunidade.

Num ambiente solene a roçar o romantismo,

com cores natalícias e

numerosas velas, os presentes foram

brindados com uma fantástica entrada:

camarão, sapateira, chouriço, presunto

e queijo.

Depois dos primeiros brindes a um

ano que todos apostamos muito com

esperança, a cozinha preparou o primeiro

prato principal: bacalhau Reveillon.

Entre aplausos e palavras gratificantes

pelos pratos servidos, a nossa Carina

e Mariana sorriam de satisfação por

verem aqueles convivas bem humorados

e felizes.

Para melhorar a digestão foi servido

um corta sabores, ou seja, um sorvete

de limão.

Muito animados, a grande parentela

que aqui se juntou, cantou, bateu palmas

e recordou muitos acontecimentos

a nível associativo, profissional,

desportivo e familiar.

Enquanto se esperava, o Armindo

transformado em gota de suor no interior

da cozinha, punha o seu savoir-

-faire na delicadeza do prato de Vitela,

servido com legumes.

É caso para dizer, este homem tem

dois braços direitos. Não é de estranhar,

pois, enquanto Presidente, está

onde faz falta e cumpre com notável

disponibilidade o que lhe solicitam.

A ligação afectiva ao CLZ que o viu

crescer é incomensurável. Sempre

apoiado pela sua esposa e filhas, faz

das críticas o seu cartão postal, para

que cada ano sejam melhores a servirem

com mais apego à nossa Comunidade.

A meia-noite chegava sorrateira, mas

não passou despercebida.

O Bufete de sobremesas estava preparado:

bolo-rei, aletria, bolo de chocolate,

pudim de laranja entre outras iguarias

do Norte de Portugal. Expostas

numa mesa, esperava-se pelas doze

badaladas deixando todos fascinados.

Foi o momento de olhos nos olhos.

Saúde foi a palavra-chave. As emoções

estiveram à flor da pele. Muitos

gostariam de ter estado em Portugal,

perto das famílias. Mas foi a família do

CLZ, que lhes deu o acolhimento e o

prazer de um serão diferente ao sabor

do nosso Portugal.

Fizeram-se promessas, ouviram-se

conselhos, marcaram-se encontros,

mas tudo ficou nas palavras que se

escrevem ao vento. O momento é comandado

por algo tanto simples que

https://reisebuerofelix.ch

CRÉDITOS

PESSOAIS

- PEDIR UM NOVO

CRÉDITO

- AUMENTAR O CRÉDI-

TO ACTUAL

- COMPRA/TROCA DE

CRÉDITO

CONNOSCO EM QUAL-

QUER SITUAÇÃO.

Publicidade

se escreve com apenas com cinco letras:

COVID.

Veremos como entramos neste 2022.

Uns acreditam, outros receosos vêm o

futuro com muito pessimismo.

Mas temos que acreditar e confiar. Assim

espero que seja. Um 2022 onde a

esperança nasce a cada amanhecer.

Depois do champanhe e dos brindes

para despedida deste mágico serão,

foi servido o leitão e o nosso tão acarinhado

caldo verde.

Andrade Finance GmbH

Eram as sete e trinta da manhã quando

alguém, neste primeiro dia de Janeiro

2022, fechava a porta do CLZ de

coração cheio. Pela equipa de serviço,

pelo apoio dos presentes e sobretudo

pela sensação de Missão cumprida.

Acreditem que em cada nascer do

sol há uma dádiva para com a vida.

Deixemo-nos levar pela verdade, pelo

compromisso, pela fé e sobretudo

pelo Amor.

Créditos & Seguros

Contabilidade Declaração de impostos

SEGUROS CRÉDITOS desde 6.95%

Doença / Krankenkasse * discreto, simples, eficaz

Automóvel *possível a compra do crédito existente

Vida, Jurídico, Acidente * hipotecas - Suiça ( desde 0.6% ) - Portugal

Poupança Reforma 3ª / 3b

Recheio, Responsabilidade Civil Tratamos

Responsabilidade Profissional * Pedidos de reforma

Seguros para empresas * Regresso definitivo para Portugal

Birmensdorferstrasse 55- 8004 Zürich

www.andradefinace.ch info@andradefinance.ch

Tel. 043 811 52 80 Tel. 076 336 93 71

6 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

7



Recantos helvéticos

Recantos helvéticos

Barragem de Contra

A V Maria dos Santos

Acordei chata e de olhos inchados. Quando me olhei ao

espelho, vi alguém que precisava de ar fresco.

Saí da casa de banho já com o jornal aberto e pronto a

ser lido, enquanto tomava o café.

Que notícia improvável me esperava nesta manhã algo

cinzenta. Os dias frios acabavam de se instalar.

Seria eles suficientemente fortes para não me tirarem

de casa no fim-de-semana? Claro que não, até porque

estava prestes a pôr os meus pés, onde jamais pensei.

Preparei o itinerário que me levaria ao Sul da Suíça. Entre

muitas emoções, algumas lágrimas e sorrisos, de tantos

belos momentos que ali passei, alimentavam-me o

ego e a vontade de sair a correr.

Voltar ao lugar do crime é sempre delirante! Foi óptimo

matar saudades e reviver um ciclo da vida que teima em

não se fechar.

pudesse desfrutar de um momento que sabia que nunca

mais voltaria a repetir-se.

O lago Maggior estava sereno, como a minha alma. Mas

a expectativa de ver a represa (não percebi esta palavra

- represa) Verzasca, a barragem de Contra, com 220 metros

de altitude, mexia no meu interior.

Estava a vinte minutos de viver um momento único e

não queria perder nada.

Ao descer do comboio, as pernas tremiam-me. Na minha

consciência o pensamento de que as pessoas precisam

de histórias e estórias para marcarem a sua vida e

que as façam sonhar fazia sentido, mais do que nunca.

Acreditei religiosamente que estava prestes a escrever

minha.

Dirigi-me então à barragem de Contra, onde o lago foi

esvaziado, para limpeza do mesmo.

Primeiro quis atravessar a longa barragem, de 380 metros.

Passei onde o James Bond 007 filmou a cena do salto

do filme Olho de Ouro.

O museu que explica toda a funcionalidade da barragem,

estava fechado.

Terei que voltar, para compreender melhor esta construção

que me fascina.

Depois encontrei uma vereda, desci incrédula passo a passo,

degustando cada traço de um lago despejado e pronto

a ser limpo. Atingi os 204 metros de profundidade. Desci

ao paraíso, afinal ele existe.

Perguntei-me para onde teriam ido os 105 milhões cúbicos

de água... mas ao deparar-me com uma ponte que serviu

de passagem a tantos cidadãos e que estava submersa

há cerca de 60 anos, perdi-me na minha linha de pensamento.

PORTUGUESES

RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

NÃO IMPORTA

ONDE ESTÁ.

Caminhei numa rua estreita, onde os pilares que outrora

marcaram a estrada, ainda estavam intactos. Cheios de

ferrugem e outras matérias, próprias de 60 anos sob água.

Estive muito perto dessa ponte, mas a lama era tanta, que

ninguém conseguia chegar lá.

Apenas as boas objectivas das câmaras fotográficas o conseguiram

fazer.

E a ponte ali está, só, no silêncio de quem a quer ouvir e

entender.

E que prazer caminhar nesta lama e que pena ela não nos

poderem contar como foi estar ao serviço dos habitantes

do Ticino.

Quantas histórias ali aconteceram. Ai se as pedras pudessem

falar… o que nos contariam! Segredos dos que se amaram,

situações críticas de famílias e amigos, momentos de

criatividade, momentos filosóficos… momentos da vida!

COM A CAIXA

FICA MAIS PERTO.

Escritório de Representação da CGD - Suíça

Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève

Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465

email: geneve@cgd.pt

O comboio pontual, partia da cidade de Zurique rumo a

Locarno. Cidade onde sempre fui muito bem recebida.

Nestas três horas de viagem procurei toda a informação

que me seria útil, para que quando chegasse a Vogorno,

De olhos posto nesta paisagem idílica via algumas pessoas

à procura de um lugar por onde descer à profundidade

do mesmo.

A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.

8 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

9



Finanças

Horta

Osório

pede demissão

do Credit Suisse

Antes de ser nomeado

para presidir o conselho de

administração do segundo

maior banco da Suíça,

António Horta-Osório

presidiu o Lloyds Banking

Group. AFP

Private Credit

Crédito privado desde 4,9%

sem fórmula secreta

basta solicitar online

plus

Verificação rápida do crédito

Receberá uma oferta sem compromisso

para o seu crédito pessoal num prazo

máximo de doze horas.

Swissinfo (*)

No cargo há menos de um

ano, Antonio Horta-Osório

se demite do cargo de presidente

do conselho de administração

do banco Credit

Suisse após ter violado

por duas vezes as regras de

quarentena vigentes na Suíça.

O banqueiro suíço Axel

Lehmann foi nomeado para

ocupar o seu lugar.

A nomeação de Horta-Osório para

presidente conselho de administração

do Credit Suisse (https://www.credit-

-suisse.com/)em abril de 2021 deveria

ajudar o banco a superar uma série

de escândalos, dentre eles o colapso

do fundo de investimento Archegos

(causando prejuízos de mais de cinco

bilhões de dólares) e a falência do

fundo de investimento Greensill Capital

(onde o CS tinha uma participação

de dez bilhões de dólares) e também

o período conturbado da administração

de Tidjane Thiam, marcado por

escândalos de espionagem.Após assumir

a diretoria, o banqueiro português

prometeu voltar a colocar a gestão de

riscos no centro da cultura corporativa

do banco e lançou uma revisão estratégica,

cujas conclusões foram apresentadas

há pouco mais de dois meses.Violação

de regras

No início de dezembro, no entanto,

uma investigação do jornal Blick trouxe

à tona o comportamento indiferente

de António Horta-Osório com relação

ao cumprimento das regras da

Covid-19 vigentes na Suíça.

No retorno de Londres à Suíça em 28

de novembro de 2021, o banqueiro

português perguntou sobre a possibilidade

de encurtar ou mesmo ser

liberado da quarentena. O cantão de

Schwyz, onde vive Antonio Horta-Osório,

e as autoridades federais rejeitaram

o pedido. Entretanto, em 1 de

dezembro, voou para a Espanha em

um avião particular, violando as regras

de quarentena. Ele então continuou

sua viagem a Nova York para uma reunião

da diretoria. O ex-executivo chefe

do Lloyds Banking Group também foi

criticado por participar da final de tênis

de Wimbledon em julho, violando

as regras então em vigor na Grã-Bretanha.

Citado no comunicado de imprensa

do banco na noite de domingo, Antonio

Horta-Osório assumiu a responsabilidade.

“Lamento que minhas ações

tenham causado dificuldades para o

banco e comprometido a capacidade

de representá-lo interna e externamente

[...]; portanto, acredito que neste

momento crucial minha demissão

é do interesse da instituição e de suas

partes interessadas”, declarou.

Sucessão decidida

O lugar de Antonio Horta-Osório será

ocupado por Axel Lehmann, (https://

www.credit-suisse.com/)nomeado em

outubro de 2021 para a direção do

banco. O executivo suíço com longa

experiência em outras instituições financeiras

do país, havia sido nomeado

para chefiar o comitê de controle

de risco do banco. Lehmann, 61 anos,

tem doutorado em administração de

empresas e também trabalha como

professor titular na Universidade de St.

Gallen.”Gostaria de agradecer à diretoria

do Credit Suisse pela confiança que

ela depositou em mim e espero trabalhar

ainda mais estreitamente com

com o conselho de administração e

direção do banco”, diz Lehmann. Estamos

no caminho certo”, acrescenta,

“com a nova estratégia e continuaremos

a incorporar uma cultura de risco

mais forte em toda a empresa. Ao

executar nosso plano estratégico de

forma oportuna e disciplinada, sem

distração, estou convencido de que o

Credit Suisse demonstrará a força renovada

e o foco nos negócios necessários

para gerar valor sustentável para

todas as nossas partes interessadas.

”(*) tvsvizzera.it/mar con Keystone-ATS

Autor rescreve segundo a variante

brasileira da Língua Portuguesa

Nenhum segredo

Confie no crédito pessoal suíço sem

segredo - Defendemos uma

transparência a 100%

privatecredit.cg24.ch

AVISO LEGAL: A CONCESSÃO DE CRÉDITO É PROIBIDA CASO CONDUZA A UM ENDIVIDAMENTO EXCESSIVO

(ART.º 3.º DA UWG (LEI RELATIVA À CONCORRÊNCIA DESLEAL)).

UM PRÉ-REQUISITO PARA A CONCESSÃO DE CRÉDITO É UMA VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO BEM SUCEDIDA.

10 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

11



Finanças

Publicidade

CRÉDITO

PRIVADO

SEM

FÓRMULA

SECRETA

ENTREVISTA a

NILTON RAPOSO DE GOIS

gestor de vendas da CG24

A CG24 Group SA (“CG24”), a maior plataforma

de financiamento colaborativo na Suíça, lançou

recentemente uma nova página web apenas

para utilizadores privados com o slogan

“O seu empréstimo pessoal sem fórmula secreta”.

Nesta edição, damos as boas-vindas a

Nilton Raposo de Góis, Gestor de vendas e perito

em empréstimos pessoais na CG24 Group

SA, que nos dará mais pormenores.

— “O seu empréstimo pessoal sem fórmula secreta”.

O que é que isso significa exatamente?

Um empréstimo pessoal pode ser útil em várias

situações. Antes de mais, é importante compreender

que um empréstimo só por si não é

benéfico nem prejudicial, depende sempre da

situação em que cada um de nós se encontra

e a finalidade do mesmo. Um empréstimo pessoal

pode ajudar a conseguir atingir objetivos

mais rapidamente. Por exemplo, se alguém

quiser realizar um sonho, ajudar a sua própria

empresa a crescer mais rapidamente ou efetuar

algumas mudanças na própria vida.

No entanto, muitas pessoas têm um sentimento

de desconforto quando solicitam um emprésti-

Nilton Raposo de Gois, gestor de vendas da CG24

poso de gestor de ventas da CG24

mo pessoal. Não recebem aconselhamento

pessoal suficiente, não compreendem

as condições propostas

ou o pedido de empréstimo é rejeitado

sem uma explicação detalhada.

A CG24 gostaria de neutralizar esta

incerteza com o empréstimo pessoal

sem fórmula secreta.

A transparência e a comunicação

com os clientes são muito importantes

para nós. Pessoas com necessidade

de solicitar um financiamento,

devem ser informadas sobre qual o

montante de empréstimo que podem

pedir, quais as condições e o que podem

num futuro próximo alterar para

obter uma proposta mais satisfatória.

Ao mesmo tempo, devem ter ao seu

lado um parceiro competente como a

CG24 que durante o período de duração

do contrato de crédito pessoal vai

sempre informando os seus clientes

sobre o respectivo. Não ter uma fórmula

secreta significa que os nossos

clientes compreendem realmente o

seu crédito e tudo à sua volta.

— Interessante! Quem é exatamente

a CG24 Group SA e porque é que esta

transparência é tão importante para

vocês?

A CG24 Group SA é uma plataforma

de financiamento colaborativo e

foi lançada em 2015 com a ideia de

“peer-to-peer”.

Isto significa que ligamos os requerentes

de crédito aos investidores -

rápido e facilmente. Os investidores

financiam os empréstimos pessoais

dos clientes mutuários, portanto não

é a CG24 que financia com dinheiro

próprio, mas sim os investidores. A

confiança e a transparência são importantes

para que mutuários e investidores

possam usufruir simultaneamente

dos benefícios de baixos

custos e de serviços rápidos. Em comparação

com os bancos tradicionais e

outros fornecedores de empréstimos,

como uma empresa pequena e online,

temos processos rápidos e podemos

responder individualmente aos

nossos clientes. Os nossos mutuários

beneficiam assim de empréstimos flexíveis,

rápidos e acessíveis, bem como

de um processo de avaliação de crédito

simples e direto.

—–—––—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–

A transparência e a comunicação

com o cliente é muito importante

para nós.

—–—––—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–—–

— Quem pode obter um empréstimo

da CG24?

Em princípio, qualquer pessoa pode

solicitar um empréstimo, desde que

sejam cumpridos os seguintes requisitos:

. Idade mínima de 18 anos

. Pelo menos uma autorização de residência

B (se não tiver um BI suíço ou

do Liechtenstein)

. Residência (durante pelo menos 12

meses) na Suíça ou no Principado do

Liechtenstein

. Sem penhoras ou dívidas em execução

. Rendimento regular e/ou garantias/

activos

Significa que mais pessoas têm acesso

ao crédito com a CG24 do que com

os chamados fornecedores de crédito

tradicionais.

— E que vantagens concretas me oferece

a CG24 como mutuário?

. Financiamento favorável: taxa de

juro efectiva a partir de 4,9 %.

. Verificação de crédito rápida: os

nossos clientes recebem uma proposta

de crédito completa dentro de algumas

horas após a sua solicitação ao

crédito.

. Compreensível e transparente: O

nosso objectivo é tornar os nossos

produtos tão compreensíveis e transparentes

quanto possível.

. Financiamento sensato e adequado

às necessidades individuais: Também

examinamos situações especiais

e complicadas sem reservas.

. Facilidade de comunicação: estamos

presentes para os nossos clientes.

Podemos ser facilmente contactados

através de canais de comunicação favoráveis

ao cliente tais como o WhatsApp

e oferecer comunicação ao

cliente em português, alemão, francês,

italiano e inglês.

— Quem é a minha pessoa de contacto

no CG24 em português?

É bem-vindo a contactar-me directamente

em português. Além disso, temos

na CG24 outros funcionários que

falam igualmente português para o

melhor servir.

Falámos com Nilton de Góis.

Quem é Nilton de Góis?

Nilton de Góis é Gestor de vendas da

CG24 Group SA e tem muitos anos

de experiência em empréstimos pessoais.

Endereço de correio electrónico:

nilton.gois@cg24.com

Número de telefone:

044 244 30 28

Número de telefone móvel:

077 910 10 10

12 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

13



Almoço dos amigos

do Centro Lusitano

de Zurique.

Armindo Alves

No dia 28 de Janeiro o Centro

Lusitano realizou o primeiro

convívio com uma

deliciosa feijoada.

Este almoço nasceu há mais

duas décadas, uma iniciativa

do Luís Esteves, que era

na altura o responsável pelo

restaurante do Centro Lusitano.

Este almoço realizava-se

uma vez por mês. Ao

longo do tempo, as coisas

foram mudando e por último

só se efectuava este almoço

uma vez ao ano, na

época natalícia.

Os últimos dois anos tem

sido difíceis e socializar tornou-se

uma tarefa difícil, de

início o medo do vírus, encerramento

da restauração

e os locais de convívio, limitações

de espaços e separação

de grupos (vacinados e

não vacinados).

O ser humano é muito cómodo

e de momento não

tem vontade de sair de casa,

daí a iniciativa dos almoços

de socialização.

O próximo será no dia 26 de

Fevereiro e teremos um delicioso

pica-no-chão!

Quem quiser participar seria

oportuno reservar, porque

os lugares são limitados!

São todos bem-vindos, pois

conviver é saudável e faz

parte da vida!

14 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

15



AGENDA

Informações

MAPS (*)

Caros leitores, um certificado

de Covid é exigido para muitos

eventos. É importante que você

continue a seguir as medidas de

proteção contra o coronavírus.

Você pode encontrar uma visão

geral das medidas atuais em vários

idiomas em www.stadt-zuerich.ch/coronavirus.

Por favor,

informe-se antes de participar

de um evento. Apesar de tudo,

a equipe da MAPS deseja a você

um bom momento!

DOMINGO

6.2.

(*) Escrito na variante brasileira

da Língua Portuguesa

VISITA GUIADA À VILA HISTÓ-

RICA

A “Villa Patumbah”, de 1885, é uma

obra-prima da arquitetura. Sempre

no último domingo do mês, acontece

uma visita pública guiada das 14:00h

às 15:00h. A visita guiada está incluída

na taxa de entrada. Com N-/F-Ausweis

e com KulturLegi CHF 5.- (ao invés de

CHF 10.-).

Villa Patumbah. Zollikerstr. 128.

Tram 2/4 oder Bus 33/912/916 bis

“Fröhlichstrasse” oder Tram 11 oder

Bus 31/33/77 bis “Hegibachplatz”.

www.heimatschutzzentrum.ch

SEGUNDA-FEIRA

7.2.

A TAREFA DAS ABELHAS EM

ZURIQUE

As abelhas não produzem apenas

mel, mas também garantem a reprodução

das plantas. Junte-se a nós esta

noite para uma conferência on-line

sobre as abelhas silvestres. Os especialistas

informarão sobre a importância

das abelhas na cidade de Zurique.

19:00-20:30. Grátis. Inscrição requerida

via e-mail em info@stadtwildtiere.

ch até 06.02.

www.stadt-zuerich.ch

TERÇA-FEIRA

8.2.

VISITA VIRTUAL GUIADA PELA CIDA-

DE EM ZURIQUE

O aplicativo “Bux App Zürich” oferece

passeios pela cidade sobre vários

tópicos em Zurique. Passear virtualmente

pelo Niederdorf e aprender,

por exemplo, fatos emocionantes sobre

a vida do político e poeta de Zurique

“Gottfried Keller”.

www.bux-app.ch

QUARTA-FEIRA

9.2.

PREPARAR AS FANTASIAS

PARA O CARNAVAL

Fevereiro e março é época de carnaval

na Suíça! É chamado de “Fasnacht”. A

“Altstadthaus” oferece oficinas de artesanato

para que as crianças criem

fantasias divertidas. 14:00-17:00. CHF 8.-.

Altstadthaus. Obmannamtsgasse 15.

Tram 3 oder Bus 31 bis Haltestelle

“Neumarkt”.

www.altstadthaus.ch

QUINTA-FEIRA

10.2.

APRENDER A TRABALHAR

Como encontrar um emprego na Suíça?

A “Caritas” está organizando hoje

um evento informativo sobre o mundo

do trabalho na Suíça. O evento será

traduzido do alemão para espanhol,

português, italiano e inglês. Para outras

línguas e mais informações, contate

lernlokal@caritas-zuerich.ch ou

ligue para 044 366 68 68. Inscrição requerida

até 03.02. 14:00-16:00. Grátis.

Stadt Zürich Laufbahnzentrum. Konradstr.

58.

Tram 4/13/17 bis “Museum für Gestaltung”.

www.caritas-zuerich.ch

SEXTA-FEIRA

11.2.

VISITE ZÜRICH-WEST

“Zürich-West” é um bairro dinâmico

da cidade de Zurique. Antigamente

era um bairro industrial, mas hoje

você encontrará bares e lojas modernas.

Há uma bela passarela acima dos

arcos ferroviários. A “Freitag Tower”

com 17 contêineres marítimos empilhados

uns sobre os outros é uma

atração principal por ali! Aproveite o

incrível panorama da cidade de Zurique

e dos Alpes a partir desta torre.

Seg-sex 11:00-19:00. Sáb 11:00-18:00.

Grátis.

Freitag Tower. Geroldstr. 17.

Tram 8 oder Bus 31/83/33 bis “Bahnhof

Hardbrücke”.

www.zuerich.com

SÁBADO

12.2.

MERCADOS EM ZURIQUE

Os numerosos mercados da cidade

têm uma grande oferta de flores, legumes

frescos, preciosidades antigas

e especialidades de diferentes países.

Passeie pelas barracas e encontre

algo novo. Informações sobre horários

e locais em: www.zuercher-maerkte.ch.

DOMINGO

13.2.

ARTE MODERNA PARA ADUL-

TOS E CRIANÇAS

A “Haus Konstruktiv” mostra a arte

moderna no estilo do “Konstruktivismus”.

Todos os domingos às 11:15 há

uma visita guiada para adultos e uma

oficina de arte (“Sonntagsatelier”) para

crianças a partir de 5 anos. As crianças

pintam e constroem com materiais

que estão disponíveis. As inscrições

para as oficinas são necessárias e devem

ser feitas no site www.hauskonstruktiv.ch.

Ter/qui-dom 11:00-17:00.

Qua 11:00-20:00. Entrada no museu:

CHF 5.- para adultos com KulturLegi

(ao invés de CHF 16.-). Entrada gratuita

para crianças. Participação na oficina:

CHF 5.- com KulturLegi (ao invés de

CHF 10.-).

Haus Konstruktiv. Selnaustr. 25.

S-Bahn bis “Bahnhof Selnau” oder

Tram 2/9 bis “Sihlstrasse”.

www.hauskonstruktiv.ch

TERÇA-FEIRA

15.2.

ENTRETENIMENTO ONLINE

“Arte” é um canal de televisão franco-alemão.

No site www.arte.tv encontra

reportagens, documentários,

filmes e concertos gratuitos em várias

línguas. Gratuito.

QUARTA-FEIRA

16.2.

VISITA AO KUNSTHAUS ZÜRI-

CH

Para uma quarta-feira criativa visite

o “Kunsthaus”, museu onde encontra

arte suíça e internacional. Entrada

livre à quarta para a coleção de pintura,

escultura, fotografias, videos e

outras obras de arte. Aproveite e visite

hoje gratuitamente as exposições

actuais! Por exemplo, de momento

decorre uma exposição sobre pintura

barroca. Ter/sex-dom 10:00-18:00.

Qua/qui 10:00-20:00. Entrada gratuita

com KulturLegi (em vez de CHF 23.-).

Kunsthaus Zürich. Heimplatz 1.

Tram 3/5/8/9 oder Bus 31 bis “Kunsthaus”.

www.kunsthaus.ch

QUINTA-FEIRA

17.2.

GALERIAS DE ARTE DE ZURI-

QUE

Em mais de 60 galerias na cidade

de Zurique aproveite a possibilidade

de ver diariamente obras de diversos

artistas nacionais e estrangeiros. Entrada

livre. Informações, horários de

abertura e localização em: www.dzg.

ch.

SEXTA-FEIRA

18.2.

CONCERTO DE MÚSICA CLÁS-

SICA

Aprecia música clássica? Então assista

a um concerto hoje à noite no

“Konservatorium Zürich”. Duas artistas

italianas (Margherita Succio e Maria

Semeraro) vão interpretar peças do

século XIX ao piano e em violoncelo.

18:30 (abertura de portas às 17:45). Entrada

livre.

Konservatorium Zürich (Kleiner Saal).

Florhofgasse 6.

Tram 5/9 bis “Kantonsschule”.

www.iiczurigo.esteri.it

Cidadania

16 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

17

SÁBADO

19.2.

MUSEUS E MONUMENTOS VIR-

TUAIS

A “Google” tem uma função chamada

“Art Project”. Descubra virtualmente

17 dos mais relevantes museus em

todo o mundo ou clique em monumentos

como o “Dogenpalast” em Veneza.

Gratuito.

www.artsandculture.google.com

DOMINGO

20.2.

NOITE POLICIAL

Gosta de solucionar enigmas? Todos

os domingos à noite o restaurante

“Piccolo Giardino” mostra uma série

policial. Veja a série com os seus amigos

enquanto janta ou toma um café.

20:15. Comida e bebidas sujeitas a pagamento.

Restaurant Piccolo Giardino. Schöneggpl.

9.

Bus 31/32 bis “Militär-/Langstrasse”.

www.piccologiardino.ch

SEGUNDA-FEIRA

21.2.

ARTE NO ÁTRIO DE ENTRADA

Na esquadra de polícia de Zurique encontra-se

uma obra de arte única. O

artista Künstler Augusto Giacometti

(1877-1947) pintou o átrio de entrada.

Aberto toda a semana das 09:00-11:00

e 14:00-16:00. Necessário mostrar um

documento de identificação pessoal.

Entrada livre.

Stadtpolizei Zürich. Bahnhofquai 3.

Tram 4/15 bis “Rudolf-Brun-Brücke”.

www.stadt-zuerich.ch

TERÇA-FEIRA

22.2.

TRABALHOS MANUAIS PARA

CRIANÇAS

Às terças e às quartas-feiras crianças

a partir dos 5 anos encontram-se no

atelier, onde podem fazer trabalhos

manuais, pintar e desenhar com diversos

materiais. 14:00-16:00. Pague entre

CHF 5.- e CHF 15.-. Online encontra o

programa do centro “MegaMarie”.

Marie Meierhofer Institut für das Kind.

Pfingstweidstr. 16.

Tram 4/8 und Bus 33/72 bis “Schiffbau”.

www.mmi.ch

QUARTA-FEIRA

23.2.

DANÇA NA ÓPERA

À quarta-feira a “Opernhaus Zürich”

organiza workshops de dança gratuitos,

em que pode conhecer danças

como ballet ou dança moderna.

Não são necessários conhecimentos

prévios de dança. Quarta-feira, 19:00-

21:00. Participação gratuita.

Opernhaus Zürich. Sechseläutenplatz

1. Ballettsaal A.

Tram 2/4 oder Bus 912/916 bis “Opernhaus”.

www.opernhaus.ch

SEXTA-FEIRA

25.2.

OBSERVAR AVIÕES NO AERO-

PORTO

Gosta de aeronáutica? No “Flughafen

Zürich” pode observar os aviões a partir

da plataforma B, ver os pilotos no

cockpit e obter informações sobre os

aviões. Também encontra um parque

infantil para as crianças. Não é necessário

mostrar certificado Covid, mas

é obrigatório usar máscara. Qua/sáb/

dom 10:00-18:00 de Janeiro a Março.

De Abril a Setembro aberto diariamente

das 10:00-18:00. CHF 5.- a partir

dos 16 anos. CHF 2.- para crianças dos

10 aos 16 anos. Gratuito para crianças

com menos de 10 anos.

Flughafen Zürich. Check in 2. Observation

Deck B.

Sbahn bis “Zürich Flughafen”.

www.flughafen-zuerich.ch

SÁBADO

26.2.

FESTA NO CENTRO COMUNI-

TÁRIO

Hoje à noite vá ao “Quartierbar” do

centro comunitário (GZ) Witikon! Há

música e um bar com diversas bebidas.

O ambiente é ideal para fazer

novos amigos. Necessário apresentar

certificado Covid e usar máscara (a

partir dos 16 anos). 19:00-23:59. Entrada

livre.

GZ Witikon. Witikonerstr. 405.

Bus 31/701/703/704 bis “Loorenstrasse”.

www.gz-zh.ch

DOMINGO

27.2.

JOGO DE FUTEBOL DA EQUIPA

DO FCZ

Gosta de futebol e de Zurique? Então

apoie o “Fussballclub Zürich” (FCZ)

hoje à tarde! A equipa de Zurique joga

contra Berna para a “Schweizer Super

League”. 16:30. 50% de desconto

com KulturLegi. O escritório da MAPS

oferece 2×2 bilhetes para um jogo do

FCZ à sua escolha. Basta ligar: 044 415

65 89 ou enviar o seu endereço postal

para: maps@aoz.ch.

Betriebsgesellschaft FCZ AG. Helen-

-Keller-Strasse 60.

Tram 2/3/8/9/14 bis “Stauffacher”.

www.fcz.ch

DOMINGO

27.2.

DESPORTO GRATUITO PARA

CRIANÇAS

Os seus filhos gostam de desporto?

Aos domingos a “Dreifachhalle Hardau”

está aberta para crianças desde

o jardim infantil até ao 6º ano até 27

de Março. Com profissionais podem

fazer ginástica ou jogar basquetebol,

por exemplo. 10:00-13:00. Gratuito.

Dreifachhalle Hardau. Bullingerstr. 80.

Tram 2 bis “Letzigrund”.

www.stadt-zuerich.ch

SEGUNDA-FEIRA

28.2.

MUSEU POLICIAL

Como é que a justiça se tem desenvolvido

em Zurique? Como eram castigados

os criminosos antigamente? Visite

o “Kriminalmuseum” na polícia cantonal

“Kantonspolizei Zürich”, onde

pode conhecer a história da polícia

em Zurique e o trabalho que hoje é

desempenhado. Seg-sex 09:00-16:00.

Gratuito.

Kriminalmuseum der Kantonspolizei

Zürich. Kasernenstr. 29.

Tram 3/14 oder Bus 31 bis “Sihlpost/HB”.

www.zh.ch



Neurociência

Publicidade

Inteligências

fracassadas

V NELSON S. LIMA

Praticamente todos os animais - incluindo o homem - nascem dotados de uma

inteligência magnífica que lhes permite estarem preparados para enfrentar a

vida com êxito (e quero dizer com isto serem capazes de criar o seu próprio caminho

utilizando os seus recursos e potencialidades).

Infelizmente, existem mil e um perigos a rondar a inteligência. E não são apenas

as doenças ou os acidentes que a podem ameaçar.

São, sobretudo, os abusos do poder de qualquer tipo de autoridade (incluindo

a paternal), educação, egoísmo, hipocrisia, mentira, ilusões instaladas, violências

psicológicas, abandonos, indiferenças, castrações e medos.

Geram-se assim inteligências fracassadas. E há tantas por esse mundo fora, desde

a que sacrifica o animal pelo abandono, a perseguição ou o mau-trato até

ao ser humano a quem, desde o berço, se procura impedir que se libertem os

poderes da uma inteligência triunfante!

18 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

19



A selecção é um

dos objectivos

- Letícia Rodrigues Fernandes

Letícia Rodrigues Fernandes, nascida

em Zurique, jovem guarda-redes portuguesa

de apenas 15 anos, natural S.

Romão (Seia) actualmente a jogar no

FC Adliswil tem qualidades para voos

mais altos na sua carreira desportiva.

Jorge Macieira

Jorge Macieira — Com quantos anos começou a

jogar futebol e quem, ou, o que a inspirou ou influenciou

a jogar?

— Letícia Fernandes — Comecei com 5 anos a jogar

no futebol escolar e depois foi para o Benfica Clube

de Zurique, experimentar jogar e a partir daí passei

a gostar.

J M — Sempre foste guarda-redes, ou jogaste noutra

posição?

— L F — Sempre foi guarda-redes, não experimentei

outras posições.

J M — O que te levou a gostar de ser

guarda-redes?

— L F — Uma parte foi o meu primo

ser guarda-redes também e por

gostar de fazer defesas e voar para

a bola.

J M — Você tem alguma superstição

ou ritual antes do jogo?

— L F — Não é uma questão de

dar sorte, mas quando chegou

ao campo, gosto de ir tocar nos

dois postes e na barra.

— L F — Considero-me forte nos cruzamentos e defesas

de 1 para 1 e também a jogar a bola com os

pés.

J M — Sentes que e fácil conciliar estudos com o

futebol?

— L F — Sempre consegui conciliar tudo até agora e

espero continuar a conseguir, mesmo quando der

um salto maior na carreira.

J M — Como é que correm os estudos?

— L F — Tem corrido muito bem, estou agora na fase

de procurar a lehr.

J M — Como é que gostavas de continuar a carreira?

— L F — Gostava de chegar a uma equipa que me

ajudasse a melhorar as minhas capacidades e me

ajudasse a desenvolver como guarda-redes. Alguns

clubes falaram comigo há 1 ou 2 anos; Grasshopers,

Lagnau e o Wipkiking

J M — Alguma vez fez parte dos teus planos tornares-te

jogadora profissional?

— L F — Gostava de chegar a uma equipa de primeira

divisão suíça e depois poder passar para uma

equipa grande portuguesa de preferência o Benfica.

J M — Objectivo de chegar a selecção nacional?

— L F — Sim, claro chegar à selecção é um dos objectivos

que tenho e gostava muito.

J M — À portuguesa, ou a Suíça?

J M — Para quem nunca te viu

jogar, como te descreves? Quais

as tuas maiores qualidades

como guarda-redes?

— L F — À portuguesa sem dúvidas. É meu objetivo,

mas se não conseguir,tentarei a selecção helvética.

20 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

21



Espectáculo

Espectáculo

Pedro Vieira

Armindo Alves

Lusitano de Zurique — Quem é o

Pedro Vieira?

Pedro Vieira - Sou eu mesmo sem

filtros, sem manias, e sem maldade.

Super-divertido, educado, gosto de

gostar de todas as pessoas.

Ligado aos seus amigos, à família e

sobretudo à vida.

Lutador, trabalhador, e também sonhador.

LZ - Fala-nos um pouco sobre

quando decidiste enveredar para a

música...

PV - Eu comecei a cantar desde os

meus 12/13 anos, havia ali já uma ligação

à música. A minha avó inclusive

já nessa idade colocou-me na

escola profissional de música. Onde

comecei pelo piano e logo a seguir

pelo cântico. Mais à frente quando

emigrei para o Luxemburgo, comecei

pelos karaokes e ali começou a

despertar mais e mim a vontade de

ser cantor profissional.

Chegando então aos 20 anos, foi o

Alexandre Faria que me deu a mão

gravando-me dois temas. Apresentou-me

ao "Padrinho" Nel Monteiro,

e tudo começou ali.

LZ -Tens formação musical?

PV - - Tenho sim. Na escola musical

do Porto.

LZ -Quais são as tuas influências

musicais?

PV - A minha avó, ela é cantora de

coro e tem uma voz de ouro.

LZ -Qual a importância da música

para ti?

PV - Não há palavras para descrever.

Sem a música, eu e (todos) não conseguíamos

ser felizes.

A Música faz parte, é vida, é alma, é

preencher os vazios.

LZ -O que achas ser mais importante

na vida, dinheiro ou fama?

PV - O mais importante é mesmo ter

saúde, comida na mesa, trabalho.

Na área de artista, as duas coisas

são fundamentais. Fama para reconhecerem

o meu trabalho, dinheiro

para investir nele.

LZ -Como um artista novato, qual o

teu maior obstáculo?

PV - Só tenho 2. Apesar de já ter

viajado pelos 4 cantos do mundo a

cantar os meus temas, desejo ainda

cantar no Coliseu do Porto e de Lisboa.

Julgo ser o auge na carreira.

LZ -Como pensas que será a tua carreira

daqui 15 anos?

PV - Que seja desta forma. Ter um

público que me acaricia bastante,

ouvirem as minhas músicas e a minha

voz. E sobretudo ficar o nome

registado na música portuguesa.

LZ -Já alguma vez pensaste em desistir

de tudo?

PV - Sim, já, houve situações em que

o pensamento era mesmo esse...

mas Deus, deu me luz de novo.

LZ -Porquê “artista romântico”?

PV - Porque o romântico é lindo.

Cantar os temas mais lindos, tanto

em forma masculina como feminina.

Aquelas letras de amor, que

saem de coração.

E o espectáculo torna-se mais intenso.

Entre mim e o público.

LZ -Qual é a música nacional com a

qual te identificas?

PV - Sonhos de menino. Tony Carreira.

LZ -E internacional?

PV - Gustavo Lima, sem dúvida a

maior referência musical e referência

de artista.

LZ -O que pensas do panorama musical

actual?

PV - Infelizmente, não se dá tanto

valor ao que é nosso (nacional) passam

mais músicas inglesas nas rádios

do que do próprio país.

Mas sei que isso vai mudar. Pois, temos

voz, temos poder e somos uma

nação unida. E como costumo dizer

“querer é poder ”

LZ -Qual o conselho que dá àqueles

que sonham com o estrelato?

PV - Lutar, lutar, e lutar. Persistir, não

baixar os braços. Ouvir os nãos, ouvir

os sims. Dedicação e de coração

leve, chegaremos lá.

LZ -Vives para a música e vives da

música?

PV - Sim, graças a Deus. Dá para pôr

comida na mesa, um dos maiores

luxos.

LZ -Uma palavras para os portugueses

na Suíça?

PV - Adoro a Suíça. Emigrei também

para cá há 5 anos.

Mas tenho oportunidade de estar

sempre no meu país devido à minha

profissão.

Deixo a mensagem de agradecimento,

a todos os portugueses na

Suíça, pelo carinho. E dizer também,

que Portugal está à vossa espera.

22 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

23



Plebiscito pode proibir

testes com animais na Suíça

Grupo de pesquisa aponta

racismo sistêmico na Suíça

Manifestação anti-racismo em Biel, setembro 2020. Keystone / Adrian Reusser

Julie Hunt/Swissinfo

Suíça tem em 13 de fevereiro de 2022 o quarto plebiscito

sobre a proibição de testes científicos com animais.

A iniciativa (n.r.: um projeto de lei levado à referendo após

o recolhimento de um número mínimo de assinaturas de

eleitores) exige o fim de todas as experiências em seres humanos

e animais, assim como a proibição da importação

de novos produtos desenvolvidos com tais métodos.

A proposta foi lançada por um grupo de cidadãos, do qual

fazem parte médicos, terapeutas e agricultores. Eles são

apoiado por cerca de 80 organizações ecológicas, de proteção

dos animais e de adeptos da medicina alternativa.

Aproximadamente 556 mil animais foram utilizados em

pesquisas médicas e científicas na Suíça no ano passado,

como informa o Depto. Federal de Segurança Alimentar e

Veterinária.

Em números, houve uma queda de 18% em relação a 2015,

quando a tendência de declínio começou. Entretanto, cerca

de 1.400 animais foram submetidos a experimentos de

grau 3 (+7,8%), o que significa: foram testes que causam

grande dor aos animais.

Os defensores do projeto de lei afirmam que os testes devem

ser proibidos para evitar sofrimento aos animais, ressaltando

que existem formas alternativas de pesquisa.

Já o Parlamento suíço considerou o projeto de lei pouco

efetivo e teme que sua aprovação prejudique a pequisa

realizada no país. A maioria dos deputados e senadores

defende a legislação atual, que só permite testes com animais

se não houver métodos alternativos disponíveis.

Os eleitores na Suíça já rejeitaram três propostas semelhantes

em plebiscitos: 1985, 1992 e 1993.

Adaptação: Alexander Thoele

Vídeo: https://tinyurl.com/animais-1

Autor rescreve segundo a variante brasileira

da Língua Portuguesa

swissinfo.ch/ets, Keystone-SDA/dos

Os negros na Suíça enfrentam discriminação diariamente,

assim como sério perfilamento racial por parte da polícia,

afirmou um grupo de trabalho das Nações Unidas.

Após uma missão de averiguação de dez dias, o grupo disse

numa declaraçãoLink externo na quarta-feira que estava

"preocupado com a prevalência da discriminação racial e

com a situação dos direitos humanos das pessoas de ascendência

africana na Suíça".

Um documento de 59 pontos delineou os vários problemas

enfrentados pelos negros no país, incluindo o que chamou

de "relatórios chocantes de brutalidade policial e a expectativa

de impunidade por má conduta policial, que se estende

por décadas".

Eles mencionaram especificamente o caso de Nzoy Roger

Wilhelm, morto a tiros pela polícia em Morges no ano passado,

bem como vários outros casos que representam o que

eles chamaram de perfil racial, e para os quais faltam dados

centralizados e um mecanismo de revisão independente.

O grupo também disse que o caso de Brian K - um criminoso

violento reincidente altamente mediatizado, mantido

em isolamento em Zurique - foi um "exemplo flagrante de

racismo sistêmico na Suíça".

O grupo de trabalho também criticou um "insuficiente reconhecimento"

dos laços suíços com o colonialismo e o tráfico

de escravos africanos, que diz estar diretamente ligado

à riqueza moderna do país, notadamente através dos lucros

obtidos pelos bancos e indústrias ligadas à escravidão no

passado.

De 17 a 26 de janeiro, os membros do grupo viajaram pela

Suíça e se encontraram com pessoas de ascendência africana,

bem como com políticos, representantes da polícia, e

grupos da sociedade civil.

E apesar da maioria da declaração ser negativa, o grupo

listou várias "boas práticas e medidas positivas" tomadas

para combater o racismo, incluindo medidas para criar uma

instituição nacional operacional de direitos humanos.

Seu relatório final será apresentado ao Conselho de Direitos

Humanos das Nações Unidas em setembro de 2022.

© tiburi

Autor rescreve segundo a variante brasileira

da Língua Portuguesa

24 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

25



CRÓNICA - do nosso cantinho para o vosso Cantão

Luís Fernando

Martins Rosinha

BIOGRAFIA

Luís Fernando Martins Rosinha, 38 anos, casado, Engenheiro

Técnico Civil com formação na Escola Superior

de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Portalegre.

Iniciou o seu percurso profissional no ano de 2005, nas

funções de Diretor de Obra, sobretudo na área da construção

e reabilitação de vias de comunicação e onde se

manteve até ao ano de 2016.

Foi vereador da Câmara Municipal

de Campo Maior, pelo Partido Socialista,

de 2013 até 2021, sendo

que desempenhou funções de

vereador a tempo inteiro de

2016 a 2021.

Atualmente é Presidente

da Câmara Municipal de

Campo Maior, tendo tomado

posse nestas funções

em outubro de

2021.

AS FESTAS DO POVO

V ARAGONEZ MARQUES

Entrevista de Aragonez

Marques ao Presidente da

Câmara de Campo Maior.

Como começaram as Festas do Povo?

— As Festas do Povo de Campo Maior

têm a sua origem no final do século XIX

e na devoção popular a S. João Baptista,

santo padroeiro de Campo Maior.

No seu início, as ruas eram decoradas

com elementos naturais, como folhagens

e ramos, e é precisamente daqui

que nasce o conceito de “enramação”. A

partir do século XX começam a surgir os

motivos feitos de papel, com predominância

para as flores, que acabam por

se tornar no elemento principal das celebrações.

Eram também conhecidas como “Festas

dos Artistas”, em referência aos seus

principais promotores, que tinham uma

“arte” ou “ofício” não ligados aos trabalhos

agrícolas.

O que se faz ao papel no final do

evento?

— Os trabalhos mais minuciosos e com

mais pormenores acabam por ser guardados

pelos campomaiorenses que os

usam como decoração nas suas casas

e para oferecer a familiares e amigos. É

também normal que os vários comércios

e restaurantes da vila acabem por

aproveitar muito desse material para decoração.

Os visitantes, no último dia da festa,

aproveitam para levar como recordação

muitas das flores e/ou outros elementos

das ruas.

Todo o restante papel, na sua maioria os

tetos, são posteriormente encaminhados

para reciclagem.

Quando será o próximo evento?

— As Festas do Povo estavam marcadas

para 2020. Infelizmente, devido ao aparecimento

da pandemia por COVID-19,

tiveram de ser canceladas.

Não foi possível realizá-las nem em 2021,

nem o será em 2022, pelo que prevemos

que, se a pandemia o permitir, a próxima

edição possa decorrer em 2023.

Estas são umas festas com um cariz

marcadamente popular em que o convívio

desempenha um papel fundamental,

pelo que se as pessoas não se puderem

juntar para preparar as suas ruas e

para fazer flores ao serão, as festas não

se conseguem realizar.

Para além disso, o grande número de

visitantes que recebemos em cada edição

é só por si proibitivo em tempos de

pandemia.

Qual o número de visitantes em cada

edição?

— Na última edição recebemos em Campo

Maior cerca de 700.000 visitantes durante

os 10 dias das festas.

Uma palavra para os emigrantes portugueses

na Suíça

— Deixo aqui um forte abraço a todos os

portugueses emigrados na Suíça, em especial

a todos os campomaiorenses que

aí trabalham e têm as suas vidas. Este reconhecimento

das Festas do Povo pela

UNESCO, é também vosso.

Qual o sentimento dos campomaiorenses

pelo reconhecimento?

— A elevação das Festas do Povo a Património

Cultural Imaterial da Humanidade

pela UNESCO encheu os campomaiorenses

de orgulho.

CRÓNICA

Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO

Este é um reconhecimento histórico que

é feito aos campomaiorenses e a todos

os nossos antepassados que, independentemente

da sua posição social, ao

longo de mais de um século, têm mantido

vivo o espírito das Festas do Povo.

É a arte de todo um povo, o trabalho de

várias gerações de campomaiorenses

que ao longo dos anos passaram este

conhecimento aos seus filhos e filhas

que foi agora reconhecido a nível mundial.

O que está a ser feito para a continuidade

do evento?

— As Festas do Povo estão bastante enraizadas

em Campo Maior e nos campomaiorenses,

pelo que a continuidade

das mesmas não está em risco.

No entanto, é necessário cuidar e estimular

o amor pelas Festas. Nesse sentido

o Município de Campo Maior, em estreita

colaboração com a Associação das

Festas do Povo, tem vindo a desenvolver

um trabalho que pretende salvaguardar

este património.

Para além do conhecimento que é passado

de forma intergeracional, há todo

um trabalho que é realizado nas escolas,

seja através de pequenos projetos em

cada sala, seja através das Atividades de

Enriquecimento Curricular que ensinam

os alunos a fazer flores de papel, que

fazem com que esta seja uma tradição

bastante viva na comunidade.

Vamos em breve inaugurar o Centro Interpretativo

das Festas do Povo – “Casa

das Flores”, um espaço onde os visitantes

podem viver o espírito das Festas através

de uma visita multimédia em que podemos

ficar a conhecer não só a História do

evento, como participar de forma virtual

em todo o processo que acontece desde

o anúncio das Festas até à noite mágica

da “enramação”.

Aproveito aliás, para deixar o convite a

todos os leitores do “Lusitano de Zurique”,

para que nos visitem quando vierem

a Portugal. Não se vão arrepender!

26 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

27



Retratos contados...

Diário de uma avó e de um neto

Alice

Vieira

Nélson

Mateus

Cultura

© wikipédia

V NELSON MATEUS (*) V ALICE VIEIRA (*)

Pelos caminhos

de Portugal

Querida avó como estás?

Como tem corrido essa estadia pela Ericeira?

Tens visto as notícias? As coisas pelos aeroportos têm

estado caóticas.

Imensa gente que veio de férias, a Portugal, que agora

estão horas no aeroporto para realizarem as viagens de

regresso. Uns porque os voos são cancelados (por falta

de pessoal), outros porque estão horas para fazer os testes

à Covid-19… tem sido bastante complicado.

Por falar em aeroportos que saudades tenho de viajar!

Como sabes, temos sido muito solicitados para realizar

Tertúlias em Portugal Continental e Ilhas. Nessas tertúlias,

através do nosso livro, levamos os participantes a

uma viagem às memórias de Portugal, falamos sobre

valorização dos mais velhos, envelhecimento ativo e

muito mais.

Para além de levar a cabo essa missão, estas viagens vão

servir também para conhecer melhor o nosso país, as

nossas tradições e as diferenças entre as regiões.

Agora lembrei-me da canção do Mário Gil “Pelos caminhos

de Portugal”.

Nessa canção, que marcou uma geração, Mário Gil levava

os ouvintes a uma viagem a Portugal, onde referia várias

vezes “Pelos caminhos de Portugal, Eu vi tanta coisa

linda, Vi um mundo sem igual.”

Começava por referir cidades da região da Grande Lisboa

depois levava-nos a dezenas de cidades de todos os

pontos de Portugal continental e ilhas, como não podia

deixar de ser.

Realmente, apesar de ser um pais tão pequeno, é uma

pais com imensa coisa para descobrir e com diferenças

abismais entre regiões.

Um pouco daquilo que pretendo fazer este ano com as

Tertúlias. Indo a menos locais! Não que não tenhamos

fôlego, e vontade, mas não conseguimos ir a todos os

locais que gostaríamos em apenas um ano.

Estou aqui a pensar que será interessante ir partilhando

essas viagens no nosso “Diário”. Desta forma partilhamos

locais com interesse, tradições e muito mais.

O que te parece?

Vens a Lisboa antes das eleições?

Bjs

Querido neto,

Pois é, há muito quem viaje, há quem fique em

casa, como dizia a minha avó, cada um é como cada qual.

Antes da pandemia eu não parava em casa. Agora, o mais

longe que fui foi a Torres Novas, onde vive o meu filho. E só

uma vez. Ericeira-Lisboa e já me chega.

Em miúda também viajava muito: o tio que me criava adorava

visitar países diferentes—e sempre de carro, porque

tinha um medo pavoroso de aviões. É claro que às vezes

as viagens eram um pouco rápidas demais. Lembro-me de

termos chegado a Turim, de ele perguntar—como sempre

fazia- onde era o centro da cidade, chegar lá, sair do carro,

olhar em volta e dizer “está visto”. E seguimos logo para

outra cidade, que não se podia perder tempo.

Mas uma das viagens que eu gostava mais de fazer era a

Mondariz, na Galiza. O meu tio tinha um grande amigo, galego,

que lá vivia e, de vez em quando, lá íamos. Ficávamos

num hotel minúsculo onde a D.Clara, a dona, tocava piano

ao jantar. Aquilo era uma desafinação completa mas todos

batíamos muitas palmas.

Foi desde essa altura que fiquei sempre com vontade de

fazer o Caminho de Santiago (e havemos de fazer, vais ver!).

Havia caminheiras que chegavam ao nosso hotel, apoiadas

a um bordão, e eu ouvia-as fascinada. Contavam tudo o

que tinham visto. E o que ainda haviam de ver. Lembro-me

de pensar “ hei-de ir com elas!”

Mas depois ia brincar com o meu amigo Lalo, ligeiramente

mais velho que eu e que, para minha grande inveja, vivia lá

sempre. O Lalo também era criado por um tio—o tal senhor

galego muito amigo do meu.

Os anos passaram, as nossas vidas tomaram outros rumos,

Mondariz tornou-se apenas um lugar esquecido no mapa.

Só o Lalo continuou meu amigo.

Começou a trabalhar na televisão. Resumindo e concluindo:

é o nosso amigo Eládio Clímaco, que tu conheces. E

que, para mim é e há-de ser sempre o Lalo.

Apesar de ires em trabalho, aproveita ao máximo essas

viagens. Pelos caminhos de Portugal vais encontrar coisas

sem igual!

Fica bem. Bjs

(*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico

(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora

www.retratoscontados.pt

https://bit.ly/3dvDigl

https://bit.ly/3dvi3Li

https://bit.ly/3tyuFXN

info@retratoscontados.pt

28 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

29



CRÓNICA

CRÓNICA

A primeira decisão do novo governo:

rectificar a injustiça

feita aos idosos

São os eternos esquecidos que o novo

Governo do PS não pode continuar a

ignorar.

Em cinquenta anos, Portugal mudou.

De modo radical. Apesar disso, Portugal

continua. Tudo muda, mas o essencial

fica. Ou antes, muito do que é essencial

mantém-se. A língua, a história,

a memória.

Desde os anos sessenta do século

passado, o número de portugueses

aumentou dois milhões, mas agora,

desde há vinte anos, já perdeu mais

de duzentos mil. E só não perdeu mais

porque chegaram umas centenas de

milhares de imigrantes, em maioria

vindos de países não europeus, Brasil e

África à cabeça. A população imigrante

estrangeira residente em Portugal

rondará hoje, incertamente, por causa

dos ilegais, os 5% a 6% do total. Eram

menos de meio por cento, há quarenta

anos, e 3%, há vinte. Apesar disso,

Portugal continua. Mudou de cor, está

a mudar de língua, de gastronomia, de

roupa, de deuses e de costumes, mas

continua.

O envelhecimento da população é a

Apesar desta onda de esquecimento

que envolveu a situação dos reformados

da Segurança Social e dos aposentados

da CGA nos debates entre partidos,

é importante recordar a situação

difícil em que vive a maior parte dos

pensionistas. Por isso, aquele licenciado

em Economia e Doutorado pelo

ISEG utiliza a linguagem fria dos dados

oficiais.

Eis os números, que são como o algodão,

não enganam (ver quadro).

Em 2010, a pensão média de velhice

era ainda superior ao limiar de pobreza

em 6,3%, mas a pensão média de

invalidez era já inferior ao limiar de pobreza

em 12,6%, e a pensão média de

sobrevivência era inferior ao limiar de

pobreza em 47,1%. Em 2020, a situação

em vez de ter melhorado ainda era

pior. Todas as pensões médias eram inferiores

ao limiar de pobreza, incluindo

a pensão de velhice. Efectivamente,

em 2020, como revelam os dados do

INE, a pensão média de velhice era já

inferior ao limiar da pobreza em 1,5%;

a pensão média de invalidez era inferior

ao limiar de pobreza em 16,7%; e a

como tendo o pilar da solidariedade

como trave mestra da sua actividade

política não pode ignorar a realidade:

é urgente alterar a fórmula de actualização

anual das pensões constante da

Lei 53-B/2006.

Apenas esta alteração pode evitar a

condenação dos pensionistas a uma

perda permanente de poder de compra

e a um progressivo empobrecimento

(cf. ROSA, Eugénio, em www.

jornaltornado.pt/esclarecimentos-sobre-as-pensoes/

acedido em 31 de Janeiro

de 2022).

Essa nova fórmula de actualização das

pensões deve ter em conta a inflação

prevista para o ano a que se refere a

actualização, tendo como valor mínimo

a inflação do ano anterior. A este

valor deve acrescentar, nunca deduzido,

determinada percentagem do

crescimento no PIB a preços correntes

do ano anterior a que se refere a actualização

das pensões.

O governo de António Costa não pode

continuar a recusar esta alteração sob

pena de ficar conhecido como o coveiro

da terceira idade e da dignidade dos

Costa Guimarães (*)

Os pensionistas e reformados

eram 120 mil há

meio século, são hoje

perto de quatro milhões,

em Portugal. Em

percentagem da população

adulta, os pensionistas

eram 2%, são

hoje mais de 40%. Por

cada idoso, havia oito

activos, hoje não chegam

a três.

Entre 2011/2015, com Passos/Portas,

as pensões de valor superior a 260€

foram congelados, portanto mantiveram-se

inalteráveis durante 5 anos.

Com os governos de António Costa

(2016/2022), exceptuando os aumentos

extraordinários de 10€ em 2017,

2018, 2019, 2020, 2021, que só beneficiaram

os reformados e aposentados

com pensões muito baixas, de valor

igual ou inferior a 1,5 IAS (664,28€

em 2022), todas as outras tiveram

apenas as seguintes variações: Em

2016: 0%; Em 2017: 0%; Em 2018: Pensões

até 857,80€: +1,8%; superiores a

857,8€ até 2573,4€ : +1,3%; superiores

a 2573,4€: +1,05%; Em 2019: Pensões

até 871,52€: +1,6%; superior a 871,52€

até 2614,56:+0,78%; Em 2020: Pensões

até 877,62€: +0,7%; Superior a 877,62€

até 2632,28€: +0,24%; superiores a

2632,28€: 0%; Em 2021: 0%; Em 2022:

Pensões até 886€: +1%; superior a

886€ até 2659€: +0,49%; superiores a

2659€: + 0,24%.Portanto aumentos de

miséria. E entre 2010 e 2021, os preços

aumentaram 11,6%, segundo o INE.

É por isso que uma das primeiras decisões

do novo Governo tem de ser

esta: rectificar a injustiça que está a

ser feita aos nossos idosos, pensionistas

e reformados.

As pensões médias de velhice, invalidez

e sobrevivência da Segurança

Social em Portugal já são inferiores ao

limiar da pobreza e é urgente alterar a

Lei 53-B/2006 pois, se não for feito, os

pensionistas estão condenados a continuar

a perder poder de compra.

Algumas destas pensões, como acontece

com a pensão do REAA (Regime

especial das Actividades Agrícolas) e

a pensão social (apenas 213,91€), nem

representam metade do valor do limiar

da pobreza em 2020 (em 2022,

limiar da pobreza é superior ao de

2020). E estas duas pensões são as recebidas

por mais de 100.000 pensionistas.

É isso mesmo que é reafirmado em

recente estudo do especialista Eugénio

Rosa, do Gabinete de Estudos da

CGTP—Intersindical, utilizando dados

divulgados pelo INE e pela CGA (Caixa

Geral de Aposentações): a pensão média

de velhice, de invalidez e sobrevivência

paga pela Segurança Social é

já inferior ao limiar da pobreza, e na

CGA existem mais de 200.000 pensionistas

a receber pensões inferiores ao

limiar da pobreza.

A situação dos pensionistas, quer da

Segurança Social quer da CGA, não

constituiu um tema central do debate

eleitoral apesar de constituírem cerca

de 30% da população portuguesa.

realidade mais importante de toda

esta evolução. Os velhos já foram cerca

de um quarto dos jovens, mas são hoje

quase o dobro. Os que têm mais de 65

anos eram, há pouco tempo, 8% da população,

são hoje 24%.

As pessoas a viverem sozinhas já foram

cerca de 10% da população, constituem

hoje um quarto (25%).

Apesar dos aumentos extraordinários

de 10 euros, impostos ao governo pelo

PCP, que só beneficiaram os pensionistas

com pensões até 664 euros em

2022, verificou-se uma redução continuada

e generalizada do poder de

compra dos pensionistas.

pensão média de sobrevivência era inferior

ao limiar de pobreza em 48,9%.

Sem o aumento extra de dez euros, na

CGA, existiam cerca de 100.000 reformados

e aposentados com pensões

inferiores ao limiar da pobreza e mais

100.000 com pensões de sobrevivência

e de acidentes de trabalho também inferiores.

Os aumentos das pensões em 2021

e 20221 inferiores aos aumentos de

preços, os pensionistas continuam a

perder poder de compra e as suas condições

de vida degradaram-se — assegura

Eugénio Rosa.

Assim, um governo que se arvora

pensionistas.

Mais, a Segurança Social apresentou,

em 2020, um saldo global positivo de

2131 milhões de euros e, em 2021 até

Novembro, também um saldo positivo

de 1120 milhões de euros. António

Costa sabe que é possível, sem pôr em

causa a sustentabilidade da Segurança

Social, melhorar as pensões.

Por que não o faz?

(*) António Costa Guimarães,

é Jornalista, foi Capelão

Militar e Director do jornal

Correio do Minho

30 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

31



Crónica

Crónica

Ainda bem que a campanha

acabou para falarmos de

quem é um farol

COSTA GUIMARÃES (*)

Ainda bem que acabou a campanha

eleitoral, para podermos falar de outras

pessoas, mais importantes e faróis

da nossa vida.

De facto, foi muito difícil debater com

uma pessoa que mente e diz uma coisa

e o seu contrário, em dois minutos,

num debate de meia hora. Será que

as nossas televisões estão a destruir a

democracia? Parece, porque elas desbaratam

horas e horas e discutir um

reles jogo de futebol e apenas têm

meia hora para um debate político.

Esse é o verdadeiro cerne — não é

cherne — da questão. Nós jornalistas,

editores e directores de informação

temos a maior responsabilidade pelo

aparecimento destes fenómenos que

nos vão destruir.

Devíamos contestar algumas mentiras

que são proferidas e não o fazemos

— reduzimo-nos a (tri)pés de um

qualquer microfone seguindo um

alinhamento ignóbil: não se discute

economia, educação, saúde, justiça,

segurança social e outras questões

essenciais para todos os portugueses.

Estende-se a passadeira vermelha a

mentirosos. Foi uma quinzena triste

para o jornalismo de causas.

Vimos os debates, que duram 25 minutos,

e depois apareceram-nos uns

senhores e senhoras nos diferentes

canais de TV a dizer-nos, durante horas,

que o que vimos não foi o que vimos,

mas sim o que eles viram.

E em todos os serviços noticiosos continuaram

a aparecer debitando os

seus discursos, até ao próximo debate...

Ainda por cima todos eles (salvo raras

excepções) com agendas políticas

claras. Uns são mesmo políticos de

partido, deputados ou ex-deputados,

ex-secretários de Estado, ex-ministros,

etc. E outros, são ainda gente da comunicação

social com agendas políticas

claras...

A comunicação social portuguesa está

toda tresloucada e de pernas para o

ar, capturada por interesses que lhe

são totalmente estranhos...”

O leitor, perguntará: não estás a exagerar?

Dou apenas um exemplo, para não vos

maçar como aqueles comentadores

anteriormente referidos. Apenas um

jornal português — Público — deu a

notícia da morte de uma das maiores

mulheres árabes, um nome histórico

do feminismo egípcio, escritora (com

dezenas de livros), aos 89 anos: Nawal

El Saadawi. Mais tarde, mais de um

mês após, o semanário Expresso dá-se

conta do lapso e publica um resumo

da sua vida.

A lâmina avançou, cortante e gélida,

com a parteira, a daya, a dizer-lhe que

agia assim por vontade de Deus, que

fora Ele quem ordenara, lá do alto,

que lhe arrancassem aquele minúsculo

pedaço de carne, a pecaminosa vís-

cera entre as pernas. Tinha seis anos,

não mais, ficou banhada num mar de

sangue. A ferida no corpo, levou dias

ou semanas a sarar. O golpe na alma,

esse, permaneceu até ao final da vida,

ocorrido há pouco, aos 89 anos.

Estamos a reproduzir um texto da feminista

e escritora egípcia Nawal el-

-Saadawi, uma líder da luta pelos direitos

das mulheres no mundo árabe,

detida várias vezes e viu as suas obras

serem banidas. Saadawi faleceu no

Cairo e foi enterrada no mesmo dia

num funeral só para familiares, revelou

o seu agente.

Nawal el-Saadawi nasceu a 27 de Outubro

de 1931, licenciou-se em Medicina

pela Universidade do Cairo, e

descreve na sua autobiografia (A Daughter

of Isis, na tradução em inglês)

como cresceu numa cultura patriarcal

onde as raparigas eram sujeitas a abusos,

incluindo o casamento infantil e a

mutilação genital feminina.

Depois de ter sido submetida ao corte

genital, tornou-se activista contra

aquele procedimento quando trabalhava

como médica nas décadas de

50 e 60. Mais tarde, denunciou as autoridades

religiosas islâmicas e o governo

egípcio pela sua defesa de valores

conservadores e escreveu dezenas

de livros que abordavam tabus como

a sexualidade e a prostituição.

“Depois de viajar por todo o mundo…

Descobri que as raparigas são educadas

de uma maneira muito parecida

— estamos todas no mesmo

barco. O sistema patriarcal, capitalista

e religioso é universal”, disse

Saadawi à Thomson Reuters Foundation

em 2018.

Os seus pontos de vista trouxeram-lhe

constantes problemas com as autoridades

no Egipto: foi despedida do

Ministério da Saúde na década de 70

e presa em 1981 depois de ter criticado

o Presidente Anwar Sadat, pouco

antes do seu assassinato. Nos anos 90,

passou um período no exílio depois

de ameaças de morte de militantes

islamitas.

Muitos dos seus livros, que incluem

Women and Sex (A mulher e o sexo) e

The Hidden Face of Eve (A face oculta

de Eva) , foram traduzidos no estrangeiro.

Mas no Egipto, onde era muitas

vezes retratada como uma provocadora

que defendia visões ocidentais,

algumas das suas obras foram denunciadas

e retiradas da circulação.

Saadawi casou-se e divorciou-se três

vezes, deixando dois filhos, a escritora

Mona Helmy e o realizador Atef Hatata.

Nawal El Saadawi nasceu em 1931 em

Kafr Tahla, uma aldeia da província de

Qalyubia, no delta do Nilo, a norte do

Cairo, e era a segunda dos nove filhos

de um funcionário do Ministério da

Educação do Egipto que, por se ter

rebelado contra a ocupação britânica

do país, foi exilado com a família para

aquele local remoto. Da profissão da

mãe nem se fala, sendo mais do que

óbvio que cuidava da casa, do marido

e filhos. Sabe-se que descendia de famílias

otomanas ricas e Nawal sempre

se orgulhou das sus raízes turcas e da

sua pele escura. Apesar de ter autorizado

a ablação (extracção) do clitóris

da filha e de ter querido casá-la aos 10

anos (a mãe opôs-se, com êxito), o pai

era relativamente progressista e incentivou

os filhos, rapazes e raparigas,

a estudarem, a aprenderem árabe e a

confiarem neles próprios e nas suas

capacidades.

Órfã desde muito nova, Nawal teve

de trabalhar para sustentar a família,

o que não a impediu de ter notas excelentes

no liceu e de se formar em

Medicina na Universidade do Cairo,

em 1955.

No ano seguinte, casou com um colega

de faculdade, do qual teve uma

filha e de quem se divorciou dois anos

depois. Casou novamente com outro

médico, por pressão da família, mas

acabaram por se separar pois o marido

opunha-se a que ela escrevesse

livros e tivesse opiniões feministas.

Voltou a casar em 1964 com Sherif

Hatata, um militante comunista que

Nasser acabara de libertar da prisão,

onde estivera encarcerado 13 anos

devido às suas actividades subversivas.

Ao fim de 43 anos, o casamento

terminaria em 2010, por divórcio.

Após ter concluído o mestrado em

saúde pública na Universidade de

Columbia, em Nova Iorque, Nawal foi

nomeada em 1966 directora-geral de

saúde do Egipto.

Em resultado da sua experiência pessoal

e da violência contra as mulheres

que observara enquanto médica,

primeiro na sua terra natal e depois

por todo o país, publicou em 1972 a

sua estreia na não-ficção, Mulheres e

Sexo, uma corajosa denúncia da mutilação

genital feminina e dos maus-

-tratos conjugais que lhe valeu ser

imediatamente demitida do cargo de

directora-geral da saúde, de editora

da revista Saúde, que fundara anos

antes, e de secretária-geral adjunta da

Associação Médica do Egipto.

De 1973 a 1976, trabalhou na Faculdade

de Medicina da Universidade Ain

Shams, no Cairo, a investigar as neuroses

femininas, e, de 1979 a 1980, foi

consultora do programa ONU Mulheres

em África e no Médio Oriente.

O envolvimento na causa feminista,

que a levou a publicar dezenas de

livros de ficção e de não-ficção e a

participar na fundação da revista Confronto,

enfureceu as autoridades religiosas

do país e acabou por ditar a sua

prisão em 1980, às ordens de Anwar

el-Sadat. Na prisão, proibiram-na de

escrever, mas conseguiu redigir clandestinamente

as suas memórias do

cárcere em folhas de papel higiénico.

Foi libertada em finais de 1981, um

mês depois do assassinato do presidente.

A revista Time nomeou-a uma

das 100 mulheres do ano.

Em 1982, fundou a Associação de

Solidariedade das Mulheres Árabes

e a sua intensa actividade em prol

da libertação feminina tornou-a alvo

de ameaças de morte por parte dos

islâmicos radicais, o que a obrigou a

fugir do país em 1993 e a fixar-se na

América, onde leccionou em universidades

de topo: Duke, Washington,

Harvard, Yale, Georgetown, Columbia,

Berkeley, Florida Sate (efoi professora

na Sorbonne). Em 1996, regressou ao

Cairo, onde deu aulas na universidade

e prosseguiu a sua intervenção política,

tendo ponderado candidatar-se

às presidenciais de 2005 e estando na

primeira linha dos protestos da Praça

Tahrir, em 2011.

Galardoada com o Prémio Norte-Sul,

do Conselho da Europa, em 2004, e

com o Prémio Seán MacBride, do Gabinete

Internacional para a Paz, em

2012, era conhecida como “Simone de

Beauvoir do mundo árabe” pelas suas

posições contra a mutilação genital

feminina (e masculina) e o véu islâmico.

Em entrevistas do final da vida,

dizia ser cada dia mais radical, disparando

contra o uso maquilhagem e

de roupas ousadas pelas mulheres,

o fundamentalismo religioso e as peregrinações

a Meca, o imperialismo

ocidental e a invasão do Afeganistão,

o apoio dos EUA a Israel e, inclusive,

o auxílio humanitário americano ao

povo do Egipto, que considerou ser

causa da manutenção da pobreza no

país. Morreu num hospital do Cairo no

passado dia 21 de Março. Três vezes

divorciada, foi mãe de duas filhas que,

ao contrário dela, mas graças a ela,

nunca sentiram o frio de uma navalha

a cortar-lhe a carne e, sobretudo, a dilacerar-lhe

o espírito, até ao fim dos

dias.

(*) António Costa Guimarães,

é Jornalista, foi Capelão

Militar e Director do jornal

Correio do Minho

32 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

33



Entrevista

Entrevista

Continuaremos a escrever história,

de geração em geração

Carina

Gonçalves

Carina Gonçalves é um dos

rostos do Centro Lusitano de

Zurique. Alegre e bem disposta

chegou a terras helvéticas

no ano 1979 e fixou residência

em Zurique. Carina

sempre trabalhou na área de

recursos humanos. Actualmente

trabalha na área de

contabilidade e administração.

Casada e Mãe a Carina

sempre encontrou tempo

para o Movimento Associativo,

nomeadamente no Rancho

do CLZ, onde se trajou,

dançou e manteve-se activa

desde o ano 1997. Sempre

dedicada a esta Associação,

não foi em tempo de pandemia

que esta mulher voltou

as costas ao CLZ. Bem ao

contrário. Podemos observar

a Carina a fazer contas, a servir,

ou mesmo a lavar pratos

e copos na cozinha. Carácter

firme, não tem papas-na-língua,

na hora de dizer a verdade,

doa quem doer. Acredita

na sua forma directa de ser

e gosta muito de roçar a perfeição.

Sabe reconhecer um

elogio, porque sabe o que

significa movimento associativo.

Vingar em família e ser

uma boa pessoa na vida social

está sempre no seu horizonte.

À mesa não dispensa

um prato tradicional da cozinha

portuguesa e o seu preferido

é um bom “estufadinho”

de frango com ervilhas

elaborado pela mãe e umas

boas alheiras caseiras. Não

dispensando também o bom

bacalhau na brasa do CLZ.

V Maria dos Santos

Maria dos Santos — Carina desde

quando estás ligada ao CLZ?

Carina Gonçalves — Abril 1997 quando

entrei para o rancho do CLZ.

M.S. — Nesta longa trajectória,

como defines o Movimento Associativo

que o CLZ tem dado à Comunidade

Portuguesa?

— C.G. — Sempre activo, dinâmico, dedicado

e com grande história de altos

e baixos para lembrar e contar à

comunidade.

M.S. — Tens bem claro que queres

transmitir aos teus filhos, o que é

estar do lado de dentro de uma Associação.

Como consegues passar

este testemunho tão valioso?

— C.G. — É difícil exprimir isto em meia

dúzia de palavras.

Vivo com a minha família a Cultura

e as tradições portuguesas. Para podermos

viver um pouco das nossas

tradições e termos um pouco das

nossas raízes longe do nosso país requer

esforço muita dedicação e participação.

Somos o que vivemos! E a

vida associativa e solidária faz parte

nós.

M.S. — Representar a Cultura portuguesa,

com o Rancho Folclórico,

que satisfação te aportou?

— C.G. — Conheci muita gente nova

e entre algumas nasceram boas e

grandes amizades.

M.S. — Actualmente e das várias

secções culturais, as equipas de

futebol são as únicas activas. Para

quando o regresso de todas as actividades?

— C.G. — As infecções estão a aumentar

e nada é mais valioso que a nossa

saúde. Somos um grupo grande que

ensaia em espaço fechado. Cumprir

as regras requer uma disciplina enorme.

As restrições que o Governo impõe

não nos facilita a situação deste

departamento. Por vários motivos de

segurança, foi decidido que por enquanto

não haverá ensaios. Quando

houver condições mínimas, voltaremos

aos ensaios.

M.S. — Como foi para o CLZ e para ti

como sócia, ultrapassar aquela que

é a maior crise dos últimos 50 anos

de movimento Associativo?

— C.G. — Temos que estar agradecidos

que o CLZ nunca ter baixado os braços

sobre tudo em tempos de pandemia.

Devemos estar gratos por manterem

a casa aberta para servir a

comunidade. Na minha opinião o

CLZ está de parabéns.

M.S. — Num mundo de incertezas

com crises económicas, sociais e

políticas, achas possível a cultura

portuguesa sobreviver em terras

helvéticas?

— C.G. — Falando concretamente

da casa CLZ, penso que a casa não

tem que temer nada. O CLZ prova

que mesmo nos tempos mais difíceis

consegue transmitir segurança e

união à comunidade portuguesa.

M.S. — Depois de tantos anos dedicados

ao CLZ, que projecto gostarias

de ver realizado?

— C.G. — Pelo facto de ter conseguido

manter esta colectividade no activo

ao longo destes anos todos, já

é um grande feito, pois nunca abandonou

a comunidade. E mesmo perante

todas as adversidades ao longo

do tempo, também tem vindo a

ultrapassar esta fase de pandemia,

segurando postos de trabalho assim

como todos os departamentos existentes.

M.S. — Consideras que o CLZ está a

escrever uma bonita história associativa,

para as próximas gerações?

— C.G. — Sim acho, porque o CLZ somos

todos nós. Sócios, não Sócios,

simpatizantes da casa, departamentos,

etc. Todos nós por algum motivo

estamos ligados à casa. Enquanto a

nossa ligação for em prol da comunidade

e não em interesse próprio,

continuaremos a escrever história de

geração em geração.

M.S. — Estamos em tempos de eleições,

depois da mais grave crise

económica ao ser chumbado o orçamento

de Estado. António Costa

desde 2015, ou acreditar na variante

Rui Rio?

— C.G. — Ao nível político não manifesto

a minha opinião.

M.S. — O Centro Lusitano Zurique

agradece a tua participação desejando

um ano 2022 cheio de harmonia,

paz, compreensão e muito amor

junto da nossa família associativa e

claro também, ao nível pessoal.

34 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

35



CRÓNICA - Abraços de Palavras

Prever o futuro, não está nas minhas faculdades. Apenas

tenho o direito de pensar que tudo pode acontecer.

Uma coisa é o desejo, outra a realidade.

No dia em que estas palavras forem abraçadas por vós, já

em Portugal estará traçada uma linha para os próximos

quatro anos de governação.

Hoje, apenas posso transmitir-vos a sensação de alguma

frustração, pela forma como decorre a chamada “campanha

eleitoral”.

Tantos anos sonhados com uma Democracia com portas

de oportunidades abertas a todos os portugueses, hoje,

ficam cada dia mais distantes.

Há tantos jogos neste emaranhado de ideias, de tal forma

que, os principais assuntos, que deveriam ser explicados

aos eleitores, ficam num limbo, numa penumbra

difícil de transpor e entender.

A

INCERTEZA

DO

FUTURO

Pior ainda, é assistirmos ao pulular de gente vazia de

ideais democráticos e defensora do regresso a uma Ditadura,

que nos massacrou no passado e que os incautos,

inocentes e desatentos, estão esquecendo, inebriados

pela desfaçatez e boçalidade de certos indivíduos

que procuram atingir, através de mentiras, difamações

e meias verdades, bem elaboradas, os seus objetivos de

tornarem Portugal, de novo, um País de pobres, analfabetos

e ignorantes.

GRAÇA AMIGUINHO

Apesar de todas as contingências e limitações provocadas

por uma pandemia, que tem posto em causa os

postos de trabalho de muitos portugueses, Portugal tem

dado provas de proteger os mais vulneráveis, apoiar, na

medida do que é possível, as empresas em crise, dar subsídios

para que ninguém morra à fome nem precise roubar,

para comer.

O nosso Serviço Nacional de Saúde não faz acepção de

pessoas, tratando todos de igual modo, no acesso aos

cuidados de saúde, mesmo na situação que temos atravessado.

Na saúde, em Portugal, não há ricos ou pobres, não há

novos ou velhos, todos têm os mesmos direitos.

Até isso, a Direita nos quer roubar! E o povo fica cego

com promessas sem poderem, algum dia, vir a ser cumpridas.

Ao reler o que hoje escrevo, desejo, sinceramente, que

o Futuro, que tão encoberto de nuvens está, surja com

mais claridade e esperança, que nos permita viver com

tranquilidade e segurança, nesta terra que amamos e

onde, mesmo quem longe dela trabalha, deseja um dia

voltar e aqui gozar a merecida reforma.

Curiosidades sobre

Astrologia

Fernando Pessoa gostava muito de astrologia.

Ele tinha a mania de fazer mapas

astrais de amigos, parentes, conhecidos

e até de personalidades históricas.

Encontro com Cecília

Meireles

Cecília Meireles tinha como seu maior

desejo na sua visita a Portugal, conhecer

Fernando Pessoa. O poeta, entretanto,

não foi ao seu encontro e deixou Cecília

à espera quase duas horas. Quando

voltou ao hotel, ela encontrou um livro e

uma carta de Pessoa. Nele, o génio português

pedia desculpas por não ter ido

ao encontro. O motivo? Os astros diziam

que os dois não podiam encontrar-se naquele

dia.

Heterónimos

Fernando Pessoa tinha como hábito escrever

sob vários heterónimos, cada um

deles com um estilo e biografia próprios.

Entre os mais conhecidos estão Ricardo

Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos.

Atraso

Quando chegou atrasado a um encontro

com o escritor José Régio, o poeta disse

que era Álvaro de Campos e pediu perdão

por Fernando Pessoa não ter podido

comparecer.

Interesses

O poeta também tinha um grande interesse

por esoterismo, maçonaria e pela

fraternidade Rosacruz. Era também um

grande admirador do mago britânico

Aleister Crowley.

Obras em inglês

Fernando Pessoa publicou quatro obras

quando estava vivo, três delas são em inglês.

Personalidades mais influentes

O Bureau Internacional das Capitais da

Cultura em 2008, indicou que Fernando

Pessoa era uma das 50 personalidades

mais influentes da cultura europeia, junto

com Da Vinci, Mozart e Einstein.

CRÓNICA

Fernando Pessoa

Morte

Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática.

Porém, no seu atestado de óbito,

consta “obstrução intestinal” como causa

da morte.

Segundo idioma

O poeta português tinha o inglês como

segunda língua, já que foi criado na África

do Sul. Por isso, os seus primeiros

poemas foram publicados em inglês.

Apenas uma década depois foi publicado

o seu primeiro livro em português.

Plutão

Alguns afirmam que Fernando Pessoa

foi o responsável pela introdução do

Planeta Plutão (recentemente rebaixado

para a categoria dos planetas anões) em

mapas astrológicos.

Diversas ocupações

Conhecido como um brilhante poeta,

Pessoa também trabalhou como jornalista,

tradutor, crítico literário, editor,

publicitário e até inventor, mostrando o

quão talentoso era. Ainda conseguiu um

tempinho para exercer o activismo político.

Popularidade após a

morte

O poeta só obteve popularidade após a

sua morte. Morreu em 1935, mas as suas

obras só despertaram interesse do público

a partir de 1940. O seus poemas foram

traduzidos após a sua morte.

Escrever de pé

Ele não conseguia ver um lápis sem ponta.

Antes de começar a escrever, ele costumava

afiá-los. Dizem também que o

poeta tinha o hábito de escrever de pé.

Amizade

Pessoa tinha amizade com outros dois

grandes nomes da poesia portuguesa:

Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro.

Correspondia-se intensamente com

Sá-Carneiro, algo que só parou de acontecer

com o suicídio do amigo.

Prémio

Em 1903, Pessoa candidatou-se à Universidade

do Cabo da Boa Esperança. Na

prova de exame para a admissão não obteve

uma boa classificação, mas tirou a

melhor nota entre os 899 candidatos no

ensaio de estilo inglês. Recebeu por isso

o Queen Victoria Memorial Prize (Prémio

Rainha Vitória).

36 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

37



Imagens de cá

UM SILÊNCIO MUITO FORTE

Paulo Marques

Vi tantos mortos durante tantos anos...

A minha mãe é a irmã mais nova de

seis, por conseguinte quase sempre

lhe cabia a tarefa de preparar os corpos

das tias e dos tios velhos que se iam

finando. E eu acompanhava-a. Não

havia, como há hoje, a preocupação de

esconder a morte das crianças. Além

disso, morria-se muito em casa, só

excecionalmente no hospital.

De modo que, desde muito cedo

descobri o efémero. Tudo tinha um

prazo de validade. Até a vida humana.

A morte era um monstro impiedoso

que devorava, fatalmente, com a sua

enorme boca trágica, todo e qualquer

frágil humano.

Esta experiência acompanhar-me-á

como ensinamento pela vida fora:

não existe salvação possível. Não há

segurança, continuidade, nem abrigo

que nos salvaguarde do absurdo que é

nascer para morrer.

A minha tia Maria Júlia acamada desde

que me lembro dela. Os olhos fixos no

teto. Um último suspiro arrancado das

entranhas, das profundezas das trevas.

Avaliava-se o pulso, punha-se um

espelhinho de bolso diante da boca

para confirmar que não respirava,

e pronto. Vestia-se a tia e falava-se

com ela depois de morta: “Levante

o bracinho, vá lá tia, ajude lá.” E a tia

parecia que ouvia. Estou certo que

ouvia porque levantava o bracinho.

Tudo muito pragmático, muito

profissional, pois já se aguardava há

muito aquela morte.

Parece que foi ontem. Pisco os olhos e

passaram trinta anos.

O tio Lopes todo tapado com um

lençol, exceto as mãos, muito amarelas,

magérrimas, cruzadas no peito. Os

sapatos ao fundo. A cara coberta com

um lenço com monograma: A.L. Se

calhava levantarem o lenço, um rosto

esbatido, uma expressão fria, de pedra,

as fossas nasais enormes, os olhos do

avesso.

Eu, um arrepio de medo.

Tenho de procurar dentro de mim para

encontrar uma série de pessoas que

me foram mais ou menos indiferentes,

outras que gostei e às quais me

habituei, e outras que ficaram sempre,

que nunca partiram, que não param

de doer.

As flores à volta, as velas escorrendo

cera, mulheres de negro a sussurrar,

o cheiro do tabaco dos homens lá

fora. Horas e horas a contemplar o

morto. Até que vinha um homem de

fato cinzento ou azul-escuro e fechava

num gesto convicto o caixão. A tampa

da urna cerrava-se e o finado deixava

de se ver.

Começava o mistério: Para onde agora?

Os meus olhos deitavam lágrimas mas

não deitavam, isto é, choravam mas

não choravam, ou seja, na verdade,

na verdade, tudo aquilo me comovia

mas eu fingia que não. O momento

era dos mortos, não dos vivos. Não me

ia pôr para ali a chorar. Às vezes, não

raras vezes, o maior grito pode ser um

silêncio. Um silêncio muito forte.

RIO

CÁVADO

Emílio Costa

Espreitando sobre a margem direita do rio Cávado, observo

atentamente, numa magnífica tarde de domingo soalheiro,

toda a beleza natural que se vai descobrindo conforme vou

calcorreando estes 3 quilómetros de pura natureza (neste

caso, entre a Vila de Prado e a Veiga de Cabanelas…)

O momento convida a observar e a registar cada imagem

com a devida qualidade com que o rio e seus limítrofes nos

brindam…

De rara beleza, as curvas do Cávado, a sua água com o

azul reflectido do céu, e todo o arvoredo das suas margens

parecem transformar-se em lindos sorrisos e colocarem-se

nas melhores posições para a lente fotográfica. Depois… é

só clicar e partilhar com todos os meus amigos.

Até os peixes saltam fora da água, parecendo agradecer

a Deus a oportunidade de viverem num local tão sublime

(ou estarão a fazê-lo para verificarem se andam insectos

por perto!…)

Bem-vindos ao rio Cávado, um local deslumbrante e único!

38 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

39



Saúde

Saúde

© CannabizTeam

© dimitri-bong

EUA:

Indústria da

canábis deverá

gerar mais de

100 mil novos

empregos em

2022

Laura Ramos

Um relatório da CannabizTeam prevê

100 mil novos empregos relacionados

com a canábis em 2022 e revela que,

em 2021, os salários dos executivos aumentaram

cerca de 10%. Os dados fazem

parte do 4º Guia Anual de Salários

da Indústria de Canábis, que analisa o

emprego na indústria e as tendências

de contratação. A CannabizTeam Worldwide

é uma das principais empresas

de recrutamento e selecção de executivos

focada em canábis.

O documento agora publicado pretende

“fornecer informações a empregadores

e possíveis funcionários na

área da canábis, ajudando-os a entender

a dinâmica da indústria e a tomar

decisões de negócios bem informadas”,

anunciou a empresa em comunicado

de Imprensa.

O relatório abrange as tendências

de contratação na indústria legal de

canábis dos Estados Unidos da América

(EUA), principalmente nos 10 Estados

com empregos de canábis, e as

estimativas salariais nacionais para

mais de 60 das posições de canábis

mais prevalentes nos EUA.

“A indústria da canábis continuou a

florescer e a mostrar a sua força, apesar

de algumas dores de crescimento

em 2021”, disse Liesl Bernard, CEO

da CannabizTeam. “Esperamos que a

indústria continue a crescer em 2022

com aumento do capital disponível,

marcas mais estabelecidas e estados

de canábis de uso adulto recém-legalizados

com densidade de população,

incluindo a Pensilvânia e New Jersey.

Actualmente, projectamos que a indústria

dos EUA adicionará mais de

100 mil novos empregos de canábis

este ano.”

Alguns destaques do sector no relatório

de 2022 incluem:

• As empresas nos mercados de uso

médico e adulto estão cada

vez mais a recorrer a trabalhadores

temporários ou “sob

procura” para atender às necessidades

de curto e médio

prazo no cultivo, extracção,

fabrico, distribuição e comercialização;

• Com a crescente procura do consumidor

por comestíveis, bebidas

de canábis e cosméticos,

as empresas aumentaram

substancialmente a contratação

de talentos de extracção,

fabrico e testes;

• Os custos de aquisição e manutenção

de membros da equipa

de qualidade continuam a

aumentar, alimentados pela

competição por talentos disponíveis

e pela inflacção salarial

nacional;

• Os salários da indústria de canábis

aumentaram 4% em média,

em 2021, com a remuneração

dos executivos séniores a subir

até 10%;

• As estimativas salariais no Guia Salarial

de 2022 são baseadas

em dados da CannabizTeam,

pesquisas salariais e pesquisas

independentes de fontes

credíveis colectadas até o final

do quarto trimestre de

2021.

Portugal:

84% usa canábis para

aliviar stress e relaxar,

40% para ansiedade e

depressão

Por Laura Ramos

A esmagadora maioria de uma amostra de 3188 pessoas

que utilizam canábis afirma utilizá-la para reduzir o stress

e relaxar (84%), enquanto que 60% diz que o faz para se divertir

ou melhorar a qualidade do sono (52%). Cerca de 40%

garante que a canábis ajuda a tratar a ansiedade ou a depressão

e mais de 75% dos utilizadores que responderam

ao inquérito concorda plenamente que consumir canábis

devia ser legal.

Os dados foram publicados na sequência de um inquérito

do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência

em cerca de 30 países europeus, entre os quais Portugal,

através do SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos

Aditivos e nas Dependências.O inquérito decorreu

online entre Março e Maio de 2021, destinou-se a maiores

de 18 anos e teve como principal objectivo aprofundar o conhecimento

sobre os padrões de utilização de substâncias

ilícitas, visando uma melhor adequação das políticas públicas.

Responderam ao questionário 3188 pessoas.

Leia estes e outros artigos em

WWW.CANNAREPORTER.EU

Benefícios na saúde e no bem-estar são os principais motivos

para o consumo

Além das utilizações mais frequentes acima referidas, os

inquiridos disseram utilizar canábis também para socializar

(36%), para melhorar o desempenho escolar, académico ou

profissional (21%), para reduzir dores ou inflamações (15%)

ou apenas para experimentar (3%).

O estudo revela ainda que três quartos dos inquiridos concordam

completamente com a legalização do consumo de

canábis, sendo que 25% concorda em grande medida.

De acordo com o inquérito, 3019 consumiram canábis ilegal

(95%) e 614 consumiram “canábis legal” (19%), que o próprio

estudo define como “produtos de CBD e/ou de baixo teor de

THC, comercializados em lojas). Apenas 2 inquiridos consumiram

canábis prescrita por um médico, o que equivale a

0,1% dos inquiridos.

Usualmente, 95% faz “charros” para consumir a canábis herbácea,

sendo que 2,5% usa vaporizador, 1,2% usa cachimbo

de água, 0,7% usa cachimbo seco 0,6% utiliza canábis na

comida.

Dos inquiridos, 88% disse consumir canábis herbácea (ou

erva), 64% a resina (ou haxixe), 15% ingeriu produtos comestíveis

e 9% óleo ou extracto de canábis.

Veja os resultados completos do inquérito aqui:

https://tinyurl.com/RELATORIO11

O CannaReporter é um projecto independente e completamente

suportado pela comunidade. Para continuar

a desenvolver este projecto, o apoio dos leitores

é fundamental.

Torne-se apoiante do CannaReporter desde 3€ por mês!

40 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

41



Paulo Tavares:

“Já tive centenas de

doentes a consumir

canábis e nenhum

ficou viciado”

CBDA e CBGA do cânhamo

bloqueiam

a entrada celular de

SARS-CoV-2 e outras

variantes

Por Laura Ramos

O CBDA (ácido canabidiólico) e o CBGA (ácido canabigerólico),

dois canabinóides presentes nas flores de

cânhamo industrial, bloqueiam a entrada celular de

SARS-CoV-2 e as variantes emergentes, revela um estudo

da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados

Unidos da América (EUA), liderado pelo investigador Richard

van Breemen. Os resultados desta investigação

pré-clínica (apenas feita em laboratório e não com humanos)

foram publicados esta semana na PubMed e

na ACS – Chemistry for Life e confirmam que os dois canabinóides

na forma ácida (encontrados nas flores cruas

da planta) se ligam à proteína Spike, impedindo o vírus

da Covid penetrar nas células.

de THC (tetrahidrocanabinol), conseguem ligar-se aos

“picos” presentes na proteína spike do SARS-CoV-2, impedindo

que o vírus penetre nas células.

De acordo com Richard van Breemen, “estes canabinóides

ácidos são abundantes no cânhamo e em muitos

extractos de cânhamo”, explicou o professor no comunicado

da Universidade, que divulgou o seu extenso trabalho.

Van Breemen salientou ainda que estes canabinóides

“podem ser ingeridos oralmente” e “têm um bom

perfil de segurança” nos seres humanos. “Isto significa

que substâncias que inibam a entrada do vírus nas células,

como os ácidos do cânhamo, poderão ser utilizados

para prevenir uma infecção por SARS-CoV-2”, explica o

investigador.

Cânhamo também é eficaz noutras variantes, como a

Alfa e a BetaAlém destes resultados, as componentes

do cânhamo também se revelaram eficazes contra outras

variantes do coronavírus. “A nossa investigação mostrou

que os componentes do cânhamo foram igualmente

eficazes contra as variantes do SARS-CoV-2, incluindo

a variante B.1.1.7, que foi detectada pela primeira vez no

Reino Unido, e a variante B.1.351, detectada pela primeira

vez na África do Sul”, avançou Van Breemen, citando

as duas variantes, a Alfa e a Beta, respectivamente.

© richardvanbreemen

Por Laura Ramos

Há cerca de 30 anos que Paulo Freitas

Tavares, Médico Oncologista, aconselha

a utilização de canábis aos seus doentes

e garante que nenhum teve problemas

de dependência pela sua utilização.

Mas, aos 59 anos, além do lado

medicinal, Paulo conhece também

o lado mais “recreativo” da canábis e

assume, sem qualquer preconceito,

fumar em ocasiões festivas. Em entrevista

à Cannadouro Magazine, Paulo Tavares

tirou a canábis do armário e explicou

como faz a analogia entre a planta

e o champagne: “O champagne bebe-

-se em ocasiões especiais, em festas ou

comemorações, e eu, nos últimos anos

faço questão de fumar canábis na passagem

de ano, porque gosto de começar

o ano a rir.”

Licenciado em Medicina pela Universidade

de Coimbra, em 1985, Paulo

Freitas Tavares especializou-se em Hematologia

Clínica em 1993 e em Oncologia

Médica em 1997. Actualmente é

responsável pela Unidade de Tumores

do Aparelho Locomotor do Serviço de

Ortopedia do Centro Hospitalar da Universidade

de Coimbra (CHUC), nomeada

“Centro de Referência de Oncologia

de Adultos — Sarcomas das Partes Moles

e Ósseos”.

A observação de pacientes que melhoraram

a utilizar canábis permitiu-

-lhe ter experiência no tratamento de

doentes oncológicos com canabinóides,

que passou a recomendar de forma

sistemática. Admite, sem qualquer

problema, ser um utilizador ocasional

de canábis e desdramatiza os preconceitos

associados à sua utilização,

garantindo que o tabaco ou o álcool

têm efeitos muito mais nefastos. Assumidamente

“viciado em nicotina e

cafeína”, Paulo Freitas Tavares não poupa

críticas a alguns colegas, às forças

policiais e ao Infarmed, a quem acusa

de preconceito, hipocrisia e secretismo,

respectivamente, fazendo com que a

canábis nunca mais chegue aos doentes

e aos hospitais.

Quando é que foi a primeira vez que se

apercebeu que a canábis podia ter um

efeito medicinal?

Ora bem, eu aprendi isso com alguns

doentes, que já eram consumidores, e

reparei que, enquanto esses doentes

faziam quimioterapia, não tinham os

efeitos secundários que todos os outros

tinham, nomeadamente em termos

de náuseas, vómitos e falta de apetite.

Eram doentes que faziam a sua quimioterapia

sem problemas,

Para continuar a ler é necessário ser

patrono do CannaReporter! O restante

conteúdo está oculto porque

requer um nível de contribuição no

Patreon. Por que não aproveitar esta

oportunidade para contribuir para o

projecto do CannaReporter?

WWW.CANNAREPORTER.EU

A notícia está a chegar aos meios de comunicação

mainstream, como a Forbes ou o Público, e relata

os benefícios dos canabinóides na doença provocada

pelo SARS-CoV-2, já avançados numa investigação realizada

pelo Cannareporter há precisamente um ano, em

Janeiro de 2021.A equipa de investigadores liderada

por van Breemen, professor doutorado e investigador

principal da Faculdade de Farmácia e do Centro Global

de Inovação do Cânhamo da Universidade, descobriu

que o CBDA e o CBGA, dois componentes do cânhamo,

uma das variedades da cannabis sativa com baixo teor

O Cannareporter enviou questões ao investigador Richard

van Breemen e publicará uma entrevista com o

investigador logo que obtenha as respostas.

O CannaReporter é um projecto independente e completamente

suportado pela comunidade. Para continuar

a desenvolver este projecto, o apoio dos leitores é fundamental.

Torne-se apoiante do CannaReporter desde 3€ por mês!

42 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

43



Escuta, Zé-ninguém…

“Já há muito que andava para te dizer umas coisas. Mas tu só dás ouvidos aos grandes, gostas

de te sentir submisso. Afinal, o que farias se te visses livre? És um pobre coitado, medroso,

cobarde, ignorante e naturalmente deprimido. Desprezas-te a ti e aos outros, meu enfermo

maldito. E se te interrogo, respondes-me: “mas que posso eu fazer?”. És assim e não queres ser

diferente. Aliás, a mudança arrepia-te e perturba-te a segurança medíocre que cuidadosamente

alimentas dia após dia. Meu desgraçado, quem és tu para teres direito a opinião própria? Em

casa dás pancada na mulher e nos filhos, na taberna embebedas-te como um porco e ainda te

restam forças para conspirares contra mim! Que hei de fazer, meu grande malandro? Não tens

onde cair morto nem vivo. Cultivas a tacanhez, a cobiça e a inveja como um jardineiro planta

as ervas daninhas no seu próprio jardim. És assim porque queres, meu grande cão. Enquanto

queimas criaturas em fornalhas contínuas a responder-me: “mas que posso eu fazer?”. Não

percebes, meu aldrabãozeco, que todos os grandes pecados da humanidade começam nos

pequenos actos tolos que cometes no teu dia-a-dia!? Sim, Zé Ninguém, tu mesmo, estou a falar

contigo ...”

Ivo Margarido (*)

É com este texto de Wilhelm Reich que inicio esta reflexão.

Apetece-me dizer que vivo num mundo onde não tenho

espaço; a vida é bela, mas não o é totalmente pois vivemos

cercados por sistemas escravizadores. Somos a única espécie

que paga para viver. Aborrece-me o facto de sentir

que tenho de pagar para existir. Afinal, o que correu mal

com a suposta “racionalidade / inteligência” concedida ao

Ser Humano? Poderia ser diferente se a população reagisse,

se unisse, se organizasse e agisse com ações em prol

de uma mudança coletiva. Para que tal acontecesse, seria

primeiro necessário que a espécie humana (porventura

a mais destruidora do planeta) abandonasse os seus padrões

comportamentais “primitivos” e egoicos. Esta inércia

generalizada é sintoma de algum tipo de desequilíbrio.

Seria, no entanto, tão simples provocar uma mudança que

devolvesse a liberdade à humanidade ... por exemplo, vejo

por aí inúmeras pessoas que tanto valorizam o futebol e

que tamanhos esforços produzem para se deslocarem aos

estádios, mas que, em paralelo, são incapazes do menor

esforço em prol da melhoria do seu futuro e do futuro dos

seus filhos, sobre os quais têm responsabilidades. A humanidade

tarda em expandir a sua consciência, sustentando

dualidades incoerentes.

É certo que este processo de expansão de consciência

está a ser dificultado por um estado de “estupidez aguda”

induzido, em grande escala, por aqueles que integram a

esfera do poder, através de processos que a maioria ainda

nem consegue identificar. Porém, o esforço coletivo para

superar esta realidade factual também é mínimo. A maioria

das pessoas apenas existe, mas não vive; consome recursos

sem mesmo ser de uma qualquer utilidade para o

todo. É como um organismo onde as células cancerígenas

impedem o bem-estar do corpo. Creio que este texto de

Bertold Brecht (1898-1956) ilustra perfeitamente o estado

de espírito que nos assola ... “Primeiro levaram os negros,

mas não me importei com isso, eu não era negro. Em seguida

levaram alguns operários, mas não me importei

com isso eu também não era operário. Depois prenderam

os miseráveis, mas não me importei com isso porque eu

não sou miserável. Depois agarraram uns desempregados,

mas como tenho o meu emprego também não me importei.

Agora estão a levar-me, mas já é tarde. Como eu não

me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.”

Tal cenário leva-me a pensamentos intrincados; afinal, poderá

a “teoria conspiracionista” que aponta a redução da

população mundial, ser o trilho lógico a seguir para alcançar

expectantes benefícios para o futuro do planeta e da

humanidade?

O mundo em que vivemos é muito mais daquilo que aparenta

ser. Atualmente a humanidade é demasiado individualista

e materialista. Neste contexto, a mudança não se

fará apenas através da política. Acontecerá essencialmente

através da revolução da consciência, sendo por isso urgente

que o Ser Humano adquira a compreensão da sua essência;

quem é, de onde vem, para onde vai, qual o seu propósito

de vida neste patamar. Só assim poderemos levar

avante uma mudança consciente e eficaz. Vivemos tempos

em que nos é dada a oportunidade de participar mais ativamente

e conscientemente nas mudanças que vão ocorrendo

pelo mundo. Começar por nos tornarmos conscientes

de quem somos e qual o nosso propósito de vida é, sem

dúvida, a melhor forma de participarmos nesta mudança

que nos é exigida a todos. A evolução da consciência faz

parte desta jornada de preparação para o “regresso a casa”.

Vamos aprendendo, através das experiências e situações

que atraímos no nosso dia-a-dia, a importância de harmonizar

tudo o que vem até nós, mas só conseguiremos fazê-

-lo procedendo aos ajustes necessários, se desenvolvermos

a nossa consciência. A forma como reagimos às experiências

que a vida nos proporciona são um bom indicador do

nível de consciência em que nos encontramos. A sintonização

com a essência proporciona o reconhecimento e a reconexão

com as habilidades inatas que existem dentro de

nós. À medida que a consciência vai despertando, tornamo-nos

conscientes da gigantesca manipulação dos sistemas

em que estamos inseridos, dominados pela corrupção

dos nossos líderes, dos governos, dos bancos, das religiões,

…, concluindo-se que a existência do Ser Humano é controlada

e manipulada a todos os níveis.

“É o dinheiro quem controla o processo democrático,

não as pessoas”

Não podemos evoluir sem transmutar; é-nos agora exigido

equilíbrio e harmonização dos desafios pessoais, sociais,

educacionais e económicos. Somente o colapso forçado do

atual modelo socioeconómico, que impõe escassez, exclusão

social e consumo perpétuo, irá permitir um progresso

rumo a paradigmas sociais mais equilibrados. Mas não há

evolução sem dor, já que esta transição exige também uma

certa capacidade de mudança ao nível da consciência e do

ego da generalidade das pessoas. Ainda que uma maioria

da população possa aceitar a ideia de que esta mudança

seja necessária, pôr em prática de forma voluntária seria

algo difícil pelo desconforto que proporcionaria. O condicionamento

humano é tal, que a forma como nos expressamos

é pesadamente ofuscada pelos ideais culturais e

crenças do passado, sendo o resultado de milénios de manipulação.

Experimentando a natureza humana num nível

superior, acedemos à intuição e ao conhecimento. Somos

então brindados com a consciência destes processos, estimulando

e expandindo a compreensão, no que concerne

designadamente o propósito de vida de cada um. Podemos

assim encontrar novas formas para nos relacionarmos

uns com os outros. Quando aprendemos a confiar em nós,

entramos em contacto com energias que nos capacitam

e ajudam, e consequentemente ajudarão a humanidade a

evoluir, tornando-se verdadeiramente civilizada.

“Sê a mudança que desejas ver no mundo” (Ghandi)

A evolução da Humanidade só poderá ocorrer através do

AMOR, atribuindo-lhe o poder de cura e purificação de

todos os desequilíbrios que a atingem e tanto destroem.

Quanto mais pessoas fizerem a escolha de se expressar

com Amor (ao invés de medo), maior será a harmonia. Todas

as diferenças serão assim gradualmente dissolvidas

fomentando a ascensão do planeta de uma forma suave.

A mudança está diretamente relacionada com as opções

que a humanidade toma. Todavia, poucas pessoas parecem

ter ponderado que a concretização do “plano cósmico”

lhes exigirá uma tomada de atitude e a assunção do

papel de cocriadores deste plano. Não significa isto que

os Seres Humanos possam simplesmente criar o que lhes

apetece a qualquer momento. As ondas de consciência

induzidas continuam a definir o quadro de referência da

nossa existência e aquilo que podemos, ou não, criar numa

determinada Era. 21 de dezembro de 2012 marcou o início

de mais um ciclo evolutivo, ciclos esses que decorrem desde

o início dos tempos. A inversão das polaridades magnéticas

trará para esta Nova Era (do quadrante aquário) uma

mudança de consciência. Apesar de todas as mudanças já

ocorridas na história cósmica, há algo de muito especial e

importante nos acontecimentos que presenciamos atual-

44 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

45



mente; esta nova “inteligência”, foi concebida para produzir

uma renovação na consciência da unidade, de tal modo,

que a mente humana deixe de ser dominada por qualquer

filtro obscuro. Por outras palavras, tornar-nos-emos “transparentes”

e veremos a realidade tal como é, sem “filtros”.

Não se trata de uma qualquer consciência, mas da que

transcende os dualismos do passado e ajuda o ser humano

a ver a unidade de todas as coisas. Na verdade, a consciência

da unidade é benéfica para o planeta, e para a humanidade,

por conduzir à transcendência de toda a separação

(entre homem e mulher, homem e natureza, governante e

governado, este e oeste, etc). As pessoas com uma consciência

dualista e separatista são como células cancerígenas

no “corpo da Terra”; dedicam pouca atenção ao “todo

maior” e acabam por gerar um colapso do ecossistema. Só

uma consciência de unidade susterá para sempre a exploração

desregrada da Terra e, a um nível mais profundo, nos

fará compreender que somos parte da criação e precisamos

de viver em harmonia com ela.

É importante passar das palavras aos actos, evitando recriar

estruturas de dominação. Esta mudança é, porventura,

a última oportunidade para a humanidade estabelecer

uma tal intenção, que terá necessariamente de acontecer

agora, se pretendemos elevar-nos acima do caos económico

com que podemos contar na próxima década. Devemos

aprender a transcender, em vez de nos deixarmos enredar,

em todas as dualidades e conflitos dos “submundos

inferiores”. Será igualmente de esperar que a convergência

consciente se depare com grande resistência por parte

de todas as forças que defendem a operação baseada no

“ego do velho mundo”, e as pesadas hierarquias por ele

geradas. Naturalmente, viremos a ser confrontados com

o nosso próprio cinismo e apatia relativamente ao estado

do mundo, e regressarão até nós pensamentos como “isto

não é possível”, “o mundo não vai mudar”, …, e é por esta razão

que será necessário um grande empenho. Assim, uma

evolução para a consciência de unidade não é algo que

simplesmente nos caia do céu em determinado momento;

pelo contrário, só pode surgir partindo do ponto em que

nos encontramos. Nesta fase inicial, haverá grande necessidade

de pessoas que tomem a iniciativa de disseminar

por todo o mundo o apelo à convergência consciente. Esta

é a última oportunidade que os seres humanos disporão

para verdadeiramente se alinharem com o plano cósmico.

Depende de nós querer ou não fazer parte desta cocriação

do nosso destino comum.

Ascensão: o que é?

A energia está na origem de todas as coisas, revestindo-se

de formas indescritivelmente complexas para nos formar

a nós, e a tudo o que conhecemos e não conhecemos. As

duas principais características, ou qualidades, da energia

são: Amplitude e frequência de vibração. O corpo físico, as

emoções, os pensamentos e o Espírito, …, tudo é feito dessa

“coisa” que se combina sublimemente para nos converter

em Seres únicos que somos em todo o Universo. Ora,

porque a energia que nos forma possui uma frequência,

podemos alterá-la! Eis, pois, o que é a Ascensão; à medida

que elevamos a frequência mais baixa do corpo físico, este

torna-se menos denso e incorpora, gradualmente, a energia

de frequências mais elevadas! Quando este processo se

desenvolve, vemos e pensamos coisas que não nos eram

possíveis antes. Literalmente, convertemo-nos em Seres da

5ª dimensão de consciência e da matéria, operando e trabalhando

nessa condição. Como as frequências mais baixas

– aquelas do medo e da limitação – terão desaparecido,

passamos a viver num estado de êxtase, em unicidade

com o Espírito e com o Espírito de todos os outros. Logo,

a Ascensão é, basicamente, apenas uma mudança de frequência,

uma modificação de foco da consciência.

Necessitamos agora de definir e compreender o que é o

Espírito, porque, de facto, a noção acerca do que é o nosso

Espírito, o Espírito do outro, o Espírito dele, o Espírito dela

e assim sucessivamente, é um conceito linear, limitante e

simplesmente errado. Quando formos capazes de transcender

os níveis mais baixos da separação do plano físico,

passará a haver somente – ESPÍRITO – uma energia sempre

mutável que é, e está, em unicidade consigo mesma. Trata-se

de uma energia que conhecemos através de designações

tais como «Deus», «Tudo o que É», «Fonte», «Grande

Espírito», etc. O Espírito é uno, mas parece individualizar-se

para poder executar uma função específica, por exemplo:

Eu, Tu, Nós. Opera através de um pequeno ponto, de um

foco específico da consciência que está concentrado no interior

do corpo físico. Isto é aquilo que se conhece como o

“Eu”, a personalidade, e é aquilo que designo por “eu-ego”.

O “eu-ego” é, evidentemente, uma manifestação do “eu-espírito”,

mas possui uma característica particular, própria de

todos os “eu-egos”; desconhece que pertence ao Espírito.

Quero dizer, desconhecia até agora! O termo “eu-ego” não

é aqui usado para diminuir, mas para identificar o desvio

da atenção dessa parte de nós, a que olha para o exterior, e

reorientá-la para aquilo que, na verdade, somos: um ponto

focal que olha para dentro desde o interior do “eu-espírito”.

Esta é a função do Espírito. Por outras palavras, somos o

Espírito em ação.

Não há mudanças sem ação...

Convido a observar o cenário mundial atual. Rapidamente

concluímos que o mundo vai mal. Muito mal. A nossa

existência não melhorará enquanto não abandonarmos os

padrões comportamentais destrutivos, próprios do “velho

mundo” e que já não se enquadram nesta Nova Era. Estou

convicto que a única forma de fomentar a evolução da humanidade,

num curto período de tempo, seja através da

genética; poderão as vacinas, através dos novos avanços

tecnológicos, ser um desses contributos?

Também o colapso do atual modelo económico é uma realidade

matematicamente demonstrável, cabendo-nos assumir

as rédeas, com a devida responsabilidade coletiva,

para encaminhar o atual estado caótico do mundo rumo

à evolução tão esperada e necessária ... para o bem futuro

da humanidade e do planeta! Urge libertar tudo o que vive

da atual condição de cativeiro e escravatura em que se encontra,

seja ela imposta pelo “Deus Dinheiro”, pela própria

estupidez humana ou qualquer outra forma existente neste

mundo!

Até lá, que cada um de nós permaneça firme pois este é

também um período de purga e renovação! A Humanidade

metamorfosear-se-á finalmente enquanto Seres cooperantes,

telepáticos, dotados de compaixão e amantes da Terra.

(*) escreve segundo o Acordo Ortográfico

46 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

47



Uma viagem

ao Brasil

Carlos Esperança

Um poeta brasileiro definiu os compatriotas como

portugueses à solta. Eça, com ternura, escreveu n’As

Farpas: «O Brasileiro é o Português – dilatado pelo

calor». É esse português que vale a pena conhecer

enquanto se aproveita o calor e descobre o país que

lhe serve de habitat.

Há cerca de uma década e meia passei dez dias no

Rio e fiquei fascinado. Jurei que voltava, promessa

de que me desobrigaria nas férias do ano 2000, em

setembro, alargando a visita a outras paragens. agens.

Visitar o Brasil não é um ritual que se cumpre ou

a folha que se rasga no calendário das viagens. É

um encontro com a história, um sonho de que se

acorda num país imenso, uma viagem aos afetos da

nossa memória.

Para lá do mar, da areia, das ondas e da sua espuma,

está um povo de braços abertos aos nossos abraços.

Em Salvador estão os meninos pobres de olhos doces,

capitães da areia, a ver o Quincas ou o Quincas

Berro de Água a sair a barra em seu saveiro ou

a aguardar Vasco Moscoso de Aragão – Capitão de

longo curso – para afogar-se em álcool, nos botequins,

em noite de tempestade.

CRÓNICA

E há os buggys em viagens radicais pelas dunas dos

nossos medos, jangadas de tracção humana a fazer

a ponte entre duas margens, ilhas tropicais na exuberância

da sua flora, os lagos e as praias de águas

mornas de tantas e variegadas cores e areias cálidas

de tantos tons, e as gentes, as gentes afáveis que se

pelam por um papo.

Ficam na memória os olhos meigos dos meninos de

Salvador e o humor, num país cuja gente tem todos

os nossos defeitos acrescidos de outros por conta

própria ou geração expontânea.

E no Rio de Janeiro lá aguardam, entre o mar e a

vegetação luxuriante, Copacabana, Leblon, Tijuca, o

Pão de Açúcar à espera do medo e vertigem dos

veraneantes, o Corcovado, o Jardim Botânico, enfim,

a cidade mais maravilhosa do mundo, ferida pelas

favelas da Rossinha, Pavão Pavãozinho, Canta Galo e

tantas, tantas outras, que sobem ao cume de montes

e chegam ao céu.

Não sei se foi macumba ou sortilégio que me levou

uma segunda vez ao Rio. Sei que gostava de voltar

outra vez ainda. Já no último dia, pouco antes de

entrar no avião onde me aguardava um comandante

com alma de poeta e convicção de pastor evangélico,

com duas homilias preparadas, uma para a

recepção e outra para a despedida, visitei a catedral,

paradigma de uma certa modernidade do Brasil.

Em Salvador viveu Jorge Amado do carinho de Zélia,

seu elixir, vivem deuses, muitos deuses, trazidos

pelo mar, sempre pelo mar, pelo mar do imaginário

negro onde habitam. Jorge Amado há-de continuar

a viver enquanto as cinzas andarem por ali. Dos livros,

dos muitos livros que escreveu, saltam personagens

que viram nomes de ruas, largos, galerias,

restaurantes, lanchonetes e churrascarias.

Em cada esquina há um templo, em cada baiano

um crente radical, em cada criança um rosto onde

espreita a fome, rostos onde brilham olhos de lágrimas

secas pelo sofrimento.

E há a cor, a imensa cor, que do céu, da areia e do

mar salta para as telas em tons de amarelo pela

mão de numerosos pintores que pululam em Salvador.

Natal e Fortaleza são outros portos onde se amarram

as âncoras das recordações, mercados onde se

sacia a febre das compras, pontos de partida para

ilhas tropicais, sítios de chegada de extenuantes caminhadas.

Encontrei um pedido carregado de fé que um devoto

depositou junto da imagem da Senhora da

Aparecida – verdadeira metáfora de brasileiro padrão.

Transcrevo-a com o respeito devido, em letras

maiúsculas, como o fazia o texto:

“EU UBIRAJARA DA CONCEIÇÃO ESTO PRESIZAN-

DO DE UMA COMPAEIRA PARA ME DAR AMOR E

FAZER, UMA JOVEM MULER SEM COMPROMISO

QUE TENHA CASA.”

Por desespero, ou por não se fiar na Virgem, dirigiu

a S. Sebastião igual pedido, com a solicitação suplementar

de um emprego. Os pedidos estavam bem

à vista, sob os olhos dos ícones que não poderiam

alegar desconhecimento, a menos que se refugiassem

em pretextos ortográficos.

Quem sabe se os pedidos que o céu não tinha escutado

já começaram a ser atendidos por ouvidos

mais terrenos no país de Lula. Quem sabe.

© – Jornal do Fundão e Pedras Soltas (ed. 2006

48 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

49



PUBLICIDA-

CULTURA

Silva Automobile

Silva António Filipe

Silva Automobile

Silva António Filipe

CRUZADAS

V PAULO FREIXINHO

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Silva António Filipe

Heinrich Stutz-Strasse 2

8902 Urdorf

Tel: 043 817 34 60

Natel: 076 396 65 77

silva.automobile@bluewin.ch

Silva Automobile

Carnaval

Horizontais:

1. Entrudo. 8. Estranho a

um assunto (fig.). 12. Tábua

arqueada de tonel,

pipa, etc. 13. Repetição.

15. Contenda. 17. Graceja.

18. Mulo. 19. Sódio (s. q.).

20. Encanto (fig.). 21. Giro.

23. Informação nova ou

pouco conhecida. 24. Alternativa.

25. Auxílio. 28.

Atarantado. 32. Assento

do rei. 33. São diabólicos,

têm máscaras, trajes muito

coloridos, geralmente

franjados e com bandoleiras

de chocalhos (Podence,

Norte de Portugal).

35. A minha pessoa.

36. Serão até de madrugada.

37. Ligado (inglês).

38. Sociedade Anónima.

39. Derradeiro. 41. Doce

tradicional do Carnaval

dos Açores. 45. Ligação

(fig.). 46. Prover de aba.

47. Plano Nacional de Leitura.

48. Caminhava para

lá. 49. Fazer troça ou rir

de. 50. Brincadeira ruidosa,

regabofe. 52. Compact

Disc. 53. Lavrar. 54. Molibdénio

(s. q.). 55. Érbio

(s. q.). 57. Antes de Cristo

(abrev.). 59. Atmosfera. 60.

Aeriforme. 62. Quintal. 64.

Trapaça, enredo. 66. Festa

dos (...), uma das mais

antigas tradições do Carnaval

madeirense onde a

Palavras Cruzadas Online

Neste portal tem inúmeros passatempos

em português, que se

ocupam de vários temas e com

diferentes graus de dificuldade.

É o local certo para quem gosta

sátira é rainha (Santana).

67. Dinheiro (popular). 68.

Redução das formas linguísticas

“a” e “o” numa

só. 69. Biscoito com a forma

de letra.

Verticais:

1. (...) Alegóricos, com sátira

política e social, destacam-se

nos corsos carnavalescos

(Torres Vedras,

Ovar, Mealhada, Loulé). 2.

Protelou. 3. Ruténio (s. q.).

4. Símbolo de nordeste.

5. Segundo a crença popular,

são almas penadas

(mulheres) que carregam

os filhos às costas (Minho).

6. Baixio. 7. Mito. 8.

Variante do pronome “o”.

9. Raiva. 10. Boneco de

figura humana com 3,5

a 4 metros de altura, por

vezes acompanhados por

cabeçudos, desfilam ao

ritmo de música tocada

por zés-pereiras. 11. Prefixo

(agudo). 14. Tomba.

16. Autores (abrev.). 20.

Quando ele se mascara

de ela. 22. Prestar para.

26. Único. 27. Louca. 29.

Orçamento do Estado.

30. Cores. 31. Eles. 32. A

tua pessoa. 33. Leito. 34.

Abreviatura de Anno Domini.

35. Preparar gradualmente.

38. Curar. 40.

Elogio. 41. Feiticeira. 42.

de exercitar a mente com as

palavras da língua portuguesa.

Palavras Cruzadas para

Imprimir

Passatempos para imprimir

em português. A maioria

dos passatempos publicados

são acompanhados de

uma versão PDF para imprimir

em papel.

www.palavrascruzadas.pt

Onde as máscaras de madeira

são as estrelas do Carnaval. 43.

Senhor (abrev.). 44. Dueto. 47.

Palavra ou frase lisonjeira que

normalmente se dirige a uma

pessoa bonita. 50. Escurecido.

51. Pessoa vagarosa (fig.). 54.

Símbolo de miliampere. 56.

Tecido de arame. 58. Une com

pontos de agulha. 60. Galicismo

(abrev.). 61. Prefixo (ovo).

63. Imposto sobre o rendimento

das pessoas singulares. 64.

Televisão. 65. Cento e um em

numeração romana.

SOLUÇÕES

50 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

51



Opinião

A distância que vai do fado

ao flamengo...

Dos mais valiosos do Mundo

Portugal mantém o ranking cinco no Índice de Henley,

que analisa o valor dos passaportes com base no número

de países aos quais os seus detentores podem aceder

em livre-trânsito. Em 2020, Portugal tinha ficado no sexto

lugar, tendo subido ao quinto em 2021.

Um passageiro com passaporte português pode viajar

para 187 países sem necessitar de requerer qualquer autorização

prévia. A Irlanda surge também no ranking cinco,

empatada com Portugal.

O Índice de Henley para 2022 é liderada pelos passaportes

do Japão e de Singapura, que permitem viajar para

192 países. Em segundo lugar surge a Alemanha e a Coreia

do Sul, com 190 países, e em terceiro a Finlândia, Itália,

Luxemburgo e Espanha, com 189 países

No fundo da lista está o Afeganistão, com apenas 26 países,

seguido do Iraque, com 28, e da Síria, com 29.

À semelhança do que acontece no ano passado, o Índice

de Henley não teve em conta as proibições temporárias

impostas no âmbito da pandemia de covid-19.

O Índice de Henley avalia trimestralmente os passaportes

dos diferentes países, tendo por base os dados disponibilizados

pela Associação Internacional de Transporta Aéreo

(IATA, na sigla inglesa). Nesta lista são considerados 199

passaportes diferentes e 227 destinos internacionais.

Cinco passaportes mais valiosos:

1.º lugar: Japão e Singapura (192 países)

2.º lugar: Alemanha e Coreia do Sul (190 países)

3º. lugar: Finlândia, Itália, Luxemburgo e Espanha (189 países)

4º. lugar: França, Países Baixos e Suécia (188 países)

5º. lugar: Irlanda e Portugal (187 países)

Cinco passaportes menos valiosos:

111.º lugar: Afeganistão (26 países)

110.º lugar: Iraque (28 países)

109.º lugar: Síria (29 países)

108.º lugar: Paquistão (31 países)

Paulo Marques (*)

Apesar da proximidade geográfica, de séculos de história

partilhada, de muitas tradições culturais comuns

(cultura latina, catolicismo...), de serem povos muito similares

(tradicionais, conservadores...), portugueses e

espanhóis continuam a ter formas de ser, pensar e agir

completamente opostas, com virtudes e fraquezas taco

a taco...

– O português é paciente; O espanhol é intolerante.

– O português por um lado diz uma coisa, por outro, faz

outra; O espanhol não pensa duas vezes no que diz.

– O português é coletivista; O espanhol é individualista.

– O português possui um forte sentimento de resignação,

de aceitação «do destino»; O espanhol é alegre,

enérgico, empreendedor.

– O português é extremamente autocrítico; O espanhol

não só não é autocrítico como não tolera uma crítica.

– O português é sonhador; O espanhol é realista.

– O português é reservado, emocionalmente contido; O

espanhol é expansivo, muito explosivo.

– O português é formal, convencional; O espanhol é informal,

descontraído.

– O português é pouco agressivo, amável, tenta sempre

evitar o conflito, o confronto; O espanhol é aguerrido,

lutador.

– O português é nostálgico, saudosista, virado para o passado;

O espanhol gosta de desfrutar da vida, é futurista.

– O português tem um carácter estóico; O espanhol é

apaixonado, exaltado, fogoso.

– O português não tem jeito nenhum para o negócio; O

espanhol é um comerciante nato: enquanto o português

«monta um negócio», o espanhol «abre uma empresa»,

enquanto o português pergunta «Quanto custa?», o espanhol

questiona: «¿Cuánto vale?»...

– O português tende a focar no processo; O espanhol

olha apenas para o resultado.

– O português é humilde (ou antes, falsamente humilde,

já que pretende à força dar a entender uma característica

que na verdade não possui); O espanhol é muito

confiante em si, extremamente convencido, orgulhoso,

chegando a ser arrogante.

– O português sofre de complexo de inferioridade; O espanhol

sofre de complexo de superioridade.

– O português é dialogante, tolerante, aberto e adaptável

à diferença, ao estranho e a circunstâncias hostis; O espanhol

raramente é conciliador, tende sempre a pensar

que alterar uma posição inicial é, de certo modo, sintoma

de debilidade.

– O português é fatalista; O espanhol é emocional.

– O português fala e entende mais ou menos o castelhano

(o «portunhol»); O espanhol não entende patavina do

português. Nem se esforça muito por entender, diga-se

de passagem...

(*) Escreve segundo o AO

52 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

53



Cultura

Cultura

Jorge Amado

Carlos Esperança

Há dois anos morria Jorge. Amado e lido por tantos.

Acabou o curso de Direito sem nunca procurar o

diploma, num país onde se vai sempre buscá-lo,

mesmo sem frequentar o curso. Partiu da vida sem

querer caixão. Quis ser apenas cinza à sombra de uma

mangueira, no seu quintal.

Édith Piaf

(1915 – 1963):

TRAGÉDIA E GLÓRIA

A seis de Agosto deu à eternidade os quatro dias que

ainda eram seus até aos 89 anos.

Apreenderam-lhe e queimaram-lhe livros na praça

pública. Sofreu a prisão e o exílio mas nunca deixou

que lhe aprisionassem a alma ou lhe roubassem os

sentidos que guardou para o sortilégio do amor, a

vertigem do desejo e a paixão da escrita.

Levou o país do carnaval às terras do sem fim, ao

mundo todo, nas páginas dos seus livros. A sua vida foi

navegação de cabotagem circum-navegando o povo

brasileiro para quem foi, também ele, um cavaleiro da

esperança a sonhar searas vermelhas nos subterrâneos

da liberdade.

Percorreu a vida, cumprindo-se. Amou. Amou

profundamente. O corpo feminino. As mulheres. A vida.

Capitão de longo curso a navegar a língua portuguesa

através dos livros a que aportou. Viajou com meninos

pobres, capitães da areia, ladrões, bêbados, prostitutas,

bandidos, em repetidas viagens pelo sertão infestado

de coronéis, donos de fazendas e de gente, de cacau

e de café, de jagunços e honrarias, de garimpo e

engenhos.

Jorge sabia o valor da mestiçagem, sabia que no

amor, como na vida, é boa a diferença e sabe bem.

Alimentou-o o desejo, ardente fixação no corpo

feminino, desejo de que ainda tinha fome quando já

não podia amar.

Em Salvador vinha-lhe da baía o cheiro a mar que o

inebriava e da terra a força telúrica que o acompanhou.

Foi lá que tantas vezes fez da palavra arma e dos seus

livros a carabina que empunhou ao serviço das causas

que defendeu. Foi lá que a tocaia grande o apanhou.

Ao grande Obá.

Levou do banquete da vida um quinhão largo, mas

deixou abundantes e gostosas vitualhas na mesa da

literatura, 44 livros sobre a toalha.

Partiu feito cinza para a sombra da árvore que plantou.

Iemanjá ficou com ciúmes, no mar de S. Salvador da

Baía de Todos os Santos. Vestida de água, disponível

para ele. Jorge preferiu a terra do porto a que o ligavam

as amarras da vida. E por lá ficou. A imaginar os negros

da Baía a dançar candomblé à volta da mangueira.

Com Orixás a velar. À espera de Zélia. Faz dois anos.

in (Jornal do Fundão

Paulo Marques

Os primeiros anos de vida de Édith Giovanna

Gassion (Édith Piaf) foram não só marcados

pela mais completa miséria e pela

doença, como pela ausência de afeto e pelo

abandono.

Filha de um casal de artistas ambulantes

marginais (a mãe era cantora, o pai contorcionista,

e ambos viciados em álcool), Édith,

passou fome, apanhou porrada, andou ao

deus-dará pelas ruas, foi abandonada pela

progenitora e não recebeu o afeto que lhe

seria devido pelo pai.

Parte da sua infância foi passada em casa

da avó paterna que geria um bordel, tendo

sido acolhida pelas prostitutas que lá trabalhavam.

Terá sempre muito carinho por

estas mulheres em reconhecimento dos

cuidados que lhe prestaram.

Primeiro acompanhando o pai, mais tarde

com a sua amiga de infância Simone Berteaut,

ou sozinha, Édith sobreviveu cantando

nas ruas, em tascas e em bares. Já então

se fazia destacar pelo temperamento vulcânico

e pela qualidade e singularidade da

voz.

A vida forneceu-lhe a matéria-prima para as

canções: o álcool, o aturdimento dos sentidos,

os marginais, os bairros manhosos, a

miséria, as relações fugazes, as desavenças,

o ciúme, o medo, a solidão, mas ainda assim,

e sempre, o amor.

Aos dezassete anos encantou-se por um pequeno

livreiro, Louis Dupont, de quem engravidaria.

A filha que conceberam morreu

aos dois anos de idade vítima de uma meningite

fulminante. Raramente falaria sobre

este assunto, já que toda a vida se atormentou

com o sentimento de culpa pela pouca

atenção que dera à criança.

Aos vinte anos conheceu o empresário

Louis Leplée que, cativado pela sua voz,

a fez subir ao palco, revelando-a à socie-

dade parisiense. Porém, quando pouco

tempo depois Leplée foi encontrado as-

sassinado em casa, as suspeitas cairiam

impiedosamente sobre Piaf que seria

perseguida e humilhada pela imprensa.

Contudo, a partir da sua estreia nin-

guém mais a pararia. Seguiram-se os

discos, os concertos, as digressões, o

teatro, o cinema, o estrelato absoluto,

tudo… exceto o amor.

Nem pela positiva: o trabalho incan-

sável, o talento, o reconhecimento e a

adulação do público, o ter-se tornado

um ícone de França e famosa em todo

o mundo; nem pela negativa: o calor

procurado com inúmeros amantes passageiros,

o álcool e a droga, conseguiram

algum dia apagar a imagem da

criança abandonada.

Incapaz de ficar sozinha, Édith Piaf toda

a vida colecionou amantes atrás de

amantes (muitos deles casados), numa

busca afetiva permanente, na tentativa

de acalmar a angústia tenebrosa da ausência

de amor parental. O que a movia,

de facto, mais do que propriamente

sexo, era a necessidade de uns braços

reconfortantes.

Apesar do seu aspeto físico banal, de

ser baixa e muito franzina, do seu semblante

triste, de não ter um rosto propriamente

“bonito”, possuía um poder

de sedução extraordinário, um carisma

e um magnetismo que arrasou muitos

homens.

Primeiro seduzia-os, conquistava-os,

depois, assumindo as funções de uma

boa mãe, mimava-os, cobria-os de ternura,

educava-os, formava-os, prome

tia-lhes o mundo… e à medida que a

relação se começava a aprofundar,

perdia não só o desejo sexual, como

a vontade de estar com eles. Nem se

dava ao luxo de romper com palavras

de justificação, simplesmente desaparecia,

afastava-se, partia em digressão

ou… para os braços de outro.

Só com Marcel Cerdan, o famoso pu-

gilista francês, surgiu uma outra Piaf,

apaixonada, feliz, doce, fiel, que se

surpreenderia a si própria. Este intenso

amor – que durou cerca de ano e

meio – terá sido o único que saiu do

padrão habitual da cantora, e mesmo

assim, muito provavelmente, pelo

facto de ter sido marcado pela dificuldade

(Cerdan era casado e pai de três

filhos), pela ausência (os combates

dele, os concertos e digressões dela),

pela saudade e… pela morte acidentada

do boxeur, o que lhe conferiu uma

dimensão trágica. É possível que, se

Cerdan não tivesse falecido, a história

tivesse sido igual a todas as outras.

A partir daí foi a derrocada. Os catorze

anos que lhe restaram seriam atormentados

por gravíssimos problemas

de saúde. Vítima de reumatismos

deformantes nas articulações juntou

à dependência do álcool, velho analgésico

de sempre, a dependência da

morfina, na tentativa de atenuar as

dores que lhe deformavam o corpo

e lhe dificultavam o movimento, tornando

cada vez mais difícil manter a

presença ença em palco.

Com a saúde abalada pelos excessos,

pela doença e todo o sofrimento de

uma vida, muitíssimo enfraquecida,

exausta, esgotada, Édith Piaf, acabaria

por falecer com apenas quarenta

e sete anos.

54 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

55



POSTAL DO DIA

Para a Eunice e o Rui

A ver o mar

Luís Osório

1.

Estamos em suspenso do destino da viagem de Eunice.

Não sabemos o que as próximas horas nos oferecerão de

perda ou redenção, mas aconteça o que acontecer foi

tanto o que nos deu, tantas as marcas que nos deixou,

que muito poucas palavras poderão ser ditas.

Por isso, também por isso, dei comigo a pensar na Eunice,

mas também no Rui.

De alguma maneira, falar de um é lembrarmo-nos do

outro.

Não por se confundirem, mas por habitarem já numa outra

dimensão, a dimensão dos gigantes que não poderão

ser tocados pela morte.

2.

Parecem estar onde sempre estiveram

mas talvez agora o corpo de um e do outro, corpos carregados

de tantas personagens, de tanta morte, do tanto

que viram e pressentiram, dos textos que decoraram, dos

papéis perfeitos, dos aplausos, dos gritos “bravo, bravo”

… talvez agora o corpo de um e do outro os denunciem.

Mas parecem estar onde sempre estiveram.

Entre o nosso mundo e o mundo que apenas aos gigantes

pertence.

Já não são bem daqui, mas talvez nunca o tenham sido.

3.

Sim, são imortais.

Quando alguém nos avisar que partiram, numa qualquer

notícia que nos apanhará a meio de uma qualquer outra

coisa, saberemos que foram para um lugar onde, na verdade,

sempre estiveram sem ainda estar.

E é por isso que eles estão sentados como se esperassem

o momento sem o temer.

Ele e ela.

Ela e ele.

Eunice Muñoz.

Rui de Carvalho.

Os nossos dois gigantes sentados entre um mundo e o

outro.

Entre o palco e o Olimpo.

Entre a relva e as nuvens.

Entre mais um papel e um último aplauso.

Entre mais um texto e o silêncio.

4.

Eunice já se despediu.

Não quer mais, confessou que lhe chegava.

“É altura de deixar cair o pano”.

Rui não se quer despedir.

Deseja representar até ao último dia.

Pisar o palco e ser outro.

Única forma que conhece de ser ele próprio.

Os dois estão sentados e esperam tranquilos.

Ele por um papel que lhe permita esquecer-se que espera.

Ela por uma oportunidade de ser ela própria por uma

vez que seja – de ser Eunice, a avó de Lídia, sangue do seu

sangue, a neta que agora lhe toma o lugar nos palcos.

(como se tal fosse possível).

(como se tudo fosse possível)

5.

Só nos resta dizer-lhes como se fossemos um sopro.

“Obrigado”

Agradecer-lhes por tudo o que nos ofereceram.

Por todas as lágrimas que choraram no inferno de todos

os grandes artistas – o inferno do questionamento, da

dúvida, do absoluto.

O único inferno que vale a pena.

O inferno de que se alimenta quem vive entre dois mundos

e cria lugares e personagens que não existiam antes

de eles os encarnarem.

Muito obrigado, Rui.

Muito obrigado, Eunice.

Obrigado por serem maiores.

Do tamanho de todas mulheres e homens que fizeram

nascer.

Carmindo Carvalho

O dia já vai em mais de meio. Neste

tempo pintado de um cinzento intermitente

de sol envergonhado, sinto-

-me oco.

Já vi dois filmes na Netflix. Já pintei, já

li, já apanhei sol no meu jardim e enquanto

me deliciava com as cores e o

desenho de um amor perfeito, fui surpreendido

com o coaxar da minha rã

que acordou do seu hibernar.

A escrita criativa, não a vejo, não aparece,

deve estar a dormir a sesta.

Na Tv. impera a bosta do costume. Programas

apresentados por vários apresentadores

que por vezes se atropelam

uns aos outros.

É incrível a quantidade de gente que

semearam, promoveram e a quem meteram

um microfone na mão! E agora

eles e elas todos emproados debitam

bacoradas tais como esta dita em directo

por uma menina:“ Quando eu estava

com tesão! “

Modernices televisivas ou então é a

mostra da minha incompreensão.

É hora de eleições. A campanha entra-

-me pela janela adentro e impinge-me

políticos e as suas costumeiras ladainhas.

para desanuviar

As ondas chegam, enrolam-se, brincam

e parece que namoram com a

Já estou vacinado. Estou farto de es-

56 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

57

perar. Farto de ambicionar mais justiça

e pureza numa sociedade mais sã e

transparente.

Há dias fui ao oftalmologista, parto

do princípio que estou a ver bem, mas

quanto a isto não vislumbro nada, é

mais do mesmo. Continuam as mesmas

vicissitudes, as mesmas promessas

já desbotadas e gastas pelo uso de

décadas.

Daqueles que só aparecem nestas alturas

talvez à caça do rendimento de

cada voto, e dos prenhes de ideias que

são autênticas aberrações, ou ainda

dos anjinhos com cheiro a cueiros sujos,

que pretendem mostrar uma auréola

salvadora, simplesmente utópica,

também nada espero.

Não sei porquê mas em todos vejo narizes

de pinóquio.

E eu, sinto-me como parafuso já ferrugento

de uma peça da engrenagem,

encerrado numa meada e não encontro

a ponta que desenrole de dentro

para fora, me liberte e mostre algo de

credível que me dê esperança de solução,

de salvação.

Preparo-me para ir ver o mar. Esse meu

amigo que nunca falha. Sempre lá está

fielmente esperando.

areia.

As gaivotas perfilam-se como magalas

em parada, todas alinhadas de frente

para o sol, em adoração ou na função

de secagem da penagem.

Mais refeito, com os pulmões cheios de

ar puro e os olhos limpos da “poeira”

retorno a casa, feliz, ouvindo, cantarolando

e reflectindo na canção dos Kansas

- Dust In The Wind -

“Fecho os meus olhos apenas por um

momento e o momento se foi/ todos

os meus sonhos curiosamente passam

diante dos meus olhos / poeira

no vento tudo que nós somos é poeira

no vento / a mesma velha música

apenas uma gota de água em um

mar infinito/ tudo que fazemos cai

em pedaços embora nós nos recusemos

a enxergar/ Agora não desperdice

um minuto. Nada dura para

sempre apenas a Terra e o Céu ele (

o minuto ) foge e todo o seu dinheiro

não comprará outro minuto / Poeira

no vento somos apenas poeira no

vento/ Vive cada momento”.

Pois é isso mesmo, o momento que te

fugiu, não o agarraste, não o viveste, e

afinal a essência de cada instante, ou

momento, são partículas de contentamento

que nos aproximam da felicidade,

pensei.

23, jan, 2022



Feriados e Datas Comemorativas

Neurociência

A PRESSÃO QUE NOS

SUBJUGA

Hoje é sexta-feira

V Nelson Lima (*)

O nosso cérebro não evoluiu muito nos últimos

250 mil anos, na verdade uma fracção de tempo

desde os pré-humanos dos quais descendemos.

Mas o nosso mundo - o da sociedade

humana - sofreu transformações radicais.

Em apenas 5 mil anos (desde a primeira cidade,

a invenção da escrita, etc.) o mundo não mais

ficou igual ao que era anteriormente, devido ao

desenvolvimento da tecnologia e da cultura.

para nós incompreensíveis).

Poderá dizer-se que sempre houve pessoas

com depressões (sim, mas não como agora),

doenças (sim, mas não como as de agora), dificuldades

de adaptação (sim, mais não tão graves

como agora) e atos de loucura (sim, mas

não tão discordantes com os níveis de cultura e

desenvolvimento da nossa época).

Isto é apenas uma possibilidade que eu aceito

como explicação e que a biologia evolutiva actual

defende.

Eu penso que é aqui que reside uma das explicações

possíveis para os problemas de muitos

comportamentos que agora consideramos desviantes

e aberrantes.

Um deles é a pressão psicológica que a vida

de muitas pessoas exerce nelas ao ponto de as

pôr doentes, torná-las inaptas para assumirem

responsabilidades (como a de serem pais) e até

enlouquecerem (fazendo coisas horrendas e

(*) Director Geral e Coordenador

Nacional do Grupo

INSTITUTO DA INTELIGÊN-

CIA PORTUGAL

Director na Europa do CI-

NEAC Centro de Inovação

Educacional Augusto Cury

(Brasil)

Professor de Neurociência,

Coordenador e Orientador

na Universidade do Futuro

(Brasil)

Director da Divisão de Investigação

da EURADEC

(Associação Europeia para

o Desenvolvimento da Educação

e da Cidadania, ALE-

MANHA) e da WEA - World

Education Association for

Sustainable Development

and Global Citizenship, SUI-

ÇA)

Representante da ZIGMA

CONSULTING (América Latina),

em Portugal.

Carlos Matos Gomes

Hoje é sábado, amanhã é domingo/

(…) Foi muita bondade de Nosso Senhor

Jesus Cristo/Mas por via das

dúvidas livrai-nos meu Deus de todo

mal.

(…) Neste momento todos os bares

estão repletos de homens vazios/(…)

Todos os maridos estão funcionando

regularmente/Todas as mulheres estão

atentas/Porque hoje é sábado.

Mal procedeu o Senhor em não descansar

durante os dois últimos dias

(…)Descansasse o Senhor e simplesmente

não existiríamos. (…) Não teríamos

escola, serviço militar, casamento

civil, imposto sobre a renda e

missa de sétimo dia…

Vinicius de Moraes

Lembrei-me deste genial poema de Vinicius de Moares,

que vos convida a ler na íntegra nestas vésperas de sábado.

Hoje é Sexta, amanhã será sábado e depois de amanhã

será domingo. Esta sequência mantem-se apesar

da campanha eleitoral. O calendário deve ter sido das

poucas referências civilizacionais que as televisões e os

grandes meios de manipulação de massas não deturparam.

Vá lá.

Parece-me que esta campanha teve 3 pontos que a distinguiram

de todas as anteriores.

Primeiro: as televisões e os grandes meios de manipulação

surgiram à luz crua do que o que parece é, como sabres

ideologicamente desembainhados e instrumentos

de propaganda partidária defensora do neoliberalismo.

O resultado destas eleições será um teste à eficácia da

propaganda partidária de massas.

Segundo: o «estado social», baseado no compromisso

estabelecido no pós-Segunda Guerra na Europa Ocidental,

de serviços públicos universais, de previdência e de

distribuição de riqueza foi desvalorizado e até vilipendiado

enquanto conquista civilizacional e colocado em

competição com a lei da selva do neoliberalismo, da sociedade

de privilégio e da lei do mais forte. O PSD surgiu

com clareza como uma formação neoliberal.

Terceiro: a “normalização” e aceitação de movimentos

totalitários, de cariz salvífico e milenarista, populistas,

sem princípios, e da cultura de gangue. Organizações

deste tipo foram acolhidas como atores respeitáveis na

discussão sobre da sociedade portuguesa. Foi-lhes dado

lugar à mesa da comunidade, com a cumplicidade dos

órgãos de manipulação e a complacência de alguns líderes

políticos. Serviram como guarda avançada de uma

ideologia de violência ao serviço dos privilégios, que está

a renascer.

O resultado do somatório destes três fatores, e da capacidade

de discernimento da nossa sociedade, será visível

no domingo.

Baptista Soares

(Endireita)

MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO

MUSCULAR DESPORTIVO

MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT

KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN

Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen

Natel 078 754 18 31

58 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

59



Humor - ”Quem não sabe rir, não sabe viver” Passatempo

PIADAS SECAS

Reiqueijão!

São as escadas em caracol.

A um bat-zado.

— O que é que o olho direito

disse para o olho esquerdo?

Aqui entre nós, alguma coisa

cheira mal!

— O que é que o zero diz

ao oito?

Que cinto giro que tu tens!

— Pai, como te sentes em

ter um filho tão bonito?

Não sei, filho, é melhor perguntares

ao teu avô.

— O que acontece quando

dois bandidos caem ao

mar?

Há uma onda de crimes.

— Que nome se dá a uma

ferramenta perdida?

Foice.

— Sabem porque é que a

pizza chora no funeral?

Porque é familiar.

— A que horas acordam os

catos? Às oito e picos.

— Como se chama o rei dos

queijos?

— Onde é que dorme o relógio?

No quarto de hora.

— Há um terramoto e todas

as coisas caem, menos

uma. Qual?

O champô antiqueda.

— O que diz o açúcar ao leite?

Encontramo-nos no café!

— Qual é a fórmula da água

benta? H Deus O.

— O que é que o advogado

da galinha foi fazer à esquadra?

Foi soltar a franga!

— Por que é que as formigas

têm 4 amigas?

Por que se tivessem 5 era

fivemigas.

— Por que é que o polícia

não usa sabão?

Porque prefere deter gente.

— Existem duas palavras

que abrem muitas portas:

Puxe e empurre.

— Quais são as escadas que

demoram mais a subir?

— Como é que os peixes viajam?

Vão à baleia.

— O meu médico disse-me

que eu tinha uma amigdalite.

Foi uma notícia bastante difícil

de engolir.

— Porque é que o Power-

Point está feliz?

Porque teve um diapositivo.

— O que diz um peru quando

vê um tubo de cola? Glue!

Glue! Glue!

— Sabes por que a água foi

presa?

Porque matou a sede.

— O que é que a zebra disse

à mosca?

Tu estás na minha lista negra.

— Como se transforma um

giz em cobra?

É só colocar na água que o

giz-boia.

— O Batman calçou o seu

bat-sapato e foi no seu bat-

-carro. Onde ele foi?

— Como é que as freiras secam

a roupa?

Com-vento.

— Que tipo de vinho bebe

um dinossauro?

Vinho branco, porque é um

animal ex-tinto.

— O polícia manda parar o

condutor e diz: - O senhor

tem uma lâmpada fundida.

São 30 euros. O condutor

responde: -

Pode mudar Sr. Guarda. Na

oficina queriam 50 euros.

— Um cato liga para o outro:

-

Aloe Vera?

— O que é que o Boneco de

Neve costumo colocar no

leite?

Flocos de neve.

— Qual é o fenómeno meteorológico

mais comum

no Natal?

É a rabanada de vento.

ANOS NEGROS

ANOS NEGROS da Covid dezanove

Que assolaram de surpresa o nosso mundo

Com um furor violento que comove

E o deixou irresoluto e moribundo.

Anos sombrios que espalharam luto e dor

E espargiram seu negrume em toda a terra

Consumido por um vírus de terror

Mais letífero do que uma nefasta guerra.

Anos de medo e cruel confinamento

Que nos roubaram o direito à liberdade

Condenando o ser humano a tal tormento.

Surto atroz que extenua a humanidade

Infortúnio deste meu triste lamento

ANOS NEGROS que a ninguém deixam saudade.

Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden

Fellenbergstrasse 291,

Postfach 217

8047 Zürich

Tel.: 044 242 06 40 7 - 044 242 06 45

Email: mclp.zh@gmail.com

Horário de atendimento:

segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h

Euclides Cavaco

60 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

61



POESIA

CULTURA

V CARMINDO

DE CARVALHO

https://bit.ly/3jAnqL2

ÉBRIO DE SANTA

LOUCURA

Serôdia, para mim nasceste

Tarde, para mim vieste.

Cedo, de mim te foste

Súbito de mim te esqueceste.

Memórias

Empacotadas?

Vivências, confidencias,

Cumplicidades esquecidas?

Corrosão?

Erosão?

Que misteriosa intempérie em acção?

Que impiedosa poção?

Que efeito tão destruidor!

Que efeito tão exorcizador!

Meu amor!

Meu amor!

Meu Sol brilhante!

Minha Estrela candente!

Ébrio de santa

Loucura!

Quero continuar neste casulo

Involuntariamente lixado

Voluntariamente

Estupidamente

Apaixonado.

Meu amor!

Meu amor!

Em espasmos de gozo

Em lençol de linho

Deitado.

Meu amor!

Meu amor

Minha flor de verde pinho.

“Meu amor!

Meu amor!

Minha Estrela da tarde

Que o Luar te amanheça e o meu corpo te guarde.”

ASSIM...

(MJP): Olha eu a assobiar...

(JLD): Quem assobia, não canta

Diz-se e tem-se razão

Ou se canta ou se assobia

Há que fazer-se opção

(MJP): Eu assobio a cantar

Pelos vistos sou excepção

Também canto a ‘ssobiar

Não tenho que ter opção...

(JLD): És branda no assobio

Se cantas a´ssobiar

Ao cantar, abres a boca

Como poderás soprar?

(JLD): Anda lá, minha alfacinha

Destrava a língua a cantar

Ou tens força na garganta

Ou vai p´ró Tejo pescar

Maria José Praça (MJP) versus João Luís Dias (JLD)

ACONTECEU DESGARRADA

Nada vai, se quer ficar…

(JLD): No Minho há desgarrada

Aprendi nas romarias

Se cantas não´stás calada

E espero as tuas rimas

(MJP): Canto o Fado e danço o Vira

Pesco no Tejo ao anzol

Vai mas é molhar os pés

E apanhar banhos de sol...

(MJP): É bom que as não vás esperando

Que as minhas rimas têm dono

Contigo só desrimando

Em era uma vez um conto...

(JLD): Demos corda ao versejar

Continuemos então…

O fado não vou cantar

Mas pego peixes à mão!

(MJP): Já estou mortinha de sono

Vai então pescar p’ra mim

Pode ser uma lampreia

Antes que ela chegue ao fim...

(JLD): Não queres subir ao Castelo

(MJP): O assobio é um canto

Um canto é um assobio

*** José Carlos Ary Dos Santos - 2004

Sobe a ladeira do sopro

e ver se chove na Graça?

Desce no correr do rio...

Aproveita, olha o Rossio

(JLD): No meu rio só desce água

E vê bem quem por lá passa

Os peixes não vão p’ró mar

Ou se canta ou se assobia

62 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

63



C A R N A V A L

SONHOS PROÍBIDOS

V EUCLIDES

CAVACO

https://www.

facebook.com/

euclides.cavaco

São no mundo festejadas

Folias de Carnaval

Mas sempre mais celebradas

No Brasil e Portugal.

É quadra de euforia

Liberdade e extravagância

Num misto de idolatria

São festas de relevância.

Aldeias, vilas, cidades

Destes nossos dois países

Fazem das festividades

Momentos assaz felizes.

Fantasiam-se partidas

Forjadas no Carnaval

Ousadas e atrevidas

Mas ninguém as leva a mal.

A crítica mascarada

De máscara fica nua

Pois só assim disfarçada

Tem liberdade de rua.

Eis-me aqui!

Olhando o vazio, de alma sentida, cheia de tanto,

entoando gemidos de lamento, no silêncio do pen-

samento e gritos surdos que escrevo com lágrimas,

que ninguém lê, de entre multidões ávidas do bri-

lho por que lutam, para adornar e pintar as suas

ilusões que necessitam para sobreviverem.

Eis-me aqui!

Alimentando a revolta que se agiganta dentro de

minha pequenez, que me foi atribuída, privado da

liberdade de me libertar, preso a argumentos que

não são meus, aos quais me adapto, mas não me

destaco, condenado a matar de vez a personali-

dade que em mim vive, qual robôt, neste mundo

repleto de tantos, onde poucos têm acesso ao te-

lecomando.

Eis-me aqui!

De olhos abertos, que não podem ver, com sentimentos

à flor da pele, que faço por ocultar, tentando

habituar-me à surdo-mudez que me é permiti-

da, de coração rebelde que explode em lágrimas e

alma complacente que teima em perdoar.

Do frenético ambiente

Após a festa acabada

Permanece muita gente

Sem máscara...Mascarada!...

Euclides Cavaco

V MANUEL ANTÓNIO

Aqui estou eu!

No lugar para onde o destino me empurrou, por

caminhos inversos aos dos sonhos, que sempre

percorreram trilhos fora do alcance da vida que o

fado para mim traçou.

64 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

65



HOROSCOPO

PUBLICIDADE

Oitavas do Zodíaco

Gémeos pode ser compreendido

como oitavo superior de Escorpião por

ser o signo que comunica, pensa e estuda

tudo, inclusive os sentimentos mais

profundos, permitindo um entendimento

intelectual do psiquismo pessoal, cultural

e humano. O que é dito, ou de alguma

forma transmitido, pode revelar a si e

aos outros processos íntimos, abrindo a

possibilidade de transformações graças

à luz da razão chegando a elementos até

então inconscientes.

Capricórnio pode ser

compreendido como oitavo superior de

Gémeos por ser o signo que formata os

pensamentos e conhecimentos em prol

do status, da realização profissional e

reconhecimento social. Esta demanda

provoca uma busca de fundamentação

nas informações que já adquiridas, como

também, passa a influenciar aquelas que

desejamos obter.

Leão pode ser compreendido como

oitavo superior de Capricórnio por ser

o signo que possui auto-estima e forte

sendo de dignidade, o que facilita a

exposição profissional, mesmo quanto

nem tudo está amadurecido, formatado

e perfeito. A consciência de si mesmo

enquanto ser criativo e único agiliza

uma actuação realizadora na vida, pois,

independentemente do feito, o indivíduo

já possui seu valor e é merecedor de

respeito.

Peixes pode ser compreendido como

oitavo superior de Leão por ser o signo

que acesso dimensões energicamente

subtis, superiores e divinas, dando ao

ser humano a consciência de que faz

parte do Todo ou de um destino, que o

absorve e o envolve numa forte rede de

acontecimentos e situações. A percepção

da existência do Criador lembra ao

homem que ele é antes de tudo criatura,

mesmo sendo também criador.

Balança pode ser compreendida

como oitavo superior de Peixes por ser

o signo que representa a harmonia e a

cooperação entre os homens, dando ao

ser humano a necessidade da companhia,

de ser amado pessoalmente e de amar.

A relação afectiva é o exercício diário do

amor espiritual, ou seja, é transportar

este amor para a dimensão terrena por

entender que o outro é a personificação

do Todo, ou de uma parte Dele.

Touro pode ser compreendido como

oitavo superior de Balança por ser o signo

que prioriza a preservação da vida e dos

valores, sinalizando a relevância do bemestar

e das necessidades bem atendidas.

Bons frutos irão resultar de uma parceria

que dá lugar aos talentos individuais e

que respeita a bagagem de cada um. As

relações podem ser avaliadas por meio

do fortalecimento de cada um, no que diz

respeito ao seu próprio mérito, estima e

importância.

Sagitário pode ser compreendido

como oitavo superior de Touro por ser

o signo que busca o aprimoramento e

a sabedoria. O valor da vida humana,

inclusive o nosso próprio, é elevado

quando passamos a seguir ideologias e

códigos que sintetizam o que é ético e

moralmente correcto e, também, quando

procuramos por caminhos direccionados

para o bem e para a Verdade.

Caranguejo pode ser

compreendido como oitavo superior de

Sagitário por ser o signo que cuida para

que tudo tenha significado e sentindo

pessoal. As metas filosóficas, os códigos

de conduta, e o caminho do bem deixam

de ser só belas palavras e passam a ser

as nossas profundas verdades quando

eles fazem eco e ressoam dentro de nós,

dando-nos a certeza que elas estão nos

levando para o lar, para algo que nos

conforta e aconchega.

Aquário pode ser compreendido

como oitavo superior de Caranguejo por

ser o signo que se abre para os homens

enquanto grupo, pensando no futuro,

buscando o que melhor lhe atende e

escutando a todos. A ideia de família

alcança uma abrangência surpreendente

quando as discriminações dentro dela

deixam de ocorrer em prol do bem-estar

de todos, como também ao considerar

que de fato todos que povoam o planeta

são membros de uma mesma família.

Virgem pode ser compreendida como

oitavo superior de Aquário por ser o signo

que coloca a mão na massa, solucionado

os problemas, fazendo com que tudo

funcione, ou seja, viabilizando a vida. As

invenções, os pensamentos de vanguarda

e revolucionários só promovem o

progresso e o avanço em termos

tecnológicos e humanitários quando

de fato são aplicáveis e colocados em

prática, o que exige trabalho minucioso,

muitos experimentos e reavaliações.

Carneiro pode ser compreendido

como oitavo superior de Virgem por

ser o signo que parte para a acção com

coragem, fazendo tudo com rapidez,

sempre disposto a conquistar seus

objectivos e a enfrentar os obstáculos.

O processo de analisar, separar, fazer e

refazer, consertar ou restaurar deixa de

ser enfadonho quando existe o direito de

escolher uma forma própria para actuar,

respeitando a si próprio e a identidade

de cada um.

Escorpião pode ser compreendido

como oitavo superior de Carneiro por

ser o signo que penetra no inconsciente

podendo acessar os propósitos secretos

de cada um dos nossos impulsos e

desejos. Quando nenhuma acção

passa despercebida, ou seja, todas

são entendidas como fontes para o

autoconhecimento, o resultado disto

é observar a si mesmo, suas escolhas e

seus objectivos, o que é suficiente para

garantir um constante investimento

pessoal em prol de ser você mesmo, mas

sempre melhor.

A frescura e variedade

do mar numa sò casa!

120 vagas de

estacionamento grátis

2000m 2 de

área comercials

Horário

Seg. a Sexta. — 08h00 às 20h00

Sábado — 08h00 às 19h00

Grande área

de talho

Produtos de todo

o mundo

Lanche e take away

(em preparação)

Meienbreitenstrasse 15 CH-8153 Rümlang

Tel: 044 945 02 20 | 044 945 02 21 Fax: 044 945 02 22

66 Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

67



Última

PS vence Legislativas

com maioria absoluta

Manuel Araújo

O Partido Socialista de António Costa alcança

41,68%, correspondendo à eleição de

117 parlamentares, contra 76 do PSD. A surpresa

surge com o resultado do partido da

extrema-direita Chega, que obteve 7,15% e

12 deputados e supera o PCP e Bloco de Esquerda,

o que acontece pela primeira vez.

Outra surpresa foi o afastamento do CDS

do Parlamento, o qual não conseguiu eleger

nenhum deputado.

Quando estão já apurados os resultados de

todas as freguesias do território nacional,

o PS vence com maioria absoluta, com 117

deputados, contra 76 do PSD. Fica apenas

a faltar a atribuição dos quatro deputados

dos círculos da Europa e fora da Europa.

Após a queda do Governo, devido à rejeição

do Orçamento de Estado 2022, originada

pelo PSD, CDS, Chega, IL, Bloco de Esquerda

e PCP, o PS de António Costa vence

inesperadamente as eleições com maioria

absoluta, castigando severamente os causadores

da rejeição do Orçamento e da

consequente queda do Governo.

António Costa, foi o vencedor das Legislativas

intercalares 2022 e deverá ser indigitado

como o novo Primeiro-Ministro de Portugal.

Desde o 25 de Abril de 1974 os portugueses

já foram chamados 15 vezes para escolher

um novo Governo. O PS venceu nove

eleições e o PSD as outras seis, incluindo as

coligações.

RESULTADOS

PS: 41,6% - 117

PSD: 28,9% - 76

CH: 7,1% - 12

IL: 4,9% - 8

BE: 4,4% - 5

CDU: 4,3% - 6

CDS: PP 1,9% 0

PAN: 1,5% - 1

L: 1,2% - 1

68

Lusitano de Zurique - Fevereiro 2022 | www.cldz.eu

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!