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LUSITANO

de

ZURIQUE

[ DEZEMBRO 2021 | Edição Nº. 283 | ANO XXVII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]

O CENTRO LUSITANO DE ZURIQUE DESEJA

AOS SEUS ASSOCIADOS, COLABORAA DORES,

CLIENTES, PATROCINADORES E AMIGOS

BOAS

FESTAS

DIGITAL

EDITORIAL

CRÓNICA

espectáculo

SAÚDE

A todos, agradecemos a vossa

fidelidade e colaboração e

desejamos-Vos Boas-Festas. Pág.3

Refugiados: Europa culta e adulta

só oferece arame farpado no

Natal

Pág.

Zezé Fernandes - Trinta anos

com o Minho no coração Pág. 28

COVID-19 - População receberá

terceira dose Pág. 40


LUSITANO

de

ZURIQUE

EQUIPA EDITORIAL

Director: Armindo Alves

Jornalista CC15 A

Director-adjunto: Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

Email: lusitano@gmail.com

COLABORADORES

Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,

Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães, Cristina

F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco, Costa

Guimarães, Ivo Margarido, Jeremy da Costa, Joana

Araújo, Joaquim Galante, Jorge Macieira, Manuel

Araújo, Maria dos Santos, Maria José Praça, Natascha

D´Amore, Nelson Lima, Nelson Mateus, Pedro

Nogueira, Rosa Moreira

EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO

Manuel Araújo

Jornalista 3000 A

Email: manuel.araujo@protonmail.ch

PUBLICIDADE

Tel.: 079 222 09 14

Email: pub.lusitano@gmail.com

IMPRESSÃO

Diário do Minho - Braga

Tiragem: 3000 exemplares

Periodicidade: Mensal

Distribuição gratuita

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O CLZ

deseja-vos

BOAS

FESTAS

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EDITORIAL

Armindo Alves

DIRECTOR

JORNALISTA CC15 A

O

tempo corre cada vez

mão rápido, mais uma

vez estamos no Natal e

se olhar para trás, posso

dizer que os meses passaram

e nem demos por ela.

As nossas esperanças ficaram

mais reduzidas, mais

um ano se passou e pouco ou

nada mudou. Continuamos

na incerteza e na dúvida! O

vírus veio para ficar e continuamos

com a liberdade

cada vez mais limitada. Com,

ou sem vacina, nos próximos

tempos um teste será indispensável!

Vivemos num tempo moderno,

estamos numa fase de

transacção, onde os jornais

Boas-Festas!

em papel são cada vez mais

ignorados.

Nesta era digital, edições em

papel serão cada vez é mais

raras, prevalecendo no futuro,

os guardanapos e o papel

higiénico!

Como já havia referido, nos

últimos meses temos recebido

muito correio de sócios

devolvido. Como já devem

ter notado, ultimamente enviamos

a revista por e-mail,

em formato digital.

A edição digital possui um

número invariável de páginas,

havendo mais liberdade

de publicação de matéria que

na revista em papel, pois aí

estamos limitados apenas a

40 páginas. Assim, mais uma

vez apelamos aos associados

que pretendam receber a revista

em papel, em vez da digital,

que nos informem por

e-mail ( armindo.alves@garage-mutschellen.ch)

Possivelmente devido ao fenómeno

do efeito da pandemia,

as visitas da nossa revista

em formato digital no

servidor onde está alojada

surpreendentemente disparou.

https://bit.ly/3E1T2Cx

Nestes últimos 21 meses,

ela foi acessada e eventualmente

lida, por dois milhões

e setecentos e oitenta e seis

mil seiscentos e quarenta e

três pessoas, (2786643) perfazendo

uma simpática média

mensal de cento e trinta e

dois mil seiscentos e noventa

e sete (132697) acessos.

Neste final de mais um ano

terrível devido à pandemia, o

Centro Lusitano de Zurique

deseja aos seus associados,

colaboradores, clientes, patrocinadores

e amigos, êxitos

e saúde.

A todos, agradecemos a vossa

fidelidade e colaboração e

desejamos-Vos Boas-Festas!

NOTA IMPORTANTE:

Os artigos assinados reflectem tão-somente

a opinião dos seus autores e não vinculam

necessariamente a direcção desta revista.

Apoio

Por discordância, esta publicação

não adopta, nem respeita as normas

do novo inútil Acordo Ortográfico.

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL

Tel.: 079 222 09 14

Email: armindo.alves@garage-

-mutschellen.ch

RANCHO FOLCLÓRICO

Tel.: 079 549 99 10

Email: rancho@cldz.eu

RESTAURANTE (reservas)

Tel.: 044 241 52 15

CURSO DE ALEMÃO

Tel.: 076 332 08 34

PROPRIEDADE

& ADMINISTRAÇÃO

CENTRO LUSITANO

DE ZURIQUE

Risweg, 1

8041 Zurique

Tel.: 044 241 52 15

Email: info@cldz.eu

2 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

3



Motores

já estava estragada senão o motor não teria entrado

em combustão, de qualquer forma é mais barato que

um motor novo.

E se o carro for automático?

Se o carro for automático as coisas complicam-se e

será difícil parar o motor. Eu diria ajoelhe-se chore ou

reze...

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COLABORADORES,

CLIENTES, E AMIGOS,

BOAS

FESTAS!

Calma… é difícil, mas não é impossível! Abra o Capô e

tem-te impedir a entrada de ar no motor. Sem oxigénio

não há combustão.

Pode-o fazer apertando a mangueira de borracha de

entrada de ar ou com um pano, se tiver um extintor

descarregue o CO2 a entrada de ar (filtro de Ar). Com

alguma sorte, talvez consiga parar o motor. Após o ter

desligado não o voltem a ligar, caso contrário o ciclo

começa novamente.

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Autocombustão

Já alguém ouviu falar? Como parar o motor?

Na maior parte das vezes podemos evitar a autocombustão

é agir preventivamente e tratarem bem

o motor dos carros. Uma manutenção cuidada e uma

utilização correta poupará muitas dores de cabeça,

acreditem.

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V ARMINDO ALVES (*)

É um fenómeno raro,

mas todos os motores a

Diesel com turbo estão

sujeitos a esta avaria.

A palavra autocombustão para muitos

dos leitores acaba por ser desconhecida,

mas para quem tem carros a

Diesel deve saber o que fazer quando

esta avaria toca à porta.

Não sei se já viram um automóvel parado

na estrada, a deitar muito fumo

branco e a acelerar sozinho perante a

incredulidade do condutor?

Se já viram, é muito provável que tenham

visto um motor Diesel em autocombustão.

Uma palavra não muito

comum com que pode causar muitos

custos isto é um fim não muito feliz,

mas estamos abertos a sugestões

(os ingleses chamam-lhe engine runaway)

O que é

“Autocombustão”?

Por poucas palavras podemos dizer

que este fenómeno acontece nos

motores a diesel devido a uma falha

mecânica (que em 90% dos casos

acontece no turbo) o óleo entra na

admissão e o motor começa a queimar

o óleo como se fosse gasóleo.

Como essa entrada de combustível

(óleo) no motor não é controlada, o

motor acelera sozinho até a rotação

máxima e mantem-se acelarado até

acabar o óleo.

Quando esta avaria acontece temos

que agir muito rápido, pois pouco podemos

fazer! Podem desligar o carro,

deixar de acelerar e até tirar a chave

da ignição, que nada resultará e o

motor continuará na rotação máxima

até:

Acabar o óleo;

O motor gripar;

O motor partir.

Se nada fizermos, o resultado acabará

num custo de reparação elevadíssimo

até mesmo num Motor novo!

A questão é: então como posso parar

o motor?

A maioria dos condutores não sabe

como agir perante uma situação

onde o motor está em autocombustão.

A primeira reacção (e a mais lógica)

é rodar a chave e desligar o carro.

O problema é que o motor continuará

a aclarado no red line, um verdadeiro

filme de terror.

Os carros a Diesel necessitam apenas

de ar e combustível para trabalhar,

por isso enquanto houver ar e óleo

para queimar o motor continuará no

regime máximo até gripar ou partir.

Primeiro conselho:

Não fiquem nervosos. Quando isto

acontece deve parar o automóvel em

segurança. Normalmente tem dois a

três minutos (estimativa) para pôr em

prática os conselhos que daremos.

Quando tiverem parado, metam a

mudança mais alta (quinta ou sexta),

puxem o travão de mão, travem a fundo

e larguem o pedal da embraiagem

rapido, digamos esganar o motor. Devem

largar o pedal da embraiagem

de forma rápida e decidida — se o

efetuares suavemente, terá uma despesa

acrescentada, pode queimar a

embraiagem é possível que e o motor

continue acelerado.

Caso o motor pare, felicidades! Acabou

de poupar umas coroas boas alguns

podemos dizer acabou de salvar

alguns milhares de euros e só terá de

mudar o turbo — sim, é uma cara, mas

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4 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

5



Comunidade

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Centro Lusitano celebrou o

S. Martinho com Magusto

Jorge Macieira

Decorreu no Sábado de 13 de Novembro o tradicional magusto

organizado pelo Centro Lusitano de Zurique. Esta é

uma actividade cujo objectivo é promover uma das tradições

mais conhecidas dos portugueses, o convívio e diversão

para todos os presentes no restaurante do Centro Lusitano.

O Magusto/S. Martinho é uma tradição celebrada por todo

o país, no dia 11 de Novembro. Decorria o ano de 337, no

século IV, e um Outono duro e frio assolava a Europa. Reza

a lenda que um cavaleiro gaulês, chamado Martinho, tentava

regressar a casa quando encontrou a meio do caminho,

durante uma tempestade, um mendigo que lhe pediu uma

esmola. O cavaleiro, que não tinha mais nada consigo, retirou

das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio

com a espada, e deu-o ao mendigo. Nesse momento, a tempestade

desapareceu e um sol radioso começou a brilhar.

O milagre ficou conhecido como «o Verão de São Martinho».

Desde então, por altura de Novembro, o ríspido tempo

de Outono vai embora e o sol ilumina-se no céu, como

aconteceu quando o cavaleiro.

É por causa desta lenda que, todos os anos, festejamos o

Dia de São Martinho a 11 de Novembro. O famoso cavaleiro

da história era um militar do exército romano que abandonou

a guerra para se tornar num monge católico e fazer o

bem.

Como nos anos anteriores este evento juntou sócios e clientes,

tal como elementos dos vários departamentos pertencentes

ao Centro Lusitano de Zurique.

O Sábado foi preenchido durante a tarde com castanhas

e vinho doce, tendo terminado com o caldo verde gratuito

para todos os participantes no evento para aquecer a noite

fria.

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e oitenta e seis mil seiscentos e

quarenta e três pessoas, (2786643)

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A todos, agradecemos a vossa fidelidade

e colaboração e desejamos-

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Obrigado!

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8 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Comunidade

FESTIVAL DA SOPA EM AMRISWIL

Maria dos Santos

A realização do Festival

da SOPA na cidade

de Amriswil província de

Thurgau, teve lugar no dia

30 de Outubro de 2021.

O Departamento de Integração em

Amriswil coordenado pela portuguesa

Paula Silva, trouxe este conceito de

Portugal, nomeadamente realizado em

Tomar e com o qual temos vivido grandes

momentos de convívio e sucesso

em terras helvéticas.

Das reuniões mensais feitas entre todos

os membros de diversos países, surgiu

o convite às várias organizações culturais

e de diferentes etnias sendo este,

bem-aceite. No ano dois mil e dezoito

nascia assim um marco que tem feito

história nesta região Suíça.

O Festival desenrolou-se este ano entre

as 15 e 22 horas e foi visível a satisfação

dos responsáveis por serem servidas

mais de 20 mil sopas.

Na elegante sala Pentorama, com capacidade

para cerca de mil duzentas

pessoas, estiveram representados dez

nove países entre eles Portugal. Este

evento da Sopa SOPA tem o apoio do

R.F.D.C.N.T. de Arbon, fundado em 2016

e Comissão de Pais que desenvolve um

trabalho ímpar.

A Sala estava agradavelmente decorada

com as tradicionais barraquinhas de

venda, deixando transparecer um ambiente

bem festivo e apetecível.

A cerimónia de apresentação tradicional

do café elaborada pela Eritreia, deixou-nos

deleitados com todo processo

delicado e de precisão nos grãos de

café torrados no momento, para depois

chegar à taça, deixando um autêntico

perfume expansivo em toda a sala.

O festival contou com a participação

de vários grupos culturais com as suas

tradições folclóricas, grupos musicais e

coros, e dança moderna.

Participaram a Albânia, Eritreia, Grécia,

o clube desportivo Stutz de Hatswil, o

Museu Escolar de Amriswil, Suryoye,

Turquia, o Welcome Café e o grupo FolcloricoFolclórico

de Arbon. Também

pudemos ver e praticar como se fazem

dobram bonitos guardanapos e como

se decora correctamente uma mesa.

O ambiente na sala esteve caloroso

e como o degustar de todas as sopas

estava incluído no preço modesto da

entrada, todos aproveitámos gulosamente cada momento

de convívio.

Há cerca de dois anos, no ano de 2020, pelos motivos que conhecemos,

estivemos impedidos de realizar festas, pelo que

era notória uma alegria contagiosa em cada um dos presentes.

A curiosidade em saborear uma sopa de cada um dos Países

foi evidente e o prazer na degustação deixou os rostos com

um grande sorriso.

Um agradecimento especial à Palmira Freitas, já que cozinhou

o caldo verde na sua própria casa. Sobre a mesa da

tenda portuguesa não poderia faltar os pasteis de bacalhau e

rissóis que estavam deliciosamente saborosos.

Vários vinhos, sumos e cerveja estiveram ao dispor de todos

os interessados em saborear a nossa gastronomia.

Foi com muito sentido de humor, óptimas energias e cuidadosamente

organizado este evento.

O Rancho Folclórico Danças e Cantares da Nossa Terra de Arbon

subiu ao palco, trajados a rigor e algo ansiosos por mostrar

que a paragem obrigatória em nada mudou o grupo e

que, se sentem mais fortes que nunca para seguir com este

projecto cultural.

A actuação do rancho Infantil realizou-se no exterior da sala

e os elementos do rancho adulto actuaram no interior, com

uma acústica de alta qualidade, valorizando assim a parte

musical.

A organização do Festival da Sopa SOPA deseja a todos os

leitores, amigos e familiares um Feliz Natal e que 2022 seja

o ano onde a cultura possa estar de novo presente na nossa

vida.

Todos sabemos que este vírus vai esmorecendo, mas também

que, dificilmente nos deixará, por isso cautelosamente

marcaremos presença, onde nos for permitido.

O Rancho Folclórico de Arbon já tem data marcada para o

festival em 2022. Esperemos vivamente aplaudir e que nada

vos impeça de abrir portas e celebrar a cultura folclórica.

FELIZ 2022 para todos.

10 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Comunidade

15° ANIVERSÁRIO

DA CASA DO BENFICA EM LENZBURG

Maria dos S antos

A Casa do Benfica Lenzburg,

após dois anos de

luta para manter as portas

abertas, validou o esforço

com a passagem deste décimo

quinto aniversário.

Na cozinha, cinco pessoas coordenavam

o serviço de jantares para as duzentas

pessoas que estavam cuidadosamente

distribuídas pelo espaço

físico.

Sete pessoas ocupavam-se do serviço

às mesas. De aplaudir a eficiente capacidade

de trabalho.

O serão festivo teve início com o servir

do jantar. Da ementa constavam;

bacalhau com natas, carne assada, bacalhau

à Benfica, entre outras iguarias

que fizeram a delícia dos presentes. Ou

seja, aquela gastronomia tradicional

que nos torna riquíssimos.

Os vinhos são os já tradicionais e conhecidos

da colecção Vitor Figo.

Fossem brancos, verdes, tintos ou o tradicional

Carinho, fez crescer água na

boca já durante o aperitivo.

Constatei que, praticamente todas as

mesas tinham como predilecto o Carinho

um vinho que é referência do presidente

da Casa.

Todas as mesas deixavam transparecer

conversas animadas entre muitos

sorrisos e comentários de uma semana

laboral. Os projectos para um Natal

em família e uma passagem de ano algures

num lugar paradisíaco, também

foram tema.

Vitor Figo foi quem controlou o passe

COVID 19 para se assegurar que nada

de menos bom acontecesse sabendo-

-se que, cada um de nós pode ser inadvertidamente

causador de um surto.

Com as restrições a obrigarem-nos a

apertar o cinto, os que optam por não

se vacinarem, iniciam um processo de

luta interior.

Cada dia se fecha mais uma porta e a

vida social é novamente posta em causa.

Ouvi por ali, enquanto “clicava” mais

umas fotografias, a palavra que é tão

nossa e que não tem sequer tradução;

Saudade.

Mas em dia de festa a saudade foi

compensada por um excelente con-

vívio. Quem se deixou envolver pelo

ambiente, de certeza que se sentiu em

terras portuguesas.

Para animar o serão estiveram presentes

o grupo português Duo Jackpot,

Luís Júlio que chegou ao Duo em 2007

é o vocalista e Sérgio Pinto no teclado

desde o ano 2000. Vivem na província

de Aarau, região onde gostam de tocar

e animar os serões festivos. Actuaram

já um pouco por toda a Suíça, mas tocar

em casa é outra prata.

A casa do Benfica é conhecida pelo

seu ambiente familiar, calmo e cordial

implementado durante estes quinze

anos. Este convívio deixou transparecer

bem esse clima de harmonia, valorizando

sempre o respeito.

Ricky foi o interprete que veio de Portugal

para dar o toque especial ao sarau

bem festivo. Com vinte anos de carreira,

actua um pouco por todo Portugal

e também na Suíça. Muito se dançou e

cantarolou ao som das melodias deste

jovem que, com o seu novo CD todo

em português promete percorrer mundo

dando a conhecer a sua música.

Pertinho já da uma da manhã a festa

chegou ao fim. Entre aplausos e palavras

de gratidão os visitantes do décimo

quinto aniversário da Casa do Benfica,

despediam-se de mais um ano em

que comemorar a vitória sob a pandemia

fez todo sentido.

Cansados, mas felizes, o pessoal de

serviço estava satisfeito com o resultado

de muitas horas de trabalho. De

mãos dadas estarão para receber 2022,

com esperança e expectativa.

Recordo que a Casa do Benfica de Lenzburg

sobreviveu ao Corona Vírus, pela

resistência e colaboração numa dinâmica

exemplar do seu Presidente, grupo

de trabalho e alguns associados.

Mostraram que o provérbio português

“A união faz a força*” está vivo.

Hoje podemos deslocar-nos aos fins

de semana e degustar um sem-fim de

variedades gastronómicas. Elaboradas

sempre a pensar nos sócios, clientes e

amigos que, por herança ou não, têm a

nostalgia do que é português.

A Casa do Benfica em Lenzburg deseja

aos seus seguidores, leitores, famílias

e amigos, Boas Festas e Feliz 2022 na

esperança que seja um ano reforçado

culturalmente com o que de melhor

sabemos fazer: Receber, conviver e cultivar

os nossos valores.

12 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

13



Entrevista

Entrevista

Paula Silva

Maria dos Santos

Paula Silva nasceu na cidade de

Lourenço Marques e com apenas

dois anos, veio para Portugal tendo

fixado residência em Charneca da

Peralva, freguesia de Paialvo concelho

de Tomar.

Com apenas dezoito anos, chega à

Suíça e fixa residência em Thurgau

no ano 1992.

O seu primeiro emprego foi na colheita

de morangos, que lhe deixou

um amargo sabor, visto que resistiu

apenas uma semana, aos duros

horários e posições físicas que este

trabalho impõe.

Logo após conseguiu um emprego

e ocupar-se profissionalmente

numa fábrica de montagem de máquinas

de café, onde se desenvolveu

profissionalmente.

Não era a sua praia e decidiu mudar

de rumo.

Paula Silva não é mulher de baixar

os braços e percebeu logo que

a única maneira de conseguir algo

melhor para o seu futuro, passava

pela aprendizagem e pelo aperfeiçoamento

da língua alemã.

A trabalhar e a estudar nos cursos

nocturnos, consegue assim escalar

a difícil escada da via profissional

e pessoal.

Foi em Romanshorn, que viu o seu

sonho realizado.

Casada e Mãe de duas meninas,

um casal, a Paula desenvolve o papel

de Mãe, esposa e coordenadora

do Departamento de Integração

na cidade de Amriswil, no cantão

de Thurgau, cidade de Frauenfeld.

Maria dos Santos — Paula o como

define a sua aventura da chegada a

Terras Helvéticas?

Paula Silva — já passaram quase trinta

anos após a chegada… mas na altura

foi bastante difícil. Eu já sabia um

pouco de alemão, pois o meu pai era

naquela altura estagional na Suíça e

sabendo eu que a língua desta zona

era o alemão, quis preparar-me um

pouco. Mas foi muito difícil no início.

A burocracia era imensa e quase não

havia apoio específico aos imigrantes.

M.S. — Teve oportunidade de interagir

com a Comunidade Portuguesa

em busca de apoio?

P.S. — Houve uma interacção no início

entre as pessoas conhecidas do meu

pai quando nós chegamos. Mas era

uma época difícil, onde era muito

difícil arranjar emprego, pois, ainda

havia os contingentes para as pessoas

com o permisso B. Isso tornou

algumas relações difíceis e dificultou

a realização de alguns sonhos e esperanças.

M.S. — Nos primeiros tempos como

conseguiu gerir as dificuldades da

ausência da família, de amigos e das

duras horas de trabalho na agricultura?

P.S. — Mal, havia a revolta, a frustração,

o desapontamento comigo

própria de não ser mais resistente,

de não ter podido atingir os meus

sonhos mesmo após ter estudado

por 12 anos em Portugal. Algo que,

entretanto, não é muito raro, mas naquela

altura era uma situação muito

peculiar. Lembro-me de os conselheiros

profissionais não saberem o que

me poderiam aconselhar, pois o meu

caso era, na nossa zona, um caso único.

M.S. — Sendo uma mulher de forte

personalidade e com objectivos definidos,

foi difícil integrar-se?

P.S. — Como pessoa especializada em

migração (tenho o diploma federal

de “Migrationsfachfrau”), fico imediatamente

sensibilizada perante o

termo “integrar-se”. Esse termo pode

levar a diversas interpretações. A interpretação

mais básica de “estar integrado”

talvez seja o “acto de fazer

parte da sociedade”. Partindo desse

princípio, estou integrada do ponto

de vista de que actuo na comunidade

em que estou inserida, faço parte

de associações, não questiono as

bases e leis básicas que constituem

a vida num país democrático como é

o caso da Suíça. No entanto, no meu

caso, o “acto de estar integrada” parece-me

ser um estado de espírito que

consoante a temática e o dia em questão

faz com que eu me sinta mais ou

menos integrada. Como se diz em Portugal

“tem dias…”

M.S. — Teve muito rapidamente a noção

de que a formação académica era

necessária. Como alcançou este objectivo?

P.S. — Eu sempre tive noção que sem

estudo não se vai a lado nenhum. Na

minha altura só o 6° ano era obrigatório.

E apesar das muitas dificuldades financeiras

que a minha família passava

naquela altura, os meus pais ouviram

os meus pedidos e deixaram-me continuar

os estudos. Essa noção tornou-se

ainda mais forte após termos chegado

à Suíça. Nos últimos 20 anos, conto

também com o apoio do meu marido

que, compreendeu a minha fome por

livros, por saber mais, por ter uma formação

reconhecida na Suíça. Ele levanta-me

quando já não tenho forças,

organiza as coisas com os nossos filhos

para eu me poder desenvolver profissionalmente

e ouve as minhas explosões

de frustração quando algo não

corre como eu gostaria. Os meus filhos,

incentivados pelo pai, dão-me força

quando tenho algum teste ou reunião

e compreendem quando há alturas

em que não tenho muito tempo para

eles. Com muito suor, muitas noites a

estudar, muita perseverança (e talvez

desespero para ter uma formação reconhecida)

da minha parte, o apoio

dos meus filhos e marido assim como

a sorte de encontrar as pessoas certas

no momento certo fez com que pudesse

realizar alguns dos meus objetivos

até agora.

M.S. — Ocupa o seu tempo profissional,

sendo tradutora, interprete e

coordena ainda o Departamento da

integração em Frauenfeld/Amriswil.

Sente-se realizada com o que faz?

P.S. — Tem dias…



Recantos helvéticos

SEJAM FELIZES!

A V Maria dos Santos

Chegamos ao final de

2021com algumas expectativas.

Entretanto,

as últimas notícias têm

sido preocupantes.

Volta a falar-se das medidas de precaução

que tivemos nos últimos dois

anos, incluindo fechar fronteiras. Falam

já na quarta dose da vacina.

Chego à conclusão que pouco ou nada

aprendemos nos dois anos que estivemos

socialmente confinados.

É caso para dizer: estamos numa nova

fase e temos que apenas e só, viver um

dia de cada vez. Ao levantar-mo-nos

pela manhã há que ouvir as notícias e

só depois programarmos o dia.

Mas será que todas as notícias que

ouvimos são verdadeiras? As fake notícias

existem desde há muito e parece

agora tornar-se uma prioridade a fim

de instalar a confusão sobre o que é

verdadeiro ou falso.

Chegamos ao último trimestre de 2021

e muito foi conquistado. No entanto,

os não vacinados continuam a ser penalizados

até no acesso aos espaços

dos mercados de Natal. Desconheço

o que se passa além-fronteiras.

Os mercados de Natal foram concebidos

como uma sala ao ar livre. No

interior do recinto, nem sequer máscaras

são obrigatórias, sabendo nós

que mesmo os vacinados podem contagiar.

Estou orgulhosa pelo facto de muitas

associações da nossa Diáspora terem

conseguido sobreviver. Que a motivação

seja sempre a prioridade para se

assegurar a continuidade ao que, nomeadamente

nos anos 80, construímos.

Foi nesta altura que o verdadeiro Associativismo

se afirmou e prolongou

até agora. Agora com uma nova roupagem,

visão e novos objectivos. Ainda

assim existem Associações cuja dinâmica

tem um impacto muito significativo

perante os seus associados e simpatizantes.

Aos que persistem na luta por manter

as portas abertas o meu total reconhecimento.

Sinto-me orgulhosa por poder

saborear a nossa gastronomia aos

fins de semana. Esperemos que 2022 o

COVID-19 não os ponha de nova à prova.

Falo apenas deste Helvético.

Neste últimos três meses preocupei-

-me em dar alento e coragem à nossa

cultura folclórica e associativa. Entrei

em contacto com vários grupos e

constatei estar muito difícil a retoma

dos ensaios.

Inicialmente pelo medo que se ins-

talou com a pandemia. Depois, pelo

regresso da terceira geração a Portugal.

Há falta de músicos e sobretudo

elementos masculinos para dançar.

Finalmente porque a juventude criou

outros hábitos, nalguns casos menos

saudáveis e está a ser complicado tirá-

-los desse labirinto. Mas a esperança é

a última a morrer. Continuarei a insistir.

Parabéns a todos os ranchos que retomaram

actividade. É-me uma honra

ver-vos no activo.

Para dar força e ânimo marquei presença

no local de ensaios do Rancho

Folclórico de Lucerne. Para eles foi

uma surpresa, para mim um propósito.

Quero assim agradecer a forma encantadora,

amável e recheada de carinho

com que fui recebida. Estávamos todos

a precisar de um serão com apoio

externo. Tivemos mesmo direito a um

Vira Geral. Ficámos todos de coração

cheio.

Acompanhou-me nesta visita a Tatiana

Cardoso em representação do Rancho

Folclórico de Arbon. A inspiração e

contágio de alegria foi completo.

Um serão que mais parecia um ensaio

de preparação para um festival. Certeiros

nos passos de dança, coreografias

prefeitas e com ritmo genial. Perguntei

se de facto estiveram tanto tempo sem

ensaios. Rostos e corpos dedicados no

seu todo ao folclore… nada mais importava

que deixar-se ir na onda das notas

musicais. Vivacidade, alegria, entusiasmo,

foi tudo perfeito. O ensaiador José

Carvalhais e o presidente Manuel Martins,

bem como todo o grupo demonstrou

uma total cumplicidade e um

querer infinito em ficar mergulhados

no folclore e dar tudo para que este

Rancho siga o seu percurso. Parabéns

ao seu membro mais novo, Cátia Vieira

doze anitos que faz maravilhas com

seu instrumento musical.

Pelo que vi, nada os impedirá de continuar.

Agora falta saber apenas quando

os festivais irão recomeçar.

Estamos conscientes que teremos ainda

momentos complexos para ultrapassar

devido às causas que conhecemos.

Todos precisamos um esforço intelectual

para atingir os objectivos.

Como em tudo na vida uns sairão vencedores.

Este meu Recanto Helvético é assim

dedicado ao Movimento Associativo e

Folclórico ao qual desejo muito empenho

e coragem para seguirem a vertente

cultural, sem a qual a vida não faz

sentido.

Feliz Natal e que 2022 seja o ano das

revelações e grandes surpresas.

Ao virar da esquina têm sempre alguém

que está disponível para registar

as vossas conquistas.

Sejam felizes.

16 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Actualidade

Actualidade

Refugiados: Europa culta e

adulta só oferece arame

farpado no Natal

Na Europa culta e adulta, que tanto se indignou contra

o muro de Trump, vencedora do Nobel da Paz em 2012,

são poucos os países que não se cercaram de muros e

arame farpado, fazendo de um drama social e humanitário

uma ameaça à segurança.

Foto: @CSIS’s video Tweet

COSTA GUIMARÃES (*)

No sábado à tarde, dia 20 de Novembro, em Varsóvia,

milhares de pessoas marcharam em solidariedade para

com os milhares de migrantes da Bielorússia que tentam

entrar na Europa. Mas esta, a culta e adulta, civilizada

pelos valores cristãos, esquece estes “desesperados,

enganados e necessitados”. Oferece-lhes arame farpado

e muros contra os quais morrem à fome, ao frio,

milhares de pessoas, incluindo meninos e meninas, sem

direito, ao menos, a uma manjedoura, com um burro

e uma vaca para se aquecerem (cf. “Biblical literature”,

in Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica

Online. Encyclopædia Britannica, 2011).

“Dar de comer aos famintos, vestir quem está nu!”

Milhares de pessoas gritaram estas palavras na tarde

do, dia 20 de Novembro, em Varsóvia, durante a marcha

de solidariedade para com os migrantes que tentam

atravessar a fronteira polaca para entrar na Europa,

enfrentando o frio, a fome e as rejeições por parte da

polícia de fronteira.

Na manifestação, organizada pelas ONG (Organizações

Não Governamentais) impedidas de ajudar os migrantes,

as bandeiras dos movimentos foram substituídas por

cobertores térmicos usados pelos refugiados para serem

aquecidos. A primeira exigência era que os médicos

regressassem à fronteira.

A resposta, da terra natal do Papa São João Paulo II,

na fronteira com a Bielorrússia: as autoridades polacas,

nesse dia, tinham devolvido 195 pessoas que tentavam

entrar no país.

O ditador bielorrusso, Alexander Lukashenko, admitiu

que é “absolutamente possível” que as suas forças

tenham ajudado as pessoas a atravessar a fronteira para

a UE, mas negou uma operação orquestrada.

A União Europeia assinou um acordo de seis mil milhões

de euros para Ancara — capital da Turquia — gerir e

conter os refugiados às portas (fechadas) da Europa.

Um erro colossal, a médio prazo. O Inverno demográfico

europeu pede migrantes.

EUROPA PÔS-SE A JEITO

Lukashenko sabe como a imigração divide a UE e quer a

revogação ou o alívio das sanções, forçar a negociação,

ser aceite como interlocutor, numa palavra: a sua

legitimidade política.

Algures nas florestas geladas entre a Bielorrússia e

a Polónia há uma tragédia humanitária às portas da

Europa: o último capítulo do conflito crescente entre a

Bielorrússia e a União Europeia. A UE pôs-se a jeito...

O insuspeito Filippo Grandi, o Alto Comissário das Nações

Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi ao Parlamento

Europeu apelar à renovação do compromisso da

Convenção de Genebra de 1951e deixou críticas fortes.

Lembrou que os refugiados olham para a Europa em

busca de liderança e apoio e manifesta gratidão por todo

o apoio financeiro prestado pela UE, mas não deixou

de sublinhar que a UE “pode e deve fazer melhor”. A

começar na forma como muitos refugiados são tratados

nalguns Estados-membros da UE. O Alto-Comissário

afirmou-se plenamente consciente dos “muitos desafios

que os movimentos de migrantes e refugiados colocam

aos sistemas de asilo na Europa e no mundo, agravados

muito frequentemente pela ação criminosa dos

traficantes” e até “encorajados pelos Estados”.

ESQUECER O CERNE DA QUESTÃO

Este comportamento dos políticos contrasta com o das

pessoas das aldeias que, juntamente com católicos de

Varsóvia, ajudam os migrantes.

No meio desta tempestade, somos levados pela

comunicação social reinante e bacoca a esquecer que

a Turquia é o país com mais refugiados no mundo. São

mais de quatro milhões de deslocados do Médio Oriente

mas também de África. A resposta europeia é despejar

dinheiro na fogueira, esquecendo as verdadeiras causas

do lume.

A UE deve prestar um apoio mais forte aos esforços

para manter a paz caso queira prevenir uma crise

com ramificações sentidas por gerações vindouras

através dos continentes. Todavia, a Europa esquecese

que o berço da paz é o desenvolvimento e não a

continuada exploração das riquezas desses povos e

agora assemelha-se a um abutre observando as vítimas

às portas da morte.

O sucessor de António Guterres, propôs duas soluções:

“a primeira e melhor solução é garantir que as pessoas

estão protegidas nos seus países de origem. É aí que o UE

18 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Actualidade

desempenha um papel importante. A segunda é através

da disponibilização de melhor protecção em países onde

a maioria dos refugiados procura por asilo: “fortalecer a

assistência ao asilo e proporcionar ajuda humanitária e de

desenvolvimento que facilite a inclusão dos refugiados nos

serviços sociais desses países e nas actividades económicas

até se encontrar uma solução”.

É urgente que a Europa perceba a dor e sofrimento de

mais de 82 milhões de pessoas no mundo, refugiados

ou deslocados internos, empurrados pelo desespero da

guerra e atraídos por uma mentira: a existência de uma

política de acolhimento e integração de refugiados na UE.

Os propósitos de Lukashenko são tudo menos inocentes:

ao pressionar a UE a levantar as sanções, instrumentaliza

milhares de pessoas, incluindo crianças, que morrem de

frio e desidratação. A manobra não pode passar impune.

UMA EUROPA DE ARAME FARPADO

No entanto, em vez de uma solução diplomática — por via

de sanções ou outra —, a Polónia, Estado-membro da UE,

o tal “vizinho democrático” que von der Leyen mencionava

e se tem destacado por limitar a liberdade de imprensa

e degradar a separação dos poderes político e judicial,

militarizou a fronteira, atacou os refugiados e impediu

o acesso de jornalistas e associações humanitárias ao

território.

Depois de uma lei que impede os refugiados de pedirem

asilo e que determina a sua expulsão sumária, o Governo

de Morawiecki aprovou a construção de um muro ao

longo da fronteira. Não é o único. Na Europa que tanto se

indignou contra o muro de Trump, na Europa vencedora

do Nobel da Paz em 2012, são poucos os países que não

se cercaram de muros e arame farpado, fazendo de um

problema social e humanitário uma ameaça à segurança.

Este Governo de extrema-direita afirma-se contra uma

invasão que na verdade é um cortejo de menos de três

mil vítimas privadas de qualquer dignidade. O “vizinho

democrático” da ditadura bielorrussa, a Polónia, subscritora

de todas as convenções internacionais de direitos humanos,

deixou morrer 13 pessoas, entre elas uma criança de um

ano, até deixar entrar ajuda humanitária.

Em vez de sanções, a UE, em vez de uma política de

acolhimento de refugiados e imigrantes, gasta milhares

de milhões de euros em respostas militares, ou a pagar a

outros vizinhos de iguais qualidades democráticas, como

a Turquia ou a Líbia, para servirem de tampão repressivo

aos fluxos de pessoas. É irrelevante para a UE que

nenhum destes países sequer reconheça as convenções

internacionais de direitos humanos .

Lukashenko é um ditador desumano? E a Europa culta,

adulta, democrática e cristã, é exemplo de quê?

Como se diz por cá, no Minho, é exemplo de “m...” nenhuma.

(*) António Costa Guimarães,

é Jornalista, foi Capelão

Militar e Director do jornal

Correio do Minho

Neurociência

O abraço

NADA SUBSTITUIRÁ O SER HUMANO

V Nelson S Lima

Nunca houve um tempo como este em que

mais precisássemos uns dos outros.

Num mundo frenético e complexo, é por vezes difícil mantermo-nos

sem o apoio, a palavra ou a presença de alguém que nos faculte uma

sensação de segurança, uma espécie de referência honesta, quase

um guia da vida que nos ajude a orientar-nos.

Nas sociedades ancestrais eram os anciãos - os mais idosos e experientes

das tribos- que desempenhavam esse papel e a quem até os

guerreiros pediam conselhos.

Agora somos todos quase órfãos. Os anciãos desapareceram da nossa

sociedade. Metêmo-los em “lares” de idosos ou deixámo-los sozinhos

nas suas aldeias remotas. Ou, simplesmente, considerámo-los

senis porque o que está na crista da onda é ser-se jovem, como se a

sabedoria de alguém estivesse no corpo.

Andamos muito perto de sermos “zombies”, mais ainda agora em

que o expoente máximo da inteligência é a “artificial”. Creio que estamos

a perder o chão, as referências que orientaram os mais velhos.

Mas ainda estamos a tempo de travar esse deslize que nos iria atirar

para um monte de inúteis e desesperados cidadãos.

Cultivemos boas amizades sobretudo agora em que “smartphones”

e outros aparelhos “inteligentes” fazem parte do nosso mundo. Nada

há que possa substituir o ser humano. E ensinemos isso aos mais novos

porque o futuro vai ser mais difícil do que eles imaginam.

AS GLÓRIAS QUE VÊM

TARDE JÁ CHEGAM

FRIAS

Paulo Marques

ALEXANDROS AVRAMIDIS

Veja-se o que aconteceu a Camões que

se situa hoje entre os grandes poetas líricos

de todos os tempos. Grande entre

os grandes.

Apesar da tença anual de quinze mil

réis, por três anos, que lhe foi concedida

por Dom Sebastião, após a publicação

de «Os Lusíadas», nos últimos anos

de vida confrontou-se com gravíssimas

dificuldades materiais.

Valeu-lhe o auxílio de Jau, o seu escravo

negro, que pedia esmola pelas ruas

de Lisboa, de modo a que o amo não

vivesse na mais indigna miséria. Só lhe

colocaram a coroa de louros quando

menos necessitava dela…

20 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Boas Festas

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AGENDA

Cidadania

Informações

MAPS (*)

Caros leitores, muitos eventos

estão ocorrendo novamente

no setor cultural e de lazer.

Um certificado Covid é exigido

para muitos eventos. É importante

que você continue

a seguir as medidas de prevenção

contra o coronavírus.

Você pode encontrar uma visão

geral das medidas atuais

em vários idiomas em www.

stadt-zuerich.ch/coronavirus.

Por favor, informe-se antes

de participar de um evento.

Apesar de tudo, a equipe da

MAPS deseja a você muita diversão!

QUINTA-FEIRA—2.12.

(*) Escrito na variante brasileira

da Língua portuguesa

FESTIVAL DE CINEMA DE DI-

REITOS HUMANOS (02.12 ATÉ

07.12)

O “Human Rights Film Festival” mostra

filmes e documentários sobre o

tema dos direitos humanos. Hoje é

a abertura do festival com o filme

“Flee”. Entrada gratuita para pessoas

com N/F-Ausweis. 19:00. O escritório

da MAPS sorteia 2 passes para todo

o festival. Basta ligar para: 044 415

65 89 ou escrever um e-mail para:

maps@aoz.ch. Data de encerramento

28.11.

Kosmos. Lagerstr. 104.

Bus 31/32 bis “Langstrasse”.

https://www.humanrightsfilmfestival.ch/

SEXTA-FEIRA—3.12.

PAPAI NOEL NA FLORESTA

(ATÉ 07.12)

Visite o “Samichlaus” e seu ajudante

“Schmutzli” em sua casinha na floresta

com seus filhos. Ouça uma história

sobre o Papai Noel! O caminho

para a casa é marcado a partir da

“Bucheggplatz”. 10:00-16:00. Participação

gratuita.

Waldhüsli.

Tram 11/15 oder Bus 32/72 bis “Bucheggplatz”.

https://bit.ly/3HWoRz9

SÁBADO—4.12.

MERCADO DE NATAL (ATÉ

23.12)

Aproveite a magia de dezembro em

um mercado de Natal de Zurique.

Descubra várias barracas na estação

principal, em frente ao Opernhaus

e na Cidade Antiga. Lá você encontrará

produtos locais e alimentos de

diferentes países. Grátis.

https://bit.ly/3kWFOiH

SÁBADO—4.12.

A ÁRVORE DE NATAL CAN-

TANTE (01.12 ATÉ 23.12)

Os corais na “Werdmühleplatz” cantam

canções de Natal quase todos

os dias. Em seguida, aproveite o ambiente

pré-natalino com uma caminhada

pelo mercado de Natal. Seg-

-qui 17:30 e 18:30. Sex 17:30, 18:30 e

19:30. Sáb/Dom 14:30, 15:30, 17:30 e

18:30. Entrada livre.

Werdmühleplatz.

Tram 6/7/11/13/17 bis “Bahnhofstrasse/HB”.

https://www.singingchristmastree.ch/

DOMINGO—5.12.

VISITA GUIADA NO LANDES-

MUSEUM

Como é que os objetos frágeis entram

no museu? O ator e músico

Benjamin Müller mostra o museu

nos bastidores para famílias e crianças

a partir de 5 anos. 10:30-12:30.

Com KulturLegi CHF 5.- (em vez de

CHF 10.-). Gratuito para crianças e

jovens até 16 anos.

Landesmuseum. Museumstr. 2.

Tram 4/6/11/13/14 oder Bus 46 bis

“Bahnhofquai/HB”.

https://bit.ly/3DMbXks

SEGUNDA-FEIRA—6.12.

CALENDÁRIO DE ADVENTO

MUSICAL (01.12 ATÉ 23.12)

Durante a época natalina, a Opernhaus

Zürich organiza pequenos

concertos todos os dias. Venha até a

entrada da Ópera e desfrute da música.

17:30-17:45. Entrada livre.

Opernhaus, Foyer. Sechseläutenplatz

1.

Tram 2/4 oder Bus 912/916 bis “Opernhaus”.

SÁBADO—11.12.

SHOW DE LUZES (ATÉ 30.12)

No pátio interno do “Landesmuseum

Zürich”, uma encantadora terra

de luz invernal espera por você.

Descubra um fantástico espetáculo

de luzes que apela a todos os sentidos.

Todas as noites a partir das

17:00. O escritório da MAPS sorteia

5×2 entradas gratuitas. Basta ligar

para: 044 415 65 89 ou escrever um

e-mail para: maps@aoz.ch.

Landesmuseum Zürich, Innenhof.

Museumsstr. 2.

Tram 4/6/11/13/14 oder Bus 46 bis

“Bahnhofquai/HB”.

www.illuminarium.ch

DOMINGO—12.12.

FESTA SOBRE RODAS

Você está procurando por uma festa

especial? Então venha ao “La Boum

Rolldisco” na “Rote Fabrik”! Toca-se

música de discoteca e todos dançam

com patins, cadeiras de rodas

ou “skates”. Venha fantasiado de forma

divertida! 16:00. Entrada gratuita.

Rote Fabrik. Seestr. 395.

Tram 7 bis “Post Wollishofen” oder

Bus 161/165 bis “Rote Fabrik”.

https://bityli.com/SjQq3c

TERÇA-FEIRA—14.12.

CLUBE DE DESIGN PARA

CRIANÇAS

Porque é que em muitos países as

pessoas usam talheres para comer?

O “Design Kids Club” explica

às crianças a origem de objectos do

quotidiano. Com especialistas em

design, as crianças aprendem como

criamos e usamos objectos. Dos 8

aos 12 anos. 14:00-16:00. Entrada livre.

Museum für Gestaltung Zürich. Ausstellungsstr.

60.

Tram 4/6/13 bis “Museum für Gestaltung”.

https://bit.ly/3CKiuuN

QUARTA-FEIRA—15.12.

COMÉDIA

Apareça no bar “bQm” hoje à noite e

ria a bom rir com o espectáculo cómico

sobre o Natal! O bar serve comida

e bebidas a preços acessíveis.

Divirta-se! 19:30. Entrada livre.

bQm Culture Café & Bar. Leonhardstr.

34.

Tram 6/9/10 bis “ETH/Universitätsspital”.

www.bqm-bar.ch/de/events/

QUINTA-FEIRA—16.12.

VISITA GUIADA SOBRE ARTE

A “Kunsthalle” organiza hoje uma

visita guiada à exposição “ART

CLUB2000”, qeu mostra fotografias e

criações sobre a sociedade e o consumo.

18:30. Entrada livre à quinta-feira

a partir das 17:00.

Kunsthalle Zürich. Limmatstrasse

270.

Tram 4/13/17 bis “Löwenbräu”.

https://bit.ly/30Rs6XK

SEXTA-FEIRA—17.12.

FOGUEIRA DE INVERNO

Esta semana tem os dias mais curtos

do ano, altura em que o centro comunitário

“GZ Loogarten” organiza uma

festa. Na companhia de outras pessoas,

pode tomar uma bebida quente

e assar marshmallows. Está prevista

a exibição de um filme infantil. 15:00-

18:00. Gratuito.

GZ Loogarten, Standort Badenerstrasse.

Badenerstr. 658.

Tram 2 oder Bus 35/78/80 bis “Lindenplatz”.

www.gz-zh.ch/gz-loogarten

SÁBADO—18.12.

GRELHADOS EM FAMÍLIA

Gostaria de se sentar à volta de uma

fogueira nesta estação de tempo frio?

O centro comunitário “GZ Höngg” organiza

uma grande fogueira com

grelhados. Uma banda toca música

e conta histórias às crianças. Traga a

sua comida ou compre-a no local. O

chá é gratuito. 18:30-20:00. Gratuito.

Parkplatz des Friedhofs Hönggerberg.

Bus 38 bis “Friedhof Hönggerberg”.

https://bit.ly/3FHMucO

DOMINGO—19.12.

CORTAR O SEU PINHEIRO DE

NATAL

Celebra o Natal e procura uma árvore

de Natal? Na floresta da cidade de

Zurique pode escolher e cortar a sua

árvore preferida. O preço depende do

tamanho da árvore. Entrada livre.

Forstgarten Albisgüetli. Uetlibergstr.

355.

Tram 10/13 bis “Albisgütli”.

https://bit.ly/3oTD7jm

TERÇA-FEIRA—21.12.

FAZER BISCOITOS DE NATAL

Com a família, faça deliciosos biscoitos

de Natal. Várias receitas de “Mailänderli”,

“Brunsli” ou “Zimtsterne”

disponíveis em www.fooby.ch. Gratuito.

https://bit.ly/3cDNIcp

QUARTA-FEIRA—22.12.

EXPOSIÇÃO SOBRE O MEL

Gosta de mel? Então a exposição

“Ohne Honig hast du nichts zu essen”

é mesmo para si! O mel é um alimento

de grande importância para a sociedade

sul-americana “Ayoreode”.

O Museu de Arte Popular apresenta

os mitos, canções e histórias sobre o

mel desta comunidade. Ter, qua, sex,

dom 10:00-17:00. Qui 10:00-19:00. Sáb

14:00-17:00. Entrada livre.

Völkerkundemuseum. Pelikanstr. 40.

Tram 2/9 bis “Sihlstrasse”.

https://bit.ly/3oUlCzg

QUINTA-FEIRA—23.12.

VIAGEM AO PASSADO

No século XIV uma abastada família

vivia no nº 8 da “Brunngasse”. Durante

as obras de renovação, foram descobertas

pinturas muito antigas nas

paredes. Actualmente, é um museu.

Na Câmara Municipal, pode pedir

emprestada a chave e visitar o nº 8

da “Brunngasse”. Seg-sex 08:00-18:00.

Sáb 09:00-12:30. Entrada livre.

Stadthaus Zürich. Stadthausquai 17.

Tram 2/8/9/11 bis “Kantonalbank”.

www.schauplatz-brunngasse.ch

SEXTA-FEIRA—24.12.

LABIRINTO ILUMINADO

Antes do Natal as luzes brilham no

“Labyrinth-Garten”. Desfrute com a

sua família deste maravilhoso espectáculo.

17:00-18:00. Entrada livre.

Zeughaushof. Labyrinthplatz.

Bus 31 bis “Kanonengasse”.

www.labyrinthplatz.ch/veranstaltungskalender

DOMINGO—26.12.

OBSERVAR ANIMAIS

No parque “Käferberg-Waidberg” vivem

veados e corças. Aprecie os animais

com a sua família e desfrute da

belíssima vista para Zurique. Atenção:

é favor não alimentar os animais!

Gratuito.

Käferberg-Waidberg.

Bus 38/69 bis “Waidbadstrasse”.

http://www.tierpark-waidberg.ch

QUARTA-FEIRA—29.12.

ARTE A PARTIR DE LIXO

As pessoas produzem diariamente

enormes quantidades de lixo. A exposição

“Trash-Art” mostra arte criada a

partir de lixo. O objectivo é reflectir

sobre ecologia e sociedade. Qua-sex

13:00-17:00. Sáb 11:00-17:00. Entrada

livre.

Haus Appenzell. Bahnhofstr. 43.

Tram 7/10/11/13 bis “Rennweg”.

www.hausappenzell.ch https://bit.ly/

30TbvCL

SEXTA-FEIRA—31.12.

FESTEJOS DE ANO NOVO JUN-

TO DO LAGO

A maior festa de passagem de ano

da Suíça inclui diversos stands de comida

e concertos. O fogo-de-artifício

sobre o lago promete uma entrada

festiva no novo ano. Festa a partir das

20:00, fogo-de-artifício à 00:20-00:35.

Participação gratuita. Eléctricos e autocarros

circulam até às 04:00 (taxa

nocturna a partir da 01:00).

Beim Bellevue am See.

Tram 2/4/5/8/9/11/15 bis “Bellevue”.

www.silvesterzauber.ch

24 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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CRÓNICA - do nosso cantinho para o vosso Cantão

CRÓNICA

Fazer anos

depois de

morto.

ARAGONEZ MARQUES (*)

Bem, realmente isto de

comemorar aniversários

quando já não estamos,

não é para todos.

Aqueles que por obras valorosas se

vão da lei da morte libertando...” como

escreveu Camões, é para quem na

vida algo fez que lhe valesse a memória

futura e José Saramago, embora

não esteja no Panteão Nacional (ainda

não percebi o porquê) talvez coisas

de Cavaco Silva que nem se dignou ir

Foto: DR

ao seu funeral, é dos portugueses que

continuam a fazer aniversários todos

os anos, também com uma Pilar del

Rio que nunca permitiria o seu não

festejar. A companheira do único prémio

Nobel da literatura que Portugal

conheceu continua-lhe fiel, nas lembranças

e no reconhecimento da sua

valia.

Dentro da minha maneira de ver em

que, como diz a minha mulher, devo

guardar a língua quieta na boca antes

de falar sem pensar, sempre achei que

o seu Nobel, uma Instituição que tenta

mudar o mundo através das mensagens

que envia embrulhadas no seu

prestígio, Saramago tem o seu Nobel,

no ano em que Timor-Leste apresentou

como prémios Nobéis da Paz, Ximenes

Belo e Ramos-Horta. Portugal

estava na baila por bons motivos, o

mundo em mudança necessitando de

visibilidade, e o da Literatura, um português,

José Saramago, completaria a

influência que Portugal e Timor-Leste

necessitavam para a mudança de

compromissos que levassem a uma

evolução civilizacional e democrática.

Mas, havia tantos escritores para serem

escolhidos, este pequeno Portugal

era e sempre foi uma incubadora de

grandes literatos. Porquê Saramago?

A minha primeira relação com ele, só

foi pessoal quando escolheu Espanha,

para viver, largando este país de idiotas

onde era amargado, desdenhado,

não era Doutor, apenas um serralheiro

mecânico que gostava de ler e escrever.

Em Espanha sim, conheci-o, em encontros,

palestras, onde nos dizia que

fazer um romance era como um carpinteiro

que construía uma cadeira.

Tinha que ser planeada, as pernas tinham

que ter a mesma medida, o encosto

e os braços teriam que ter conforto.

Um trabalho de artesão, mas um

trabalho.

Clara Ferreira Alves, grande amiga do

casal, quando o livro “O Evangelho Segundo

Jesus Cristo /1991” chegou a sua

casa, irada, pois o livro de Saramago

teria sido afastado do prémio merecido,

encontrou o autor calmo, segundo

ela, continuando a jantar calmamente

dizendo-lhe apenas:

- O que tiver que ser meu será a seu

tempo e se não tiver é porque não mereço.

O primeiro livro que li de Saramago foi

“Levantado do Chão/1981”.

Li, gostei, mas rapidamente o juntei a

livros da moda de então, como "Os Esteiros”

de Soeiro Pereira Gomes/1941 e

agora republicado, “Bastardos do Sol”

de Urbano Tavares Rodrigues, ou mesmo

“Cerromaior” ou “Seara de Vento/1958”

de Manuel da Fonseca, livros

que a Revolução tinha libertado e que

enchiam as livrarias.

Arrumei-os

Pertenciam à prateleira da foice e do

martelo (que respeito), mas queria

mais com dezasseis anos de idade.

Foi então que li um texto de Saramago

onde dava uma enorme sova naquilo

que para nós era algo certo. A tolerância.

Dizia ele que ser tolerante no que

respeita ao outro ou às suas crenças era

uma nódoa imposta pela cultura dominante.

Atirava-se à tolerância como

gato a bofe, e avisava que só a igualdade

entre pessoas, raças, culturas, religiões

era válida e honesta.

Comecei, neste artigo lido num jornal,

a mudar a forma de pensar. A refletir.

Aquilo que qualquer livro deve fazer

se for escrito com verdade.

Veio depois nas minhas leituras o “Ensaio

sobre a Cegueira” onde na ambição

de vir a ser um escritor, dizia (se

eu tivesse tido esta ideia, teria escrito

um livro melhor). Pois é, idiota, só que

as ideias fazem parte da cadeira do artesão.

No dia em que vos escrevo, José Saramago

fazia, ou faz, 99 anos. Em 2022

será o ano do seu centenário. Foi-lhe

atribuído também hoje, a título póstumo,

o Prémio Camões.

Tarde.

Sempre foi um escritor maldito, num

país de mestrados e doutoramentos.

No foi só ele que deixou Portugal, cansado

de tanto maltrato. Fê-lo também

Maria João Pires, excelente pianista,

que mandou às urtigas Belgais e pirou-se.

Ou mesmo Fernando Tordo,

que desapareceu para o Brasil.

Portugal trata mal os seus criativos.

No seu livro maldito, “O Evangelho

Segundo Jesus Cristo”, dizia ele, para

além de muitas outras coisas, que o

soldado que deu numa vara vinagre a

Cristo quando este agonizava na Cruz,

foi um acto de amor. E foi mesmo, a

minha avó dava-me nos largos verões

do Alentejo refresco de vinagre para

me mitigar a sede. O soldado apiedou-

-se dele, e não o torturou como dizem

as Escrituras, apenas o tentou ajudar,

tal como a sua última chaga, a do peito,

foi um gesto de amor que colocou

um final na agonia.

Este livro fez-me entender com menos

de quarenta anos, que tudo podia ser

posto em causa. Mesmo a religião.

Escrevi nessa altura um livro, “Três

Contos Trípteros”, onde inventei um

filho de Pedro, chamado Alfeu, que

quando o filho de Deus lhe levou o pai,

ficou órfão, a ter que cuidar da mãe e

dos irmãos. Um Deus não diz:

- Larga tudo e segue-me!

Esse tudo são gentes, pessoas que

dependiam de um modo de vida, de

uma família. Pela primeira vez, graças

a Saramago, entendi que tudo era

questionável e a vida não é a preto e

branco, tem cores e nós podemos ser

os pintores.

Decidi reeditar esse livro no seu centenário.

“Memorial do Convento” é um poema

e a voz de Blimunda, a Passarola, o

Maneta, os frades que ouviam a Rainha

em confissão e a aproveitavam

para o seu benefício, uma coragem

sem fim para questionar tudo e todos,

a própria História.

Devo a Saramago um obrigado.

Nunca o conseguirei, quando tenho a

escola que me obriga a optar entre as

Letras e a sobrevivência da família.

Aguardarei, pois não perdi ainda a esperança

de ver Lobo Antunes como

segundo Prémio Nobel português.

Será difícil, o país, este nosso cantinho,

continua sem causas maiores e

em vez de Timor-Leste, temos o tráfico

de ouro e diamantes com a República

Centro Africana.

Tinha tantas coisas para vos contar

mais nesta crónica, os serões de Lanzarote,

onde amigos meus estiveram,

batendo à porta. Luis Pastor, cantor

extremenho, foi para lhe mostrar um

CD que fez sem autorização e foi pedi-la.

Esteve acolhido três semanas e

cada noite era uma tertúlia com gentes

que entravam e saíam.

Cultura ao vivo.

Vivida.

Amanhã, tenho que me levantar às

seis e trinta, tenho escola.

Recordo Carlos Garcia de Castro, um

grande poeta de Portalegre e meu

mentor e amigo, que me dizia:

- Houve um tempo em que tive que

optar entre a literatura e a família. Escolhi

a família.

Eu, humildemente, descobri que também.

26 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Retratos contados...

Diário de uma avó e de um neto

Boas Festas

V NELSON MATEUS (*)

Querida avó,

Cresci a acreditar no Pai Natal.

Um homem rechonchudo,

de longos cabelos e longas barbas

brancas, que, montado no seu

trenó, vinha de um pai longínquo,

levar prendas às casas das crianças,

que ao longo do ano de portavam

bem.

Devo ter acreditado no Pai Natal até

aos 9 anos.

Recordo-me que na altura, deixava

vários sapatos junto da chaminé. Na

espectativa de que ao deixar vários

sapatos, aumentava a possibilidade

de existirem mais prendas. O que acabava

por corresponder à realidade.

Naquela altura, os presentes eram

abertos no dia 25 quando acordávamos.

A esperança do que iria estar

na manhã seguinte por baixo da

chaminé, era muito mais interessante,

do que o amontoado de prendas

que se vêem hoje por baixo das árvores.

A Árvores de Natal na altura eram

pinheiros verdadeiros. Hoje existe

uma variedade enorme de decorações

de Natal.

No entanto, a magia do Natal continua

a ser a mesma! Todos os anos o

Pai Natal continua a encantar miúdos

e graúdos.

Por coincidência, o “meu” Pai Natal

é o mesmo que o teu. Há anos que

o vou visitar a um grande Centro Comercial

de Lisboa.

Há uns anos entrevistei o Severino

Moreira e o Pai Natal para os Retratos

Contados. A partir daí nasceu

uma amizade cultivada ao longo do

ano.

O seu testemunho é muito bom!

Vale a pena ouvirem o Homem e

Avô, por trás do Pai Natal, e a partilha

emocionante das experiencias

que o Pai Natal tem tido com crianças

e adultos.

O ano passado o Pai Natal teve que

se reinventar! Veremos este ano.Novos

tempos exigem novas soluções.

As crianças não podiam ficar sem

Nélson

Mateus

Alice

Vieira

ter acesso àquela que consideram a

personagem principal da quadra natalícia.

Se o Pai Natal não pode ir ao

encontro das crianças nos Centros

Comercias, as crianças vão ao encontro

do Pai Natal através de uma

solução que os aproxima. Desta forma,

não se perde o contacto com as

crianças que querem fazer os seus

pedidos ao Pai Natal. Nos últimos 20

anos, este ano foi a primeira vez que

Severino não mostrou ao vivo todos

os seus encantos.

Severino Moreira é sinónimo de envelhecimento

ativo. Nunca pensou

em reformar-se, calçar os chinelos e

ficar em casa em frente à televisão.

Severino Moreira tem vivido situações

inesquecíveis, e faz aquilo de

que gosta: levar às crianças a alegria

e a magia do Natal. O Natal jamais

poderá perder o seu significado.

Como dizia a minha avó: ”O Pai Natal

pode ser muito bonito, mas nunca

nos podemos esquecer que figura

central do Natal é o Menino Jesus!

Feliz Natal.

Bjs

V ALICE VIEIRA (*)

Querido neto,

O Pai Natal é um velho de barbas

brancas, que vem num

trenó puxado por muitas renas, e deita

os presentes pelas chaminés abaixo.

Mesmo nos prédios de muitos andares,

que não têm chaminé.

É esta história que faz as delícias de

miúdos e graúdos e em que, evidentemente,

nem miúdos nem graúdos

acreditam—mas fazem muito bem de

conta. Porque é esse o papel que se

lhes pede: que representem nesta altura

Devo dizer no entanto que, na minha

infância, o Pai Natal nunca foi pessoa

das minhas relações.

Para mim, o Natal era a altura do ano

em que vinham os chatos dos tios

muito velhos da província, que só queriam

ver as revistas do Parque Mayer e

engatar as coristas.

Depois davam-me prendas, que eu

sempre pensei que eram a (justíssima)

paga por ter passado aquele tempo

caladinha no meu canto, sem chatear

os adult(er)os.

Com a chegada dos meus filhos fui, digamos,

obrigada a fazer a revisão da

matéria dada…

Mas eles, coitados, também chegaram

em má altura, andava toda a gente

muito revolucionariamente excitada, e

o Pai Natal não entrava naquela excitação.

Era o tempo dos “Operários do Natal”,

estão a ver!

Quando comecei a achar uma certa

graça ao Pai Natal já tinha netos.

Estes sim, puderam gozar à vontade

o Pai Natal, apertar-lhe a mão sem remorsos,

fazer-lhe estranhas encomendas,

tirar retratos ao colo dele, pô-lo

inclusivamente deitado nas palhinhas

num dos muitos presépios cá de casa.

Entretanto cresceram, desandaram

para longes terras e o meu Pai Natal ficou

outra vez um pouco abandonado.

Agora, quando por acaso, o meu Pai

Natal é mesmo um amigo meu.

Lembro-me que há meia dúzia de

anos subi imenso na

consideração da minha

neta mais nova quando.

Íamos nós a entrar num

café, eu lhe disse:

– Conheço o Pai Natal. É

aquele senhor que está

ali.

Cultura

(*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico

(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora

www.retratoscontados.pt

Porque o meu Pai Natal existe.

Chama-se Severino, andou por Angola,

fez rádio, teatro amador, publicidade,

etc, etc. Reformou-se há anos, e desde

então vai escrevendo umas coisas,

faz uns vídeos e, quando chega Dezembro,

veste a fatiota vermelha, põe

as barbas brancas e anda por um dos

centros comerciais mais importantes

de Lisboa a deixar-se fotografar com

as crianças ao colo e a ouvir histórias.

E tem histórias fabulosas!

O ano passado ficou com mais uma

história para contar. Devido à Pandemia,

tudo teve que ser alterado! Mas

nem assim o Severino deixou de levar

a magia do Natal a todos.

Comecei tarde a acreditar no Pai Natal,

mas valeu a pena!

Feliz Natal.

Bjs

https://bit.ly/3dvDigl

https://bit.ly/3dvi3Li

https://bit.ly/3tyuFXN

info@retratoscontados.pt

28 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Desporto

Juniores D campeões de Inverno

Veteranos novamente nos

quartos-de-final da Taça

Jorge Macieira

A equipa de Juniores D masculinos

do Lusitano, sagrou-se no passado

Sábado 6 de Novembro campeão, na casa FC Zürich-Affoltern,

derrotando na última jornada a equipa da casa

por três bolas a zero.

A equipa vencida vendeu cara a derrota e conquista do

campeonato, mas os verdes e vermelhos mostraram

serem superiores, fazendo valer a maior qualidade técnica

dos pupilos do ‘mister’ Paulo Barros, para revalidar

o título conseguido na época passada.

Fazendo o pleno de 8 vitórias em outros tantos jogos,

com 29 golos marcados e apenas 14 golos sofridos sendo

assim o segundo melhor ataque e a segunda melhor

defesa do campeonato.

Disciplina impede

título dos Juniores A

Desporto

Nada ganho, mas com vantagem de 8 pontos

Jorge Macieira

A equipa sénior

masculina da

4ªLiga acabou da melhor maneira a

primeira com uma vitória por 4-3 contra

o FC Schlieren no passado dia 21

de Novembro em casa.

Um jogo de repetição que a equipa

aproveitou para ganhar o oitavo jogo

seguido do campeonato, nos nove

jogos da primeira-volta, tendo só cedido

pontos num empate com o FC

Hakoah.

Entrando a equipa lusitana a vencer

logo aos 6 minutos por um autogolo

do defesa direito ALtin Bytyçi, sofrendo

o empate através do avançado do

Schlieren, Arbnor Iljazi, o Centro chegou

à vantagem novamente aos 37

minutos pelo Patrick que voltou a bisar

aos 43 minutos.

Ao abrir da segunda parte o Schlieren reduzi

para os 3 – 2 aos 48 minutos quando

o avançado bisou e aos 64 minutos

acabando mesmo por fazr o seu hat-trick,

empatando o encontro em 3-3 .

O golo que fechou o resultado em 4-3

para a vitória do Centro Lusitano de

Zurique através do Adélio que saiu do

banco para garantir a vitória da equipa.

Chegando a pausa de Inverno, com 8

pontos de vantagem sobre o segundo

e 11 sobre o segundo classificado,

uma vantagem há muito tempo não

vista pela equipa, onde também o registo

de disciplina está notavelmente

baixo.

Em conversa com o mister António

depois do jogo confessou que: “Estou

surpreendido com os meus jogadores,

o primeiro jogo não correu muito

bem, mas depois com o trabalho fomos

nos conhecer melhor e a união

cresceu e o resultado esta à vista.

O capitão o Sandro é um líder nos jogos

e nos treinos, jogadores importantes

com muitos anos de casa como o

Tiago, Carlos, Arturo, Davide, etc,

Agradeço ao “Saladas” por tudo que

me ajuda e ao nosso Paulinho que

nos acompanha sempre, à nossa massagista

Fátima para termos a melhor

condição física possível nos treinos e

nos jogos. Depois da situação do primeiro

jogo do Schlieren vimos que a

direção está ao nosso lado em tudo e

agradeço ao director pela confiança

e o apoio da direcção principalmente

do director do Luís.

De seguida conversamos com o capitão

Sandro que nos confessou que:

“como capitão do Centro e sendo a

minha primeira época como capitão

é uma sensação única, visto as dificuldades

que tivemos no início na

época e o que já conseguimos construir

como os meios que nos foram

dados. Vê-se o empenho da direcção

ao acompanhar-nos em tudo, mas deve-se

a todos um pouco, jogadores,

treinadores, directores, massagista e

adeptos. Estando em primeiro lugar

sem nenhuma derrota ao fim da primeira-volta

o mérito é dos jogadores,

nada esta ganho, mas vamos no bom

caminho.

Agora sabendo que há 20 anos nenhuma

equipa do Centro conseguiu

estes resultados, ainda tem um sabor

maior e é um grande orgulho ser capitão

desta equipa. Tudo isto se deve à

união de grupo e espero que se mantenha

ainda mais unida, pois somos

um alvo a abater”.

Os veteranos 30+ do Centro Lusitano de Zurique

ainda apanharam um susto, mas apuram-se

para os quartos-de-final da Taça med&motion

Regional Cup Senioren 30+.

Jorge Macieira

O triunfo (4-3) sobre a FC Republika Srpska na casa deles, terça-

-feira no passado dia 9 de novembro, com dois golos do Caló homem

golo da equipa e golos do Fábio e do Flávio permite repetir

o feito das últimas duas temporadas desportivas nesta competição

e manter as ambições intactas na prova.

No Juchhof 2, a equipa de Jorge Rodrigues, mas conhecido por

Mourinho, iniciou o jogo quase logo a perder ao sofrer aos 5’ minutos

o primeiro golo e chegou a estar em desvantagem aos 16

minutos, com o primeiro golo do Caló aos 20 minutos reentraram

na luta.

A equipa croata voltou a aumentar marcador para 3-1 aos 32 minutos,

através de Fábio (39’) e Flávio (46’) tendo o Centro Lusitano

de Zurique chegado ao empate.

Com a equipa lusitana em cima do jogo chegou à vitória com o

jogador Caló a bisar e a definir o marcador em 3-4 aos 60’ minutos.

Nos quartos-de-final, o centro jogara em casa do Team Herrliberg-Küsnacht

líder do grupo 3 dos Séniores 30+ Promotion com a

data predefinida de 4 de Abril. Os outros jogos da eliminatória

são FC Bassersdorf vs FC Wettswil-Bonstetten, FC Wiesendangen

vs FC Red Star ZH e FC Wald vs FC Wädenswil.

Jorge Macieira

Os Juniores A+ do Centro entraram

em campo no Domingo

(14.11) para o último jogo do campeonato na luta pelo

título empatados com o FC Oetwil-Geroldswil e com

o FC Oerlikon Polizei ZH ambas as 3 equipas com 18

pontos.

Não dependendo apenas do resultado deles, em que

estavam obrigados a vencer, que acabaram por vencer

por cinco bolas a zero em casa do FC Effretikon,

mas também dos resultados dos directos concorrentes.

Com a equipa lusitana a terminar em segundo lugar

devido ao primeiro critério de desempate de disciplina,

uma iniciativa nos campeonatos de formação

para demonstrar a importância da disciplina no futebol.

As três equipas terminaram com 21 pontos, mas o

pódio a ser distribuído primeiro para o FC Oetwil-Geroldswil

com 5 pontos de disciplina, segundo para

Centro Lusitano Zurich, com 12 pontos de disciplina e

por último no pódio em terceiro lugar o FC Oerlikon/

Polizei ZH com 14 pontos de disciplina.

30 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Actualidade

Uma sinfonia para a terra

entoada em Itabirinha, Brasil

COSTA GUIMARÃES

“Se eu pudesse inspirar uma atitude global seria: pare e sonhe.

Se nós tivermos coragem para sonhar é porque acreditamos

que existem mundos, possibilidades” — escreve

Ailton Krenak, em “Ainda dá tempo de salvar o planeta”,

na Revista Trip, 2020.

Tropecei neste texto, a propósito da Cimeira realizada há

dias na Escócia, conhecida como COP 26 — Conferência de

Partes — que parece não ter chegado a parte nenhuma, a

avalizar pelos resultados.

De forma prática, o que esperava exatamente alcançar a

COP26, num ano em que os Gorilas se tornaram uma espécie

em extinção. Nas últimas décadas, as populações de

gorilas foram afetadas pela perda de habitat, doenças e

caça furtiva, como é o caso na RD Congo.

As negociações oficiais aconteceram ao longo de duas semanas.

Foram técnicas por funcionários do governo, seguidas

de reuniões de alto nível e chefes de Estado, na segunda

semana.

A COP 26 queria garantir que o mundo elimine as emissões

de carbono até meados do século e mantenha a meta de

não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5

° Celsius.

Para isso, os países precisam acelerar a eliminação do carvão,

conter o desmatamento e impulsionar a mudança

para economias mais verdes.

Queria uma protecção das comunidades e habitats naturais,

de modo que os países afectados pelas mudanças

climáticas protejam e restaurem os ecossistemas, como

construir defesas, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente.

Na COP15, as nações mais ricas prometeram canalizar 120

“Ainda dá

tempo de

salvar o

planeta”

Ailton Krenak

biliões de euros por ano para as nações de menor rendimento

até 2020 para ajudar na adaptação às mudanças

climáticas e mitigar novos aumentos de temperatura. Foi

o que se viu: desde 1990, cerca de 420 milhões de hectares

de floresta foram perdidos devido ao desmatamento e

conversão para outros usos, como a agricultura.

Essa promessa não foi cumprida.

Os avanços ocorrem “a passos de tartaruga e não na velocidade

exigida para manter a elevação média da temperatura

global em 1,5.º C ou mesmo 2.º C”. Passos de tartaruga

ameaçada de extinção, vale a pena lemrar.

Não há garantia de cumprimento de nenhum acordo, pois

muitos dos itens dos acordos são voluntários. A falha em

chegar em um acordo mais ambicioso e a chamada para

que os países apresentem novas metas em 2022 podem

estimular um activismo maior da sociedade, especialmente

dos jovens”.

Entre os avanços da COP26 merece destaque o reconhecimento

explícito, pela primeira vez em um documento da

conferência, da importância de reduzir o uso dos combustíveis

fósseis. Em outras palavras, foi um xeque-mate no

carvão, ainda que a meta de eliminação tenha sido trocada

pela de redução.

No final do evento, a Índia e outros países conseguiram

mudar a linguagem [atenuando o relatório final], de phase

out para phase down, mas percebeu-se que nunca antes as

energias sujas foram tão acossadas quanto na COP26.

Com a liderança dos Estados Unidos e da União Europeia,

mais de 100 países concordaram em reduzir as emissões

de gás metano até 2030. Mais de 40 países, incluindo grandes

utilizadoress de carvão como Polónia, Vietname e Chile,

concordaram em abandonar progressivamente esse

combustível fóssil.

Além disso, mais de cem governos nacionais, cidades,

estados e grandes empresas automobilísticas assinaram

a “Glasgow Declaration on Zero-Emission Cars and Vans”

para encerrar a venda de motores de combustão até 2035

nos principais mercados e, mundialmente,

em 2040.

Pelo menos 13 países também se comprometeram

a acabar com a venda de

veículos pesados movidos a combustíveis

fósseis até 2040.

Durante a COP, cerca de 120 países —

representando 90% da cobertura florestal

do planeta — comprometeram-se

a reverter o desmatamento até 2030.

Houve compromisso financeiro. Um

novo fundo foi aprovado para reduzia a

zero o desmatamento ilegal até 2030 —

e teve os Estados Unidos como o maior

doador, com o compromisso de injetar

13 biliões de euros.

A questão do mercado de carbono

também deu passos adiante, com a regulamentação

dessa ferramenta, propiciando

que países emissores cumpram

suas metas adquirindo cotas de

países que conseguem sequestrar gases

de efeito estufa.

De uma maneira geral, os compromissos

não foram tão ambiciosos, deixando

muitos decepcionados.

UM GUERREIRO DO PLANETA

No meio destes adiamentos, surge um

verdadeiro guerreiro do Planeta. Ailton

Krenak — líder indígena, ambientalista,

escritor, pesquisador e jornalista. Nasceu

em 29 de setembro de 1953, em

Itabirinha de Mantena, Minas Gerais, na

região do vale do rio Doce, território do

povo Krenak, um lugar cuja ecologia

se encontra profundamente afectada

pela actividade de extracção de minérios.

É um dos mais destacados líderes

do movimento que surgiu durante o

grande despertar dos povos indígenas

no Brasil, a partir da década de 1970.

Contribuiu também para a criação da

União das Nações Indígenas (UNI).

Ailton tem levado a cabo um vasto trabalho

educativo e ambientalista, como

jornalista, e através de programas de

vídeo e televisivos. A sua luta nas décadas

de 1970 e 1980 foi determinante

para a conquista do “Capítulo dos índios”

na Constituição de 1988, que passou

a garantir, pelo menos no papel, os

direitos indígenas à cultura autóctone e

à terra. É coautor da proposta da Unesco

que criou a Reserva da Biosfera da

Serra do Espinhaço em 2005 e é membro

de seu comitê gestor.

Na década de 1990, criou o Festival de

Danças e Culturas Indígenas, na Serra

do Cipó.

A sua luta em defesa dos povos indígenas,

foi reconhecido nacional e internacionalmente,

recebeu: Prémios

“Direitos Humanos Lettelier-Moffit”, da

Fundação Letellier - USA (1987); “Onassis

- Homem e Sociedade”, da Fundação

Aristóteles Onassis - Grécia (1989);

Nacional de Direitos Humanos” - Brasil

(2005); “Comendador Ordem do Mérito

Cultural”, da Presidência da República

do Brasil (2008); “Chico Mendes” de Florestania

– Acre (2008); “Grã-Cruz da Ordem

do Mérito Cultural”, da Presidência

da República do Brasil (2015); Mestre

das Periferias, do Instituto Maria e João

Aleixo - IMJA(2018); Juca Pato de “Intelectual

do Ano”, da União Brasileira de

Escritores – UBE(2020) e “Trip Transformadores”

(2021).

Em 2016, a Universidade Federal de Juiz

de Fora (UFJF) ortorgou a Krenak o título

de Professor Doutor Honoris Causa,

um reconhecimento pela sua importância

na luta pelos direitos dos povos

indígenas e pelas causas ambientais no

país. É na UFJF professor de Cultura e

História dos Povos Indígenas e Artes e

Ofícios dos Saberes Tradicionais.

O seu livro “Ideias para adiar o fim do

mundo” está traduzido para o inglês,

italiano, francês, espanhol, holandês e

alemão. Participa ainda de várias antologias

poéticas e ensaísticas; tem artigos

publicados em revistas e periódicos

no Brasil e exterior.

“Se a Terra adoecer, nós adoecemos

junto. Não tem jeito de sermos pessoas

saudáveis com o planeta todo

espatifado. Se a gente não aprender a

pisar suavemente na Terra, o céu cai

sobre a nossa cabeça” — assegura Ailton

Krenak, em entrevista “Trocamos

nossa humanidade por coisas”. Revista

TRIP, 26.6.2021.

“Eu sou um sujeito colectivo. O facto

de ter me dedicado desde muito cedo

a olhar em torno de mim, reconhecer

as realidades que me circundavam,

pensar o que eu podia fazer para ajudar

a melhorar essas realidades e fazer

o que podia, resultou na biografia

de alguém chamado de importante

liderança indígena no nosso Brasil” —

disse Ailton Krenak ao receber o título

de doutor honoris causa da UFJF (2016)

— Universidade Federal Juíz de Fora.

32 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

33



CRÓNICA - Abraços de Palavras

CRÓNICA

GRAÇA AMIGUINHO

Há tradições que a nossa

gente nunca esquece.

Estão, geralmente, associadas

a festividades religiosas

ou profanas.

Hoje, vou falar-vos da maior de todas

e a mais delicada, porque nos envolve

em sentimentos de amor e saudade.

Amor, porque é a Festa da Família;

A MAGIA

DO NATAL

Saudade, porque recordamos os que

amamos e já não vemos sentados à

mesa, na ceia que preparamos com

desvelo, ou porque abalaram para outras

terras, em busca de uma vida melhor,

ou porque partiram para o Além,

de onde nunca mais voltarão.

Está prestes a noite mais longa do ano,

a noite em que as ruas das cidades e

aldeias ficam desertas, porque todos já

estão reunidos em ambiente familiar

para festejarem, com amor, o Natal.

É uma festa profundamente Cristã,

porque se celebra o nascimento do

Menino mais desejado, o Salvador do

Mundo, o Jesus de Nazaré.

Mas a verdade é que, nem só os Cristãos

estão unidos nessa festividade.

Muitos não crentes, mas que acreditam

no Amor, a celebram, também.

Com bastante antecedência, as igrejas,

as ruas, os centros comerciais, as pequenas

lojas, as nossas casas e até as

árvores das grandes avenidas se enfeitam

com luzes das mais diversas cores

e de formas sugestivas: pinheirinhos,

anjos, estrelas, sinos, azevinho, estando

sempre em grande destaque o presépio,

a humilde cabana onde nasceu

Jesus, aquecido pelo bafo da vaquinha

© Manuel araújo

e do jumento, que os tinha levado a

Belém.

São representações com grande simbolismo

na nossa cultura e continuam

encantando as crianças, pela magia

que as envolve, associadas a tantas

músicas tradicionais que transbordam

esse espírito sentimental, quase

inexplicável, mas que é o reflexo do

amor que desejamos ver pairar em

todas as famílias deste mundo, por

vezes tão conturbado e desumano,

no sonho de derrubarmos todas as

barreiras, para que não haja qualquer

tipo de discriminação.

A esta época Natalícia, poucos ficam

indiferentes, havendo mais manifestações

de solidariedade, abrindo-se

as portas, com carinho, aos marginalizados,

aos sem-abrigo, aos idosos,

às crianças abandonadas e aos mais

pobres.

Quantas vezes pensamos, que “Natal”

deve ser todos os dias, porque, afinal,

a partilha de amor e a fraternidade

são intemporais.

Porém, a realidade por vezes, é dura

e mostra-nos as desigualdades sociais

existentes aqui e noutros pontos do

planeta.

Em contradição, nos países onde a

riqueza abunda, nesta ocasião Natalícia,

o consumo de bens aumenta,

porque a publicidade incentiva a

comprar, para além do essencial.

Com essa atitude, procuramos, muitas

vezes, manifestar o amor que sentimos

uns pelos outros, de uma forma

palpável, oferecendo prendinhas embrulhadas

em lindos papéis coloridos

e brilhantes, sinal da alegria que nos

envolve o coração.

Nesta altura do ano, a maioria das famílias

já tem a sua sala enfeitada com

um pinheirinho, elemento de tradição

nórdica, mas que se tornou habitual

entre nós, coberto de fitas, laços

multicolores, bolas de todas as cores,

luzes que piscam, nunca esquecendo,

na sua base, a cabaninha do presépio

com a Sagrada Família: S. José,

apoiado no seu cajado, a Virgem Maria,

ajoelhada, frente ao simples berço,

onde o seu Menino, deitado sobre

as palhinhas, de braços abertos, nos

quer abraçar e, na retaguarda, lá estão

a vaquinha e o burrinho, aquecendo

com o seu bafo, o lindo nascituro.

Há ainda quem complete a cena com

os pastores e os seus rebanhos, as lavadeiras

e mais ao longe, os três Reis

Magos, vindos do Oriente, guiados

por uma estrela, até à Lapinha de Belém,

onde chegaram, dias mais tarde,

fugindo à maldade de Herodes.

Tudo isto encanta as crianças e o conhecimento

da vida de Jesus poderá

incutir no seu espírito, sentimentos de

solidariedade e fraternidade.

Se vos contar como era festejado o

Natal no meu tempo de criança, há

70 anos, numa pequena Aldeia do

interior do Alentejo, poderão entender

quantas diferenças, hoje existem.

Mas, também vos posso afirmar que,

apesar de tudo, éramos tão felizes,

como se tivéssemos o mundo nas

nossas mãos.

Vivia-se com muito pouco. Eram tempos

de muita pobreza. As famílias

eram numerosas e para que os filhos

não passassem fome, pudessem andar

vestidos e calçados, muito sofriam,

os mais velhos.

Por isso mesmo, as prendinhas que

esperávamos no sapatinho, colocado

na chaminé, na noite de Natal, eram

recebidas com tanta alegria, como se

fossem um verdadeiro tesouro. Bastavam-nos

uns pequeninos chocolatinhos,

envoltos em papel de prata

colorida e ficávamos radiantes.

Era hábito, mesmo nas casas dos pobres,

na noite de Natal, fazerem-se

os “fritos”. Farinha de trigo, amassada

com banha de porco e sumo de laranja.

A massa era tendida em pequenos

pedaços, com um rolo de madeira e

depois recortada com uma cartilha,

sobre uma tábua larga que a minha

Mãe colocava no colo, sentadinha

numa cadeira baixinha, junto à lareira

acesa na chaminé, e o meu Pai encarregava-se

de fritar as filhós numa

sertã, bem cheia de azeite puro, virando-as

para ficarem loirinhas e estaladiças.

Eram depois colocadas num grande

alguidar de barro e polvilhadas com

açúcar e canela. Uma verdadeira delícia.

Porém, o que não podia faltar, na noite

de Natal, eram as azevias. A massa

era parecida à das filhoses, mas havia

um recheio muito especial para

colocar dentro delas. Talvez um doce

único, feito com grão-de-bico bem

cozido e libertado das películas, esmagado

com um passe-vite, misturado

com açúcar, levado a lume brando

e no final misturavam-se umas gemas

de ovos e raspa de limão. Doce nutritivo

e saudável que nos dava um prazer

enorme comer, mesmo durante os

dias que se seguiam à Festa de Natal.

Como refeição, nessa noite tão bonita,

comíamos arroz de bacalhau e no

dia de Natal, havia o frango frito, bem

temperado e muito saboroso.

Não poderei deixar de vos contar que,

durante a noite festiva, na minha Aldeia,

havia sempre uns cantadores

que se dispunham a andar de porta

em porta, envoltos nos seus capotes

com belas golas de raposas, para se

protegerem do frio, que nessa altura

é de enregelar, tocando as roncas e

cantando ao Deus Menino.

Tradições que se mantêm vivas, ainda,

e que são apreciadas por muita

gente, além- fronteiras.

À meia-noite do dia 24 de dezembro,

ninguém faltava à Missa do Galo, na

Igreja paroquial. Muitas regiões de

Portugal continuam praticando este

ritual religioso.

É assim chamada essa celebração,

porque uma lenda muito antiga, contada

nos países latinos, revela que à

meia-noite, do dia 24 de dezembro,

um galo cantou, como nunca se ouvira

outro animal da mesma espécie

cantar, anunciando a vinda do Messias,

o filho de Deus vivo, Jesus Cristo.

Lendas ou histórias reais dão mais

vida, aos dias que vivemos. Assim,

para terminar, aqui vos deixo um tradicional

conto de Natal, que podereis

ler aos vossos filhos e, certamente,

eles ficarão encantados com a sua

singeleza, desejando-vos um Feliz Natal,

com muita paz e saúde.

Pela noite de Natal

Pela noite de Natal, noite de

tanta alegria, caminhando vai

José, caminhando vai Maria.

Vão os dois para Belém, mais de

noite que de dia e chegaram a

Belém, já toda a gente dormia.

- Abri a porta, porteiro, porteiro

da portaria!

Não deu resposta o porteiro,

porque também já dormia.

Buscou lenha S. José, porque a

noite estava fria e deixou ao desamparo,

sozinha, a Virgem Maria.

Quando voltou S. José, já viu a

Virgem Maria com um sorriso

nos lábios, enquanto Jesus dormia.

Vêm os Anjos dos céus, a cantar

Avé Maria!

Hoje mesmo, em Belém, nasceu

Jesus de Maria!

34 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Nova York autoriza auto-cultivo para fins terapêuticos

Laura Ramos

O Gabinete de Gestão de

Canábis do Estado de Nova

York tem a decorrer uma

consulta pública para permitir

o cultivo doméstico de

canábis para fins terapêuticos

ou medicinais e, se não

houver oposições válidas,

deverá ser aprovado até final

deste ano. Os utilizadores de

canábis para fins ditos “recreativos”

terão de esperar

um pouco mais, mas o auto-

-cultivo para uso adulto vai

ser também regulamentado

no início de 2022. Cerca de

400 mil registos de condenações

anteriores relacionados

com canábis serão automaticamente

eliminados.

O Gabinete (Office of Cannabis

Management) reuniu-se

a 21 de Outubro para propor

os novos regulamentos que

permitem aos residentes licenciados

cultivar canábis

em casa para fins terapêuticos.

As alterações emitidas

estão agora abertas num

painel de comentários públicos

durante 60 dias, que

terminarão a 21 de Dezembro.

Se não houver oposição

válida do público, o conselho

finalizará a redacção da lei e

seguirá em frente.

Esta é a mais recente progressão

na nova Lei de Regulamentação

e Tributação

da Canábis do Estado de

NY, que legalizou a canábis

recreativa em Março, dando

autorização aos utilizadores

para cultivarem em casa.

A regulamentação prevê

permitir o cultivo de até três

plantas em floração e três

plantas em estado vegetativo

por pessoa e um limite de

seis plantas maduras e seis

imaturas em qualquer residência

privada.

De acordo com o Presidente

do Conselho de Controle da

Cannabis, Tremaine Wright,

“com a votação de hoje, estamos

a avançar essas medidas

para o cultivo doméstico

de canábis medicinal para

a contribuição do público à

medida que continuamos a

expandir o programa e a dar

a mais nova-iorquinos acesso

a este medicamento e ao

alívio que ele fornece. Graças

à acção rápida do governador

Hochul e do Legislativo

em nomear o Gabinete e a

liderança da agência, estamos

a avançar a todo vapor

e esperamos continuar a expandir

o programa médico e

construir uma nova indústria

que operará com segurança

e oferecerá oportunidades

para as comunidades mais

prejudicadas pela guerra às

drogas ”.

Também a senadora Diane

Savino se congratulou com

a medida: “Eu aplaudo o governador

Hochul, o Conselho

de Controle da Cannabis e

toda a equipe do Office of

Cannabis Management por

abordar rapidamente este

problema de longa data

para pacientes certificados e

seus cuidadores. O projecto

de regulamentos claramente

estabelece um programa

que permitirá o cultivo doméstico

limitado de maneira

segura, evitando desvios

e abusos e permitindo que

pacientes e cuidadores que

podem estar longe dos dispensários

existentes giram

seu uso. Estou ansioso para

ouvir os comentários e recomendações

que virão durante

o período de comentários

públicos e estou confiante

de que Nova York emergirá

como líder neste espaço.”

O Presidente do Comité de

Saúde da Assembleia e patrocinador

do projecto original

sobre a canábis medicinal,

Richard Gottfried,

referiu também que “o cultivo

em casa dará aos pacientes

e aos seus cuidadores

outra maneira de aceder à

medicação necessária. Isso

segue a importante adição

recente de flores inteiras ao

programa médico, expansão

de profissionais qualificados

e remoção das taxas de registo

de pacientes. Elogio o

Governador Hochul e o Conselho

de Controle da Cannabis

por mais um passo em

direção a um programa de

canábis medicinal progressivo

e acessível. ”

Como vai funcionar

Os regulamentos para cultivo

doméstico de canábis

medicinal aprovados para

comentário público em

Nova York descrevem a participação

com as seguintes

medidas de saúde pública e

segurança:

Permitindo até três plantas

maduras e três plantas imaturas

por pessoa e um tecto

de seis maduras e seis imaturas

dentro ou no terreno

de qualquer residência privada.

Para cuidadores designados

com 21 anos ou mais e que

cuidam de um paciente com

menos de 21 anos ou que

não podem cultivar por conta

própria, o cuidador pode

cultivar até seis plantas de

cannabis para um paciente

certificado. No entanto,

nenhum paciente pode ter

mais de um cuidador crescendo

em seu nome. Se um

cuidador tiver mais de um

paciente médico, o cuidador

pode cultivar uma planta

para cada paciente que tiver

acima das seis primeiras.

Deixando claro que nem sementes

de cannabis, plantas

imaturas e maduras, nem

flores podem ser vendidas

ou trocadas com qualquer

outra pessoa, excepto por

uma organização registada.

Exigir que as plantas sejam

mantidas num local seguro,

usando medidas razoáveis ​

para que nem as plantas

nem seus produtos sejam

facilmente acessíveis a qualquer

pessoa com menos de

21 anos de idade, cultivando

numa área fechada não claramente

visível ao público;

tomar medidas razoáveis ​

para mitigar o odor; trancando-o;

e instalação e manutenção

de dispositivos de

segurança.

O processamento de cannabis

em casa com qualquer

líquido ou gás, excepto álcool,

que tenha um ponto

de inflamação abaixo de 100

graus Fahrenheit não é permitido

Registos de condenações

anteriores serão eliminados

Durante a reunião do Conselho

de Controle de Cannabis,

a segunda desde sua constituição

em 22 de Setembro, o

Director Executivo do Office

of Cannabis Management,

Chris Alexander, também

actualizou os membros do

Três meses de investigação

para

apreender duas

plantas de canábis

Laura Ramos

O Comando Territorial da Guarda

Nacional Republicana (GNR)

de Faro deteve “em flagrante” um

homem de 50 anos por cultivo de

canábis. Em comunicado de Imprensa,

a GNR disse que a detenção

aconteceu “na sequência de

uma investigação por tráfico de

estupefacientes que decorria há

cerca de três meses no Núcleo de

Investigação Criminal (NIC) de Tavira”

tendo apreendido duas plantas

de canábis e várias cabeças de

canábis em fase de secagem.

De acordo com o comunicado da

GNR, a detenção do homem de

50 anos aconteceu “em flagrante”

no passado dia 10 de Novembro,

em Vila Nova de Cacela, no concelho

de Vila Real de Santo António,

no Algarve. “Na sequência de uma

investigação por tráfico de estupefacientes

que decorria há cerca de

três meses, os militares da Guarda

deram cumprimento a um mandado

de busca domiciliária, tendo

apreendido duas plantas de canábis

e várias cabeças de canábis em fase

de secagem”, pode ler-se no mesmo

comunicado de Imprensa.

O detido foi constituído arguido e

os factos foram remetidos ao Tribunal

Judicial de Faro.

Portugal descriminalizou a posse e

o consumo de todas as drogas em

2001, mas a compra, a venda e o

cultivo de canábis continuam a ser

punidos por lei, com centenas de

processos de detenções a acabar

nos tribunais por tráfico de pequenas

quantidades de estupefacientes.

Raramente os detidos são, efectivamente,

presos, sendo libertadas

depois de presentes a um Juiz. A

GNR efectua detenções por posse

ou cultivo de canábis em Portugal

praticamente todos os dias.

Leia estes e outros artigos em

WWW.CANNAREPORTER.EU

36 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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Photo: Michał Ludwiczak

Conselho sobre os aspectos

de eliminação e justiça

criminal do MRTA, que reformou

o sistema de justiça

de Nova York e se esforça

para acabar décadas de

aplicação desproporcional

das leis sobre a canábis de

Nova York. De acordo com

o Marijuana Regulation and

Taxation Act (MRTA), os registos

de pessoas com condenações

anteriores por

actividades que já não são

criminalizadas pela nova lei

são automaticamente eliminados.

Cerca de 203 mil acusações

relacionadas com a canábis

estão actualmente a ser suprimidas

das buscas de antecedentes

criminais e estão

em processo de eliminação,

somando-se aos cerca de

198 mil registos que foram

eliminados como parte da

primeira rodada de expurgo

da canábis, após a legislação

promulgada em 2019.

Chris Alexander salientou

ainda que “o MRTA reformou

o sistema de justiça

criminal de Nova York

e esforça-se para acabar

com décadas de aplicação

desproporcional das leis

de canábis de Nova York.

Quando concluídas, as acções

das leis de 2019 e 2021

terão eliminado os registos

de mais de 400 mil nova-

-iorquinos – um lembrete

impressionante do impacto

que a proibição da canábis

teve em tantas vidas. O Gabinete

está empenhado em

trabalhar com parceiros estatais

e locais para garantir

que os nova-iorquinos fi-

Alemanha prepara-se

para legalizar o uso

adulto de canábis

Laura Ramos

O acordo entre os principais partidos do novo

governo alemão para legalizar a canábis para

uso adulto e criar uma estrutura regulamentada

para a indústria da canábis “recreativa”

deverá estar praticamente fechado, de acordo

com vários meios de comunicação internacionais.

O uso adulto deverá ser introduzido

durante a próxima sessão legislativa e a Alemanha

iniciará, assim, o já esperado “efeito

dominó” da legalização na Europa. A regulamentação

total da canábis pode trazer à Alemanha

receitas fiscais anuais e economia de

custos de cerca de 4,7 mil milhões de euros e

criar 27 mil novos empregos, avançou a Reuters.

O próximo chanceler alemão, Olaf Scholz, e o

seu partido centro-esquerda social-democratas

(SPD) estão em negociações avançadas com os

verdes ambientalistas e os libertários democratas

livres (FDP) para reunir uma coligação para

a legalização.

Os negociadores do SPD, Verdes e FDP ainda

estão a trabalhar em pormenores do acordo, incluindo

as regras sob as quais a venda e o uso

recreativo de canábis serão permitidos e regulamentados

na maior economia da Europa, mas já

se sabe que a Alemanha deverá seguir o modelo

dos dispensários, que existem no Canadá ou em

alguns estados dos EUA. O uso de canábis para

fins medicinais é legal na Alemanha desde 2017.

Uma investigação do Institute for Competition

Economics (DICE) da Heinrich Heine University

em Duesseldorf, encomendada pela Associação

Alemã de Cânhamo, revelou que legalizar

a canábis poderia levar a receitas fiscais adicionais

de cerca de 3,4 mil milhões de euros por

ano. Por outro lado, permitiria ainda economizar

custos para o sistema policial e judicial de

1,3 mil milhões de euros por ano, enquanto cria

dezenas de milhares de empregos na indústria

e economia da canábis.

A legalização total na Alemanha daria um impulso

ao crescente mercado europeu, que deve

valer mais de 3 mil milhões de euros em receitas

anuais até 2025, perante cerca de 400 milhões

de euros este ano, de acordo com o European

Cannabis Report da Prohibition Partners .

Foto: D.R. | High Times

Saúde

Foto: D.R. | GNR Faro



Crónica

Salazar e o atraso

Morreu-me um Amigo, o Rui !

Maria José Praça

Óbito

estrutural de Portugal

João Mendes

Ouço e leio muita gente falar no atraso de Portugal em

relação aos países de Leste, simplificando e reduzindo a

complexidade do problema a “são países liberais”, como

se, para além da Estónia, onde a pobreza e a exclusão

social têm uma dimensão bem mais preocupante

do que em Portugal, mais algum país de leste fosse

verdadeiramente liberal, para lá de meia-dúzia de

reformas, privatizações ou destruição de direitos

laborais.

Se vamos simplificar, comparemos ditaduras e olhemos

para o que foi e Educação no Estado Novo e na União

Soviética. Censura e doutrinamentos à parte, que

existiam em ambos os regimes, há algo que salta

à vista: enquanto a estratégia de Salazar residia na

ignorância programada de crianças descalças com

escolas miseráveis, com a maior parte a não passar do

ensino primário, quando o concluíam, a União Soviética

investia rios de dinheiro na educação dos cidadãos,

o que garantia uma sociedade com elevados níveis

de literacia, apesar da opressão e dos pés não menos

descalços. De outra forma, não teria tido sequer a

possibilidade de competir com os EUA durante as

décadas da Guerra Fria.

Ainda hoje, praticamente todas os países que integraram

a antiga URSS têm níveis de alfabetização superiores ao

nosso. Seja a própria Federação Russa, seja a Moldávia.

E se este atraso na educação, que é factual, tem um

culpado original, esse culpado chama-se António de

Oliveira Salazar. Por isso, da próxima vez que ouvirem

alguém culpar o “socialismo” pelo atraso face a esses

países, tenham paciência e sejam tolerantes. É possível

que se trate de uma vítima dessa ignorância programada,

que foi parte intrínseca de todos os regimes de extremadireita

no sul da Europa. E sem literacia não há massa

crítica, nem bons professores, nem bons cientistas,

nem bons empresários, nem bons engenheiros, and so

on. Estejamos, pois, agradecidos à revolução de Abril,

aos instrumentos que ela nos deu e à capacidade que

tivemos de, em menos de 50 anos, recuperar um atraso

gigantesco, ensinando a maior parte da população a ler

e escrever, a somar e subtrair, formando centenas de

milhares de excelentes profissionais, erradicando, quase

por completo, a estratégia de estupidificação ancorada

no Fado, Fátima e Futebol. Existem outros factores, sem

sombra de dúvida, mas sociedade alguma evolui sem

educação de qualidade e respeito, a todos os níveis, por

aqueles que podem fazer a diferença: os professores.

Morreu um Homem de Abril :

- Um Capitão, o Coronel de Cavalaria Rui Borges Santos

Silva, Comandante do Esquadrão de Reconhecimento

que, nessa Noite da Liberdade e dos Cravos, saiu de Santarém

com Salgueiro Maia...

Coube-lhe ocupar o Terreiro do Paço e depois, com Salgueiro

Maia, a Rendição do Quartel do Carmo.

Homem vertical, falava com orgulho daqueles que comandou

e de quem ganhou, para o resto da vida, reconhecimento

e amizade.

Era frontal :

- Homem de pão...pão, queijo...queijo, mas de uma delicadeza

e sensibilidade sem limites.

Deixou muitos relatos escritos e contou-me muitas histórias.

Desde a madrugada do dia 16, quando soube da sua partida,

que sinto saudades!

Tínhamos falado na véspera...

Um beijo aos Filhos e aos Netos.

À Fátima que, mesmo com essa cortina de Alzeihmer,

tinha sempre o Rui com ela , um beijo do coração.

Católico rico,

católico pobre

Obrigada por ti, Rui !

e

Obrigada pelas Asas à solta

d’aquela Gaivota que ajudaste

a conquistar...

(Nov.- 2021)

João Mendes

Ler mais:

https://bit.ly/3DEJnBN

Por vezes cruzo-me com cemitérios repletos daqueles grandes

jazigos, autênticos palácios muralhados que se elevam sobre a

campa rasa do comum dos mortais.

Todos os cemitérios os têm, é certo, e todos são livres de construir

os seus castelos para o descanso eterno. Mas ocorrem-me poucas

coisas, no âmbito católico apostólico romano, que sejam uma

tão gritante antítese daquilo que são os ensinamentos bíblicos,

como a diferenciação, após a morte, entre católicos ricos e

católicos pobres.

A ostentação e a estratificação social, em absoluta negação da

retórica da humildade e do desprendimento do materialismo,

e no limite - ou para lá dele - de alguns pecados ditos mortais

são um fenómeno que atravessou os séculos e que, ainda hoje,

se mantém.

Conseguem imaginar Jesus Cristo a defender cemitérios em que

os filhos do seu Pai se diferenciam pela posse e pela condição

social? Eu não. Eu imagino-o a fazer com esses jazigos o que fez

com os vendilhões do templo.

Sim, é uma hipocrisia e não podia estar mais a léguas daquilo

que são os valores cristãos fundadores e ancestrais. E são um

dos muitos espelhos de uma sociedade profundamente elitista,

onde a religião, mais do que um fim em si mesma, é um meio

para outras finalidades. Já a frugalidade sobre a qual assenta o

protestantismo, as suaas práticas e os seus templos, por contraste

com a opulência reinante no mundo Católico, diz muito sobre

onde eles estão e onde nós estamos. Nada, nem isto, é por acaso.

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espectáculo

espectáculo

“Quem quer ser jornalista?”, - foi o repto

lançado pelo Zezé Fernandes aos seus seguidores,

amigos e fãns, na sua página da

Internet, assim como na edição anterior

desta revista.

Para comemorar os seus trinta anos de

Carreira, Zezé Fernandes deu a possibilidade

a todos, de fazerem uma pergunta,

a qual seria respondida nesta edição de

Dezembro.

Zezé

Fernandes

Trinta anos

com o Minho

no coração

Dado o número muito elevado de perguntas

recebidas, por questões editoriais tivemos

de “amputar” algumas delas, pedindo

desde já desculpa aos autores.

Zezé Fernandes, apelidado desde há muito

por “bicho de palco”, dado o seu peculiar

desempenho em palco, é cantor, compositor,

multi-instrumentista e editor dos

seus próprios trabalhos.

Tem orgulho de ser minhoto e por ter

nascido na terra do vinho “verde”, na vila

de Ponte da Barca em 1966, ano em que o

seu Braga ganhou a primeira Taça de Portugal.

Com 8 anos já andava de acordeão ao peito

a tentar “fazer alguma coisa”, mas só

em 1982 quando o Júlio Pereira lançou o

álbum “O cavaquinho”, é que despertou

por completo para a música”, primeiro

como amador e depois como profissional.

Já anda nisto há 30 anos.

Manuel Araújo

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espectáculo

espectáculo

Respostas às perguntas dos

seus admiradores e amigos:

Explain why you changed your music genre, since you

love metal!!!

Isa Afonso . Monção

— I like heavy metal and traditional music. I opted for traditional

music because it is more commercial and guarantees

more financial stability, which in turn makes me very

happy because as I stated, I really like traditional music. I’m

a traditional metalhead.

Sabendo tu que a minha preferência da tua arte é a tua

vertente do projeto “ À Sombra de um Choro” (uma obra-

-prima, cada vez que revisito essa tua criação), haverá

espaço para ver mais desenvolvimento musical nesse

teu registo (porventura “Na Luz do Sorriso”) e que merece

justo destaque e ser dado a (re) conhecer à plateia

que se multiplicou por muitos desde o seu lançamento

original há décadas (Easy Bar). Alles klar...

José Manuel Silva . Ponte da Barca

És dos poucos que está muito bem informado sobre a

minha carreira, e posso-te dizer que, a “A Sombra de Um

Choro” está em contagem decrescente. Aliás, as baladas do

meu último cd (Coisas simples de Zezé Fernandes”, já são

um bocadinho um levantar do véu do que se aproxima.

E quem deu uma pequena ajuda para seguir a carreira

de músico, ou não te lembras?

João de Deus Fernandes . Ponte da Barca

Foste tu, claramente. Ehehehehheheh

Em que ano comeste Maranho da Sertã pela primeira

vez?

Victor Farinha . Sertã

Eh pá, essa agora... mas que já comi mais de 3 vezes…

O que gostarias de fazer se não fosses músico? Talvez

polícia?

Carmo Alpoim . Murten

Polícia não porque seria eu o primeiro a mandar umas cacetadas

valentes nesses gajos corruptos que andam por

este país. E sabes muito bem os problemas que iria ter depois.

Eheheheheheheh. Talvez fosse arquiteto, talvez fosse

advogado… Nunca pensei muito nisso porque a música estava

desde muito cedo nos meus objetivos.

Após 30 anos de carreira criativa e de um trabalho

exemplar de divulgação da música popular portuguesa,

para quando a edição de um “Song Book - Livro de

Canções” que eternize o trabalho produzido ao longo

de toda a tua carreira musical?

João Pedro Cruz . Viana do Castelo

Olha, a ideia é bem bonita, mas nos tempos que correm…

bastante improvável. Sabes muito bem que ninguém quer

comprar cd’s, porque ouvem tudo da internet (com péssima

qualidade). E claro, nem todos são como tu que tem

a minha discografia completa. Mas pelo menos, obrigado

pela ideia… e por saber que já teria um exemplar vendido.

Quantos bolos do caco (e já agora Ponchas na Serra D`Água)

já comeste e bebeste no total das tuas idas à Madeira?

Lucília Oliveira . Vila Nova de Muía

Oh minha amiga “barquemadeirense”, deves imaginar que

depois dos meus mais de 100 espetáculos feitos na ilha da

Madeira, tive oportunidade de comer e beber o que de melhor

havia na gastronomia madeirense. Confesso que reguei

sempre muito bem os meus apetites gastronómicos,

daí não me lembrar de muita coisa que por lá se passou.

Eheheheheheheeh. Mas comi muito, e bebi ainda mais.

Como te sentes por ter vindo à madeira tantas vezes

para concertos? Como descreves esses momentos?

Roberto Costa . Madeira

Esse “tantas vezes para concertos”, deve ser mais ou menos,

e para não falhar muito, mais de 100 espetáculos. Passei,

e continuo a passar, momentos excelentes na Pérola

do Atlântico, e muito te agradeço, porque desde o dia em

que me viste em Viana do Castelo, não descansaste até me

colocares na rota da Madeira. É obra o que fizeste comigo.

Só quero saber se a Casal Boss ainda anda, o resto já

conheço?

José Rocha . Arcos de Valdevez

Isto já é entrar na minha vida pessoal. Eheheheheheheeh.

Mas não vou fugir à pergunta, claro que ainda anda a minha

motinha.

Em que sentido é que as tuas raízes influenciam as tuas

músicas?

Berto Boss . Penafiel

As minhas raízes, a minha Ponte da Barca, o meu Alto Minho,

a minha gente, o meu folclore e as minhas tradições,

são a razão de quase todas as minhas músicas. Desde a

parte musical, os viras e canas verdes, até aos temas escolhidos

para as letras, são essas as razões das minhas músicas

terem e fazerem sentido. Estou completamente apaixonado

por estas minhas raízes.

O pai natal deixou-te no sapatinho um voucher para ires

em tournée com a tua banda preferida e escolheres a

vossa primeira refeição juntos. E agora Zezé? Como é

que é?

Linda Rodrigues . Viana do Castelo

Pena o pai natal não ter deixado vários vouchers, para ir

para a estrada com os Whitesnake, Metallica, Iron Maiden,

Deep Purple, e mais alguns. Claro que ia por estes gajos

todos a comer o nosso sarrabulho, lampreia, tripas, cabrito

da serra, cozido à portuguesa, pataniscas, moelas, iscas de

fígado, enchidos de Melgaço, etc, etc, etc… e claro o nosso

vinho verde. Que bela fonte de inspiração. “Ah home”, até

faziam peão.

Qual foi o teu primeiro instrumento e qual é o teu cavaquinho

preferido?

Sérgio Oliveira . Ponte da Barca

44 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

45



espectáculo

O primeiro instrumento que peguei, onde se notou algum

jeito para a música, foi o acordeão. Depois a bateria. Até que

em 1991 apareceu o cavaquinho. O bandolim e o cavaquinho

são claramente os meus instrumentos preferidos, e onde me

saio melhor.

Lembro que os teus pais sempre foram permitindo os

teus ensaios lá por casa, há muitos anos, mesmo uns outros

algo mais barulhentos. A propósito dos teus pais, de

quem gosto e sou amigo, lembro que já várias vezes os

mencionaste publicamente. Falando deles, ocorre-me

então a pergunta: - o que gostavas de dizer aos teus pais

e que ainda não lhes disseste?

Carlos Rocha . Ponte da Barca

Partindo do princípio que musicalmente sou 5% Cristiano

Ronaldo, e 95% Messi, só tenho que dizer um muito obrigado

ao Zé Luís e Lurdes, por me terem feito com

este jeito para a música e para os cordofones.

Por acaso, nunca lhes disse.

Qual o segredo da tua energia

dentro e fora do palco?

Mário Monteiro . Melgaço

Se te disser que é do vinho

“Aqui começa Portugal”,

estaria a mentir. É uma

ajuda… mas para menos.

Eheheheheheheh. Acredito

que a minha energia

virá da minha positividade.

Sou

b a s t a n t e

crente nas pessoas que me rodeiam, e acredito em gente

boa. Sou uma pessoa que tem sempre um sorriso estampado

no rosto, e faço questão de levar alegria e felicidade aos

que me rodeiam, sejam eles os meus amigos e pessoas com

quem convido diariamente, seja o público que vai aos meus

espetáculos. Tudo isso me dá uma força incrível.

O que gostas de fazer depois de dar um trambolho do

palco?

Zé Marcelino Pires . Inglaterra

Ir para dentro de uma ambulância que me levaria ao Hospital

de Coimbra, não seria certamente o que gostaria de fazer

depois de um trambolhão de mais de 2 metros de altura na

grande concentração motard de Góis. Ainda pensei que me

ias apanhar… eheheheheheheheh.

Qual foi a música que te deu/dá mais “gozo” de cantar e/

ou tocar? E porquê?

Luís Sendão . Arcos de Valdevez

Gosto de todas as minhas músicas… mas a “Senhora da Peneda”

do cd “Canções & Ilusões” e “Os meus amores”, “Nuvem”,

“O cantador”, “A voz do poeta”, “E lá no céu” e “Vamos

lá bailar” do cd “Coisas simples de Zezé Fernandes”, puxam

muito ao sentimento. Acho que são as minhas preferidas. No

entanto, “Ganhar o euromilhões”, tem um significado muito

especial, porque foi gravada com um esforço tremendo pelo

amigo Zé Amaro, após sair do hospital.

Qual a situação mais caricata que te aconteceu

num concerto de comício político?

Marco Alves . Amares

Esta é muito fácil, foi em Amares na praça

principal, onde estava eu numa ponta, num

comício do CDS e na outra ponta o PS. Qual

não é o meu espanto, quando eu cantava alegremente,

de repente os emissores pregaram-

-me uma grande rasteira e começaram a emitir no

meu som os cânticos do PS. Chiça, fiquei mesmo

muito atrapalhado.

Sempre te conheci com a tua alegria e boa disposição,

qual é o segredo?

Isabel Gonçalves . Ponte da Barca

O segredo é mesmo esse, fazer cara de parvo e andar

pela rua a distribuir sorrisos e boa disposição.

Ah, ter muitos amigos é uma grande ajuda.

Qual foi o pedido mais estranho que recebeste em

palco?

Paulo Arezes . Barcelos

Não foi no meu palco que pediste a Cristina Sala em casamento,

pois não? Mas já houve quem me entregasse uma

garrafa de vinho da Barcelos em pleno palco.

Qual foi o trabalho que te deu mais prazer fazer?

Sandra Melo .Ponte da Barca

Claramente o “Coisas simples de Zezé Fernandes”. Por ser o

último, por ser o de comemoração dos meus 30 anos de carreira,

e por o ter feito em casa e em plena pandemia. Três

meses e meio completamente isolado. Este custou-me bastante…

Qual o significado do traje que usas nos teus espetáculos?

Foi criado por ti?

Marília Carneiro . Ponte da Barca

O preto é uma cor que gosto muito, quer no palco, quer

fora dele, o que até parece estranho, sendo eu uma pessoa

sempre tão alegre e distribuir alegria pelos amigos,

usar uma cor, “dizem os entendidos”, tão triste.

Por norma, as pinturas que uso nas roupas estão ligadas

ao cd ou tour desse mesmo ano. E sim, sendo eu um criador,

sou eu quem idealiza as roupas para a Dona Maria as

pintar.

Apesar da amizade, temos uma coisa em comum o

país. Onde está a camisola que me prometeste da Venezuela?

Sónia Barbosa . Paredes de Coura

Bela maneira de me envergonhares e, perante tantos leitores,

me obrigares a oferecer a tal t-shirt da Venezuela.

Eheheheheheh. Olha, e porque não num espetáculo em

Paredes de Coura?

Uma vez que tens uma forte ligação com a Venezuela,

nunca pensaste escrever/gravar uma música em espanhol

e fazer dupla com algum artista venezuelano? Se

assim fosse, com quem gostarias de gravar?

Vanessa Reitor Almeida . Entre Ambos os Rios

Já tenho uma canção dedicada aos meus amigos espalhados

pela Venezuela, “Vira de Caracas”. Gostaria de convidar

o Maduro para a gravação. Assim, eu apanhava o gajo a

jeito, dava-lhe um arraial de porrada que nunca mais ia

para o Palácio de Mira Flores. E tenho tantos amigos que

ajudariam… na gravação. Eheheheheheh

Em que século perdeste a virgindade musical? E, já

agora, a outra?

Rui Brito Mendes . Arcos de Valdevez

Não tem que enganar, século 20. Também não tem que

enganar, século 20.

Qual a força que te move? A de pertencer a uma terra

(Ponte da Barca) ou a uma região (Alto Minho)?

Manuel Correia Cerqueira . Arcos de Valdevez

Como minhoto, sou uma pessoa cheia de vida, de força, de

alegria e boa disposição. Se bem que às vezes, sabe-se lá

o esforço que faço para distribuir alegria e boa disposição.

A minha força vem das minhas raízes. Orgulhosamente

minhoto.

O que dizem os teus olhos?

Graça Almeida . Belinho

Acho que os olhos são muito o reflexo da pessoa que somos.

Essa seria melhor perguntar às pessoas que lidam

comigo diariamente. Não serei a melhor pessoa para me

definir, e claro que também sou suspeito, posso ser tendencioso.

Eheheheheheheheheh. Mas já agora, diz-me tu

o que é que os teus olhos vêm nos meus?

O que diz o teu cavaquinho?

Armando Carriça . Aboím da Nóbrega

O meu cavaquinho diz o que eu mando transmitir, ou pelo

menos dá uma grande ajuda. Ele e o bandolim são os

meus

f i é i s

ajudantes

nesta

minha caminhada

musical.

Qual o teu momento mais

forte?

Paulo Abreu. Belinho

Já tive tantos momentos fortes, que será difícil ou até injusto

enumera-los. Mas, e só para dar um pequeno exemplo,

ter amigos e fãs de Belinho City a virem a um concerto

de comemoração de 30 anos já é um daqueles grandes e

inesquecíveis momentos. Ah, obrigado pela ofertas.

No início da tua carreira não pensaste em ir viver para

Lisboa por causa das oportunidades a nível artístico?

– Maria José Falcão . Amares

Sempre convivi muito mal com essa dura e triste realidade

do centralismo, e durante este 30 anos de carreira saí

claramente prejudicado por fazer questão de lutar, lutar e

lutar... e nunca me vergar. E os “centralistas idiotas” sabem

muito bem qual a minha posição. Até para bem do país,

seria muito importante as pessoas acreditarem que Portugal

não é só Lisboa. Poderíamos ser um grande país… mas

eles não deixam.

Todo o artista é humano, todo o humano erra...qual foi

o maior prego em cima de um palco, aquele que realmente

te deixou enrascado?

Nel Marçal . Castelo de Paiva

Cair do palco conta? Felizmente só caí 3 vezes.

Eheheheheheeh. Ter porrada valente a dois metros do palco

conta? Já tive 2 vezes. Eheheheheheh. Estou a dizer isto

para não falar dos meus enganos nas letras, e até, enganos

nos instrumentos. Eheheheheheh

Quem te motivou a seguir enfrente nesta tua extraordinária

carreira de músico e cantor ? Não seria por acaso

o Hélder da Barca quando descia a rua por detrás o

forno com a viola debaixo do braço ? Lembro-me de me

dizeres um dia vou tocar como tu !!! Eras uma criança

eu sei … parabéns hoje prezo-me de te dizer que aceitaria

umas aulas de tua parte … forte abraço amigo

Hélder Dias. Canadá

46 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

47



Meu amigo, lembro-me perfeitamente desse momento, se

bem que já não me recordo das palavras. Era mesmo pequenino,

mas se tu dizes é porque é mesmo verdade.

Foi muito difícil chegar ao estrelato, sendo um artista minhoto

longe de Lisboa?

Karter Mendes . Braga

Como já disse, Portugal não é só Lisboa. Temos todo um restante

continente, ilhas e portugueses espalhados pelos 4 cantos

do mundo, que são sinónimo de grande qualidade. Infelizmente,

parece-me que depois do 25 de Abril, e ao contrário

do que seria espectável, Portugal tornou-se muito mais num

“Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”. Todo o sucesso que

tive até hoje o devo aos de “fora de Lisboa”.

De onde vem essa energia toda? Esses saltos únicos?

Armindo Alves . Zurique

Esta é muito fácil, quando me levaste a tocar em Zurique,

já nem sei quantas vezes, a energia veio toda de Portugal.

Eheheheheheh. Estes saltos são uma inspiração / cópia do

que se faz no meu rico heavy metal. Não fui eu quem inventou

este salto. Mas assumo que fui eu quem o introduziu na

música tradicional. Entre muitas outras coisas que trouxe

para o mundo espetáculo, e que hoje vejo a ser copiadas. Mas

cópias muito mal feitinhas. Eheheheheheheh

O que é mais feliz para o amigo: ter amigos, ter dinheiro,

cantar sempre até que a voz lhe doa, ou viver descontraidamente

no mundo dos vivos?

Francisco Rosa . Barcelos

Fora dos palcos estás sempre a comer em público. É fome,

nervosismo, ou a ténia? Nos espectáculos estás sempre

“electrizado”. O que ingeres para teres essa “pica”, é com,

ou sem receita médica?

Manuel Araújo. Braga

Tantas e tantas vezes que saio à rua e vou a comer alguma

coisa, ou uma peça de fruta, ou uma sandes… já é normal

em mim. E os amigos já nem me conseguem ver sem ser

dessa maneira. Eheheheheheh. Em tempos já foi ténia,

agora é mais… apetite voraz. Nos espetáculos estou sempre

“electrizado” porque é o amor ao que faço que me deixa

naquele estado, portanto, é produto natural e sem receita.

Eheheheheheheh

Tens inúmeras músicas que poderiam dar mega sucessos.

Porque é que nunca aconteceu? O que faltou?

– Silvestre Mota. Panóias

Músicas para serem um mega sucesso, a tal coisa que dizem

me está a faltar, tenho eu muitas, não tenho é igualdade de

oportunidades na rádios nacionais e nas televisões para

fazer delas um hit. Um sucesso é feito de muita insistência.

Há que encher os ouvidos do público. E como só um programa

ou outro de televisão aposta em mim, é extremamente

difícil chegar lá.

Óbito

O medo das classes médias

Tenho amigos, algum dinheiro, e canto mesmo quando

a voz me doí, mas tudo isto com muita descontração.

Ehehehehehehehehe

Carlos Matos Gomes

O que levará que duas figuras risíveis, que em princípio

deveriam provocar o riso e o desprezo devido

aos bufões, a ter seguidores, a ser-lhes dado atenção

como se fossem seres humanos respeitáveis, dotados

de valores, de um discurso coerente?

O facto de Ventura e de Rangel aparecerem nos

órgãos de comunicação e perante nós – Nós – a comunidade

que anda por escolas, fábricas, hospitais,

universidades, igrejas, cinemas, teatros, museus, que

lavra, tece, conduz comboios, aviões, autocarros, que

entra numa livraria, que diz bom dia, obrigado, faz

favor dar atenção e levar a sério estas duas figuras

de pechisbeque, de aceitar que se apresentem como

candidatos a serem os seus dirigentes, a intervir nas

suas – nossas – vidas é para mim um mistério e, assumo,

uma vergonha.

Haverá uma explicação para estas aberrações merecerem

um segundo de atenção, um cagagésimo de

respeito e crédito?

Há, e não é uma bom motivo. A explicação chama-se

medo!

O jornal El País de hoje contem uma artigo de Joaquin

Estefania que explica estes comportamentos

em que os mais abjetos seres de entre nós podem

ser tomados como remédio e salvação.

Vivemos um momento da história (como outros) em

que se perdeu o “princípio da esperança” e se instalou

o medo e a incerteza. Como consequência as

classes médias enfrentam a realidade assustadas

como um rebanho perante uma trovoada. A indefinição

do conceito de “classes medias”, permite que

todos os que não pertencem aos extremos sociais se

sintam temerosos pelos estragos provocados pela

crise que vem, recorde-se, de 2008 e do escândalo

do Lhemann Brothers.

A filósofa Hannah Arendt, no livro “Homens em tempos

de escuridão” escreveu que o mundo se torna

negro quando os cidadãos deixam de partilhar sentimentos

de responsabilidade coletiva e apenas se

preocupam com os seus interesses individuais, quando

perdem por completo a confiança na política e

voltam as costas a tudo o que diz respeito à esfera

pública. Quando a população manifesta desconfiança

e receio nas instituições democráticas e o individualismo

alcança cumes sem precedentes.

Os Venturas, os Rangel surgem deste medo e deste

individualismo extremo.

Vivemos numa sociedade doente quando monos

como estes surgem no espaço público a vender banha

de cobra e têm compradores.

https://elpais.com/.../el-miedo-de-las-clases-medias.

html

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51



Espectáculo

Espectáculo

Pedro

de Tróia

“Tinha de ser assim”

JOAQUIM GALANTE (*)(*)

Vou esquecer por momentos

o que aprendi

em jornalismo, acerca

da escrita directa e não

romanceada, e descrever-vos

o melhor possível

o que aconteceu no

evento a que assisti no

passado dia 13, um texto

tipo ‘Viagens na Minha

Terra’ de Almeida

Garrett.

Naquele dia fui ao teatro Capitólio/Lisboa,

fui nas calmas,

ainda passei pelo Coliseu

para cumprimentar a promotora

do concerto que ali ia ocorrer (Anselmo

Ralph) e fui depois em passo lento

para o dito teatro a pensar no que o

Pedro, de Tróia, teria para me/nos oferecer.

Entrei nas calmas, afinal ainda faltava

cerca de uma vintena de minutos

para começar o show e, passada

hora e meia, saí a correr, bom não foi

bem a correr, mas foi a andar depressa,

demorei vinte minutos a chegar a

casa, moro no Castelo de S. Jorge, não

lá dentro, não sou nenhum rei, mas

moro ao lado.

Entrei, larguei a tralha rapidamente

e fui buscar um livro que o meu pai

diz que usava na primária e que fala

de adjectivos superlativos absolutos

analíticos sintéticos e não sei mais o

quê, bom não vos vou explicar o que

são estas coisas da língua portuguesa,

porque simplesmente não sei bem

explicar, mas queria encontrar um adjectivo

acompanhado de um advérbio

para destacar o verbo que tinha

acabado de me encher o coração e a

alma.

O verbo era sem dúvida Pedro de

Tróia. Não encontrei nem adjectivo ou

advérbio adequado o suficiente para

classificar o que tinha assistido, ainda

estará por inventar. Na história mitológica,

Tróia perdeu a guerra mas o Pedro

ganhou um público que encheu

o Capitólio, ganhou fãs e ganhou-me

também a mim que saí rendido a tamanho

talento.

Mas comecemos pelo princípio, o Pedro

entrou no palco, com os músicos

que o acompanhavam, João Eleutério,

Rita Laranjeira, Silas Ferreira, Tomás

Branco e a participação especial de

Ana Claudia no back vocal, num ambiente

escuro e cheio de fumo (como

eu odeio aquele fumo), agarrou-se ao

microfone, e cantou com voz firme e

melodiosa três seguidas sem parar tal

como na rádio. Faltou-lhe o fôlego,

deduzo eu, e começou então a falar.

Começou logo por dizer que era tímido,

não precisava de o dizer já todos

tínhamos reparado nisso, mas depois

não se calava, de repente pensei estar

num stand up comedy de tão divertida

a intervenção que até me esqueci

que tinha ido ali para assistir a um

concerto musical.

Depois de cantar ‘Namorada’, ‘Gosto

Tanto de Ti’ e ‘Dor no Ombro’, sem

falar com ninguém, anunciou que ia

cantar o tema ‘Embaraçado’ que, segundo

ele, foi como tudo começou,

não sei há quanto tempo foi porque

actualmente de embaraçado não tem

nada.

Desembaraçado, o Pedro de Tróia, tal

como o cavalo grego que enganou os

troianos, enganou-nos também a nós,

a classificação de tímido e embaraçado

para ele não deve ter a mesma

conotação. Depois vieram as dedicatórias,

Passarinho dedicou-a ao agente

Pedro Valente e explicou que era

graças a ele que estava hoje a pisar

o palco do Capitólio. Bem tínhamos

algo em comum, eu também ali estava

graças ao Pedro Valente da promotora

Azáfama.

Depois cantou ‘Ballet’, ‘Rés-do-chão’,

‘Dente de Leão’, ‘Salvadora’ e ‘Mãe’,

cada uma delas dedicada a um dos

membros que o acompanhavam na

banda, todos eles com méritos por o

terem ajudado a trilhar o caminho,

mas tudo bem explicado antes de

soltar a voz, musicalmente falando.

Pelo meio um dueto com Rui Reininho

nas canções ‘Carrossel’ e ‘Asas

(eléctricas)’ dos GNR, o Rui rapidamente

disse que iam dar duas sem

tirar talvez para evitar conversas e

mais dedicatórias. As ‘asas servem

para voar’ cantava o vocalista da

famosa banda de rock portuguesa,

mas por esta altura já o Capitólio pairava

nas nuvens.

Depois do tema ‘Mãe’, Pedro anunciou

o término da sua actuação no

emblemático teatro lisboeta, pensava

ele, pensou mal, o público obrigou-o

a um encore.

Regressou e de luz nos olhos, um pedido

que fez ao técnico para não encarar

o público e se emocionar, pelo

regresso aos palcos depois de treze

meses de ausência devido à pandemia,

aproveitou para dedicar as próximas

músicas a mais alguém, foram

tantos mais que cheguei a pensar

que se não tivesse a luz nos olhos era

capaz de conseguir ver-me e incluir-

-me na lista.

Agradeceu, entre muitos outros, à

Sara Espírito Santo e ao Ricardo Rodrigues

a promoção e divulgação do

evento, outro ponto em comum eu

também lhes agradeço pela simpatia

e disponibilidade para intermediar

o acesso aos mesmos.

Cantou então no regresso ‘Não te vou

deixar para trás’, acompanhado pelo

primo à viola, a quem ele ensinou a

tocar sem mesmo ele saber tocar, a

seguir ‘Nunca falo demais’ já com a

banda e terminou com Carrossel, o

single de avanço do seu novo trabalho

‘Tinha de ser assim’, que era para

ter sido em dueto com o Rui Reininho

mas este já devia ter voado a outras

paragens.

Depois de tudo isto quero dizer-vos

que aquilo que me levou ao Capitólio,

foi exactamente assistir ao lançamento,

ao vivo, pelo Pedro de Tróia

do seu mais recente trabalho musical,

um álbum que tem por título ‘Tinha

de Ser Assim’.

Quem teve a felicidade de estar presente

assistiu certamente a um dos

melhores concertos do ano por toda

a envolvência, tudo foi óptimo, a

qualidade musical e instrumental, os

vocais de apoio (back vocal), a interacção

com o público, conseguiu fazer

com que o público se integrasse

e se sentisse parte do espectáculo, a

alegria e a energia emanada do palco

foram o tónico para um concerto

para recordar. Até eu o acompanhei

com o meu ‘front vocal’, mesmo sem

saber antecipadamente as letras, ele

é que não se apercebeu certamente,

faltou-me a amplificação.

Pedro de Tróia é figura incontornável

no panorama musical português.

Ex-vocalista da banda pop Os Capitães

da Areia, aventurou-se a solo em

2020, com o álbum “Depois Logo Se

Vê”, onde se destacaram os singles

“Embaraçado”, “Salvadora” e “Nunca

Falo Demais”. Hoje anunciou para

breve um terceiro álbum de inéditos,

a curiosidade é grande.

Quem não pode estar presente no

Capitólio com certeza terá outras

oportunidades, um espectáculo com

esta qualidade não pode ser único.

Alinhamento: Namorada – Gosto

Tanto De Ti – Dor No Ombro – Embaraçado

– Passarinho – Ballet – Rés-do -

-Chão – Dente de Leão – Carrossel –

Asas – Salvadora – Mãe Encore: Não

Te Vou Deixar Para Trás – Nunca

Falo Demais – Carrossel

(*)

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Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden

Fellenbergstrasse 291,

Postfach 217

8047 Zürich

Tel.: 044 242 06 40 7 - 044 242 06 45

Email: mclp.zh@gmail.com

Horário de atendimento:

segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h

Humor - Quem não sabe rir, não sabe viver” - Passatempo

Ouro Preto, Zinco de

Agosto de 1995.

Carta de amor

de um químico

Querida VALÊNCIA:

Sinto que ESTRÓNCIO

perdidamente apaixonado

por ti. Ao deitar-me,

quando DES-

CÁLCIO meus sapatos,

MERCÚRIO no SILÍCIO

da noite, reflicto e vejo

me que sinto SÓDIO.

Então, desesperadamente

CRÓMIO. Sem

ti, VALÊNCIA, a minha

vida é um INFERRO. Ao

pensar que tudo começou

com um ARSÉNIO

de mão, CLORO de vergonha.

SABISMUTO que

te amo, embora não o

digas, sei que gostas de

um tal HÉLIO e também

do HIDROEUGÉNIO.

De ANTIMÓNIO, posso

assegurar-lhe que não

Feriados e Datas Comemorativas

sou nenhum ÉRBIO e

que HABÁRIO para viver.

OXIGÉNIO cruel tu

tens. VALÊNCIA! Não

PERMETAIS que eu CO-

METAIS algo ERRÁDIO.

Por que me fazer sofrer

tanto assim, sabendo

que tu és a luz que me

ALUMÍNIO? Meu caso é

CÉRIO, mas não ÁCIDO

razão para um ESCÂN-

DIO social. Eu soube

que a PLATINA contou

que te EMBRÓMIO com

esse NAMOURO. MAN-

GANÊS, deixa-te disso e

não acredita NIQUELA

disser, pois sabes que

nunca agi de modo ES-

TANHO contigo. Aliás se

não tiveres arranjado

outro ANGONIOMENTO,

procura um ADVOGA-

DOURO e me METAIS

na cadeia.

Lembra-te porem que

não me SAIS do pensamento.

ABRÁCIDOS COMOVI-

DROS deste que muito

te ama, MAGNÉSIO.

Sempre a

estragar o meu

aninversário...

Não tens

vergonha?

Vá lá... outra

Coca-Cola?

Engano Fatal.

Um estudante ia a passar em frente a

uma loja, e acabou por comprar um par

de luvas para a sua namorada. Pediu à

vendedora para embrulhar e foi pagar,

deixando o embrulho ao lado de outro

igual, contudo neste último, havia um

par de cuecas. No fim, o embrulho foi

trocado e o estudante enviou-o junto

com uma carta que dizia assim:

“Meu amor:

Sei que hoje não é o teu aniversário,

mas passei em frente

a uma loja e resolvi comprar-te

este presente, mesmo

sabendo que não costumas

usar, mas eram muito

bonitas.

Não sei se são do teu tamanho

nem se gostas da cor,

mas a menina experimentou-as

na minha frente e eu

gostei muito. Ficaram um

pouco larguinhas na frente

e dos lados, mas assim

as mãos entram com maior

facilidade além de deixar

os dedos mais livres para

se movimentarem, fazendo

também com que fique mais

fácil tirá-las.

A vendedora mandou lembrar

que ponhas pó de talco

quando as tirares de modo a

evitar o mau cheiro.

Meu amor, gostaria muito

que as usasses, pois, elas cobrirão

o que te pedirei brevemente.

Um grande beijo onde as vais

usar.”

Baptista Soares

(Endireita)

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Datas comemorativas

Dezembro 2021

01 QUA Restauração da Independência

11 SÁB Dia Internacional da UNICEF

01 QUA Dia Mundial de Luta Contra a Sida

11 SÁB Dia Internacional do Shareware

01 QUA Dia da Filatelia

12 DOM Dia da Poinsétia

02 QUI Dia Internacional para a Abolição da Escravatura 12 DOM Dia Int. da Criança na Rádio e Televisão

02 QUI Dia de Santa Bibiana

13 SEG Dia do Violino

03 SEX Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 14 TER Dia Mundial do Macaco

03 SEX Dia Int. dos Portadores de Alergia Crónica 15 QUA Dia Internacional do Chá

04 SÁB Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla 15 QUA Dia de Zamenhof

04 SÁB Dia da Bolacha

17 SEX Dia Int. Contra a Violência Sobre Trabalha

04 SÁB Dia Mundial da Conservação da Vida Selvagem

dores do Sexo

05 DOM Dia Internacional do Voluntariado

18 SÁB Dia Internacional das Migrações

05 DOM Dia da Banheira

18 SÁB Dia da Língua Árabe

05 DOM Dia Mundial do Solo

20 SEG Dia Internacional da Solidariedade Humana

05 DOM Dia Internacional do Ninja

21 TER Solstício de Inverno

07 TER Dia de Timor-Leste

21 TER Início do Inverno

07 TER Dia Internacional da Aviação Civil

21 TER Dia das Palavras Cruzadas

09 QUI Dia Internacional Contra a Corrupção

22 QUA Dia de Santa Francisca Xavier Cabrini

09 QUI Dia Int. das Vítimas do Crime de Genocídio 22 QUA Signo Capricórnio

09 QUI Dia Nacional da Pessoa com Deficiência

25 SÁB Natal

10 SEX Dia Internacional dos Direitos Humanos 26 DOM Boxing Day

11 SÁB Dia Internacional da Montanha

31 SEX Réveillon

11 SÁB Dia Internacional do Tango

31 SEX Véspera de Ano Novo

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POESIA

Do alto da serra

CULTURA

V CARMINDO

DE CARVALHO

https://bit.ly/3jAnqL2

BOAS

FESTAS!

Lá do alto da serra vem tudo.

Ou quase tudo.

Espreita o sol e quando quer vem

quente

E abrasador, tudo queimando, flora e

gente.

Lá do alto da serra

Vem a chuva

Mansamente ou em fúria

Em enxurrada desenfreada!

Vem também a molha – tolos

De mansinho tudo encharcando!

Vem a neve descendo

Metro a metro

Palmo a palmo

De socalco

Em socalco.

Até que de repente

Abraça e cobre

A soleira da minha porta,

O parapeito da minha janela.

Foto: manuel araújo

V MARIA

JOSÉ PRAÇA

https://bit.

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Galhos das Minhas Lembranças...

Neste mosto de Natal

Com luzes sem tal e qual

Como as que guardo da infância

Rasgo o poema n’um galho

Que desdobro na memória

À lareira da lembrança

É feito das minhas ondas

Que se derretem no olhar

Entre presépios desfeitos

E sinos a badalar

E na toalha de linho

D’uma avó que já não tenho

Celebro a pauta da vida

Em canto sem ter tamanho

É hino aberto ao pulsar

D’uma estrela sem Belém

Vai no regato do sangue

P’ró musgo da minha mãe

E em jantar onde me sento

Com olhos de ver em mim

Trilho saudades no tempo

Em ceia de mar sem fim

Nozes, passas,figos secos

Licores-doces, doces-vinhos

Rabanadas, filhós, sonhos

Cantilenas de carinhos

Sapatinhos, botas,socas

Mais um madeiro a queim ar

O frio da Missa do Galo

E a neve d’este gelar

E no cruzar do caminho

Num alpendre sem ter nome

Um Cristo a dormir sozinho

Num Natal que foge a monte !

E eu embasbacado

Ali fico pregado

A admirar a sua linda

E fria brancura.

A beleza incomparável da natureza!

Ponho a mesa em azevinhos

Com palhas de fios de lã

Com chaminés de poemas

Soltos em grãos de romã

Maria José Praça ( “Pedras do meu andar”

BOAS

FESTAS!

- Dezembro de 2013

MENSAGEM DE NATAL

BOAS

FESTAS!

V JOÃO

LUÍS DIAS

https://bit.

ly/3CDoarx

SIMPLES

Colhi tangerinas no quintal

e lembrei um amigo

em cada fruto.

Podei a árvore de romãs

perfilada entre roseiras no jardim

e olhei o rio que desce ao fundo

calmo e a transbordar

como que antecipando as chuvas.

Revi ”A bela adormecida”

ao sabor doce uma rabanada

e acendi a lareira

para aquecer cedo a festa.

Mais logo irei consoar

e esperar a meia noite

para mais uma visita às estrelas

e à página do livro que guardo…

Poderia ser de outra forma

mas o meu Natal é assim:

tão simples, quanto ele me pede.

PRESÉPIO

Quero um Natal que me leve a

um presépio simples; que me

lembre as pedras no “campo

do rio”, de onde lhes raspava o

musgo para construir, com farinha

de milho, os contornos dos

caminhos dos reis magos.

Quero um Natal simples. Não

quero um Natal que me faça

correr, esperar, comprar… e depois

ter de varrê-lo num amontoado

de papéis de embrulho.

O Natal não pode ser aquele

que nos querem impor à luz

doutros “espíritos”, mas sim o

que nós quisermos que seja.

V EUCLIDES

CAVACO

https://www.

facebook.com/

euclides.cavaco

Pra que são tantos festejos

Sem haver fraternidade

E se formulam desejos

Vazios de sinceridade?

Pra que são tantos presentes

Pra celebrar o momento

Se ficarmos indiferentes

Ao Divino ensinamento ?

Pra que são tantos cartões

Que se trocam afinal

Sem brotar dos corações

A mensagem do Natal ?

O verdadeiro Natal

No seu fraterno sentido

Não deve ser teatral

Mas irmãmente vivido.

Não importa a raça ou cor

Ser humilde ou importante

Se houver cristalino amor

Pelo nosso semelhante.

O Natal não é apenas

Só o dar e receber

De meras coisas terrenas

Num opulento exceder.

O Natal traz simplesmente

Uma MENSAGEM maior.

Natal é a transcendente

CELEBRAÇÃO DO AMOR !..

BOAS

FESTAS!

56 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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57



Fotografia

Fotografia

OLHARES

helvéticos

por

Carmindo de Carvalho

58 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

59



Horóscopo

Dezembro 2016

w V - JOANA ARAÚJO (*)

Carneiro

Novo empreendimento ou

nova posição profissional

aumentará o seu poder e as

responsabilidades. Do dia

10 ao 30, Mercúrio retrógrado

na sua área da carreira

atrasará resultados,

mas garantirá planos que

proporcionarão uma grande

conquista profissional a

médio prazo. Na segunda

quinzena, contactos com

pessoas de fora reforçarão

seu optimismo. Apesar do

cansaço, o fim de ano promete

grandes motivos para

comemorar. Aposte numa

programação íntima, temperada

com muita sedução,

carinho e cumplicidade. Vénus

intensificará a vida sexual.

Touro

Durante todo o mês, a presença

de Vénus na sua

área afectiva criará um clima

romântico e sensual na

vida íntima. Tudo aberto

para saborear momentos

intensos de aventura e prazer,

em óptima companhia.

Novo ambiente social será

excitante e surpreendente.

Os encontros do mês

provocarão mudanças nas

suas crenças e filosofias.

Aproveite o stelium (agrupamento)

de Mercúrio, Plutão

e Marte, em harmonia com

seu signo, para enriquecer

a bagagem cultural. Comemore

a passagem de ano

com um voto de confiança

no amor.

Horóscopo

de Mercúrio, Plutão e Marte

na metade do mês. Inseguranças

e frustrações virão à

tona no 29, mas não devem

abalar o seu humor. A passagem

do ano, com a Lua

na sua área afectiva, garantirá

alto astral, carinho e

prazer dobrado. Comemore

com alegria e fé!

Caranguejo

Novo amor virá junto com

reflexões e mudanças pessoais

profundas. Stelium

(agrupamento) de Marte,

Mercúrio e Plutão na sua

área afectiva, transformará

antigos padrões de comportamento,

abrindo espaço

para mais prazer na vida

íntima.

Sagitário

Contará com o apoio de

um antigo amor em assuntos

familiares delicados. O

Sol em harmonia com seu

signo, até o 21, promete poder

pessoal, brilho e amor à

vida.

Estará encantadora, com a

força de Vénus a seu favor,

durante todo o mês. Só ficará

sozinha se essa for sua

opção. Na passagem de

ano, planos ousados para o

futuro e muito optimismo. A

sorte estará do seu lado!

Leão

Quotidiano agitado, mais

trabalho e necessidade de

maior organização darão o

tom deste mês, repleto de

compromissos e de novos

desafios. Entre os dias 10

e 30, Mercúrio retrógrado

poderá causar atrasos ou

dificuldades nas comunicações

profissionais. Mas

esse período será positivo

para revisar contratos e alterar

rotinas. Capriche no

ritual de passagem de ano:

seus pedidos serão atendidos!

Dezembro

Lusitano de Zurique 33

Virgem

Stelium (agrupamento) poderoso

de Marte, Mercúrio

e Plutão, em harmonia com

seu signo, promete conquistas

importantes e investimentos

no seu prazer.

Encare os assuntos mais

delicados e aprofunde o

tom das conversas. Novo

romance poderá começar

com clima de mistério, que

aguçará sua curiosidade.

Na passagem de ano, concentre-se

nos seus sonhos:

o universo conspirará a seu

favor!

Balança

Construirá bases sólidas

para sua vida. Saturno em

seu signo cobrará seriedade

e determinação para alcançar

os objectivos. Aproveite

a primeira quinzena para

fortalecer vínculos afectivos

e se comprometer com

planos familiares. Conversas

com a família também

serão complicadas. Reveja

antigos conceitos e livre-se

dos traumas do passado.

Stelium (agrupamento) poderoso

de Marte, Mercúrio

e Plutão, no dia 14, porá fim

às velhas angústias. A passagem

de ano com encontros

animados inaugurará

uma nova era em sua vida.

Escorpião

Planos criativos trarão perspectivas

financeiras positivas.

Não faltarão chances

para o amor, com Vénus no

seu signo, mas não será

qualquer um que passará

por seu exigente controlo

de qualidade. Atrasos

nas comunicações e nas

respostas comerciais, entre

os dias 10 e 30. Terminará

o ano com mais clareza sobre

o que terá de mudar e

o que deverá preservar em

sua vida. Sonhos audaciosos

inspirarão metas para o

Capricórnio

Vida social movimentada

trará oportunidade para o

amor na primeira quinzena.

Um encontro, no dia 8,

provocará paixão intensa.

Prepare-se para transformações

e conquistas em

sua vida. A partir do 21, o

Sol em seu signo iluminará

seus caminhos. Com

maior poder de persuasão

e alianças importantes, terminará

o ano com óptimas

perspectivas para o futuro

e certeza de suas novas escolhas.

Aquário

A imaginação estará à solta.

Aproveite a inspiração

para enriquecer os relacionamentos,

surpreendendo

com sua originalidade. Stelium

(agrupamento) de Marte,

Mercúrio e Plutão provocará

mudanças internas

significativas. A vida prática

parecerá menos complicada.

Na passagem de ano,

sintonize-se com seus melhores

sentimentos e some

forças com amigos: seus

desejos secretos serão realizados!

Peixes

Novas amizades virão para

ficar e para provocar grandes

mudanças na sua vida.

Stelium (agrupamento) de

Marte, Mercúrio e Plutão

trará encontros com pessoas

poderosas e maior

projecção social. O Sol na

sua área da carreira, até o

dia 21, promete sucesso

dos empreendimentos e

expansão profissional. Hospede

amigos em casa e crie

um clima alegre à sua volta.

A passagem de ano trará

novas esperanças e a certeza

de um futuro melhor.

Visualize os seus sonhos

realizados e siga em frente!

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o mundo numa só casa!

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A Lua Nova na sua área

o mundo

afectiva inaugurará uma

fase de mais confiança e

carinho, numa relação já estabelecida

ou trará novo romance,

se o coração estiver

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e planos de mudança no

estilo de vida ficarão mais

fortes, com o agrupamento

futuro.

60 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

(*) COORDENAÇÃO, Coordenação: RECOLHA Joana E ADAPTAÇÃO Araújo

Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

61



Basel / Zürich

Nesta hora de alegria, de paz e amor,

a nossa empresa agradece a todos os

clientes que ao longo do ano nos ajudaram

a evoluir e confiaram no nosso profissionalismo

e competência. Feliz Natal e um Bom

Ano Novo!

Desejamos que nos lares de cada um de

vocês, exista alimento e alegria para noites

Publicidaagradáveis

em família. Aproveitem cada

segundo desta época ao lado de quem mais

amam!

Ao vosso dispor.

Agência César’s AG

Basel / Zürich

Basel: Tel. 061 8314 58

Zurique: Tel. 044 445 70 70

62 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu

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COVID-19

Um homem recebe a terceira dose em Zurique. Keystone / Michael Buholzer

Swissinfo.ch/fh (*)

A terceira dose da vacina

contra a Covid-19

pode estar disponível

para não idosos ainda

este ano. Ao mesmo

tempo, a chefe da Força-Tarefa

Científica Nacional

Suíça Covid-19

advertiu que é preciso

fazer mais para combater

a atual onda de contaminações.

“No momento, a terceira dose é recomendada

para os maiores de 65 anos.

Mas estou convencido de que ela terá

que ser estendida a toda a população

no futuro próximo”, disse o presidente

suíço Guy Parmelin ao jornal suíço

NZZ am SonntagLink externo, repetindo

os comentários feitos na sexta-

-feira passada.

A certa altura, foi preciso aceitar que

População receberá

terceira dose na Suíça

não seria possível convencer mais

pessoas a obter as duas primeiras doses

e passar a outras medidas, como

a vacina de reforço para as pessoas já

vacinadas”, disse ele. O país acaba de

realizar um esforço de uma semana

para convencer as pessoas que hesitam

em se vacinar, mas os resultados

não haviam sido realmente satisfatórios,

comentou Parmelin.

A taxa de vacinação da Suíça para

duas doses está atualmente em torno

de 64%, o que significa que ela está

atrasada em relação a muitos outros

países europeus.

Por sua vez, Christoph Berger, responsável

pela Comissão Federal de Vacinação,

disse que a dose de reforço deveria

ser possível para todas as pessoas

que quiserem ainda “este ano”. “Assim

que todas as pessoas com mais de 65

anos que o desejam tiverem recebido

a terceira dose, podemos abri-la para

o resto da população”, disse ao jornal

SonntagsZeitungLink externo.

Mais ações necessárias

Também no SonntagsZeitung, a chefe

da força tarefa científica suíça Covid-19,

Tanja Stadler, expressou suas

preocupações sobre a atual onda de

coronavírus no país. O número de novas

infecções por Covid tem aumentado

significativamente desde meados

de outubro. Na sexta-feira 12 eles

chegaram a quase 4.000.

Se a Suíça continuar assim, poderá

haver mais 30.000 hospitalizações devido

à Covid-19, disse em uma entrevista.

A tendência atual tem que ser interrompida,

“seja através da redução de

contatos ou outro impulso rápido nas

vacinações”, disse ela.

Ela disse que o reforço ajudaria “a passar

melhor o inverno” porque reduziria

as hospitalizações de grupos de risco

e a propagação do vírus em geral.

Para Stadler, fazia sentido esperar seis

meses após a segunda dose - na Suíça,

a vacinação foi administrada à população

em geral a partir de meados de

junho, de modo que ainda restavam

“algumas semanas”. Com um reforço,

a proteção contra a infecção poderia

ser aumentada novamente para 95%,

acrescentou ela.

(*) Escrito na variante Brasileira

da Língua Portuguesa

64

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