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Arquivo FURNAS
Castelo Branco cumprimenta John Cotrim
na inauguração da Usina de Furnas.
Maio, 1965
representava um importante ganho de tempo, já que permitia passarse
imediatamente à fase seguinte, a do equacionamento do empreendimento
em termos políticos, econômicos e executivos.”
Diante da descrença quase geral de que um projeto daqueles poderia
ser executado, Cotrim descreve também, de modo divertido, como levou
um grupo de investidores para conhecer o local onde poderia ser construída
a usina, sendo que todos, em determinado momento e sem outra
solução, tiveram que entrar no mato e subir um morro íngreme. “A visão
daquele grupo de cavalheiros ilustres, alguns dos quais já meio velhuscos,
vestidos com roupas de escritório e calçando sapatos socais, escalando
e bufando encosta acima pelo meio do mato cheio de carrapichos
e pedregulhos, foi uma cena inesquecível, digna da imaginação de um
cineasta.” Cotrim conta o final feliz daquela excursão, naquele momento
desastrada, já no alto do morro, diante do Rio Grande e dos paredões
de rocha. “Aí, todos se convenceram de vez. Um desses personagens,
de cujo nome e cargo não me recordo mais, num magnífico e solene
gesto de cortesia, avançou para mim e estendeu-me a mão num espetacular
shake hands (aperto de mãos) à vista de todo mundo, como se
eu fosse o criador daquele cenário.”
Além de seu faro e espírito empreendedores, como demonstram
estes trechos e o testemunho de muitos, Cotrim também entrou para
história da Empresa como um administrador que tinha grande admiração
de seus comandados. Uma mensagem da Associação de Aposentados
de Furnas (Após Furnas) dá uma dimensão disso. “O Dr. Cotrim
imprimiu uma face humana às relações de trabalho. Fez de Furnas uma
das melhores empresas para se trabalhar neste país, muito antes disso
virar moda no meio empresarial.”
O engenheiro João Camilo Penna, outro presidente de Furnas
(1985/1989) e ministro da Indústria e Comércio no governo do presidente
João Batista de Oliveira Figueiredo (1979/1985), prestou homenagem
a John Cotrim num texto feito para a cerimônia de comemoração
dos 55 anos de Furnas, em 2012. Ele conta que o engenheiro Cotrim foi
seu primeiro chefe na Cemig, de março de 1951 a fins de 1955, e lhe ensinou
por palavras e exemplos, traçou metas, cobrou resultados. “Conheci
de perto o Dr. Cotrim”, diz Camilo Penna, “e detectei uma faceta
dominante em sua pessoa: ele era organicamente um engenheiro excelente,
e que excelência! E era um mestre na formação de engenheiros.
Permaneceu em Furnas até 1974, quando foi convocado para diretor técnico
de Itaipu, na sua fase de projeto e construção até 1985. Aí realizou
destacado trabalho, incumbido da construção da maior hidrelétrica do
mundo, inclusive revelando faceta diplomática no trato com os paraguaios.
Pelos seus germinais trabalhos na Caeeb, na Comissão do Vale
São Francisco, na Cemig, em Furnas e em Itaipu, além de criativos estudos
sobre energia, o Dr. John Reginald Cotrim, creio, fica na história
em seu tempo e além dele como maior engenheiro hidrelétrico brasileiro.”
DO RIO GRANDE A BARRAGEM DE FURNAS 23