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Robert B. Chisholm Jr. - Introdução aos Profetas

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Superficialmente, essa comparação pode parecer injusta, pois o povo era

muito religioso. Eles observavam as festas religiosas, traziam sacrifícios

em abundância ao templo e oravam a Deus (v. 11-15). Mas o Senhor estava

farto e ofendido por todo esse ritual religioso. Ele abominava os sacrifícios

do povo e o incenso e detestava suas reuniões no templo. Recusava-se a

ouvir suas orações, porque suas mãos estavam cheias do sangue de suas

vítimas humanas.

Essa alusão a crimes violentos apresenta a transição para o clímax do

discurso do Senhor. Os cidadãos de Jerusalém precisavam “lavar” seus

pecados (v. 16-17). Como? Transformando seu sistema socioeconômico.

Nessa época, uma burocracia militar real opressiva se desenvolveu em

Judá. A medida que essa burocracia se desenvolvia, comprava mais e

mais terras e gradativamente capitaneava a economia e o sistema legal.

Em diversos níveis administrativos, era convidativa a subornos e outras

práticas desonestas (Is 1.23). As pessoas comuns, fora dos centros administrativos,

por meio de impostos e confisco, conscrição, taxas de juros

excessivas e outras medidas opressivas, eram gradualmente privadas de

seus bens imóveis e, com isso, de seu meio de subsistência e seus direitos

de cidadãos.6 O Senhor exigia uma mudança radical. As autoridades ricas

tinham de desmontar a burocracia e restaurar os pobres em suas terras. Em

vez de acumular riqueza e explorar os fazendeiros vulneráveis, os ricos

tinham de promover a igualdade nos tribunais e no mercado.

O Senhor conclui seu discurso com um ultimato (v. 18-20). Deixou claro

que ainda havia perdão para aqueles manchados pelo pecado. Mas o futuro

da nação dependia de sua resposta ao apelo do Senhor por justiça social. Se

o povo obedecesse, experimentaria novamente a bênção divina, na forma

de paz e prosperidade agrícola. Mas, se continuasse rebelde, recairia sobre

ele o golpe final do juízo. Ironicamente, em vez de comerem o bem da terra

(v. 19) seriam “devorados” pela espada (v. 20).

A purificação de Sião (1.21-31)

Este discurso dá uma breve história de Sião. No passado, uma “cidade

fiel” e um centro de justiça, agora tomou-se “uma prostituta”, cheia de homicidas,

rebeldes, ladrões, autoridades desonestas e idólatras. Entretanto, pelo

juízo purificador de Deus, ela se tomaria “cidade de justiça, cidade fiel”.

O profeta lamenta a condição moral e ética de Sião. Ele compara a cidade a

uma esposa infiel, à escória da prata, ao vinho misturado com água (v. 21-22).

Em tempos mais antigos, o líder promovia a justiça (lRs 3.7-12,16-28, 10.9;

6 Para um estudo do cenário socioeconômico da época, veja J. A. Dearman, Property Rights in the

Eighth-Century Prophets (Atlanta: Scholars Press, 1988).

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