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Por Jacob Melo
Quem não se
interessa por ler
Natal R. G. NORTE BR
Estudioso e praticante do Espiritismo e do Magnetismo há mais de 50 anos. Autor de vários livros sobre
o tema, é um dos fundadores do EMME, bem como da Casa que dirige: o Lar Espírita Alvorada Nova, de
Parnamirim (RN). Reside em Natal (RN). É formado em Engenharia Civil e pós-graduado em Psicanálise.
Você conseguiria imaginar o número de pessoas que
não se interessa por ler? Creia-me, é bem maior do que
se pensa. Não falo de ler qualquer outdoor ou posts na
mídia; refiro-me a leituras mesmo, ainda que sejam de
romances ou temas sem grandes conteúdos.
Acredito que na base disso esteja uma má avaliação
dos efeitos benéficos que uma boa leitura proporciona.
Reflito isso a partir de mim mesmo: tenho uma quantidade
enorme de livros em minhas estantes. Sempre fui
leitor que gosta de ler, mas não consigo dar conta. E não
é por não lhes atribuir os devidos valores, mas sim porque
são tantos ainda não lidos, afora aqueles que tenho necessidade
de reler e reler, anotando, destacando frases ou
ideias, ou simplesmente pontuando coisas que me agradam,
mais ou menos... Por conta disso, de vez em quando
eu me pego pensando: “Jacob, você precisa ler mais!”.
Não quero transferir a ninguém, de forma coercitiva,
esse bom hábito de gostar de ler, mas imagino o quanto
nossa sociedade não estaria melhor posicionada se maior
fosse o número de leitores regulares...
Já viajei inúmeras vezes aos Estados Unidos e, em
menor número, a alguns países da Europa. Muitas coisas
me chamam a atenção nesses lugares, contudo se
destaca o quão comum é encontrarmos leitores focados
em seus livros. Seja nos ônibus, metrôs, aviões, sentados
aguardando em filas, até mesmo à beira da piscina ou
da praia. É enorme a quantidade de pessoas totalmente
concentradas em suas leituras. Como consequência, facilmente
percebemos como, nesses lugares, há um nível
relativamente alto de pessoas bem decididas e que influenciam
outras criaturas com ideias interessantes, muitas
delas renovadoras.
Quando se pensa em termos de religião, nós, os espíritas,
somos muito privilegiados. Temos livros e livros,
obras e mais obras sobre o tema, e a cada dia surgem
novas. Pensando e reconhecendo isso, seria de se esperar
que o chamado público espírita fosse bastante conhecedor
das realidades práticas da vida, com vistas à vida futura, e
também das visões verdadeiramente espirituais, tão bem
descritas em obras sérias dessa Doutrina. Mas a primeira
grande falha cometida é que, se já lemos pouco, as chamadas
obras fundamentais são praticamente descartadas
desse interesse.
E quando se pretende argumentar em cima dessa
questão - a pouca leitura do público espírita -, surge o frágil
argumento que indaga: e as pessoas que não sabem
ler? Bem, a elas deveríamos estimular e dar meios para
que aprendessem, mas... e os que sabem ler, por que não
leem? Preguiça? Falta de hábito? Ou dizem acreditar na
reencarnação como uma fonte de reservas para transferências
que devem ser entendidas como inadiáveis nesta,
posto que não sabemos exatamente o que virá pela frente?
Por isso agradeço muito que você tenha lido este artigo
até o fim, pois isso demonstra que você tem, no mínimo,
a vontade de ver mais, saber mais, conhecer melhor.
E termino lembrando de Jesus, quando nos disse:
“Veja quem tem olhos de ver”, certamente nos assegurando
que quem não vê é porque é cego. Mas... cego de quê?
12 Atração_ fevereiro de 2022