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Por Silvan Aragão
TOLERÂNCIA SIM,
CONFORMISMO JAMAIS
Aracaju SE BR
Bacharel em Administração, aposentado do Banco do Brasil, membro do NEPE
(Núcleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho) Bittencourt Sampaio.
A tolerância é uma virtude recomendada por Jesus, já
que ninguém é perfeito: “Não julgueis para que não sejais
julgados, pois [...] com a medida com que medis sereis
medidos” (Mt 7:1-2). Por isso devemos ser tole-rantes
(indulgentes, misericordiosos, clementes) com as falhas
(distrações ou incompetências) do mecânico que faz a
manutenção da aeronave, mas intolerantes com a manutenção
imperfeita, a que puser em risco desencarnes
evitáveis. No mesmo passo, devemos dispensar tolerância
ao mentiroso, jamais à mentira, afinal, importa a morte do
pecado, não a do pecador (Lc 15:7,10).
Um equívoco ocorre quando a tolerância se confunde
com um estagnante e nocivo conformismo.
Allan Kardec, o emérito codificador da Doutrina Espírita,
perguntou aos mentores espirituais¹:
Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente
maior influência sobre os bons?
- Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes
e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando
quiserem, assumirão a preponderância.
De fato, em nossa sociedade, o cumpridor da lei dos
homens ainda é considerado um chato, um “cri-cri”, um
radical, e até um otário. Um exemplo bem atual é a não
adesão à vacina protetora, ou pelo menos minimizadora
da contaminação pelo COVID-19. E, em nome da tolerância,
do não radicalismo, a saúde pública vai sendo minada
e as variantes do vírus agradecem, porque “os bons são
tímidos”. Isso se aplica aos danos ambientais, às vagas de
estacionamento para preferenciais, à ocupação gratuita dos
espaços públicos etc.
Quando os verdadeiramente cristãos vão assumir a
política partidária? Ou mesmo as instituições não consideradas
plenamente dignas? Quando elas virão a sê-lo se
os bons não deixarem de ser tímidos? Se pela conveniência
ou pela filosofia do “politicamente correto” os bons não
exigirem o cumprimento das leis, dos estatutos e regula-
mentos, quem os exigirá? Ao que exige é declarada guerra
pelos infratores e logo lhe chegam as palavras “deixa para
lá”, “não vale à pena”, “não brigue”... E, assim, “tudo fica
como dantes no quartel de Abrantes”.
Para quê a Constituição? Para quê o Estatuto? Para
quê o Regulamento? Para quê a Lei se o procedimento for
estabelecido a partir da interpretação ou do interesse de
uma pessoa ou, no máximo, de um grupo? Dessa forma
tudo ficaria sujeito à força física. Quando não se tem argumentos
eleva-se a voz, ameaça-se, agride-se.
O normativo humano, assim como tudo o que existe
no Universo, está sujeito à divina Lei de Progresso e, por
isso, passível de aperfeiçoamento. Mas, enquanto esse não
ocorre, “CUMPRA-SE”. A propósito, vale lembrar o Senador
Ulysses Guimarães sobre a nossa Constituição Federal de
1988: “Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir,
jamais. Afrontá-la, nunca”. Se a lei dos homens é imperfeita,
porém é indispensável até o longínquo dia em
que seremos regidos tão somente pela Lei Divina.
Disse Jesus: “Seja, porém, a vossa palavra sim,
sim; não, não; o que excede disso é o mal” (Mt. 5:37). E o
evangelista João, em desdobramento mediúnico, ouviu de
Jesus a Palavra de Deus que o mandou escrever, dentre
outras coisas, ao Anjo da Igreja em Laodiceia: “Conheço
tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou
quente! Assim, porque és morno, nem frio nem quente,
estou para te vomitar de minha boca. (Bíblia de Jerusalém,
Ap. 3:15-16).
Os Mentores Espirituais, em resposta à questão
975 de O Livro dos Espíritos (op. cit), escreveram que “[...]
o Espírito sofre por todo o mal que fez ou do qual foi o
causador involuntário, por todo o bem que, tendo podido
fazer, não o fez, e por todo o mal que resultar do bem
que deixou de fazer.” (grifo nosso)
Logo, tolerância sim, conformismo jamais!
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 56. ed. São Paulo: LAKE, 1997, Q. 932.
30 Atração_ fevereiro de 2022